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Revisão da Resolução Normativa n°

697/2015, que regulamenta a


prestação e remuneração de serviços
ancilares no SIN

Relatório de Análise de Impacto Regulatório


nº 006/2019-SRG/ANEEL

Anexo da Nota Técnica nº 132/2019-SRG/ANEEL


Processo nº 48500.007105/2019-01

Superintendência de Regulação dos Serviços de Geração - SRG


P. 2 do RELATÓRIO DE AIR Nº 006/2019, de 27/12/2019.

Sumário Executivo

A matriz elétrica brasileira tem passado por transformações marcadas pela redução da
regularização dos reservatórios de usinas hidrelétricas e forte penetração de fontes renováveis com
geração intermitente concentradas em regiões geoelétricas específicas, especialmente na região
Nordeste. Esse movimento conduz à necessidade de prestação de serviços ancilares ao sistema elétrico
que venham a compensar as variações das grandezas elétricas, cujos padrões não sejam atendidos pela
produção energética programada. A prestação dos serviços ancilares naturalmente impõe custos aos
sistemas relativos a implantação de equipamentos adicionais, operação e manutenção, consumo de
combustível e custos de oportunidade.

As ações do regulador, responsável pela regulação do operador, ficam limitadas aos


recursos disponibilizados ao sistema e às características da expansão do sistema. De qualquer modo, cabe
ao regulador, diante dos equipamentos disponibilizados pelo planejamento setorial e dos requisitos de
serviços ancilares identificados tanto pelo planejamento quanto pelo operador, incentivar a prestação
com qualidade, identificar os custos, alocá-los eficientemente. Essas ações retroalimentam o
planejamento setorial, no que diz respeito às características da expansão do sistema e seus custos; bem
como o operador, no que tange aos custos da otimização dos recursos eletroenergéticos.

Nos dias 31/07/2019 e 01/08/2019, o Operador Nacional do Sistema Elétrico – ONS sediou
o Workshop de Serviços Ancilares – Aprimoramento da Prestação de Serviços Ancilares no Sistema
Interligado Nacional, com o objetivo de debater com agentes, entidades setoriais, associações,
consultorias, centros de pesquisa e universidades as oportunidades de implementação de novas
modalidades de prestação de Serviços Ancilares (SA) no Setor Elétrico Brasileiro. O evento foi organizado
em quatro painéis para discussão de questões afetas ao planejamento do sistema, à comercialização, à
operação do sistema com SA, à regulação e a tecnologias.

A partir das contribuições recebidas durante o Workshop, objetiva-se avaliar formas de


aumentar o incentivo à prestação de serviços ancilares com qualidade, de identificar os custos da
prestação e de alocar os custos eficientemente. Para tanto, abre-se essa discussão no âmbito da ANEEL
mediante a realização de Tomada de Subsídios, da qual espera-se obter maior direcionamento quanto ao
tratamento regulatório a ser dispensado aos serviços ancilares.

* O Relatório de AIR é um documento emitido pelas Unidades Organizacionais e destina-se a subsidiar as decisões da
Agência.
P. 3 do RELATÓRIO DE AIR Nº 006/2019, de 27/12/2019.

Conteúdo

1. Problema regulatório ............................................................................................................................ 4


2. Atores ou grupos afetados .................................................................................................................... 4
3. Base legal............................................................................................................................................. 4
4. Necessidade de intervenção .................................................................................................................. 5
5. Objetivos.............................................................................................................................................. 5
6. Experiência nacional e internacional .................................................................................................... 5
7. Participação pública ............................................................................................................................. 5
8. Alternativas e seus impactos................................................................................................................. 5
8.1 Comparação das Alternativas ............................................................................................................. 9
9. Acompanhamento e fiscalização........................................................................................................... 9
10. Alterações em regulamentos ............................................................................................................... 9
11. Vigência ........................................................................................................................................... 10

* O Relatório de AIR é um documento emitido pelas Unidades Organizacionais e destina-se a subsidiar as decisões da
Agência.
P. 4 do RELATÓRIO DE AIR Nº 006/2019, de 27/12/2019.

1. Problema regulatório

1. A matriz elétrica brasileira tem passado por transformações marcadas pela redução da
regularização dos reservatórios de usinas hidrelétricas e forte penetração de fontes renováveis com
geração intermitente concentradas em regiões geoelétricas específicas, especialmente na região
Nordeste. Esse movimento conduz à necessidade de prestação de serviços ancilares ao sistema elétrico
que venham a compensar as variações das grandezas elétricas, cujos padrões não sejam atendidos pela
produção energética programada. A prestação dos serviços ancilares naturalmente impõe custos aos
sistemas relativos a implantação de equipamentos adicionais, operação e manutenção, consumo de
combustível e custos de oportunidade.

2. Para que o Sistema Interligado Nacional – SIN esteja provido de serviços ancilares
adequados à realidade da matriz elétrica nacional, à distribuição espacial e temporal dos recursos
energéticos e da carga e ao sistema de transmissão atual e planejado, é preciso ações do planejamento
setorial na indicação de tais necessidades do sistema, no dimensionamento dos requisitos, na localização
dos equipamentos de serviços ancilares e na contratação de longo prazo desses serviços em favor da
redução de custos.

3. O operador, por sua vez, é dependente do sistema (matriz elétrica, distribuição dos
recursos energéticos e da carga e sistema de transmissão) disponível a ele para operação. Ele busca
otimizar os recursos energéticos, com a segurança elétrica requerida, para atendimento da carga,
utilizando os recursos disponibilizados ao sistema pelo planejamento setorial.

4. As ações do regulador, responsável pela regulação do operador, também ficam limitadas


aos recursos disponibilizados ao sistema e às características da expansão do sistema. De qualquer modo,
cabe ao regulador, diante dos equipamentos disponibilizados pelo planejamento setorial e dos requisitos
de serviços ancilares identificados tanto pelo planejamento quanto pelo operador, incentivar a prestação
com qualidade, identificar os custos, alocá-los eficientemente. Essas ações retroalimentam o
planejamento setorial, no que diz respeito às características da expansão do sistema e seus custos; bem
como o operador, no que tange aos custos da otimização dos recursos eletroenergéticos.

2. Atores ou grupos afetados

5. Os grupos afetados por essa regulação são todos aqueles agentes conectados ao SIN e
instituições de planejamento, operação e comercialização de energia.

3. Base legal

6. Esta instrução está fundamentada nos seguintes dispositivos legais:

* O Relatório de AIR é um documento emitido pelas Unidades Organizacionais e destina-se a subsidiar as decisões da
Agência.
P. 5 do RELATÓRIO DE AIR Nº 006/2019, de 27/12/2019.

• Lei nº 10.848, de 15 de março de 2004;


• Decreto nº 5.163, de 30 de julho de 2004;
• Lei nº 9.648, de 27 de maio de 1998.

4. Necessidade de intervenção

7. A matriz elétrica brasileira tem passado por transformações marcadas pela redução da
regularização dos reservatórios de usinas hidrelétricas e forte penetração de fontes renováveis com
geração intermitente concentradas em regiões geoelétricas específicas, especialmente na região
Nordeste. Esse movimento conduz à necessidade de prestação de serviços ancilares ao sistema elétrico
que venham a compensar as variações das grandezas elétricas, cujos padrões não sejam atendidos pela
produção energética programada.

5. Objetivos

8. Objetiva-se avaliar formas de aumentar o incentivo à prestação de serviços ancilares com


qualidade, de identificar os custos da prestação e de alocar os custos eficientemente.

6. Experiência nacional e internacional

9. Muito embora o tema seja bastante amplo e existam diversos desenhos regulatórios, em
grande medida as experiências nacionais e internacionais foram expostas no Workshop de Serviços
Ancilares e encontram-se consolidados no Relatório elaborado pelo ONS.

7. Participação pública

10. Propõe-se a realização de Tomada de Subsídios pelo prazo de 60 dias para obter subsídios
para revisão da REN 697, que regulamenta a prestação e remuneração de serviços ancilares no SIN.

8. Alternativas e seus impactos

11. De posse das contribuições recebidas durante o Workshop de Serviços Ancilares, avalia-se
algumas alternativas para tratamento regulatório dos serviços ancilares, com algumas características e
perguntas, bem como apresenta-se algumas vantagens e desvantagem da aplicação de cada uma das
alternativas propostas:

1) Autorrestabelecimento: aumentar o incentivo para evitar falhas em situações reais. Como


poderia ser dado esse incentivo?
• Apuração das falhas dos testes poderia afetar a apuração da garantia física da usina.
* O Relatório de AIR é um documento emitido pelas Unidades Organizacionais e destina-se a subsidiar as decisões da
Agência.
P. 6 do RELATÓRIO DE AIR Nº 006/2019, de 27/12/2019.

Vantagem: pode aumentar o incentivo para evitar falhas em situações reais.


Desvantagem: possível falha conceitual, pois o cálculo da garantia física original
não contempla prestação de serviços ancilares.
• Realizar revisões e reajustes nos valores a serem pagos com periodicidade quadrienal
mediante técnica de regulação econômica.
Vantagem: pode aumentar o incentivo para evitar falhas em situações reais.
Desvantagem: pode impor complexidade operacional e de adaptação de
ferramentas da regulação econômica à prestação de serviços ancilares.

2) Suporte de reativos como Compensador Síncrono:


• Manter o pagamento pela TSA.
Vantagem: o método já está estabelecido.
Desvantagem: pode não contemplar os custos da conversão da unidade
geradora para compensador síncrono.
• Alterar a metodologia de remuneração para considerar a disponibilidade do serviço
(valor fixo anual com redução por indisponibilidade) e uma remuneração variável por
tempo de operação (em substituição à remuneração por Mvarh).
Vantagem: pode aumentar o incentivo à qualidade na prestação do serviço.
Desvantagem: pode aumentar a complexidade na apuração da prestação do
serviço ancilar.

3) Outros serviços para Suporte de Reativos: criação de novos serviços.


a) Remuneração para as Centrais Geradoras Fotovoltaicas - UFVs fornecerem suporte de
reativo em períodos com pouca ou nenhuma luminosidade.
b) Suporte de reativos em Centrais Geradoras Eólicas - UEEs quando estiverem desligadas.
c) Remuneração para tempo em operação fora da faixa permitida em unidades geradores.
d) Suporte de reativos na rede de distribuição.
Como se daria a remuneração para prestação desses serviços?
• Pagamento por montante de energia reativa fornecido ou absorvido.
Vantagem: o método da aplicação da TSA já está estabelecido.
* O Relatório de AIR é um documento emitido pelas Unidades Organizacionais e destina-se a subsidiar as decisões da
Agência.
P. 7 do RELATÓRIO DE AIR Nº 006/2019, de 27/12/2019.

Desvantagem: pode não contemplar os custos da adaptação tecnológica, se


necessário.
• Pagamento por disponibilidade do serviço.
Vantagem: pode aumentar o incentivo à qualidade na prestação do serviço.
Desvantagem: pode aumentar a complexidade na apuração da prestação do
serviço ancilar.

4) Controle secundário de frequência: alterar a metodologia de remuneração para incentivar


maior disponibilidade do serviço.
• Efetuar pagamento às usinas hidrelétricas pela deterioração dos equipamentos.
Vantagem: pode aumentar o incentivo à qualidade na prestação do serviço.
Desvantagem: complexidade na identificação da relação causa x efeito sobre a
deterioração dos equipamentos.
• Pagamento fixo mais parcela variável conforme uso.
• Pagamento pela frequência de uso.
• Pagamento por oportunidade.
Vantagem (para os três pontos acima): pode aumentar o incentivo à qualidade
na prestação do serviço.
Desvantagem (para os três pontos acima): pode aumentar a complexidade na
apuração da prestação do serviço ancilar e na identificação de método de
valoração da prestação do serviço ancilar.

5) Despacho complementar para manutenção da reserva de potência operativa:


• Estabelecer modelo de oferta por produtos com tempo e potência definida.
Vantagem: pode aumentar a competitividade da prestação do serviço ancilar e
reduzir as restrições operativas internas às usinas.
Desvantagem: pode aumentar a complexidade da operacionalização das ofertas
e utilização pelo ONS.

* O Relatório de AIR é um documento emitido pelas Unidades Organizacionais e destina-se a subsidiar as decisões da
Agência.
P. 8 do RELATÓRIO DE AIR Nº 006/2019, de 27/12/2019.

• Os custos das restrições operativas, como rampa e tempo mínimo de operação - ambos
fora do período estabelecido - ficam a cargo do agente, sendo titulado como
inflexibilidade. Os agentes devem considerar esse custo no valor da oferta.
Vantagem: pode reduzir as restrições operativas internas às usinas.
Desvantagem: pode aumentar o valor das ofertas de preço.
• Pagamento em função do número de partidas.
Vantagem: pode prover transparência ao custo de acionamento de cada usina
termelétrica.
Desvantagem: complexidade na identificação dos custos de partida.

6) Inércia como serviço ancilar:


• Implantação de equipamento destinado à provisão de inércia ao sistema.
Vantagem: pode reduzir a necessidade de acionamento de usinas termelétricas
para esse fim.
Desvantagem: pode aumentar as perdas do sistema.
• Utilização de usinas termelétricas fora da ordem de mérito para incremento de inércia.
Vantagem: pode reduzir a necessidade de implantação de equipamentos
destinados à provisão de inércia ao sistema.
Desvantagem: pode aumentar o custo de operação do sistema.

7) Modulação da carga por agentes de distribuição pelo redespacho de usinas não operadas pelo
ONS conectadas na sua rede:
• Pagamento mediante comprovação da solicitação pelo ONS.
• Distribuidora deverá indicar o montante energético do serviço ancilar.
• Pagamento à distribuidora.
Vantagem (para os três pontos acima): criação de ferramenta adicional favorável
ao balanço de carga.
Desvantagem (para os três pontos acima): há assimetria de informação entre a
geração “debaixo da distribuidora” e o ONS.

* O Relatório de AIR é um documento emitido pelas Unidades Organizacionais e destina-se a subsidiar as decisões da
Agência.
P. 9 do RELATÓRIO DE AIR Nº 006/2019, de 27/12/2019.

8) Pagante pela prestação do serviço ancilar:


• Se o pagamento for mediante ESS, deve-se utilizar o princípio da causalidade. Deve-se
identificar se seria possível o operador, de posse das ferramentas atuais, identificar os
agentes causadores da necessidade da prestação do serviço.
Vantagem: custos direcionados aos causadores e sinalização ao planejamento.
Desvantagem: pode haver complexidade na identificação dos causadores.
• Pagamento bilateral entre o consumidor e o prestador do serviço ancilar, com
consequente redução de pagamento de ESS pelo consumidor que tem contrato bilateral
do serviço ancilar.
Vantagem: cada agente se protege bilateralmente, na medida de sua
necessidade de serviços.
Desvantagem: é necessário criar um mercado para o que persistem as perguntas
do item 9).

8.1 Comparação das Alternativas

12. Neste momento, não se pretende comparar as alternativas, mas somente apresentá-las
para que o processo de Tomada de Subsídios oriente a escolha das alternativas.

9. Acompanhamento e fiscalização

13. Os resultados de eventual novo normativo que venha a alterar a REN 697 podem ser
acompanhados por relatórios do ONS que indiquem a qualidade da prestação dos serviços ancilares, bem
como por relatórios da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica – CCEE que indiquem a evolução
do ESS por serviço ancilar prestado.

10. Alterações em regulamentos

14. O eventual novo normativo deve a alterar a REN 697.

* O Relatório de AIR é um documento emitido pelas Unidades Organizacionais e destina-se a subsidiar as decisões da
Agência.
P. 10 do RELATÓRIO DE AIR Nº 006/2019, de 27/12/2019.

11. Vigência

15. De acordo com a Agenda Regulatória ANEEL 2020/2021, a previsão é de que o tema seja
discutido até o segundo semestre de 2020, quando, então, se iniciaria a vigência do regulamento.

(Assinado digitalmente)
RAFAEL COSTA RIBEIRO FABIANA BASTOS DE FARIA
Especialista em Regulação Especialista em Regulação

IZUMI RENATA SANTOS TAKADA MARWELL


Especialista em Regulação

De acordo:

(Assinado digitalmente)
CHRISTIANO VIEIRA DA SILVA
Superintendente de Regulação dos Serviços de Geração - SRG

* O Relatório de AIR é um documento emitido pelas Unidades Organizacionais e destina-se a subsidiar as decisões da
Agência.

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