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Agentes institucionais: detêm competências e atribuições relacionadas à atividades

políticas, regulatórias, fiscalizatórias, de planejamento e viabilização do funcionamento


setorial.
Agentes econômicos: detêm concessão, permissão e autorização para a exploração de
atividade econômica de geração, transmissão, distribuição ou comercialização de energia
elétrica e aqueles consumidores de energia.
Objetivos do Novo Modelo: modicidade tarifária, segurança no suprimento e
universalização do acesso.

Conselho Nacional de Política Energética (CNPE)


Tem como competência propor políticas e diretrizes relacionadas ao setor energético
brasileiro. Cabe ao CNPE:

• Assegurar o suprimento de insumos energéticos às áreas mais remotas ou de difícil


acesso
• Rever periodicamente as matrizes energéticas das diversas regiões do país,
considerando fontes convencionais, alternativas e as tecnologias disponíveis
• Estabelecer diretrizes para importação e exportação, de modo a atender às
necessidades de consumo interno para assegurar o adequado funcionamento do
Sistema Nacional de Estoques Estratégicos de Combustíveis
• Estabelecer diretrizes para o uso de gás natural como matéria-prima industrial
• Garantir o atendimento à demanda nacional de energia elétrica

Empresa de Pesquisa Energética (EPE)


A EPE é vinculada ao MME e tem por finalidade realizar estudos e pesquisas para
subsidiar e dar apoio técnico ao planejamento energético. Realiza estudos da matriz
energética de longo prazo e estudos de planejamento integrado dos recursos energéticos,
além de subsidiar a formulação, o planejamento e a implantação das ações do MME, no
âmbito da política energética nacional e planejar a expansão do sistema de geração e
transmissão. Para isso, a EPE:
• Elabora e publica o balanço energético nacional
• Identifica e quantifica os potenciais de recursos energéticos
• Dá suporte e participa de articulações para aproveitar rios compartilhados com
países vizinhos
• Elabora estudos para o desenvolvimento dos planos de expansão da geração e
transmissão de energia elétrica de curto, médio e longo prazo
• Promove estudos de mercado visando definir cenários de demanda e oferta de
petróleo, seus derivados e produtos petroquímicos
• Desenvolve estudos de impacto social, viabilidade técnico-econômica e
socioambiental para os empreendimentos de energia elétrica e de fontes
renováveis
• Acompanha execução de projetos e estudos de viabilidade realizados por agentes
interessados e devidamente autorizados
• Desenvolve estudos para avaliar e incrementar o uso de energia de fontes
renováveis
• Produz informação para subsidiar programas de desenvolvimento energético
ambientalmente sustentável, com eficiência energética
• Promove planos de metas voltados à utilização racional e à conservação de energia
A EPE tem uma participação importante nos leilões de energia onde, identifica e
quantifica os potenciais recursos energéticos e habilita tecnicamente os empreendimentos
que participam dos leilões de energia realizados pela ANEEL.

Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE)


O CMSE tem como principal função monitorar permanentemente a continuidade e
segurança do suprimento eletroenergético de todo o território nacional. Cabe ao CMSE,
acompanhar as atividades de geração, transmissão, distribuição, comercialização,
importação e exportação de energia elétrica, gás natural, petróleo e seus derivados,
avaliando as condições de abastecimento e de atendimento em horizontes
predeterminados. Para isso, realizar periodicamente uma análise integrada de segurança
de abastecimento e atendimento aos mercados de energia elétrica, gás natural, petróleo e
derivados, buscando identificar dificuldades e obstáculos de caráter técnico, ambiental,
comercial, institucional e outros que possam afetar a regularidade e segurança de
abastecimento, bem como o atendimento às necessidades de expansão dos vários setores
energéticos. Quando identifica uma situação de risco de abastecimento, elabora propostas
de ajustes, soluções e recomendações de ações preventivas ou saneadoras dessas
situações, com vistas a manter ou restaurar a segurança no abastecimento e no
atendimento eletroenergético.

Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL)


A ANEEL surge com a necessidade da criação de entes reguladores, com autonomia
política e técnica, que regule e fiscalize serviços que eram prestados por empresas de
características monopolistas que foram desestatizadas. Assim, foi criada para regular e
fiscalizar a produção, transmissão, distribuição e comercialização de energia elétrica de
acordo com as políticas e diretrizes do governo federal. Cabe à ANEEL:

• Implementar políticas e diretrizes do governo federal para a exploração da energia


elétrica e aproveitamento de potenciais hidráulicos
• Promover procedimentos licitatórios para contratação de concessionárias e
permissionárias de serviço público para a produção, transmissão e distribuição de
energia elétrica e outorga de concessão
• Gerir contratos de concessão ou permissão de serviços públicos de energia
elétrica, de concessão de uso de bem público e fiscalizá-las
• Zelar pelo cumprimento da legislação de defesa da concorrência, monitorando e
acompanhando as práticas de mercado dos agentes do setor de energia elétrica
• Estabelecer tarifas para o suprimento de energia elétrica das concessionárias e
permissionárias de distribuição, inclusive das cooperativas de eletrificação rural
considerando parâmetros técnicos, econômicos, operacionais e a estrutura dos
mercados atendidos
• Aprovar regras e procedimentos de comercialização de energia elétrica contratada
de forma regulada ou livre
• Definir tarifas de uso dos sistemas de transmissão e distribuição

Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS)


O ONS é uma pessoa jurídica de direito privado sem fins lucrativos que exerce atividades
de coordenação do Sistema Interligado Nacional (SIN). É integrado pelos agentes
conectados à rede básica. O ONS realiza atividades fundamentais para o bom
funcionamento do sistema elétrico e, originalmente, sua atuação era autorizada pela
ANEEL, com a alteração de algumas leis, passou a ser autorizado pelo Poder Concedente
e regulada e fiscalizada pela ANEEL. Suas principais funções são:
• Planejar e programar a operação e despacho centralizado da geração, tendo em
vista a operação de custo mínimo e segura do SIN
• Supervisionar e coordenar os centros de operação de sistemas elétricos
• Supervisionar e controlar a operação do SIN e das interligações internacionais
• Contratar e administrar os serviços de transmissão de energia elétrica e suas
condições de acesso
• Propor inclusão de reforços nos sistemas existentes a serem considerados no
planejamento da expansão dos sistemas de transmissão
• Propor regras para operação da Rede Básica do SIN, a serem aprovadas pela
ANEEL

Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE)


A CCEE é uma pessoa jurídica de direito privado sem fins lucrativos autorizada pelo
Poder Concedente e sob regulação e fiscalização da ANEEL. Foi criada para viabilizar
a comercialização de energia elétrica no SIN no Ambiente de Contratação Regulada
(ACR) e Ambiente de Contratação Livre (ACL). Cabe à CCEE:
• Promover leilões de compra e venda de energia elétrica, por delegação da
ANEEL
• Registrar os montantes de potência e energia objeto de contratos celebrados
no ACL
• Promover medição e registro de dados relativos às operações de compra e
venda e outros dados inerentes aos serviços de energia elétrica
• Apurar descumprimento de limites de contratação de energia elétrica e outras
infrações e aplicar penalidades
Os agentes da CCEE são divididos em três categorias:
• Geração: geradores concessionários de serviço público, produtores independentes
e autoprodutores
• Distribuição: agentes de distribuição. Titulares de concessão, permissão ou
autorização de serviços e instalações de distribuição para fornecer energia elétrica
ao consumidor de forma exclusivamente regulada
• Comercialização: importadores e exportadores, comercializadores, consumidores
livres e consumidores livres especiais

Modelo do Setor Elétrico Brasileiro


Principais objetivos:

• Garantir a segurança do suprimento a partir da estabilidade regulatória e com


regras claras e estáveis (ex.: contratação de 100% da carga, contratos de longo
prazo, leilões para energia existente e novos empreendimentos)
• Promover a modicidade tarifária – comercialização em dois ambientes (ACR e
ACL)

ACR: energia para atendimento de consumidores regulados (consumo cativo dos


distribuidores) por meio de contratos regulados resultantes de leilões realizados pela
CCEE por delegação da ANEEL.

• Obrigatório para distribuidoras. Sessenta dias antes de cada leilão, as


distribuidoras informam os montantes (em MW médio) que desejam contratar
• Compra de geradores federais, estaduais e privados
• Preço máximo definido pelo Poder Concedente (preços resultantes da competição
no leilão)
• Contratos bilaterais de longo prazo
• Geração existente: (re)contrata periodicamente a capacidade existente, são
realizados leilões todos os anos com entrega no ano subsequente (A-1) ao da
licitação e contrato de 3 a 15 anos. Contratação de forma prioritária com relação
a energia nova, índice de reajuste do IPCA.
• Geração nova: tem como objetivo atender o aumento previsto da demanda
através de contratos de longa duração com entrega em períodos futuros (depende
do leilão, são realizados dois por ano, A-3 e A-5.) Preços tendem ao Custo
Marginal de Expansão. Necessita de projeção de crescimento de carga.
ACL: contratação de energia para atendimento de agentes que atuam no ambiente livre
(consumidores, comercializadores e geradores) por intermédio de contratos livremente
negociados.
• Preços e condições livremente negociados entre agentes privados
• Contratos por leilões (obrigatório para geradora sob controle federal ou estatal)

Contratação de Energia – Distribuidoras

• 100% da contratação deve ser no ambiente regulado através de A-1 (energia


existente) ou A-3 e A-5 (energia nova)
• Devolução de CCEAR (4% da energia existente contratada)

Mecanismos de Ajustes de Tarifa


• Há revisão tarifária a cada 4 anos após um primeiro período de 5 anos de
concessão
• Tem como objetivo estabelecer o nível de tarifa que permita a cobertura de custos
e da remuneração dos investimentos necessários para adequar a prestação de
serviço
• O reajuste tarifário também está previso no contrato de concessão
• As tarifas são corrigidas com base no índice inflacionário e nas variações dos
custos são gerenciados pelas distribuidoras

Pontos de Solidez do Modelo

• Tem regras claras e estáveis, atrai novos investimentos que atendem ao


crescimento da demanda
• A segurança jurídica dos contratos já firmados dá estabilidade para os agentes que
já investiram
• As concessionárias de distribuição são bem remunerada e mantém a qualidade de
atendimento exigida pela ANEEL
• Os preços dos leilões refletem o custo do serviço
• É um modelo sustentável economicamente, aloca riscos de forma equilibrada
entre governo, investidores públicos e privados e consumidores
Características do Monopólio
Descrição: a compra do Produtor Independente de Energia (PIE) é proibida, todos os
consumidores são cativos do monopolista, sendo caracterizado como um sistema
verticalmente integrado.

A empresa monopolista deve possuir e operar a geração, transmissão e distribuição.

Competição e liberdade de escolha: como não existe competição ou escolha, o


monopolista é obrigado a suprir a demanda de eletricidade da sua área de concessão com
uma tarifa regulada pelo custo do serviço.
Integração e acesso de terceiros ao transporte: a permissão de integração vertical e
horizontal é plena e, como outros não tem acesso à transmissão e distribuição, não há
ameaças de concorrência.
Aspectos econômicos: os custos relacionados à riscos são do consumidor, enquanto que,
os custos encalhados tendem a ser mais baixos do que os de modelos mais liberais e os
custos de transação praticamente não existem, já que o monopolista domina totalmente a
cadeia produtiva.
Outros:
• Políticas sociais costumam ser exercidas apenas por monopolistas, são elas:
energia suficiente para demanda, diversificar fontes, preços uniformes em áreas
de custos desiguais, eletrificação rural, descontos para alto consumo, tarifas para
pobres e programas de conservação.

Características do modelo de Agência Compradora


Descrição: permite a entrada de produtores independentes de energia (PIE), introduzindo
competição na geração. Configura um monopsônio, já que, há um único comprador
(Agência Compradora) para vários vendedores (PIE) que competem entre si. Para evitar
que a Agência privilegie algum gerador, pode-se fazer leilões.
Como todos os empreendedores vendem para um único comprador, esse pode ditar o
preço do mercado, evitando a assimetria de ganho entre os produtores.
Competição e liberdade de escolha: há apenas competição na geração, sendo limitada à
disputa dos contratos associados à expansão da oferta. Não há competição na
comercialização e os consumidores não tem poder de escolha. É obrigação da Agência
Compradora fazer todo o suprimento necessário para os distribuidores e,
consequentemente, consumidores.
Integração e acesso de terceiros ao transporte: deve-se evitar a concentração horizontal
na geração e a integração vertical da geração com a transmissão, se não, a Agência
Compradora comprará e venderá para o mesmo cliente. Deve também, ser independente
das empresas geradoras, se não, poderá beneficiar a própria geração.
Aspectos econômicos: a eficiência econômica do modelo é baseada na competição entre
os PIEs, sendo que os riscos de investimento pertencem ao gerador e os riscos de demanda
e tecnologia ao consumidor. Uma das vantagens desse modelo é que evita alguns custos
dos modelos de competição no atacado e varejo, como custos de transação do mercado
spot e de acesso à transmissão.

Características do modelo de Competição no Varejo


Descrição: as distribuidoras são empresas separadas que podem comprar energia de
qualquer Produtor Independente de Energia (PIE) e manter o monopólio de vendas para
o consumidor final. É permitido o livre acesso ao sistema de transmissão em alta tensão
e, por isso, os geradores precisam competir entre si, tornando a pressão competitiva maior.
A competição entre geradores é mais acirrada e os distribuidores são divididos de
acordo com a geografia da transmissão.
Competição e liberdade de escolha: o aumento de competição na geração permite a
liberdade de escolha das distribuidoras, que ainda mantém o monopólio da distribuição,
sendo totalmente responsável pelo suprimento do consumidor final.
Integração e acesso de terceiros ao transporte: deve ter separação vertical completa, a
transmissão deve ser separada para permitir competição na geração e o livre acesso entre
geradores e distribuidores. O órgão regulador deve evitar que o distribuidor tenha geração
própria, pois pode ser que outras distribuidoras tenham que comprar geração à preços
maiores que o do mercado.
Aspectos econômicos: a eficiência econômica do modelo é baseada na competição entre
os PIEs e os riscos ficam por conta do gerador. Há custos encalhados devido à geração
de custo elevado e custos de transação devido ao mercado spot e acesso à transmissão.

Características do modelo de Competição no Atacado


Descrição: o consumidor tem acesso aos geradores, seja diretamente ou pela escolha do
distribuidor. Há a completa separação da geração e comercialização de transporte de
energia. Não há nenhum monopólio na comercialização, varejistas podem atuar como
operam em outros mercados. Os preços para acesso às malhas de alta (transmissão) e
baixa (distribuição) tensão precisam dar incentivos econômicos para a correta localização
e despacho de plantas geradoras e remuneração adequada pelo serviço. O mercado spot é
essencial para ajustar as diferenças ente os valores contratados e realizados.

Competição e liberdade de escolha: há o maior nível de concorrência e escolha para os


compradores de eletricidade, os consumidores são livres para escolher seus fornecedores
e, consequentemente, a obrigação de suprimento se extingue.
Integração e acesso de terceiros ao transporte: ao permitir o livre acesso à transmissão e
distribuição, possibilita o acesso do gerador ao consumidor final e minimiza as barreiras
de entrada na indústria. É importante evitar a integração horizontal da geração e
distribuição e manter a geração separada da transmissão para manter a rivalidade. Como
a distribuidora não tem monopólio dos consumidores, não há conflito caso a distribuidora
possua geração própria, pois o próprio consumidor pode optar por outros varejistas.
Aspectos econômicos: quanto maior a liberdade de escolha do consumidor, menor a
possibilidade de o fornecedor impor preços para supri investimentos mal feitos e maior a
probabilidade de custos encalhados e de transação. Esse último, aparece devido aos
acordos de negócios e medições mais complexas. Os custos de riscos são do gerador e
distribuidor e a eficiência econômica do modelo é baseada na competição entre os PIEs.

Reestruturação x Privatização
A reestruturação trata da estrutura da indústria e de aspectos comerciais da venda de
energia, introduzindo competição e escolha, enquanto, a privatização é uma mudança de
propriedade pública para privada, sendo um ponto para mudanças na posse e
gerenciamento da empresa. As duas não precisam acontecer juntas, mas, a avaliação dos
ativos a serem privatizados depende da estrutura industrial em que opera, assim, a
intensidade da concorrência, seu potencial de lucro e o valor dos seus ativos dependem
da estrutura industrial.
O movimento de privatização acontece não só devido a necessidade de obtenção de
recursos financeiros, mas também, ao sentimento de que a propriedade privada será mais
eficiente. Quando uma empresa monopolista é privatizada, por exemplo, a forma de
regulação que dirá o valor da indústria, por isso, o desenvolvimento de uma estrutura
regulamentar é essencial para a privatização de um monopólio.
A regulamentação pode ser vista como um substituto para a competição, mas, se é
possível e eficiente reestruturar a indústria e introduzir competição, pod e ser considerada
como uma alternativa à regulamentação econômica. Indústrias regulamentadas têm
poucos motivos para diminuir custos, preferem influenciar órgãos regulamentadores a
tomarem decisões que às favoreça. Quando custos sobem, simplesmente aumentam seus
preços e quando esses órgãos resistem, as empresas reduzem os investimentos, causando
custos altos e serviço ruim.
A reestruturação para mercados mais competitivos é baseada na crença de que forças do
mercado melhoram a eficiência econômica e de performance nas empresas. A indústria
foi reestruturada (geração, transmissão, distribuição e comercialização) para permitir
sinais corretos de preço e evitar a construção de excesso de capacidade. Durante a
reestruturação, se aumenta o grau de competição ao que a indústria é exposta, passando
por um processo de desregulamentação que retira ou reduz o controle governamental das
indústrias que eram consideradas monopólios naturais ou serviços públicos essenciais.
Para incentivar a rivalidade na indústria, é conveniente uma passagem do monopólio para
outros modelos, quebrar a companhia monopolista em companhias menores, diminuindo
a concentração horizontal e encorajando a entrada de novos competidores no mercado. É
esperado que a eficiência cresça quando se transita do modelo de monopólio para outros
mais liberais, entretanto, para o investidor, o risco aumenta à medida que o modelo for
mais competitivo. Um mercado mais liberal não surge naturalmente, é estabelecido por
lei, as forças de mercado são estabelecidas em função da regulamentação e da regulação
governamental. As pressões para mudança de modelo acontecem devido à crença de que
pode-se obter vantagens em uma nova estrutura industrial.

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