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Dessa forma, a base de cálculo do ICMS que pagamos na conta de energia deve incidir SOMENTE sobre a
energia efetivamente utilizada, o que não ocorre. Os Estados cobram o ICMS sobre a energia efetivamente
consumida e sobre os encargos tarifários, apesar de não existe previsão legal e constitucional para cobrança
do ICMS no serviço de transporte de energia, mas, APENAS, sobre os valores referentes à energia elétrica
efetivamente consumida.
A geração, transmissão e distribuição de energia elétrica são reguladas pela Agência Nacional de Energia
Elétrica (Aneel), sendo que a legislação aplicável estabelece, basicamente, dois tipos de consumidores de
energia elétrica: consumidores cativos e consumidores livres
FIQUE POR DENTRO DO ASSUNTO
A Rede Básica do Sistema Interligado Nacional é administrada pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico
ONS e tem o objetivo de cobrir todo o país abastecendo os mercados consumidores: residenciais, comerciais
ou industriais.
A Lei nº 9.074/95 trouxe profunda inovação no setor elétrico brasileiro, especialmente por estabelecer novos
conceitos, agentes, institutos e, principalmente, por extinguir definitivamente com o monopólio público
verticalizado do setor elétrico brasileiro.
A reestruturação do setor energético brasileiro buscou aumentar a competitividade do mercado e atender à
demanda crescente de energia elétrica estabelecendo duas formas de contratação de fornecimento de energia:
ambiente de contratação regulada (mercado cativo) e o ambiente de contratação livre.
O ambiente de contratação regulada atende aos consumidores chamados cativos, como, por exemplo, as
residências, que necessariamente adquirem energia elétrica de distribuidoras locais. Estes consumidores estão
vinculados à concessionária de energia elétrica que atende em seu endereço. Neste ambiente de mercado não
há competição já que toda a energia é fornecida pelo distribuidor concessionário, o qual é remunerado por
tarifa previamente estabelecida pelo ente regulador Agência Nacional de Energia Elétrica ANEEL.
No ambiente de contratação livre, a energia é direcionada aos consumidores livres, geralmente indústrias que
consomem uma grande quantidade de energia elétrica no processo produtivo. Estes consumidores podem
celebrar contratos de fornecimento de energia elétrica diretamente com a concessionária de sua livre escolha,
que será remunerada por preço fixado no contrato e não por tarifa previamente definida pela agência
reguladora.
FIQUE POR DENTRO DO ASSUNTO
Em razão da contratação de acesso à rede básica, o usuário remunera a ONS mediante recolhimento da Tarifa de
Uso do Sistema de Transmissão - TUST, na forma da Resolução ANEEL nº 281/1999.
Essa tarifa é, em qualquer caso, suportada por aqueles que utilizam a rede de transmissão, seja a geradora da
energia elétrica, o consumidor livre diretamente conectado à rede básica, ou mesmo os consumidores cativos, que
pagam a tarifa em suas contas.
A utilização do sistema de distribuição, por sua vez, no caso do mercado livre, se dá mediante celebração de
contrato de uso dos sistemas de distribuição (CUSD) ou, no mercado cativo, mediante contratação do fornecimento
de energia elétrica, em ambos os casos a remuneração pelo o uso da rede se dá mediante recolhimento Tarifa de
Uso do Sistema de Distribuição - TUSD.
Ocorre que os contratantes do fornecimento de energia elétrica nos Estados do Brasil, seja no mercado livre ou
cativo, estão submetidos à incidência do ICMS sobre os valores relativos às tarifas de transmissão e distribuição, o
que é ilegal e inconstitucional.
O fato gerador do ICMS não ocorre com a mera disponibilização ou transmissão da energia elétrica, mas sim com o
efetivo fornecimento e consumo, razão pela qual não incide ICMS sobre as tarifas que remuneram a transmissão e
distribuição da energia elétrica - TUST e TUSD.
Além disso, as tarifas que remuneram a transmissão e distribuição da energia elétrica - TUST e TUSD não são
devidas em razão do consumo de energia elétrica, mas pela mera disponibilização dos sistemas de transmissão e
distribuição, logo não podem integrar a base de cálculo do tributo estadual, uma vez que esta consiste no preço da
energia elétrica efetivamente consumida.
Dessa forma, a incidência do ICMS sobre as tarifas que remuneram a transmissão e distribuição da energia elétrica -
TUST e TUSD, viola o princípio da legalidade tributária previsto no art. 150, I, da Constituição Federal, uma vez que o
imposto incidirá sobre fato gerador e base de cálculo não prevista na Constituição Federal e na Lei Complementar
nº 87/96.
POSICIONAMENTO DO JUDICIÁRIO
Os Tribunais e o STJ reconhecem a NÃO INCIDÊNCIA DE ICMS, sobre encargos da fatura de energia elétrica,
julgando repetidamente que a inclusão da TUSD e TUST na base de cálculo para apuração do ICMS é indevida.
Assim, o consumidor pode entrar com uma ação judicial para que seja revisado o tributo apurado mês a mês,
propiciando uma imediata economia na conta de luz dentro de aproximadamente 90 dias da distribuição da
ação, sendo muito comum a concessão de tutela antecipada (liminar) para que o valor da conta de luz já venha
com o cálculo correto do ICMS.
Este ajuizamento possibilita, ainda, ao consumidor recuperar os valores pagos indevidamente nos últimos cinco
anos, mediante compensação nas próximas contas de energia elétrica ou restituição dos valores devidamente
corrigidos pela Selic. Esta escolha será feita pelo consumidor ao final da ação, quando do respectivo trânsito em
julgado.
Vejamos um exemplo:
CONTA LUZ ATUAL CONTA CORRIGIDA SEM VALOR A RECEBER DOS
ICMS INDEVIDO ÚLTIMOS 5 ANOS
R$ 120,00 R$ 80,00 R$ 5.000,0
R$ 200,00 R$ 146,00 R$ 7.500,00
R$ 300,00 R$ 210,00 R$ 12.600
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA DEFINE QUE ICMS NÃO INCIDE SOBRE DISTRIBUIÇÃO E TRANSMISSÃO
DE ENERGIA.
Conforme entendimento pacificado, o Superior Tribunal de Justiça decidiu novamente pela não incidência do ICMS sobre
distribuição e transmissão de energia elétrica, conforme entendimento da Súmula 166 daquele tribunal superior.
Assim dita a súmula 166:
“Não constitui fato gerador do ICMS o simples deslocamento de mercadoria de um para outro estabelecimento do
mesmo contribuinte”.
Tal súmula garante claramente que o ICMS deve excluir da base de cálculo os custos de transmissão e distribuição do fornecimento
de energia elétrica.
Súmula 391 do STJ: ‘O ICMS incide sobre o valor da tarifa de energia elétrica correspondente à demanda de potência
efetivamente utilizada
Neste contexto, segue recente julgado proferido pelo Colendo STJ sobre o tema:
“(…) É entendimento pacífico desta corte superior que não fazem parte da base de cálculo do ICMS a Tust (Taxa
de Uso do Sistema de Transmissão de Energia Elétrica) e a Tusd (Taxa de Uso do Sistema de Distribuição de
Energia Elétrica) (…)”(AgRg no REsp 1.408.485, 2ª Turma, relator ministro Humberto Martins, DJe: 19.5.2015
PÚBLICO ALVO
Quem pode ingressar judicialmente com a contestação do imposto?
Contribuintes de direito: São aqueles em relação ao ICMS sobre a TUST exigida de consumidor ligado à rede
básica ou de autoprodutor que dela retire energia (Convênio ICMS nº 117/2004, alterado pelo Convênio ICMS nº
135/2005)
Contribuinte de fato: Nos demais casos, o autor da ação em que se conteste a incidência do ICMS sobre a TUST e
a TUSD há de ser o contribuinte de fato do imposto, a quem a empresa de transmissão ou distribuição, na
condição de contribuinte de direito, repassa integralmente o respectivo ônus, destacando-o na fatura mensal.
-Causidicus-