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Como recuperar ICMS indevido sobre

energia elétrica (TUST e TUSD) em 7 passos


Sumário
03 Introdução

05 Autores

06 Entendendo as tarifas do sistema de uso de


transmissão e distribuição de energia elétrica

09 Base legal para a cobrança do ICMS

11 Como identificar a cobrança

29 Síntese dos fundamentos jurídicos da tese de


ilegalidade da cobrança do ICMS sobre
a TUST e TUSD

31 Aspectos processuais

33 Setores produtivos mais afetados

34 Argumentos para apresentação da tese aos clientes

36 Referências

37 O Ibijus

Anexo - Artigo:
A ilegalidade do ICMS sobre TUST e TUSD nas contas de energia elétrica
Introdução

Este e-book tem como objetivo apresentar orientações


básicas para advogados que pretendem atuar com a recuperação
de ICMS cobrado sobre as taxas incidentes na conta de energia
elétrica, denominadas TUST e TUSD.
Considerando que a sistemática de geração, transmissão e
distribuição de energia elétrica não é um assunto muito conhecido
dos profissionais da área jurídica e visando facilitar o entendi-
mento sobre tese da ilegalidade da cobrança do ICMS sobre a
TUST e TUSD, o tema foi tratado em 7 passos, a saber:

1. Entendendo as tarifas do sistema de uso de transmissão e distribuição de energia elétrica.

2. Base legal para a cobrança do ICMS.

3. Como identificar a cobrança.

4. Síntese dos fundamentos jurídicos da tese de ilegalidade da cobrança do ICMS sobre a TUST e TUSD.

5. Aspectos processuais.

6. Setores Produtivos mais afetados.

7. Argumentos para apresentação da tese aos clientes.


03
Introdução

Ao final, foi inserido como anexo, um artigo intitulado A


ilegalidade do ICMS sobre TUST e TUSD nas contas de energia
elétrica que também acrescenta algumas informações relevantes
sobre o tema.
Portanto, trata-se de lições iniciais sobre uma tese que, se
bem aplicada, poderá produzir bons resultados tanto para a
advocacia, quanto para os consumidores de energia elétrica
enquadrados no caso.

Boa leitura!

04
Autores
Esse material foi produzido pelo Instituto Brasileiro de Direito com a colaboração de:

Prof. Ma. Inara de Pinho


Advogada, professora universitária, consultora e auditora de empresas com foco na
gestão jurídico-ambiental.
Mestre em Direito, especialista em Direito Público, em Gestão e Manejo Ambiental
em Sistemas Florestais e em Gestão de Recursos Hídricos.

Irapuã Oliveira Costa


Empresário, consultor, especialista em medição e faturamento de energia elétrica.
Fundador e proprietário da empresa AMEnergia.
Ministrou cursos de medição de energia elétrica pela Eletropaulo.
Escreveu e publicou livro sobre redução de custos e recuperação de valores pagos
incorretamente nas faturas de energia “A Luz do Consumidor”.

Prof. Me. Marcos Relvas


Consultor jurídico na área tributária e professor de Direito.
Fundador e ex-presidente da Associação Brasileira de Contribuintes.
Mestre em Direito pela Universidade de Franca.
MBA em Gestão Empresarial pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul.
Bacharel em Direito pela PUC de Campinas.
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1. Entendendo as tarifas do sistema de uso de
transmissão e distribuição de energia elétrica

A comercialização da energia elétrica é submetida à


regulação pelo Poder Público (Lei nº 10.848/2004, Lei
nº9.648/98 e Lei nº 9.074/95). Na década de 1990,
quando houve a reforma do setor elétrico, foram sepa-
rados os segmentos de geração, transmissão e distribu-
ição da energia, os quais passaram a ser administrados
por agentes específicos.
A geração, transmissão e distribuição de energia ANEEL
elétrica são reguladas pela Agência Nacional de Energia
Elétrica (Aneel), sendo que a legislação aplicável estabe- Agência Nacional de Energia Elétrica
lece, basicamente, dois tipos de consumidores de energia
elétrica: consumidores cativos e consumidores livres.

Consumidores Consumidores
LIVRES CATIVOS

06
1. Entendendo as tarifas do sistema de uso de
transmissão e distribuição de energia elétrica

Os consumidores livres, quando conectados à rede básica, deverão celebrar os


seguintes contratos: (i) contrato de compra e venda de energia elétrica; (ii)
contrato de Conexão ao Sistema de Transmissão (CCT); e Contrato de Uso do
Sistema de Transmissão (Cust). Por outro lado, quando conectados ao Sistema de Consumidores
Distribuição, deverão celebrar os seguintes contratos: (i) contrato de compra e LIVRES
venda de energia elétrica; (ii) Contrato de Conexão ao Sistema de Distribuição
(CCD); e (iii) Contrato de Uso do Sistema de Distribuição (Cusd).

Os consumidores cativos adquirem energia de um distribuidor local de forma


compulsória, sujeito a tarifas regulamentadas. Os consumidores livres, por sua
vez, podem contratar a compra de energia diretamente de geradores, comercializa-
dores ou importadores desse bem, por meio de negócio jurídico realizado no Consumidores
Ambiente de Contratação Livre (ACL). CATIVOS

Em virtude dos contratos de transmissão ou distribuição, os consumidores livres estão sujeitos ao recolhi-
mento dos encargos denominados de Tust (recolhida em virtude da formalização do Cust) e Tusd (recolhida em
virtude da formalização do Cusd).

07
1.

Comercializador

Fonte: http://www.venergia.com.br/comercializacao/Paginas/Mercado-livre-de-energia.aspx

Muito embora essas tarifas não se confundam com a midor livre é o responsável pelo pagamento do ICMS
mercadoria para fins de tributação do ICMS, os estados devido na transmissão e distribuição dos serviços de
têm incluído a Tust e a Tusd na base de cálculo do ICMS, fornecimento de energia elétrica. Entretanto, referida
com fundamento nos Convênios ICMS 117/2004 e cobrança não tem amparo legal ou constitucional.
95/2005. Referidas normas determinam que o consu-

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2. Base legal para
a cobrança do ICMS

Vale lembrar que, segundo a Constituição Federal, o ICMS é


um imposto incidente sobre as operações relativas à circulação de
mercadorias (e serviços de transporte e comunicação), nos termos
do artigo 155, inciso II.
Portanto, há três vocábulos que definem a incidência do
ICMS: operação, circulação e mercadoria. A palavra operação se
refere a uma transação mercantil, e não à uma simples compra e
venda. A circulação, por sua vez, sugere a transferência de propri-
edade, não bastando o mero deslocamento físico do bem para que
seja caracterizada a circulação. Por fim, a acepção de mercadoria
implica uma relação negocial por quem exerça mercancia com
habitualidade.
Dessa forma, a energia elétrica foi considerada mercadoria
para fins de incidência do ICMS pela Constituição Federal,
conforme interpretação do artigo 155, parágrafo 2º, inciso x,
alínea “b” e parágrafo 3º.
A legislação tributária (Art. 12, inciso I, da Lei
Complementar 87/1996) prevê, expressamente, que o fato
gerador do ICMS ocorre com a saída de mercadoria do estabeleci-
mento do contribuinte e que o imposto deve ser exigido quando
ocorrer a efetiva transferência de titularidade da mercadoria com
a respectiva entrega definitiva do bem ao seu destinatário.

09
2. Base legal para
a cobrança do ICMS

Sendo assim, para que possa ocorrer a exigência do imposto


estadual sobre o fato gerador de energia elétrica, deve-se identi-
ficar a ocorrência da situação que se caracteriza juridicamente
como uma operação relativa à energia elétrica. Assim, para
exigência do ICMS, deve haver o caráter negocial, a transferência
da propriedade e a existência de uma mercadoria.
Como um dos aspectos da hipótese de incidência do ICMS
sobre a energia elétrica é o efetivo consumo pelo destinatário, os
negócios alheios e os custos relativo ao fornecimento da energia
elétrica não podem compor a base de cálculo do tributo. A trans-
missão e distribuição da energia são etapas na cadeia de forneci-
mento de energia.
Logo, pode-se concluir que não se deve equiparar os
encargos de distribuição e transmissão pagos pelos consumidores
livres a uma mercadoria, na medida em que não se confundem
com a venda da energia, sendo apenas etapas necessárias ao
fornecimento de energia elétrica.
Inobstante, a comercialização da energia ocorre entre
produtor e consumidor, enquanto a transmissão e a distribuição
são apenas atividades-meio, que têm como objetivo viabilizar o
fornecimento da energia elétrica pelas geradoras aos consumi-
dores finais (atividade-fim). Portanto, transmissão e distribuição
de energia não se tratam de “circulação de mercadoria”.

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3. Como identificar
a cobrança
Atendendo à legislação de diversos Estados, as empresas de
transmissão e distribuição têm passado a destacar ICMS sobre os
valores recebidos a título de TUST e TUSD, repassando aos
contratantes – por meio do mecanismo dos preços – o respectivo
ônus econômico.
Entretanto, como se trata de um tributo estadual, cada
Estado possui uma sistemática e alíquotas para a cobrança.
Vale lembrar, ainda, que alguns Estados não destacam esses
valores na conta de energia, ficando a cargo do contribuinte
identificá-los.
Por outro lado, o destaque da parcela da TUSD / TUST tanto
do KWH ou do KW, não é uma obrigatoriedade por parte das
concessionárias ou algo que esteja na Resolução que obrigue o
destaque.
Algumas concessionárias já conseguem destacar essas infor-
mações e pode-se citar a Eletropaulo que, em nossa opinião,
possui o melhor formato de fatura entre todas as concessionárias,
apresentando dados claros e destaque quando da troca de equipa-
mentos, além de ciclos completos com todas as informações tanto
da TUSD / TUST, quanto do KW e KWH.
As informações completas das tarifas podem ser obtidas nas
Resoluções que estão disponíveis no site da ANEEL e também no
site de algumas concessionárias, mas vale ressaltar que as infor-
mações são de difícil visualização, pois são compostas de várias
planilhas e a interpretação dessas informações necessita de um
pouco de conhecimento tarifário, porém nada que não seja
possível de identificar.
11
3. Como identificar a cobrança
Apresentam-se aqui alguns exemplos de faturas de
energia nas quais é possível comparar as informações que
estão disponíveis nas faturas e como é a formação de
preço dessa mesma fatura. Mostra-se, portanto, a tarifa
real do mês e o quanto seria possível recuperar da TUSD
do KWH e KW, além de outra recuperação, qual seja, da
demanda não utilizada.
Apresentam-se unidades com faturamento em
média e baixa tensão, sendo que nas unidades de média
tensão as oportunidades de recuperação são maiores e
mais expressivas, porém na unidade ligada na baixa
tensão há também recuperações a serem realizadas.

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3. Como identificar a cobrança Não destaca
a tarifa

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3. Como identificar a cobrança

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3. Como identificar a cobrança

15
3. Como identificar a cobrança Não destaca
a tarifa

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3. Como identificar a cobrança Não destaca
a tarifa

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3. Como identificar a cobrança Não destaca
a tarifa

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3. Como identificar a cobrança Não destaca
a tarifa

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3. Como identificar a cobrança Não destaca
a tarifa

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3. Como identificar a cobrança Não destaca
a tarifa

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3. Como identificar a cobrança Não destaca
a tarifa

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3. Como identificar a cobrança Não destaca
a tarifa

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3. Como identificar a cobrança Não destaca
a tarifa

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3. Como identificar a cobrança Não destaca
a tarifa

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3. Como identificar a cobrança Não destaca
a tarifa

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3. Como identificar a cobrança Não destaca
a tarifa

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3. Como identificar
a cobrança

TUSD - Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição: valor


monetário unitário determinado pela ANEEL, em R$/MWh ou
em R$/kW, utilizado para efetuar o faturamento mensal de usuá-
rios do sistema de distribuição de energia elétrica pelo uso do
sistema;

Significados da TUSD / TUST / TE, TUST - Tarifa de Uso dos Sistemas de Transmissão:
conforme informações ANEEL. TUST Rede Básica, relativa ao uso de instalações da Rede Básica, e
TUST Rede Básica Fronteira, relativa ao uso de instalações de
fronteira da Rede Básica;

TE - Tarifa de Energia: valor monetário unitário determi-


nado pela ANEEL, em R$/MWh, utilizado para efetuar o fatura-
mento mensal referente ao consumo de energia dos seguintes
contratos:

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4. Síntese dos fundamentos jurídicos da tese de
ilegalidade da cobrança do ICMS sobre
a TUST e TUSD

O ordenamento jurídico é hierárquico e piramidal, à A Lei nº 9.648/98, art. 9º estabelece autonomia no


guisa do proposto por Hans Kelsen. uso da transmissão e distribuição em relação à comercia-
Logo as normas estaduais de qualquer natureza lização.
(legislativa ou administrativa) não podem se sobrepor à Nesse sentido, os únicos negócios jurídicos que
Constituição Federal, nem às leis complementares de podem constar da base de cálculo do ICMS no caso da
normas gerais. energia elétrica, que foi guindada formalmente à
A autonomia legislativa dos entes federados para condição de mercadoria é a Lei Complementar nº 87/96
tratar de tributos é limitada, basicamente, por esses dois (art. 13, § 1º, II, a e b).
grandes balizadores jurídicos.

Dessa forma a TUST e TUSD não podem ser vistas e nem


cobradas como venda de mercadoria, posto que é apenas uma
operação interna entre produtores e distribuidores de energia.
Tampouco, pode ser considerado serviço de transporte de energia
pelas próprias características dessa mercadoria.

29
4. Por ficção jurídica, essas tarifas recebidas pelas empresas de
energia dos produtores independentes e consumidores livres não
podem ser incluídas na base de cálculo do ICMS, por falta de
previsão constitucional, e de normas gerais do direito tributário
específico do ICMS.
Há estudos e pareceres demonstrando, tecnicamente e
juridicamente, que os geradores de energia enviam sua respectiva
energia para o sistema e é impossível se saber se o consumidor
final está comprando energia de geradores independentes, de qual
deles ou mesmo de geração própria, logo isso não pode caracte-
rizar serviço de transporte que é onde alguns estados têm enqua-
drado a TUST e TUSD para considera-la como base do cálculo do
ICMS em suas resoluções de consulta.
Essa conclusão se reforça, a contrario sensu, em face da
existência, no Congresso Nacional, da Proposta de Emenda
Constitucional nº 285/2004 e do Projeto de Lei Complementar nº
352/2002. A primeira determinando a incidência de ICMS na
transmissão de energia elétrica, e o segundo incluindo na base de
cálculo do imposto, dentre outros, os encargos de transmissão e
distribuição de energia. Logo, se é proposta de EC e PL, não
podem os Estados se anteciparem e cobrarem por conta própria
com base em convênios e legislações estaduais.

Face ao exposto, conclui-se ser indevida a exigência de


ICMS sobre a TUST e a TUSD, estando o contribuinte de fato
ou de direito legitimado à sua contestação judicial.
Contribuinte de fato – consumidor a quem o tributo é
repassado no preço final da conta
Contribuinte de direito – aquele que recolhe o tributo
para os cofres do Estado (Concessionárias, Produtores de
Energia e Consumidores Livres).

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5. Aspectos processuais
Têm legitimidade para estar em juízo as pessoas a O réu na ação deve ser o Estado, por ser este o único
quem a decisão a ser tomada pode beneficiar ou prejudi- beneficiário do recolhimento do tributo controvertido.
car.
Quanto ao ICMS sobre a TUST exigida de consu-
midor ligado à rede básica ou de autoprodutor que dela
retire energia, visto que a legislação tributária lhes impõe
o status de contribuintes de direito (Convênio ICMS nº
117/2004, alterado pelo Convênio ICMS nº 135/2005),
cujo ônus econômico ademais suportam, não há dúvida
de que é daquelas pessoas a legitimidade para discuti-lo
em juízo.
Nos demais casos, o autor da ação em que se
conteste a incidência do ICMS sobre a TUST e a TUSD há
de ser o contribuinte de fato do imposto, a quem a
empresa de transmissão ou distribuição, na condição de
contribuinte de direito, repassa integralmente o respec-
tivo ônus, destacando-o na fatura mensal.
A legitimidade do contribuinte de fato para a contes-
tação do ICMS, aliás, já foi declarada pelo STJ em casos
também atinentes ao setor energético, quando declarou,
em ações propostas por grandes consumidores de ener-
gia, a não-incidência do imposto sobre a demanda reser-
vada (1ª Turma, REsp. nº 222.810/MG, Rel. para o
acórdão Min. JOSÉ DELGADO, DJ 15.05.2000; 2ª
Turma, REsp. nº 343.952/MG, Rel. Min. ELIANA
CALMON, DJ 17.06.2002).

31
5. Aspectos processuais
Apesar de não haver interesses da empresa de trans-
missão ou distribuição no processo judicio em questão,
posto que sendo contribuinte de direito tanto faz para ela
transferir para o contratante o ônus do ICMS como deixar
de recolher, ao contrário de muitos autores, entende-se
que deva ela constar do polo passivo da ação movida por
contribuintes de fato (consumidores), posto que terá
papel fundamental para a execução da eventual sentença
favorável ao autor.
Isso poderá viabilizar um eventual pedido de
compensação concomitante de valores a serem restituí-
dos, dos últimos cinco anos, para não ter que esperar o
Estado efetuar esse pagamento em dinheiro, fato esse que
através de precatórios pode ser muito demorado.

32
5. Aspectos processuais
Agora vamos pontuar a atual situação jurídica da tese. Veja-se:

33
5. Aspectos processuais
Junho/2018 (29/06)
Agosto/2017
MPF manifestou-se no REsp
Dezembro/2018
RE 1.041.836. STF manifestou- 1.699.851 entendendo pela legali-
dade da cobrança de ICMS sobre Findo o prazo legal para o julgamento
se pela inexistência de questão
TUST/TUSD no caso de consumi- dos repetitivos, conforme previsão do art.
constitucional (repercussão geral).
dores cativos. 1.037, II, CPC.

Dezembro/2017 Julho/2018 (04/07) Novembro/2019

STJ adotou o rito dos recursos MPF manifestou-se no EREsp Os recursos representativos
repetitivos para solucionar a diver- 1.163.020 entendendo pela ilegali- da controvérsia seguem conclusos
gência. O tema foi afetado sob o nº dade da cobrança, quaisquer sejam ao Relator, aguardando definição
986. Foram escolhidos para o os mercadores consumidores. do tema.
julgamento por amostragem: REsp
1.692.023, REsp 1.699.851 e EREsp
1.163.020. Foi, ainda, determinado
o sobrestamento nacional de ações.

34
6. Setores Produtivos mais afetados

O nível de abrangência dessa tese é bastante abran-


gente porque se aplica desde à pessoa física, consumidor
comum de energia elétrica, até grandes empresas, com a
ressalva daquelas que já utilizam o ICMS pago na conta de
energia como crédito nas suas operações seguintes que
incidam esse tributo.

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7. Argumentos para apresentação
da tese aos clientes

Com uma liminar deferida (que devido à forte juris-


prudência que vem sendo obtida) o contribuinte poderá
experimentar uma redução de 6% até 15% no valor total
da sua conta de energia.
Essa economia vai depender do volume de consumo
e também de cada Estado e de cada Cia. de Energia que
podem ter variações de alíquota do ICMS e dos valores da
Tust e Tusd que são trazidos para a base de cálculo do
tributo.
Sem contar a restituição da diferença paga, a maior,
nos últimos cinco anos. Empresas com altas contas de
energia e que não aproveitam o crédito de ICMS nas suas
operações seguintes poderão ter valores muito significa-
tivos para receber.

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Anexo - Artigo
A ilegalidade do ICMS sobre TUST e TUSD nas contas de energia elétrica
Inara de Pinho Nascimento Vidigal São aqueles em relação ao ICMS sobre a TUST exigida de
consumidor ligado à rede básica ou de autoprodutor que dela
retire energia (Convênio ICMS nº 117/2004, alterado pelo
O presente artigo tem o objetivo de esclarecer, de forma
Convênio ICMS nº 135/2005)
resumida, algumas questões que envolvem a possibilidade de
ressarcimento pelo pagamento indevido de tributo sobre as Contribuinte de fato:
contas de energia elétrica. Nos demais casos, o autor da ação em que se conteste a
É indevida a exigência de ICMS sobre Tarifas de incidência do ICMS sobre a TUST e a TUSD há de ser o contribu-
Uso do Sistema de Distribuição (TUSD) e a Tarifa de Uso inte de fato do imposto, a quem a empresa de transmissão ou
do Sistema de Transmissão (TUST)? distribuição, na condição de contribuinte de direito, repassa
integralmente o respectivo ônus, destacando-o na fatura mensal.
Sim, pois não se pode considerar a possibilidade da TUST e
da TUSD como remuneração de um contrato de transporte, Precedentes do STJ
donde se depreende a impossibilidade de cobrança do ICMS A legitimidade do contribuinte de fato para a contestação
discutido também a este título. Não se podendo cogitar de serviço do ICMS já foi declarada pelo STJ em casos também atinentes ao
de comunicação, e não havendo na Constituição outras hipóteses setor energético, quando declarou, em ações propostas por
de incidência do imposto, a conclusão há de ser pela inexigibili- grandes consumidores de energia, a não-incidência do imposto
dade do ICMS sobre as referidas tarifas, conforme Santiago sobre a demanda reservada (1ª Turma, REsp. nº 222.810/MG,
(2016). Rel. para o acórdão Min. JOSÉ DELGADO, DJ 15.05.2000; 2ª
A tese tributária Turma, REsp. nº 343.952/MG, Rel. Min. ELIANA CALMON, DJ
17.06.2002).
A tese que defende a improcedência dessa exigência funda-
menta-se no fato de que não se trata de transporte de energia e Oportunidade para a advocacia tributária
nem de parcela integrante de seu preço. A análise da viabilidade dessa tese merece ser apreciada
Dessa forma, o contribuinte de fato (ou de direito, relativa- com atenção, pois demonstra ser uma boa oportunidade para
mente à TUST exigida de consumidor ligado à rede básica ou de advocacia tributária.
autoprodutor que dela retira energia) está legitimado à sua Portanto, àqueles advogados que gostam de trabalhar em
contestação judicial, sem prejuízo de igual legitimidade do prol da percepção de créditos tributários, parece estarmos diante
contribuinte de direito. (Santiago, 2016). de um prato cheio!
Quem pode ingressar judicialmente com a contes- Inara de Pinho Nascimento Vidigal é Mestre em Direito, Especialista em Direito Público,
tação do imposto? Advogada e Professora Universitária. Artigo originalmente publicado no blog da professora no
IbiJus, disponível em: http://www.ibijus.com/blog/142-a-ilegalidade-do-icms-sobre-tust-e-
Contribuintes de direito: tusd-nas-contas-de-energia-eletrica

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Referências

BATTILANA, Leonardo Augusto Bellorio. Tribunais reconhecem a não incidência de ICMS sobre encargos de energia elétrica.
Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2015-nov-22/tribunais-reconhecem-nao-incidencia-icms-encargos-energia-eletrica#author>.
Acesso em 20 de outubro de 2016.

BRASIL. Lei 9.432, de 08 de janeiro de 1997. Estabelece normas para outorga e prorrogações das concessões e permissões de serviços
públicos e dá outras providências. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9074cons.htm> Acessado em 24 de
outubro de 2016.

BRASIL. Lei nº 9.648, de 27 de Maio de 1998. Altera dispositivos das Leis nº 3.890-A, de 25 de abril de 1961, nº 8.666, de 21 de junho
de 1993, nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, nº 9.074, de 7 de julho de 1995, nº 9.427, de 26 de dezembro de 1996, e autoriza o Poder
Executivo a promover a reestruturação da Centrais Elétricas Brasileiras - ELETROBRÁS e de suas subsidiárias e dá outras providências.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9648cons.htm> Acessado em 25 de outubro de 2016.

BRASIL. Lei nº 10.848/2004. Dispõe sobre a comercialização de energia elétrica, altera as Leis nºs 5.655, de 20 de maio de 1971, 8.631,
de 4 de março de 1993, 9.074, de 7 de julho de 1995, 9.427, de 26 de dezembro de 1996, 9.478, de 6 de agosto de 1997, 9.648, de 27 de maio de
1998, 9.991, de 24 de julho de 2000, 10.438, de 26 de abril de 2002, e dá outras providências. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/lei/l10.848.htm> Acessado em 23 de outubro de 2016.

BRASIL. CONSELHO NACIONAL DE POLÍTICA FAZENDÁRIA (CONFAZ). CONVÊNIO ICMS 117/04. Alterado pelos Convênios
ICMS 59/05, 135/05, 136/10, 79/11, 101/11, 142/13. Dispõe sobre o cumprimento de obrigações tributárias em operações de transmissão e
conexão de energia elétrica no ambiente da rede básica. Disponível em: <
http://www1.fazenda.gov.br/confaz/confaz/convenios/icms/2004/CV117_04.htm> Acessado em 25 de outubro de 2016.

SANTIAGO, Igor Mauler. A EXIGÊNCIA DE ICMS SOBRE AS TARIFAS DE USO DOS SISTEMAS DE TRANSMISSÃO E DE
DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA (TUST E TUSD). ASPECTOS REGULATÓRIOS, TRIBUTÁRIOS E PROCESSUAIS. Disponível
em: <http://sachacalmon.com.br/publicacoes/artigos/a-exigencia-de-icms-sobre-as-tarifas-de-uso-dos-sistemas-de-transmissao-e-
distribuicao-de-energia-eletrica-tust-e-tusd-aspectos-regulatorios-tributarios-e-processuais/> Acesso em 21 de julho de 2016.

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