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ROBINSON e ASSOCIADOS

Peter R. Robinson Júnior


José Maria de Aguiar Silva Neto

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA DE FAMÍLIA,


SUCESSÕES, ÓRFÃOS, INTERDITOS E AUSENTES DA COMARCA DE BOA VISTA – RR

Autos do Processo n°: 0817587-68.2014.8.23.0010


Autor: HIULBY KENNEDY PEREIRA DA SILVA
Réu: ANDRÉIA GADELHA LOPES

ANDRÉIA GADELHA LOPES, devidamente qualificada nos autos do


processo em epígrafe, que lhe move o Sr. HIULBY KENNEDY PEREIRA DA SILVA, vêm por
intermédio de seu advogado que esta subscreve, respeitosamente, perante Vossa Excelência,
oferecer CONTESTAÇÃO a presente AÇÃO DE DIVÓRCIO c/c PARTILHA DE BENS, nos
termos do art. 278 do CPC, tendo em vista que da mesma restou infrutífera na tentativa de
acordo, aduzindo e requerendo o que adiante segue:

PRELIMINARMENTE
Requer a Requerida que lhe sejam concedidos os benefícios da Justiça
Gratuita, com fulcro no disposto ao inciso LXXIV, do art. 5º da Constituição Federal e na Lei nº.
1.060/50, em virtude de ser pessoa pobre na acepção jurídica da palavra e sem condições de
arcar com os encargos processuais, sem prejuízo de seu próprio sustento e de sua família.

DOS FATOS ALEGADOS NA EXORDIAL


O Requerente postula, em sua inicial, postula demanda de divórcio litigioso
em face da Requerida, expõe em síntese que, casou com o mesmo em 16 de setembro 2009,
e que o fim da convivência marital do casal ocorreu em maio de 2014, sem possibilidade de
reconciliação dos mesmos, traz ainda que, da união adveio 01 (uma) filha, hoje com 5 (cinco)
anos de idade, ressaltando que o Requerente não paga pensão de alimentos para a menor, e

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que durante a constância do casamento, Requerente e Requerido adquiriram os seguintes
bens:
 01 (uma) casa situada na Leão, n°. 622, bairro Cidade Satélite, Boa Vista/RR, avaliada em R$
180.000,00 (cento e oitenta mil reais), financiada pela CAIXA, com parcela mensal de R$ 1.200,00 (mil
e duzentos reais), das quais já foram quitadas 09 (nove), restando o adimplemento de 411 parcelas;
 01 (um) terreno urbano, situado na Rua Faculdade Amazônia Quadra 171, Lote 432, bairro Universitário,
Boa Vista/RR, avaliado em R$ 20.000,00 (vinte mil reais), financiado, cuja parcela mensal é no valor de
R$ 378,56 (trezentos e setenta e oito reais e cinquenta e seis centavos), restando inadimplentes ainda
67(sessenta e sete) parcelas.
 01 (um) carro modelo Corolla, ano 2004/2004, Placa JXH 4004, que encontra-se na posse do
Requerente, financiado, cuja parcela mensal é no valor de R$ 378,50 (trezentos e setenta e oito reais e
cinquenta centavos), restando inadimplentes 17 (dezessete) parcelas;
 01 (um) carro modelo Celta, Placa NAZ2516, que encontra-se na posse da Requerida;
 01 (uma) empresa denominada HIULBY KENNEDY P. DA SILVA ME – CNPJ n°. 16.659.333/0001-67,
cujo capital social é de R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais).

Isto posto, a Requerida concorda que de fato esses são os bens adquiridos
pelo casal, mas os fatos alegados pelo Autor somente em parte condizem com a verdade,
sendo que o mesmo omitiu algumas informações que serão expostas e comprovadas perante
este Juízo.

DA GUARDA E REGULAMENTAÇÃO DE VISITAS


A Requerida já exerce a guarda da filha de fato, que assim permaneça, sendo
apenas ratificado em termo na primeira oportunidade que ocorrer.
Quanto às visitas, poderá o pai visitar sua filha nos dias em que se
combinarem.
Deixando para discutir em momento oportuno neste juízo.

DOS ALIMENTOS
Considerando que o Autor saiu de casa para dar continuidade à relação
extraconjugal, deixando a sua própria filha e genitora a própria sorte, a Requerida ajuizou
demanda de alimentos ao qual tramita na 2ª VARA DE FAMÍLIA desta Comarca,
Sendo assim, Excelência, cumpre frisar algumas informações ao qual o Autor
fez questão de omitir na exordial. A sociedade conjugal foi rompida por culpa exclusiva do Autor,

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quando este abandonou o lar para dar continuidade à relação amorosa com outra mulher ao
qual adquiriu na constância do casamento, em consequência dessa atitude, suspendeu os
auxílios financeiros em favor da ex-companheira e da filha, instalando um verdadeiro caos na
havida estabilidade familiar.
Antes de deduzir considerações acerca das efetivas necessidades
alimentares, faz-se mister algumas considerações prefacias.
Desse modo, o Autor manteve ao longo dos desses anos um padrão de vida
elevado e proporcionou conforto e comodidade à infante, suprindo todas as necessidades festa
visto apresentar uma satisfatória posição financeira, sendo que, sempre compartilharam no seu
dia a dia todas às atividades relacionada à filha, como almoços diários em família, atividades de
lazer aos finais de semana em clubes particulares, inclusive viagens de férias, conforme
documentos em anexo.
No que tange às possibilidades do alimentante, em pese ter alegado perante
este Juízo que perfaz renda mensal de R$3.000,00 (três mil reais), estima a genitora que da
infante que este tenha renda mensal aproximada entre R$12.000,00 (onze mil reais). O elevado
padrão de vida arcado quase que exclusivamente pelo Autor se exterioriza por vários sinais
aparentes de riqueza, dentre os quais destacam-se:
 Constantemente a família realizava viagens de férias (Manaus, São Paulo, Rio de Janeiro),
conforme fotografias acostadas. Nas ocasiões em que o Autor viajava sozinho, sempre
trazia presentes.
 Em regra todos os aniversários da filha, custeados exclusivamente pelo Autor, eram
realizados na residência do casal, chegando a orçar festas no montante de R$5.000,00
(cinco mil reais).
 No corrente ano, o Autor levou a Requerida para uma nova ”Lua de mel” no Rio de
Janeiro – RJ.
 Também no corrente ano fizeram viajem para São Paulo, conforme fotos acostadas.
 Todos os finais de semana, a família fazia refeições em restaurantes da cidade, ou
passavam o dia em clubes particulares.
 Às expensas exclusivas do Autor, mantinham empregada doméstica (para limpeza da
casa e como cuidadora da filha), a qual teve de ser dispensada por insuficiência de
recursos por parte da Requerida.

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No caso em tela atuou o Autor em flagrante abuso de direito. Tudo estava
sob o seu controle; todas as despesas da genitora e da filha.
Destacam-se, dentre outras, as principais despesas FAMILIARES mensais,
as quais estão alçadas em R$8.418,00 (oito mil quatrocentos e dezoito reais). Senão Vejamos:

RELAÇÀO DAS DESPESAS MENSAIS*


DESPESA VALOR MENSAL OBSERVAÇÃO
Alimentação da Família + Suplementos Vale ressaltar que o Autor é
alimentares e Esteroides (ATLETA ‘ATLETA FISICULTURISTA”, tem
FISICULTURISTA). R$2.500,00 extremo cuidado com alimentação
de custo altíssimo, chegando a ter
gastos superiores ao valor aqui
demonstrados
Moradia: A residência do casal é financiada,
Parcela da Casa = R$1.305,93 sendo que, o Autor somente
Luz = R$300,00 pagava as parcelas e a Requerida
Sky = R$393,00 pagou a entrada do imóvel com
Água Mineral = R$50,00 seu saldo do FGTS e com
Manutenção da casa (serviços de reparação e empréstimo consignado realizado
jardim) = R$200,00 para este fim, conforme
Segurança Doméstica = R$300,00 R$2.548,93 documentos acostados nos autos.
Empregada Doméstica e Cuidadora da Criança R$780,00
+ Transporte
Educação R$705,00
Escolar Particular = R$455,00
Material Escolar = R$250
Saúde
Plano de Saúde = R$357,00
Farmácia = R$350,00 R$707,00
Gastos Mensais com Transporte R$500,00 Não estão inclusos gastos com
IPVA e Seguro Obrigatório dos
veículos do casal
Lazer Por final de semana as partes
Clube Aqua Maq – Título do Clube R$600,00 + gastavam em média R$300,00 em
Mensalidade = R$30,00 restaurantes, lanchonetes ou
No colégio (Comemorações, datas festivas, cinema.
passeios infantis) = R$250,00

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Restaurantes = R$700,00 R$1.558,00 Quando iam à Santa Helena – VE,
as partes gastavam em média
R$2.000,00 (compras,, hotel e
alimentação)
Semanalmente o Autor colocava
Celular R$120,00 R$30,00 em recargas.
Extras R$2.000,00

Total R$11.418,93

Assim, conforme quadro acima, feitas as contas, tomando-se o valor global


das despesas domésticas realizadas em favor do núcleo familiar, estima-se que em favor da
filha (NECESSIDADES) correspondem a 65% (sessenta e cinco por cento) do montante
apurado, quantia alçada em R$7.422,10 (sete mil quatrocentos e vinte e dois reais e dez
centavos), justificando, destarte, a fixação da pensão no patamar requerido.
O dever decorrente da paternidade, em que pese ser uma obrigação natural,
foi revestido pelo legislador com o manto da ordem pública, no sentido de ser imposto pelo
Estado, consoante inserido no art. 229 da Constituição Federal, que “os pais têm o dever de
assistir, criar e educar os filhos menores (...)”. Assim, a obrigação e prestar alimentos repousa
no princípio da solidariedade existente entre os membros de um grupo familiar, cujo dever de
ajuda é reciproco.
Trata-se de obrigação personalíssima, devida em função do parentesco do
alimentando, sendo chamados a satisfazê-la, em primeiro lugar, os parentes em linha reta,
recaindo a obrigação nos mais próximos em grau. Logo, o dever de alimentar os filhos cabe,
via de regra, nos expresso termos do art. 1.696 do Código Civil Brasileiro, senão vejamos:

Art. 1.696. O direito à prestação de alimentos é reciproco entre pais e filhos, e


extensivo a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em grau,
uns em falta de outros.

Conforme se observa nas lições de Caio Mário da Silva Pereira, do liame do


parentesco surge, em relação objetiva direta, o dever de prestar alimentos:

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“É preciso, entretanto, nunca perder de vista que o fundamento primário da obrigação
alimentar é o vínculo de parentesco, é a relação biológica da paternidade declarada
pelo ato voluntário ou judicial de perfilhação”. (grifos nossos)

Quando tal obrigação não ‘adimplida voluntariamente, é garantido ao credor,


mediante ação própria, a sua exigência. Todavia, tormentosa discussão assenta-se no quantum
da pensão alimentícia a ser fixada judicialmente. Para tanto, oferece o direito brasileiro o critério
da proporção das necessidades dos alimentandos e dos recursos do alimentante, em
conformidade com o art. 1.694, §1°, do Código Civil:

Art. 1.694 (...)


§1° Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante
e dos recursos da pessoa obrigada.

Além de atentar para o referido critério, impede a verificação de cada caso,


impondo-se que a contribuição do alimentante seja suficiente para manter o status
socioeconômico dos familiares, anterior à separação de fato, conforme ressalva inserida no
próprio caput do supracitado dispositivo legal.
A jurisprudência pátria rem assegurado aos alimentados um modo de vida
correspondente ao padrão econômico do alimentante, superando o ultrapassado entendimento
de que os alimentos seriam fixados para custear apenas a subsistência, em sentido estrito. A
exemplificar:
“ALIMENTOS – FIXAÇÃO – CRITÉRIO – PADRÃO ECONÔMICO DO
ALIMENTANTE – RELEVÂNIA. Alimentos. Critérios para fixação. Padrão
econômico. Na fixação dos alimentos não se leva em conta apenas o
necessário à subsistência em sentido estrito, mas o que é necessário também
para prover o lazer, vestuário, necessidades eventuais e mantença de um
padrão de vida conforme às possibilidades do alimentando. Seria antinomia
execrável que o pai bem situado economicamente propiciasse ao filho
unicamente o necessário à subsistência”. (Destaque acrescido)

Assim, sem dúvida, deve a fixação dos alimentos pautar-se nas necessidades
de quem os recebe e possibilidades de quem os presta, de forma que seja assegurado ao
alimentando um padrão de vida condizente com a situação econômica de seus pais.

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DA PARTILHA DE BENS
O Requerente alegou que os cônjuges na constância da união casamentaria
adquiriam os seguintes bens:

 01 (uma) casa situada na Leão, n°. 622, bairro Cidade Satélite, Boa Vista/RR, avaliada em R$
180.000,00 (cento e oitenta mil reais), financiada pela CAIXA, com parcela mensal de R$ 1.200,00 (mil
e duzentos reais), das quais já foram quitadas 09 (nove), restando o adimplemento de 411 parcelas;
 01 (um) terreno urbano, situado na Rua Faculdade Amazônia Quadra 171, Lote 432, bairro Universitário,
Boa Vista/RR, avaliado em R$ 20.000,00 (vinte mil reais), financiado, cuja parcela mensal é no valor de
R$ 378,56 (trezentos e setenta e oito reais e cinquenta e seis centavos), restando inadimplentes ainda
67(sessenta e sete) parcelas.
 01 (um) carro modelo Corolla, ano 2004/2004, Placa JXH 4004, que encontra-se na posse do
Requerente, financiado, cuja parcela mensal é no valor de R$ 378,50 (trezentos e setenta e oito reais e
cinquenta centavos), restando inadimplentes 17 (dezessete) parcelas;
 01 (um) carro modelo Celta, Placa NAZ2516, que encontra-se na posse da Requerida;
 01 (uma) empresa denominada HIULBY KENNEDY P. DA SILVA ME – CNPJ n°. 16.659.333/0001-67,
cujo capital social é de R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais).

De fato esses são os bens adquiridos pelo casal na constância do


casamento. Na alegria e na tristeza sim, mas na riqueza e na pobreza também.

Ocorre que o Autor tenta neste pleito, se passar por vítima em todo o
processo, sendo que, ao se ausentar da residência comum do casal, levou praticamente todas
os bens móveis, iniciando à partilha de bens, condicionada apenas à sua vontade, onde no
momento em que realizou a retirada dos bens, o fez em horário que a Requerida não estava no
local, afim de esconder a sua ”COVARDE’’ atitude. Subtraindo da residência os seguintes bens:

 1 – Micro ondas R$350,00;


 1 – jogo de sofá R$3.500,00;
 1 – Televisão R$1.500,00;
 Cama King Size – R$3.500,00;
 1 – jogo de Cortinas R$200,00;
 1 – Jogo de Vasos para Jardim R$250,00;

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 e todos os jogos de colchas de cama do casal, deixando a Requerida dormindo no
chão e sem cobertas.

Além dos bens adquiridos pelo casal, há as dividas realizadas na constância


da união por parte da Requerida, para que pudessem efetuar o pagamento de entrada na
compra da casa, que efetuou empréstimo com valor de parcela de R$541,00 (quinhentos e
quarenta e um reais) junto ao Banco SANTANDER, outro no valor de R$101,94 (cento e um
reais e noventa e quatro centavos) na própria CAIXA ECONOMICA FEDERAL, outro no valor de
R$235,89 (duzentos e trinta e cinco reais e oitenta e nove centavos) e por fim empréstimo junto
ao Banco do Brasil no valor de R$134,87 (cento e trinta e quatro reais e oitenta e sete centavos).

As dividas supracitadas, foram adquiridas na constância e em favor da vida


familiar, ao qual o Autor se nega a arcar com a sua devida obrigação.

Conforme certidão de casamento em anexo, o regime de bens ao qual o


casou optou foi a comunhão parcial de bens, onde todo o patrimônio comum do casal será
dividido em caso de divórcio, sendo esse, patrimônio igual a todo o acervo de ativos e passivos,
ou seja, os créditos, direitos e bens, assim como as dívidas e obrigações.

Sábio se faz o posicionamento da Segunda Câmara Cível do Tribunal de


Justiça de Mato Grosso, a relatora do recurso, desembargadora Maria Helena Gargaglione
Povoas, destacou que as partes se casaram em 7 de dezembro de 1989, sob o regime de
comunhão parcial de bens, regime onde cada qual deve partilhar com a razão de 50% sobre
os bens que vierem a adquirir durante a constância do matrimônio.

Recurso de Agravo de Instrumento nº. 83903/2007 - Vigora a presunção de que as


dívidas contraídas pelo casal durante o convívio matrimonial foram revertidas em
benefício do casal ou da entidade familiar. Assim, até que se prove ao contrário, os
bens adquiridos pelo casal respondem pelo pagamento das dívidas revertidas em prol
da entidade familiar. É de salientar ainda que as dívidas ora em discussão foram todas
adquiridas durante a constância do casamento, daí a necessidade de aferir a real
existência destas em sede de inventário e posterior partilha. (Grifos nossos)

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Excelência! É desarrazoado as atitudes do Autor, ainda no sentido de
esconder os reais proventos da empresa do casal, alegando que perfaz o montante mensal de
R$3.000,00, sendo que em um único mês de faturamento na empresa no mês de julho de
2013 teve aproximadamente um rendimento bruto de R$40.289,89, e ao final com os devidos
descontos obteve rendimentos alçados em R$15.718,72 (conforme Doc. Extrato Unificado
Bradesco Prime, acostado nos autos)

Excelência!

Além dos bens e dividas mencionados pela Requerida, o casal sempre estava
guardando valores para de fato progredir na vida, alçando valores de aproximadamente
R$40.000,00 (quarenta mil reais) em economias do casal que eram guardados em conta de
titularidade do Autor, e no decorrer da separação quando questionado sobre as economias do
casal, simplesmente sumiu com os valores e afirmou que não pertenciam à Requerida.

Zeno Veloso diz que:

"Estabelece-se entre os cônjuges um condomínio, valendo alertar que se trata de um


condomínio especial, peculiar, decorrente do regime matrimonial de bens, e diverso,
em sua origem, conteúdo e efeitos, do condomínio que resulta do Direito das Coisas.
Embora condôminos, nenhum cônjuge pode dispor de sua fração ideal, nem requerer
a divisão dos bens que integram o patrimônio comum

A Requerida nunca foi procurada, afim de que se obtivesse acordo


relacionado a partilha de bens do casal, mesmo as partes tendo firmado compromisso de
realiza-lo. Como as tentativas de acordo não forma efetivadas, busca a Requerida discutir sobre
os fatos em posterior audiência de instrução a ser designada por este Juízo.

DO DEVER DE FIDELIDADE E DO DANO MORAL


Conforme os fatos narrados, a Requerida é casada sob o regime de
Comunhão Parcial de Bens, conforme certidão de casamento acostada aos autos.

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Ocorre, que em maio do corrente ano, a Requerida descobriu que o Autor,
ora seu esposo, tinha uma relação extraconjugal com outra mulher, sendo este o pivô da
separação do casal.

Conforme boletim de ocorrência e concessão de medida protetiva acostada


nos autos, além de trair sua esposa, o Autor, é extremamente agressivo, tendo no dia 11 de
novembro do corrente ano, se dirigido até o trabalho da Requerida com sua atual companheira
para que a mesma, junto com ele agredisse à Requerida, conforme fotos acostadas aos autos.

O Autor em diversas situações no decorrer do casamento foi flagrado pela


Requerida, tendo relações extraconjugais, expondo a mesma ao ridículo, mesmo assim, a
Requerida o perdoava, pois em sua ingenuidade acreditava que por ser pai de sua filha iria
mudar, e tentar dar continuidade com a vida familiar.

Insta salientar, que a Requerida vem sofrendo grande abalo moral perante
toda a situação exposta,

É fato que qualquer relacionamento, em especial o amoroso, é um ato de


liberalidade, no qual as pessoas envolvidas optam por permanecerem conectas. Pelo senso
comum, espera-se que as partes já saibam a que estão se vinculando e que expectativas criar
ao optar por relacionarem-se, em especial em razão de existir expressa previsão legal dos
deveres e direitos dos cônjuges nos artigos 1.565 e 1.566 do Código Civil, in verbis:

Art. 1.565. Pelo casamento, homem e mulher assumem mutuamente a condição de


consortes, companheiros e responsáveis pelos encargos da família.
§1° Qualquer dos nubentes, querendo, poderá acrescer ao seu o sobrenome do
outro.
§2° O planejamento familiar é de livre decisão do casal, competindo ao Estado
propiciar recursos educacionais e financeiros para o exercício desse direito, vedado
qualquer tipo de coerção por parte de instituições privadas ou públicas.

Art. 1.566. São deveres de ambos os cônjuges:


I - fidelidade recíproca;
II - vida em comum, no domicílio conjugal;

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III - mútua assistência;
IV - sustento, guarda e educação dos filhos;
V - respeito e consideração mútuos.

Para o Tribunal de Justiça paulista no autor do processo nº 2011/0079349-


3 o dever de fidelidade recíproca é importante por que:

“O casamento que obriga cumprir o dever legal da fidelidade é aquele que se alimenta
na aliança protegida pela honestidade e pelo comportamento social pautado na ética
e pela boa-fé, valores que quando se discute a culpa unilateral. A fidelidade somente
existe quando é mútua e quando o amor é compartilhado com a mesma intensidade.”

Como é possível observar, o dever de fidelidade, na concepção deste emérito


Tribunal, vem acompanhado de características positivas para cultivar a aliança próspera de vida
entre os cônjuges

Corroborando este entendimento, a ilustre magistrada gaúcha Maria


Berenice Dias aduz:

“Quem casa sabe que está assumindo com o outro um pacto. Não pode ser
desleal esperando que somente o outro cumpra as promessas do casamento. A
lealdade é inerente ao respeito e deve ser exercida por aqueles que se dispõe a
permanecer casados.

Assim o rompimento da cláusula de fidelidade, nas palavras do emérito


professor Rui Stoco (2007, p. 809) significa:

" que o adultério é a traição da confiança de todos: do marido, mulher e filhos, parentes
e amigos. É a ofensa às instituições e até mesmo ao dogma religioso. É o menoscabo,
escárnio, vilipendio ao companheiro, com o desfazimento da afettio societatis. Ofende
a honra objetiva da pessoa, de sorte a causar mágoa, tristeza, frustração e angústia.
Não se exige que esse comportamento se exteriorize e chegue ao conhecimento
externo; que ganhe publicidade. O só comportamento já causa mal à pessoa,
ofendendo a sua dignidade, ferindo o seu amor próprio. Caracteriza, portanto, ofensa
grave e, para alguns, insuportável. Então, se a ofensa moral está ínsita - in re ipsa -
mostra-se exagerado e desarrazoado impor que, para que se o reconheça a
obrigação de o cônjuge infiel reparar, se exija que essa infidelidade ganhe publicidade
e se converta em despudorada exibição pública."

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O artigo 5°, X, de nossa Carta Magna versa que: “são invioláveis a intimidade,
a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano
material ou moral decorrente de sua violação”. Este artigo prevê expressamente a possibilidade
de ressarcimento por ocasião de dano moral ou material causado por ato de outrem capaz de
violação, inclusive, da honra das pessoas.

A honra, conceito abstrato, segundo o Dicionário Jurídico da Editora Rideel


(2009, p. 347) significa: “dignidade, correção de costumes, qualidade íntima de pessoa que
cultiva a virtude, os deveres morais.”

O dano moral indenizável, como exposto acima, tem sua origem no abalo
psíquico que é proporcionado à vítima originado por ato de outrem.

O Tribunal de Justiça de Goiás, por exemplo, é um dos principais tribunais


com tendência a decidir favoravelmente ao pedido de compensação do dano moral por este
objeto, vejamos a ementa a seguir da apelação cível nº 133775-5/188 (200804299794):

“EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. SEPARAÇÃO LITIGIOSA. INDENIZAÇÃO POR DANO


MORAL. ADULTÉRIO OU TRAIÇÃO. CONFIGURAÇÃO DO DANO MORAL.
POSSIBILIDADE. QUANTUM ARBITRADO. CONDIÇÃO ECONÔMICA DAS PARTES.
I- O que se busca com a indenização dos danos morais não é apenas a valoração,
em moeda, da angústia ou da dor sentida pelo cônjuge traído, mas proporcionar-lhe
uma situação positiva e, em contrapartida, frear os atos ilícitos do infrator,
desestimulando-o a reincidir em tal pratica. II- O valor da indenização não deve ser
alterado quando o juiz, ao fixá-lo, já levou em conta a condição econômica dos
envolvidos e a repercussão na vida sócio-afetiva da vítima, restando, assim, bem
aplicados os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade.”

DA COMPETENCIA PARA O JULGAMENTO DA DEMANDA

Comumente as ações que tem por objeto a indenização por dano moral são
processadas na justiça comum através das varas cíveis, porém, os tribunais vêm entendendo
que no caso do pedido de danos morais intimamente vinculados a relações familiares a
competência para o julgamento do feito é da vara de família e sucessões, assim, vejamos:

COMPETÊNCIA - Separação judicial litigiosa. Pedido de danos morais, cumulado com


alimentos, veiculado por meio de reconvenção. Causa de pedir decorrente de
relações familiares. Competência da Vara de Família e Sucessões. Recurso provido.
(TJSP - 6ª Câm. de Direito Privado; AI nº 136.3664/1-SP; Rel. Des. Mohamed Amaro;
j. 15/6/2000; v.u.). BAASP, 2178/1557-j, de 25.09.2000.

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Logo, a Requerida espera ser indenizada pelos danos morais acima expostos
e comprovados, por ser medida de justiça.

DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS


Por todo exposto, restando evidenciado, requer a Vossa Excelência:

1. A concessão dos benefícios da Gratuidade de Justiça, uma vez que a representante


dos Requerentes não tem condições de pagar as custas do processo, sem prejuízo do
sustento próprio e de sua família.

2. A intimação do Autor para que querendo responda o pedido contraposto, e ao final seja
JULGADO A PROCEDÊNCIA DO PEDIDO CONTRAPOSTO;

3. A TOTAL IMPROCEDÊNCIA do pedido inicial, sendo necessário rever alguns pontos


para assim chegarem as partes a uma partilha justa

4. A fixação de alimentos provisórios no equivalente a 10 (dez) salários mínimos mensais,


quantia que deverá ser depositada mês a mês na conta bancária da Requerida (Sra
ANDRÉIA GADELHA LOPES, CPF sob o n° 845.198.002-34), Banco: SANTANDER,
Agência: 3436, Conta Corrente: 01005064-4, até o dia 10 (dez) de cada mês;

5. A decretação do divórcio coma consequente partilha dos bens, sendo incluídos os


bens que já estão sob posse do Autor, e a inclusão das dívidas da Requerida, bem
como a inclusão das economias do casal que se encontram em conta de titularidade
do Autor que perfaz aproximadamente R$40.000,00 (quarenta mil reais) .

6. A condenação do Autor ao pagamento de INDENIZAÇÃO A TÍTULO DE DANOS


MORAIS que decorre do não cumprimento do dever de fidelidade do casamento,
valores estes a serem arbitrados por Vossa Excelência;

7. A condenação do Autor, ao pagamento de custas judiciais e honorários advocatícios no


importe de 20% sobre o valor da causa.

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8. Protesta provar o alegado, por todos os meios de provas em direito admitidas, em
especial a oitiva de testemunhas e o depoimento pessoal do requerido, sob pena de
confesso.

Termos em que,
Pede deferimento.

Boa Vista-RR, 01 de Dezembro de 2014.

Peter Reynold Robinson Jr. José M. de Aguiar Neto


Advogado OAB-RR 556 Advogado OAB-RR 361B

Smiller Carvalho
Acadêmico de Direito

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