Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
• medição inteligente;
• qualidade de energia;
• autorrestabelecimento e autocura do sistema;
• mobilidade elétrica (carros elétricos);
• armazenamento de energia;
• gestão eficiente do sistema de iluminação pública;
• gestão da energia elétrica em consumidores (casas inteligentes);
• geração distribuída;
• integração com outros serviços (medição compartilhada, por exemplo).
No Brasil, entre as primeiras iniciativas, foi destacada a necessidade de regulamentar cada uma das áreas
envolvidas no desenvolvimento da Rede Elétrica Inteligente. Nesse processo, a Agência Nacional de Energia
Elétrica (Aneel) publicou:
• Resolução Normativa no 464 (novembro de 2011), que regulamenta tarifas diferentes por horário de consumo.
• Resolução Normativa no 481 (abril de 2012), que regulamenta desconto de 80 % para os empreendimentos que
entrarem em operação comercial até 31 de dezembro de 2017, aplicável aos 10 primeiros anos de operação da
usina na Tust e Tusd.
• Resolução Normativa no 482 (abril de 2012), que define as condições gerais de acesso a micro (até 100 kW) e
mini (entre 100 kW e 1 MW) geração de eletricidade, alterada em 2015 pela Resolução no 687.
Resolução Normativa no 502 (agosto de 2012), que regulamenta os requisitos básicos para medição eletrônica
•
para o grupo B.
No exercício das suas competências legais, portanto, a Agência promoveu a Consulta Pública no 15/2010 (de 10
de setembro a 9 de novembro de 2010) e a Audiência Pública no 42/2011 (de 11 de agosto a 14 de outubro de 2011),
instauradas com o objetivo de debater os dispositivos legais que tratam da conexão de geração distribuída de
pequeno porte na rede de distribuição.
Como resultado desse processo de consulta e participação pública na regulamentação do setor elétrico, a
Resolução Normativa no 482, de 17 de abril de 2012, estabeleceu as condições gerais para o acesso de micro e
minigeração distribuída aos sistemas de distribuição de energia elétrica, e criou o sistema de compensação de
energia elétrica correspondente.
Um novo modelo de geração, em que coexistem geração centralizada e geração descentralizada, deverá se
estabelecer. Milhares de usuários poderão ter geração própria, tornando-se simultaneamente produtores e
consumidores de energia elétrica, denominados “prosumidores” (prosumer). O mercado de energia elétrica deverá
fazer uso pleno de ambos, grandes produtores centralizados e pequenos produtores distribuídos, além do incremento
de diferentes ações em eficiência energética e melhoria na qualidade do atendimento à demanda pela energia. A
inserção de fontes renováveis na rede de distribuição, principalmente nas instalações em baixa tensão, aumenta a
complexidade da operação do sistema de distribuição.
Por isso, o sistema elétrico mundial passará nos próximos anos por mudanças significativas, provenientes da
integração com as infraestruturas de TIC. Deve igualmente estar preparado para o advento dos veículos elétricos e o
aumento significativo das fontes de geração distribuída, além de diferentes ações de eficiência energética. Essa nova
concepção de rede transformará o sistema elétrico mundial em um sistema inteligente ou de redes inteligentes
(smart grids).
A implantação de redes elétricas inteligentes como principal instrumento de modernização do setor de energia
elétrica é uma temática amplamente debatida no âmbito mundial. Trata-se de um modelo tecnológico com relativa
complexidade conceitual, no âmbito do qual é considerada uma vasta diversidade de tecnologias, de equipamentos e
de fabricantes, com inúmeros benefícios provenientes da efetiva implantação em toda a cadeia de fornecimento e
consumo de energia elétrica.
No que tange à política energética nacional, o desenvolvimento do sistema de energia inteligente poderá trazer
os seguintes benefícios:
O Ministério de Minas e Energia (MME) coordenou um grupo técnico interministerial, criado pela Portaria no
440 de 15 de abril de 2010, que teve como objetivo estudar o conceito por meio das diferentes visões dos parceiros,
e que resultou em publicação disponível no site do MME. O ministério também participa de grupos de trabalho que
estudam o desenvolvimento do tema no Brasil, incentivando igualmente esses grupos.
A Google desenvolveu uma ferramenta na Web para mapear a implantação de redes inteligentes no mundo,
mostradas na Figura 7.1.
No Brasil existem vários projetos pilotos de redes inteligentes que se encontram em diferentes níveis de implantação
pelas concessionárias de energia elétrica de vários estados. Os principais projetos são listados a seguir:
Todos esses projetos incluem medição inteligente e outras funcionalidades, como carros elétricos; redes de
comunicação que usam várias tecnologias de TIC com e sem fio; sistemas de monitoramento e supervisão da rede,
inclusive de qualidade de energia; geração distribuída com geradores fotovoltaicos e eólicos; gestão de iluminação
inteligente; sistemas de localização de defeitos; sistemas de autorrestabelecimento e rede autocurada; gestão
inteligente de energia elétrica em residências.
Figura 7.1 Mapa da implantação de redes inteligentes no mundo. Disponível em: https://www.google.com/maps/d/viewer?
mid=zReklSu043lk.kZ_YiimMzyXc.
• detecção de fraude;
• corte e religamento remoto;
• comunicação bidirecional;
• medição a distância.
A solução de medição inteligente (MI) a ser implantada prevê a futura adoção de tarifação pré-paga de energia,
possibilitando que o consumidor possa gerenciar seus gastos com esse insumo, que é essencial para a vida moderna.
As redes LAN e WAN serão a base que permitirá às concessionárias realizar a gestão no ponto de entrega,
possibilitando o corte e religamento, a coleta de dados de energia, a identificação de eventos de fraude, a falta de
energia em circuitos secundários e primários e outras funcionalidades ainda em fase de definição, de forma remota e
instantânea.
A resolução da Aneel que regulamenta sistemas de medição eletrônica de energia elétrica de unidades
consumidoras do Grupo B (residencial, rural e demais classes, exceto baixa renda e iluminação pública) foi
publicada em 14 de agosto de 2012, no Diário Oficial da União.
Os medidores inteligentes proporcionarão uma série de benefícios para os consumidores de energia, como a
criação das condições para difundir a microgeração distribuída, ou seja, a possibilidade de que consumidores
também atuem como pequenos geradores com fontes alternativas de energia.
O novo sistema de medição possibilitará ao consumidor maior eficiência no consumo de energia, pois ele terá
mais informações sobre o seu perfil. Outros benefícios são a possibilidade de atendimento remoto pela
concessionária; o melhor monitoramento da rede pela distribuidora, devido ao fluxo de comunicação consumidor-
concessionária; a redução de perdas técnicas e não técnicas; e a oferta de novos serviços aos consumidores.
As distribuidoras tinham 18 meses a partir da publicação da resolução para oferecer medidores eletrônicos aos
seus consumidores. Haverá dois tipos de equipamentos: o primeiro, a ser instalado sem ônus, permitirá ao
consumidor aderir à tarifa branca – tarifa que varia de acordo com faixas horárias de consumo. O outro modelo de
medidor, mais completo, propiciará acesso a informações específicas, individualizadas, sobre o serviço prestado, e a
instalação poderá ser cobrada pela distribuidora.
Historicamente, o pré-pagamento de energia elétrica surgiu na Inglaterra. No Brasil, seu uso localiza-se nas
telecomunicações, em princípio com a ideia do “orelhão” (telefone público) que utiliza fichas e cartão. A mesma
ideia foi utilizada pela telefonia celular móvel, com cartão e créditos.
Os países com maior número de consumidores na modalidade de pré-pagamento de energia elétrica são África
do Sul, Nova Zelândia e Reino Unido. Na América Latina, o pré-pagamento é realidade na Argentina, Bolívia,
Colômbia, Peru e Venezuela.
Basicamente, o consumidor compra “crédito” de eletricidade nos pontos de venda. O ponto de venda é parte do
sistema de informação disponível da concessionária. Essa é a chave para o sucesso de um sistema de pré-venda.
O consumidor entra com o código no medidor, que o decodifica de forma a registrar (creditar) a quantidade de
energia em kWh que foi comprada no ponto de venda.
As principais vantagens para a concessionária nesse modelo de pré-pagamento são:
• cartões magnéticos;
• cartões inteligentes;
• teclado digital (os medidores com teclado digital são mais utilizados em todo o mundo).
A Aneel aprovou, em 1.º abril de 2014, durante a Reunião Pública, a regulamentação das modalidades de pré-
pagamento e pós-pagamento eletrônico de energia elétrica.
O assunto ficou em audiência pública no período de 28/06/2012 a 25/09/2012, com reuniões presenciais em 10
capitais. Foram recebidas cerca de 1200 manifestações e contribuições de consumidores, distribuidoras de energia
elétrica, órgãos e entidades de defesa do consumidor e demais setores da sociedade.
De acordo com o texto aprovado, a adesão do consumidor ao modelo de pré-pagamento é voluntária e sem ônus.
Além disso, oferecer a modalidade em sua área de concessão depende de decisão da distribuidora.
O sistema funcionará da seguinte forma: o consumidor recebe um crédito inicial de 20 kWh, a ser quitado na
compra subsequente. Posteriormente, poderá comprar novos créditos quando quiser e quantas vezes desejar, sendo 5
kWh o montante mínimo de compra. A venda dependerá da estratégia que a distribuidora adotar, o que pode ocorrer
por meio de agentes credenciados pela distribuidora ou, inclusive, pela internet. A tarifa do pré-pagamento será
igual à do pós-pagamento. No entanto, a distribuidora poderá conceder descontos por sua conta e risco para
incentivar os consumidores a aderirem à novidade.
No pré-pagamento, a notificação prévia ao esgotamento dos créditos ocorrerá por meio de alarmes visual e
sonoro disponíveis no interior da unidade consumidora, a fim de que haja tempo hábil para providenciar uma nova
recarga.
Além disso, quando houver o esgotamento dos créditos, o consumidor poderá solicitar à distribuidora um crédito
de emergência de 20 kWh, que deverá ser disponibilizado em qualquer dia da semana e horário, sendo pago pelo
consumidor na primeira compra subsequente. O retorno ao modelo convencional poderá ser solicitado a qualquer
tempo e o pedido deve ser atendido em, no máximo, 30 dias.
Dentre os principais benefícios do regulamento para os consumidores estão a melhoria do gerenciamento do
consumo de energia; maior transparência em relação aos gastos diários por meio de informações em tempo real;
flexibilidade na aquisição e no pagamento da energia; eliminação da cobrança de multas, juros de mora e taxas de
religação. Em relação às distribuidoras, espera-se a redução dos custos operacionais; a diminuição da inadimplência
e a melhoria do relacionamento entre a empresa e seus consumidores, ao se evitarem erros de leitura, faturamentos
por estimativa, cortes indevidos e problemas de religação fora do prazo.
Além do pré-pagamento, a Agência regulamentou o pós-pagamento eletrônico, modalidade em que o medidor
informa o fechamento do ciclo de faturamento. De posse dessa informação (armazenada geralmente em cartão
magnético), o consumidor deve se dirigir ao posto da distribuidora e realizar o pagamento da energia consumida na
data de vencimento escolhida. Em seguida, o cartão magnético deve ser reinserido no medidor de modo a registrar o
pagamento efetuado.
A regulamentação da modalidade de pré-pagamento pela Agência por si só não garante a sua aplicação plena, já
que há aspectos alheios à competência da Aneel que devem ser solucionados. O primeiro deles refere-se à
aprovação do regulamento técnico metrológico para medidores de pré-pagamento e a posterior certificação dos
medidores pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro).
• Carro elétrico a bateria (CEB): usa energia de baterias carregadas na rede elétrica;
• Carro elétrico híbrido (CEH): a energia elétrica é fornecida por um gerador a bordo acionado por um motor de
combustão interna (MCI) que usa um combustível convencional como fonte de energia;
• Carro elétrico híbrido, plug-in (CEHP): um CEH equipado com mais baterias que tanto usa energia da rede
quanto do gerador embarcado.
• Carro elétrico com células a combustível (CECC): usa energia gerada por uma célula a combustível a partir de
hidrogênio.
O custo do quilômetro rodado do carro elétrico é bem inferior ao equivalente com combustíveis fósseis, dependendo
da relação entre os custos do combustível fóssil e o da energia elétrica e da eficiência dos veículos comparados.
Poderemos utilizar a energia acumulada na bateria como fonte de energia elétrica de reserva para a residência ou
para exportar para a rede elétrica, dependendo de sistemas que conversem com os sistemas de gestão de energia da
residência ou da concessionária de energia, para viabilizar a recarga da bateria ou o uso da energia armazenada na
bateria.
Há um ganho evidente na eficiência energética de toda a cadeia, principalmente na conversão da energia elétrica
do veículo em força motriz nas rodas. O uso de veículos elétricos e híbridos aumentaria muito a eficiência do setor
de transporte. Além disso, haverá redução de emissão de gases poluentes e melhoria de qualidade do ar nas grandes
cidades, impactando o setor de saúde. A redução de emissões ocorre até mesmo com a utilização de energéticos
análogos para geração de energia elétrica. Dar-se-ia também redução de ruído nos centros urbanos. A manutenção
do veículo elétrico será muito diferente da manutenção do motor a explosão, pois haverá redução de partes
mecânicas que sofrem maior desgaste. A indústria brasileira de veículos e componentes poderia participar da cadeia
mundial de produção de veículos elétricos e híbridos e/ou de seus componentes, como motores, acionamentos e
baterias.
b) Impactos
Haverá necessidade de implantação de novos pontos de abastecimento e de adaptação das instalações residenciais e
dos sistemas de medição para permitir tarifas diferenciadas, como pré-pagamento. Haverá a possibilidade de se
utilizar a energia das baterias como fonte suplementar de energia em residências, e para injetar na rede. Deverá ser
feita uma modelagem da curva de carga e do impacto da carga de veículos, em função dos horários e hábitos dos
usuários. O carregamento de madrugada será incentivado para evitar o horário de pico e o uso mais eficiente dos
vales da curva de carga.
c) Baterias e carregadores
As baterias predominantes nos atuais carros elétricos e híbridos são as de íons de lítio, que têm maior densidade de
carga e que, portanto, pesam menos e são de menor volume, além de suportarem mais ciclos de carga e recarga. São
de custo muito alto, cerca de 60 % do valor do veículo, o que dificulta a redução do preço final dos carros elétricos.
Existem experiências com outras baterias, por exemplo, a tipo Zebra, que utiliza sódio e necessita trabalhar em
estado líquido, em temperaturas da ordem de 100 ºC. No Brasil, a Itaipu Binacional desenvolveu um projeto com a
utilização dessa bateria em um Palio Weekend da Fiat convertido para elétrico e também em outras aplicações.
Existem quatro tipos básicos de carregadores:
• os portáteis, que vêm em alguns carros e que podem ser ligados diretamente em tomadas com a capacidade
necessária, que são: doméstico, de carga lenta em CA, sem sinal de controle piloto até 16 A; e o não doméstico,
baseado na norma IEC-60309-2, monofásicos (3,7 kW) e trifásicos (11 kW);
• não doméstico de carga lenta em CA até 32 A, com sinal de controle piloto segundo a norma SAE 1772,
monofásicos (7,4 kW) e trifásicos (22 kW);
• não doméstico de carga lenta em CA até 32 A, com sinal de controle piloto segundo a norma SAE 1772,
monofásicos (7,4 kW), trifásicos (22 kW) e monofásicos de 63 A (14,5 kW);
• não doméstico de carga rápida em CA de 250 A e em CC de 400 A.
Os de carga lenta levam até oito horas para carregar a bateria. Os de carga rápida levam até 15 minutos,
dependendo da carga inicial da bateria. Esses carregadores exigem instalações especiais, em geral com estações
transformadoras ligadas à rede primária das distribuidoras de energia. A padronização dos tipos de carregadores,
tipos de conectores e cabos tem avançado bastante, e já há várias normas internacionais, como as da SAE, sobre o
assunto. No Brasil está sendo discutida uma norma da ABNT.
d) Incentivos e subsídios
Vários países oferecem incentivos e subsídios para troca de veículos a combustão interna por veículos híbridos ou
elétricos. Existem subsídios financeiros, como abatimento na troca do valor do veículo, com redução de impostos.
Liberação para circulação do veículo em algumas áreas das cidades, como no caso da Dinamarca, onde se constatou
recentemente que a frota de veículos elétricos vem ocupando intensamente as faixas dedicadas aos ônibus. Alguns
países criaram frotas próprias de veículos para o setor de serviços públicos, como correio, empresas de energia, de
água etc. Alguns países também implantaram redes de postos públicos de abastecimento. Existem iniciativas na
Europa de uso de carros elétricos compartilhados espalhados por cidades, como Paris, por exemplo.
A3 tensão de fornecimento de 69 kV
AS tensão de fornecimento inferior a 2,3 kV, atendida a partir de sistema subterrâneo de distribuição e faturada no
Grupo A, excepcionalmente
B2 rural, cooperativa de eletri cação rural e serviço público de irrigação – baixa tensão
A classe A de consumidores tem várias opções tarifárias, muitas delas com características horossazonais, ou
seja, que dependem da hora do dia (período de pico de consumo, que tem cerca de três horas por dia, e período fora
do pico de consumo), e do período do ano (seco e úmido). O Brasil tem hoje cerca de 60 concessionárias de
distribuição de energia elétrica que praticam tarifas bastante diferenciadas, devido às diferentes proporções das áreas
atendidas, diferentes mercados com diferentes hábitos de consumo e poder aquisitivo dos diversos setores, dentre
outras características.
A Resolução Normativa da Aneel no 482, de 17 de abril de 2012 (Aneel, 2012a), estabelece as condições gerais
para o acesso de microgeração e minigeração distribuída aos sistemas de distribuição de energia elétrica e o sistema
de compensação de energia elétrica, entre outras providências.
As seguintes definições iniciais (alteradas depois em 2015) se fazem necessárias para o melhor entendimento
dessa resolução:
I) Microgeração distribuída: é uma central geradora de energia elétrica, com potência instalada menor ou igual a
100 kW, que utiliza fontes com base em energia hidráulica, solar, eólica, biomassa ou cogeração qualificada,
conforme regulamentação da Aneel, conectada à rede de distribuição por meio de instalações de unidades
consumidoras.
II) Minigeração distribuída: é uma central geradora de energia elétrica, com potência instalada superior a 100 kW e
menor ou igual a 1 MW para fontes com base em energia hidráulica, solar, eólica, biomassa ou cogeração
qualificada, conforme regulamentação da Aneel, conectada na rede de distribuição por meio de instalações de
unidades consumidoras.
III) Sistema de compensação de energia elétrica: é um sistema no qual a energia ativa gerada por unidade
consumidora com microgeração distribuída ou minigeração distribuída compensa o consumo de energia elétrica
ativa.
As distribuidoras deverão adequar seus sistemas comerciais e elaborar ou revisar normas técnicas para tratar do
acesso de microgeração e minigeração distribuída e publicar as referidas normas técnicas em seu endereço
eletrônico, utilizando como referência os Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico
Nacional (Prodist), as normas técnicas brasileiras e, de forma complementar, as normas internacionais dentro de um
prazo de 240 dias, contados da publicação desta Resolução. Após esse prazo, a distribuidora deverá atender às
solicitações de acesso para microgeradores e minigeradores distribuídos nos termos da Seção 3.7 do Módulo 3 do
Prodist (Aneel, 2012b).
Segundo a Resolução, no faturamento de unidade consumidora integrante do sistema de compensação de energia
elétrica, deverão ser observados os seguintes procedimentos:
I) Deverá ser cobrado, no mínimo, o valor referente ao custo de disponibilidade para o consumidor do grupo B
(baixa tensão), ou da demanda contratada para o consumidor do grupo A (alta e média tensões), conforme o
caso.
II) O consumo a ser faturado, referente à energia elétrica ativa, é a diferença entre a energia consumida e a
injetada, por posto horário, quando for o caso, devendo a distribuidora utilizar o excedente que não tenha sido
compensado no ciclo de faturamento corrente para abater o consumo medido em meses subsequentes.
III) Caso a energia ativa injetada em determinado posto horário seja superior à energia ativa consumida, a
diferença deverá ser utilizada, preferencialmente, para compensação em outros postos horários dentro do
mesmo ciclo de faturamento, devendo, ainda, ser observada a relação entre os valores das tarifas de energia,
se houver.
IV) Os montantes de energia ativa injetada que não tenham sido compensados na própria unidade consumidora
poderão ser utilizados para compensar o consumo de outras unidades previamente cadastradas para esse fim e
atendidas pela mesma distribuidora, cujo titular seja o mesmo da unidade com sistema de compensação de
energia elétrica, ou cujas unidades consumidoras forem reunidas por comunhão de interesses de fato ou de
direito.
V) O consumidor deverá definir a ordem de prioridade das unidades consumidoras participantes do sistema de
compensação de energia elétrica.
VI) Os créditos de energia ativa gerada por meio do sistema de compensação de energia elétrica expirarão 36
meses após a data do faturamento, não fazendo jus o consumidor a qualquer forma de compensação após o
seu vencimento, e serão revertidos em prol da modicidade tarifária.
VII) A fatura deverá conter a informação de eventual saldo positivo de energia ativa para o ciclo subsequente, em
quilowatt-hora (kWh), por posto horário, quando for o caso, e também o total de créditos que expirarão no
próximo ciclo.
VIII) Os montantes líquidos apurados no sistema de compensação de energia serão considerados no cálculo de
contratação de energia para efeitos tarifários, sem reflexos na Câmara de Comercialização de Energia Elétrica
(CCEE), devendo ser registrados contabilmente, pela distribuidora, conforme disposto no Manual de
Contabilidade do Serviço Público de Energia Elétrica.
• Leilão de energia elétrica no qual a energia é vendida no mercado de comercialização e no qual se aplicam as
tarifas e os requisitos técnicos para esse tipo de conexão. Recentemente, na chamada 13/2011 da Aneel foram
registrados 18 projetos (Aneel, 2011) de várias usinas fotovoltaicas em diversas regiões do Brasil, como
mostrado na Tabela 7.2 (Aneel, 2011).
• Tarifação net metering. Nesse sistema há um medidor de consumo da residência e outro que mede o que foi
produzido e eventualmente exportado para a rede. No final do mês, o consumidor paga a diferença entre o que
consumiu e o que produziu. Para tanto é necessário um medidor (quatro quadrantes) que pode mensurar a
energia que entra e sai da instalação. No caso do Brasil, o consumidor, segundo a Resolução no 482, terá 60
meses para utilizar a energia que exportou para a rede. A Figura 7.2 mostra um diagrama desse tipo de tarifação
para uma instalação com geração solar fotovoltaica.
Figura 7.2 Diagrama de tarifação net-metering para instalação com geração solar fotovoltaica com um e dois medidores.
Tabela 7.2 Projetos cadastrados no P&D Estratégico no 13/2011 – “Arranjos Técnicos e Comerciais para Inserção da
Geração Solar Fotovoltaica na Matriz Energética Brasileira”
• Tarifa feed-in. Foi criada na Europa, e o sistema de medição é similar ao do net metering, mas o consumidor tem
uma tarifa especial de geração de energia elétrica e outra de venda do excedente exportado para a rede,
superiores ao da tarifa de energia consumida, o que torna esse sistema extremamente vantajoso. A Figura 7.3
mostra um diagrama com esse tipo de tarifação para instalação em geração solar fotovoltaica.
Em 17 de dezembro de 2012, expirado o prazo de 240 dias citado na Resolução no 482, várias concessionárias
haviam publicado normas técnicas, novas ou revisadas, para tratar do acesso de microgeração e minigeração
distribuída.
a) ICMS
O Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) é um tributo estadual que se aplica à energia
elétrica. Com respeito à micro e minigeração distribuída, é importante esclarecer que o Conselho Nacional de
Política Fazendária (Confaz) aprovou o Convênio ICMS 6, de 5 de abril de 2013, estabelecendo que o ICMS
apurado tenha como base de cálculo toda energia que chega à unidade consumidora proveniente da distribuidora,
sem considerar nenhuma compensação de energia produzida pelo microgerador. Com isso, a alíquota aplicável do
ICMS incide sobre toda a energia consumida no mês.
Deve-se ressaltar que a Aneel tem entendimento diverso em relação à cobrança do ICMS no âmbito do sistema
de compensação, pois a energia elétrica injetada é cedida, por meio de empréstimo gratuito, à distribuidora, e
posteriormente compensada com o consumo dessa mesma unidade consumidora ou de outra unidade consumidora
com a mesma titularidade da unidade consumidora na qual os créditos foram gerados.
É importante destacar a iniciativa do estado de Minas Gerais ao publicar a Lei no 20.824, de 31 de julho de
2013, estabelecendo que o ICMS no estado deve ser cobrado apenas sobre a diferença positiva entre a energia
consumida e a energia injetada pelos micro e minigeradores, pelo prazo de cinco anos. Até abril de 2016, vários
outros estados também assumiram a posição do estado de Minas Gerais quanto à isenção de ICMS, como a seguir
registrado:
b) PIS/Cofins
Com a publicação das Leis no 10.637/2002 e 10.833/2003, o Programa de Integração Social (PIS) e a Contribuição
para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) passaram a obedecer ao regime de tributação não cumulativo,
isto é, cada etapa da cadeia produtiva se apropria dos créditos decorrentes das etapas anteriores.
As alíquotas estabelecidas são:
PIS = 1,65 %
Cofins = 7,60 %
PIS + Cofins = 9,25 %
Após essa alteração, a Aneel determinou às concessionárias de distribuição de energia uma nova fórmula de
cálculo para essas contribuições, tendo em vista que as alíquotas efetivas passaram a variar mensalmente em função
dos créditos adquiridos nas etapas anteriores da cadeia. O custo do PIS e da Cofins passou, então, a ser calculado
mensalmente.
Figura 7.3 Diagrama de tarifação feed-in para instalação com geração solar fotovoltaica.
A forma de cálculo adotada pela Aneel teve como objetivo repassar aos consumidores exatamente o custo
suportado pelas concessionárias em razão das contribuições ao PIS e à Cofins.
Atualmente, para o cálculo do montante de impostos a pagar, algumas distribuidoras aplicam a tarifa final com
impostos (PIS/Cofins e ICMS) para todo o consumo, deduzindo-se o montante equivalente ao valor do consumo
total, com a tarifa, sem impostos.
Por fim, apesar de não ser competência dessa Agência, a visão da Aneel é de que a tributação deveria incidir
apenas sobre a diferença, se positiva, entre os valores finais de consumo e energia excedente injetada (geração).
Caso a diferença entre a energia consumida e gerada seja inferior ao consumo mínimo, a base de cálculo dos tributos
(PIS/Cofins e ICMS) deveria ser apenas o valor do custo de disponibilidade.
Os tempos de retorno de sistemas de energia solar fotovoltaica e sistemas eólicos para microgeração e
minigeração não são bastante atrativos ainda para o consumidor situando em torno de 10 anos e 20 anos,
respectivamente, dependendo da tarifa aplicada, do tamanho e dos custos de investimento no sistema. A falta de
divulgação e de incentivos e, em alguns casos, de mão de obra qualificada para projetos e implantação, além das
dificuldades que algumas distribuidoras criam para a legalização, tem sido lento o processo de crescimento do
mercado.
No início de 2015, o MME acenou com a possibilidade de evoluir do sistema de compensação de energia
injetada na rede para o sistema de venda de energia, com possibilidade de financiamento e subsídios para a compra
de equipamentos de geração distribuída. A crise hídrica que tem comprometido o consumo de água e também o
nível dos reservatórios de energia das hidroelétricas, afetando assim a segurança de fornecimento para o período
seco, tem obrigado o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) a despachar as usinas térmicas em sua plena
capacidade, tornando assim os custos de geração muito maiores do que se fossem feitos pelas hidroelétricas. Em
2015, com a implantação das bandeiras tarifárias, que permitem repassar os custos das usinas térmicas quando
acionadas diretamente ao consumidor, para resolver o problema de repasse dos custos do uso excessivo das térmicas
e com o aumento previsto das tarifas, tivemos um aumento substancial das tarifas em todo o país. Com essa nova
situação, o mercado de geração distribuída de micro e minigeração deverá ter um aumento substancial de procura,
pois os tempos de retorno deverão cair com o aumento das tarifas e as reduções dos custos de implantação.
No final de 2015, a Resolução no 482/2012 da Aneel foi alterada e as novas regras, que começaram a valer em 1o
de março de 2016, preveem que a denominação microgeração distribuída refere-se a centrais geradoras com
potência instalada até 75 quilowatts (kW) e minigeração distribuída aquela com potência acima de 75 kW e menor
ou igual a 5 MW (sendo 3 MW para a fonte hídrica), conectadas na rede de distribuição por meio de instalações de
unidades consumidoras.
Com as novas regras, o prazo de validade dos créditos passou de 36 para 60 meses, sendo que eles podem
também ser usados para abater o consumo de unidades consumidoras do mesmo titular situadas em outro local,
desde que na área de atendimento de uma mesma distribuidora. Esse tipo de utilização dos créditos foi denominado
“autoconsumo remoto”.
Outra inovação diz respeito à possibilidade de instalação de geração distribuída em condomínios
(empreendimentos de múltiplas unidades consumidoras). Nessa configuração, a energia gerada pode ser repartida
entre os condôminos em porcentagens definidas pelos próprios consumidores.
Foi criado também o conceito de “geração compartilhada”, possibilitando que diversos interessados se unam em
um consórcio ou em uma cooperativa, instalem uma micro ou minigeração distribuída e utilizem a energia gerada
para redução das faturas dos consorciados ou cooperados.
O prazo total para a distribuidora conectar usinas de até 75 kW, que era de 82 dias, foi reduzido para 34 dias.
Adicionalmente, a partir de janeiro de 2017, os consumidores poderão fazer a solicitação e acompanhar pela internet
o andamento de seu pedido junto à distribuidora.
A Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI) do Senado Federal aprovou no dia 13 de maio de 2015 a isenção
de IPI (era 15 %), de PIS/Pasep e da Cofins para painéis fotovoltaicos e outros componentes dessa modalidade de
energia renovável, fabricados no país. A proposta também prevê isenção do Imposto de Importação para
componentes fabricados em outros países, até que haja similar nacional equivalente ao importado, em padrão de
qualidade, conteúdo técnico, preço e capacidade produtiva.
Os bens de capital para fabricação de equipamentos de geração solar estão com Imposto de Importação em 2 %
(era 14 %) até o final de 2016. Os governos estaduais isentaram os painéis solares do ICMS (era 17 %) até 31 de
dezembro de 2015.
Em abril de 2015, foi firmado o convênio “CONFAZ ICMS 16”, que é o documento formal que isenta a
cobrança de ICMS sobre a energia gerada no sistema de compensação da Resolução no 482.
Em 7 de outubro de 2015, foi publicada a Lei no 13.169, que isenta a cobrança de PIS e Cofins sobre a energia
consumida que está compensando energia gerada, conforme o artigo 8 a seguir:
Ficam reduzidas a zero as alíquotas da Contribuição para o PIS/Pasep e da Contribuição para Financiamento da
Seguridade Social (Cofins) incidentes sobre a energia elétrica ativa fornecida pela distribuidora à unidade consumidora,
na quantidade correspondente à soma da energia elétrica ativa injetada na rede de distribuição pela mesma unidade
consumidora com os créditos de energia ativa originados na própria unidade consumidora no mesmo mês, em meses
anteriores ou em outra unidade consumidora do mesmo titular, nos termos do Sistema de Compensação de Energia
Elétrica para microgeração e minigeração distribuída, conforme regulamentação da Agência Nacional de Energia Elétrica
(Aneel).
Para produtores maiores que 5 MW, Independentes (PIE), não se aplica o sistema de compensação, mas eles têm
seus incentivos. Por isso está prevista a entrada em operação de 66 empreendimentos solares, totalizando 1.856.777
kW. Eles já estão outorgados, mas ainda não estão em construção.
A Lei no 9.427, de 26 de dezembro de 1996, em conjunto com a Resolução no 481 da Aneel, dizem o seguinte a
respeito dos descontos na Tarifa de Uso dos Sistemas de Transmissão (Tust) e na Tarifa de Uso dos Sistemas de
Distribuição (Tusd):
• desconto de 80 % na Tarifa de Uso dos Sistemas de Transmissão (Tust) e na Tarifa de Uso dos Sistemas de
Distribuição (Tusd) para empreendimentos cuja potência injetada nos sistemas de transmissão ou distribuição
seja menor ou igual a 30.000 kW e que entrarem em operação até 31 de dezembro de 2017 (nos 10 primeiros
anos de operação);
• desconto passa a ser de 50 % a partir do 11o ano de operação da usina solar e para empreendimentos que
começarem a operar a partir de 1o de janeiro de 2018.
Futuramente, as casas inteligentes poderão também “conversar” com os sistemas das empresas de energia ou
ainda com o mercado de compra e venda de energia elétrica para adquirir e vender energia quando produzida, por
geração própria solar ou eólica, por exemplo, e/ou armazenada nas residências, nas baterias dos veículos elétricos.
As cidades inteligentes já incorporam gestão de todos os serviços da cidade para seus moradores, como
transporte, fornecimento de energia elétrica, água e saneamento, gás, telefonia, coleta de resíduos, iluminação
pública, segurança, sistemas de saúde etc.
Alguns países adotaram sistemas de medição de serviços integrados utilizando calhas técnicas com todos os
serviços, o que reduz custos de implantação, manutenção e operação. O uso de sistemas georreferenciados
integrados e bancos de dados associados permite minimizar efeitos de intervenções em uma ou mais redes de
serviço sobre as outras.
Bibliogra a
AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA (ANEEL). Apresentação da Estrutura Tarifária (2011). Disponível em:
<http://www.aneel.gov.br/aplicacoes/audiencia/dspListaResultado.cfm?attAnoAud=2010&attIdeAud=541&-
attAnoFasAud=2011&id_area=13>. Acessado em: 20 mar. 2015.
______. Resolução no 414/2010. Disponível em: http://www.aneel.gov.br/cedoc/ren2010414.pdf. Acessado em: 20 mar. 2015.
______. Projetos cadastrados no P&D estratégico n.º 13/2011 – Arranjos Técnicos e Comerciais para Inserção da Geração Solar
Fotovoltaica na Matriz Energética Brasileira. Disponível em: http://www.aneel.gov.br/arquivos/PDF/P&D_Est_013-2011-
r2.pdf. Acessado em: 20 mar. 2015.
______. Resolução no 482/2012. (2012a). Disponível em: http://www.aneel.gov.br/cedoc/ren2012482.pdf. Acessado em: 20 mar.
2015.
______. Módulo 3 do Prodist. (2012b). Disponível em: http://www.aneel.gov.br/visualizar_texto.cfm?idtxt=1867. Acessado em:
20 mar. 2015.
______. Cadernos Temáticos Aneel – Micro e Minigeração Distribuída – Sistema de Compensação de Energia Elétrica. Aneel,
2014.
______. Resolução no 687/2015. Disponível em http://www2.aneel.gov.br/cedoc/ren2015687.pdf. Acessado em: 16 mar. 2017.
CENTRO DE GESTÃO E ESTUDOS ESTRATÉGICOS (CGEE). Redes Elétricas Inteligentes: contexto nacional. Ciência,
Tecnologia e Inovação, no 16, dez. 2012.
COMPANHIA PAULISTA DE FORÇA E LUZ (CCPFL). Fornecimento em Tensão Secundária de Distribuição 2010. Disponível
em: http://www.cpfl.com.br/LinkClick.aspx?fileticket=jNDHJrsHLWY%3D&tabid=1417&mid=2064. Acessado em: 20 mar.
2015.
MANZ, D.; PIWKO, R.; MULLER, N. Look Before You Sleep. IEEE Power & Energy Magazine, jul. 2012.
REDES INTELIGENTES. Rede Inteligente: por que, como, quem, quando, onde? Disponível em:
http://www.redeinteligente.com/2009/08/11/rede-inteligente-por-que-como-quem-quando-onde/. Acessado em: 24 set. 2012.
SAN MARTIN, J. I. et al. Tecnologias de Armazenamento de Energia para Aplicações Elétricas. Revista Eletricidade Moderna,
ago. 2012.
UC-ISR. Armazenamento de Energia. Coimbra: Departamento de Engenharia Electrotécnica e de Computadores da Universidade
de Coimbra, 2012.