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As redes de energia elétrica evoluíram a partir das primeiras redes de corrente alternada
da virada do século XIX ao XX. Naquela época, a rede foi concebida como um sistema
centralizado de geração, transmissão e distribuição de eletricidade com controle da demanda.
No século XX, as redes elétricas cresceram e se descentralizaram, sendo eventualmente
interligadas por questões de economia e razões de confiabilidade. Na década de 1960, as redes
elétricas dos países desenvolvidos já haviam crescido e se tornado muito grandes, com alto nível
de sofisticação. Apresentavam então centenas de usinas de geração de energia interligadas por
linhas de transmissão de alta capacidade que se ramificaram para fornecer energia até os
menores usuários industriais, comerciais e residenciais.
As usinas hidrelétricas, distantes dos centros urbanos, exigem maior complexidade de
operação das linhas de transmissão. Com usinas térmicas (carvão, gás e óleo), tipicamente com
potência de 1 GW até 3 GW, a topologia da rede é diferente, pois sua instalação leva em conta,
além da distribuição e consumo de energia, a logística do transporte dos combustíveis (e mais
recentemente passaram a levar em conta fatores ambientais), como a proximidade de reservas de
combustível fóssil (minas ou poços próprios, ou ainda perto de linhas de fornecimento de
transporte ferroviário, rodoviário ou portuário). Nestas condições, na década de 1960, a rede
elétrica interligada chegou praticamente à totalidade da população dos países desenvolvidos,
com pequenas populações contando com sistemas isolados (off-grid).
A figura 8.1 ilustra tal concepção centralizada de geração e distribuição de energia.
A medição individualizada do consumo de energia elétrica é necessária para permitir o
faturamento de acordo com o nível do consumo dos usuários. Devido ao sistema limitado de
coleta de dados de leitura e também da capacidade de processamento, durante o período de
crescimento da rede, apareceram regimes de tarifação fixa, ou com tarifação por período, em que
era cobrada uma menor tarifa para alimentação noturna que a energia fornecida durante o dia. A
motivação para regimes de tarifação pelo horário era a menor demanda no período noturno.
Onde havia sazonalidade de oferta de energia, como ocorre no regime de chuvas para
hidroelétricas, houve a inclusão deste fator no regime de tarifação (conhecido como tarifação
horossazonal, implantada no Brasil somente na década de1980 – Portaria Nº 33 do DNAEE, de
11 de fevereiro de 1988).
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Transmissão
Geração
Distribuição
Indústria
Comércio
Residências
Figura 8.1 Sistema elétrico convencional. Figura obtida em xi
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A Itália, a partir do ano 2000, passou a instalar grandes quantidades de medidores (27
milhões) em residências usando módulos de leitura com algoritmos aperfeiçoados
(“inteligentes”) com comunicação remota via PLC (do inglês, power line communications) de
banda estreita.
8.2 Definições
8.2.1 Microrrede
De acordo com a definição apresentada por J. A. P. Lopes em xii “uma microrrede
corresponde a uma rede de distribuição de baixa tensão onde são ligados sistemas de
microgeração muito próximos das cargas. Uma microrrede pode ser constituída a partir de uma
rede de distribuição de uma zona urbana, de uma rede de um centro comercial ou de uma unidade
fabril. Usando as tecnologias atualmente disponíveis, os sistemas de microgeração podem incluir
diversos tipos de células a combustível, microturbinas a gás, sistemas eólicos e fotovoltaicos (PV),
juntamente com dispositivos de armazenamento de energia (volantes de inércia, super-capacitores,
baterias)”. Uma microrrede inclui ainda um sistema de controle hierárquico suportado por um
sistema de comunicações, normalmente com tecnologia PLC (Power Line Carrier) ou sem fio
(wireless).
Nesse sentido, a instalação elétrica de uma residência pode ser entendida como uma
microrrede, pois todos os requisitos podem estar presentes, como mostra a figura 8.2. Mais
genericamente, toda instalação elétrica de um avião, navio, plataforma de exploração de petróleo,
uma central telefônica atendem (ou podem atender) aos requisitos apresentados. Ou seja, pode-se
concluir que a existência de microrredes não é nova, apenas sua conceituação é recente.
Já em uma amplitude geográfica mais ampla, a figura 8.3 ilustra uma microrrede no
contexto de um condomínio ou bairro. Veja-se que o conceito de microrrede se aplica, assim, a
limites geográficos relativamente pequenos, em uma situação em que a distribuição da eletricidade
se dá em baixa tensão e apenas há (ou pode haver) conexões com redes de alta tensão para o
intercâmbio energético.
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Smart Grids são redes de eletricidade que, inteligentemente, integram as ações de todos os
usuários, geradores distribuídos, consumidores, produtores de energia verde e os "prosumers" - a
fim de realizar de forma eficiente, sustentável, econômica e segura o fornecimento de energia
elétrica. A SG utiliza produtos de ponta e serviços TIC junto com monitoramento inteligente,
controle, comunicação e tecnologias de auto-correção.
Representam um dos grandes desafios em nível planetário. A infusão de tecnologia da
informação em toda a rede elétrica cria novos recursos, com impacto no meio ambiente, Ciência
e Tecnologia, economia e estilo de vida. O termo "smart grid" descreve a evolução das redes
elétricas e uma mudança de paradigma na organização do mercado elétrico e de gestão.
Entre os vários motes para essa evolução, tem-se:
A procura crescente de fornecimento de energia de forma confiável e de qualidade ambiental:
a necessidade da introdução de SG é cada vez mais reconhecida pelos formuladores de
políticas em todos os níveis de governo com vistas a encontrar formas de melhorar a eficiência
energética, desde a produção até o uso final nas casas, empresas e instituições públicas.
Muitos acreditam que uma SG é um fundamento essencial para reduzir as emissões de gases
de efeito estufa e fazer a transição para uma economia de baixo carbono.
Uma utilização mais generalizada e em pequena escala de fontes de energia renováveis:
armazenamento de energia distribuída permitirá o controle da energia no pico da demanda,
bem como a operação no modo "ilhada".
Modernização do setor de eletricidade mediante a aplicação das TIC de forma extensiva:
sistemas de comunicação, algoritmos avançados para medição inteligente e de controle
distribuído criará uma nova geração de sistemas de distribuição elétricos, onde a TIC irá
coordenar o consumo de energia e sua produção, em conformidade com padrões de qualidade
de energia, aproveitando ao máximo as fontes de energia renováveis.
Reestruturação do setor elétrico e mercados de energia mais competitivos: isso envolve a
participação ativa de clientes, isto é, a possibilidade de clientes individuais ou comunidades de
clientes: 1) ter um papel no mercado elétrica por gestão cooperativa dos recursos energéticos;
2) obter mais investimentos em fontes renováveis de energia e instalações de armazenamento
de energia; 3) aumentar a capacidade de negociação de contratos "tradicionais" com grandes
fornecedores elétricos e utilitários de distribuição.
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Figura 8.4 Visão geral conceitual de uma smart-grid. Figura obtida em xviii
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Em Boulder, no Colorado (EUA), o consórcio Xcel Energy vem testando mecanismos para
potencializar o uso de energia. Formas tradicionais e emergentes de produção de eletricidade estão
sendo avaliadas em algumas residências para verificar a eficiência deste tipo de rede.
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Figura 8.5 Inversor monofásico com ação multifuncional e possível estratégia de controle.xxv
Operação como Filtro Ativo + injeção de potência (Fig. 8.8) 3.8 % 2.1 %
Fig. 8.6 – Tensão e corrente na rede (PCC) e no inversor. Inversor desligado e carga não-linear.
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Fig. 8.7 - Tensão e corrente na rede (PCC) e no inversor. Carga não linear alimentada e inversor
operando como filtro ativo.
.
Fig. 8.8 - Tensão e corrente na rede (PCC) e no inversor. Carga não linear alimentada e inversor
operando como filtro ativo e injetando potência ativa na rede.
Fig. 8.9 Tensão e corrente na rede (PCC) e no inversor. Inversor operando como filtro ativo e
injetando potência ativa na rede, sem carga local.
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Para respeitar a potência nominal para a qual o conversor foi projetado podem ocorrer
situações em que não seja possível compensar totalmente a distorção da corrente e os reativos sem
ultrapassar os limites do conversor. Assim, ou a transmissão de potência da fonte primária local
para o barramento CA deve ser limitada, ou a compensação deve ser limitada. Sendo que,
possivelmente seja dada preferência a injetar o máximo de energia possível na rede.
Neste ponto, a teoria CPT apresenta uma grande vantagem, pois possibilita, de forma
simples e direta, a separação das componentes de corrente. A compensação total pode ser
alcançada ao associar, por exemplo, fontes de reativos, como capacitores, deixando para o
conversor a tarefa de compensar apenas a distorção e, eventualmente e injetar a energia que esteja
disponível no barramento CC.
Sistemas de energia renovável e alternativa requerem alto rendimento. O conversor tem
para operar em monitoramento contínuo das grandezas de entrada e de saída, em tempo real,
adequando o ponto de trabalho para assegurar o máximo aproveitamento de energia disponível,
com o emprego de rastreamento do ponto de máxima transferência de potência. (MPPT).
A continuidade do serviço é uma questão tão importante quanto entregar energia, o que faz
da confiabilidade dos conversores um aspecto muito relevante. Uma questão fundamental para
uma SG é a capacidade de evitar propagação de falhas entre os nós e para a recuperação de uma
falha local. Esta capacidade deve ser garantida pelo conversor de energia, que deve incorporar
monitoramento, sistemas de comunicação e sistemas de reconfiguração.
A qualidade da energia injetada na rede deve respeitar padrões de compatibilidade
eletromagnética (EMC).
Informações devem ser passadas para o faturamento automático, de modo a levar em conta
parâmetros como o preço para compra e venda de energia em tempo real, e informar o
consumidor/produtor de todos os parâmetros de preços requeridos para suas decisões.
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Sistema de comunicação
Para o desenvolvimento da camada de comunicação há discussões para definir qual ou
quais protocolos de comunicação utilizar xxxi, xxxii. Existem basicamente 4 camadas na área de
comunicação para Smart Grids: HAN – Home Area Network, LAN – Local Area Network, RAN –
Regional Area Network e WAN – Wide Area Network xxxiii. Cada network ou rede corresponde a
um trecho pelo qual as informações devem passar. A Figura 8.13 ilustra a camada HAN.
Atualmente a tecnologia Zigbee é mais atrativa para interconectar dispositivos em uma
rede privada. Protocolos ZigBee são destinados a aplicações embarcadas que exigem baixas taxas
de dados e baixo consumo de energia. Tal tecnologia permite criar uma rede de sensores sem fio,
como em uma rede de sensores doméstica xxxiv.
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Figura 8.15 Casa Inteligente com equipamentos inteligentes que usam o conceito WoT.
Figura obtida em http://www.tecmundo.com.br/3008-smart-grid-a-rede-eletrica-inteligente.htm
8.4 Referências
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