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NR-10 – Reciclagem

SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E
SERVIÇOS EM ELETRICIDADE

Apostila Técnica
NR-10 – Reciclagem
SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E
SERVIÇOS EM ELETRICIDADE

Um Pouco de História...

Módulo de Treinamento N° 0
UM POUCO DE HISTÓRIA...

1 - OBJETIVO

O objetivo deste módulo é apresentar o panorama histórico, a motivação e a contextualização


das medidas e normas de segurança em eletricidade, desenvolvendo no participante uma
visão globalizada da importância do sistema de normatização em instalações elétricas e
serviços em eletricidade nas áreas de infraestrutura e serviços.

2 - INTRODUÇÃO

Já no final do século 17, foi confeccionado nos Estados Unidos o primeiro Código de
Segurança específico para Instalações Elétricas. A ocorrência de incêndios provocados por
incidentes elétricos, fazendo ruir várias construções, motivou a preocupação das companhias
de seguros além dos especialistas em eletricidade e Arquitetos.

Este primeiro código de segurança é considerado a origem da tradicional norma norte-


americana NFPA 70. Em 1911 a NFPA patrocina a publicação do Código de Segurança.

Em 1970, o então Presidente Richard Nixon assinou o Occupational Safety and Health Act of
1970 criando a OSHA (Occupational Safety and Health Administration) para reforçar os
conceitos de “Safety Requirements for the Employee Workplace”, o que incluia a eletricidade.
Esses conteúdo foi elaborado baseado na experiências dos trabalhadores.

A missão da OSHA é prover meios de garantir condições seguras de trabalho. Desde a criação
da agência, vinculada ao Ministério do Trabalho norte-americano, as mortes resultantes de
acidentes de trabalho foram reduzidas em mais de 60% e as taxas de ferimentos e doenças
envolvendo as atividades profissionais nos Estados Unidos, foram reduzidas em 40%. Ao
mesmo tempo, o universo de trabalhadores dobrou de 56 millhões atuando em 3,5 milhões de
sites para 115 milhões em 7 milhões de sites.

A National Fire Protection Association (NFPA) (Associação Nacional de Proteção contra


Incêndios) está envolvida com segurança em eletricidade há quase 100 anos, já que o mau
uso da eletricidade, desde o seu início, foi causadora de muitos incêndios. Atualmente, a NFPA
publica normas que abrangem tanto a segurança nas instalações elétricas como práticas de
trabalho seguras envolvendo a eletricidade.

A tradicional NFPA 70, the National Electrical Code (NEC) originou-se de uma norma
concebida no final do século 19. A NFPA tornou-se a “Madrinha” do antigo código em 1911.
Esse código já sofreu 50 revisões desde o seu início. A norma vigente é a versão 2008. A
próxima revisão está programada para ocorrer em 2011. O NEC não é lei, porém pode tornar-
se obrigatório desde que adotado oficialmente por entidades governamentais, sejam elas
estaduais ou municipais.

Figura 1 – Site NFPA (www.nfpa.org)

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Em 1991 foi instituído o IEEE Electrical Safety Workshop como forum anual de discussões para
compartilhar experiências e discutir as tendências mundiais em Segurança envolvendo
serivços com eletricidade. Em 1994 foi criado nos Estados Unidos a organização National
Electrical Safety Foundation (NESF), cuja missão é promover a Cultura da Segurança em
Eletricidade, principalmente nas escolas, atualmente conhecida como Electrical Safety
Foundation International (ESFI). No final dos anos 90 foram introduzidos no mercado norte-
americano os “pais” dos dispositivos diferenciais residuais: Arc Fault Circuit Interrupters
(AFCIs).

3 - O COMEÇO NO BRASIL

A São Paulo Light foi uma das empresas pioneiras na preocupação dos trabalhadores
envolvidos com eletricidade. A partir da iniciativa desta empresa que, em 1953, se organiza no
Brasil a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa).

Em 1978 foi oficializado pelo governo federal o primeiro texto na NR-10, sofrendo sua primeira
revisão em meados dos anos 80. Finalmente, em dezembro de 2004 o texto atual foi validado
no D.O.U. (Diário Oficial da União.

Figura 2 – Velhos Tempos: Campanha de Segurança – Light-SP

4 - FATORES MOTIVADORES PARA A REVISÃO DA NR-10

Em 1988 iniciou-se o processo de privatização do setor elétrico brasileiro, afetando 80% do


setor de distribuição e 20% das empresas de geração de energia elétrica. A globalização do
setor, com o advento de novas tecnologias (automação, telecontrole) e processos de trabalho
(terceirização, downsizing, PDV´s) alterou o perfil operacional das empresas desse estratégico
setor da economia nacional.

Um dos resultados imediatos deste período de transição entre os modelo de gestão foi o
incremento do número de acidentes no setor elétrico.

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5 - A FUNDAÇÃO COGE

A Fundação COGE - Fundação Comitê de Gestão Empresarial, foi constituída em 05.11.98 por
26 empresas do Setor de Energia Elétrica, tendo por missão promover o aprimoramento da
gestão empresarial, e, atualmente, conta com mais de sessenta empresas Instituidoras/
Mantenedoras

A Fundação COGE foi contratada em julho de 2000 pela Eletrobrás para dar continuidade às
atividades inerentes às Estatísticas de Acidentes do Trabalho no Setor de Energia Elétrica.

Em 2007, para cada morte por acidente do trabalho de empregado de empresa do Setor
Elétrico Brasileiro, corresponderam cerca de 5 mortes de empregados de contratadas e 27
mortes envolvendo a população. Mostrando que os esforços para reduzir acidentes dos
empregados próprios têm sido mais eficientes que nas contratadas e na população.

6 - FATOS & NÚMEROS

Pesquisa realizada em parceria pela CELPE e UFPE detectou que nas residências
pernambucanas ocorre uma morte por choque elétrico a cada três dias, em média. Em 50%
das residências visitadas ocorrem choques elétricos.

Segundo estatísticas do Corpo de Bombeiros, as instalações elétricas inadequadas são a


segunda causa de incêndios no Estado de São Paulo. De acordo com o Corpo de Bombeiros,
foram 2.125 incêndios causados por instalações elétricas inadequadas no Estado de São Paulo
em 2002.

Incêndios nos Estados Unidos

Condutores com vida útil esgotada são apontados como causa de 40.000 incêndios, com 350
mortes, 1400 pessoas feridas e danos á propriedade em cerca de US$1 bilhão.

Mais da metade das residências norte-americanas possuem idade superior à 50 anos.


Consequentemente as instalações elétricas estão subdimensionadas para a demanda atual de
cargas (Microcomputadores, Eletrodomésticos, Eletroeletrônicos).

O U.S. Consumer Product Safety Commission promove campanhas para conscientização dos
consumidores.

7 - NASCE A NOVA NR-10

2001 – Proposta Inicial


Um grupo de Engenheiros Eletricistas e de Segurança no Trabalho convocados pelo Ministério
do Trabalho e Emprego para elaboração do texto base.

Março/ 2002 – Consulta Pública


O Ministério do Trabalho e Emprego aceitou, sem alterações, a proposta inicial apresentada e
a encaminhou para consulta pública, na qual apresentou à sociedade o texto base da
atualização, intitulado "Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade".

Discussão e Negociação Tripartite

Outubro/ 2002: Proposta inicial + Sugestões recebidas da sociedade, apresentadas em 225


páginas, foi encaminhada à CTPP - Comissão Tripartite Paritária Permanente (Governo/
Empregados/ Empresas), que organizou e indicou a constituição do Grupo Técnico Tripartite da
NR-10-GTT10, formado por notáveis profissionais da área de segurança em energia elétrica,
envolvendo todos os ramos de atividade, responsáveis pela análise, discussão e disposição
final.

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. Novembro/ 2003: Conclusão dos trabalhos e encaminhamento do texto final da atualização


da Norma com recomendação de aprovação.

APROVAÇÃO DA NOVA NR-10

Norma apresentada para aprovação: 99 itens/ 3 anexos/ 1 glossário;

Todo conteúdo foi aprovado tripartitemente por consenso, exceto o item que trata da proibição
do trabalho individual
para serviços com alta tensão e aqueles realizados no sistema elétrico de potência, o que
muito dificultou e retardou a sua aprovação;

Coube finalmente ao Ministério do Trabalho e Emprego, com a intervenção do Ministro Sr.


Ricardo Berzoini, no uso de suas atribuições legais a aprovação da Nova Norma
Regulamentadora Nº 10, através da Portaria MTE n. 598, de 7.12.2004, publicada no DOU em
8.12.2004.

A nova NR-10 foi publicada no Diário Oficial da União de 8.12.2004 e altera a redação anterior
da Norma Regulamentadora Nº 10, aprovada em 1978.

“Dispõe sobre as diretrizes básicas para a implementação de medidas de controle e


sistemas preventivos, destinados a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores
que direta ou indiretamente interajam em instalações elétricas e serviços com
eletricidade nos seus mais diversos usos e aplicações e quaisquer trabalhos realizados
nas suas proximidades”

O QUE MUDOU ?

- Obriga a introdução de conceitos de segurança no projeto das instalações elétricas;

- Estende a regulamentação às atividades realizadas nas proximidades de instalações


elétricas;

- Define o entendimento de desenergização;

- Cria as zonas de “risco” e “controlada” no entorno de pontos ou conjuntos energizadas;

- Estabelece a proibição de trabalho individual para atividades com AT ou no SEP;

- Torna obrigatória a elaboração de procedimentos operacionais contendo, passo a passo, as


instruções de segurança;

- Cria a obrigatoriedade de certificação de equipamentos, dispositivos e materiais destinados à


aplicação em áreas classificadas.

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Segurança do Trabalho

Módulo de Treinamento N° 2
SEGURANÇA DO TRABALHO

1 - OBJETIVO

O objetivo deste módulo é desenvolver no participante a noção da importância da Segurança


em instalações elétricas e da responsabilidade ao exercer de forma qualificada o trabalho
com eletricidade, com base nas regulamentações oficiais vigentes.

2 - INTRODUÇÃO

"Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece."

Artigo 30, da Lei de Introdução ao Código Civil Brasileiro

3 - CONCEITOS BÁSICOS

• Norma Técnica: Documento aprovado por uma instituição reconhecida, que prevê, para um
uso comum e repetitivo, as regras, diretrizes ou características para os produtos ou
processos e métodos de produção conexos. Também pode incluir prescrições em matéria
de terminologia, símbolos, embalagem, marcação ou etiquetagem aplicáveis a um produto,
processo ou método de produção, ou tratar exclusivamente delas.

• Instrução Técnica: Documento aprovado pela empresa, que prevê, para um uso comum e
repetitivo, regras e diretrizes para a execução dos serviços inerentes aos processos e
métodos de produção conexos.

• Procedimento: Seqüência de operações a serem desenvolvidas para realização de um


determinado trabalho, com a inclusão dos meios materiais e humanos, medidas de
segurança e circunstâncias que impossibilitem sua realização.

• Auditoria: É uma verificação analítica e sistêmica da gestão de Segurança e Saúde no


Trabalho (SST) no que se refere às práticas de execução de serviços e o gerenciamento de
riscos, visando o controle e a prevenção de acidentes.

• Segurança do Trabalho: Segurança do trabalho é um estado de convivência pacífica e


produtiva dos componentes do trabalho (recursos materiais, humanos e meio-ambiente). As
funções de segurança são aquelas intrínsecas as atividades de qualquer sistema (gerência),
subsistema (divisão de setores) ou célula (profissionais) e que devem compor o universo do
desempenho de cada um destes segmentos.

• Periculosidade: Estado ou uma condição de trabalho, identificada e determinada por Lei,


estabelecida a partir da execução de atividades ou operações específicas que envolvam o
manuseio ou o contato permanente, a necessidade de presença ou ingresso habitual em
locais ou áreas com agentes físicos ou químicos, e que por sua natureza, condições ou
métodos de trabalho possuam potencialidade de causar danos à integridade física dos
trabalhadores envolvidos.

• Responsabilidade Civil: É a apuração da responsabilidade sobre os atos praticados pela


pessoa física ou jurídica, gerando punições do tipo indenizatória.

• Responsabilidade Penal: É a apuração da responsabilidade sobre os danos provocados a


uma pessoa física ou jurídica, gerando condenações ou cumprimento de pena no sistema
carcerário.

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SEGURANÇA DO TRABALHO

4 - CRONOLOGIA DA SEGURANÇA NO TRABALHO NO BRASIL

- 1911
Começa-se a implementar com maior amplitude o tratamento médico industrial;

- 1919
Fundação da OIT (Organização Internacional do Trabalho) em Genebra, Suiça;
o
Primeira Lei sobre Acidentes do Trabalho, de n 3.724 de 15 de janeiro de 1919;

- 1921
Organização pela OIT do Comitê para o Estudo de Assuntos referentes a Segurança e a
Higiene no Trabalho. Nesta época o Comitê, estudando as condições de trabalho e vida
dos trabalhadores no mundo, tornou obrigatória a constituição de Comissões, compostas de
representantes do empregador e dos empregados, com o objetivo de zelar pela prevenção
dos acidentes do trabalho, quando as empresas tivessem 25 ou mais empregados;

- 1934
Em 10 de julho de 1934 foi promulgada a segunda Lei de Acidentes do Trabalho através do
o
Decreto n 24.637;

- 1943
Criação da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT;

- 1944
Oficialmente instituída a criação da CIPA - Comissão Interna Para Prevenção de
Acidentes, no Brasil;

Getúlio Vargas, 21 anos após a recomendação feita pela OIT, promulgou em 10.11.1944, o
o
Decreto – Lei n 7.036 , fixando a obrigatoriedade da criação de Comitês de Segurança em
Empresas que tivessem 100 ou mais empregados. O decreto acima ficou conhecido como
Nova Lei de Prevenção de Acidentes;

- 1953
Em 27.11.1953, a Portaria 155 do MTBE oficializava a sigla CIPA – Comissão Interna de
Prevenção de Acidentes;

Etapas intermediárias ocorridas no Brasil:

- 1967
o
No Governo do Presidente Costa e Silva, o Decreto-Lei n 229 modificou o texto do
Capítulo V, título II, da CLT, o qual dispunha de assuntos de Segurança e de Higiene no
Trabalho;

Com esta modificação, o artigo 164 da CLT que tratava de assuntos referentes a CIPA foi
alterado e ficou conforme o seguinte texto:

Art. 164 – As empresas que, a critério da autoridade competente em matéria de Segurança


e Higiene no Trabalho, estiverem enquadradas em condições estabelecidas nas normas
expedidas pelo Departamento Nacional de Segurança e Higiene do Trabalho, deverão
manter obrigatoriamente, o Serviço Especializado em Segurança e em Higiene do Trabalho
e constituir Comissões Internas de Prevenção de Acidentes – CIPAs.
0
§ 1. O Departamento Nacional de Segurança e Higiene do Trabalho definirá as
características do pessoal especializado em Segurança e Higiene do Trabalho, quanto as
atribuições , à qualificação e a proporção relacionada ao número de empregados das
empresas compreendidas no presente artigo.
0
§ 2. As Comissões Internas de Prevenção de Acidentes (CIPAS) serão compostas de
representantes de empregadores e empregados e funcionarão segundo normas fixadas
pelo Departamento Nacional de Segurança e Higiene do Trabalho.

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SEGURANÇA DO TRABALHO

- 1968, a Portaria 3.456 reduziu o número de 100 para 50 empregados como o limite em que
torna-se obrigatório a criação das CIPA s em cada Empresa;

Situação Atual em Termos das Leis, Normas, Portarias e Regulamentações:


A regulamentação referente a Segurança e Medicina do Trabalho atualmente é regida pelas
seguintes Leis, Normas e Portarias abaixo colocadas, entre outras:

- Constituição Federal de 1988;

- Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, Capítulo V - Segurança e Medicina do Trabalho,


o 0
(Decreto Lei n 5.452 de 01.05.1943, atualizada pela Lei n. 6.514, de 22 de janeiro de
1977);
0
- Lei n. 6.514, de 22 de janeiro de 1977 (D.O.U. 23.12.1977);
0
- Normas Regulamentadoras (NRs) , aprovadas pela Portaria n. 3.214 , de 08 de junho de
1978;
o o
- Decreto n 4.085 de 15 de janeiro de 2002 o qual promulgou a Convenção n 174 da OIT
o
, bem como, a Recomendação n 181 sobre a Prevenção de Acidentes Industriais Maiores.

5 - NORMAS E PRINCÍPIOS BÁSICOS DA SEGURANÇA DO TRABALHO

No Brasil os princípios básicos da Segurança do Trabalho são ditados e orientados pelas


Normas Regulamentadoras – NRs.

A partir das NRs poderemos nos guiar e verificar as situações de risco de uma determinada
instalação.

Por sua vez, estas Normas Regulamentadoras – NRs apoiam-se e se relacionam com
Normas Técnicas oficiais estabelecidas pelos órgãos competentes, inclusive Normas
Técnicas Internacionais.

No que tange a Eletricidade, a Norma Regulamentadora a ser seguida é a NR-10 –


Instalações e Serviços em Eletricidade, a qual deve ser complementada com diversas outras
tantas Normas de Eletricidade mais específicas.

É muito importante também que sejam seguidas as recomendações técnicas relativas a


Segurança da Instalação e a Segurança do Trabalhador encontradas nos livros técnicos que
regem o assunto, nos manuais técnicos das instalações e de seus componentes, nos
treinamentos específicos, etc.

6 - NR-10 - OBJETIVO E CAMPO DE APLICAÇÃO

• Art. 179 da CLT


- O MTE disporá sobre as condições de segurança e as medidas especiais a serem
observadas relativamente a instalações elétricas em qualquer das fases de produção,
transmissão, distribuição ou consumo de energia.

No sentido ao cumprimento das leis, em 08 de Dezembro de 2004, o MTE publica a alteração


da Norma Regulamentadora 10 (NR-10) aprovada pela Portaria 3.214 do Ministério do
Trabalho de 08/06/78, estabelecendo os requisitos e condições mínimas para a
implementação de medidas de controle e sistemas preventivos, de forma a garantir a
segurança e a saúde dos trabalhadores que direta e indiretamente, interajam em
instalações elétricas e serviços com eletricidade.

A NR-10 se aplica às fases de geração, transmissão, distribuição e consumo, incluindo as


etapas de projeto, construção, montagem, operação, manutenção das instalações elétricas e
quaisquer trabalhos realizados nas suas proximidades, observando-se as normas técnicas

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SEGURANÇA DO TRABALHO

oficiais estabelecidas pelos órgãos competentes e, na ausência ou omissão destas, as


normas internacionais cabíveis.

Esta Norma Regulamentadora foi aprovada por uma Comissão Tripartite Paritária
Permanente (CTPP) cujos membros são:

Governo Empregadores Trabalhadores


• MTE (DSST); • ADRADEE • CUT
• MME – ANEEL; • CNI - ABIQUIM • CGT
• Fundacentro; • Fundação COGE • FS
• SERT • SDS

7 - NORMAS REGULAMENTADORAS COMPLEMENTARES DO MTE

Um resumo das principais Normas Regulamentadoras complementares é apresentado a


seguir:

NR-01 – DISPOSIÇÕES GERAIS


Apresenta o campo de aplicação de todas as Normas Regulamentadoras de Segurança e
Medicina do Trabalho bem como os direitos e obrigações do governo, dos empregadores e
dos trabalhadores no que diz respeito a este tema específico.

NR-02 – INSPEÇÃO PRÉVIA


Apresenta como as empresas deverão solicitar ao MTE (Ministério do Trabalho e Emprego) a
realização de inspeção prévia em seus estabelecimentos para que seja observado o
necessário para o seu funcionamento, bem como a forma de sua realização. Desta forma
será da responsabilidade do Órgão Regional do Ministério do Trabalho realizar esta vistoria e
emitir um Certificado de Aprovação de Instalações (CAI).

NR-03 – EMBARGO OU INTERDIÇÃO


Apresenta situações em que as empresas se sujeitem a sofrer paralisação de seus serviços,
máquinas ou equipamentos, bem como os procedimentos a serem observados pela
fiscalização trabalhista, na adoção de tais medidas punitivas, no tocante à segurança e
medicina do trabalho.

NR-04 – SERVIÇOS ESPECIALIZADOS EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA E EM


MEDICINA DO TRABALHO - SESMT
Estabelece a obrigatoriedade das empresas públicas e privadas regidos pela CLT –
Consolidação das Leis do Trabalho de organizarem e manterem em funcionamento os
Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho, com a
finalidade de promover a saúde e proteger a integridade física do trabalhador.

NR-05 – COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES (CIPA)


Estabelece a obrigatoriedade das empresas a organizar e manter em funcionamento a CIPA,
dependendo da sua Classificação Nacional de Atividades Econômicas e grau de risco, para
prevenir acidentes laborais, através de inspeções no local e conseqüente apresentação de
sugestões e recomendações visando melhorar as condições do meio ambiente de trabalho.

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NR-06 – EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI)


Estabelece a obrigatoriedade e responsabilidade do empregador quanto à aquisição,
fornecimento, orientação e treinamento para o uso Equipamento de Proteção Individual
procurando atender as peculiaridades de cada atividade profissional, conforme a proteção à
qual são destinados.

NR-07 – PROGRAMA DE CONTROLE MÉDICO DE SAÚDE OCUPACIONAL (PCMSO)


Estabelece a obrigatoriedade da elaboração e implementação do PCMSO, por parte de todos
os empregadores e instituições, para monitorar, individualmente, aqueles trabalhadores
expostos aos agentes químicos, físicos e biológicos procurando promover e preservar a
saúde dos trabalhadores, devendo estar articulado com as exigências das demais Normas
Regulamentadoras instituindo diretrizes e responsabilidades, como a realização de exames
de admissão, periódico, de retorno ao trabalho, mudança de função e demissional.

NR-08 – EDIFICAÇÕES
Dispõe sobre os requisitos técnicos mínimos que devem ser observados nas edificações para
garantir segurança e conforto aos que nelas trabalham.

NR-09 – PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS (PPRA)


Estabelece a obrigatoriedade da elaboração e implementação, por parte do empregrador, do
PPRA visando a preservação da saúde e integridade física dos trabalhadores, através da
antecipação, reconhecimento, avaliação e conseqüente controle da ocorrência de riscos
ambientais existentes ou que venham a existir no ambiente de trabalho.

NR-16 – ATIVIDADES E OPERAÇÕES PERIGOSAS


Define os critérios técnicos e legais para avaliar e caracterizar as atividades e operações
perigosas, e adicional de periculosidade.

NR-23 – PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS


Estabelece as medidas de proteção contra incêndio de que devem dispor os locais de
trabalho, tais como, saídas de emergência, portas corta fogo, sistemas de alarme,
equipamentos de combate ao fogo, etc... e pessoas treinadas para o uso correto destes
equipamentos, visando a prevenção da saúde e da integridade física dos trabalhadores.

NR-26 – SINALIZAÇÃO DE SEGURANÇA


Estabelece a padronização das cores a serem utilizadas como sinalização de segurança no
ambiente de trabalho e a rotulagem preventiva.

NR-27 – REGISTRO PROFISSIONAL DO TÉCNICO DE SEGURANÇA DO TRABALHO


Determina os requisitos para o registro profissional do Técnico de Segurança do Trabalho
para exercício de sua função.

NR-32 – SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO EM ESTABELECIMENTOS DE SAÚDE


Tem por finalidade estabelecer as diretrizes básicas para a implementação de medidas de
proteção à segurança e à saúde dos trabalhadores dos serviços de saúde, bem como
daqueles que exercem atividades de promoção e assistência à saúde em geral.

NR-33 – SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO EM ESPAÇOS CONFINADOS*


Estabelecer os requisitos mínimos para identificação de espaços confinados e o
reconhecimento, avaliação, monitoramento e controle dos riscos existentes, de forma a
garantir permanentemente a segurança e saúde dos trabalhadores que interagem direta ou
indiretamente nestes espaços. Publicada recentemente no DOU-Diário oficial da União em
27/12/2006.

* Espaço Confinado é qualquer área ou ambiente não projetado para ocupação humana
contínua, que possua meios limitados de entrada e saída, cuja ventilação existente é
insuficiente para remover contaminantes ou onde possa existir a deficiência ou
enriquecimento de oxigênio. (Ex: tanques de combustível, tubulações de esgoto, conteiners).

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SEGURANÇA DO TRABALHO

NR-35 – TRABALHO EM ALTURA


Estabelecer os requisitos mínimos e as medidas de proteção para o trabalho em altura,
envolvendo o planejamento, a organização e a execução, de forma a garantir a segurança e a
saúde dos trabalhadores envolvidos direta ou indiretamente com esta atividade. Considera-
se trabalho em altura toda atividade executada acima de 2,00 m (dois metros) do nível
inferior, onde haja risco de queda.

NR-36 – SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO EM EMPRESAS DE ABATE E


PROCESSAMENTO DE CARNES E DERIVADOS
Estabelecer os requisitos mínimos para a avaliação, controle e monitoramento dos riscos
existentes nas atividades desenvolvidas na indústria de abate e processamento de carnes e
derivados destinados ao consumo humano, de forma a garantir permanentemente a
segurança, a saúde e a qualidade de vida no trabalho.

8 - NORMAS TÉCNICAS DA ABNT E INTERNACIONAIS

NBR 5410 – INSTALAÇÕES ELÉTRICAS DE BAIXA TENSÃO


Esta norma estabelece as condições a que devem satisfazer as instalações elétricas de baixa
tensão, a fim de garantir a segurança de pessoas e animais, o funcionamento adequado da
instalação e a conservação dos bens.

NBR 14039 – INSTALAÇÕES ELÉTRICAS DE MÉDIA TENSÃO


Esta norma estabelece um sistema para o projeto e execução de instalações elétricas de
média tensão de modo a garantir segurança e continuidade de serviço.

OHSAS 18001 – SISTEMAS DE GESTÃO DE SEGURANÇA E SAÚDE OCUPACIONAL –


ESPECIFICAÇÃO (OHSAS - Occupational Health and Safety Assessment Series)
Esta especificação fornece os requisitos para um Sistema de Gestão da Segurança e Saúde
Ocupacional (SSO), permitindo a uma organização controlar seus riscos de acidentes e
doenças ocupacionais e melhorar seu desempenho. Ela não prescreve critérios específicos
de desempenho da Segurança e Saúde Ocupacional, nem fornece especificações detalhadas
para projeto de um sistema de gestão.

OHSAS 18002 – SISTEMAS DE GESTÃO DE SEGURANÇA E SAÚDE OCUPACIONAL –


DIRETRIZES PARA A IMPLEMENTAÇÃO DA OHSAS 18001
Estas diretrizes fornecem orientações gerais para aplicação da OHSAS 18001. Elas explicam
os princípios fundamentais da OHSAS 18001 e descrevem o intento, as entradas típicas, os
processos e as saídas típicas, de acordo com os requisitos da OHSAS 18001, visando a
compreensão e a implementação da OHSAS.

9 - TRABALHO PERICULOSO

• Decreto 93.412 de 26/12/85 - Lei 7369 de 20/09/85


-Trabalho periculoso é aquele que sujeita os trabalhadores ao risco de vida ou de danos à
integridade física do trabalhador, de forma instantânea, e que estejam previstas em Lei.

- São classificadas como atividades potenciais de gerar periculosidade, na forma da


legislação em vigor, aquelas que sob determinadas condições, interajam com os agentes:
explosivos, inflamáveis, as radiações ionizantes, as substâncias radioativas e operações
com eletricidade em condições de perigo.

- Está sujeito a periculosidade o trabalhador que:


I - Permaneça habitualmente em área de risco, executando ou aguardando ordens, e em
situação de exposição contínua, caso em que o pagamento incidirá sobre o salário da
jornada integral;

II - Ingresse de modo intermitente e habitual, em área de risco, caso que o adicional


incidirá sobre o salário do tempo despendido pelo empregado na execução de atividade
em condições de periculosidade.

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SEGURANÇA DO TRABALHO

- O ingresso ou permanência eventual em área de risco não geram direito ao adicional de


periculosidade.

- O fornecimento pelo empregador dos equipamentos de proteção a que se refere o disposto


no Art. 166 da CLT ou a adoção de técnicas de proteção ao trabalhador, eximirão a
empresa do pagamento do adicional, salvo quando não for eliminado o risco resultante da
atividade.

10 - QUALIFICAÇÃO, HABILITAÇÃO E CAPACITAÇÃO

• Art. 180 da CLT


- Somente profissional qualificado poderá instalar, operar, inspecionar ou reparar instalações
elétricas.

De acordo com a NR-10 em vigor, os trabalhadores que trabalham em instalações elétricas


devem possuir qualificação e autorização para exercício das atividades.

Trabalhador Qualificado: É considerado aquele que comprovar capacitação através de


conclusão do curso específico na área elétrica reconhecido pelo Sistema Oficial de Ensino.

Trabalhador Habilitado: É considerado trabalhador legalmente habilitado aquele


previamente qualificado e com registro no competente conselho de classe (OAB, CREA,
CRM, COREN).

Trabalhador Capacitado: É considerado trabalhador capacitado aquele que atenda às


seguintes condições, simultaneamente:
a) receba capacitação sob orientação e responsabilidade de profissional habilitado e
autorizado.
b) Trabalhe sob a responsabilidade de profissional habilitado e autorizado.

Profissional Autorizado: aqueles qualificados, com estado de saúde compatível para sua
função, aptos a prestarem atendimento a primeiros socorros e em prevenção e combate a
incêndios e que possuírem autorização formal da empresa, anotada no seu registro de
empregado.

10.1 - DOCUMENTOS DE QUALIFICAÇÃO E AUTORIZAÇÃO

Profissional qualificado:
- Certificado de curso técnico da área elétrica, reconhecido pelo sistema oficial de ensino –
Federal, Estadual ou Municipal;
- Certificado de treinamento realizado na empresa ou através de cursos especializados,
conduzido por profissional autorizado;
- Certificado de treinamento especializado e realizado por centros de treinamento
reconhecidos pelo sistema oficial de ensino.

Profissional autorizado:
- Documentos de profissional qualificado, conforme acima;
- Atestado de Saúde Ocupacional – ASO, em que conste a compatibilidade de seu estado de
saúde com a função;
- Documento comprobatório de aptidão a prestarem atendimento a primeiros socorros;
- Documento comprobatório de aptidão em prevenção e combate a incêndios;
- Autorização formal da empresa anotada no seu registro de empregado.

11 - ACIDENTES NO TRABALHO

Através dos mais diversos meios de comunicação, freqüentemente encontramos notícias,


umas abrangentes, com estatísticas da situação em geral, outras mais específicas, relatando
ocorrências de Acidentes no Trabalho no Brasil. Tais notícias, entre os vários aspectos, nos

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N° Documento: KS-NR-10_REC – 02.00
SEGURANÇA DO TRABALHO

revelam os altos índices de Acidentes do Trabalho ocorridos no Brasil, índices estes bastante
acima dos índices dos demais países desenvolvidos do mundo.

Estes acidentes além de vitimarem o trabalhador e provocarem perdas econômicas, causam


também prejuízos de grande monta à Previdência Social e ao nosso país.

11.1 - DEFINIÇÃO LEGAL DE ACIDENTE NO TRABALHO


0
Lei n 8.213, de 24 de julho de 1991;
Dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social e dá outras providências.

Art.19
Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo
exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando
lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução,
permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho.

Art.20
Consideram-se acidente do trabalho, nos termos do artigo anterior, as seguintes entidades
mórbidas:
I - Doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo exercício do
trabalho peculiar a determinada atividade e constante da respectiva relação elaborada
pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social;
II - Doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em função de
condições especiais, em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente,
constante da relação mencionada no inciso I.

o
§1 Não são consideradas como doença do trabalho:
a) a doença degenerativa;
b) a inerente a grupo etário;
c) a que não produza incapacidade laborativa;
d) a doença endêmica adquirida por segurado habitante de região em que ela se
desenvolva, salvo comprovação de que resultante de exposição ou contato direto
determinado pela natureza do trabalho.

o
§2 Em caso excepcional constatando-se que a doença não incluída na relação prevista nos
incisos I e II deste artigo resultou das condições especiais em que o trabalho executado
e com ele se relaciona diretamente, a Previdência Social deve considerá-la acidente do
trabalho.

Art.21 Equiparam-se também ao acidente do trabalho, para efeitos desta Lei:

I - O acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja contribuído
diretamente para a morte do segurado, para redução ou perda da sua capacidade para o
trabalho, ou produzido lesão que exija atenção médica para a sua recuperação;

II - O acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em conseqüência de:


a) Ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou companheiro de
trabalho;
b) Ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada com o
trabalho;
c) Ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou de companheiro de
trabalho;
d) Ato de pessoa privada do uso da razão;
e) Desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou decorrentes de força
maior;

III - A doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de sua


atividade;

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N° Documento: KS-NR-10_REC – 02.00
SEGURANÇA DO TRABALHO

IV - O acidente sofrido pelo segurado, ainda que fora do local e horário de trabalho:

a ) - Na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da empresa;


b ) - Na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para Ihe evitar prejuízo ou
proporcionar proveito;
c ) - Em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando financiada por esta
dentro de seus planos para melhor capacitação da mão-de-obra, independentemente
do meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de propriedade do segurado;
d ) - No percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer
que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado.
o
§1 Nos períodos destinados a refeição ou descanso, ou por ocasião da satisfação de outras
necessidades fisiológicas, no local do trabalho ou durante este, o empregado é
considerado no exercício do trabalho.
o
§2 Não é considerada agravamento ou complicação de acidente do trabalho a lesão que,
resultante de acidente de outra origem, se associe ou se superponha às conseqüências
do anterior.

11.2 - ANÁLISE DE CAUSAS DOS ACIDENTES DE TRABALHO

A Análise de Causas dos acidentes constitui um estudo que leva ao conhecimento de como e
por que elas surgem. Por sua vez, facilita o estudo das medidas preventivas, isto é, o estudo
das medidas que impedem o surgimento das causas e, portanto, a ocorrência dos acidentes.

CLASSIFICAÇÃO DAS CAUSAS DOS ACIDENTES DO TRABALHO:

1 ) ATOS INSEGUROS
Os atos inseguros são geralmente definidos como causas de acidentes do trabalho que
residem exclusivamente no fator humano, isto é, aqueles que decorrem da execução de tarefas
de forma contrária às normas de segurança. Como por exemplo:
- Falta de atenção;
- Autoconfiança, etc...

As causas dos atos inseguros podem ser:


a) Inadaptaçäo entre o Homem e a Função;
b ) Fatores Constitucionais : Idade, Sexo, Percepção, etc...
c ) Fatores Circunstanciais :
- Problemas familiares, abalos emocionais;
- Discussão com colegas, alcoolismo, doenças,etc...
d ) Desconhecimento dos riscos da função e/ou formas de evitá-los.
É comum um operário praticar atos inseguros simplesmente por não saber outra forma
de realizar a operação ou mesmo desconhecer os riscos a que está se expondo. Cabe
ao encarregado também orientá-lo sobre as formas mais seguras de se realizar
determinadas tarefas.

2 ) CONDIÇÕES INSEGURAS
São aquelas que, presente no local de trabalho, colocam em risco a integridade física e mental
do trabalhador, devido à possibilidade de o mesmo acidentar-se. Tais condições
apresentam-se como deficiências técnicas. Por exemplo:
- Máquinas sem proteção;
- Fiação elétrica exposta
- Piso defeituoso, etc...

FATORES EXTERNOS QUE CONTRIBUEM AO AUMENTO DO NÚMERO DE


ACIDENTES DE TRABALHO

• Falta de uma fiscalização mais intensa , severa , contínua, preventiva e efetiva por parte
dos Órgãos Públicos e Privados e o conseqüente descaso e desrespeito às leis
específicas relativas à Segurança no Trabalho.

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N° Documento: KS-NR-10_REC – 02.00
SEGURANÇA DO TRABALHO

Costuma-se atuar mais nas conseqüências do que na prevenção e na eliminação das


causas dos Acidentes do Trabalho;

• Despreparo educacional e profissional que atinge a maioria dos Trabalhadores,


principalmente os de menor qualificação e renda, despreparo este, causado por uma
conjuntura política, econômica, social, trabalhista, educacional e da saúde bastante
deficiente no país, deficiência esta que favorece e gera os denominados atos inseguros;

• Morosidade da Justiça no Brasil no que se refere a apuração, julgamento, e punição dos


responsáveis pelos acidentes ocorridos, bem como, no que se refere a indenização de
direito a ser recebida pelos trabalhadores e suas famílias, no caso da ocorrência dos
acidentes do trabalho. As leis demoram demais em seu cumprimento.

• Conjuntura Econômica na qual o processo de privatização contribuiu na elevação do


índice de desemprego, ajudado pelo advento precário da política de terceirização da mão
de obra, acompanhada da perda dos direitos por parte dos trabalhadores.

14 - CENÁRIO GERAL DAS CONDIÇÕES DE TRABALHO


Historicamente as empresas do primeiro mundo introduziram o processo de terceirização nas
atividades-meio, dedicando-se à agilidade e ao enxugamento da organização e concentrando
todos os seus esforços para a especialização do corpo técnico na busca da excelência dos
seus produtos e serviços. Contudo, no Brasil, grande parte das decisões de terceirizar ou
estabelecer contratos com prestadoras de serviços foi e está sendo fundamentada na
redução de postos de trabalho, substituição da mão-de-obra com diminuição de salários,
redução no pagamento de encargos sociais, na eliminação de benefícios, enfim fundamenta-
se quase que exclusivamente na redução dos custos e na busca do lucro máximo.

Baseado nas inspeções de segurança e saúde realizadas nos últimos anos nos diversos
Estados do país, em informações prestadas pelos sindicatos e trabalhadores e nos registros
existentes nas Delegacias e Subdelegacias do Trabalho, podemos observar um estado de
precarização das condições de trabalho apresentado pelas características abaixo:

- deficiente integração entre contratante e prestadoras de serviço;


- prestadores de serviço sem capacitação e experiência necessária para execução dos
serviços;
- prestadoras de serviço com CNAE em desacordo com a atividade constante em contrato
celebrado com a contratante, repercutindo na constituição e funcionamento da CIPA e
SESMT;
- informalidade na relação empregatícia, ou seja, falta de registro dos trabalhadores;
- excesso de jornada;
- não concessão de descanso semanal;
- inexistência do controle de jornada de trabalho;
- remuneração dos trabalhadores baseados na produção;
- trabalho individual em serviços com eletricidade;
- trabalhadores exercendo multifunções (ex: dirigem veículo e observam a rede elétrica para
encontrar o ponto onde há demanda de manutenção);
- pressão no trabalho por parte das empresas e dos consumidores para liberação dos
serviços;
- execução de serviço sem respectiva ordem de serviço;
- ausência ou deficiência de procedimentos para execução de serviços;
- não pagamento de adicional de insalubridade e periculosidade aos trabalhadores;
- inserção de trabalhadores com escolaridade insuficiente para realizar serviços em
eletricidade em substituição à mão-de-obra capacitada;
- treinamento deficiente e não específico para a atividade a ser executada;
- trabalhadores na área de risco elétrico sem a capacitação necessária (sobretudo nas
prestadoras de serviço);
- não fornecimento de equipamentos de proteção individuais adequados, principalmente para
os trabalhadores de prestadoras de serviço;
- falta de equipamento de proteção coletiva e ferramental adequado (escadas, sistemas de
aterramento temporário, ferramentas manuais, etc);

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NR-10 - Segurança em Instalações e Serviços com Eletricidade 10
N° Documento: KS-NR-10_REC – 02.00
SEGURANÇA DO TRABALHO

- transporte precário de trabalhadores.

O processo de precarização das condições de trabalho vem trazendo prejuízos à classe


trabalhadora e ao país promovendo a desorganização do trabalho e o agravamento dos
índices acidentários nos citados setores. O controle desse processo de precarização é de
capital importância e preocupação do MTE, devido ao elevado índice acidentário e a seu
impacto social e econômico, de absoluta prioridade e atenção do corpo de Auditores Fiscais
do Trabalho.

15 - FISCALIZAÇÃO DO TRABALHO

A fiscalização do trabalho normalmente atua conforme os padrões tradicionais, assumindo as


seguintes características:
- Foco em irregularidades específicas, muitas vezes sem investigação de suas causas e sem
articulação com a situação organizacional no que diz respeito à gestão de SST;
- Centrada na observação visual dos locais de trabalho e atividades executadas pelos
trabalhadores;
- Busca da resolução imediata das irregularidades encontradas;
- Verificação de documentos restrita àqueles previstos na legislação;
Porém a fiscalização deve considerar em detalhes os riscos e as especificidades presentes
nas atividades executadas no setor elétrico.

A NR-10 é pouco abrangente em alguns aspectos técnicos, não oferecendo grande


aplicabilidade para auditoria fiscal.

16 - PLANO DE AUDITORIA

Neste tópico é apresentada uma metodologia para inspeção dos aspectos de segurança e
saúde no trabalho no setor de energia elétrica (geração, transmissão e distribuição).

Tal auditoria representa uma inspeção de caráter amplo, com análise crítica e sistemática das
condições de SST das empresas, com proposição de ações visando garantir o cumprimento
da legislação e gerenciamento da segurança e saúde nos seus ambientes de trabalho e nos
de suas contratadas, com a participação de representações de trabalhadores e outras
instituições de interesse da ação fiscal. Observamos que, quando as empresas apresentam à
fiscalização suas políticas de SST e seu programa de gestão de riscos, se existentes, essas
condutas não são implementadas de fato ou o são de forma precária, ficando apenas no
papel. É fundamental o entendimento de que, além das ações de praxe da auditoria deve ser
buscado o comprometimento dos setores estratégicos da empresa na implementação e
continuidade das ações negociadas, com a participação de representações dos
trabalhadores.

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NR-10 - Segurança em Instalações e Serviços com Eletricidade 11
N° Documento: KS-NR-10_REC – 02.00
SEGURANÇA DO TRABALHO

1) PLANEJAMENTO
Para o planejamento da auditoria é importante um trabalho de pesquisa de informações
sobre fiscalizações realizadas anteriormente, demandas das representações dos
trabalhadores e intervenções de outras entidades ou órgãos.

2) ANÁLISE DE DOCUMENTOS
Podemos considerar de grande importância no processo de auditoria a análise dos
documentos listados a seguir.

a) Procedimentos e instruções de segurança;


b) Treinamentos;
c) Relatórios de acidentes;
d) Contrato com a prestadora de serviços;
e) Programa de controle médico de saúde ocupacional – PCMSO (NR 07);
f) Programa de prevenção de riscos ambientais – PPRA (NR 09);
g) Documentos da CIPA;
h) Documentos do Registro Profissional do trabalhador;
i) Prova de entrega de EPI;
j) Certificação de EPC;
k) Laudos periciais de periculosidade e insalubridade;

3) VERIFICAÇÃO FÍSICA EM CAMPO


Compreende a vistoria dos estabelecimentos e das atividades de campo, para avaliação
de todos os tipos de operações executadas pelos trabalhadores sejam avaliadas “in loco”.

Como orientação geral, segue abaixo sugestão de questionário para auxiliar a fiscalização
e estabelecer um diagnóstico de segurança e saúde no setor elétrico.

GUIA DE AUDITORIA DE CAMPO

1 - As equipes de campo encontram-se munidas de ordens de serviço que informam os


riscos das atividades, os meios de prevenção e as medidas adotadas pela empresa?

2 - Existe condição de grave e iminente risco? Interditado ( ) Embargado ( )

3 - Há integração entre CIPA da contratante e contratada?

4 - São implementadas, de forma integrada, pela contratante e contratadas medidas de


prevenção de acidentes e doenças?

5 - Os equipamentos de proteção individual (EPI) possuem Certificado de Aprovação (CA)?

6 - Os equipamentos de proteção individual (EPI) e os equipamentos de proteção coletiva


(EPC) são adequados ao risco da atividade e encontram-se em perfeito estado de
conservação e funcionamento?

7 - Os EPI e EPC utilizados possuem isolamento compatível à tensão de trabalho


envolvida?

8 - As equipes de campo dispõem de material de primeiros socorros?

9 - Há procedimentos operacionais com instruções de segurança?

10 - Os trabalhadores tem domínio dos procedimentos?

11 - Os procedimentos estão sendo cumpridos, sobretudo quanto às medidas de


segurança?

12 - Os serviços em eletricidade são executados individualmente?

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N° Documento: KS-NR-10_REC – 02.00
SEGURANÇA DO TRABALHO

13 - Há improviso no exercício das atividades e no uso de equipamentos e ferramentas?

14 -Antes da liberação para os serviços em linhas desenergizadas são adotados, nesta


ordem, os procedimentos de: seccionamento, impedimento de reenergização,
constatação da ausência de tensão por detectores de tensão, instalação de aterramento
temporário com equipotencialização dos condutores dos circuitos; proteção dos
elementos energizados existentes próximos aos locais onde os serviços serão
executados, instalação da sinalização de impedimento de energização?

15 - A reenergização da linha é precedida dos seguintes procedimentos: retirada de todas


as ferramentas, equipamentos e utensílios, retirada de todos os trabalhadores não
envolvidos no processo de energização, remoção do aterramento temporário da
equipotencialização e das proteções adicionais, destravamento, se houver, e religação
dos dispositivos de seccionamento?

16 - Foram tomados cuidados especiais quanto ao risco de contatos eventuais e de indução


elétrica?

17 - Há comunicação entre as equipes de campo e entre estas e o setor de liberação do


serviço?

18 - Os dispositivos de desligamento e manobra dos circuitos e instalações elétricas são


bloqueados ou travados por meios elétricos ou mecânicos e sinalizados na execução de
serviços em linha desenergizada?

19 - Os dispositivos de desligamento e manobra das instalações elétricas possuem


adequada identificação de posição ligada e desligada?

20 - Em ambientes fechados há monitoramento permanente de substância que cause


asfixia, explosão ou intoxicação de trabalhadores?
21 - Em ambientes fechados há ventilação local exaustora ou geral que garanta de forma
permanente a renovação contínua do ar?

22 - Em ambientes fechados há dispositivos que possibilitem meios seguros de resgate do


trabalhador?

23 - Os trabalhadores portam identificação contendo nome, função e autorização para a


atividade que estão aptos a exercer?

24 - Os trabalhadores exercem múltiplas funções?

25 - As atividades são executadas com premência de tempo ou sob formas de controle da


produção com repercussão sobre a segurança ou saúde dos trabalhadores?

26 - Salvo restrições técnicas documentadas, todas as partes condutoras das instalações


elétricas, máquinas e equipamentos não destinadas à condução de eletricidade
encontram-se aterradas?

27 - Os estabelecimentos e instalações oferecem espaço suficiente para trabalho seguro?

28 - As instalações, equipamentos e condutores elétricos acessíveis a contatos eventuais se


encontram adequadamente isolados?

29 - Os estabelecimentos, canteiros de obras e veículos de transporte dos trabalhadores


possuem proteção adequada contra incêndio?

30 - Os veículos de transporte são adequados ao risco à atividade e estão em perfeito


estado de funcionamento?

31 - As áreas de trabalho são delimitadas e sinalizadas?

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N° Documento: KS-NR-10_REC – 02.00
SEGURANÇA DO TRABALHO

4) DIAGNÓSTICO
Após as análises de documentos, verificações físicas e entrevistas com os trabalhadores e
diretores da empresa, temos elementos suficientes para, analisados conjuntamente,
avaliar a empresa quanto à SST. O que não significa somente avaliarmos o cumprimento
de determinações legais ou aspectos pontuais de segurança e saúde dos trabalhadores,
mas, mais que isso, avaliarmos a gestão em SST e sua eficácia.

Devemos considerar para o diagnóstico da empresa quanto à gestão em SST:


- Irregularidades encontradas quanto ao cumprimento da legislação de SST;
- Comprometimento dos níveis gerenciais e estratégicos da empresa com a SST e
responsabilidade e transparência no tratamento com as questões relativas à SST;
- Participação de todos os trabalhadores na gestão;
- Sistema de gestão em SST adotado: sua política, organização, planejamento,
implementação, formas de avaliação, ações para melhorias;
- Integração do sistema de gestão em SST diretamente ligado ao sistema geral de gestão
da empresa;
- Envolvimento das contratadas no sistema de gestão adotado;
- Monitoramento da performance em SST das contratadas como elemento fundamental do
sistema de gestão adotado.

5) INTERVENÇÃO
A partir do diagnóstico da empresa, deve ser planejada e realizada a intervenção, para
que possa ser atingido o objetivo de garantir que a empresa gerencie eficazmente a SST.

Assim, deve a intervenção buscar não somente a correção de determinadas


irregularidades, ou melhorias específicas, mas principalmente interferir a fim de que seja
implementada, na empresa, uma gestão eficaz e permanente em SST.

É importante ressaltar que é fundamental, nesta etapa, apresentar à empresa,


representada por seus diretores e profissionais de SST, as conclusões obtidas do
processo de auditoria: irregularidades, situações de risco, possibilidades de melhoria e,
sobretudo, o diagnóstico da gestão em SST. As ações a serem implementadas pela
empresa também deverão ser expostas, de modo claro e objetivo.
Diversas estratégias poderão ser adotadas para a intervenção, baseadas em diferentes
enfoques, orientador, negociador ou repressor, conforme o diagnóstico feito.

17 - NOÇÕES DE RESPONSABILIDADE CIVIL E CRIMINAL

As relações estabelecidas por um contrato de trabalho, antes de serem relações de trabalho


são relações civis, onde a vida em sociedade impõe regras de comportamento fundamentais à
busca de harmonia social. A legislação trabalhista no campo do acidente de trabalho é
estruturada no sentido de amparar o trabalhador, de forma que o mais fraco nada tem a provar.

Artigo 157 da CLT


“Cabe às empresas:
I. Cumprir e fazer cumprir as normas de segurança e medicina do trabalho;
II. Instruir os empregados, através de Ordens de Serviço, quanto às precauções a
tomar no sentido de evitar acidentes do trabalho ou doenças ocupacionais;
III. Adotar as medidas que lhe sejam determinadas pelo órgão regional competente;
Facilitar o exercício da fiscalização pela autoridade competente.”

Do estabelecimento de limites deriva a necessidade de caracterizar o que constitui ato ilícito,


que pode ser omissivo (fruto de uma omissão) ou comissivo (fruto de uma ação). O ato ilícito
comporta ainda duas outras categorias: o ato doloso e o culposo.

Responsabilidade Civil:
É a apuração da responsabilidade sobre os atos praticados pela pessoa física ou jurídica,
gerando punições do tipo indenizatória.

• Súmula 229 do Supremo Tribunal Federal

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NR-10 - Segurança em Instalações e Serviços com Eletricidade 14
N° Documento: KS-NR-10_REC – 02.00
SEGURANÇA DO TRABALHO

A indenização acidentária, a cargo da Previdência Social, não exclui a do Direito Civil, em


caso de acidente do trabalho ocorrido por culpa ou dolo.

• Artigo 159 do Código Civil:


“Aquele que por ação ou omissão voluntária, negligência, imprudência ou imperícia, causar
dano a outra pessoa, obriga-se a indenizar o prejuízo.”

Define-se como:

Negligência: omissão voluntária de diligência ou cuidado; falta, ou demora no prevenir ou


obstar um dano

Imprudência: forma de culpa que consiste na falta involuntária de observância de medidas


de precaução e segurança, de conseqüências previsíveis, que se faziam necessárias no
momento para evitar um mal ou a infração da lei.

Imperícia: é a falta de aptidão especial, habilidade ou experiência, ou de previsão, no


exercício de determinada função, profissão, arte ou ofício.

Responsabilidade Criminal:
É a apuração da responsabilidade sobre os danos provocados a uma pessoa física ou
jurídica, gerando condenações ou cumprimento de pena no sistema carcerário.

• Artigo 15 do Código Penal:


“Diz-se do crime:
-Doloso: quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;
-Culposo: quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou
imperícia.”

• Artigo 132 do Código Penal:


–Expor a vida ou a saúde de outrem à perigo direto e iminente.
–Pena - Prisão de 3 meses a 1 ano.

Assim, se a ação ou omissão for intencional ou voluntária, o ato ilícito é doloso; se a ação ou
omissão for involuntária e gerar o dano, o ato ilícito é culposo. A culpa se decompõe em atos
de negligência, imprudência ou imperícia, cometidos pelo empregador ou seus prepostos,
abrangendo o pessoal do Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina
do Trabalho – SESMT, cuja função, acima da conotação profissional, transforma o agente em
preposto do empregador no campo específico de segurança do trabalho.

A caracterização da culpa da empresa pode se dar em duas situações:

1) Culpa in eligendo, oriunda da falta de cautela ou previdência na escolha da pessoa a


quem confia a execução de um ato ou serviço. Uma situação eu tipifica essa modalidade de
culpa é a manutenção, pelo empregador, de empregado não habilitado ou sem as aptidões
requeridas;

2) Culpa in vigilando, que é causada pela ausência de diligência, atenção, vigilância,


fiscalização ou quaisquer outros atos de segurança do agente, no cumprimento do dever,
para evitar prejuízo a alguém. Exemplo dessa modalidade de culpa ocorre quando a empresa
e transportes deixa o veículo sair desprovido de freios e provoca, em função disso, acidentes.
A culpa grave, pela sua intensidade, pode ser equiparada ao dolo. Embora não exista a
intencionalidade que tipifica o dolo, não é exagerado dizer que, na culpa grave, o agente
poderia prever as conseqüências de sua ação e evitar que fosse consumada.

O reconhecimento da existência do crime, assim entendido como violação culposa da lei


penal, em sentença condenatória, torna certa a obrigação de reparar o dano dele resultante,
pois a decisão de tal sentença reconhece a ocorrência de ato ilícito.

A ação pública penal é acionada quando as causas que ensejaram a morte do trabalhador
cercarem-se de indícios que permitam a caracterização de homicídio culposo.

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NR-10 - Segurança em Instalações e Serviços com Eletricidade 15
N° Documento: KS-NR-10_REC – 02.00
SEGURANÇA DO TRABALHO

A responsabilidade civil envolve a empresa, o patrão ou seus prepostos, sendo presumida


culpa de patrão ou comitente pelo ato culposo do empregado ou preposto.

Em relação à culpa grave, são exemplos concretos: age com culpa grave o empregador que
permite, ou exige o trabalho:
• em prensas sem proteção, em máquinas defeituosas e perigosas;
• na construção civil, em soldagem de chaminés sem condições de segurança;
• a pedreiro que foi chamado pelo mestre-de-obras para ser operador de máquina elétrica;
• a novato trabalhar como operador de máquina com sistema elétrico danificado e que
funcionava, há dias, com ligação direta;
• em plataforma de mais de 5m de altura, executar serviço altamente perigoso sem usar cinto
de segurança;
• em local onde havia emanação de gases altamente tóxicos, com total omissão do
empregador no que tange à segurança;

Na esfera penal, pode-se configurar o crime previsto no artigo 132 do Código Penal, que é
crime de perigo, originariamente criado objetivando prevenção de acidentes do trabalho.
Esse artigo veda”expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente” e estipula
pena com detenção de três meses a um ano, se o fato não constituir crime mais grave.

A ação penal e a conseqüente ação civil serão improcedentes nos casos em que se
comprovar que o acidente fatal foi causado por imprudência da própria vítima, em desrespeito
flagrante às normas internas de segurança do trabalho.

O que informa o dispositivo penal em questão é a consciência e vontade de expor a vítima a


grave perigo, bastando que o agente acarrete para a vítima uma situação de fato em que sua
vida ou saúde é exposta a um perigo direto e iminente, restando suficiente a vontade ou
consciência no sentido de tal situação de perigo. O perigo deve apresentar-se direto e
iminente, isto é, como realidade concreta, efetiva, presente, imediata (exposição a
substâncias altamente tóxicas ou a poeira em suspensão de sílica livre, máquinas perigosas
sem proteção, operários em grandes alturas sem EPI’s etc.). O dolo específico pode ser
direto ou eventual: ou o agente pratica ação (ou a omissão) com o intuito de criar o perigo, ou,
inescrupulosamente, não se abstém dela, apesar de prever a possibilidade de dano.

São alguns exemplos concretos de atos dolosos:


• objetos lançados dos edifícios em construção, sem as proteções determinadas pelas
normas;
• médico do trabalho que considera operários acometidos de leucopenia ou saturnismo, após
a alta, aptos ao trabalho para retornar à atividade anterior, a mesma que gerou o
afastamento;
• empregador que permite, para economizar, como rotina, no setor siderúrgico, que
caçambas com umidade recebam escória liquefeita, em alta temperatura, sendo iminente o
risco de explosão;
• o empreiteiro que transporta “bóias-frias”em caminhões inadequados, sem condições de
segurança.

São exemplos concretos de homicídio culposo:


• acidente do trabalho com morte de operário decorrente de deslizamento de terra, em obra,
em construção com responsabilidade do engenheiro e do mestre-de-obras bem
caracterizada;
• empregador que manda empregado menor pulverizar agrotóxico, com morte do mesmo;
• agente que transporta passageiros em carreta de trator em total estado de insegurança.

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NR-10 - Segurança em Instalações e Serviços com Eletricidade 16
N° Documento: KS-NR-10_REC – 02.00
NR-10 – Reciclagem
SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E
SERVIÇOS EM ELETRICIDADE

Riscos em Instalações e Serviços com


Eletricidade

Módulo de Treinamento N° 3
RISCOS EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS COM ELETRICIDADE

1 - OBJETIVO

Ao final deste módulo o participante será capaz de entender os conceitos básicos que
envolvem a eletricidade, seus efeitos percorrendo o corpo humano e fixar as condições
exigíveis de segurança.

2 - CONCEITOS BÁSICOS

RESISTÊNCIA ELÉTRICA
É a resistência que os elétrons encontram quando circulam por um meio. É medida em Ohms
[Ω]

R = ρ • (l / A)

Onde: - ρ é a resistividade intrínseca do material;


- l é a distância percorrida;
- A é a área do material

CORRENTE ELÉTRICA
É o fluxo de elétrons provocado por uma diferencia de potencial (tensão). É medida em
ámperes [A]

I=U/R

Onde: - U é a tensão aplicada sobre o material;


- R é a resistência elétrica do material.

TENSÃO (V)
É o valor da diferença de carga elétrica encontrada entre dois pontos de diferente potencial.
É medida em Volts [V]

TENSAO ALTERNADA (VCA)


É a tensão cujo valor muda a cada certo tempo chamado ciclo. Os valores de medição desta
tensão são: eficaz (rms) e pico.

TENSÃO CONTÍNUA (VCC)


É a tensão cujo valor se mantém constante durante qualquer intervalo de tempo.

FREQUÊNCIA
É a taxa com que se repete o ciclo da tensão alternada.
É medida em Hertz [Hz] e pode ser considerada como o inverso do tempo.

FREQUÊNCIA INDUSTRIAL
É o valor da freqüência utilizado para as tensões de alimentação dos equipamentos de uma
instalação. Valores comuns são: 50 Hz e 60 Hz

3 - CLASSES DE TENSÃO

BAIXA TENSÃO (BT)


É a tensão elétrica com valor nominal igual ou inferior a 1000 V em valor alternado (Vca) ou
1500 V em valor contínua (Vcc).

Pode ser encontrada em paineis de controle, CCM’s, quadros de iluminação e tomadas,


transformadores de rede pública, etc...

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RISCOS EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS COM ELETRICIDADE

Instalações em baixa tensão devem seguir as recomendações de segurança da norma da


ABNT: NBR 5410.

MÉDIA TENSÃO (MT)


É a tensão elétrica com valor nominal de 1,0 kV a 36,2 kV .

Pode ser encontrada em painéis de disjuntores, alimentadores, quadros de distribuição de


média tensão, geradores ou compensadores síncronos, pátios de subestações, redes de
distribuição, etc...

Instalações em média tensão devem seguir as recomendações de segurança da Norma da


ABNT : NBR14039.

ALTA TENSÃO (AT)


É a tensão elétrica com valor nominal acima de 36,2 kV.

Pode ser encontrada em subestações e linhas de transmissão.

4 - SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA (SEP)

É o conjunto de elementos (instalações e equipamentos) que estão agrupados sobre as


seguintes áreas de atuação:

- Geração de Energia Elétrica – Área responsável pela conversão de toda forma de


energia em energia elétrica;
- Transmissão de Energia Elétrica – Área responsável pelo deslocamento da energia
elétrica entre pontos de adequação de tensão
chamados de Subestações Elétricas.
- Distribuição de Energia Elétrica – Área responsável pela disposição da energia
elétrica no ponto terminal de consumo.

5 - RISCOS ELÉTRICOS

A eletricidade constitui-se em agente de elevado potencial de risco ao homem. Mesmo em


baixas tensões ela representa perigo à integridade física e saúde do trabalhador. Sua ação
mais nociva é a ocorrência do choque elétrico com conseqüências diretas e indiretas (quedas,
batidas, queimaduras indiretas e outras).

Também apresenta risco devido à possibilidade de ocorrências de curtos-circuitos ou mau


funcionamento do sistema elétrico originando grandes incêndios, explosões ou acidentes
ampliados.

É importante lembrar que o fato da linha estar desenergizada não elimina o risco elétrico,
tampouco pode-se prescindir das medidas de controle coletivas e individuais necessárias, já
que a energização acidental pode ocorrer devido a erros de manobra, contato acidental com
outros circuitos energizados, tensões induzidas por linhas adjacentes ou que cruzam a rede,
descargas atmosféricas mesmo que distantes dos locais de trabalho, fontes de alimentação
de terceiros.

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RISCOS EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS COM ELETRICIDADE

5.1 - CHOQUE ELÉTRICO


É o principal causador de acidentes no setor e geralmente originado por contato do
trabalhador com partes energizadas. Constitui-se em estímulo rápido e acidental sobre o
sistema nervoso devido à passagem de corrente elétrica, acima de determinados valores,
pelo corpo humano.

Seus efeitos diretos são contrações musculares, tetanização, queimaduras (internas e


externas), parada respiratória, parada cardíaca, eletrólise de tecidos, fibrilação cardíaca e
óbito e seus efeitos indiretos são quedas, batidas e queimaduras indiretas (externas). A
extensão do dano do choque elétrico depende da magnitude da corrente elétrica, do caminho
por ela percorrido no corpo humano e do seu tempo de duração.

O risco de choque elétrico está presente em praticamente todas as atividades executadas nos
setores elétrico a exemplo de construção, montagem, manutenção, reparo, inspeção,
medição de sistema elétrico de potência (SEP) e poda de árvores em suas proximidades.

5.2 - ARCO VOLTAICO


Constitui-se em outro risco de origem elétrica. O arco voltaico caracteriza-se pelo fluxo de
corrente elétrica através de um meio “isolante”, como o ar, e geralmente é produzido quando
da conexão e desconexão de dispositivos elétricos e em caso de curto-circuito. Um arco
voltaico produz calor que pode exceder a barreira de tolerância da pele e causar queimaduras
de segundo ou terceiro grau. O arco elétrico possui energia suficiente para queimar as roupas
e provocar incêndios, emitindo vapores de material ionizado e raios ultravioleta.

5.3 - CAMPO ELETROMAGNÉTICO


É gerado quando da passagem da corrente elétrica alternada nos meios condutores. Os
efeitos danosos do campo eletromagnético nos trabalhadores manifestam-se especialmente
quando da execução de serviços na transmissão e distribuição de energia elétrica, nas quais
empregam-se elevados níveis de tensão. Os efeitos possíveis no organismo humano
decorrente da exposição ao campo eletromagnético são de natureza elétrica e magnética. Os
efeitos de origem magnética se manifestam como efeitos térmicos, endócrinos e suas
possíveis patologias produzidas pela interação das cargas elétricas com o corpo humano.

Não há comprovação científica, porém há indícios de que a radiação eletromagnética criada


nas proximidades de meios com elevados níveis de tensão e corrente elétrica, possa
provocar a ocorrência de câncer, leucemia e tumor de cérebro. Contudo é certo que essa
situação promove nocividade térmica (interior do corpo) e efeitos endócrinos no organismo
humano.

Especial atenção aos trabalhadores, expostos a essas condições, que possuam em seu
corpo próteses metálicas (pinos, encaixes, articulações), pois a radiação promove
aquecimento intenso nos elementos metálicos podendo provocar as necroses ósseas, assim
como aos trabalhadores portadores de aparelhos e equipamentos eletrônicos (marca-passo,
auditivos, dosadores de insulina, etc...), pois a radiação interfere nos circuitos elétricos e
poderão criar disfunções e mau funcionamento desses.

6 - EFEITOS DA CORRENTE NO CORPO HUMANO

O corpo humano como qualquer outro material possui uma resistência à passagem da
corrente, e dependendo do nível de tensão o valor desta corrente pode acarretar
conseqüências graves inclusive a morte. Algumas definições empregadas na área elétrica
para as tensões e correntes que afetam o corpo humano são:

TENSÃO DE PASSO
É a tensão de um eletrodo de aterramento, e a qual uma pessoa esta submetida quando nas
proximidades do eletrodo e cujos pés estejam separados pela distancia equivalente a um
passo.

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TENSÃO DE TOQUE
É a tensão de um eletrodo de aterramento, e a qual uma pessoa esta submetida quando em
contato físico com o eletrodo.

Figura 1: Tensão de Passo Figura 2: Tensão de Toque

CORRENTE DE LARGAR
Valor máximo de corrente que uma pessoa pode suportar quando estiver segurando um
objeto energizado e ainda ser capaz de largá-lo pela ação de músculos diretamente
estimulados por esta corrente. O valor dela está em aproximadamente 10 mA.

Na tabela 1 temos os efeitos para diversos valores de corrente ao passar pelo corpo humano.

Corrente Fenômeno Fisiológico Sensação


(60Hz)
<1mA Nenhum Imperceptível
1 mA Limite de percepção Perceptível
1-3 mA Percepção Sensação suave
3-10 mA Sacudida Sensação de dor
10 mA Começo de paralisia nos braços Contração muscular
30 mA Paralisia respiratória Para de respirar
75 mA Limite inferior da fibrilação (para Trabalho descoordenado do coração
uma exposição maior ou igual a
5s)
250 mA Limite superior da fibrilação Trabalho descoordenado do coração
(para uma exposição maior ou
igual a 5s)
4A Paralisia do coração O coração para de trabalhar durante a
passagem da corrente. Para choques
curtos, o coração pode voltar a trabalhar na
interrupção da corrente.
>5 A Queimadura de tecido humano Não é fatal a menos que órgãos vitais sejam
queimados.
Tabela 1 - Efeitos da corrente no corpo de uma pessoa adulta.

RESISTÊNCIA DO CORPO HUMANO

A tabela 2 ilustra alguns valores de resistência para o corpo humano encontradas no IEEE
Std 902.

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Condição Resistência [em Ω]


Seco Úmido
Toque do dedo 40.000 – 1.000.000 4.000 – 15.000
Mão segurando um fio 15.000 – 50.000 3000 – 6000
Toque da palma 3.000 – 8.000 1000 – 2000
Mão segurando tubulação de φ 3,8cm 1.000 – 3.000 500 – 1500
Duas mãos segurando tubulação de φ 3,8cm 500 – 1500 250 – 750
Mão molhada --- 200 – 500
Pé molhado --- 100 – 300
Interior do corpo humano (sem a pele) 200 – 1000
Tabela 2 - Valores de Resistência humana para várias condições de contato da pele

CÁLCULO DA CORRENTE

A corrente que circula pelo corpo na incidência de um choque elétrico depende do nível de
tensão e do valor da resistência da parte em contato. Esta resistência é a somatória das
partes envolvidas, incluindo se a pessoa está utilizando calçado e luvas. A tabela 3, ilustra
valores encontrados para alguns tipos de calçado.

Material Resistência [em Ω]


Botas de borracha >20.000.000
Sola de couro, seca, incluindo o pé 100.000 – 500.000
Sola de couro, úmida,incluindo o pé 5.000 – 20.000
2
Tabela 3 – Valores de Resistência para áreas de 130cm de alguns calçados

Portanto, podemos ilustrar com um exemplo, qual seria a corrente que um eletricista sofre
quando leva um choque elétrico por toque de dedo com a mão úmida numa rede de 220 Vca,
usando botas isolantes. Assim, a grosso modo:

I=E/R

I = 220 / Rt

Rt = Rpele + Rcorpo + Rbota

Rt = 4000 + 500 + 100.000. = 104.500 Ohms

I = 220 / 104.500 = 0,002 A = 2mA

A corrente resultante que circulará pelo corpo humano será de 2 mA.

TEMPO DE EXPOSIÇÃO

Dependendo das condições em que se produziu o choque elétrico e do tempo de exposição


os efeitos da corrente podem se manifestar com maior ou menor intensidade. A figura 3,
mostra em zonas o efeito da corrente para diversos tempos de exposição.

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Zona 1 – Habitualmente nenhuma reação


Zona 2 – Habitualmente nenhum efeito patofisiológico perigoso
Zona 3 – Habitualmente nenhum risco de fibrilação
Zona 4 – Fibrilação possível (probabilidade de até 50%)
Zona 5 – Risco de fibrilação (probabilidade superior a 50%)
Figura 3 – Zonas dos efeitos da corrente alternada (NBR 6533)

7 - EFEITOS DA TEMPERATURA NO TECIDO HUMANO

O corpo humano pode sobreviver somente numa faixa estreita de temperatura, isto é, perto
da temperatura normal do sangue, o qual está aproximadamente em 36,5C. A sobrevivência
muito abaixo deste nível requer isolação com roupas. Temperaturas que estão levemente
acima deste nível podem ser compensadas pela transpiração. Estudos mostram que para
temperaturas de 44C , o mecanismo que equilibra a temperatura do corpo começa a falhar
em aproximadamente 6 horas. Os danos às células poderão ocorrer após 6 horas nessa
temperatura. Entre 44C e 51C , a taxa de destruição das células dobra por cada 1C de
elevação de temperatura. Acima de 51C a taxa é extremamente rápida. A 70C, somente 1s
de duração é suficiente para causar a destruição total da célula.

8 - RISCOS ADICIONAIS

Merece destaque também a exposição à:

CALOR
Nas atividades desempenhadas em espaços fechados ou em subestações (devido à
proximidade de conjuntos de transformadores e capacitores).

RADIAÇÃO SOLAR
Os trabalhos em instalações elétricas ou serviços com eletricidade quando realizados em
áreas abertas podem também expor os trabalhadores à radiação solar. Como conseqüências
podem ocorrer queimaduras, lesões nos olhos e até câncer de pele, provocadas por radiação
infravermelho ou ultravioleta.

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RISCOS EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS COM ELETRICIDADE

RUÍDO
Presente nas usinas de geração de energia elétrica, devido ao movimento de turbinas e
geradores. Ocorre também em estações e subestações de energia, decorrente do
funcionamento de conjunto de
transformadores, como também da junção e disjunção de conectores, que causam forte ruído
de impacto.

SUBSTÂNCIAS TÓXICAS - Ascarel ou bifenis policlorados (PCB)


Seu uso como líquido isolante em equipamento elétrico (ex: capacitores, transformadores,
chaves de manobras e disjuntores) tornou-se bastante difundido porque, além de apresentar
boas qualidades dielétricas e térmicas, é resistente ao fogo. Apesar do uso desse produto
estar proibido, transformadores e capacitores antigos podem contê-lo. Exposição dos
trabalhadores pode ocorrer em atividades de manutenção executadas em subestações de
distribuição elétrica e em usinas de geração, por ocasião da troca ou recuperação desses
equipamentos, em especial, quando do descarte desse produto.

Acidentes com vazamento de ascarel já ocorreram e encontram registro no nosso país. Os


danos à saúde causados pelo ascarel estão relacionados aos processos genéticos da
reprodução, funções neurológicas e hepáticas. Ainda, é considerado como provável
carcinogênico.

RISCO DE QUEDA
Constitui-se numa das principais causas de acidentes nos setores elétrico, sendo
característico de diversos ramos de atividade, mas muito representativo nas atividades de
construção e manutenção do setor de transmissão e distribuição de energia elétrica. As
quedas ocorrem em conseqüência de choques elétricos, de inadequação de equipamentos de
elevação (escadas, cestos, plataformas), inadequação de EPI, falta de treinamento dos
trabalhadores, falta de delimitação e sinalização do canteiro de serviço nas vias públicas e
ataque de insetos.

RISCOS NO TRANSPORTE E COM EQUIPAMENTOS


São riscos de acidentes envolvendo transporte de trabalhadores e a utilização de veículos de
serviço e equipamentos. Citamos como exemplo:

• Veículos a caminho dos locais de trabalho em campo.


Para tanto é comum o deslocamento diário dos trabalhadores até os efetivos pontos de
prestação de serviços. Esses deslocamentos expõem os trabalhadores aos riscos
característicos das vias de transporte, sendo muitas vezes realizados em carroçarias
abertas ou em condições inadequadas potencializando esses riscos. Um agravante,
também, da condição de risco é a situação em que o motorista exerce outra função além
dessa, ou seja, múltipla função. Como exemplo, é atribuida ao motorista a função de dirigir e
inspecionar a linha, para encontrar pontos que demandam reparos ou manutenção, tarefas
estas incompatíveis.

• Veículos e equipamentos para elevação de cargas, cestas aéreas e cadeiras Nos serviços
de construção, instalação ou manutenção em linhas ou redes elétricas e de telefonia nos
quais são utilizados cestos aéreos, cadeiras ou plataformas, além de elevação de cargas
(equipamentos, postes) é necessária a aproximação dos veículos junto às estruturas
(postes, torres) e da grua junto das linhas ou cabos. Nestas operações podem acontecer
graves acidentes e exigem cuidados especiais que vão desde o correto posicionamento do
veículo, o seu adequado travamento e fixação, até a precisa operação da grua, guincho ou
equipamento de elevação.

RISCOS DE ATAQUES DE ANIMAIS E INSETOS


Ocorre sobretudo nas atividades de construção, supervisão e manutenção em redes de
transmissão em regiões silvícolas e florestais.

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RISCOS EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS COM ELETRICIDADE

Atenção especial deve ser dada à possibilidade de picadas de animais peçonhentos nessas
regiões. Também é freqüente no setor de distribuição de energia com os trabalhadores
leituristas domiciliares, que são normalmente atacados por animais domésticos.

Ataques de insetos, tais como abelhas e marimbondos, ocorrem na execução de serviços em


torres, postes, subestações, leitura de medidores, serviços de poda de árvores e outros.

RISCOS EM ESPAÇOS CONFINADOS

ESPAÇO CONFINADO
É todo lugar que possui entradas ou saídas restritas e que não está designado para uso
ou ocupação contínua, ou que ainda possui uma ou mais das seguintes características:
- Possui atmosfera com deficiência de oxigênio (menos de 19,5%);
- Possui configuração interna tal que possa causar asfixia, claustrofobia e até mesmo
medo;
- Possui agentes contaminantes ou biológicos agressivos a segurança ou à saúde.

Lugares fechados como caixas ou galerias subterrâneas e estações de transformação e


distribuição fechadas, etc, expõem os trabalhadores ao risco de asfixia por deficiência de
oxigênio ou pela presença de gases asfixiantes (ex: monóxido e dióxido de carbono).

Agentes contaminantes ou biológicos originam-se pela formação de gases orgânicos oriundos


de reações químicas nos esgotos e pela presença de agentes biológicos de putrefação
existentes nesses ambientes. Existe a possibilidade de estarem presentes em lugares
próximos a redes de esgoto ou locais encharcados.

Lugares com pouca ventilação também estão sujeitos ao acumulo de gases tóxicos,
asfixiantes ou explosivos (ex: metano, vapores de combustíveis líquidos) devido ao
vazamento de redes de abastecimento ou tanques de contenção.

RISCO DE EXPLOSÃO
Em lugares onde o acumulo de gases ou combustíveis voláteis é tal que o aparecimento de
uma faísca proveniente de um circuito elétrico ou serviço a quente pode provocar uma
explosão.

RISCOS ERGONÔMICOS
São significativos, nas atividades do setor elétrico e telefônico os riscos ergonômicos,
relacionados aos fatores:

• biomecânicos - posturas não fisiológicas de trabalho provocadas pela exigência de ângulos


e posições inadequadas dos membros superiores e inferiores para realização das tarefas,
principalmente em altura, sobre postes e apoios inadequados, levando a intensas
solicitações musculares, levantamento e transporte de carga, etc.

• organizacionais - pressão no tempo de atendimento a emergências ou a situações com


períodos de tempo rigidamente estabelecidos, realização rotineira de horas extras, trabalho
por produção, pressões da população com falta do fornecimento de energia elétrica.

• psicossociais – elevada exigência cognitiva necessária ao exercício das atividades


associada à constante convivência com o risco de vida devido à presença do risco elétrico e
também do risco de queda (neste caso, sobretudo para atividades em linhas de
transmissão, executadas em grandes alturas).

• ambientais – representado pela exposição ao calor, radiação, intempéries da natureza,


agentes biológicos, etc.

Os levantamentos de saúde do setor elétrico mostram que são frequentes na atividade as


lombalgias, as entorses, as distensões musculares, e manifestações gerais relacionadas ao
estresse.

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NR-10 - Segurança em Instalações e Serviços com Eletricidade 8
N° Documento: KS-NR-10_BAS – 03.00
RISCOS EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS COM ELETRICIDADE

9 - MAPAS DE RISCOS

Consiste na representação gráfica dos riscos à saúde identificados pela CIPA, em cada um
dos diversos locais de trabalho de uma empresa. É elaborado pelos membros da CIPA, após
ouvir os trabalhadores de todos os setores produtivos da empresa, com assessoria do
SESMT – Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho,
quando este existir.

OBJETIVOS DO MAPA DE RISCOS (NR-05)


1) Reunir as informações necessárias para estabelecer o diagnóstico da situação de
segurança e saúde no trabalho na empresa.
2) Possibilitar, durante a sua elaboração, a troca e divulgação de informações entre os
trabalhadores, bem como estimular sua participação nas atividades de prevenção.

ETAPAS NA ELABORAÇÃO DO MAPA DE RISCOS

- Conhecer o processo de trabalho no local analisado;


- Identificar os riscos existentes no local analisado;
- Identificar as medidas preventivas existentes e sua eficácia;
- Identificar os indicadores de saúde (queixas mais frequentes, acidentes de trabalho,
doenças profissionais, etc.);
- Conhecer os levantamentos ambientais já realizados no local.

REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DO MAPA DE RISCOS

- Os riscos serão representados por círculos de tamanhos e cores diferentes que devem
ser apostos sobre a planta (lay-out) do local analisado.

- O tamanho do círculo indicará se o risco é grande, médio ou pequeno (quanto maior for o
círculo, maior o risco).

- Para cada tipo de risco os círculos serão representados por uma cor diferente, conforme
segue:

· riscos físicos: verde;


· riscos químicos: vermelho;
· riscos biológicos: marrom;
· riscos ergonômicos: amarelo;
· riscos de acidentes/mecânicos: azul.

Alguns exemplos práticos:

• Num dado almoxarifado foi detectada a existência de muita poeira:

Risco grande (muita poeira)


Cor Vermelha (risco químico)

•Em uma área de escritório foram encontradas algumas cadeiras fixas, utilizadas para
operação do microcomputador:

Risco médio (cadeiras fixas)


Cor Amarela (risco ergonômico)

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NR-10 - Segurança em Instalações e Serviços com Eletricidade 9
N° Documento: KS-NR-10_BAS – 03.00
RISCOS EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS COM ELETRICIDADE

• Na copa foi encontrado um botijão de gás:


Risco pequeno (gás de cozinha)
Cor Azul (risco de acidente/mecânico)

10 - COMPETÊNCIA DAS PESSOAS (NBR 5410)

Alem da classificação das zonas de risco deve ser considerada a habilitação de pessoas para
uso e circulação nos espaços dentro das instalações. Assim a tabela classifica as pessoas
pelo seu grau de competência para permanecer em locais energizados.

CÓDIGO CLASSIFICAÇÃO CARACTERÍSTICAS


BA1 Comuns Pessoas inadvertidas
BA2 Crianças Crianças em locais a elas destinados
BA3 Incapacitadas Pessoas que não dispõem de completa capacidade
física ou intelectual (idosos,doentes)
BA4 Advertidas Pessoas suficientemente informadas ou supervisionadas
por pessoas qualificadas, de tal forma que lhes permite
evitar os perigos da eletricidade (pessoal de manutenção
e/ou operação)
BA5 Qualificadas Pessoas com conhecimento técnico ou experiência tal
que lhes permite evitar os perigos da eletricidade
(engenheiros e técnicos)

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NR-10 - Segurança em Instalações e Serviços com Eletricidade 10
N° Documento: KS-NR-10_BAS – 03.00
NR-10 – Reciclagem
SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E
SERVIÇOS EM ELETRICIDADE

Equipamentos e Ferramentas para


Trabalhos em Eletricidade

Módulo de Treinamento N° 4
EQUIPAMENTOS E FERRAMENTAS PARA TRABALHOS EM ELETRICIDADE

1 - OBJETIVO

Apresentar os principais equipamentos e ferramentas destinados ao trabalho em instalações


com eletricidade.

2 - EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL – E.P.I.

Considera-se Equipamento de Proteção Individual - EPI, todo dispositivo de uso individual, de


fabricação nacional ou estrangeira, destinado a proteger a saúde e a integridade física do
trabalhador.

CABE AO EMPREGADOR
Fornecer aos empregados, gratuitamente, Equipamento de Proteção Individual aprovado
pelo Ministério do Trabalho - MTE, adequado ao risco e em perfeito estado de conservação e
funcionamento, sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa proteção
contra os riscos de acidentes e danos à saúde dos empregados. Além disso, deve:
• exigir seu uso;
• fornecer somente o EPI aprovado pelo órgão nacional competente;
• orientar e treinar o trabalhador quanto a seu uso, guarda e conservação;
• substituir imediatamente quando extraviado ou danificado;
• responsabilizar-se por sua manutenção e higienização;
• Comunicar ao MTE qualquer irregularidade observada.

CABE AO EMPREGADO
• Usá-lo apenas para a finalidade a que se destina;
• Responsabilizar-se por sua guarda, conservação e higienização;
• Comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne impróprio para uso;
• Constitui ato inseguro do empregado a recusa injustificada do uso do E.P.I.

COMPROVANTE DE ENTREGA DE E.P.I.


Ao fornecer um EPI ao empregado, deve ser efetuado o registro formal desta entrega. Para
isso um formulário deve ser assinado pelo empregado onde consta:
• Nome e registro do EMPREGADO;
• Data da entrega do EPI;
• Tipo de EPI e respectivo número do Certificado de Aprovação (CA);
• Assinatura do empregado;

O Certificado de Aprovação (CA) é expedido pelo Ministério do Trabalho e Emprego e deve


ser fornecido pelo fabricante do E.P.I.

2.1 - PROTEÇÃO DA CABEÇA


Destina-se a proteger o trabalhador contra lesões decorrentes de queda de objetos sobre a
cabeça, bem como, isolá-lo contra choques elétricos de até 600 V. Deve ser usado sempre
com a carneira bem ajustada ao topo da cabeça e com a jugular passada sob o queixo, para
evitar a queda do capacete. Devem ser substituídos quando apresentarem trincas, furos,
deformações ou esfolamento excessivo. A carneira deverá ser substituída quando apresentar
deformações ou estiver em mau estado. Para atividades com eletricidade o empregado é o
tipo com aba total (NBR 8221).

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N° Documento: KS-NR-10_REC – 04.00
EQUIPAMENTOS E FERRAMENTAS PARA TRABALHOS EM ELETRICIDADE

Figura 1 - Capacete

2.2 - PROTEÇÃO DOS OLHOS E FACE

ÓCULOS DE PROTEÇÃO
Destinam-se a proteger o trabalhador contra lesões nos olhos decorrentes da projeção de
corpos estranhos ou exposição a radiações nocivas. Cada eletricista deve ter óculos de
proteção com lentes adequadas ao risco específico da atividade, podendo ser de lentes
incolores para proteção contra impactos de partículas volantes, ou lentes coloridas para
proteção contra o excesso de luminosidade ou outra radiação quer solar quer por possíveis
arcos voltaicos decorrentes de manobras de dispositivos ou em linha viva.

Figura 2 – Óculos de proteção Figura 3 – Capacete com viseira

2.3 - PROTEÇÃO AUDITIVA


Destinam-se a proteger o trabalhador contra lesões no sistema auditivo da exposição ao
ruído. Eles podem ser do tipo “concha” indicado para ruídos elevados ou de inserção indicado
para ruídos leves. A exposição crônica a ruídos leva à perda da audição, a tabela abaixo
mostra os níveis de intensidade de som necessário para conseguir mantendo a audição.

Intensidade Sonora Lesão


0 a 25 Audição normal
26 a 40 Perda leve
41 a 70 Perda auditiva moderada
71 a 90 Perda auditiva severa
Mais de 90 Perda auditiva profunda

Figura 4 – Protetores auriculares

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2.4 - PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA

Destina-se a proteger o trabalhador contra substâncias, compostos ou agentes químicos que


possam penetrar no organismo pela via respiratória. Exemplo são: névoas, neblinas, poeiras,
fumos, gases, vapores de substâncias nocivas presentes no ambiente de trabalho.

Figura 5 – Respirador purificador de ar

2.5 - PROTEÇÃO DO CORPO INTEIRO

VESTIMENTA DE TRABALHO
Vestimenta de segurança para proteção de todo o corpo contra arcos voltaicos e agentes
mecânicos, podendo ser um conjunto de segurança, formado por calça e blusão ou jaqueta,
ou macacão de segurança.
- Para trabalhos externos as vestimentas deverão possuir elementos refletivos e cores
adequadas;
- Na ocorrência de insetos como abelhas, marimbondos, etc. deverá ser utilizada
vestimenta adequada à remoção dos mesmos.

VESTIMENTA CONDUTIVA
Destina-se a proteger o trabalhador contra efeitos do campo elétrico criado na realização de
serviços ao potencial. Compõe-se de macacão feito com tecido aluminizado, luvas, gorro e
galochas feitas com o mesmo material, além de possuir uma malha flexível acoplada a um
bastão de grampo de pressão, o qual será conectado à instalação e manterá o eletricista
equipotencializado em relação à tensão da instalação em todos os pontos. Deverá ser usado
em serviços com tensões iguais ou superiores a 66 kV.

2.6 - PROTEÇÃO DOS MEMBROS SUPERIORES

LUVAS DE SEGURANÇA
Destinam-se a proteger o trabalhador contra a ocorrência de choque elétrico, por contato
pelas mãos, com partes energizadas em alta e baixa tensão. Há luvas para vários níveis de
isolamento e em vários tamanhos, que devem ser especificados visando permitir o uso
correto da luva.

Devem ser usadas em conjunto com luvas de pelica, para proteção externa contra
perfurações e outros danos. Deve-se usar talco neutro no interior das luvas para facilitar a
colocação e retirada da mão.

As luvas devem sempre estar em perfeitas condições e serem acondicionadas em sacola


própria. Antes do uso, as luvas isolantes devem sofrer vistoria e devem ser periodicamente
ensaiadas quanto ao seu isolamento. Caso estejam furadas, mesmo que sejam microfuros,
ou rasgadas, com deformidades ou desgastes intensos, ou ainda, não passem no ensaio

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elétrico, devem ser rejeitadas e substituídas. Existem aparelhos que insuflam essas luvas e
medem seu isolamento.

Figura 6 – Luvas isolantes

São fabricadas em seis classes:

CLASSE TENSÃO MÁXIMA DE TRABALHO [V]


00 500
0 1.000
1 7.500
2 17.000
3 26.500
4 36.000

Normalmente os eletricistas de distribuição (BT) utilizam as de classe 0, para trabalhos em


baixa tensão e a de classe 2 para trabalhos em circuito primário de 13,8kV.

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LUVAS DE PELICA
As luvas de pelica são utilizadas como cobertura das luvas isolantes (sobrepostas a estas) e
destinam-se a protegê-las contra perfurações e cortes originados de pontos perfurantes,
abrasivos e escoriantes. São confeccionadas em pelica com costuras finas para manter a
máxima mobilidade dos dedos e possui um dispositivo de aperto com presilhas para ajuste
acima do punho.

LUVAS DE SEGURANÇA PARA PROTEÇÃO CONTRA AGENTES ABRASIVOS E


ESCORIANTES
Confeccionadas em raspa de couro ou vaqueta e com outras costuras reforçadas, destinam-
se a proteger as mãos do trabalhador contra cortes, perfurações e abrasões. O trabalhador
deve usá-las sempre que estiver manuseando materiais genéricos abrasivos ou cortantes que
não exijam grande mobilidade e precisão dos dedos.

MANGAS DE SEGURANÇA ISOLANTES PARA PROTEÇÃO DE BRAÇOS E


ANTEBRAÇOS CONTRA CHOQUES ELÉTRICOS (MANGOTES)
Destinam-se a proteger o trabalhador contra a ocorrência de contato, pelos braços e
antebraços, com partes energizadas. As mangas são normalmente empregadas com nível de
isolamento de até 20KV e em vários tamanhos. Possuem alças e botões que as unem nas
costas. Devem ser usadas em conjunto com as luvas isolantes. Antes do uso, as mangas
isolantes devem sofrer vistoria e periodicamente ensaiadas quanto ao seu isolamento.

2.7 - PROTEÇÃO DOS MEMBROS INFERIORES

CALÇADOS DE SEGURANÇA PARA PROTEÇÃO CONTRA AGENTES MECÂNICOS E


CHOQUES ELÉTRICOS
Destinam-se a proteger os pés do trabalhador contra acidentes originados por agentes
cortantes, irregularidades e instabilidades de terrenos, evitar queda causada por escorregão e
fornecer isolamento elétrico até 1.000V (tensão de toque e tensão de passo). Os calçados de
segurança para trabalhos elétricos são normalmente de couro, com palmilha de couro e
solado de borracha ou poliuretano e não devem possuir componentes metálicos.

Figura 7 – Botina de Segurança

CALÇADOS CONDUTIVOS
Destinam-se aos trabalhos em linha viva ao potencial. Possui condutor metálico para
conexão com a vestimenta de trabalho.

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PERNEIRAS DE SEGURANÇA ISOLANTES PARA PROTEÇÃO DA PERNA CONTRA


CHOQUES ELÉTRICOS
Destinam-se a proteger o trabalhador contra a ocorrência de contato pelas coxas e pernas
com instalações ou partes energizadas. As perneiras são normalmente empregadas com
nível de isolamento de até 20 kV e em vários tamanhos. Devem ser usadas em conjunto com
o calçado apropriado para trabalhos elétricos. Antes do uso, as perneiras isolantes devem
sofrer vistoria e devem ser periodicamente submetidas a ensaios quanto ao seu isolamento.

2.8 - PROTEÇÃO CONTRA QUEDAS

CINTURÃO DE SEGURANÇA
O conjunto cinturão / talabarte destina-se a proteger o trabalhador contra a queda de alturas
(sobre escadas e estruturas). Seu uso é obrigatório em serviços em altura superior a 2 m em
relação ao piso. O cinturão deve ser posicionado na região da cintura pélvica (pouco acima
das nádegas) para que, no caso de uma queda, não haja ferimentos na coluna vertebral.
Deve ser usado em conjunto com talabarte.

TALABARTE
É acoplado ao cinturão de segurança, e permite o posicionamento em estruturas (torres,
postes). Normalmente é confeccionado em poliamida trançada e revestida com neoprene e
possui dois mosquetões forjados e galvanizados, dotados de dupla trava. Existem modelos
em “Y” muito usados em torres de transmissão.

CINTURÃO DE SEGURANÇA TIPO PARA-QUEDISTA


É um cinturão confeccionado em tiras de nylon de alta resistência tanto no material quanto
nas costuras e ferragens. Os pontos de apoio são distribuídos em alças presas ao redor das
coxas. Conjugado com sistema trava-quedas, permite a subida, descida ou resgate de forma
segura e eficaz.

Figura 8 – Cinturão de Segurança tipo Paraquedista

DISPOSITIVO TRAVA-QUEDA
Dispositivo de segurança para proteção do usuário contra quedas em operações com
movimentação vertical ou horizontal, quando utilizado com cinturão de segurança para
proteção contra quedas. É acoplado à corda-guia (ou “linha de ancoragem” ou “linha de
vida”).

FITA OU CABO DE AÇO RETRÁTIL

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Amortecedor de queda utilizado para fixação em ponto de ancoragem em estruturas.

3 - EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA – E.P.C.

Os equipamentos de proteção coletiva são dispositivos, sistemas (fixos ou móveis)


destinados a preservar a integridade física e a saúde dos trabalhadores, usuários e terceiros.
Devem ser colocados em áreas onde serão realizados os serviços.

As ferramentas utilizadas nos serviços em instalações elétricas e em suas proximidades


devem ser eletricamente isoladas, em especial àquelas destinadas a serviços em instalações
elétricas energizadas.

Na sequência são citados alguns dos principais equipamentos de proteção coletiva para
atividades realizadas na área elétrica.

3.1 - DISPOSITIVOS DE MANOBRA

São instrumentos isolantes utilizados para executar trabalhos em linha viva e operações em
equipamentos e instalações energizadas ou desenergizadas onde existe possibilidade de
energização acidental, tais como:

- operações de instalação e retirada dos conjuntos de aterramento e curtocircuitamento


temporário em linhas desenergizadas (transmissão e distribuição);
- manobras com chave faca fusível;
- retirada e colocação de cartucho em porta fusível;
- operação de detecção de tensão;
- troca de lâmpadas e elementos do sistema elétrico;
- poda de árvores;
- limpeza de elementos das redes de transmissão e distribuição.

VARAS DE MANOBRA
São fabricadas com materiais isolantes, normalmente em fibra de vidro e epóxi, e, em geral,
na cor laranja. São segmentadas (aprox. 1 m cada) e se encaixam de acordo com a
necessidade de alcance.

São providas de suporte universal e cabeçote, onde na ponta pode-se colocar o detector de
tensão, gancho para desligar chave fusível ou para conectar o cabo de aterramento nos fios,
etc. Nesta ponta há uma “borboleta” onde se aperta com a mão o que se deseja acoplar. As
varas mais usuais suportam uma tensão de até 100 kV para cada metro. Sujeiras (poeiras,
graxas) reduzem drasticamente o isolamento. Por isso, antes de serem usadas devem ser
limpas de acordo com o procedimento. Outro aspecto importante é o acondicionamento para
o transporte, que deve ser adequado. Para tensões acima de 60 kV devem ser testadas
quanto à sua condutividade antes de cada uso, com aparelho próprio.

BASTÕES
São similares e do mesmo material das varas de manobra. São utilizados para outras
operações de apoio. Nos bastões de salvamento há ganchos para remover o acidentado.

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Figura 9 – Varas de Manobra Figura 10 - Bastões

3.2 - INSTRUMENTOS DE DETECÇÃO DE TENSÃO E AUSÊNCIA DE TENSÃO


São pequenos aparelhos de medição ou detecção acoplados na ponta da vara que serve
para verificar se existe tensão no condutor. Antes do início dos trabalhos em circuitos
desenergizados é obrigatório a constatação de ausência de tensão através desses
equipamentos. Esses aparelhos emitem sinais sonoros e luminosos na presença da tensão.
Este equipamento sempre deve estar no veículo das equipes de campo. São frequentes
improvisações na verificação da tensão, ou não usarem o aparelho, fato que tem gerado
acidentes graves. Esses instrumentos devem ser regularmente aferidos e possuírem um
certificado de aferição. São encontrados os seguintes tipos:

- detectores de tensão por contato:


- detectores de tensão por aproximação:
- micro amperímetro para medição de correntes de fuga – para medição de correntes de
fuga em cestas aéreas, escadas e andaimes isolantes nas atividades de manutenção
em instalações energizadas.

Figura 11 – Detetor de tensão por aproximação

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EPI PARA PROTEÇÃO CONTRA OUTROS RISCOS


Para serviços elétricos em ambientes onde houver a presença de outros agentes de risco, deverão
ser utilizados equipamentos de proteção individual específicos e apropriadas aos agentes envolvidos,
tais como:

- Respirador purificador de ar para proteção do sistema auditivo, quando o trabalhador estiver


exposto a níveis de pressão sonora superiores ao estabelecido;
- Vestimenta adequadas a riscos químicos, umidade, calor, frio, etc..., eventualmente presentes no
ambiente;
- Calçado de segurança de proteção contra umidade;
- Luvas de proteção aos riscos mecânicos, químicos e biológicos;
- Outros em função da especificidade dos riscos adicionais.

CREME PROTETOR SOLAR


Para trabalhos externos com exposição solar poderá ser usado creme protetor com filtro para
radiações solares, em partes como a face e outras partes expostas.

TRABALHO SUJEITO A CONDIÇÕES ESPECIAIS


É aquele exercido com exposição a agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou associação de
agentes, em concentração ou intensidade e tempo de exposição que ultrapasse os limites de
tolerância (químicos e físicos), ou que, dependendo dos agentes (biológicos ou associação), torne a
simples exposição em condição especial prejudicial à saúde.

AGENTES QUIMICOS

Agentes químicos são substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar no organismo pela
via respiratória, ou que, pela natureza da atividade de exposição, possam ter contato ou ser
absorvidos pelo organismo através da pele ou por ingestão.

Exemplo: os manifestados por névoas, neblinas, poeiras, fumos, gases, vapores de substâncias
nocivas presentes no ambiente de trabalho, absorvidas por via respiratória, bem como aqueles que
forem passíveis de absorção por meio de outras vias;

AGENTES BIOLÓGICOS
Consideram-se agentes biológicos os microorganismos como bactérias, fungos, parasitas, bacilos,
vírus, protozoários e ricketesias dentre outros.

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TIPO DE FINALIDADE EQUIPAMENTO INDICADO


PROTEÇÃO
Contra riscos de queda de objetos, -capacete de segurança
PROTEÇÃO PARA objetos no trajeto, batidas por
O choque elétrico, cabelos
CRÂNIO arrancados,etc.
Contra riscos de impacto de -óculos de segurança;
partículas, respingos de produtos -máscaras
PROTEÇÃO PARA A
químicos, ação de radiação
FACE
calorífica ou luminosa
(infravermelho, ultravioleta e calor)
Contra níveis de ruído que -protetores de inserção
PROTEÇÃO
ultrapassem os limites de -protetores externos
AUDITIVA
tolerância.
Contra gases ou outras -respiradores com filtros
PROTEÇÃO substâncias nocivas ao organismo mecânicos, químicos ou com a
RESPIRATÓRIA que tenham por veículo de combinação dos dois tipos, etc.
contaminação as vias respiratórias.
Contra os mais variados tipos de -aventais de napa ou couro, de
PROTEÇÃO DO agentes agressores PVC, de lona e de plástico,
TRONCO conforme o tipo de agente
Contra materiais cortantes, -luvas de malhas de aço, de
abrasivos, escoriantes, perfurantes, borracha, de neoprene e vinil, de
PROTEÇÃO DOS térmicos, elétricos, químicos, couro, de raspa, de lona e algodão,
MEMBROS biológicos e radiantes que podem Kevlar, etc.
SUPERIORES provocar lesões nas mãos ou
provocar doenças por intermédio
delas.
Contra impactos, eletricidade, -sapatos de segurança
PROTEÇÃO DOS metais em fusão, umidade, -perneiras
MEMBROS produtos químicos, objetos -botas (com biqueiras de aço,
INFERIORES cortantes ou pontiagudos, agentes isolantes, etc., fabricados em
biológicos, etc. couro, lona, borracha, etc...)

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