Avaliação de Conformidade Técnica e de Segurança em

Instalações Elétricas: um estudo de caso em uma escola

pública de São Luís – MA
Anny Karen B. Pinto, Universidade CEUMA. Danilo Lima da Guia, Orientador, Universidade CEUMA.

I.INTRODUÇÃO II. REFERENCIAL TEÓRICO

A eletricidade é a fonte de energia mais utilizada na
A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) é a
sociedade atual, sendo indispensável para suprir necessidades
agência reguladora do setor elétrico brasileiro, com a
como conforto, bem-estar e principalmente segurança. Sua
finalidade de regular e fiscalizar a produção, transmissão e
ampla utilização se deve majoritariamente a facilidade no
comercialização de energia elétrica. Através de sua Resolução
transporte, desde a geração até o consumidor final, bem como
Normativa Nº 1000/2021, explicita em seu primeiro artigo as
a fácil conversão em outros tipos de energia.
regras de Prestação do Serviço Público de Distribuição de
No entanto, apesar da larga utilização, o trabalho com
Energia Elétrica, nas quais estão dispostos os direitos e deveres
energia elétrica exige conhecimento e cautela, a fim de
do consumidor e demais usuários do serviço. (
proporcionar segurança aos usuários e eficiência da instalação
Ao passo que a Associação Brasileira de Normas Técnicas
elétrica. As irregularidades encontradas em instalações
(ABNT) é o órgão responsável pela normatização técnica do
elétricas podem provocar sérios acidentes como choques
país. Dentro da ABNT existe o Comitê Brasileiro de
elétricos, incêndios, sobrecarga dos componentes elétricos
Eletricidade, na qual é responsável pela normatização no
causando danos aos equipamentos, bem como a
campo da eletricidade.
incompatibilidade da capacidade de carga projetada e da carga
As Normas Brasileiras (NBR’s) são elaboradas pela ANBT
consumida devido ao mau dimensionamento das instalações
através de seus comitês. Trata-se de um conjunto de normas e
ou a inexistência deste, de modo que, não possuem projeto
diretrizes de caráter técnico que tem como função padronizar
elétrico, além de serem feitas por operários sem qualificação
processos para a elaboração de produtos e serviços no Brasil.
técnica para realização do serviço de instalação, favorecendo
À medida que as Normas Regulamentadoras (NR’s) se
a ocorrência da deficiência energética, assim como, o mal
referem às normas criadas pelo Ministério do Trabalho e
funcionamento das instalações. (MARTINHO, 2015).
Emprego (MTE) e tem como objetivo promover a saúde e a
Segundo dados da Associação Brasileira de
segurança do trabalhador. Por serem elaboradas por um órgão
Conscientização dos Perigos de Eletricidade (ABRACOPEL,
público, são obrigatórias. O não cumprimento delas gera
2020), em 2019 foram registrados 1.662 acidentes com origem
penalidades como multas e interdições. Já as NBR’s não são
elétrica em todo o país. Ao todo, um aumento de 16,71% em
obrigatórias, portanto, não existem sanções legais se não forem
comparação a 2018, com 909 choques, 656 incêndios por
adotadas.
sobrecarga ou curto-circuito e 85 descargas atmosféricas
Enquanto isso, a ISO é uma norma criada pela International
(raios), sendo 821 acidentes fatais.
Organization for Standardization (ISO), uma organização
Por esse motivo, o trabalho com eletricidade exige que
internacional que tem como principal objetivo aprovar e
todas as medidas de segurança sejam praticadas, sendo
promover o desenvolvimento de normas internacionais, testes
necessário, para isso, seguir as normas regulamentadoras a fim
e certificação de empresas e produtos. Cada país edita e
de garantir a segurança e reduzir os riscos de acidentes
elabora sua edição da ISO, sendo assim, uma NBR ISO é uma
elétricos, bem como contribuir para o bom funcionamento da
versão brasileira de uma norma internacional.
instalação.
Diante disto, o presente trabalho tem como objetivo geral
realizar uma pesquisa em uma escola em São Luís do A. ABNT NBR 5410:2004 – Instalações Elétricas de Baixa
Maranhão, para que seja possível fazer um levantamento dos Tensão
problemas técnicos nas instalações elétricas e apresentar A NBR 5410 estabelece as condições mínimas que devem
melhorias, tendo em vista a segurança dos usuários, das satisfazer as Instalações Elétricas de Baixa Tensão, a fim de
instalações elétricas e conservação do patrimônio. garantir a segurança dos usuários, o funcionamento adequado
da instalação e a conservação dos bens.
Do ponto de vista da NBR 5410, são instalações de baixa
tensão os circuitos elétricos alimentados sob tensão nominal
de igual ou inferior a 1 kV em corrente alternada, com
frequências inferiores a 400 Hz, ou a 1,5 kV em corrente
contínua.
 Os principais tópicos da NBR 5410 que serão abordados
no trabalho são:
a) Proteção Contra Choques Elétricos: a norma estabelece que
os usuários da instalação elétrica devem ser protegidos contra
choques elétricos. Sendo assim, existem duas regras
fundamentais:
- partes vivas perigosas não devem ser accessíveis;
- partes condutivas acessíveis não devem oferecer perigo, tanto
em condições normais, quanto em caso de falha que as tornem
acidentalmente vivas.
b) Seleção e Instalação das Linhas Elétricas: trata-se do
dimensionamento de condutores e sua isolação, eletrodutos,
eletrocalhas, condutores em paralelo entre outros, devendo
estar compatível com as condições elétricas, operacionais e
ambientais a que forem submetidos.
c) Dispositivos de Proteção, Seccionamento e Comando: esta
subseção trata dos dispositivos de proteção contra choques
elétricos, contra sobrecorrentes, contra surtos e os dispositivos
de seccionamento e comando.
d) Divisão da Instalação: a norma diz que a instalação deve ser
dividida em tantos circuitos quantos necessários, de modo a
garantir a segurança, conservação de energia ou mesmo
facilitando a manutenção.
B. ABNT NBR 13570:1996 – Instalações Elétricas em Locais
de Afluência de Público – Requisitos Específicos
Esta norma é um complemento da NBR 5410 e estipula os
requisitos específicos para as instalações elétricas em locais de
afluência de público e tem como objetivo garantir a segurança
dos usuários nesses locais.
A norma define quais são os locais de afluência de público,
tais como shoppings, igrejas, cinemas, parques entre outros,
além de definir as suas capacidades mínimas.
C. ABNT NBR ISO/CIE 8995-1:2013 – Iluminação de
Ambientes de Trabalho
Estabelece os requisitos de iluminação para locais de
trabalho internos e os requisitos para que as pessoas
desempenhem tarefas visuais de maneira eficiente, com
conforto e segurança. Para garantir um ambiente luminoso, é
necessário observar parâmetros como: iluminância,
distribuição da luminância, ofuscamento entre outros.
D. ABNT NBR 10898:2013 – Sistema de Iluminação de
Emergência
O sistema de iluminação de emergência regido pela NBR
10898, tem como objetivo viabilizar a evacuação segura em
casos de queda de energia, incêndios e eventos que necessitam
de desocupação rápida e segura de uma determinada área.
O sistema de iluminação de emergência deve, nessas
situações, ser acionado automaticamente, iluminando o
ambiente de forma a permitir a visualização de rotas de fuga e
assim, a localização de feridos impossibilitados de locomoção
e a saída de pessoas. Sua área de abrangência deve indicar
mudanças nas direções nos trajetos para a saída, como também
sinalizar o topo do prédio para a aviação comercial.
E. ABNT NBR 5419-3:2015 – Proteção de Estruturas Contra
Descargas Atmosféricas
Esta parte da norma trata da proteção, no interior e ao redor
de uma estrutura, contra danos físicos e contra lesões a seres
vivos. Ela considera que a medida mais eficaz de proteção é o
sistema de proteção contra descargas atmosféricas (SPDA),
que é composto por um sistema externo e um sistema interno.
O sistema externo é projetado para interceptar as descargas
atmosféricas diretas à estrutura, incluído descargas laterais às
estruturas, e conduzir a corrente da descarga atmosférica do
ponto de impacto à terra.
Ao passo que o sistema interno deve evitar a ocorrência de
centelhamentos perigosos dentro do volume de proteção e da
estrutura a ser protegida devido à corrente da descarga
atmosférica que flui pelo SPDA externo ou em outras partes
condutivas da estrutura.
F. NR 10:2019 – Segurança em Instalações e Serviços em
Eletricidade
Estabelece os requisitos e condições mínimas objetivando
a implementação de medidas de controle e sistemas
preventivos, assim como a NBR 5410, ela também visa a
segurança, mas foca na saúde dos trabalhadores que, direta ou
indiretamente, interajam em instalações elétricas e serviços
com eletricidade.
Abrange todos os segmentos do setor elétrico e todos os
processos referentes a instalações elétricas: desde as fases de
geração, transmissão, distribuição e consumo, incluindo etapas
de projeto, construção, montagem, operação, manutenção das
instalações elétricas.
Esta norma define alta tensão (AT) como sendo uma tensão
superior a 1 kV em corrente alternada ou 1,5 kV em corrente
contínua, devendo os trabalhadores que intervenham em
instalações elétricas com alta tensão, exercerem suas
atividades dentro dos limites estabelecidos como zonas
controladas e de risco. Além disto, esses trabalhadores devem
receber treinamento específico em segurança no Sistema
Elétrico de Potência (SEP), bem como em Segurança em
Instalações e Serviços com Eletricidade.
G. ABNT NBR 14039:2003 - Instalações Elétricas de Média
Tensão de 1 kV a 36,2 kV
Esta Norma estabelece um sistema para o projeto e
execução de instalações elétricas de média tensão, com tensão
nominal de 1,0 kV a 36,2 kV, à frequência industrial, de modo
a garantir a segurança e continuidade de serviço. Sua
aplicabilidade abrange instalações desde a geração até a
distribuição e utilização de energia elétrica.
A aplicação desta norma não dispensa o respeito aos
regulamentos de órgãos públicos aos quais a instalação deva
satisfazer, podendo ser necessário, além das prescrições desta
norma, o atendimento das normas e/ou padrões da
concessionária.
Esta norma não se aplica:
• às instalações elétricas de concessionárias em todos
os segmentos do setor quando exercendo serviço de
utilidade pública;
• às instalações de cercas eletrificadas;
• trabalhos com circuitos energizados.
H. Normas NT.001:2022 e NT.002:2022 da Equatorial
Energia
A Equatorial Energia, concessionária responsável pelo
fornecimento de energia elétrica no Maranhão, através da
norma NT. 001, que dispõe sobre o Fornecimento de Energia
Elétrica em Baixa Tensão, define os limites de fornecimento
em baixa tensão, onde, diferente da NBR 5410, é considerada
também a potência instalada, que deve ser igual ou inferior a
75 kW, podendo sua ligação ser monofásica a 2 (dois)
condutores, 1 (um) fase e 1 (um) neutro, caso não exceda o
limite 12 kW, ou trifásica a 4 (quatro) condutores, sendo 3
(três) fases e 1 (um) neutro, até o limite de 75 kW.
Enquanto isso, norma NT. 002, que trata do Fornecimento
de Energia Elétrica em Média Tensão, aplica-se a unidades
consumidoras de uso individual em que a carga instalada for
superior a 75 kW e a demanda contratada ou estimada pelo
interessado, para fornecimento, for igual ou inferior a 2500
kW, sendo atendido nas tensões nominais de 13,8 kV e 34,5
kV no estado do Maranhão.
Além de definir os critérios gerais para o fornecimento em
média tensão, define também os materiais e equipamentos a
serem utilizados, bem como os padrões construtivos das
subestações, sem prejuízo do disposto no artigo 23 da
Resolução nº 1000 da ANEEL, que define alguns dos critérios
a serem observados pelas distribuidoras.
I. Dimensionamento da Instalação de Média Tensão
Devido a falta do projeto elétrico de baixa tensão da
instalação, houve a necessidade de verificar individualmente a
potência de cada equipamento e seu fator de potência, e onde
não foi possível a verificação no equipamento, foram
utilizadas as tabelas das normas NT 01 e NT 02 da Equatorial
Energia, onde é possível encontrar a potência e fator de
potência aproximado de equipamentos.
Além disso, também foi necessário calcular as cargas de
iluminação e tomadas de uso geral, e devido a falta de projeto,
as cargas de tomadas foram calculadas de acordo com os
aparelhos por elas alimentados, e onde não havia aparelhos, foi
determinado a carga mínima da tomada de acordo com a NBR
5410, que determina potência mínima por ponto de tomada
igual a 100 VA.
Com isso foi feita a determinação da demanda total e por
grupo utilizando a Metodologia para Cálculo da Demanda,
disponibilizada no item 12.2 da NT 02. Essa metodologia
determina que a demanda total da instalação é a soma das
diversas demandas dos equipamentos agrupados por tipo de
carga, como mostra a tabela 1:
Tabela 1 – Determinação da Demanda por Grupo
GRUPO A Iluminação e tomadas de uso geral (TUG's) até 300W
GRUPO B Tomadas de uso específico (TUE's)
GRUPO C Ar-condicionado
GRUPO D Motores elétricos e máquinas de solda
GRUPO E Equipamentos especiais
levando em consideração as cargas, fatores de demanda e
demandas de cada tipo ou grupo de equipamentos, de acordo
com a equação abaixo:
𝐷(𝑘𝑉𝐴) = 𝐷𝑎(𝑘𝑉𝐴) + 𝐷𝑏(𝑘𝑉𝐴) + 𝐷𝑐(𝑘𝑉𝐴) + 𝐷𝑑(𝑘𝑉𝐴) + 𝐷𝑒(𝑘𝑉𝐴)
A seguir são descritos os passos para o cálculo da demanda
total:
1º passo - determinar a carga instalada em kW e em kVA,
conforme (2) e (3):
𝐶𝐼(𝑘𝑊) = ΣPotências em kW (2)
CI(kW)
𝐶𝐼(𝑘𝑉𝐴) = (3)
FP
onde CI é a carga instalada e FP é o fator de potência.
2º passo - determinar a demanda em kW das cargas de
iluminação e tomadas de uso geral (TUG’s), motores, ar-
condicionado e tomadas de uso específico (TUE’s), aplicando
fator de demanda (FD) específico de cada equipamento ou
grupo de equipamentos:
𝐷(𝑘𝑊) = 𝐶𝐼(𝑘𝑊)𝑥𝐹𝐷 (4)
3º passo – determinar a demanda em kVA das cargas de
iluminação e TUG’s, motores, ar-condicionado e TUE’s,
conforme (5):
𝐷(𝑘𝑊) = 𝐶𝐼(𝑘𝑊)𝑥𝐹𝐷 (5)
4º passo - determinar a demanda total em kW e kVA
5° passo - com a demanda total D(kVA), dimensionar o
transformador e seus componentes, como condutores e elos
fusíveis.
III. METODOLOGIA
Para este estudo foram realizadas pesquisas bibliográficas
em livros e artigos científicos para fundamentação. A coleta de
dados foi realizada por métodos quantitativos através de
consultas e observações técnicas a fim de realizar a inspeção
visual da edificação a fim de identificar pontos que não estão
em conformidade com as normas vigentes; levantamento de
cargas da instalação; inspeção em sistemas de proteção contra
descargas atmosféricas e malha de aterramento; e por fim a
elaboração de relatórios de inspeção predial, propondo as
devidas correções para os problemas encontrados.
A. Tipos de Pesquisa
A metodologia da pesquisa se configurou em dois critérios
básicos: quanto aos meios e quanto aos fins. Quanto aos meios
tem-se pesquisas de campo, estudos de casos e estudos de
laboratórios. Quanto aos fins abordam-se pesquisas de caráter
descritivos, explicativos e exploratórios (S. C. VERGARA,
2007). Neste contexto, este artigo caracteriza-se como um
estudo de caso pois irá descrever as etapas do processo de
avaliação da instalação elétrica, analisando minuciosamente
alguma não conformidade, objetivando a resolução de
possíveis problemas.
B. Local de Estudo
O ambiente de pesquisa e coleta de dados deu-se nas
instalações do Centro de Ensino Maria José Aragão, uma
escola pública fundada em fevereiro de 1991, composta por 26
(1) funcionários e cerca de 400 alunos, localizada na Rua 205,
Unidade 205 - Cidade Operária, São Luís – MA. Segue Na entrada e medição de energia, não foi encontrada a
imagem de satélite obtida através do Google Maps: chave que dá acesso ao disjuntor geral. Portanto, se torna
necessário encontrar e identificar a chave e colocá-la em um
local de fácil acesso para casos de emergência.

Fig. 1: Local de Estudo. SEDUC, 2022

C. Coleta de Dados
Após assinada a autorização para realização do estudo nas
instalações elétricas da escola, houve uma breve conversa com
o Diretor Geral do Centro de Ensino Maria José Aragão e uma Fig. 2: Entrada e Medição de Energia. Autoria Própria, 2022.
conversa via telefone com o Engenheiro Eletricista da SEDUC
A instalação possui 4 (quatro) quadros de distribuição,
– MA (Secretaria de Educação do Governo do Estado do
sendo um deles o quadro geral, localizados em ambientes
Maranhão) sendo constatada a inexistência da documentação
acessíveis ao público, além de permitirem o acesso por pessoal
da instalação, como plantas, esquemas unifilares, parâmetros
não qualificado, pois não possuíam cadeado para restrição de
de projeto, bem como Atestado de Conformidade de
acesso, além de não possuírem identificação das posições
Instalações Elétricas e SPDA emitido pelo Corpo de
aberta e fechada das chaves, descumprindo o item 4.8 da NBR
Bombeiros Militar do Maranhão e outros, o que descumpre o
13570. Também não possuem sinalização quanto ao perigo de
item 6.1.8.2 da norma NBR 5410, e os itens 10.2.3 e 10.2.4 da
choque elétrico, o que está em desacordo com o item 6.5.4.10
NR 10, e a NT 01/2021 – Procedimentos Administrativos e
da NBR 5410 e 10.10.1 NR 10, como pode ser observado na
Medidas de Segurança, estando inclusive sujeito a multa.
Fig. 2 abaixo:
Além disso, também foi constatado que desde a instalação
inicial, em 1991, nunca houve manutenção das instalações
elétricas, apenas sendo acrescida de novas instalações,
descumprindo também os itens 10.4.2 e 10.4.4 da NR 10.
Diante disso, foi elaborado, inicialmente, um checklist
contendo todos os pontos relevantes de todas as normas a
serem abordadas, posteriormente foi efetuado o levantamento
de carga da escola, estabelecendo-se toda a potência ativa e
reativa, seja de circuitos de tomadas de uso geral e específicos,
ar-condicionado e iluminação, sendo os dados obtidos através
de inspeção visual dos aparelhos, tomadas e da iluminação
instalada, assim como nos sistemas de proteção contra
descargas atmosféricas, seguindo de acordo com o checklist.

D. Relatório de Inspeção Predial Fig. 3: QBGT. Autoria Própria, 2022.

Por fim foram elaborados os relatórios de inspeção predial,
que é o resultado da auditoria da instalação elétrica,
especificando em quais partes da inspeção predial foram
constatadas as não conformidades com as normas e quais são
as recomendações e medidas de adequação, facilitando para
que sejam executadas de maneira correta as obras de correção.
IV. RESULTADOS
1. Quanto a instalação elétrica de baixa tensão
Após a inspeção visual da instalação, foi possível fazer os
apontamentos e observações referentes às não-conformidades
em relação às normas.
1.1. Quanto a proteção para garantir a segurança
No quadro geral existe a presença dos disjuntores
termomagnéticos e de DPS (Dispositivo de Proteção Contra
Surtos) nas fases, porém o neutro não está sendo aterrado no
barramento de equipotencialização principal, o que torna
obrigatório a presença de DPS no neutro, de acordo com o item
6.3.5.2.2 da NBR 5410. Além disso, foi constatada a falta de
proteção de acrílico nos barramentos, deixando-os expostos e
comprometendo a segurança, bem como falta de identificação
dos circuitos, não conforme com os itens 5.1 e 6.5.4.9 da NBR
5410 e item 10.10.1 da NR 10.
Não foi observado conexão entre o barramento terra e
malha de aterramento, como também não foi encontrado
sistemas de captação de nenhum tipo ao redor da estrutura, o
que implica na inexistência de aterramento, desrespeitando
não só a NBR 5419, como também a Lei Nº 11.390 de
21/12/2020, que institui o Regulamento de Segurança Contra
Incêndios das edificações e áreas de risco no Estado do
Maranhão.
Recomendações:
- Colocar proteção de acrílico ou material metálico aterrado de
forma a impedir o risco de contato direto e indireto das partes
vivas.
- Colocar DPS no neutro.
- Identificar os componentes, barras de terra e neutro e fiações
disponíveis no interior do quadro.
- Instalação do Sistema de Proteção Contra Descargas
Atmosféricas, com o sistema de captação e malha de
aterramento.
- Colocar placa de advertência de risco de choque elétrico na
porta do quadro.
Fig. 6: QD 03. Autoria Própria, 2022.
Quanto aos demais quadros de distribuição, foi constatada
a falta de identificação de alguns circuitos e outros ilegíveis,
além da falta do DR, que é obrigatório para os circuitos dos Recomendações:
banheiros e cozinhas, ou qualquer área sujeita a lavagens, onde - Identificar os componentes e fiações disponíveis no interior
consta no item 5.1.3.2.2 da NBR 5410. E mais uma vez a falta do quadro;
de sinalização quanto ao perigo de choque elétrico, conforme - Colocar DR, principalmente nos circuitos em que são
ilustra as figuras abaixo: obrigatórios, de acordo com a norma.
- Colocar placa de advertência de risco de choque elétrico na
porta do quadro.
Quanto a previsão de pontos de tomadas, os 3 (três)
banheiros existentes deveriam possuir pelo menos um ponto
de tomada em cada, o que não ocorre. Enquanto isso, todas as
salas de aula possuem apenas 2 (duas) tomadas, onde deveria
no mínimo 5, de acordo com as medições de perímetro
realizadas nas salas, onde dispõe o item 9.5.2.2.1 da NBR 5410
sobre o número de pontos de tomada.
Quanto a iluminação, foram medidos todos os ambientes a
fim de efetuar o cálculo luminotécnico e analisar se os
ambientes possuem iluminação suficiente para execução de
tarefas visuais de acordo com o disposto na NBR ISO 8995-1.
Fig. 4: QD 01. Autoria Própria, 2022.
A lâmpada utilizada nas salas e outros ambientes é a
Luminária Tubular LED Dupla 2x18W Elgin, contendo fluxo
luminoso de 3000 lúmens (lm), enquanto no ginásio são
usados refletores DEEP LED High Tech 100W, com 9000
lúmens.
Lúmen é a quantidade de luz da lâmpada, enquanto lux diz
respeito a incidência de luz da lâmpada e ao nível de
iluminância de um espaço, sendo 1 lux = 1 lm/m2.
Diante do exposto, segue a tabela com os tipos de
ambientes que a escola possui, sua área, a quantidade de lux
recomendada e a que realmente está instalada.
Tabela 2 – Quantidade de Lux por Ambiente
Tipo de Lux Área do Lux
Ambiente recomendado Ambiente existente
Área de
Fig. 5: QD 02. Autoria Própria, 2022.
100 374,46 m2 96,14
Circulação
Banheiros 200 16,6 m2 361,45
Biblioteca 500 62,2 m2 289,39
Ginásio 300 788,72 m2 136,93
Refeitório /
200 63,35 m2 189,42
Cantina
Sala de
500 14,74 m2 814,11
Informática
 Sala dos a 1 para os primeiros 12 kW e 0,5 para o excedente, como
300 43,66 m2 274,85
Professores demonstra a tabela 3:
Salas de Tabela 3 – Demanda do Grupo A
300 48,83 m2 368,63
Aula
Secretaria 200 20,44 m2 293,54
Sala de
200 10,62 m2 282,49
Gestão

Pode-se observar que em alguns ambientes possui

quantidade de lux muito acima do recomendado, o que pode
causar ofuscamento e prejudicar a visualização de objetos, Para o cálculo da demanda do grupo B, que se refere a
enquanto em outros ambientes não possui o suficiente, tomadas de uso específico (TUE) acima de 300W, houve a
prejudicando o desempenho das atividades a serem realizadas, separação de cada tipo de equipamento, a quantidade e seu
o que caracteriza falta de dimensionamento na iluminação, fator de demanda aplicado sobre a quantidade total, conforme
descumprindo não só a NBR ISO 8995-1, como também a NR a tabela 4:
17, que trata da Ergonomia. Portanto, se faz necessária uma
Tabela 4 – Demanda do Grupo B
avaliação luminotécnica a fim de adequar a luminosidade para Pot. W Carga Demanda
Descrição Qtd. FP FD
o valor recomendado para proporcionar um ambiente Individual Pot. W Pot. VA Pot. W Pot. VA
Geladeira 1 500 500 555,56 0,9 1 500 555,56
luminoso, mas confortável, satisfazendo os aspectos Grupo B
Torradeira 1 800 800 800,00 1 0,96 768 768,00
quantitativos e qualitativos exigidos por cada ambiente. Micro-ondas 1 1200 1200 1333,33 0,9 1 1200 1333,33
Total 2468 2656,89

2. Quanto a segurança
Para o grupo C, composto somente por aparelhos de ar-
Não foi observado nenhum tipo de equipamento provendo condicionado, tem-se que o FD é aplicado sobre a quantidade
iluminação de emergência em toda a instalação, descumprindo total de equipamentos, de acordo com a tabela 5:
totalmente a NBR 10898, bem como não possui nenhum tipo
Tabela 5 – Demanda do Grupo C
de proteção contra incêndios e emergências, descumprindo
assim o item 10.9.1 da NR 10, o item 23.1 da NR 23, e ainda
o item 12 da NT 01 - Norma Técnica de Procedimentos
Administrativos e Medidas de Segurança, emitida pelo Corpo
de Bombeiros Militar do Maranhão, o que implica em situação Para o cálculo da demanda do grupo D, a norma estabelece
passível de multa. que o FD é igual a 1 para o motor de maior potência, e 0,5 para
Além disso, foram encontradas algumas partes condutivas os restantes, como ilustra a tabela 6
acessíveis isoladas por meio de fita isolante, o que
compromete a segurança, e descumpre o item 5.1 da NBR Tabela 6 – Demanda do Grupo D
5410 que dispõe sobre a proteção contra choques elétricos, Carga Demanda
Grupo D Qtd. FP FD
sendo compreendida por dois tipos de proteção: proteção Pot. W Pot. VA Pot. W Pot. VA
Motores 1 370 506,85 0,73 1 370,00 506,85
básica e proteção supletiva (ASSOCIA). Sendo a proteção
básica onde as partes vivas devem ser completamente
recobertas por uma isolação que só possa ser removida através Sabendo que não havia equipamentos de utilização
de sua destruição, conforme ilustra a Fig. 6: especial, não houve a necessidade do cálculo da demanda do
grupo E. Com isso, foi obtido o valor em kVA da demanda
total da instalação, segue tabela 7:
Tabela 7 – Demanda Total da Instalação
GRUPO A 26569,96
GRUPO B 2656,89
GRUPO C 45640
GRUPO D 506,85
Fig. 6: Fiação exposta sem proteção básica. Autoria Própria, 2022. TOTAL 75373,70
É possível observar que a demanda total da instalação é
aproximadamente 75 kVA, o que resulta no dimensionamento
2. Quanto a instalação elétrica de média tensão
de um transformador de 75 kVA, assim como o circuito de
Para analisar se o transformador está dimensionado baixa tensão conforme as tabelas abaixo:
corretamente, houve a necessidade de fazer o cálculo da
demanda total em kVA por grupo de carga, levando em
consideração o fator de demanda (FD) de cada grupo. Para o
grupo A, que se refere a iluminação e tomadas de uso geral
(TUG), de acordo com a NT 02, a norma estabelece FD igual
Tabela 8 – Dimensionamento de Transformadores Particulares ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR
ISSO/CIE 8995-1: Iluminação de Ambientes de Trabalho, São Paulo, 2013.
Demanda Calculada (kVA) Transformador Recomendado (kVA)
60 a 82 75 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR
83 a 124 112,5 10898: Sistema de Iluminação de Emergência, São Paulo, 2013.
125 a 165 150 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR
166 a 248 225 5419-3: Proteção de Estruturas Contra Descargas Atmosféricas, São Paulo,
249 a 330 300 2015.
331 a 550 500
ABRACOPEL. Anuário Estatístico de Acidentes de origem elétrica 2020 –
551 a 825 750
Ano base 2019. Disponível em: https://abracopel.org/wp-
826 a 1100 1000 content/uploads/2020/02/Anu%C3%83%C2%A1rio_2020-Site.pdf
1101 a 1375 1250
1376 a 1650 1500 MARTINHO, Edson. Baixa qualificação aumenta riscos e reduz
1651 a 2200 2000 oportunidades. Revista Abreme Potência, São Paulo, v. 118, out. 2015. p. 34-
2201 a 2717 2500 36.
BRASIL. ANEEL. Resolução Normativa nº 1000 de 7 de dezembro de 2021.
Tabela 9 – Dimensionamento dos Circuitos de Baixa Tensão Estabelece as Regras de Prestação do Serviço Público de Distribuição de
Energia Elétrica; revoga as Resoluções Normativas ANEEL nº 414/2010; nº
Transformadores Trifásicos - 380/220V
Potência Tensão Secundária Corrente Nominal Cabo de Diâmetro do Corrente Nominal
470/2011; nº 901/2020 e dá outras providências. Diário Oficial da União:
(kVA) da linha (V) Secundária (A) Cobre (mm2) Eletroduto (pol) do Disjuntor (A) seção 1, Ministério de Minas e Energia, Brasília, DF, ano 159, nº 238, p. 206,
75 380 114 3#35 (25) 50 (2") 125 20 dez. 2021.
S. C. Vergara. Projetos e Relatórios de Pesquisa em Administração. 9ª Ed.
Tabela 10 – Dimensionamento do Ramal de Entrada São Paulo: Atlas, 2007.
Demanda Cabo de Alumínio Cabo de Cobre Cabo Coberto MARANHÃO. Lei nº 11.390, de 21 de dezembro de 2020. Institui o
Calculada (kVA) Nu CA (AWG) Nu (mm2) (mm2) Regulamento de Segurança Contra Incêndios das Edificações e Áreas de
até 2500 1/0 50 50 Risco no Estado do Maranhão. Diário Oficial do Estado do Maranhão: parte
1: Poder Executivo, São Luís, ano 114, nº 236, p. 12, 21 dez. 2020.

Tendo em vista que o transformador instalado é de 75 CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO MARANHÃO. Norma Técnica
01/2021 – Procedimentos Administrativos e Medidas de Segurança. São Luís,
kVA, isso demonstra que o transformador está bem 2021.
dimensionado, assim como o disjuntor de 125 A que pode ser
visto no Quadro Geral (QBGT).
Porém, um dos critérios da Equatorial Energia que deve ser
atendido para que ocorra o fornecimento em média tensão é a
apresentação do projeto elétrico da instalação, o que não deve
ter acontecido, devido a inexistência de projeto elétrico do C.
E. Maria José Aragão no banco de dados da SEDUC.

V. REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR
14039: Instalações Elétricas de Média Tensão, São Paulo, 2003.
MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. Portaria nº 221, de 6 de maio
de 2011. Altera a Norma Regulamentadora nº 23: Proteção Contra Incêndios.
Diário Oficial da União: seção 1, Ministério do Trabalho e Emprego, Brasília,
DF, ano 148, nº 88, p. 118, 10 mai. 2011.
MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. Portaria nº 915, de 30 de
julho de 2019. Revoga dispositivos da Norma Regulamentadora nº 10:
Segurança em Instalações e Serviços de Eletricidade. Diário Oficial da União:
seção 1, Ministério do Trabalho e Emprego, Brasília, DF, ano 157, nº 146, p.
16, 31 jul. 2019.
EQUATORIAL ENERGIA. Norma Técnica 02 - Fornecimento de Energia
Elétrica em Média Tensão. Disponível em:
https://ma.equatorialenergia.com.br/wp-
content/uploads/2022/04/NT.002.EQTL_-1.zip
EQUATORIAL ENERGIA. Norma Técnica 02 - Fornecimento de Energia
Elétrica em Baixa Tensão. Disponível em:
https://ma.equatorialenergia.com.br/wp-
content/uploads/2022/06/NT.001.EQTL_.Normas-e-Padroes-06-
NT.001.EQTL_.Normas-e-Qualidade-06-Fornecimento-de-EE-em-Baixa-
Tensao.pdf.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR
5410: Instalações Elétricas de Baixa Tensão, São Paulo, 2004.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR
13570: Instalações Elétricas em Locais de Afluência de Público – Requisitos
Específicos, São Paulo, 1996.