NR-10 - Sistemas Elétricos de Potência

SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E
SERVIÇOS EM ELETRICIDADE

Técnicas de Trabalho sob Tensão

Módulo de Treinamento N° 5

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1 - OBJETIVOS
O objetivo deste módulo é apresentar os
critérios de escolha e peculiaridades das diversas
modalidades dos trabalhos em Linha Viva
abordando aspectos técnicos e de segurança à luz da
NR-10.
2 - HISTÓRIA DA MANUTENÇÃO EM LINHA
VIVA
O trabalho em Linha Viva teve sua origem
com a utilização de varas para ligar e desligar
chaves fusíveis. Apesar deste sistema ter sido o
primeiro passo, muitos anos se passaram para se
desenvolver a idéia de usar bastões para fazer
outras operações, além da abertura e fechamento de
circuitos energizados.
Apesar de se considerar a manutenção e
construção em Linha Viva, como técnica moderna,
a verdade é que as primeiras ferramentas para este
tipo de trabalho datam de 1913, tendo sido
fabricadas em Wapakoneta, Ohio - U.S.A. Em
1916, um dispositivo conhecido atualmente como
"Grampo de Linha Viva" foi desenvolvido em
Atlanta, Georgia - U.S.A. A instalação deste
dispositivo exigira o uso de um bastão isolado,
denominado Bastão para Grampo de Linha Viva,
hoje comumente conhecido como Bastão de
Manobra ou Bastão pega-tudo.
A fabricação em escala industrial do
Grampo de Linha Viva se deu em 1918, em
Taylorville Illinoes, pela empresa TIPS TOOL
COMPANY, e consequentemente a produção do
Bastão Isolado para sua instalação. Com o sucesso
deste trabalho, foram desenvolvidos outros tipos de
bastões, que possibilitaram a execução de inúmeros
outros serviços.
Poucos anos depois lançou-se no mercado
ferramentas isoladas em madeira, com peças
metálicas tais como, bastões garra para suporte de
condutores e sela suporte para os bastões,
culminando com o aparecimento dos bastões
universais, em cujo cabeçote podiam ser adaptados
ferramentas para os mais diversos fins.
Em 1937 a A.B. CHANCE COMPANY,
adquiriu a TIPS TOOL COMPANY e instalou sua
fábrica em Centralia, Missouri - U.S.A. Através de
seu departamento de engenharia, a A.B. CHANCE
iniciou um intenso programa de estudos e ensaios,
visando o desenvolvimento das ferramentas até
então existentes e depararam de imediato com dois
obstáculos:
01 - A parte isolante dos bastões eram
fabricadas em madeira, com um recobrimento
impermeável que facilmente se danificava,
permitindo a penetração de umidade, com a
consequente perda de seu isolamento.
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TÉCNICAS DE TRABALHO SOB TENSÃO
02 - As peças metálicas fabricadas com
metais pesados eram de difícil manuseio e
causavam uma fadiga excessiva nos eletricistas,
pondo em risco sua segurança.
Durante a segunda guerra mundial, houve
uma considerável expansão na produção de ligas
não ferrosas, intensamente utilizadas na fabricação
de aviões, as quais, dado a sua alta resistência
mecânica, aliada ao seu peso mínimo, provaram ser
a matéria prima ideal para a fabricação de
Ferramentas de Linha Viva. A A.B. CHANCE
desenvolveu uma liga especial de alumínio, que
veio sanar por completo o problema de peso.
Entretanto, ainda persistia a deficiência de
isolamento dos bastões, todavia mesmo com os
bastões de madeira de fabricação CHANCE,
algumas equipes de Linha Viva chegaram, em
1957, a executar serviços em linhas de transmissão
de 500kV.
Em 1959, após 9 anos ininterruptos de
trabalhos de pesquisas e experiências, a
A.B.CHANCE desenvolveu um tubo constituído de
milhares de fibras de vidro, impregnadas de resina
epoxy, dispostas em torno de um núcleo de espuma
de poliuretano, denominado EPOXYGLASS, de
altíssima resistência mecânica e excelentes
qualidades dielétricas. Este desenvolvimento foi o
passo decisivo para uma espantosa evolução nas
Ferramentas de Linha Viva, cuja qualidade pode ser
comprovada pelas milhares de companhias de
eletricidade que as utilizam atualmente em todo
mundo.
As Ferramentas de Linha Viva são
constituídas, basicamente, de bastões de epoxiglass
e peças metálicas em ligas de alumínio e bronze-
alumínio. Dado a natureza de sua aplicação, onde
normas de segurança estão implicitamente contidas
nas próprias normas de trabalho, estas ferramentas
são fabricadas sob rigoroso controle de qualidade,
desde a seleção das matérias primas até aos testes
finais na recepção.
Os bastões de epoxiglass são testados de
acordo com as normas ASTM F-711 e IEC 855. As
peças em alumínio são submetidas a tratamento
térmico, sob um estrito controle de temperatura, a
fim de preservar ao máximo as propriedades físicas
do material básico empregado.
Nenhum novo tipo de ferramenta é posto
em uso, sem antes haver passado por um período de
provas, efetuadas por pessoal especializado, para
garantir as suas qualidades construtivas, resistência
mecânica e versatilidade.
Todo este processo de fabricação e testes,
visa garantir as suas características essenciais, que
são constituídas de três requisitos principais:
01 - Excelentes qualidades dielétricas;
02 - Resistência mecânica máxima;
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03 - Peso mínimo.
A grande necessidade de evitar os
indesejáveis desligamentos das redes elétricas, para
a execução dos serviços de manutenção, exigiu o
desenvolvimento de técnicas práticas e seguras, que
possibilitam o fornecimento ininterrupto de energia,
sem causar prejuízos às empresas de geração,
transmissão e distribuição de energia, prejuízos não
só financeiros mas também da imagem destas
empresas perante seus consumidores.
Os inúmeros serviços a serem executados,
nas diversas classes de tensão e sistemas, como
linhas de transmissão, subestações e redes de
distribuição aérea, promoveram o desenvolvimento
de ferramentas, bem como métodos diferenciados e
específicos a cada situação, em função do tipo e
local das tarefas a serem executadas e até mesmo o
critério pessoal definido por cada concessionária.
3 - MÉTODOS DE TRABALHO EM LINHA VIVA
O sistema elétrico dispõe hoje de três
métodos de trabalhos em Linha Viva, os quais
poderão ser aplicados em diversas classes de
tensão, desde que as equipes de eletricistas estejam
devidamente treinadas e disponham das ferramentas
e dos equipamentos de proteção individual (EPI) e
coletiva (EPC) adequados.
3.1 – Trabalho à Distância
Neste que foi o primeiro método desenvolvido, o
eletricista executa as operações com o auxílio de
ferramentas montadas na extremidade dos bastões
isolantes. Com este método é possível trabalhar em
todas as classes de tensão. Em tensões até 69kV,
onde as distâncias entre fases são menores, os
condutores são afastados de sua posição normal por
meio de bastões suportes, moitões, etc...
Figura 1 – Trabalho à distância
Todo conjunto de equipamento é projetado para
facilitar os movimentos dos eletricistas, no alto dos
postes ou estruturas, com total segurança, tanto na
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manobra das articulações para afastamento dos
condutores, bem como nas manipulações das
cadeias de isoladores. Neste método o eletricista
deve observar rigorosamente a distância de
trabalho, ou seja, a sua distância com o condutor
energizado. Distâncias mínimas para trabalho em
Linha Viva:
Tabela 1 - Distâncias mínimas para trabalho em
Linha Viva
3.2 – Trabalho ao Contato
Este método consiste em proteger o eletricista com
luvas e mangas isolantes, sendo que com o auxílio
de uma plataforma, andaime ou veículo equipado
com cesta aérea, ele executa os serviços
diretamente com as mãos. Toda a zona de trabalho
é também protegida com coberturas isolantes
apropriadas e à medida que decorrem as tarefas,
vai-se descobrindo o espaço estritamente necessário
à operação em causa, tais como executar uma
derivação, substituir um isolador, efetuar uma
emenda, etc. Desta forma anula-se a possibilidade
do eletricista poder fechar dois pontos de potenciais
diferentes, ou que os elementos de trabalho (fios,
chaves, ferramentas), o possam fazer, ocasionando
um curto-circuito. Este método é utilizado somente
para linhas de distribuição e subestações com
tensão até 34,5kV.
Figura 2 – Método de trabalho ao contato – Linha
13,8kV
3.3 – Trabalho ao Potencial (barehand)
Este método tem por finalidade permitir
maiores recursos na manutenção, principalmente
em linhas de extra-alta tensão, acima de 345kV,
onde as distâncias de trabalho são superiores a 3
metros, bem como subestações a partir de 69kV. O
trabalho ao potencial, baseia-se no princípio da
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Gaiola de Faraday e consiste no contato direto do
eletricista com o condutor energizado, em tensões
até 800kV.
Figura 3 – Manutenção em Linha Viva 500kV
Para se proteger contra os efeitos do campo elétrico
da instalação, o eletricista usa uma vestimenta
condutiva fabricada em tecido especial, que veste
todo o seu corpo, deixando apenas parte da face
descoberta. Quando próximo do condutor
energizado, o eletricista conecta esta vestimenta ao
condutor, quando então estará no mesmo potencial
da linha. Antes da utilização da escada, cadeira
isolada, andaime ou cesta aérea, que permitem o
acesso ao potencial, efetuam-se testes elétricos nas
mesmas, através do MICRO-TESTER C402-0288,
para assegurar-se de que seu isolamento está dentro
dos limites de segurança. Estes testes são efetuados
no campo, utilizando-se a própria linha como fonte
de tensão, onde se faz um contato efetivo da
extremidade superior do equipamento de acesso
potencial. O microamperímetro (MICRO-TESTER)
é instalado entre a extremidade inferior do
equipamento e o ponto de terra, para a medição da
corrente de fuga, que deverá permanecer dentro dos
limites estabelecidos por norma.
4 - INSPEÇÃO E CUIDADOS COM OS
EQUIPAMENTOS DE LINHA VIVA VIVA
As Ferramentas de Linha Viva são
constituídas basicamente de Bastões Ritzglas®, e
peças metálicas em ligas especiais de alumínio e
bronze-alumínio. Dado a natureza de sua aplicação,
onde normas de segurança estão implicitamente
contidas nas próprias normas de trabalho, estas
ferramentas são fabricadas sob rigoroso controle de
qualidade, desde a seleção das matérias primas até
aos testes finais na recepção. Os Bastões Ritzglas®
são testados eletricamente durante a fabricação,
com 100kV a cada 30 cm, de acordo com a norma
ASTM F-711.
As peças em alumínio são submetidas a
tratamento térmico, sob um estrito controle de
temperatura, a fim de preservar ao máximo as
propriedades físicas do material básico empregado.
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TÉCNICAS DE TRABALHO SOB TENSÃO
Nenhum novo tipo de ferramenta é posto a venda
ou em uso, sem antes haver passado por um período
de provas, efetuadas por pessoal especializado, para
garantir as suas qualidades construtivas, resistência
mecânica e versatilidade.
4.1 – Cuidados com os bastões de linha viva
Um dos mais importantes fatores no cuidado com
os Bastões de Linha Viva é conservá-los secos. Eles
nunca devem ser colocados diretamente sobre o
solo. Devendo ser conservados no veículo ou
carreta de ferramentas (reboque) até o momento do
uso, e então, colocados num suporte (cavalete para
bastões). Se for necessário, deixar as ferramentas
no solo, um encerado (lona) limpo e seco deve ser
estendido para protegê-las do contato direto com
poeira ou umidade.
4.2 – Limpeza e reparo dos bastões para linha
viva
Sob condições ideais de trabalho, os Bastões de
Linha Viva não requerem manutenção periódica.
Contudo, devido ao uso constante, abrasão ou uso
indevido, poderá ser necessária uma manutenção
ocasional. A maioria das impurezas são removidas
passando-se um pano seco, caso o bastão esteja
impregnado com graxa ou gorduras, limpe-o com
um pano embebido com solvente volátil e que não
deixe resíduos (Ex.: acetona). Depois de estar limpo
e seco, passa-se o tecido para limpeza de bastões,
que na verdade é um pano impregnado de
substância própria para a proteção dos mesmos.
Feito isto, ensaia-se eletricamente o bastão usando
o ensaiador de Bastões RITZ-TESTER. Isto deve
ser feito para verificar se todas as impurezas foram
removidas. O restaurador de brilho deve ser
aplicado somente quando for evidente que a
película do revestimento está em más condições!
Antes de aplicar o restaurador de brilho, seque o
bastão como recomendado acima, em seguida use
uma lixa fina para remover o antigo restaurador de
brilho. Este bastão deve ser limpo novamente
usando-se o solvente e então seco com um pano
limpo, antes da aplicação do restaurador de brilho.
A aplicação do restaurador de brilho é
recomendado para arranhões normais na superfície.
Se parecer que o dano é mais que superficial, pode
ser usado o restaurador de ruptura, preenchendo a
área danificada. Em seguida use uma lixa fina para
retirar o excesso de restaurador. Deve-se fazer
diariamente uma inspeção nas Ferramentas para
Linha Viva. Isto pode ser feito pelo próprio usuário,
seguindo-se a orientação do fabricante. Antes de
serem levadas para os eletricistas na estrutura, as
ferramentas devem ser limpas usando-se um pano
seco e em seguida o tecido para limpeza de bastões.
Durante estas operações de limpeza pode-se fazer a
inspeção visual das partes metálicas e isolantes.
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5 - BIBLIOGRAFIA COPEL “Procedimentos de Manutenção em Linhas

CEMIG “Apostila Segurança no Trabalho”, Maio Energizadas”, Agosto de 2011.
de 2007.
RITZ DO BRASIL “Informativos Técnicos”.

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