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brasileiro
Miguel Francisco da Silveira
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Introdução
O setor elétrico brasileiro apresenta um tamanho compatível com a grandio-
sidade do país, centenas de milhares de quilômetros de linhas de transmissão
interligam o Brasil, além de interconexões com outros países para importação e
exportação de energia. Ainda, o Brasil se destaca pelo uso de fontes renováveis
em sua matriz.
Neste capítulo, você estudará a concepção de um sistema elétrico de potên-
cia, o histórico do setor no Brasil e a sua atual estrutura, bem como conhecerá
o sistema interligado. Entender esse complexo sistema é muito importante para
as atividades profissionais de engenharia de sistemas elétricos de potência.
A função básica do SEP é fornecer energia elétrica aos usuários, quer seja
de grande ou pequeno porte, atendendo aos níveis de qualidade e no instante
em que houver demanda, uma vez que a energia elétrica não pode ser arma-
zenada. O sistema engloba a geração de energia, incluindo a transformação
de energia elétrica a partir de fontes primárias, como a hidráulica e a solar
(KAGAN; OLIVEIRA; ROBBA, 2005).
Dessa forma, há necessidade de um gerenciamento que coordene a geração
de acordo com a demanda de carga, instante a instante (KAGAN; OLIVEIRA;
ROBBA, 2005). A Figura 1 apresenta uma sala de controle do Operador Nacional
do Sistema (ONS), onde esse gerenciamento ocorre.
Transmissão
Transmissão Transmissão
(345 kV, 500 kV)
Subtransmissão
(138 kV, 69 kV)
Distribuição
Consumidores
Outros órgãos foram criados para que a Aneel pudesse cumprir o seu papel,
como ONS, criado em 1998, para operar, supervisionar e controlar a geração
de energia elétrica no Sistema Interligado Nacional (SIN) e administrar a rede
básica de transmissão, isto é, todas as linhas de transmissão com tensão
igual ou superior a 230 kV (PINTO, 2018; ONS, 2021b).
CNPE
Conselho Nacional de Política
Energética
Aneel
Agência Nacional de Energia
Elétrica
ONS CCEE
Operador Nacional do Câmara de Comercialização
Sistema Elétrico de Energia Elétrica
Sistemas integrados
Sistema Interligado Nacional (SIN) é o nome dado à malha que interliga grande
parte do país (Figura 4), interligando praticamente 99% da demanda nacional
(VASCONCELOS, 2017). Fomentado a partir de 1998, com a criação do ONS,
o SIN contempla mais de 145 mil quilômetros de linhas de transmissão e tem
capacidade instalada de geração que extrapola os 170 GW, considerando os
dados do ano de 2021 (ONS, 2021b).
Até o estabelecimento do ONS, no final da década de 1990, muitos siste-
mas não eram conectados, não havia essa interligação de forma nacional,
o que gerava dificuldade para a operação eficiente das diferentes bacias
hidrográficas — que representam a principal fonte de geração de energia
elétrica (VASCONCELOS, 2017).
18 Setor elétrico brasileiro
STA ELENA
2018
BOA VISTA
FERREIRA GOMES
MACAPÁ
V. CONDE S.MARIA
ORIXIMINÁ
BALBINA JURUPARI BELÉM
SILVES TAPAJÓS SÃO LUÍS
ENCRUZO NOVO
XINGU TOMÉ AÇU ACARAÚ
LECHUGA
ALTAMIRA
JORGE
TEIXEIRA RURÓPOLIS
MIRANDA FORTALEZA
MANAUS TUCURUÍ
C.NETO
AÇAILANDIA PERITORÓ
P.DUTRA SOBRAL MOSSORÓ
MARABÁ
JOÃO CÂMARA
IMPERATRIZ BANABUIÚ
ITACAIÚNAS TERESINA AÇU
CARAJÁS P. FRANCO TAUÁ NATAL
INTEGRADORA ESTREITO B.ESPERANÇA PICOS
C.GRANDE
R.GONÇALVES
BALSAS E.MARTINS J.PESSOA
XINGUARA MILAGRES
JATAÍ R.VERDE
G.VALADARES
CHAPADÃO
2 T.MARIAS
CORUMBÁ MESQUITA
SÃO MATEUS 2
INOCÊNCIA
C.GRANDE
3 BELO
VITÓRIA
HORIZONTE
RIO 4 ARARAQUARA
BRILHANTE
J. FORA
DOURADOS ASSIS BAURU
CAMPOS
5
UMUARAMA
RIO DE JANEIRO
GUAÍRA
LONDRINA C.PAULISTA
CASCAVEL /
CASCAVEL OESTE SÃO PAULO
IVAIPORÃ
FIGUEIRA
ITAIPU
AREIA CURITIBA
S.OSÓRIO/S.CAXIAS
S.SANTIAGO
ITÁ BLUMENAU
STO. ÂNGELO C.NOVOS
GARABI
MAÇAMBARÁ / FLORIANÓPOLIS
LAJES
S.BORJA
SIDERÓPOLIS
URUGUAIANA S.CRUZ
50 MW ALEGRETE PORTO ALEGRE
P.REAL
LEGENDA
CAMAQUÃ
LIVRAMENTO P.MÉDICI
70 MW EXISTENTE FUTURO
PELOTAS
MELO 230 kV 1 COMPLEXO PAULO AFONSO
500 MW QUINTA
16.675 MW
35.556 MW 10,06%
21,44% 1.990 MW
1,20%
3.063 MW
1,85%
108.538 MW
Total: 165.822 MW 65,45%
Além disso, atualmente, existem sistemas isolados, que têm sua previ-
são de carga e planejamento de operação realizados pelo ONS desde 2017.
No ano de 2021, existiam 212 localidades isoladas eletricamente no Brasil,
majoritariamente no norte do Brasil, com destaque para Boa Vista (RR), a única
capital que não participa do SIN. Apesar do número de sistemas isolados, eles
representam menos de 1% de toda a carga do país (ONS, 2021b).
Os sistemas isolados são supridos principalmente por usinas térmicas a
óleo diesel. Seu custo de combustível é computado na Conta de Consumo de
Combustíveis (CCC) e, posteriormente, é rateado entre os demais consumidores
de todo o Brasil, de forma que esses sistemas não representem um custo
muito grande aos usuários (ONS, 2021b).
Ao longo deste capítulo, você pôde conhecer um pouco da história do
sistema elétrico brasileiro e a sua complexidade. Também pôde verificar a
grandiosidade do sistema interligado e a importante garantia de tarifas justas
aos usuários do sistema isolado, temas importantes a todos que desejam
conhecer a transmissão e a distribuição de energia no contexto nacional.
Setor elétrico brasileiro 21
Referências
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www.voltimum.com.br/sites/www.voltimum.com.br/files/memoria_fevereiro_10.pdf.
Acesso em: 20 set. 2021.
ELETROBRAS. Evolução da transmissão: rede básica. Brasília: Eletrobras, 2018. Dis-
ponível em: https://eletrobras.com/pt/AreasdeAtuacao/Evolu%C3%A7%C3%A3o%20
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KAGAN, N.; OLIVEIRA, C. C. B.; ROBBA, E. J. Introdução aos sistemas de distribuição de
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ONS. Conhecimento acervo digital: audiovisual. Brasília: ONS, 2021a. Disponível em:
http://www.ons.org.br/paginas/conhecimento/acervo-digital/audiovisual. Acesso
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PINTO, M. O. Energia elétrica: geração, transmissão e sistemas interligados. Rio de
Janeiro: LTC, 2018.
VASCONCELOS, F. M. Geração, transmissão e distribuição de energia elétrica. Londrina:
Distribuidora Educacional S.A., 2017.