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Introdução à

Engenharia
Profª. Grace Jenske
Prof. Luís Urbano Durlo Tambara Júnior

Indaial – 2021
2a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2021

Elaboração:
Profª. Grace Jenske
Prof. Luís Urbano Durlo Tambara Júnior

Revisão, Diagramação e Produção:


Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri


UNIASSELVI – Indaial.

J54i
Jenske, Grace
Introdução à engenharia. / Grace Jenske; Luís Urbano Durlo
Tambara Júnior. – Indaial: UNIASSELVI, 2021.
171 p.; il.
ISBN 978-65-5663-576-7
ISBN Digital 978-65-5663-575-0
1. Engenharia. - Brasil. I. Tambara Júnior, Luís Urbano Durlo. II.
Centro Universitário Leonardo da Vinci.
CDD 620

Impresso por:
Apresentação
Caro acadêmico! Neste Livro Didático de Introdução à Engenharia,
estamos iniciando uma jornada muito importante na sua formação acadê-
mica. Através dos conteúdos apresentados, você conhecerá a evolução da
engenharia e de seu ensino ao longo do tempo.

Este livro está dividido em três unidades que se complementam de


forma a lhe propiciar uma metodologia construtiva de aprendizagem. Em
cada unidade, você encontrará tópicos fundamentados em literaturas conso-
lidadas da área de engenharia, curiosidades, ilustrações e sugestões de pes-
quisas, que auxiliarão você em aprofundar seus conhecimentos no conteúdo
estudado. O livro didático também possui leituras complementares e autoa-
tividades essenciais para a fixação do conteúdo estudado.

A Unidade 1 aborda a história da engenharia ao longo do tempo, a


evolução do ensino e dos cursos de graduação, as diferentes modalidades de
engenharia e suas características, os núcleos de conteúdos básicos, profissio-
nalizantes e específicos e os principais tópicos da formação em engenharia.

A Unidade 2 tem como foco a prática da engenharia, abordando as


competências e as atribuições profissionais do engenheiro, as associações e
os conselhos profissionais, as normas técnicas e a importância da anotação
de responsabilidade técnica em engenharia.

A Unidade 3 traz a relação da engenharia com a sociedade, abordan-


do temas que envolvem o mercado de trabalho na área, o papel da enge-
nharia no desenvolvimento econômico e como os fundamentos científicos
aprendidos ao longo da graduação podem ser aplicados na solução de pro-
blemas sociais e ambientais.

Por meio deste livro didático, temos a intenção de demonstrar a você,


acadêmico, a dimensão e a importância da engenharia na sociedade como um
todo. Que este material proporcione a você muitos aprendizados. Bons estudos!

Prof. Grace Jenske


Prof. Luis Tambara
NOTA

Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novi-
dades em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é


o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagra-
mação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui
para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente,


apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilida-
de de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assun-
to em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de


Desempenho de Estudantes – ENADE.
 
Bons estudos!
LEMBRETE

Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela


um novo conhecimento.

Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro


que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você
terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complemen-
tares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.

Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.

Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!


Sumário
UNIDADE 1 — OS PRINCÍPIOS DA ENGENHARIA.................................................................... 1

TÓPICO 1 — A HISTÓRIA DA ENGENHARIA.............................................................................. 3


1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................................... 3
2 A ENGENHARIA AO LONGO DO TEMPO.................................................................................. 3
3 A ENGENHARIA MODERNA.......................................................................................................... 6
4 A ENGENHARIA ATUAL................................................................................................................... 8
4.1 AS PRINCIPAIS INVENÇÕES DA ENGENHARIA DO SÉCULO XX.................................. 10
5 A ENGENHARIA NO BRASIL ....................................................................................................... 13
6 O ENSINO DA ENGENHARIA....................................................................................................... 15
6.1 ENSINO DA ENGENHARIA NO BRASIL................................................................................ 16
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 19
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 21

TÓPICO 2 — MODALIDADES DA ENGENHARIA..................................................................... 23


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 23
2 RAMIFICAÇÕES DA ENGENHARIA........................................................................................... 23
2.1 CLASSIFICAÇÃO DAS MODALIDADES................................................................................. 24
3 GRANDES MODALIDADES DA ENGENHARIA .................................................................... 25
3.1 ENGENHARIA CIVIL.................................................................................................................. 25
3.2 ENGENHARIA MECÂNICA...................................................................................................... 27
3.3 ENGENHARIA PRODUÇÃO...................................................................................................... 29
3.4 ENGENHARIA ELÉTRICA ........................................................................................................ 31
3.5 ENGENHARIA AMBIENTAL E SANITÁRIA.......................................................................... 32
4 OUTRAS MODALIDADES DE ENGENHARIA......................................................................... 33
4.1 ENGENHARIA QUÍMICA ......................................................................................................... 33
4.2 ENGENHARIA DE COMPUTAÇÃO ........................................................................................ 34
4.3 ENGENHARIA DE MATERIAIS . .............................................................................................. 34
4.4 ENGENHARIA DE ALIMENTOS . ............................................................................................ 35
4.5 ENGENHARIA AGRÍCOLA........................................................................................................ 35
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 36
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 37

TÓPICO 3 — A IMPORTÂNCIA DO NÚCLEO DE CONTEÚDOS BÁSICOS,


ESPECÍFICOS E PROFISSIONALIZANTES.......................................................... 39
1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 39
2 DIRETRIZES CURRICULARES DOS CURSOS DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA.39
3 NÚCLEO DE CONTEÚDOS BÁSICOS NA ENGENHARIA.................................................... 41
3.1 LABORATÓRIOS PARA O NÚCLEO DE CONTEÚDOS BÁSICOS..................................... 42
4 NÚCLEO DE CONTEÚDOS PROFISSIONALIZANTES.......................................................... 44
4.1 CONTEÚDOS PROFISSIONALIZANTES NA ENGENHARIA CIVIL................................ 44
4.2 CONTEÚDOS PROFISSIONALIZANTES NA ENGENHARIA DE PRODUÇÃO............. 45
4.3 CONTEÚDOS PROFISSIONALIZANTES NA ENGENHARIA AMBIENTAL
E SANITÁRIA................................................................................................................................ 45
4.4 CONTEÚDOS PROFISSIONALIZANTES NA ENGENHARIA ELÉTRICA........................ 45
4.5 CONTEÚDOS PROFISSIONALIZANTES NA ENGENHARIA MECÂNICA..................... 46
5 NÚCLEO DE CONTEÚDOS ESPECÍFICOS................................................................................. 46
5.1 CONTEÚDOS ESPECÍFICOS NA ENGENHARIA CIVIL...................................................... 47
5.2 CONTEÚDOS ESPECÍFICOS NA ENGENHARIA DE PRODUÇÃO................................... 47
5.3 CONTEÚDOS ESPECÍFICOS NA ENGENHARIA AMBIENTAL E SANITÁRIA.............. 47
5.4 CONTEÚDOS ESPECÍFICOS NA ENGENHARIA ELÉTRICA............................................. 47
5.5 CONTEÚDOS ESPECÍFICOS NA ENGENHARIA MECÂNICA.......................................... 48
6 LABORATÓRIOS PARA OS NÚCLEOS DE CONTEÚDOS ESPECÍFICOS
E PROFISSIONALIZANTES............................................................................................................ 48
LEITURA COMPLEMENTAR............................................................................................................. 50
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 52
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 54

REFERÊNCIAS....................................................................................................................................... 56

UNIDADE 2 — A PRÁTICA DA ENGENHARIA.......................................................................... 59

TÓPICO 1 — COMPETÊNCIAS E ATRIBUIÇÕES PROFISSIONAIS DO ENGENHEIRO............ 61


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 61
2 HISTÓRICO DA REGULAMENTAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE ENGENHARIA........... 62
3 COMPETÊNCIA DO ENGENHEIRO............................................................................................ 63
4 ATRIBUIÇÃO PROFISSIONAL...................................................................................................... 65
5 RESPONSABILIDADES DOS ENGENHEIROS......................................................................... 68
5.1 RESPONSABILIDADE DOS CREAs/CONFEA ............................................................ 68
5.2 Responsabilidades Legais............................................................................................................. 69
5.3 Responsabilidade civil ................................................................................................................. 69
5.4 Responsabilidade pela segurança .............................................................................................. 70
5.5 Responsabilidade pelos Materiais empregados........................................................................ 70
5.6 Responsabilidade por danos a terceiros .................................................................................... 70
5.7 Responsabilidade técnica . ........................................................................................................... 71
5.8 Responsabilidade penal ou criminal . ........................................................................................ 71
5.9 Responsabilidade Administrativa............................................................................................... 72
5.10 Responsabilidade trabalhista .................................................................................................... 72
5.11 Responsabilidade Ética da engenharia..................................................................................... 73
5.11.1 Código de ética para engenheiros ................................................................................... 74
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 76
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 77

TÓPICO 2 — ASSOCIAÇÕES E CONSELHOS DE ENGENHARIA.......................................... 79


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 79
2 HISTÓRICO DO CONSELHO........................................................................................................ 79
3 CONSELHO REGIONAL DE ENGENHARIA E AGRONOMIA............................................. 83
4 ESTRUTURA BÁSICA DO CONSELHO REGIONAL DE ENGENHARIA
E AGRONOMIA................................................................................................................................. 86
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 89
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 90

TÓPICO 3 — NORMAS TÉCNICAS PARA ENGENHARIA............................................ 93


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 93
2 NÍVEIS DE NORMALIZAÇÃO....................................................................................................... 93
3 TIPOS DE NORMAS......................................................................................................................... 96
3.1 NORMAS PARA ENGENHARIA............................................................................................... 98
3.1.1 Serviços especializados em engenharia e em medicina do trabalho (NR 4)................ 99
3.1.2 Inspeção do trabalho (NR 6)............................................................................................... 99
3.1.3 Exames médicos (NR 7)....................................................................................................... 99
3.1.4 Edificações (NR 8)................................................................................................................. 99
3.1.5 Segurança em instalações e serviços em eletricidade (NR 10)....................................... 99
3.1.6 Segurança no trabalho em máquinas e equipamentos (NR 12)................................... 100
3.1.7 Condições de segurança e saúde no trabalho na indústria da construção (NR 18).. 100
3.1.8 Trabalho em altura (NR 35)............................................................................................... 100
3.1.9 Alvenaria estrutural em blocos vazados de concreto (NBR 6136)............................... 100
3.1.10 Instalação elétricas de baixa tensão (NBR 5410).......................................................... 101
3.1.11 Elaboração e desenvolvimento de serviços técnicos especializados de projetos
arquitetônicos e urbanísticos (NBR 16636)................................................................... 101
3.1.12 Edificações habitacionais (NBR 15.575)......................................................................... 101
3.1.13 Veículos rodoviários automotores – remoção e reinstalação de motores
(NBR 15831) ...................................................................................................................... 101
3.1.14 Máquinas girantes – motores de indução monofásico e trifásico (NBR 17094-1) ............ 101
3.1.15 Procedimento para cabeamento de telecomunicações para rede interna
estruturada (NBR 14565) ................................................................................................ 102
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 103
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................. 104

TÓPICO 4 — ANOTAÇÃO DE RESPONSABILIDADE TÉCNICA EM


ENGENHARIA (ART).......................................................................................... 107
1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................. 107
2 REGULAMENTAÇÃO DA ART.................................................................................................... 107
2.1 CLASSIFICAÇÃO ART............................................................................................................... 108
3 PROCEDIMENTO DO PREENCHIMENTO DA ART............................................................. 109
LEITURA COMPLEMENTAR........................................................................................................... 112
RESUMO DO TÓPICO 4................................................................................................................... 115
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................. 116

REFERÊNCIAS..................................................................................................................................... 118

UNIDADE 3 — ENGENHARIA E SOCIEDADE.......................................................................... 123

TÓPICO 1 — O ENGENHEIRO E O MERCADO DE TRABALHO.......................................... 125


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................. 125
2 O PAPEL DO ENGENHEIRO NA SOCIEDADE ...................................................................... 125
3 O MERCADO DE TRABALHO .................................................................................................... 128
3.1 HABILIDADES E COMPETÊNCIAS REQUERIDAS AO ENGENHEIRO NO
MERCADO DE TRABALHO..................................................................................................... 131
3.2 OS RAMOS DE ATUAÇÃO ...................................................................................................... 134
3.3 CARGOS E SALÁRIOS DAS ENGENHARIAS NO BRASIL................................................ 136
RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 138
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................. 139

TÓPICO 2 — A IMPORTÂNCIA DA ENGENHARIA NO DESENVOLVIMENTO


ECONÔMICO............................................................................................................. 141
1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................. 141
2 GLOBALIZAÇÃO E ENGENHARIA........................................................................................... 141
3 PAPEL DA ENGENHARIA NO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO............................. 144
4 PROJETOS EM ENGENHARIA ................................................................................................... 147
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 150
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................. 151

TÓPICO 3 — A ENGENHARIA NA SOLUÇÃO DE PROBLEMAS SOCIAIS


E AMBIENTAIS.......................................................................................................... 153
1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................. 153
2 A RESPONSABILIDADE SOCIAL DO ENGENHEIRO.......................................................... 153
2.1 RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL.................................................................. 155
3 ENGENHARIA E SUSTENTABILIDADE .................................................................................. 157
3.1 SUSTENTABILIDADE ECONÔMICA .................................................................................... 161
3.2 SUSTENTABILIDADE SOCIAL ............................................................................................... 161
3.3 SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL ...................................................................................... 162
LEITURA COMPLEMENTAR........................................................................................................... 163
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 166
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................. 168

REFERÊNCIAS..................................................................................................................................... 170
UNIDADE 1 —

OS PRINCÍPIOS DA ENGENHARIA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• conhecer os fatos marcantes da história da engenharia;

• distinguir as características principais das diferentes modalidades da


engenharia;

• compreender os fundamentos básicos do estudo da engenharia;

• diferenciar conteúdos específicos de conteúdos profissionalizantes;

• discorrer acerca dos principais tópicos da formação em engenharia.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.

TÓPICO 1 – A HISTÓRIA DA ENGENHARIA

TÓPICO 2 – MODALIDADES DA ENGENHARIA

TÓPICO 3 – A IMPORTÂNCIA DO NÚCLEO DE CONTEÚDOS BÁSICOS,


ESPECÍFICOS E PROFISSIONALIZANTES

CHAMADA

Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos


em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá
melhor as informações.

1
2
TÓPICO 1 —
UNIDADE 1

A HISTÓRIA DA ENGENHARIA

1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico! Neste tópico, vamos fazer uma viagem pela história da en-
genharia desde os primórdios da humanidade até os dias atuais. Você já ficou inde-
ciso na hora de explicar o que um engenheiro faz na prática? Você também já deve
ter se perguntado, algumas vezes, como surgiu a engenharia e como uma série de
criações incríveis que melhoraram a vida dos seres humanos foram pensadas.

Então, antes de começarmos nossa trajetória de aprendizagem, vamos co-


nhecer o significado etimológico da palavra Engenharia. Do latim “ingenium”,
significa “gênio” e também significa “produzir ou gerar talento ou qualidade
nata”. Já seu surgimento na língua portuguesa teve início no século XVI para
designar quem construía ou operava o engenho.

Segundo Cocian (2009), os engenheiros são basicamente solucionadores


de problemas, são profissionais que pesquisam para encontrar a maneira mais
fácil, mais rápida e menos onerosa de utilizar as forças da natureza e os materiais
para enfrentar os desafios mais complexos.

Ao longo do tempo, o conceito do que é engenharia sofreu modificações até es-


tabelecer-se em uma área do conhecimento que aplica métodos destinados à utilização
de recursos naturais para criar elementos que facilitem a vida da sociedade. Conforme
ocorreu a evolução de técnicas ao longo do tempo e através do conhecimento empírico
e científico, a engenharia tornou-se fundamental para o desenvolvimento humano.

Acadêmico, neste tópico, estudaremos a evolução da Engenharia desde a


antiguidade até os dias atuais. Conheceremos os principais marcos e invenções
dessa jornada, o surgimento do ensino da engenharia e os desafios da engenharia
atual. A história da engenharia no nosso país também possui muitos aspectos in-
teressantes de serem estudados, portanto, sem mais delongas, vamos aos estudos!

2 A ENGENHARIA AO LONGO DO TEMPO


A história da humanidade ocorre de forma contínua, mas periodicamente
ocorrem algumas transformações que mudam o mundo. A maioria dessas mudan-
ças ocorre através dos avanços científicos e são marcos na história da engenharia.

3
UNIDADE 1 — OS PRINCÍPIOS DA ENGENHARIA

Segundo Bazzo e Pereira (2011), falar dessa história com alguma profundida-
de exige bastante tempo. Ela é longa, envolvente, empolgante e reveladora. Também
é cheia de aspectos que nos motivam cada vez mais a conhecer e buscar esta fascinan-
te profissão. Nos próximos parágrafos vamos percorrer milhares de anos de história
e compreender os principais aspectos marcantes da engenharia ao longo do tempo.

Ao entendermos que a engenharia tem por propósito a aplicação do co-


nhecimento para a melhoria da vida no mundo, vemos a importância de conhe-
cer sua evolução ao longo do tempo. Desde os primórdios, a engenharia esteve
presente na história. Inicialmente, os homens da era paleolítica adaptaram ferra-
mentas que lhes auxiliassem na alimentação e criaram o conceito de habitação ao
utilizarem as cavernas para se protegerem das intempéries.

Foi na Idade do Bronze que surgiram objetos para a caça mais elaborados,
como arpões, lanças, arco e flecha. Conforme as necessidades humanas iam se moldan-
do aos novos estilos de vida, novas descobertas foram feitas, entre elas o uso do metal.

Você deve se perguntar neste momento: como estes dois exemplos tão sim-
ples do surgimento da engenharia se assemelham às grandes obras que vemos hoje
ou aos incríveis avanços tecnológicos que tanto modificam a forma que vivemos? O
aprendizado, assim como a engenharia, foi evoluindo pouco a pouco ao longo do
tempo, assim como as necessidades humanas foram se transformando.

Um acontecimento marcante na história da engenharia foi quando o ho-


mem descobriu que poderia levantar mais peso com a utilização um sistema sim-
ples que hoje chamamos de alavanca. Neste mesmo período ocorreu a invenção
da roda e da polia. A partir deste momento, o homem começou a aplicar concei-
tos da mecânica para construir objetos úteis para o desenvolvimento de aldeias, e
foi assim que certamente surgiram os primeiros engenheiros.

NOTA

Um grande marco da história da engenharia ocorreu na antiguidade, mais


precisamente nas margens do Rio Nilo, o uso das polias e de alavancas foi fundamen-
tal para a construção das pirâmides do Egito. Historiadores acreditam que as pedras de
calcário tenham sido transportadas de outras regiões através de canais escavados até as
proximidades da construção na região de Gizé.

Acadêmico! Observe na Figura 1, o encaixe dos blocos de calcário que formam


as pirâmides de Gizé e procure saber mais sobre as técnicas de construção utilizadas.
Saiba que até hoje, aproximadamente 4500 anos depois, a mais antiga das sete ma-
ravilhas do mundo desperta interesse pelo seu enigmático processo de construção.

4
TÓPICO 1 — A HISTÓRIA DA ENGENHARIA

FIGURA 1 – AS PIRÂMIDES DE GIZÉ

FONTE: <https://bit.ly/3glLEZi>. Acesso em: 20 jan. 2021.

Segundo Bazzo e Pereira (2011), as novas invenções colaboraram para que


se promovesse a transformação das antigas sociedades rurais patriarcais em cida-
des governadas, com regras de convivência política mais elaboradas. Com o cres-
cimento das cidades, começaram os problemas referentes à infraestrutura. Foi
então que a engenharia teve mais um grande marco em sua história com a cons-
trução dos aquedutos em Roma, com o objetivo de fornecer água à população.

Ao longo dos séculos, muitas invenções e descobertas foram feitas, mas


todas elas baseavam-se na experiência prática de vários indivíduos, que aperfei-
çoavam empiricamente seus produtos ou processos, transmitindo suas técnicas
de fabricação para novas gerações (BAZZO; PEREIRA, 2011).

Durante a Idade Média, o conhecimento em grande parte ficou restrito ao


círculo da Igreja e apresentou poucos progressos. Ainda assim, ocorreram avan-
ços significativos de ferramentas utilizadas na agricultura, principalmente de tra-
ção animal. A manufatura se desenvolveu, principalmente, na confecção de teci-
dos e joias, onde começou a ocorrer uma padronização das técnicas empregadas.

Um marco importante desta história e para toda a ciência ocorreu em


1450, quando Johannes Gensfleisch Gutenberg, partindo de uma invenção antiga
dos chineses, a imprensa, a aperfeiçoou e mecanizou o processo, garantindo uma
impressão mais rápida (VALÉRIO; BAZZO, 2006). Este fato impulsionou a pro-
pagação do conhecimento, popularizando a produção de livros e textos.

Foi na época do Renascimento, que ficou mais notório o perfil analítico


de alguns indivíduos que buscavam resolver problemas técnicos com os conheci-
mentos teóricos que possuíam. Foi em meados do século XVIII, que a prática da
abordagem científica, culminou no surgimento da engenharia moderna.

5
UNIDADE 1 — OS PRINCÍPIOS DA ENGENHARIA

3 A ENGENHARIA MODERNA
Vimos que desde os primórdios da história, o homem buscou criar e aper-
feiçoar ferramentas com o objetivo solucionar problemas e atender as suas neces-
sidades básicas. Durante milhares de anos, a evolução das técnicas foi baseada
na prática, na experiência adquirida, na melhor utilização dos recursos naturais.

Não existe um marco na história que configure o momento em que o ho-


mem começou a utilizar-se do conhecimento científico para criar suas invenções.
Entretanto, segundo os escritores Bazzo e Pereira (2011):
A passagem da engenharia antiga para a moderna não pode ser con-
siderada como um fato estanque, nem fruto de um momento apenas.
Não foi de um instante para outro que o homem passou a aplicar os
conhecimentos científicos às técnicas. Durante séculos elas caminha-
ram dissociadas uma da outra – de um lado os filósofos e pensadores,
de outro os artesãos. Ainda hoje, apesar de toda tentativa de traba-
lhá-las como um corpo único, há quem enxergue nelas uma profunda
separação (BAZZO; PEREIRA, 2011, p. 70).

Entretanto, é notório que a engenharia como conhecemos surge em meados


do século XVIII, através da prática de uma abordagem mais teórica, sistemática,
baseada nos conceitos matemáticos, na explicação dos fenômenos físicos, em ex-
perimentos em ambientes controlados e na realização de cursos formais de ensino.

Segundo Telles (1984), a engenharia quando considerada como arte de cons-


truir é evidentemente tão antiga quanto o homem, mas quando considerada como
um conjunto organizado de conhecimentos com base científica aplicado à constru-
ção em geral, é relativamente recente, podendo-se dizer que data do século XVIII.

Para que essa transformação ocorresse, grandes contribuições científicas


vieram dos estudos de Leonardo da Vinci (1452-1519), Galileu Galilei (1564-1642),
Johannes Kepler (1571-1630), Nicolau Copérnico (1473-1543), René Descartes
(1596-1650), Isaac Newton (1643-1727) e do alemão Gottfried Wilhelm Leibniz
(1646-1716), com o cálculo diferencial e integral; do físico inglês Robert Hooke
(1635-1703), com a lei de Hooke, em 1660; que são os princípios básicos da re-
sistência dos materiais. Estes são alguns dos muitos cientistas que contribuíram
para a sistematização do método científico.

6
TÓPICO 1 — A HISTÓRIA DA ENGENHARIA

DICAS

7 INVENÇÕES DE LEONARDO DA VINCI MUITO AVANÇADAS PARA SUA


ÉPOCA

Leonardo da Vinci foi cientista, matemático, engenheiro, inventor, anatomista, escultor,


pintor, botânico, poeta, músico e arquiteto. Da Vinci morreu com apenas 67 anos, mas
deixou um enorme legado, contribuindo até hoje em diversas áreas com suas invenções.
Ele é tido como o patrono do Grupo UNIASSELVI! E fundamentou sua vida e suas ações no
seguinte lema: dalla mente alle mani. Traduzido para uma conotação atual significa: “Não
Basta Saber, é Preciso Saber Fazer”. O Grupo UNIASSELVI resolveu adotar esse lema para
nortear suas atividades! Vale a leitura do artigo “7 invenções de Leonardo da Vinci muito
avançadas para sua época”.

FONTE: <https://bit.ly/3vp5nvs>. Acesso em: 17 maio 2021.

FIGURA 2 – LEONARDO DA VINCI

FONTE: <https://bit.ly/2Tsc8ze>. Acesso em: 27 jan. 2021.

Você já deve ter ouvido falar inúmeras vezes que aprendemos com nossos
acertos, mas que aprendemos muito mais com nossos erros. Na história da enge-
nharia não é diferente. Galileu Galilei publicou em 1638 resultados de um traba-
lho sobre distribuição de tensões que estava em boa parte equivocado. Entretanto,
no mesmo ano, é atribuído a ele o trabalho “Discurso sobre duas novas ciências”,
um marco da aplicação dos conceitos da ciência moderna na engenharia.

Este exemplo de Galileu é importante para entendermos hoje que foi ne-
cessária uma quebra de paradigmas entre os estudiosos ao longo da história para
entenderem que a evolução da engenharia dependia do conhecimento científico.
Esse exemplo é muito bem pontuado por Telles:

Pode-se dizer que a Engenharia científica só teve início quando se co-
meçou a chegar um consenso de que tudo aquilo que se fazia em base
empírica e intuitiva, era na realidade regida por leis físicas e matemá-

7
UNIDADE 1 — OS PRINCÍPIOS DA ENGENHARIA

ticas que importava descobrir e estudar. Leonardo da Vinci e Galileu,


nos Séc. XV e XVII podem ser considerados como os precursores da
Engenharia científica (TELLES, 1984, p. 2).

Dentre as várias descobertas que impulsionaram a engenharia moderna,


a criação da máquina a vapor, por James Watt, em (1782), cujo modelo você pode
observar na Figura 3 a seguir, para ser utilizada nas fábricas de tecelagem em
conjunto com o tear mecânico, foi um dos grandes responsáveis pela Revolução
Industrial (VALÉRIO; BAZZO, 2006).

FIGURA 3 – MÁQUINA A VAPOR WATT DE DUPLO EFEITO, CONSTRUÍDA POR D. NAPIER E


SON, EM 1859

FONTE: <https://bit.ly/2RUw6Cp>. Acesso em: 24 jan. 2021.

Segundo Bazzo e Pereira (2011), outro grande avanço no processo de indus-


trialização foi a utilização do motor elétrico como fonte de energia, que substituiu
os sistemas de aproveitamento da energia diretamente da natureza, como as rodas
d'água. O primeiro motor elétrico a ser usado com sucesso na indústria foi desco-
berto em 1869 por Zénobe Gramme (1826-1901) e ficou conhecido como a “Máquina
de Gramme”, que quando ligada a uma corrente elétrica, produzia energia motora.

4 A ENGENHARIA ATUAL
Visemos uma longa viagem até chegarmos à prática da engenharia atual.
Vimos que historicamente, a engenharia sempre buscou destinar seus esforços a
objetivos concretos e palpáveis e sempre foi sinônimo de desenvolvimento. Con-
tudo, com os avanços tecnológicos, e esses, somente possíveis graças ao avanço
científico, a engenharia passou a ter um caráter mais complexo e o profissional
passou a ter um perfil de múltiplas competências.

Desde o início da graduação do Curso de Engenharia, independente da


área em que você pretende se especializar, lhe são ensinados conceitos básicos de
ciências físicas e matemáticas, que serão o fundamento necessário para que futu-
ramente você possa buscar soluções adequadas para problemas e para aperfei-

8
TÓPICO 1 — A HISTÓRIA DA ENGENHARIA

çoar de técnicas, processos e sistemas. O profissional da engenharia precisa estar


em constante aprendizagem ao longo de toda a sua carreira e da mesma forma, a
engenharia transforma-se constantemente.

Uma das maiores transformações da engenharia foi o uso do computador.


Essa ferramenta que hoje estamos tão habituados a manusear, significou um dos
maiores avanços científicos e tecnológicos que a humanidade já vivenciou.

Na Figura 4, podemos ver o primeiro modelo de computador eletrônico e digi-


tal automático o Eniac (Electronic Numerical Integrator and Computer) de 1946, que pesa-
va 30 toneladas, emprega cerca de 18 mil válvulas e realiza 4.500 cálculos por segundo.

FIGURA 4 – O ENIAC, O PRIMEIRO COMPUTADOR ELETRÔNICO DA HISTÓRIA

FONTE: <https://bit.ly/3gnxkPQ>. Acesso em: 25 jan. 2021.

Os engenheiros passaram a usar os computadores para gerar, prever e anali-


sar modelos de processos fundamentais. Os projetos de engenharia passaram a serem
verificados quanto a falhas e riscos, justes e correções. É possível analisar em tempo
real e constante, caraterísticas dinâmicas dos sistemas como as tensões, temperaturas,
emissões eletromagnéticas, correntes elétricas, voltagens, vazão e cinemática.

O acesso e a distribuição de informações com a internet permitiram que o


conhecimento científico se tornasse muito mais acessível. Quando falamos na práti-
ca da engenharia atual, precisamos dizer que estamos na era da engenharia digital.

O foco do engenheiro não está mais apenas em construir, está também em


preservar, gerir informações e em proporcionar a melhor experiência para o con-
sumidor final através de seu produto. A solução de problemas está atrelada a en-
tender que as tecnologias precisam se adaptar a ambientes de constante mudança.

9
UNIDADE 1 — OS PRINCÍPIOS DA ENGENHARIA

4.1 AS PRINCIPAIS INVENÇÕES DA ENGENHARIA DO


SÉCULO XX
Durante o século XX, a expansão econômica e a utilização de novas tecno-
logias possibilitaram a criação de muitas invenções que transformaram o mundo.
Durante as últimas décadas, essas invenções foram aperfeiçoadas e continuam
utilizadas em todo o mundo. Acadêmico, na Figura 5, você pode acompanhar
uma ordem cronológica dessas principais invenções e na sequência saber um
pouco mais sobre algumas delas.

FIGURA 5 – LINHA DO TEMPO DAS PRINCIPAIS INVENÇÕES DO SÉCULO XX

FONTE: Os autores

10
TÓPICO 1 — A HISTÓRIA DA ENGENHARIA

1) Avião (1906)

Desenvolvido pelo brasileiro Alberto Santos Dumont, o 14 Bis foi o


primeiro avião capaz de realizar um voo completo e de decolar e pousar sem
a utilização de uma rampa para lançamento. A primeira demonstração de voo
ocorreu em 12 de novembro de 1906 em Paris, na França.

FIGURA 6 – AVIÃO 14 BIS

FONTE: <https://bit.ly/3iH69RG>. Acesso em: 25 jan. 2021.

2) Radar (1904)

O primeiro radar foi construído na Alemanha em 1904 por Christian Hul-


semeyer. Naquela época, Christian patenteou um dispositivo para detectar obje-
tos a longas distâncias, ainda de baixa precisão e de construção difícil. Somente
em 1935 foi instalado o primeiro sistema em um navio, com o objetivo de localizar
e prevenir a aproximação de obstáculos.

3) Motor a jato (1910)

Em 1910, o inventor romeno Henri Coandã registrou a patente da propulsão a


jato em aeronaves que consistia em um motor a pistão movimentando hélices em dutos.

4) Linha de produção (1913)

Em 1913, Henry Ford inicia em uma de suas fábricas o processo de linha


de produção para montagem dos automóveis Ford. A linha de produção é consi-
derada uma das maiores inovações tecnológicas da era industrial, pois graças a
ela o tempo de produção de peças sofreu um decréscimo significativo.

5) Teoria da relatividade geral (1915)

Em 1915, Albert Einstein publicou uma teoria geométrica da gravitação


levando em consideração a aceleração dos corpos. Esse conjunto de hipóteses deu
origem a descrição atual da gravitação na Física Moderna.

11
UNIDADE 1 — OS PRINCÍPIOS DA ENGENHARIA

6) Televisão (1923)

Em 1923, Vladimir Zworykin registra a patente do tubo iconoscópico, para


a transmissão de imagens. Este dispositivo foi o precursor das câmeras televisivas.

7) Penicilina (1928)

O médico Alexander Fleming foi o responsável por descobrir que um fungo


de nome Penicillium notatum impedia a evolução das bactérias. Sua descoberta levaria
à criação do primeiro antibiótico, a penicilina, e mudaria a história da medicina.

8) Energia nuclear (1942)

Em 1942, o físico italiano Enrico Fermi construiu o primeiro reator nuclear


de reação em cadeia, no contexto do projeto Manhattan, com a finalidade de
construir a primeira bomba atômica.

9) Exploração espacial (1957)

Em 1957, ocorreu o lançamento do primeiro satélite artificial para a órbita


da Terra. O satélite Sputnik 1, ficou na órbita terrestre por 22 dias e, nesse período,
enviou sinais de rádio para nosso planeta. Assim iniciou-se a corrida espacial.

FIGURA 7 – SPUTNIK 1: O PRIMEIRO SATÉLITE ARTIFICIAL DA HISTÓRIA

FONTE: <https://bit.ly/3grOJqU>. Acesso em: 25 jan. 2021.

10) Internet (1992)

Em 1992, o cientista Tim Berners-Lee criou a World Wide Web – ou “www”


que se digita antes do nome de qualquer site. A rede nasceu na Organização
Europeia para a Investigação Nuclear, que propôs a criação dos hipertextos para
permitir que várias pessoas trabalhassem juntas acessando os mesmos documentos.

12
TÓPICO 1 — A HISTÓRIA DA ENGENHARIA

DICAS

Os desafios da engenharia do século XXI

Em 2008, a Academia Nacional de Engenharia dos EUA formou um comitê internacional


com célebres engenheiros e cientistas para enumerar 14 desafios da engenharia no século
XXI. Os desafios contemplam em sua totalidade quatro grandes áreas: sustentabilidade,
saúde, redução de vulnerabilidades e aumento da alegria de viver.
Se resolvidos, podem aumentar a qualidade de vida da humanidade e tornar o mundo em
um lugar melhor para se viver. A lista completa pode ser vista no site:
http://www.engineeringchallenges.org/.

5 A ENGENHARIA NO BRASIL
Os primeiros registros do exercício da prática de engenharia no Brasil estão
datados em 1549, com a fundação do Governo Geral e da Cidade de Salvador, quan-
do Thomé de Souza trouxe ao Brasil-Colônia pela primeira vez um grupo de constru-
tores de edificações civis e religiosas. Entre as primeiras construções de destaque no
Brasil Colônia estão os fortes para a defesa do litoral e das fronteiras terrestres.

Na Figura 8, você pode conhecer um pouco do Forte de São João edifica-


do em 1560, hoje localizado no município de Bertioga no Estado de São Paulo. É
considerado a primeira fortaleza do Brasil e atualmente é utilizado como museu.

FIGURA 8 – FORTE DE SÃO JOÃO DE 1560

FONTE: <https://bit.ly/3vrxBFU>. Acesso em: 25 jan. 2021.

Você deve relembrar, agora, várias obras desse período que persistem até
os dias atuais em nosso país. Entretanto, é importante ressaltarmos que foi quase
cem anos depois, em 1648, que a Corte Portuguesa contratou o holandês Miquel
Timermans para ensinar a arte e a ciência da engenharia no Brasil.

13
UNIDADE 1 — OS PRINCÍPIOS DA ENGENHARIA

Assim, as obras de engenharia no período colonial baseavam-se na cons-


trução de prédios residenciais, comerciais, de repartições públicas, a construção
predial como um todo. Segundo Telles (1984), em seu livro “História da Engenha-
ria no Brasil”, a maioria das estradas, daquela época, não podia ter, exatamente,
essa denominação, pois eram bastante precárias e esse fato ocorria porque duran-
te muitos anos a colonização se deu basicamente no litoral.

Muitas outras iniciativas semelhantes foram, com o tempo, escrevendo


o início da história do ensino da engenharia no Brasil, porém sempre de forma
sazonal ou ainda muito incipiente (BAZZO; PERREIRA, 2011). Em 1808, com a
vinda da família imperial para o Brasil, o conhecimento teórico e prático foi ex-
pandido pelos profissionais que estavam na comitiva.

A partir desse momento que começaram a se desenvolver por todo o ter-


ritório obras portuárias, hidráulicas, de saneamento e de serviços públicos quase
não existiram no Brasil-Colônia. Entre várias outras obras de urbanização da época.

A engenharia brasileira possui alguns projetos de destaque em sua histó-


ria, seja pelo pioneirismo, sustentabilidade, materiais utilizados ou pelo tamanho.
Um dos maiores exemplos, é a Usina Hidrelétrica de Itaipu (Figura 9), localizada
em Foz do Iguaçu (PR). Projetada por Oscar Niemeyer e inaugurada no ano de
1984, compreende 1.350 km² de área alagada e 196 metros de altura, sendo capaz
de gerar 14 mil megawatts por hora.

FIGURA 9 – USINA HIDRELÉTRICA DE ITAIPU

FONTE: <https://www.itaipu.gov.br>. Acesso em: 29 jan. 2021.

Um exemplo recente da grandiosidade da engenharia brasileira é a


Cidade Administrativa de Minas Gerais. Seu projeto também foi elaborado por
Oscar Niemeyer, porém sua construção foi finalizada somente no ano de 2010.
Na Figura 10, você pode observar uma imagem aérea do complexo que possui
área total de 805.000m², sendo 265.000 m² de área construída. Abriga o Palácio
Tiradentes, considerado o maior prédio de concreto suspenso do mundo, com
vão livre de 147 metros de comprimento e 26 metros de largura.

14
TÓPICO 1 — A HISTÓRIA DA ENGENHARIA

FIGURA 10 – CIDADE ADMINISTRATIVA DE MINAS GERAIS

FONTE: Adaptada de <https://bit.ly/3goCScN>. Acesso em: 29 jan. 2021.

6 O ENSINO DA ENGENHARIA
Os registros mais antigos do ensino da engenharia são datados em 335
a.C. na Grécia, com a Academia de Platão e em 290 a.C. com a Escola de Ale-
xandria. Entretanto, foi somente nos séculos XVI e XVII que o termo engenharia
começou a ser utilizado. Em 1506 foi fundada em Veneza a primeira escola dedi-
cada à formação de engenheiros e artilheiros.

A engenharia nasce entre o civil e o militar e, com o tempo, vão surgindo


as especializações (FERNANDES JÚNIOR et al., 2018). As primeiras escolas ti-
nham por proposta uma formação sólida “ministrada nas Escolas de Engenharia
da época [início do século XVIII] que facilitava o autodidatismo como especiali-
zação posterior, e a exiguidade do mercado e trabalho não permitia aos engenhei-
ros a escolha do campo de atuação, obrigando assim, muitas vezes, a frequentes
passagens de um para outro” (TELLES, 1993, p. 705).

Na Figura 11, temos a primeira escola moderna de engenharia que foi fundada
em Paris, em 1747, a “École Nationale des Ponts et Chaussées”, que tinha por objetivo de
fato o ensino dos conceitos matemáticos e sua aplicação em problemas de engenharia.

FIGURA 11 – A ESCOLA DE PONTS ET CHAUSSÉES EM MEADOS DE 1800

FONTE: <https://bit.ly/3zptKMG>. Acesso em: 24 jan. 2021.


15
UNIDADE 1 — OS PRINCÍPIOS DA ENGENHARIA

A partir de então, o ensino da engenharia se expandiu pelo mundo todo.


O foco das escolas de engenharia no século XVIII estava na metalurgia, no desen-
volvimento militar e na construção civil. Objetivando um ensino mais prático,
surgiram, nessa época, instituições, academias e escolas técnicas que tinham por
abordagem a aplicação prática dos conceitos científicos.

As instituições de ensino deste novo modelo foram fundamentais para o


desenvolvimento da engenharia. As escolas de Praga (1806), de Viena (1815), de
Karlsruhe (1825) e de Munique (1827) são exemplos neste sentido. Entretanto, a
escola que maior importância teve no aparecimento da engenharia moderna foi
a de Zurique (1854) – Eidgenossische Technische Hochschule. Nos Estados Unidos,
a primeira escola deste formato foi o MIT – Massachusetts Institute of Technology
– (1865). Segundo Bazzo e Pereira (2011), com essas escolas e institutos, a técnica
moderna tomou corpo, ampliando-se a aplicação da ciência à tecnologia.

Muita coisa mudou quando se fala do ensino da engenharia dos séculos XVII
e XIX para o ensino atual. O perfil do profissional de engenharia também mudou ao
longo dos séculos. Atualmente, você está iniciando um processo de formação com
base em conceitos interdisciplinares que se conectam para criar soluções para proble-
mas locais e globais. Lembre-se: não basta mais apenas saber, é preciso saber fazer.

6.1 ENSINO DA ENGENHARIA NO BRASIL


O início da formação em engenharia no Brasil ocorreu em 1810, o então
príncipe Regente e futuro Rei D. João VI, criou a primeira escola de engenha-
ria, a “Academia Real Militar”, onde inicialmente apenas membros do exército
poderiam estudar. Após várias transformações, essa instituição passou-se a ser
denominada como “Escola Central”, sendo então destinada ao ensino das mate-
máticas, ciências físicas e naturais e engenharia civil.

No Brasil, as primeiras escolas a oferecerem uma “Engenharia especiali-


zada” foi a Escola Politécnica de São Paulo (Figura 12), em 1874, com o curso de
“engenheiros de artes e manufaturas” hoje Engenharia Industrial, e a Escola de
Minas de Ouro Preto, atual Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP. Esta
última, quase uma pioneira na área, sua fundação se deve, especificamente, à ne-
cessidade de formação de profissionais de Engenharia de Minas naquela região,
entre outras escolas, citadas, posteriormente, que ofereceram os cursos de Enge-
nharia Mecânica, Elétrica, entre outros.

16
TÓPICO 1 — A HISTÓRIA DA ENGENHARIA

FIGURA 12 – ESCOLA POLITÉCNICA DE SÃO PAULO

FONTE: <https://bit.ly/35B5DNz>. Acesso em: 24 jan. 2021.

Até meados de 1900, o exercício do profissional de engenharia era livre no Bra-


sil. Após pressão dos profissionais formados, o governo passou a criar legislações que
visavam normatizar o exercício de determinadas atividades profissionais no país.

No dia 11 de dezembro de 1933, atualmente considerado o Dia Nacional


do Engenheiro, que se regulamentou as profissões de Engenheiro Agrônomo e
Engenheiro Civil no país. Foi também neste ano que se criou os Conselhos Regio-
nais de Engenharia e Agronomia (CREA), subordinados ao Conselho Federal de
Engenharia e Agronomia (CONFEA).

TUROS
ESTUDOS FU

Acadêmico, os conselhos de engenharia são fundamentais para o exercício da


profissão. São a partir deles que se instituem normas para garantir mercado de trabalho para
os profissionais legalmente habilitados e assegurar qualidade técnica dos serviços prestados à
sociedade. Nas próximas unidades estudaremos com maiores detalhes o CREA e o CONFEA.

Até meados da década de 1950 existiam apenas 15 instituições de ensino de


engenharia no país e, de lá para cá, muitas outras foram implantadas (BAZZO; PER-
REIRA, 2011). A partir da década de 1960, houve uma grande expansão do ensino
superior brasileiro, principalmente ao que tange à criação de instituições privadas.

17
UNIDADE 1 — OS PRINCÍPIOS DA ENGENHARIA

NOTA

Para você ter uma noção, segundo informações extraídas do sistema e-MEC (emec.
mec.gov.br), base de dados oficial dos cursos e Instituições de Educação Superior – IES regula-
mentado pela Portaria Normativa nº 21, de 21/12/2017, em 2021 existem 6.440 cursos de Engenha-
ria em atividade, sendo 5.872 na modalidade presencial e 568 na modalidade ensino a distância.

FONTE: <https://bit.ly/3vqSjWm>. Acesso em: 17 maio 2021.

A expansão da oferta de cursos de engenharia não ocorreu somente na


quantidade de instituições, mas também na quantidade de modalidades de en-
genharia. Enquanto na virada do século se registrava a existência de cerca de 40
habilitações, hoje já são 60. Esta expansão mostra que a engenharia vem incorpo-
rando as novas tecnologias e recursos que surgem dia após dia e que passam a
ser tratadas dentro do seu campo de atuação, com o objetivo de contribuir para
melhorias na qualidade de vida da humanidade.

Vimos, neste tópico, a relação da evolução da sociedade com o desenvolvi-


mento da engenharia. É importante conhecermos a história para entendermos que o
mundo está em constante mudança. Existiu um longo caminho percorrido até as in-
venções do século XX. O uso de computadores pessoais revolucionou não somente a
engenharia, mas toda a estrutura da sociedade. O ensino da engenharia modificou-se
conforme as necessidades da sociedade foram se expandindo, mas a base da prática
fundamentada no conhecimento científico mantém-se até os dias atuais.

18
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• A maioria das mudanças que ocorreram nos últimos séculos e que mudaram o mun-
do estão correlacionadas ao avanço científico e são marcos na história da engenharia.

• Podemos definir engenharia como uma área do conhecimento que aplica mé-
todos destinados à utilização de recursos naturais para criar elementos que
facilitem a vida da sociedade.

• Invenções como a alavanca, a roda, a polia e outras ferramentas colaboraram


para que ocorresse a transformação das antigas sociedades rurais patriarcais
em cidades governadas, com regras de convivência e políticas mais elaboradas.

• Nos primórdios da engenharia, as descobertas baseavam-se na experiência


prática de vários indivíduos, que aperfeiçoavam processos e transmitiam
suas técnicas de fabricação para novas gerações.

• A criação da impressão, em 1450, por Gutenberg, impulsionou a propagação


do conhecimento, popularizando a produção de livros e textos.

• Com uma maior propagação do conhecimento, a ciência passou por um perí-


odo intenso de desenvolvimento de experimentos e teorias.

• No século XVIII, a engenharia passou a ser baseada em conhecimentos organizados


com base científica aplicados à solução de problemas e construção civil no geral.

• O ensino da engenharia tinha como foco inicial o ensino dos conceitos matemáti-
cos e sua aplicação em problemas de engenharia. Os primeiros cursos eram vol-
tados às áreas da metalurgia, do desenvolvimento militar e da construção civil.

• Os primeiros registros do exercício da prática de engenharia no Brasil estão


datados em 1549, com a fundação do Governo Geral e da Cidade de Salvador,
e com a construção de edificações civis e religiosas.

• As primeiras construções no Brasil Colônia são os fortes para a defesa do lito-


ral e das fronteiras terrestres.

• No Brasil, as primeiras escolas a oferecerem uma “Engenharia especializada”


foi a Escola Politécnica de São Paulo, em 1874, com o curso de “Engenheiros
de Artes e Manufaturas”, hoje Engenharia Industrial, e a Escola de Minas de
Ouro Preto, atual Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP.

19
• No dia 11 de dezembro de 1933, regulamentaram-se as profissões de Enge-
nheiro Agrônomo e Engenheiro Civil, no país. Foi também neste ano, que se
criaram os Conselhos Regionais de Engenharia e Agronomia (CREA), subor-
dinados ao Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (CONFEA).

• O uso dos computadores na prática da engenharia permitiu a análise constan-


te de caraterísticas dinâmicas dos sistemas e modelos.

• A solução de problemas de engenharia atualmente está atrelada a entender


que as tecnologias precisam se adaptar a ambientes de constante mudança.

20
AUTOATIVIDADE

1 Com base em seus conhecimentos científicos e práticos, o engenheiro estu-


da um problema, planeja uma solução, verifica a viabilidade econômica e
técnica e finalmente, coordena o desenvolvimento. Diante disso, assinale a
alternativa CORRETA:

a) ( ) A engenharia é uma área do conhecimento que aplica métodos destina-


dos à utilização de recursos naturais para criar elementos que facilitem
a vida da sociedade.
b) ( ) A engenharia é uma área do conhecimento que resolve todos os proble-
mas da vida da sociedade disseminando informações empíricas.
c) ( ) A engenharia é uma área do conhecimento que aplica apenas saberes
populares para criar inovações para a vida da sociedade.
d) ( ) A engenharia é uma área do conhecimento, voltada a aplicar métodos
para construir pontes e prever o futuro.

2 A engenharia sempre esteve presente na história. Inicialmente, os homens da


era paleolítica adaptaram ferramentas para a caça. No Egito, até hoje as pirâ-
mides de Gizé encantam pela complexidade das técnicas empregadas na cons-
trução. Portanto, considerando as diversas criações dos homens ao longo da
história, qual teve o papel essencial para que ocorresse a Revolução Industrial?

a) ( ) O ENIAC, primeiro computador eletrônico e digital automático.


b) ( ) O avião.
c) ( ) O radar.
d) ( ) Motor elétrico.

3 Ao longo da história, as contribuições científicas foram fundamentais para


o surgimento da Engenharia Moderna. Muitos cientistas também foram en-
genheiros e desenvolveram estudos e teorias que fundamentaram inven-
ções que mudaram o mundo. Em especial, um cientista e engenheiro é con-
siderado o patrono Grupo UNIASSELVI. Qual é o nome deste cientista?

a) ( ) Galileu Galilei.
b) ( ) Oscar Niemayer.
c) ( ) Thomas Edson.
d) ( ) Leonardo da Vinci.

4 Os conselhos profissionais de engenharia são fundamentais para o exercício e re-


gulamentação da profissão, sendo responsáveis por zelar pelos princípios éticos
que norteiam a engenharia e pelo desenvolvimento sustentável do país. Acerca
dos conselhos profissionais de engenharia, qual é o órgão que regulamenta e
fiscaliza o exercício do profissional engenheiro em nível federal no Brasil?

21
a) ( ) CONFEA.
b) ( ) MEC.
c) ( ) CREA.
d) ( ) FNE.

5 O ensino da engenharia passou por diversas mudanças ao longo do tem-


po, principalmente quanto a sua estrutura e objetivos. Atualmente, qual é o
foco do ensino da engenharia?

6 Desde os primórdios da história, as invenções surgiam através da experi-


ência prática de vários indivíduos, que aperfeiçoavam processos e transmi-
tiam suas técnicas de geração em geração. Qual invenção foi fundamental
para impulsionar a propagação do conhecimento?

22
TÓPICO 2 —
UNIDADE 1

MODALIDADES DA ENGENHARIA

1 INTRODUÇÃO

Ao escolher o curso de ensino superior ao qual você se matriculou, a pergun-


ta “por que existem tantos tipos de engenharia?”, possivelmente, permeou os seus
pensamentos e, provavelmente, foi acompanhado das seguintes perguntas: qual é a
diferença entre elas? Como saberei com qual delas desenvolverei maior afinidade?

O objetivo deste tópico é fazer você conhecer um pouco melhor quais são
as competências legais de diferentes profissionais da engenharia. Além disso, é
importante destacar que muitas vezes você precisará trabalhar com outras espe-
cializações ao longo da sua carreira ou irá se deparar com projetos profissionais
nos quais precisará buscar auxílio em outras áreas para desenvolver.

Acadêmico, neste tópico, aprofundaremos nossos conhecimentos nas


principais modalidades da engenharia, no seu campo de trabalho e nas suas prin-
cipais atribuições técnicas. Também conheceremos mais de outras engenharias
que estão amplamente presentes em nossa sociedade.

2 RAMIFICAÇÕES DA ENGENHARIA
As responsabilidades e atividades que dizem respeito ao exercício da pro-
fissão de engenheiro são muitas. Essas atribuições profissionais vão desde planejar,
projetar, estudar, analisar, avaliar, ensinar, pesquisar, fiscalizar, coordenar, entre
muitas outras atuações. Os engenheiros de cada área do conhecimento possuem uma
base teórica que pode ser empregada em diversos ambientes. Esse contexto pode ser
melhor compreendido através da explicação de Bazzo e Pereira (2011, p. 98):
Se considerarmos os possíveis campos de atuação da engenharia, logo
perceberemos que eles são por demais amplos para que uma só pessoa
possa dominar, com excelência, a tecnologia, o embasamento científico
específico, as técnicas de cálculo e as experiências vinculadas a todas as
suas múltiplas atividades. Para termos uma ideia dessa complexidade,
basta lembrar que não só questões técnicas, mas também questões sociais,
ecológicas, econômicas e tantas outras fazem parte do trabalho dos enge-
nheiros ou são afetadas direta ou indiretamente por suas atividades.

Assim, podemos afirmar que existem diversas áreas na sociedade que pre-
cisam de profissionais especializados e que dominem um determinado campo
de atuação. Não é mais possível alguns poucos especialistas dominarem conteú-
dos para propuserem soluções que atendam a uma sociedade tão complexa e em
constante mudança como a que temos atualmente.
23
UNIDADE 1 — OS PRINCÍPIOS DA ENGENHARIA

É através das necessidades da sociedade que a Engenharia vai se ramifi-


cando para várias áreas do conhecimento com o objetivo de amplificar a área de
atuação do profissional. Segundo Cocian (2009, p. 62), “a maioria dos programas
de engenharia envolve o estudo concentrado numa determinada área da enge-
nharia, acrescida com matérias de ciências e matemática”.

A maioria dos cursos inclui em sua grade curricular disciplinas de de-


senho, acompanhadas de auxílio de computadores e aulas de laboratório, além
dos conteúdos de fundamentação básica de outros temas que dizem respeito à
profissão, portanto, para cada uma das áreas da engenharia há ainda diversos
caminhos que podem ser seguidos. Veremos alguns exemplos a seguir.

2.1 CLASSIFICAÇÃO DAS MODALIDADES


Segundo Cocian (2017), em seu livro “Engenharia – uma breve introdu-
ção”, as áreas da engenharia podem ser divididas em nove grupos afins, que são:

• Engenharia de Agricultura: Engenharia Agrícola, Engenharia Agronômica,


Engenharia Florestal e Engenharia de Agrimensura.
• Engenharia Ambiental.
• Engenharia Biomédica: Engenharia Eletromédica, Engenharia Clínica, Enge-
nharia Biomecânica, Engenharia Bioinformática e Bioengenharia.
• Engenharia Civil: Engenharia de Transportes, Engenharia Cartográfica, En-
genharia de Estruturas, Engenharia Oceanográfica, Engenharia Sanitária, En-
genharia de Geodésia e Cartografia e Engenharia Arquitetônica.
• Engenharia Elétrica: Engenharia Eletrônica, Engenharia Eletromecânica, En-
genharia Mecatrônica, Engenharia de Computadores – Hardware, Engenharia
de Computadores – Software, Engenharia de Telecomunicações, Engenharia
de Automação e Controle de Processos, Engenharia Eletrotécnica, Engenharia
de Sistemas de Energia, Engenharia Nuclear e Engenharia Telemática.
• Engenharia Industrial: Engenharia de Manufatura, Engenharia de Produção
e Engenharia Têxtil.
• Engenharia de Materiais: Engenharia de Cerâmicas, Engenharia de Madeira,
Engenharia de Plásticos, Engenharia Metalúrgica, Engenharia de Minas, En-
genharia de Petróleo e Engenharia Geológica.
• Engenharia Mecânica: Engenharia Automotiva, Engenharia Aeroespacial,
Engenharia Aeronáutica e Engenharia Naval.
• Engenharia Química: Engenharia de Alimentos.

Ainda conforme Cocian (2017), as modalidades da engenharia também


podem ser divididas conforme a finalidade a qual estão destinadas em:

• extração, processamento e uso dos recursos naturais;


• infraestrutura e urbanismo;
• máquinas, mecanismos, manufatura, energia térmica e mecânica;

24
TÓPICO 2 — MODALIDADES DA ENGENHARIA

• processos químicos, de alimentos, de tecnologia dos materiais e de energia nuclear;


• eletroeletrônica, computação, iluminação, instrumentação, energia elétrica e
magnética;
• aplicações para sistemas biológicos;
• saúde e segurança;
• aplicações militares.

3 GRANDES MODALIDADES DA ENGENHARIA


Vimos até agora que existem muitas áreas da engenharia e que elas podem
ser subdivididas em áreas correlatas, conforme suas aplicações na sociedade.
Estudaremos algumas das grandes modalidades atuais da engenharia.

3.1 ENGENHARIA CIVIL


A engenharia civil é a área da engenharia responsável por projetar, geren-
ciar e executar obras e construções. De forma prática, o engenheiro civil é um pro-
fissional capaz de coordenar todas as etapas de um projeto de construção, desde
a análise do local, concepção do projeto, elaboração dos desenhos, legalização da
obra, materiais, mão de obra, execução, acompanhamento e acabamentos.

O profissional formado em Engenharia Civil pode trabalhar tanto em em-


presas públicas, privadas ou de forma autônoma. De modo geral, as principais
áreas de atuação profissional são no desenvolvimento de projetos de construção
civil e urbana, consultoria, estrutura, inspeção, fiscalização, perícia, saneamento,
rodovias, geotecnia e transporte.

As atribuições do Engenheiro Civil são definidas pelo art. 7º da Lei nº


5.194 de 1966; art. 28 e 29 do Decreto nº 23.569 de 1933; e art. 7º da Resolução nº
218 de 1973 do CONFEA. Entre elas destacam-se:

• Construção e averiguação de edificações, equipamentos de segurança, urba-


nos, rurais e regionais e de serviços.
• Aproveitamento e utilização de recursos naturais.
• Análise de questões artístico-culturais e técnicos.
• Planejamento e fornecimento de meios de locomoção durante a execução da obra.
• Desempenhar cargos, funções e comissões em organizações estatais.
• Explorar recursos alternativos e naturais para o desenvolvimento da indústria.
• Estudar, projetar, analisar e avaliar técnicas e obras relacionadas a edifícios,
rodovias, ferrovias captação e abastecimento de água, drenagem e irrigação.
• Planejar e projetar trabalhos em âmbito urbano, rural, de transportes e em
outras regiões.
• Coordenar atribuições em autarquias e instituições de economia mista ou privada.
• Estudar, projetar, analisar e avaliar técnicas e obras relacionadas a portos,
rios, canais, barragens e das concernentes aos aeroportos.

25
UNIDADE 1 — OS PRINCÍPIOS DA ENGENHARIA

• Estudar, projetar, analisar e avaliar técnicas e obras relacionadas ao sanea-


mento urbano e rural.
• Estudar, projetar, analisar e avaliar técnicas e obras e serviços de urbanismo.
• Projetar e construir "pontes e grandes estruturas”.

Os engenheiros civis projetam métodos e instalações que combatem os


mais sérios problemas do planeta. Em vista da existência de ar poluído, dete-
rioração das cidades, estradas e pontes; aeroportos e estradas entupidas, lençóis
freáticos, rios e lagos contaminados, o engenheiro civil é chamado para projetar
soluções que sejam viáveis de forma técnica e econômica (COCIAN, 2017).

O curso de ensino superior em Engenharia Civil conta na sua estrutura


curricular com disciplinas generalistas nas áreas de Física, Matemática e Quími-
ca. As disciplinas específicas da prática profissional de um engenheiro civil apre-
sentam conceitos sobre: mecânica, desenho técnico, eletricidade, projeto arquite-
tônico, elementos de mineralogia e geologia, estruturas, topografia, mecânica de
fluídos, resistência dos materiais, estática, hidráulica, edificações, planejamento
de obras, entre muitas outras.

FIGURA 13 – SÍMBOLO DO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

FONTE: <https://bit.ly/3pTFsLf>. Acesso em: 26 jan. 2021.

Entretanto, a Engenharia Civil, como todas as engenharias, é um campo


multidisciplinar que inclui em sua base também conceitos das ciências sociais,
da política, da economia, da história e da filosofia, sendo, portanto, uma ciência
com impacto social. Ao final do curso, o acadêmico precisa realizar um estágio
supervisionado e elaborar um trabalho de conclusão de curso na área para obter
o título de bacharel em Engenharia Civil.

26
TÓPICO 2 — MODALIDADES DA ENGENHARIA

NOTA

A data comemorativa de valorização da profissão é dia 25 de outubro, dia nacio-


nal do Patrono da Construção Civil e dos Profissionais da Engenharia Civil, fazendo alusão a
25/10/98, quando o Papa João Paulo II promoveu a beatificação do Frei Antônio de Sant’Ana
Galvão, desde 2007, Santo Frei Galvão. Em mais de 28 anos de trabalho, Frei Galvão atuou na
construção de obras importantes em São Paulo, como o Mosteiro da Imaculada Conceição
da Luz e a Igreja de Nossa Senhora da Luz. Em setembro de 2016, a data recebeu a chancela
do Congresso Nacional, por meio da aprovação do Projeto de Lei nº 348/2013.

FONTE: <https://bit.ly/3wrgBAT>. Acesso em: 17 maio 2021.

FIGURA 14 – MOSTEIRO DA IMACULADA CONCEIÇÃO DA LUZ: OBRA DE FREI GALVÃO

FONTE: <https://bit.ly/3gyuVRd>. Acesso em: 26 jan. 2021.

3.2 ENGENHARIA MECÂNICA



A Engenharia Mecânica é a área da engenharia que se destina à concep-
ção, análise, fabricação e manutenção de sistemas mecânicos. Segundo Cocian
(2017), qualquer coisa que for mecânica ou que deva interagir com outra máquina
ou ser humano, está dentro do amplo escopo da atuação do engenheiro mecânico.

Se você pensar em sua rotina, perceberá que existe uma série de “máqui-
nas” com as quais interage constantemente. A televisão, a geladeira, o automóvel,
o computador, a máquina de lavar roupa, o fogão e até mesmo os produtos mais
simples que você conhece passaram por máquinas ou precisaram de uma para
serem produzidos. O engenheiro mecânico é o profissional responsável por pro-
jetar e desenvolver essas máquinas e seus motores.

E não são somente essas as atribuições deste profissional da engenharia.


O trabalho do engenheiro mecânico varia conforme a indústria, podendo tam-
bém atuar em pesquisa de novas tecnologias, levantamento de dados técnicos, no

27
UNIDADE 1 — OS PRINCÍPIOS DA ENGENHARIA

gerenciamento de instalação e mão de obra, no orçamento de materiais e equipa-


mentos, no controle de qualidade, na consultoria empresarial, na área de vendas
técnicas e no projeto usinas e fábricas.

Como se trata de uma profissão bastante abrangente, há boas oportunida-


des para o engenheiro mecânico em diversas indústrias, como montadoras auto-
motivas, metal mecânico, alimentício, cerâmico, indústria têxtil, eletroeletrônica,
petroquímicas, celulose, açúcar, álcool, gás, entre muitos outros ramos industriais.

O profissional dessa área tem suas atribuições definidas no art. 12º da


Resolução 218, de 1973 do CONFEA. Ainda, compete ao engenheiro mecânico
submeter à prova instalações mecânicas, para conferir sua segurança e eficiência,
e verificar se correspondem às especificações do projeto. Ele também assessora a
instalação mecânica e o funcionamento de indústrias, colaborando com a admi-
nistração na observação de legislação e no comércio.

Segundo Bazzo e Pereira (2011), podemos dividir a engenharia mecânica


em três grandes classes:

• Mecânica pesada: que trata dos grandes elementos, como turbinas hidráuli-
cas, guindastes, pontes rolantes etc., que normalmente são fabricados unida-
de por unidade.
• Produção em série: produtos fabricados em grandes quantidades, geralmen-
te em linhas automatizadas, como carros, geladeiras, máquinas de costura etc.
• Mecânica fina: instrumentos e equipamentos de grande nível de precisão,
como impressoras para computadores, instrumentos de medição, máquinas
fotográficas etc.

Para exercer a função de engenheiro mecânico é obrigatório possuir o di-


ploma de bacharel em Engenharia Mecânica em curso reconhecido pelo MEC e
obter o registro profissional no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia
(CREA) do Estado onde atua.

O curso de Engenharia Mecânica é do tipo bacharelado e dura em média


dez semestres, com uma carga intensa de disciplinas fundamentais como Cálcu-
lo, Física, Química e laboratórios. O curso também conta com matérias específi-
cas, como Desenho Técnico, Manutenção Mecânica, Legislação e Normas Téc-
nicas, Metrologia, Mecânica dos Fluídos, Mecânica das Estruturas, Práticas de
Refrigeração e Ar-condicionado, Elementos de Máquinas, Manufatura Mecânica,
Processos Siderúrgicos, Soldagem e muito mais.

28
TÓPICO 2 — MODALIDADES DA ENGENHARIA

DICAS

A IMPORTÂNCIA DO DESENHO TÉCNICO NA ENGENHARIA MECÂNICA

O desenho técnico entra como um instrumento elementar para que a excelência do tra-
balho seja alcançada. Sendo a última etapa de um planejamento, ele é responsável por in-
formar detalhes e precisões do produto em desenvolvimento, tornando o processo eficaz
e minimizando erros, já que se trata da representação final do projeto.
A normatização que rege o Desenho Técnico é editada pela Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT), que define os padrões nacionais, alinhados aos internacionais, aprovados
pela ISO (Organização Internacional de Normalização). Essa normatização garante que os pro-
jetos sejam compreendidos por qualquer um que tenha conhecimento da regulamentação.

3.3 ENGENHARIA PRODUÇÃO


A Engenharia de Produção é um ramo da engenharia que tem por finali-
dade otimizar produtos e processos industriais, visando ao aumento da produ-
ção e à redução de custos. O Engenheiro de Produção é o profissional responsável
por viabilizar, planejar, produzir e distribuir produtos que a sociedade necessita.

Para Valério e Bazzo (2006), um engenheiro de produção se dedica, de


modo geral, ao projeto e gerência de sistemas que envolvem pessoas, materiais,
equipamentos e ambiente. Por englobar um conjunto maior de conhecimentos e
habilidades, este profissional consegue visualizar os problemas de forma global.

É comum que se tenham dúvidas sobre a prática da profissão deste campo


da engenharia, que, muitas vezes, se confunde com alguns ramos da administra-
ção. O foco da Engenharia de Produção está na solução de problemas de sistemas
de produção utilizando ferramentas técnicas.

Segundo a Associação Brasileira de Engenharia de Produção, compete


à Engenharia de Produção o projeto, a implantação, a operação, a melhoria e a
manutenção de sistemas produtivos integrados de bens e serviços, envolvendo
homens, materiais, tecnologia, informação e energia. São atribuições ainda dos
profissionais desta área especificar, prever e avaliar os resultados obtidos destes
sistemas para a sociedade e o meio ambiente, recorrendo a conhecimentos espe-
cializados da matemática, física, ciências humanas e sociais, conjuntamente com
os princípios e métodos de análise e projeto da engenharia (ABREPO, c2021).

O engenheiro de produção pode trabalhar em diversas áreas dentro de


uma empresa. As mais comuns são em operação da distribuição de produtos,
controle de matéria-prima, planejamento estratégico, controle financeiro, logísti-
ca, planejamento de produtos, mercado consumidor, entre outros.

29
UNIDADE 1 — OS PRINCÍPIOS DA ENGENHARIA

Para Bazzo e Pereira (2011), dentre as principais responsabilidades de um


engenheiro de produção estão:

• escolher a localização de indústrias, determinar o equipamento e o processo


de manufatura, modificando hábitos não recomendáveis de trabalho;
• analisar as operações e introduzir modificações no sentido de racionalizar o
trabalho;
• estudar custos operacionais e dedicar-se ao estudo de tempos e métodos;
• atuar como elemento de ligação entre o setor técnico e o setor administrativo
de uma empresa;
• cuidar da segurança do processo produtivo, da avaliação econômico-financei-
ra da empresa e do layout das instalações industriais;
• planejar e programar compras, produção e distribuição dos produtos;
• definir estratégias de controle de estoques.

Para exercer a função de engenheiro de produção é obrigatório possuir


o diploma de bacharel em Engenharia de Produção em curso reconhecido pelo
MEC e obter o registro profissional no Conselho Regional de Engenharia e Agro-
nomia (CREA) do Estado onde atua.

O curso de Engenharia de Produção possui em sua grade curricular dis-


ciplinas básicas de Matemática, Física e Química. O curso possui matérias espe-
cíficas como Planejamento e Controle de Produção, Administração de Produção,
Gestão de Qualidade, Custos Industriais, Gestão de Projetos, Projeto de Fábrica
e Manutenção Industrial, Ergonomia e Segurança Industrial, Projeto de Produto
e Processo, Modelagem e Simulação de Processos e muito mais. Na Figura 15,
você, acadêmico, pode conhecer o símbolo do curso de Engenharia de Produção
utilizado pela ABEPRO – Associação Brasileira de Engenharia de Produção.

FIGURA 15 – SÍMBOLO DO CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

FONTE: <https://bit.ly/2SEbMp0>. Acesso em: 26 jan. 2021.

30
TÓPICO 2 — MODALIDADES DA ENGENHARIA

3.4 ENGENHARIA ELÉTRICA


Engenharia elétrica é o ramo da engenharia que se refere à geração, transmis-
são, distribuição e utilização da energia elétrica; equipamentos, materiais e máquinas
elétricas; sistemas de medição e controle elétricos; seus serviços afins e correlatos.

O engenheiro elétrico é responsável por planejar, construir e manter siste-


mas capazes de gerar, transmitir e distribuir energia elétrica. Seu objetivo é levar
energia elétrica a toda a população de forma segura e com qualidade.

Segundo Cocian (2009), a engenharia elétrica é um ramo muito vasto composto


de dois braços principais: a engenharia elétrica e a engenharia eletrônica. A engenharia
elétrica como um todo, se relaciona com os elétrons, campos elétricos e magnéticos,
todos estes fenômenos invisíveis. Isto é o que faz desta engenharia ser tão fascinante!

As primeiras aplicações comerciais da eletricidade surgiram em meados


do século XIX, quando se iniciou a comercialização, a distribuição e a utilização
da energia elétrica. Hoje em dia as propriedades mais úteis da eletricidade são: a
facilidade e eficiência com as quais é gerada e distribuída, e a precisão e flexibili-
dade como a qual pode ser aplicada e controlada.

Tais características são exploradas pelos engenheiros eletricistas em um


número crescente de formas diferentes. Você, por exemplo, já imaginou sua vida
sem energia elétrica? Se hoje você pode assistir televisão, tomar um banho quente
no inverno, fazer uma ligação pelo celular, ler um livro à noite ou guardar comida
na geladeira, é graças ao trabalho do engenheiro eletricista.

O mercado de trabalho para engenheiros eletricistas é vasto e está em ex-


pansão. Grandes obras de infraestrutura, a expansão da área de telecomunicações
e investimentos em energia renovável têm contribuído para a crescente demanda
por profissionais nessa área.

Algumas das empresas que mais contratam este profissional são: usinas,
subestações, linhas de transmissão, empresas de telecomunicações, indústrias de
material elétrico e eletrônico, automobilística e construção civil. Um engenheiro
elétrico pode trabalhar em órgãos públicos (como secretarias, ministérios e insti-
tuições municipais, estaduais e federais), na iniciativa privada e como autônomo.

Para Bazzo e Pereira (2011), a formação em engenharia elétrica envolve


campos específicos de atuação tais como:

• Eletricidade em geral: geração, transmissão e distribuição de energia, nos se-


tores de hidrelétrica, subestações e termoelétrica.
• Eletrônica de potência: dispositivos eletrônicos de potência, controle de motores,
acionamento de máquinas elétricas, simulação digital de máquinas e conversores.

31
UNIDADE 1 — OS PRINCÍPIOS DA ENGENHARIA

• Telecomunicações: sistemas de áudio e vídeo, antenas e propagação de ondas


eletromagnéticas, micro-ondas, telefonia analógica e digital, processamento ana-
lógico e digital de sinais, redes de comunicações, telecomunicações por satélite.
• Controle e automação: controle computacional de processos industriais, con-
trole óptico, robótica, inteligência artificial, planejamento e implantação de
processos de automação industrial.

O curso de ensino superior em Engenharia Elétrica tem na sua grade cur-


ricular disciplinas generalistas nas áreas de Física, Matemática e Química. As dis-
ciplinas específicas da prática profissional de um engenheiro eletricista apresen-
tam conceitos sobre: eletricidade, eletrotécnica, instalações elétricas residenciais,
circuitos elétricos, eletrônica digital, modelagem e sistemas dinâmicos, eletrônica
analógica, conversão de energia, geração e distribuição de energia elétrica, trans-
formadores, fontes alternativas e eficiência energética, entre muitas outras.

No Brasil, considera-se engenheiro eletricista quem for formado em enge-


nharia elétrica em uma instituição de ensino credenciada pelo MEC, porém para
poder exercer a profissão é necessário registro no sistema do CREA (Conselho
Regional de Engenharia e Agronomia) do estado onde atua.

DICAS

DIA DO ENGENHEIRO ELETRICISTA NO BRASIL

Em 23 de novembro, comemora-se, no Brasil, o Dia do Engenheiro Eletricista, data em


que, no ano de 1913, foi fundado o Instituto Eletrotécnico de Itajubá. Várias outras boas
escolas de engenharia elétrica foram criadas posteriormente, a maioria das vezes se utili-
zando do conhecimento, do exemplo e até dos recursos humanos formados na Escola de
Itajubá – Decretado pela Lei nº 12.074, de 29 de outubro de 2009.

FONTE: <https://bit.ly/3pSbXte>. Acesso em: 18 maio 2021.

3.5 ENGENHARIA AMBIENTAL E SANITÁRIA


A Engenharia Ambiental e Sanitária é o ramo da engenharia que atua no
desenvolvimento, na execução e no gerenciamento de projetos que visem ao de-
senvolvimento sustentável da sociedade. A principal função deste campo da en-
genharia é preservar os recursos naturais e proteger a saúde humana.

Segundo Bazzo e Pereira (2011), o engenheiro sanitarista e ambiental


elabora, executa, projeta, opera e mantém obras civis relativas a instalações de
saneamento e ambientais. Especifica e prepara orçamentos de custo, recursos
necessários, técnicas de execução e outros dados, para assegurar a construção,

32
TÓPICO 2 — MODALIDADES DA ENGENHARIA

funcionamento, manutenção e reparos dos sistemas de abastecimento de água e


sistemas de esgotos. Por isso, desempenha o importante papel de contribuir para
a melhoria da qualidade ambiental e para um desenvolvimento sustentado.

O mercado de trabalho dos profissionais de Engenharia Ambiental e Sani-


tária está em expansão. Existe uma crescente preocupação da população com as
questões ambientais, fazendo com que este profissional possa trabalhar tanto no
setor público, quanto privado e ainda de forma autônoma.

Mais especificamente, compete a este profissional trabalhos referentes ao


controle sanitário do ambiente, à avaliação de impactos ambientais, à captação e
distribuição de água, esgoto e resíduos – urbanos e industriais –, ao controle de
poluição, ao manejo de bacias hidrográficas, drenagem urbana e rural, à higiene
e conforto ambiental e às obras civis relacionadas a estes sistemas.

No curso de Engenharia Ambiental e Sanitária, além das matérias de formação


geral, são disciplinas específicas: climatologia, sistemas de gestão e auditoria ambiental,
legislação e direito ambiental, química ambiental, geoprocessamento e sensoriamento
remoto, microbiologia ambiental, saneamento ambiental, hidrologia, licenciamento,
avaliação e controle de impactos ambientais, tratamento de efluentes, tratamento de
água, operações unitárias, planejamento urbano e ambiental, entre muitas outras.

4 OUTRAS MODALIDADES DE ENGENHARIA


Caro acadêmico, vimos até então algumas modalidades de Engenharia
existentes com um olhar mais atento. Entretanto, existem algumas outras modali-
dades de engenharia cujas atribuições são amplamente utilizadas no mercado de
trabalho e que certamente em algum momento de sua carreira você terá contato.

4.1 ENGENHARIA QUÍMICA


Dentro dos ramos de atuação da engenharia, a Engenharia Química é a
responsável pelos processos químicos em grande escala. Assim, o engenheiro quí-
mico utiliza conhecimentos técnicos e científicos para projetar, construir e operar
processos químicos, biológicos e físicos de forma a converter a matéria-prima em
produtos apropriados para o uso.

O trabalho do engenheiro químico está mais presente na sua rotina do que


você imagina. Este profissional é em grande parte responsável pelo papel e pela
tinta de caneta que talvez você esteja utilizando para fazer suas anotações agora.
É também responsável em grande parte pela fabricação de produtos de higiene
pessoal, medicamentos, alimentos, tratamento de água, plásticos, combustíveis,
tintas, entre uma série de produtos presentes em nossas rotinas.

Segundo Bazzo e Pereira (2011), são atribuições do engenheiro químico:

33
UNIDADE 1 — OS PRINCÍPIOS DA ENGENHARIA

• elaborar métodos novos e aperfeiçoados para a fabricação de produtos quími-


cos e outros produtos sujeitos a tratamento químico;
• projetar e controlar a construção, a montagem e o funcionamento de instala-
ções e fábricas onde se realiza o preparo ou o tratamento químico;
• estudar processos de produção empregados em indústrias ou laboratórios
para verificar as diferentes etapas de operação, a viabilidade de produção, a
redução dos custos e conseguir um melhor controle de qualidade;
• melhorar e aperfeiçoar os processos técnicos de extração das matérias-primas,
sua transformação e utilização;
• responsabilizar-se pela fabricação de tintas, solventes, reagentes, amônia,
ácidos, fósforos, fosfatos, sódio, cerâmicas, vidros, cimentos, plásticos, borra-
chas, fibras naturais e sintéticas, papel, celulose etc.;
• trabalhar na produção de derivados do petróleo ou em processos de destila-
ção do álcool.

Alguns dos campos de atuação do engenheiro químico são as indústrias quí-


micas, petrolíferas, petroquímicas, fármacos e química fina, de papel e celulose, tintas
e vernizes, cosméticos e perfumes, alimentos, bebidas, nas quais ele desenvolve traba-
lhos de produção, controle, automação, acompanhamento e otimização de processos.

4.2 ENGENHARIA DE COMPUTAÇÃO


Em um mundo cada vez mais conectado, a Engenharia de Computação
tem por finalidade projetar e construir hardware e software – hardware incide
na parte física do computador, suas estruturas, seus elementos e seus periféricos
(como teclado, mouse e monitor).

Nessa área, o engenheiro de computação faz a integração de circuitos


eletrônicos da máquina e desenvolve placas de ligação entre o equipamento e
seus acessórios. Outra área em que um engenheiro da computação pode atuar
é o campo da automação industrial e robótica. Ele desenvolve robôs e sistemas
digitais para fábricas e indústrias.

4.3 ENGENHARIA DE MATERIAIS


A Engenharia de Materiais é o ramo da engenharia que se destina a cria-
ção de novos materiais, através de ligas e combinações. Segundo Concian (2017),
os engenheiros de materiais selecionam as matérias primas, projetam formas de
extrair metais úteis dos minérios, sugerem métodos de preparação e processa-
mento, antecipam as propriedades dos materiais nas condições de trabalho, e
melhoram as propriedades dos materiais existentes.

Os engenheiros de materiais trabalham na área de metais, desenvolvendo novas


ligas metálicas; na indústria de polímeros, desenvolvendo compostos de borrachas, resi-
nas, acrílicos e plásticos; na indústria cerâmica, no desenvolvimento de novos materiais
cerâmicos; no controle de qualidade, na consultoria, entre outros ramos de atuação.
34
TÓPICO 2 — MODALIDADES DA ENGENHARIA

4.4 ENGENHARIA DE ALIMENTOS


A Engenharia de Alimentos refere-se ao desenvolvimento de projetos e
execução de técnicas para a fabricação, preservação, armazenamento, distribuição
e transporte de alimentos industrializados; seus serviços afins e correlatos.

Deste modo, este profissional atua, principalmente, em indústrias do ramo


alimentício, sendo responsável por desenvolver técnicas, equipamentos, sistemas
e novos produtos, além de prestar controle de qualidade em todas as etapas do
processo, desde a escolha da matéria-prima até o produto acabado.

4.5 ENGENHARIA AGRÍCOLA


A Engenharia Agrícola é a área da engenharia ligada à agricultura. O
profissional com esta formação atua no planejamento e execução da produção
agrícola e de processos agroindustriais. O engenheiro agrícola realiza a gestão
dos recursos naturais e dos sistemas de irrigação e drenagem, evitando a erosão
do solo e a poluição de mananciais. Sua formação admite, ainda, que acompanhe
a comercialização e distribuição de produtos derivados do agronegócio.

DICAS

Acadêmico, atualmente existem cerca de 60 modalidades de engenharia re-


gulamentadas no Brasil. Acesse o link https://bit.ly/3pZLhGT para conhecer cada uma delas
e aproveite este momento para pesquisar sobre as atribuições e importância dessas outras
modalidades para a sociedade.

Vimos, neste tópico, a variedade de áreas em que a engenharia pode


atuar e a importância das atribuições do profissional formado em engenharia na
sociedade. Conhecer as diversas modalidades de engenharia é fundamental para
todos aqueles que optam por seguir essa profissão, pois constantemente estarão
em contato com desafios que necessitam que conhecimentos aprofundados em
diferentes áreas para serem resolvidos.

35
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

• As atribuições profissionais mais comuns dos engenheiros são planejar, pro-


jetar, estudar, analisar, avaliar, ensinar, pesquisar, fiscalizar e coordenar.

• Para exercer a função de engenheiro é obrigatório possuir o diploma de bacharel


em Engenharia em curso reconhecido pelo MEC e obter o registro profissional
no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA) do Estado onde atua.

• Os cursos de engenharia possuem em sua grade curricular um núcleo básico


de conteúdos que envolvem fundamentos de Matemática, Química, Física,
Administração, Informática, entre outros; e matérias com conteúdos profis-
sionalizantes e específicos.

• É através das necessidades da sociedade que a engenharia vai se ramificando


para várias áreas do conhecimento com o objetivo de amplificar a área de
atuação do profissional.

• As modalidades da engenharia podem ser classificadas conforme o critério


atividade e finalidade.

• Os profissionais da engenharia são responsáveis por planejar, projetar, es-


tudar, analisar, avaliar, ensinar, pesquisar, fiscalizar e coordenar atividades
correlatas a sua área de especialização.

• Algumas grandes modalidades da engenharia são: Engenharia Civil, Enge-


nharia de Produção, Engenharia Elétrica, Engenharia de Produção e Enge-
nharia Mecânica.

• Como modalidades de destaque, tem-se: Engenharia Química, Engenharia de


Alimentos, Engenharia de Computação, Engenharia Agrícola, Engenharia de
Materiais, entre outras.

36
AUTOATIVIDADE

1 Um profissional formado em engenharia possui a capacidade de aplicar conhe-


cimentos científicos de forma prática com o objetivo de solucionar problemas.
Sobre o exercício da função de engenheiro, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Para exercer a função de engenheiro não é obrigatório possuir o diplo-


ma de bacharel em Engenharia. É necessário apenas possuir o registro
profissional no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA)
do Estado onde atua.
b) ( ) Para exercer a função de engenheiro é obrigatório possuir o diploma
de bacharel em Engenharia em curso reconhecido pelo MEC e obter o
registro profissional no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia
(CREA) do Estado onde atua.
c) ( ) Para exercer a função de engenheiro é obrigatório possuir o diploma de
bacharel em Engenharia e obter o registro profissional no Conselho Re-
gional de Engenharia e Agronomia (CREA) do Estado onde se formou.
d) ( ) Para exercer a função de engenheiro é obrigatório possuir o diploma de
bacharel em Engenharia em curso reconhecido pelo Conselho Regional
de Engenharia e Agronomia (CREA).

2 Atualmente, existem diversas modalidades de engenharia, que englobam


várias áreas do conhecimento e amplificam a área de atuação profissional.
Sobre as modalidades de engenharia, classifique V para as sentenças verda-
deiras e F para as falsas:

( ) A Engenharia Mecânica destina-se à concepção, análise, fabricação e ma-


nutenção de sistemas mecânicos.
( ) A Engenharia de Produção tem por finalidade administrar os processos
industriais, visando à redução de custos e o aumento do desemprego.
( ) A Engenharia Elétrica é a área da engenharia responsável por planejar,
construir e manter sistemas capazes de gerar, transmitir e distribuir ener-
gia elétrica.
( ) A Engenharia Ambiental e Sanitária atua no gerenciamento de projetos
que visem ao desmatamento e o aumento dos sistemas de esgoto.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V – V – V – F.
b) ( ) F – F – F – V.
c) ( ) F – F – V – V.
d) ( ) V – F – V – F.

3 O profissional formado em Engenharia Civil pode atuar no desenvolvimen-


to de projetos de construção civil e urbana, consultoria, fiscalização, perícia,
geotecnia, transporte, entre outras funções. As atribuições do Engenheiro
37
Civil são definidas pelo art. 7º da Lei nº 5194 de 1966, art. 28 e 29 do Decreto
nº 23.569 de 1933 e art. 7º da Resolução 218 de 1973 do CONFEA. Sobre as
atribuições profissionais do engenheiro civil, analise as opções a seguir:

I- Construção e averiguação de edificações, equipamentos de segurança, ur-


banos, rurais e regionais e de serviços.
II- Estudar, projetar, analisar e avaliar técnicas e obras relacionadas a edifí-
cios, rodovias, ferrovias captação e abastecimento de água, drenagem e
irrigação.
III- Planejar e projetar trabalhos em âmbito urbano, rural, de transportes e em
outras regiões.
IV- Estudar, projetar e analisar técnicas de tratamento de esgoto doméstico.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Somente a opção I está correta.


b) ( ) As opções II e III estão corretas.
c) ( ) As opções I, II e III estão corretas.
d) ( ) Todas as opções estão corretas.

4 As modalidades de engenharia podem ser divididas conforme a finalidade


a qual estão destinadas. Sobre a relação atividade-modalidade, associe os
itens, utilizando o código a seguir:

I- Engenharia Mecânica.
II- Engenharia Elétrica.
III- Engenharia Civil.

( ) Infraestrutura e urbanismo.
( ) Máquinas, mecanismos, manufatura, energia térmica e mecânica.
( ) Eletroeletrônica, computação, iluminação, instrumentação, energia elé-
trica e magnética.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) I – III – II.
b) ( ) II – III – I.
c) ( ) I – II – III.
d) ( ) III – I – II.

5 Cada vez mais vivemos em um mundo complexo e que necessita de profissionais


especializados e que dominem um determinado campo de atuação. Quais são as
finalidades que podem ser utilizadas para dividir as modalidades da Engenharia?

6 São muitas as responsabilidades que um profissional formado em engenha-


ria possui na sociedade, entre elas a de ter uma boa preparação técnica. Quais
são os requisitos legais para que um Engenheiro possa exercer a profissão?

38
TÓPICO 3 —
UNIDADE 1

A IMPORTÂNCIA DO NÚCLEO DE CONTEÚDOS


BÁSICOS, ESPECÍFICOS E PROFISSIONALIZANTES

1 INTRODUÇÃO

Você já analisou as disciplinas da grade curricular da graduação que está


cursando? Observou como os conteúdos estão distribuídos ao longo dos semestres?
Vibrou com a expectativa de estudar algumas das disciplinas profissionalizantes?
É importante que você, enquanto estudante, atende-se à importância dos núcleos
de conteúdos básicos, específicos e profissionalizantes do seu curso de Engenharia.

Os cursos de ensino superior em engenharia seguem diretrizes governa-


mentais e são planejados de modo contextualizado, propondo atividades multi-
disciplinares e transdisciplinares que possuem como objetivo a formação de pro-
fissionais competentes e habilidosos em suas respectivas áreas de atuação e que
possam trabalhar na resolução de problemas relevantes na nossa sociedade.

Dentro do processo de formação profissional em todas as modalidades de


engenharia, existem conteúdos fundamentais na formação básica de um engenhei-
ro, em que se tem o suporte teórico necessário para a compreensão de conteúdos
profissionalizantes. Ao final do curso, com as disciplinas optativas e específicas,
com o estágio obrigatório e o trabalho de conclusão de curso, você, acadêmico, po-
derá reunir o conhecimento de várias disciplinas para o enfrentamento de situações
complexas e a elaboração de projetos, essenciais para a sua formação profissional.

Neste tópico, nós conheceremos as principais diretrizes curriculares dos


cursos de graduação em Engenharia, a importância dos núcleos de conteúdos
básicos, específicos e profissionalizantes, os conteúdos que formam cada núcleo
nas diferentes modalidades de Engenharia e as atividades práticas e sua impor-
tância na formação profissional.

2 DIRETRIZES CURRICULARES DOS CURSOS DE GRADUAÇÃO


EM ENGENHARIA
Todos os cursos de graduação no Brasil seguem diretrizes curriculares ins-
tituídas pelo Conselho Nacional de Educação. O principal objetivo dessas diretri-
zes são orientar as instituições de ensino como elaborar os currículos acadêmicos
em diferentes níveis de ensino, garantindo uma padronização de conteúdos bási-
cos, específicos e profissionalizantes para a formação profissional em todo o país.

39
UNIDADE 1 — OS PRINCÍPIOS DA ENGENHARIA

A grade curricular dos cursos de graduação em Engenharia no Brasil se-


gue atualmente a Resolução n° 2 do Conselho Nacional de Educação – CNE/ Câ-
mara de Ensino Superior – CES, de 24 de abril de 2019, que em seu 1° parágrafo
do 3° artigo aborda o perfil desejável ao profissional da engenharia:

Art. 3º O perfil do egresso do curso de graduação em Engenharia deve


compreender, entre outras, as seguintes características:

I- Ter visão holística e humanista, ser crítico, reflexivo, criativo, cooperativo e


ético e com forte formação técnica.
II- Estar apto a pesquisar, desenvolver, adaptar e utilizar novas tecnologias, com
atuação inovadora e empreendedora.
III- Ser capaz de reconhecer as necessidades dos usuários, formular, analisar e
resolver, de forma criativa, os problemas de Engenharia.
IV- Adotar perspectivas multidisciplinares e transdisciplinares em sua prática.
V- Considerar os aspectos globais, políticos, econômicos, sociais, ambientais,
culturais e de segurança e saúde no trabalho.
VI- Atuar com isenção e comprometimento com a responsabilidade social e com
o desenvolvimento sustentável.

Esta resolução também frisa em seu 9º artigo a importância do núcleo de


conteúdos básicos, específicos e profissionalizantes para os cursos de engenharia:

Art. 9º – Todo curso de graduação em Engenharia deve conter, em seu


Projeto Pedagógico de Curso, os conteúdos básicos, profissionais e específicos,
que estejam diretamente relacionados com as competências que se propõe a de-
senvolver. A forma de se trabalhar esses conteúdos deve ser proposta e justificada
no próprio Projeto Pedagógico do Curso (BRASIL, 2019).

As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) dos cursos de graduação em En-


genharia buscam fornecer conceitos atuais que atendam às demandas do mercado de
trabalho e que permitam formar melhores engenheiros. As diretrizes possuem foco
na formação baseada por competências que atendam às expectativas e características
esperadas de um engenheiro recém-formado. Existe um alinhamento entre habilida-
des técnicas e compreensão do meio em que o profissional estará inserido.

As diretrizes curriculares dão ênfase a necessidade de realização de ativi-


dades práticas durante a graduação. Como sempre dizemos em nossa instituição
“é preciso saber fazer”, por isso, ao longo da formação acadêmica, existem ativi-
dades práticas que complementam a aprendizagem ativa dos conceitos básicos,
específicos e profissionalizantes.

É importante contextualizar que se entende por conteúdos básicos da En-


genharia um conjunto de conhecimentos compartilhados entre todas as modali-
dades que permitem aos engenheiros desenvolverem competências e habilidades
fundamentais para o exercício da profissão.

40
TÓPICO 3 — A IMPORTÂNCIA DO NÚCLEO DE CONTEÚDOS BÁSICOS, ESPECÍFICOS E PROFISSIONALIZANTES

Os conteúdos profissionalizantes têm por finalidade fornecer a funda-


mentação teórica referente à modalidade de engenharia estudada. Por sua vez, os
conteúdos específicos constituem-se em conhecimentos científicos, tecnológicos
e práticos que permitem o aprofundamento e extensão dos conceitos aprendidos
nas disciplinas profissionalizantes.

As diretrizes curriculares orientam ainda sobre as atividades complemen-


tares, o estágio curricular obrigatório sob supervisão direta do curso e sobre o
Projeto Final de Curso. Sobres estes, os Artigos 11 e 12 da Resolução N° 2 do
Conselho Nacional de Educação CNE/CES 19 preveem:

• Art. 11. A formação do engenheiro inclui, como etapa integrante da graduação,
as práticas reais, entre as quais o estágio curricular obrigatório sob supervisão
direta do curso.
o § 1º A carga horária do estágio curricular deve estar prevista no Projeto
Pedagógico do Curso, sendo a mínima de 160 (cento e sessenta) horas.
• Art. 12. O Projeto Final de Curso deve demonstrar a capacidade de articulação
das competências inerentes à formação do engenheiro.

Desta forma, seguindo essas orientações, as instituições de ensino supe-


rior desenvolvem o Plano Pedagógico de Curso (PPC), que engloba os funda-
mentos pedagógicos e administrativos adotados na condução do processo de
ensino-aprendizagem. O PPC dispõe sobre os objetivos gerais do curso, matriz
curricular, atividades de estágio obrigatório e todos os requisitos necessários
para o estudante obter o diploma acadêmico.

3 NÚCLEO DE CONTEÚDOS BÁSICOS NA ENGENHARIA



Como vimos anteriormente, o curso de graduação em Engenharia deve
ter em seu plano pedagógico, e em sua organização, os conteúdos básicos, os
profissionais e os específicos que caracterizem a formação escolhida. Os conteúdos
básicos são fundamentais para todas as modalidades de engenharia e contribuem
efetivamente para o desenvolvimento das competências esperadas.

Dentre os conteúdos básicos do curso de Engenharia, tem-se no § 1º do 9º


Art. da Resolução N° 2 do Conselho Nacional de Educação CNE/CES 19:

• § 1º Todas as habilitações do curso de Engenharia devem contemplar os seguin-


tes conteúdos básicos, dentre outros: administração e economia; algoritmos e
programação; ciência dos materiais; ciências do ambiente; eletricidade; estatísti-
ca. Expressão gráfica; fenômenos de transporte; física; informática; matemática;
mecânica dos sólidos; metodologia científica e tecnológica; e química.

41
UNIDADE 1 — OS PRINCÍPIOS DA ENGENHARIA

Objetivando a diversificação curricular, as instituições de ensino superior po-


dem introduzir no plano pedagógico os conteúdos e os componentes curriculares, com
foco no desenvolvimento de conhecimentos de importância regional, nacional e inter-
nacional, bem como definir ênfases em determinado campo da engenharia e articular
novas competências e saberes necessários aos novos desafios que se apresentem.

Assim, ao cursar o núcleo de conteúdos básicos, que por sua vez é desenvol-
vido em diferentes níveis de conhecimentos, você terá o embasamento teórico neces-
sário para desenvolver seu aprendizado como um futuro profissional de engenharia.

DICAS

Caro acadêmico, realize uma busca da grade curricular dos cursos de enge-
nharia ofertados em nosso site “https://portal.uniasselvi.com.br/” e observe quais são as dis-
ciplinas em comum entre os cursos que constituem o núcleo de conteúdos básicos.

E
IMPORTANT

O núcleo de conteúdos refere-se aos conteúdos que devem ser abordados na


ementa das disciplinas do curso. Não necessariamente referem-se ao nome propriamente
dito das disciplinas.

3.1 LABORATÓRIOS PARA O NÚCLEO DE CONTEÚDOS


BÁSICOS
A utilização de laboratórios é um recurso didático importante que permite
ao estudante a associação do conhecimento científico com o seu conhecimento
cotidiano. As aulas de laboratório estão previstas no § 3º do 9º Art. da Resolução
N° 2 do Conselho Nacional de Educação CNE/CES 19:

Art. 9º § 3º Devem ser previstas as atividades práticas e de laboratório,


tanto para os conteúdos básicos como para os específicos e profissionais, com
enfoque e intensidade compatíveis com a habilitação da engenharia, sendo
indispensáveis essas atividades nos casos de Física, Química e Informática.

Alguns exemplos de laboratórios para atendimento dos núcleos de


conteúdos básicos são:

42
TÓPICO 3 — A IMPORTÂNCIA DO NÚCLEO DE CONTEÚDOS BÁSICOS, ESPECÍFICOS E PROFISSIONALIZANTES

• Laboratório de Desenho Geométrico e Geometria Descritiva: neste laboratório é


possível desenvolver habilidades fundamentais para a construção de figuras geo-
métricas e representação de objetos em perspectiva, conforme as normas ABNT.
• Laboratório de Física Instrumental: neste laboratório é possível colocar em
prática conceitos básicos de física que envolvem cinemática, dinâmica, está-
tica, termodinâmica, óptica, elétrica, ondas, uso de instrumentos de medida,
mecânica de sólidos e fluídos, entre outros.
• Laboratório de Química Experimental: neste laboratório são realizadas prá-
ticas que englobam instruções gerais sobre segurança em procedimentos de
laboratórios, densidade, reações químicas, estequiometria, cinética, proprie-
dades de ácidos, bases e sais, equilíbrio químico, oxirredução, entre outros.
• Laboratório de Desenho Técnico: neste laboratório são aplicados conceitos
de desenho geométrico, desenvolvimento de peças em 2D e 3D em progra-
mas específicos, realização de cotagem de peças, interpretação de desenhos
de projetos, entre outros.
• Laboratório de Ciência, Tecnologia e Resistência dos Materiais: neste la-
boratório são colocados em prática noções de metrologia, análise de dados,
testes com corpos de prova, análise de falhas, ensaio mecânicos, propriedades
de materiais e ensaios complementares.
• Laboratório de Informática: neste laboratório é possível se familiarizar com
termos de linguagem de programação, algoritmos, lógica, softwares comuns
da engenharia, entre outros.

E
IMPORTANT

LABORATÓRIOS VIRTUAIS

Uma possibilidade transformadora no ensino da Engenharia são os laboratórios virtuais


integrados aos ambientes virtuais de aprendizagem. Acadêmico, conforme você pode ver
na Figura 16, os laboratórios virtuais simulam um ambiente real que permite ao aluno rea-
lizar de forma muito similar as práticas que ocorrem nos laboratórios físicos.
Essa ferramenta possui uma série de benefícios no processo de ensino-aprendizagem, forne-
cendo ao aluno um ambiente seguro, acessível, em que há a possibilidade de repetir os ensaios
quantas vezes forem necessárias e que significa um grande avanço tecnológico para a educação.

43
UNIDADE 1 — OS PRINCÍPIOS DA ENGENHARIA

FIGURA 16 – LABORATÓRIOS VIRTUAIS

FONTE: <https://bit.ly/3pUxcdT>. Acesso em 29 jan. 2021.

4 NÚCLEO DE CONTEÚDOS PROFISSIONALIZANTES


O núcleo de conteúdos profissionalizantes dos cursos de Engenharia deve
estar estruturado de forma a garantir o desenvolvimento de competências e habi-
lidades características a formação profissional requerida, assim como fornecerem
suporte para a formação de uma visão humanista, crítica e reflexiva da sociedade.

O núcleo de conteúdos profissionais essenciais é constituído por áreas de sa-


ber destinadas à caracterização da identidade do profissional. Os agrupamentos des-
tes campos de saberes geram grandes áreas que caracterizam o campo profissional,
integrando as subáreas de conhecimento que identificam a formação do engenheiro.

As disciplinas correspondentes ao núcleo de conteúdos profissionalizantes


possuem por finalidade integrar conhecimentos do núcleo de conteúdos básicos de
diversos eixos de forma interdisciplinar. Toda modalidade de engenharia possui
subáreas de conhecimento e suas respectivas disciplinas profissionalizantes, mas
todas elas possuem foco na prática alinhada com o conhecimento científico.

Caro acadêmico, veremos na sequência alguns conteúdos profissionali-


zantes referentes a importantes modalidades de engenharia.

4.1 CONTEÚDOS PROFISSIONALIZANTES NA ENGENHARIA


CIVIL
As disciplinas profissionalizantes na Engenharia Civil podem ser agrupa-
das em algumas subáreas do conhecimento que são fundamentais para a forma-
ção do profissional graduado nesta modalidade de engenharia.

De modo geral, como exemplos dos conteúdos profissionalizantes na En-


genharia Civil tem-se as práticas de construção civil, planejamento e gestão na
construção civil, topografia, resistência dos materiais, geologia, fundamentos de
44
TÓPICO 3 — A IMPORTÂNCIA DO NÚCLEO DE CONTEÚDOS BÁSICOS, ESPECÍFICOS E PROFISSIONALIZANTES

hidráulica e hidrometria, concreto armado, locação de obras, construção de edifi-


cações, mecânica dos solos, materiais de construção, instalações hidrossanitárias,
fundações e obras de terra, estradas e pavimentos.

4.2 CONTEÚDOS PROFISSIONALIZANTES NA ENGENHARIA


DE PRODUÇÃO
Na Engenharia de Produção, as disciplinas com assuntos de formação
profissional têm por finalidade a capacitação operacional do aluno através da
aplicação dos conteúdos teóricos à prática, formando um engenheiro apto a in-
gressar no mercado de trabalho.

Como exemplos dos conteúdos abordados nas disciplinas do curso temos


a engenharia do produto (propriedades dos materiais), o projeto da fábrica, ma-
nutenção industrial, processos de produção, administração da produção, gestão
da qualidade, pesquisa operacional, engenharia do trabalho, planejamento estra-
tégico, logística, gestão de projetos e gestão econômica.

4.3 CONTEÚDOS PROFISSIONALIZANTES NA ENGENHARIA


AMBIENTAL E SANITÁRIA
As disciplinas profissionalizantes na Engenharia Ambiental e Sanitária
podem ser agrupadas em algumas subáreas do conhecimento que visam, além de
associar a teoria à prática, levar a formação de um profissional analítico e capaz
de propor soluções sustentáveis para as questões ambientais.

Para os cursos de Engenharia Ambiental e Sanitária tem-se como principais


conteúdos profissionalizantes os conceitos da química analítica ambiental, climatolo-
gia, sistemas de gestão ambiental, mecânica dos fluídos, hidráulica, topografia, geotec-
nia ambiental, microbiologia ambiental, sensoriamento remoto, saneamento, gestão de
resíduos, hidrologia, controle de impactos ambientais, operações unitárias, tratamento
de água e efluentes, gestão da qualidade, legislação ambiental, entre outras.

4.4 CONTEÚDOS PROFISSIONALIZANTES NA ENGENHARIA


ELÉTRICA
O Engenheiro Eletricista deve possuir uma série de competências e habili-
dades que o permitam contextualizar os conhecimentos científicos com a prática da
profissão. Da mesma forma, os conteúdos profissionalizantes podem ser agrupados
em subáreas do conhecimento em eletricidade, eletrotécnica e eletromagnetismo.

Na Engenharia Elétrica, as disciplinas com assuntos de formação profissional


abrangem as práticas de eletricidade e eletrotécnica, fenômenos de transporte, mate-
riais elétricos, instalações elétricas residenciais, engenharia econômica, circuitos elétri-
45
UNIDADE 1 — OS PRINCÍPIOS DA ENGENHARIA

cos, eletromagnetismo, modelagem matemática, sistema dinâmicos, eletromecânica,


conversão de energia, eletrônica analógica, máquinas elétricas, sistemas elétricos de
potência, microcontroladores, microprocessadores e fontes alternativas de energia.

4.5 CONTEÚDOS PROFISSIONALIZANTES NA ENGENHARIA


MECÂNICA
Na formação profissional do engenheiro mecânico é necessário uma série
de conhecimentos que possibilitem a resolução de problemas e a criação de ino-
vações tecnológicas que melhorem a vida da humanidade.

Na Engenharia Mecânica, o núcleo dos conteúdos profissionalizantes ba-


seia-se na resistência dos materiais, metrologia, termodinâmica, desenho técni-
co mecânico, elementos de máquinas, dinâmica dos corpos rígidos, processo de
fabricação, mecânica dos fluidos, manutenção mecânica, projeto de máquinas,
motores à combustão, sistemas hidráulicos, automação de sistemas, instalações
elétricas, gestão de qualidade, processos de natureza mecânica, entre outros.

5 NÚCLEO DE CONTEÚDOS ESPECÍFICOS


O núcleo de conteúdos específicos é composto por componentes curri-
culares obrigatórias, que tem por finalidade complementar a formação mínima
profissional e as competências pertinentes às atribuições perante o conselho pro-
fissional de cada Engenharia. Esse terceiro núcleo de conteúdos é formado por
componentes curriculares que se constituem em extensões e aprofundamentos
dos conteúdos profissionalizantes.

Os conteúdos a serem trabalhados nas disciplinas correspondentes ao núcleo


de conteúdos específicos baseiam-se em conhecimentos científicos, tecnológicos e
instrumentais necessários para a definição das modalidades de engenharia. Compre-
ende-se como princípios fundamentais do Núcleo de Conteúdos Específicos:

• Trabalho de Final de Curso.


• Estágio Curricular Obrigatório.
• Núcleo de Aprofundamentos e Extensões, composto por Disciplinas Optativas.

Nas disciplinas optativas, os assuntos são aperfeiçoados e realizados


nas diretrizes já concretizadas em um curso de Engenharia, à medida que as
proporções acontecem através de pontos de vista inovadores.

Os conteúdos específicos, aliados às disciplinas opcionais, permitem a


você, acadêmico, aprofundar-se em conteúdos com os quais tenha mais afinidade.
É uma oportunidade de se ir além do que se é exigido, possibilitando aprofundar
conhecimentos em uma área específica da modalidade de Engenharia escolhida.

46
TÓPICO 3 — A IMPORTÂNCIA DO NÚCLEO DE CONTEÚDOS BÁSICOS, ESPECÍFICOS E PROFISSIONALIZANTES

Este núcleo de conteúdos possui algumas contribuições importantes de serem


destacadas. Por se tratar de conteúdos definidos pela Instituição de Ensino Superior,
podem ser baseados nas necessidades atuais do mercado de trabalho ou no foco de
ensino e pesquisa da instituição. Podem ser considerados uma primeira especialização
profissional do aluno que está concluindo o curso de graduação ou, ainda, servirem
como intercâmbio de conhecimento com outras modalidades de Engenharia.

5.1 CONTEÚDOS ESPECÍFICOS NA ENGENHARIA CIVIL

Constituem conteúdos profissionalizantes específicos da Engenharia Ci-


vil: construção civil, materiais de construção civil, hidráulica, saneamento básico
e ambiental, teoria das estruturas, sistemas estruturais, transporte e logística, me-
cânica dos solos, fundações e obras de terra, instalações prediais.

5.2 CONTEÚDOS ESPECÍFICOS NA ENGENHARIA DE


PRODUÇÃO
Na Engenharia de Produção os conteúdos profissionalizantes específicos
são: gestão da produção, logística pesquisa operacional, engenharia da qualida-
de, engenharia do produto, ergonomia, engenharia do trabalho, engenharia orga-
nizacional, engenharia econômica e gestão ambiental.

5.3 CONTEÚDOS ESPECÍFICOS NA ENGENHARIA AMBIENTAL


E SANITÁRIA
São conteúdos profissionalizantes específicos da Engenharia Ambiental
e Sanitária: climatologia e meteorologia, controle de poluição, ecologia aplicada,
estudo e análise de impactos ambientais, legislação ambiental, recuperação de
áreas poluídas e degradadas, tratamento e aproveitamento de efluentes, resíduos
sólidos, hidráulica, microbiologia e saneamento básico.

5.4 CONTEÚDOS ESPECÍFICOS NA ENGENHARIA ELÉTRICA


A Engenharia Elétrica possui como conteúdos profissionalizantes espe-
cíficos: instrumentação, sistemas digitais, processamento de sinais de áudio e
vídeo, circuitos eletrônicos, eletrônica de potência, dispositivos semicondutores,
geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, máquinas elétricas, mode-
lagem e análise de sistemas de potência.

47
UNIDADE 1 — OS PRINCÍPIOS DA ENGENHARIA

5.5 CONTEÚDOS ESPECÍFICOS NA ENGENHARIA MECÂNICA


Constituem conteúdos profissionalizantes específicos da Engenharia Me-
cânica: controle de sistemas dinâmicos, modelagem, análise e simulação de siste-
mas, robótica, sistemas lineares e não lineares, automação industrial, máquinas
térmicas e motores a combustão.

6 LABORATÓRIOS PARA OS NÚCLEOS DE CONTEÚDOS


ESPECÍFICOS E PROFISSIONALIZANTES
As atividades práticas na engenharia constituem um fator fundamental
na formação profissional dos estudantes. São um momento de consolidação do
conhecimento e de motivação, que permitem ao estudante a aprendizagem ativa,
no qual é possível ir descobrindo, processando e aplicando informações.

As aulas práticas específicas das modalidades de engenharia permitem ao aca-


dêmico familiarizar-se com a prática da profissão, dando suporte para uma formação
técnica, científica e profissional sólida. As aulas práticas permitem ao aluno pensar e
criar soluções para problemas e adaptar-se aos recursos disponíveis para isso.

Cada modalidade de engenharia possui seus laboratórios ou práticas específi-


cas que são ofertadas ao longo do curso de graduação e seguem as necessidades e fun-
cionalidades que o perfil profissional deve estar apto a atender no mercado de trabalho.

Vejamos alguns exemplos de práticas sugeridas para a realização em labora-


tórios para o atendimento do Núcleo de Conteúdos Profissionalizantes e Específicos:

• Engenharia Civil: práticas de eletricidade e eletrotécnica, práticas de cálculo numéri-


co, práticas de construção civil, práticas de instalações elétricas residenciais, práticas
de topografia e geologia, práticas hidrossanitárias e práticas de pavimentos.
• Engenharia de Produção: ciência dos materiais, qualidade de produtos, trata-
mento de efluentes, modelagem e simulação de processos, automação indus-
trial e manufatura de produtos.
• Engenharia Ambiental e Sanitária: química ambiental, microbiologia, geolo-
gia, mecânica dos fluidos, tratamento de água e efluentes, botânica, sensoria-
mento remoto e operações unitárias.
• Engenharia Elétrica: práticas de eletricidade e eletrotécnica, práticas de cál-
culo numérico, fenômenos de transporte, práticas de instalações elétricas re-
sidenciais, práticas de manutenção mecânica, práticas de eletromagnetismo,
prática de circuitos elétricos, conversão de energia, eletrônica, transformado-
res, máquinas elétricas, microcontroladores e microprocessadores, práticas
de acionamentos e eletrônica de potência.
• Engenharia Mecânica: práticas de manutenção mecânica, metrologia, mecâ-
nica dos fluídos, práticas de refrigeração e ar-condicionado, prática de vibra-
ções, práticas de materiais e tratamento térmico, motores de combustão inter-
na, soldagem, práticas de acionamentos e práticas de lubrificação e desgastes.
48
TÓPICO 3 — A IMPORTÂNCIA DO NÚCLEO DE CONTEÚDOS BÁSICOS, ESPECÍFICOS E PROFISSIONALIZANTES

Caro acadêmico, neste tópico, vimos que os cursos de ensino superior em


Engenharia seguem diretrizes nacionais que são essenciais para proporcionar
uma formação de qualidade e que atenda às necessidades da sociedade. Em to-
dos os cursos de Engenharia existem conteúdos básicos similares que fornecem
fundamentação teórica para compreender os conteúdos específicos de cada mo-
dalidade e conteúdos profissionalizantes. Ao final do curso de graduação, todos
esses conteúdos irão ter fornecido o essencial para a prática profissional.

49
UNIDADE 1 — OS PRINCÍPIOS DA ENGENHARIA

LEITURA COMPLEMENTAR

A IMPORTÂNCIA DA REPRESENTATIVIDADE FEMININA NA


ENGENHARIA

A igualdade entre indivíduos é fundamental em qualquer ramo da so-


ciedade. Seja ele político, econômico ou social. No Brasil, mulheres representam
51,7% do país, estudam mais que os homens, tem recebido aumento salarial sig-
nificante nos últimos anos, mas ainda assim não ocupam a maior porcentagem
de cargos de destaque seja na indústria ou política e recebem menos (IBGE 2018).

Por consequência de aspectos culturais em nossa sociedade, os dados


acima refletem diretamente no ingresso, permanência e conclusão de mulheres
em cursos de engenharia. Temos essencialmente uma sociedade marcada pelo
machismo, que vem sendo desconstruído ao longo dos anos, mas ainda assim
influencia na escolha de curso de ensino superior de qualquer um dos sexos.

Apesar de todas as marcas do passado que se refletem no presente e futuro é


importante entender o papel da igualdade dentro da sociedade e ainda mais no ramo
da engenharia para que seja possível construirmos um futuro cada vez mais igualitário.

Pesquisas realizadas pela McKinsey, renomada empresa de consultoria es-


tratégica, apontam a importância entre equipes com igualdade de gênero. Em 2015,
um estudo foi realizado em times onde havia uma distribuição equilibrada entre
homens e mulheres e times onde a predominância era masculina. Foi observado
que em times com maior diversidade, os resultados ligados à performance financei-
ra foram 15% maior do que os resultados em times com pouca diversidade.

No mesmo estudo, foi possível notar que de três países em análise (Esta-
dos Unidos, Brasil e Inglaterra) as mulheres representam mais de 50% em relação
à população total, mas ainda assim não chegam nem a 20% de representatividade
em cargos de liderança.

Em 2017, pesquisas da Unesco também revelaram que mulheres correspon-


dem a menos de um terço de pessoas empregadas em pesquisa e desenvolvimento
científicos no mundo. Além disso, estudos realizados pela organização indicaram
que dentre os ingressantes de carreiras relacionadas à engenharia, matemática, fí-
sica e química, os homens são os que têm maior probabilidade de permanência.

As porcentagens tratadas acima são explicadas indiretamente pelo baixo


número de mulheres em cursos de exatas. Com poucas mulheres ingressantes em
cursos superiores como engenharia, a chance de que elas cheguem até cargos de
destaque e sejam pesquisadoras científicas renomadas é muito menor em relação
a seus colegas de trabalho.

50
TÓPICO 3 — A IMPORTÂNCIA DO NÚCLEO DE CONTEÚDOS BÁSICOS, ESPECÍFICOS E PROFISSIONALIZANTES

Felizmente, no Brasil, existe uma mudança significativa em relação ao in-


gresso de mulheres comparado às décadas do século passado, onde sua partici-
pação era quase nula em cursos ocupados, majoritariamente, por homens.

De acordo com a primeira mulher a assumir diretoria da Escola Politécni-


ca de São Paulo, Liedi Légi Barini Bernucci, foi possível identificar o aumento das
mulheres nas salas de aulas nos últimos tempos:

“Essa é uma tendência natural de resposta do gênero feminino em busca


da igualdade nas profissões. A cultura do país está evoluindo e passando a acei-
tar as mulheres em áreas consideradas mais masculinas. Como elas estão mais
participativas nas atividades econômicas, isso começa a despontar para a geração
mais jovem e, consequentemente, aparecem mais meninas ingressando em cursos
de ciências, tecnologia e engenharia”.

Ainda que o cenário tenha começado a mudar, Liedi ressalta que o movi-
mento se dá por uma evolução cultural e não por políticas públicas que poderiam
aumentar ainda mais a participação feminina neste campo.

Em 2017, foi realizado o Censo da Educação Superior pelo Quero Bolsa e dados
apontam que o sexo feminino é maioria em porcentagem de ingresso em pelo menos
três cursos da área: Engenharia de Alimentos, 62,9%, Engenharia de Bioprocessos e
Biotecnologia, 59,4%, Engenharia Têxtil, 53,6%. Por outro lado, em cursos tradicionais
como Engenharia Civil, Engenharia Mecânica e Engenharia Elétrica as porcentagens
não são muito animadoras sendo 27,7%, 9,8% e 11,7%, respectivamente.

A Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Poli-U-


FRJ), buscando aumentar o ingresso, permanência e conclusão de mulheres em
cursos de engenharia, lançou em maio de 2019 a campanha “#EsseLugarTam-
bémÉMeu”. A campanha visa o aumento de mulheres nos cursos de engenharia
por meio de ações de divulgação fora da Universidade, visando atrair mulheres
de fora da comunidade acadêmica e lutar para tornar o ambiente interno da Uni-
versidade um lugar seguro para as mulheres presentes.

Diante de todos os dados apresentados e relatos intensos é possível con-


cluir a importância de abraçar uma luta tão nobre e justa. Além de melhorias evi-
dentes na economia e em toda a sociedade, ainda é possível entender que abraçar
a causa faz sentido para evoluirmos cada vez mais para um ambiente mais homo-
gêneo, igualitário e justo para todos.
FONTE: <https://bit.ly/3gzvt9E>. Acesso em: 30 jan. 2021.

51
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:

• Todos os cursos de graduação no Brasil seguem diretrizes curriculares insti-


tuídas pelo Conselho Nacional de Educação.

• As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) dos cursos de graduação em


Engenharia buscam fornecer conceitos atuais que atendam às demandas do
mercado de trabalho e que permitam formar melhores engenheiros.

• A grade curricular dos cursos de graduação em Engenharia no Brasil segue


atualmente a Resolução n° 2 do Conselho Nacional de Educação – CNE/ Câ-
mara de Ensino Superior –CES, de 24 de abril de 2019.

• Todo curso de graduação em Engenharia deve conter, em seu Projeto Pedagó-


gico de Curso, os conteúdos básicos, profissionais e específicos, que estejam
diretamente relacionados com as competências que se propõe a desenvolver.

• O núcleo de conteúdos refere-se aos conteúdos que devem ser abordados na


ementa das disciplinas do curso. Não necessariamente referem-se ao nome
propriamente dito das disciplinas.

• O núcleo de conteúdos básicos da Engenharia envolve um conjunto de co-


nhecimentos compartilhados entre todas as modalidades que permitem aos
engenheiros desenvolverem competências e habilidades fundamentais para o
exercício da profissão.

• As disciplinas profissionalizantes na Engenharia podem ser agrupadas em


algumas subáreas do conhecimento que são fundamentais para a formação
profissional de cada modalidade de engenharia.

• O núcleo de conteúdos específicos é composto por componentes curriculares


obrigatórias, que visam complementar a formação mínima profissional.

• Compreende-se como princípios fundamentais do núcleo de conteúdos


específicos: trabalho de final de curso, estágio curricular obrigatório e dis-
ciplinas optativas.

52
• A grade curricular dos cursos de Engenharia deve prever a realização de ati-
vidades práticas e de laboratório, tanto para os conteúdos básicos como para
os específicos e profissionais.

• Os laboratórios virtuais simulam um ambiente real que permite ao aluno rea-


lizar de forma muito similar as práticas que ocorrem nos laboratórios físicos.

CHAMADA

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53
AUTOATIVIDADE

1 Os cursos de ensino superior seguem atualmente a Resolução n° 2 do Con-


selho Nacional de Educação – CNE/ Câmara de Ensino Superior – CES, de
24 de abril de 2019. Neste documento existe uma série de orientações com
relação à grade curricular dos cursos de graduação. Com relação às Diretri-
zes Curriculares Nacionais (DCN), assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Todo curso de graduação deve conter, em seu Planejamento Pedagógi-


co de Curso (PPC), núcleos de conteúdos complementares, essenciais e
específicos, que estejam diretamente relacionados com as qualidades a
serem desenvolvidas nos acadêmicos.
b) ( ) Somente os cursos de graduação em Engenharia devem conter, em seu
Projeto Pedagógico de Curso (PPC), núcleos de conteúdos básicos, pro-
fissionais e específicos, que estejam diretamente relacionados com as
competências a serem desenvolvidas nos acadêmicos.
c) ( ) Todo curso de graduação deve conter, em seu Projeto Pedagógico de
Curso (PPC), núcleos de conteúdos básicos, profissionais e específicos,
que estejam diretamente relacionados com as competências a serem de-
senvolvidas nos acadêmicos.
d) ( ) Todo curso de graduação deve conter em sua ementa os núcleos de
conteúdos básicos, profissionais e específicos, que são as disciplinas a
serem estudadas pelos acadêmicos.

2 O núcleo de conteúdos básicos é fundamental para todas as modalidades de


engenharia e contribuem efetivamente para o desenvolvimento das compe-
tências esperadas. Sobre os conteúdos básicos que todas as habilitações dos
cursos de Engenharia devem contemplar, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Administração e Economia; Algoritmos e Programação; Ciência dos Ma-


teriais; Ciências do Ambiente; Desenho Gráfico; Eletricidade; Ergonome-
tria; Estatística; Legislação Profissional, Fenômenos de Transporte; Física;
Informática; Matemática; Metodologia Acadêmica; e Química.
b) ( ) Administração e Custos; Ciência Comerciais; Ciências do Ambiente;
Eletricidade; Estatística; Expressão Gráfica; Fenômenos de Transporte
Aéreo; Física Experimental; Informática Técnica; Matemática; Mecânica
dos Sólidos; Metrologia e Química Orgânica.
c) ( ) Administração e Economia; Algoritmos e Programação; Ciência dos
Materiais; Ciências do Ambiente; Eletricidade; Estatística. Expressão
Gráfica; Fenômenos de Transporte; Física; Informática; Matemática;
Mecânica dos Sólidos; Metodologia Científica e Tecnológica; e Química.
d) ( ) Administração e Empreendedorismo; Algoritmos e Programação; Cálculo
Matemático, Ciência dos Materiais; Ciências Econômicas; Eletromecânica;
Estatística; Fenômenos de Transporte; Física; Informática; Lógica, Matemáti-
ca; Mecânica dos Sólidos; Metodologia Científica e Tecnológica; e Química.

54
3 Os conteúdos a serem trabalhados nas disciplinas correspondentes ao nú-
cleo de conteúdos específicos baseiam-se em conhecimentos científicos,
tecnológicos e instrumentais necessários para a caracterização das modali-
dades de Engenharia. Assinale a alternativa CORRETA em que se compre-
ende como componentes do Núcleo de Conteúdos Específicos:

a) ( ) Disciplinas optativas como Engenharia Econômica, Recuperação de


Áreas Degradadas, Materiais de Construção Civil, Eletromagnetismo,
Cálculo Numérico e Qualidade de Produtos.
b) ( ) O Plano Pedagógico de Curso; Estágio Curricular Obrigatório e Núcleo
de Aprofundamentos e Extensões, composto por Disciplinas Optativas.
c) ( ) Todas as disciplinas Optativas que compõem o Núcleo de Aprofunda-
mentos e Extensões acadêmicas.
d) ( ) Trabalho de Final de Curso; Estágio Curricular Obrigatório e Núcleo de
Aprofundamentos e Extensões, composto por Disciplinas Optativas.

4 Sobre o núcleo de conteúdos profissionalizantes dos cursos de Engenharia,


classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) Devem estar fundamentadas nos conceitos científicos, tecnológicos e co-


tidianos da prática profissional, sem distinção quanto a modalidade de
Engenharia estudada.
( ) Devem fornecer suporte para a formação de uma visão profissional indi-
vidualista sociedade e de seus problemas.
( ) Devem estar estruturados de forma a garantir o desenvolvimento de
competências e habilidades características a formação profissional reque-
rida.
( ) Devem fornecer suporte para a formação de uma visão profissional hu-
manista, crítica e reflexiva da sociedade.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V – V – V – F.
b) ( ) F – F – V – V.
c) ( ) F – F – V – V.
d) ( ) V – F – F – V.

5 As atividades práticas na formação em Engenharia são um recurso didático


importante que permitem ao estudante a relacionar o conhecimento cientí-
fico com a prática da profissão. Cite três exemplos de laboratórios do núcleo
de conteúdos básicos.

6 O mercado de trabalho está cada vez mais exigente em relação a formação


acadêmica e competências dos profissionais que estão iniciando suas carrei-
ras. Diante deste cenário, quais características são desejáveis a um estudan-
te egresso de um curso de graduação em Engenharia?

55
REFERÊNCIAS
ABEPRO. A profissão. c2021. Disponível em: http://portal.abepro.org.br/a-profis-
sao/. Acesso em: 18 maio 2021.

BAZZO, W. A.; PEREIRA, L. T. V. Introdução à engenharia: conceitos, ferramen-


tas e comportamentos. Florianópolis: UFSC, 2011.

BAZZO, W. A.; PEREIRA, L. T. V.; LINSINGEN, I. V. Educação tecnológica enfo-


ques para o ensino da engenharia. Florianópolis: UFSC, 2008.

BRASIL. Resolução n° 2 do Conselho Nacional de Educação – CNE/ CES, de 24


de abril de 2019. Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Gra-
duação em Engenharia. Conselho Nacional de Educação, 2019. Disponível em:
https://bit.ly/3xpd46g. Acesso em: 18 maio 2021.

BRASIL. Resolução nº 218, de 29 de junho de 1973. Discrimina atividades das


diferentes Modalidades profissionais da Engenharia, Arquitetura e Agronomia.
Disponível em: https://bit.ly/3vrn5hQ. Acesso em: 18 maio. 2021.

BRASIL. Lei nº 5.194, de 24 de dezembro de 1966. Regula o exercício das profis-


sões de Engenheiro, Arquiteto e Engenheiro Agrônomo, e dá outras providências.
Disponível em: https://bit.ly/3iPYjVM. Acesso em: 18 maio 2021.

BRASIL. Decreto Federal nº 23.569, de 11 de dezembro de 1933. Regula o exer-


cício das profissões de engenheiro, de arquiteto e de agrimensor. República dos
Estados Unidos do Brasil. Rio de Janeiro, RJ, 1933. Disponível em: http://www.
confea.org.br. Acesso em: 20 jan. 2021.

COCIAN, L. F. E. Descobrindo a engenharia: a profissão. Canoas: ULBRA, 2009.


Disponível em: https://bit.ly/3gr3fyR. Acesso em: 18 maio 2021.

COCIAN, L. F. E. Engenharia: uma breve introdução. Canoas: ULBRA, 2017.

FEREGUETTI, L. Tipos de engenharia. 2019. Disponível em: https://bit.ly/


3grhK5T. Acesso em: 27 de jan. 2021.

FERNANDES JÚNIOR, J. C. Introdução à engenharia: um novo olhar. 2018. 76p.


Dissertação (Mestrado Profissional em Ensino de Ciências e Matemática) – Pro-
grama de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática, Pontifícia Univer-
sidade Católica de Minas Gerais, Belo Horizonte.

GUIA DE CARREIRA. Tipos de engenharia. c2021. Disponível em: https://bit.


ly/2Tv5Ui4. Acesso em: 20 jan. 2021.

56
TELLES, P. C. S. História da engenharia no Brasil: século XX. Rio de Janeiro:
Clavero, 1993.

TELLES, P. C. S. História da engenharia no Brasil: séculos XVI a XIX. Rio de


Janeiro: LTC, 1984.

VALÉRIO, M.; BAZZO, W. A. O papel da divulgação científica em nossa socie-


dade de risco: em prol de uma nova ordem de relações entre ciência, tecnologia e
sociedade. Revista de Ensino de Engenharia, v. 25, p. 31-39, 2006.

57
58
UNIDADE 2 —

A PRÁTICA DA ENGENHARIA

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• identificar as diferentes atribuições dos engenheiros;

• distinguir as diferentes associações e conselhos de engenharia;

• encontrar e conhecer as normas técnicas utilizadas para diferentes mo-


dalidades de engenharia;

• compreender as responsabilidades técnicas em engenharia.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No decorrer da
unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o
conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – COMPETÊNCIAS E ATRIBUIÇÕES PROFISSIONAIS DO


ENGENHEIRO

TÓPICO 2 – ASSOCIAÇÕES E CONSELHOS DE ENGENHARIA

TÓPICO 3 – NORMAS TÉCNICAS PARA ENGENHARIA

TÓPICO 4 – ANOTAÇÃO DE RESPONSABILIDADE TÉCNICA EM


ENGENHARIA (ART)

CHAMADA

Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos


em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá
melhor as informações.

59
60
TÓPICO 1 —
UNIDADE 2

COMPETÊNCIAS E ATRIBUIÇÕES PROFISSIONAIS


DO ENGENHEIRO

1 INTRODUÇÃO

Neste tópico, você, acadêmico, será introduzido às principais atribuições


e competências da profissão de engenharia, conhecendo como é possível se pre-
parar para uma animadora carreira de engenharia, os processos que envolvem tal
profissão, sua comunicação e ética.

Um bom profissional de engenharia deve ter conhecimento de todas suas ca-


pacidades na hora de projetar e executar suas tarefas. Para que isso ocorra inicialmen-
te é necessária uma adequada formação e titulação através dos acessos a escolas de
engenharias. O engenheiro deve estar antenado que sua função fundamental é a de
resolver os problemas que aparecem a sua frente, deve ter um bom domínio sobre as
leis fundamentais de física, química e matemática e aplicar esses princípios para pro-
jetar, desenvolver, testar e supervisionar a manufatura de vários produtos e serviços.

Diversas são as atividades do engenheiro, conforme observamos na Figura


1. Bons engenheiros são analíticos, detalhistas e criativos, sempre desejam aprender
novas técnicas ao longo da vida através de formação continuada, devem ter habili-
dades de comunicação oral e escrita, ser habilidosos com gerenciamento de tempo
para uma produtividade eficiente, capacidade de detalhamento técnico através de
desenvolvimento de gráficos e tabelas, ter conhecimento tecnológico para trabalhar
em computadores para modelar e analisar vários problemas práticos além de preci-
sar de habilidades pessoais de comunicação para entrar no mercado global.

FIGURA 1 – ATRIBUIÇÕES DOS ENGENHEIROS

FONTE: Adaptado de Moaveni (2015, p. 31)

61
UNIDADE 2 — A PRÁTICA DA ENGENHARIA

Tendo em vista estas informações o objetivo deste tópico é o de apresentar


o histórico de regulamentação dos profissionais de engenharia no Brasil, introdu-
zir os fundamentos de princípios básicos da engenharia aos acadêmicos, aspecto
muito necessários para os primeiros anos no mercado do profissional. Para ser um
engenheiro de sucesso o acadêmico deve entender os fundamentos e relacionar as
variáveis do problema com fórmulas e leis pertinentes para então saber como estas
variáveis serão medidas, aproximadas e calculadas para utilizar na prática.

2 HISTÓRICO DA REGULAMENTAÇÃO DOS PROFISSIONAIS


DE ENGENHARIA
No Brasil, o início do pensamento para uma regulamentação dos profis-
sionais de engenharia ocorreu com a vinda da família real portuguesa, em 1808,
através da criação de órgãos de formação profissional. No entanto, os requisitos
para engenheiros civis, geógrafos e agrimensores somente foram fixados no ano
de 1880 através do Decreto Imperial número 3.001 (BRASIL, 1880). Em 1890, o
exercício da profissão de Agrimensor e a criação do grau de “Doutor em Ciên-
cias” e “Distintivo” de Engenheiro, foram regulados por dois Decretos: o Decreto
nº 9.827 (BRASIL, 1887) e o Decreto nº 1.073 (BRASIL, 1890).

Somente em 1891, de acordo com a nova constituição, os Estados foram


responsáveis pela criação de faculdades de ensino e de controle das profissões
técnicas dentro dos seus territórios. Sob o comando do presidente Getúlio Vargas,
em 1933 foram realizados o Decreto nº 23.196 (BRASIL, 1933b) que regulamenta
a profissão agronômica e o Decreto número 23.569 (BRASIL, 1933a) que regula-
menta especificamente três profissões: engenheiros, arquitetos e agrimensores.

O avanço das tecnologias resultou em novos campos de atuação profissio-


nal, fazendo necessária a realização de novas regulamentações para o exercício
de engenheiros, arquitetos e agrônomos, através da elaboração da Lei Federal nº
5.194/66 (BRASIL, 1966a).

Atualmente, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio


Teixeira (INEP) é responsável pelo monitoramento e avaliação do Sistema Nacional de
Educação, propõe e define parâmetros e mecanismos de avaliações de educação dos
órgãos de ensino e estabelece as diretrizes e bases de educação nacional para todos os
cursos, inclusive os de engenharias. Conforme a Portaria do Inep nº 146 (INEP, 2008)
sobre as diretrizes das engenharias e como meio de classificação das diversas atribui-
ções de engenheiros são divididas as áreas de engenharia nos seguintes grupos:

1 – Engenharias I: Engenharia Cartográfica, Engenharia Civil, Engenharia de


Agrimensura, Engenharia de Recursos Hídricos e Engenharia Sanitária.
2 – Engenharias II: Engenharia da Computação, Engenharia de Comunicações, En-
genharia de Controle e Automação, Engenharia de Redes de Comunicação, En-
genharia de Telecomunicações, Engenharia Elétrica, Engenharia Eletrônica, En-
genharia Eletrotécnica, Engenharia Industrial Elétrica e Engenharia Mecatrônica.

62
TÓPICO 1 — competências e atribuições profissionais do engenheiro

3 – Engenharias III: Engenharia Aeroespacial, Engenharia Aeronáutica, Enge-


nharia Automotiva, Engenharia Industrial Mecânica, Engenharia Mecânica e
Engenharia Naval.
4 – Engenharias IV: Engenharia Bioquímica, Engenharia de Alimentos, Engenha-
ria de Biotecnologia, Engenharia Industrial Química, Engenharia Química e
Engenharia Têxtil.
5 – Engenharias V: Engenharia de Materiais e suas ênfases e/ou habilitações, En-
genharia Física, Engenharia Metalúrgica e Engenharia de Fundição.
6 – Engenharias VI: Engenharia de Produção e suas ênfases.
7 – Engenharias VII: Engenharia, Engenharia Ambiental, Engenharias de Minas,
Engenharia de Petróleo e Engenharia Industrial Madeireira.
8 – Engenharia VIII: Engenharia Agrícola, Engenharia Florestal e Engenharia de Pesca.

A seguir serão discutidas quais são as competências atribuídas aos engenheiros


no Brasil, através dos decretos e órgãos regulamentadores presentes no país e no exterior.

3 COMPETÊNCIA DO ENGENHEIRO
No Decreto nº 23.569 (BRASIL, 1933a) são apresentadas as primeiras com-
petências para profissionais de engenharia, arquitetura e agrimensura, exigindo a
conclusão e oficialização dos cursos, sendo exigido a licença e registro de carteira
profissional em um conselho regional.

Na resolução nº 2 de 24 de abril de 2019 (BRASIL, 2019) são atualizadas no


Art. 4 as competências do engenheiro, sendo estas:
I – Formular e conceber soluções desejáveis de engenharia, analisan-
do e compreendendo os usuários dessas soluções e seu contexto:
a) ser capaz de utilizar técnicas adequadas de observação, compre-
ensão, registro e análise das necessidades dos usuários e de seus
contextos sociais, culturais, legais, ambientais e econômicos;
b) formular, de maneira ampla e sistêmica, questões de engenharia,
considerando o usuário e seu contexto, concebendo soluções criati-
vas, bem como o uso de técnicas adequadas;
II – Analisar e compreender os fenômenos físicos e químicos por
meio de modelos simbólicos, físicos e outros, verificados e vali-
dados por experimentação:
a) ser capaz de modelar os fenômenos, os sistemas físicos e químicos,
utilizando as ferramentas matemáticas, estatísticas, computacio-
nais e de simulação, entre outras.
b) prever os resultados dos sistemas por meio dos modelos;
c) conceber experimentos que gerem resultados reais para o compor-
tamento dos fenômenos e sistemas em estudo.
d) verificar e validar os modelos por meio de técnicas adequadas;
III – conceber, projetar e analisar sistemas, produtos (bens e servi-
ços), componentes ou processos: a) ser capaz de conceber e pro-
jetar soluções criativas, desejáveis e viáveis, técnica e economi-
camente, nos contextos em que serão aplicadas;
b) projetar e determinar os parâmetros construtivos e operacionais
para as soluções de Engenharia;
c) aplicar conceitos de gestão para planejar, supervisionar, elaborar e
coordenar projetos e serviços de Engenharia;
63
UNIDADE 2 — A PRÁTICA DA ENGENHARIA

IV – Implantar, supervisionar e controlar as soluções de Engenharia:


a) ser capaz de aplicar os conceitos de gestão para planejar, supervisio-
nar, elaborar e coordenar a implantação das soluções de Engenharia.
b) estar apto a gerir, tanto a força de trabalho quanto os recursos físi-
cos, no que diz respeito aos materiais e à informação;
c) desenvolver sensibilidade global nas organizações;
d) projetar e desenvolver novas estruturas empreendedoras e solu-
ções inovadoras para os problemas;
e) realizar a avaliação crítico-reflexiva dos impactos das soluções de
Engenharia nos contextos social, legal, econômico e ambiental;
V – Comunicar-se eficazmente nas formas escrita, oral e gráfica:
a) ser capaz de expressar-se adequadamente, seja na língua pátria
ou em idioma diferente do Português, inclusive por meio do uso
consistente das tecnologias digitais de informação e comunicação
(TDICs), mantendo-se sempre atualizado em termos de métodos e
tecnologias disponíveis;
VI – Trabalhar e liderar equipes multidisciplinares: a) ser capaz de intera-
gir com as diferentes culturas, mediante o trabalho em equipes pre-
senciais ou a distância, de modo que facilite a construção coletiva;
b) atuar, de forma colaborativa, ética e profissional em equipes multi-
disciplinares, tanto localmente quanto em rede;
c) gerenciar projetos e liderar, de forma proativa e colaborativa, defi-
nindo as estratégias e construindo o consenso nos grupos;
d) reconhecer e conviver com as diferenças socioculturais nos mais di-
versos níveis em todos os contextos em que atua (globais/locais);
e) preparar-se para liderar empreendimentos em todos os seus aspec-
tos de produção, de finanças, de pessoal e de mercado;
VII – conhecer e aplicar com ética a legislação e os atos normativos no
âmbito do exercício da profissão:
a) ser capaz de compreender a legislação, a ética e a responsabilidade
profissional e avaliar os impactos das atividades de Engenharia na
sociedade e no meio ambiente.
b) atuar sempre respeitando a legislação, e com ética em todas as ati-
vidades, zelando para que isto ocorra também no contexto em que
estiver atuando; e
VIII – aprender de forma autônoma e lidar com situações e contextos com-
plexos, atualizando-se em relação aos avanços da ciência, da tecnolo-
gia e aos desafios da inovação: a) ser capaz de assumir atitude investi-
gativa e autônoma, com vistas à aprendizagem contínua, à produção
de novos conhecimentos e ao desenvolvimento de novas tecnologias.
b) aprender a aprender.
Parágrafo único. Além das competências gerais, devem ser agregadas
as competências específicas de acordo com a habilitação ou com a ên-
fase do curso (BRASIL, 2019, p. 1).

A Associação Americana de Sociedades de Engenharia e o Departamento


de Trabalho (The American Association of Engineering Societies and the Department
of Labor) lançou um modelo de competências para a engenharia onde são apre-
sentados modelos de competência necessários para boas práticas na engenharia
no âmbito de desenvolver conhecimentos, habilidade e atitudes do profissional.

O modelo de competência (LESLIE, 2016) consiste em cinco níveis. Abordando


líderes do setor, empregadores, educadores, profissionais de recursos humanos e en-
genheiros atuantes neste modelo para melhorar o treinamento, o desenvolvimento e a
experiência durante atuação da profissão. Os níveis de competência são os seguintes:

64
TÓPICO 1 — competências e atribuições profissionais do engenheiro

• Nível 1 – Competências de eficácia pessoal: essas competências são atributos pes-


soais, como ser capaz de trabalhar de forma eficaz com outras pessoas de origens
diversas, exibir fortes princípios morais e éticos no trabalho e a capacidade de se
adaptar a requisitos novos e variáveis. Essas são habilidades pessoais que podem
ser desenvolvidas na casa, na comunidade e no local de trabalho de uma pessoa.
• Nível 2 – Competências acadêmicas: este nível se relaciona às competências que
são aprendidas em um ambiente educacional e se aplicam a todos os setores e
ocupações. As competências incluem compreensão de leitura, habilidades em
ciências e matemática, pensamento crítico e habilidades de comunicação.
• Nível 3 – Competências no local de trabalho: as competências no local de traba-
lho tratam dos estilos interpessoais e de autogerenciamento. Essas competên-
cias envolvem a capacidade de trabalhar em equipe, atendendo com eficácia
às necessidades do cliente e das partes interessadas, gerenciando projetos de
maneira eficiente, pensamento inovador e conhecimento básico de negócios.
• Nível 4 – Competências de todo o setor: esta camada cobre o conhecimento e
as habilidades das quais os engenheiros podem se beneficiar, independente-
mente do setor. Essas competências incluem a compreensão dos fundamentos
da engenharia e seus efeitos na sociedade; projeto; éticas profissionais; e con-
trole de qualidade e garantia de qualidade.
• Nível 5 – Competências do setor de indústria: esta camada cobre competências
que são específicas a vários setores e estabelecidas por líderes da indústria.

Além disto, o mercado de trabalho cada vez mais exige um aprofundamento


nos conhecimentos de engenharia além dos técnicos básicos, sendo bem visto
domínio de novas tecnologias na área específica de sua atuação.

4 ATRIBUIÇÃO PROFISSIONAL
Por se tratar de atividades que envolvem questões de segurança pública,
as profissões de Engenharia, Engenharia Operacional, Tecnólogos e Técnicos, são
regulamentadas pelos governos, no que se refere às atribuições profissionais e
nos termos de responsabilidade técnica e civil das suas obras.

A lei que regulamenta a profissão dos engenheiros, arquitetos e agrôno-


mos é a Lei nº 5.194, de 24 de dezembro de 1966 (BRASIL, 1966b), e mais as Re-
soluções do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia. Atual-
mente, a Arquitetura não faz parte da grade profissional de atuação do CONFEA,
fazendo parte do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil – CAU.

65
UNIDADE 2 — A PRÁTICA DA ENGENHARIA

DICAS

Para maiores informações sobre a Lei nº 5.194 confira o link no site do governo:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5194.htm.

Com relação aos aspectos legais do engenheiro, são exigidos alguns


requisitos básicos para a sua prática, através de uma regulamentação profissional.
O diploma é o primeiro passo para atuar na profissão, no entanto, há dispositivos
legais que devem ser atendidos para uma habilitação legal e cabe ao profissional
providenciá-los. Para isso são necessários os seguintes procedimentos:

• Com a obtenção da titulação acadêmica, você deverá ser habilitado legalmente.


• Para isso é necessário o registro nos organismos credenciados para a fiscaliza-
ção e controle de trabalho.
• Uma vez devidamente registrado, estará apto, ou seja, habilitado e qualifica-
do, para o exercício da profissão.
• O órgão responsável pela fiscalização do exercício da profissão de engenheiro
é o CONFEA e o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia – CREA.

As diversas possibilidades de atribuições e atividades do engenheiro são men-


cionadas a seguir, conforme Resolução nº 218, de 29 de junho de 1973 (BRASIL, 1973):

1- supervisão, coordenação e orientação técnica;


2- estudo, planejamento, projeto e especificação;
3- estudo de viabilidade técnico-econômica;
4- assistência, assessoria e consultoria;
5- direção de obra e serviço técnico;
6- vistoria, perícia, avaliação, arbitramento, laudo e parecer técnico;
7- desempenho de cargo e função técnica;
8- ensino, pesquisa, análise, experimentação, ensaio e divulgação técnica; extensão;
9- elaboração de orçamento;
10- padronização, mensuração e controle de qualidade;
11- execução de obra e serviço técnico;
12- fiscalização de obra e serviço técnico;
13- produção técnica e especializada;
14- condução de trabalho técnico;
15- condução de equipe de instalação, montagem, operação, reparo ou manutenção;
16- execução de instalação, montagem e reparo;
17- operação e manutenção de equipamento e instalação;
18- execução de desenho técnico.

66
TÓPICO 1 — competências e atribuições profissionais do engenheiro

No ano de 1999, o CONFEA editou a Resolução nº 427 (CONFEA, 1999)


para incluir novas áreas de habilitação, como os Engenheiros de Controle e Auto-
mação, integrando o grupo de engenharia na modalidade de eletricista.

Existem diversos tipos de atribuições no âmbito de engenharia. Além do


engenheiro tradicional existem outros tipos de profissões, dentre elas temos os
engenheiros de operação (curso superior de curta duração de engenharia de ope-
ração), tecnólogos ou técnico especialistas. Estes cursos apresentam certos impe-
dimentos de trabalho nas suas atividades.

No quadro 1 são discriminadas as atividades profissionais possíveis para


os engenheiros, engenheiros operacionais, técnicos superiores ou tecnólogos e
técnicos especialistas, são apresentadas as atribuições possíveis e não entre os
profissionais citados anteriormente. Estas profissões são regulamentadas pela
CONFEA/CREA e definidas pela resolução CONFEA nº 1.073 (CONFEA, 2016).

QUADRO 1 – DETALHAMENTO DAS ATRIBUIÇÕES DOS DISTINTOS TIPOS DE PROFISSIONAIS


NA ENGENHARIA
Atribuições profissionais de Engenheiro Técnico
Engenheiro Tecnólogo
acordo com a modalidade Operacional Especialista
1. Supervisão, coordenação e
✓ Χ Χ Χ
orientação técnica;
2. Estudo, planejamento, projeto e
✓ Χ Χ Χ
especificação;
3. Estudo de viabilidade técnico-
✓ Χ Χ Χ
-econômica;
4. Assistência, assessoria e
✓ Χ Χ Χ
consultoria;
5. Direção de obra e serviço técnico; ✓ Χ Χ Χ
6. Vistoria, perícia, avaliação, arbi-
✓ Χ Χ Χ
tramento, laudo e parecer técnico;
7. Desempenho de cargo e função
✓ Χ Χ Χ
técnica;
8. Ensino, pesquisa, análise, expe-
rimentação, ensaio e divulgação ✓ Χ Χ Χ
técnica; extensão;
9. Elaboração de orçamento; ✓ ✓ ✓ Χ
10. Padronização, mensuração
✓ ✓ ✓ Χ
e controle de qualidade;
11. Execução de obra e
✓ ✓ ✓ Χ
serviço técnico;
12. Fiscalização de obra e serviço
✓ ✓ ✓ Χ
técnico;
13. Produção técnica e
✓ ✓ ✓ Χ
especializada;

67
UNIDADE 2 — A PRÁTICA DA ENGENHARIA

14. Condução de trabalho técnico; ✓ ✓ ✓ ✓


15. Condução de equipe de
instalação, montagem, operação, ✓ ✓ ✓ ✓
reparo ou manutenção;
16. Execução de instalação,
✓ ✓ ✓ ✓
montagem e reparo;
17. Operação e manutenção de
✓ ✓ ✓ ✓
equipamento e instalação;
18. Execução de desenho técnico. ✓ ✓ ✓ ✓
FONTE: Adaptado de Brito (2015)

5 RESPONSABILIDADES DOS ENGENHEIROS


Neste tópico serão abordadas todas as diferentes responsabilidades para
os profissionais de engenharia, desde reponsabilidades dos órgãos fiscalizadores,
responsabilidades legais, civis e de segurança. Estas responsabilidades são
pensadas para que todo o percurso da atuação profissional ocorra de maneira
ética, segura e adequada para o desenvolvimento social. A seguir são descritas
em detalhe cada uma das responsabilidades dos engenheiros.

5.1 RESPONSABILIDADE DOS CREAs/CONFEA


As responsabilidades provenientes do CONFEA, no desempenho de seu
papel institucional, é quem exerce, principalmente, ações regulamentadoras. Bai-
xando resoluções, decisões normativas e decisões plenárias para o cumprimento
da legislação referente ao exercício e à fiscalização das profissões.

É um equívoco pensar que é responsabilidade do Crea a fiscalização da


qualidade de uma obra ou serviço. O CREA fiscaliza o exercício ilegal da profis-
são, ou seja, ele fiscaliza o profissional e não o seu serviço. Em outras palavras, se
um fiscal do Crea chegar, por exemplo, em uma obra e ver que o prédio vai cair,
ele simplesmente não pode autuar o profissional responsável por aquele serviço,
pois o seu papel não é este.

Cabe ao CREA registrar, cadastrar e atualizar os dados sobre os profissio-


nais, bem como orientá-los sobre o exercício de suas profissões, regular os limites
de atuação profissional, ou seja, garantir que cada profissional exerça somente
aquilo que possui atribuição para exercer, e também, divulgar e discutir temas
como ética profissional, áreas de atuação e exercício legal da profissão.

68
TÓPICO 1 — competências e atribuições profissionais do engenheiro

5.2 RESPONSABILIDADES LEGAIS


A responsabilidade legal diz respeito ao direito civil e ao direito penal e
pode resultar de várias áreas do direito, como contratos, tipos, impostos ou mul-
tas concedidas por agências governamentais. A seguir são discutidas as respon-
sabilidades legais para os engenheiros (BRITO, 2015):

1. A contratação deve ser efetuada através de documentos;


2. Vínculos com pessoa jurídica, entretanto, pode ser empregatício, de acordo
com a legislação trabalhista em vigor ou por contrato particular de prestação
de serviços, registrado em cartório;
3. Toda a atividade deve ter amparo legal;

A Lei Complementar nº 128 (BRASIL, 2008) possibilitou a formalização de


milhares de trabalhadores autônomos também no âmbito de engenharia. Abrindo
porta para a contratação de microempreendedores individuais (MEIs). Para isso é ne-
cessário o contratado ter faturamento limite de R$ 60 mil por ano. Também deve pos-
suir no máximo um empregado, cujo salário seja limitado ao mínimo vigente ou ao
piso da categoria. Além disso, não pode ser proprietário ou sócio de outra empresa.

Com o registro de MEI, o trabalhador passará a ter CNPJ e poderá abrir


conta bancária, emitir notas fiscais, realizar financiamentos e firmar contratos com
órgãos públicos. O microempreendedor individual fica enquadrado no Simples
Nacional e está isento de tributos federais. Mas deverá pagar um valor fixo mensal.

5.3 RESPONSABILIDADE CIVIL


Responsabilidade civil é a obrigação de reparar o dano que uma pessoa
causa a outra. Em direito, a teoria da responsabilidade civil procura determinar
em que condições uma pessoa pode ser considerada responsável pelo dano sofri-
do por outra pessoa e em que medida está obrigada a repará-lo. A responsabili-
dade civil do engenheiro está fundamentada no Novo Código Civil Brasileiro e
nas Leis Nº 5.194 (BRASIL, 1966b) e 6.496 (BRASIL, 1977). Para os engenheiros as
responsabilidades civis são:

1. Decorrentes da obrigação de reparar e/ou indenizar por eventuais danos


causados.
2. O profissional que, no exercício de sua atividade, lesa alguém tem a obrigação
legal de cobrir os prejuízos.

69
UNIDADE 2 — A PRÁTICA DA ENGENHARIA

5.4 RESPONSABILIDADE PELA SEGURANÇA


A responsabilidade pela segurança é o conjunto de medidas que versam
sobre condições específicas de instalações do estabelecimento e de suas máquinas
visando à garantia do trabalhador contra riscos ambientais e de saúde. Consiste
na responsabilidade de saber e agir da maneira correta para evitar danos aos tra-
balhadores e ambientais.

Todo engenheiro habilitado e responsável técnico direto responde pela


solidez e segurança da obra (projetos, serviços etc.) durante cinco anos. Havendo
problemas apresentados de solidez e segurança, através de perícias, e ficar cons-
tatado erro do profissional, este será responsabilizado, independente do prazo
transcorrido, conforme jurisprudência existente.

5.5 RESPONSABILIDADE PELOS MATERIAIS EMPREGADOS


O profissional responsável pelas especificações dos materiais utilizados
na obra de engenharia deve responder pelos danos futuros. Alguns critérios de-
vem ser tomados para que os materiais empregados não causem problemas após
ou durante a execução da obra, sendo:

1. A escolha dos materiais a serem empregados na obra ou serviço é da compe-


tência exclusiva do profissional.
2. É recomendado fazer a especificação desses materiais através do "Memorial
Descritivo", determinando tipo, marca e peculiaridade outras, dentro dos cri-
térios exigíveis de segurança;
3. Quando o material não estiver de acordo, com a especificação, ou dentro dos
critérios de segurança, o profissional deve rejeitá-lo, sob pena de responder
por qualquer dano futuro.

5.6 RESPONSABILIDADE POR DANOS A TERCEIROS


Danos resultantes de incidentes devem ser reparados, pois cabe ao profis-
sional tomar todas as providências necessárias para que seja preservada a segu-
rança, a saúde e o sossego de terceiros.

Cumpre destacar que os prejuízos causados são de responsabilidade do


profissional e do proprietário, podendo o lesado acionar tanto um como o outro.

A responsabilidade estende-se, também, solidariamente, ao subemprei-


teiro, naquilo em que for autor ou coautor da lesão.

70
TÓPICO 1 — competências e atribuições profissionais do engenheiro

5.7 RESPONSABILIDADE TÉCNICA


Os profissionais que executam atividades específicas dentro das várias
modalidades das categorias da área tecnológica devem assumir a responsabilidade
por todo trabalho que realizam, por exemplo:

1. Um arquiteto que elabora o projeto de uma casa será o responsável técnico


pelo projeto.
2. O engenheiro civil que executa a construção desta mesma casa será o
responsável técnico pela construção.
3. Um engenheiro agrônomo que projeta determinado cultivo especial de feijão
será o responsável técnico pelo projeto desse cultivo.

5.8 RESPONSABILIDADE PENAL OU CRIMINAL


A responsabilidade penal tem quase o mesmo fundamento da responsabilida-
de civil, o que difere são as condições em que elas surgem. No caso da responsabilidade
penal, o agente infringe uma norma de direito público. Neste caso, o interesse lesado
é a sociedade. Entretanto, na responsabilidade civil, o interesse tutelado é o privado,
cabendo ao prejudicado requerer a reparação caso entenda necessário (LOPES, 1980).

Já na responsabilidade criminal nem toda culpa acarreta a condenação do


réu, pois se exige certo grau ou intensidade naquele ato praticado. Todo dano deve
ser indenizado independentemente de culpa, considerando-se que alguns casos
prescritos em lei se enquadram na espécie de culpa presumida (GONÇALVES, 2009).

Fatos considerados crimes. Neste campo, merecem destaque (BRITO, 2015):

• desabamento – queda de construção em virtude de fator humano;


• desmoronamento – resulta da natureza;
• incêndio – quando provocado por sobrecarga elétrica;
• intoxicação ou morte por agrotóxico – pelo uso indiscriminado de herbicidas
e inseticidas na lavoura sem a devida orientação e equipamento;
• intoxicação ou morte por produtos industrializados – quando mal manipula-
dos na produção ou quando não conste indicação da periculosidade;
• contaminação – quando provocada por vazamentos de elementos radioativos
e outros.

71
UNIDADE 2 — A PRÁTICA DA ENGENHARIA

ATENCAO

Todas essas ocorrências são incrimináveis, havendo ou não lesão corporal ou


dano material, desde que se caracterize perigo à vida ou à propriedade.
Por isso, cabe ao profissional, no exercício de sua atividade, prever todas as situações que
possam ocorrer a curto, médio e longo prazos, para que fique isento de qualquer ação penal.

5.9 RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA


A responsabilidade administrativa resulta de infração a normas administrati-
vas, sujeitando o infrator a uma sanção de natureza também administrativa; ela se fun-
damenta na capacidade que as pessoas jurídicas de direito público têm de impor con-
dutas ao administrado – é o poder administrativo, inerente à Administração dos entes
políticos, nos limites das respectivas competências institucionais (MEIRELLES, 1996).

Portanto, para engenharia são as restrições impostas pelos órgãos públi-


cos, através do Código de Obras, Código de Água e Esgoto, Normas Técnicas,
Regulamento Profissional, Plano Diretor e outros. Essas normas legais impõem
condições e criam responsabilidades ao profissional, cabendo a ele, portanto, o
cumprimento das leis específicas a sua atividade, sob pena inclusive, de suspen-
são do exercício profissional (BRITO, 2015).

5.10 RESPONSABILIDADE TRABALHISTA


Quando falamos de responsabilidade civil no âmbito trabalhista, trata-se
do direito que a vítima tem a uma indenização por ter sofrido um acidente de
trabalho, quando o empregador incorrer em dolo ou culpa, em qualquer grau,
objetivando reparar ou compensar o prejuízo.

A responsabilidade trabalhista é regulamentada pelas Leis Trabalhistas


em vigor. O profissional só assume esse tipo de responsabilidade quando contra-
tar empregados, pessoalmente ou através de seu representante ou representante
de sua empresa. Nas obras de serviços contratados por administração o profis-
sional estará isento desta responsabilidade, desde que o proprietário assuma o
encargo da contratação dos operários.

72
TÓPICO 1 — competências e atribuições profissionais do engenheiro

5.11 RESPONSABILIDADE ÉTICA DA ENGENHARIA


Inicialmente devemos abordar o que é ética para em seguida falarmos
sobre a ética da engenharia. Feiser (2009) afirma que ética é o nome geralmente
dado ao ramo da filosofia dedicado aos assuntos morais. A palavra "ética" é deri-
vada do grego “ethos” que significa aquilo que pertence ao caráter, sendo sinôni-
mo de moral que vem do latim “mos”.

Diferencia-se da moral, porque ela se fundamenta na obediência a normas, ta-


bus, costumes ou mandamentos culturais, hierárquicos ou religiosos recebidos. A ética,
ao contrário, busca fundamentar o bom modo de viver pelo pensamento humano.

Ética é o estudo referente às condutas ideais e reais que os humanos estão


suscetíveis a praticar, desde o ponto de vista benigno ou maligno envolvidos em
sua sociedade. A ética é aquela coisa que todo mundo sabe o que é, mas que não
é fácil de explicar quando alguém pergunta (VALLS, 1993).

NOTA

As diferenças entre ética e moral acontecem de diversas maneiras (BRITO, 2015):


• ética é princípio, moral são aspectos de condutas específicas;
• ética é permanente, moral é temporal;
• ética é universal, moral é cultural;
• ética é regra, moral é conduta da regra;
• ética é teoria, moral é prática.

O termo "ética" implica um exame dos hábitos da espécie humana e do


seu caráter em geral, os hábitos humanos em sociedades específicas e em diferen-
tes épocas. Um campo de estudos vasto para poder ser investigado por qualquer
ciência ou filosofia particular. A ética tem sido aplicada na economia, política e ci-
ência política, conduzindo a muitos distintos e não relacionados campos de ética
aplicada, incluindo ética nos negócios e no exercício da profissão (BRITO, 2015).

No âmbito de engenharia as pessoas dependem fortemente de produtos,


serviços seguros e confiáveis. Não há espaço para o engenheiro cometer erros ou
desonestidades, podendo custar não só dinheiro, mas também vidas. Ao pen-
sarmos em médicos, um erro pode causar no máximo a morte de uma pessoa,
enquanto um engenheiro incompetente ou antiético pode causar a morte de cen-
tenas de pessoas em apenas um momento.

73
UNIDADE 2 — A PRÁTICA DA ENGENHARIA

AUTOATIVIDADE

1 Qual é a sua definição de ética e código de ética do Engenheiro? É ético para os En-
genheiros do grupo I oferecerem serviços de projeto e construção de instalações?

A seguir, abordaremos os exemplos do código de ética provido pela Sociedade


Nacional de Engenheiros Profissionais – NSPE (National Society of Professional Engineers)
e da legislação brasileira do Código de Ética Profissional estabelecido na resolução nº
1.002 (CONFEA. 2002) do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (CONFEA).

5.11.1 Código de ética para engenheiros


Conforme a Sociedade Nacional de Engenheiros Profissionais – NSPE
(National Society of Professional Engineers) (NSPE, 2019), a engenharia é uma pro-
fissão importante e erudita. Os membros desta profissão devem exibir o mais alto
padrão de honestidade e integridade uma vez que a engenharia tem uma função
de impacto direto na qualidade de vida das pessoas. Os serviços prestados por
engenheiros exigem honestidade, imparcialidade, justiça e equidade e devem ser
dedicados à proteção da saúde pública, segurança e bem-estar.

Os engenheiros, no cumprimento de suas funções profissionais, devem:

1. Manter a segurança, saúde e bem-estar do público em primeiro lugar.


2. Realizar serviços apenas nas áreas de sua competência.
3. Emitir declarações públicas apenas de forma objetiva e descontraída.
4. Evitar atos enganosos.
5. Agir para cada empregador ou cliente como agente fiel.
6. Conduzir-se com honra, responsabilidade, ética e lealdade a fim de aprimorar
a honra, reputação e utilidade da profissão.
7. Não se deve impor ritmo de trabalho excessivo aos profissionais envolvidos
no projeto.

Em nível do CONFEA/CREA, a falta de ética está prevista na legislação


e no Código de Ética Profissional, estabelecido na Resolução nº 1.002 (CONFEA,
2002). Uma infração à ética coloca o profissional sob julgamento, sujeitando-o a
penalidades. Recomenda-se a todo profissional da área tecnológica a observância
rigorosa às determinações do Código de Ética.

Os aspectos do exercício da profissão são regidos por código de ética. O


Código de Ética Profissional (CONFEA, 2018) enuncia os fundamentos éticos e
as condutas necessárias à boa e honesta prática das profissões da Engenharia, e
relaciona direitos e deveres correlatos de seus profissionais.

74
TÓPICO 1 — competências e atribuições profissionais do engenheiro

DICAS

Para visualizar integralmente o Código de Ética profissional da engenharia, da


agronomia, de geologia, da geografia e da meteorologia acesse:
https://bit.ly/35nt7W9.

A profissão de engenharia não deve servir somente de instrumento para


atender as suas pretensões pessoais. Deve, também, colocar-se à disposição da
sociedade como agente de transformação e do desenvolvimento. Deve estar dire-
cionado de um espírito ético, para que corresponda aos anseios de todos, através
do seu trabalho digno e útil (CONFEA, 2018).

Assim, vimos, nesta unidade, a importância aos engenheiros do conheci-


mento de suas competências, entre elas: formular e conceber soluções de enge-
nharia, analisar e compreender os fenômenos físicos e químicos, projetar, implan-
tar e supervisionar soluções de engenharia, entre outras informadas sem esquecer
da importância da ética nesta bonita profissão.

75
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• Um bom profissional de engenharia tem como principal função resolver problemas


presentes durante o desenvolvimento de seu projeto e dominar as leis fundamentais
de física, química e matemática, aplicando-as para projetar seu produto e serviço.

• As competências do engenheiro podem ser divididas em oito níveis: formular


e conceber soluções de engenharia, analisar e compreender os fenômenos fí-
sicos e químicos, conceber, projetar e analisar sistemas e produtos, implantar
e supervisionar soluções de engenharia, comunicar de maneira eficaz, traba-
lhar e liderar equipes, conhecer e aplicar com ética a legislação e aprender de
forma autônoma se atualizando com relação a avanços da ciência e tecnologia.

• São diversas as atribuições dos engenheiros, resoluções normativas abordam 18


áreas em que os engenheiros podem ser atribuídos, dentre elas estão supervi-
sões e coordenações, estudos de viabilidade técnico-econômica, desempenho e
função técnica, ensino, pesquisa, análise e extensão, elaboração de orçamentos,
execução de obras e serviços, execução de instalação e reparos, entre outras.

• Um engenheiro tem muita responsabilidade ao realizar um projeto, uma vez


que nessa profissão um equívoco pode gerar muitas fatalidades devido falha
de execução ou projeto, dentre uma das responsabilidades a ética é uma das
mais importantes para um bom profissional.

76
AUTOATIVIDADE

1 Um bom profissional de engenharia deve seguir de maneira adequada as res-


ponsabilidades éticas que a profissão exige. Conforme o Código de Ética Pro-
fissional, instituído pela Resolução nº 1.002, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) No exercício da profissão é permitido utilizar livremente do privilégio


de exclusividade de direito profissional.
b) ( ) É vedado impor ritmo de trabalho excessivo sobre os colaboradores.
c) ( ) O profissional tem discricionariedade para alertar sobre os riscos relativos
às prescrições técnicas e as consequências de sua inobservância, cabendo
avaliar, conforme o caso, a conveniência dessa comunicação ao cliente.
d) ( ) É possível acelerar etapas do projeto sem fiscalização devido atraso em obra.

2 Após a obtenção de diploma e regulamentação profissional através do cre-


denciamento em organismos fiscalizadores e de controle de trabalho o en-
genheiro pode atuar profissionalmente. Dentre as atribuições e atividades
possíveis que o engenheiro possui, assinale a alternativa INCORRETA:

a) ( ) Fiscalização de obras técnicas.


b) ( ) Participação em áreas de ensino, pesquisa e extensão.
c) ( ) Execução de orçamentos de projetos.
d) ( ) Vistoria e perícia apenas com o diploma em mãos.

3 O engenheiro é responsável técnico direto pelas obras, serviços e projetos


nas atividades de engenharia e além da responsabilidade técnica, cabe ao
profissional responder por ordem civil, pela segurança, pelos materiais uti-
lizado, danos a terceiros, entre outros. No que tange à fiscalização do pro-
fissional de engenharia, qual é o órgão responsável?

a) ( ) Inep.
b) ( ) NSPE.
c) ( ) CAU.
d) ( ) CREA.

4 Diversas são as responsabilidades profissionais do engenheiro, permean-


do entre responsabilidades éticas, trabalhistas, civis, de segurança, entre
outras. Dentre uma das responsabilidades do profissional de engenharia
consta a responsabilidade penal e criminal. No âmbito da engenharia quais
são os principais fatores dentre estas responsabilidades?

77
5 “A profissão de engenharia não deve servir somente de instrumento para
atender as suas pretensões pessoais. Deve, também, colocar-se à disposição
da sociedade como agente de transformação e do desenvolvimento. Deve
estar direcionado de um espírito ético, para que corresponda aos anseios de
todos, através do seu trabalho digno e útil”. Esta afirmação está vinculada
a qual tipo de responsabilidade do profissional de engenharia?

78
TÓPICO 2 —
UNIDADE 2

ASSOCIAÇÕES E CONSELHOS DE
ENGENHARIA

1 INTRODUÇÃO

No tópico anterior, vimos como surgiu o início das leis e regulamentações


dos engenheiros no Brasil. Vimos que, junto à regulamentação foram criados ór-
gãos de habilitação e fiscalização dos profissionais.

Isto ocorreu após a crise econômica mundial de 1929, quando o desemprego


em países desenvolvidos (como o Brasil) provocou a vinda de milhares de trabalha-
dores estrangeiros, especializados ou não, atraídos pelas oportunidades geradas pelo
processo de industrialização no cenário das grandes cidades. Com as construções
se multiplicando rapidamente sob o comando de leigos ou estrangeiros, era preciso
garantir espaço para os brasileiros diplomados em engenharia (CONFEA, 2021).

Para isso, desenvolveu-se a consciência da importância de que as realizações de


engenharias fossem desempenhadas por indivíduos habilitados, exigindo comprova-
ção da habilitação dos profissionais. Assim, os usuários dos serviços e produtos da enge-
nharia contariam com garantias de solidez, segurança e qualidade para a sua proteção.

Tendo em vista a necessidade de associações e conselhos de engenharia


para a habilitação e fiscalização dos profissionais, veremos, neste tópico, o histó-
rico dos conselhos, quais as obrigações dos profissionais e como funciona a estru-
tura dos conselhos para um adequado funcionamento da profissão.

2 HISTÓRICO DO CONSELHO
A primeira profissão a ser regulamentada foi a de engenheiro agrônomo, por
meio do Decreto nº 23.196 (BRASIL, 1933b), no entanto, naquela época os profissionais
eram desprovidos de órgãos fiscalizadores, sendo esta função exercida pelo Ministé-
rio da Agricultura. Em razão disso, com o apoio de diversas associações e clubes de
engenharia, o Sindicato Nacional de Engenheiros e o Instituto de Engenharia de São
Paulo – conhecidos como “entidades precursoras” – promulgaram o Decreto nº 23.569
(BRASIL, 1933a). Essa norma passou a regular o exercício das profissões de engenhei-
ro, de arquiteto e de agrimensor. Este decreto criou o Conselho Federal e os Conselhos
Regionais de Engenharia e Arquitetura, CONFEA e CREAs respectivamente.

79
UNIDADE 2 — A PRÁTICA DA ENGENHARIA

Quando o CONFEA foi instalado, verificou-se que os recursos provenien-


tes das taxas concedidas por lei eram insuficientes para o exercício das competên-
cias legais e os trabalhos de fiscalização do exercício profissional. Devido isso, foi
assinado o Decreto-Lei nº 3.995, (BRASIL, 1941), que estabeleceu a obrigação do
pagamento de anuidade pelos profissionais habilitados aos Conselhos Regionais.
Atualmente, a anuidade para profissionais de nível superior é de R$ 577,11 e de
técnico de nível médio é de R$ 288,55 (CONFEA, 2021)

Também se pode destacar na história do Sistema CONFEA/CREA a promul-


gação da Lei nº 6.496 (BRASIL, 1977), que instituiu a obrigatoriedade de que os profis-
sionais da engenharia e agronomia, e naquela época também da arquitetura, que efe-
tuassem junto ao CREA a Anotação de Responsabilidade Técnica – ART, documento
formal de fé pública que indica à sociedade os responsáveis pelos produtos e serviços
de engenharia e agronomia que será melhor discutida no Tópico 4 desta unidade.

A mesma Lei autorizou a criação de uma Mútua de Assistência dos Pro-


fissionais registrados nos CREAs, com o objetivo de oferecer a seus associados
planos de benefícios sociais, previdenciários e assistenciais, de acordo com sua
disponibilidade financeira (CONFEA, 2021). A partir de 1992, cada unidade da
federação passou a ter seu próprio Conselho Regional. Antes disso, os CREAs
respondiam por regiões que podiam contemplar mais de um estado.

NOTA

Na primeira distribuição dos órgãos de Conselhos Regionais de Engenharia e


Agronomia, oito regiões do território nacional foram favorecidas pela presença dos con-
selhos regionais, sendo estas:

1.ª região – Compreendendo os Estados do Amazonas, Pará, Maranhão, Piauí e o território


do Acre. Sede – Belém.
2.ª região – Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. Sede – Distrito Federal.
3.ª região – Bahia, Sergipe e Alagoas. Sede – Salvador.
4.ª região – Minas Gerais e Goiás. Sede – Belo Horizonte.
5.ª região – Rio de Janeiro, Espírito Santo e Distrito Federal. Sede – Distrito Federal.
6.ª região – São Paulo e Mato Grosso. Sede – São Paulo.
7.ª região – Paraná. Sede – Curitiba, o único que nasceu independente.
8.ª região – Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Sede – Porto Alegre.

Atualmente, o Conselho Regional apresenta suporte nos 27 estados


do país, estes conselhos são denominados pela sigla CREA seguido do estado
referente, como exemplo: CREA-SC, CREA-SP, CREA-RJ e assim por diante. A
organização Federal precisa promover, ao menos uma vez por ano, reuniões de
representantes dos Conselhos Regionais e Federal do sistema CREA/CONFEA.
Os logotipos dos conselhos de CONFEA e do CREA são vistos na Figura 2.

80
TÓPICO 2 — ASSOCIAÇÕES E CONSELHOS DE ENGENHARIA

FIGURA 2 – LOGOTIPOS DOS CONSELHOS CONFEA/CREA

FONTE: Adaptada de <https://bit.ly/3zstzjM>. Acesso em: 25 fev. 2021.

DICAS

Para acessar o site do seu CREA regional acesse:


https://www.confea.org.br/sistema-profissional/creas.
Os contatos de acordo com o seu estado estão disponíveis na a tabela a seguir.

Contato dos CREAs regionais


CREA regional Contato
CREA-AC gabinete@creaac.org.br
CREA-AL cida@crea-al.org.br
CREA-AM sec.presidencia@crea-am.org.br
CREA-AP gab@creaap.org.br
CREA-BA presidente@creaba.org.br
CREA-CE presidencia@creace.org.br
CREA-DF presidencia@creadf.org.br
CREA-ES presidencia@creaes.org.br
CREA-GO presidencia@creago.org.br
CREA-MA presidencia@creama.org.br
CREA-MG presidencia@crea-mg.org.br
CREA-MS creams@creams.org.br
CREA-MT presidencia@crea-mt.org.br
CREA-PA presidencia@creapa.com.br
CREA-PB creapb@creapb.org.br
CREA-PE gabinete@creape.org.br
CREA-PI secretaria@creapi.org.br
CREA-PR secretaria@crea-pr.org.br
CREA-RJ presidencia@crea-rj.org.br
CREA-RN gabinete@crea-rn.org.br
CREA-RO gabinete@crearo.org.br

81
UNIDADE 2 — A PRÁTICA DA ENGENHARIA

CREA-RR gab@crearr.org.br
CREA-RS presidente@crea-rs.org.br
CREA-SC presidente@crea-sc.org.br
CREA-SE gabinete@crea-se.org.br
CREA-SP residente@creasp.org.br
CREA-TO presidencia@crea-to.org.br
FONTE: Adaptada de <https://bit.ly/35pZjrP>. Acesso em: 3 mar. 2021.

Por fim, a Lei nº 12.378 (BRASIL, 2010), sancionada durante mandato do


então presidente Lula, regulamentou o exercício da Arquitetura e Urbanismo,
bem como criou o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil – CAU/BR e os
Conselhos de Arquitetura e Urbanismo dos Estados e do Distrito Federal – CAUs,
de forma que esta profissão deixou de pertencer ao Sistema CONFEA/CREA des-
de então, sendo separada deste conselho. O logotipo do Conselho de Arquitetura
e Urbanismo do Brasil é apresentado na Figura 3.

FIGURA 3 – LOGOTIPO DO CONSELHO DE ARQUITETURA E URBANISMO DO BRASIL

FONTE: Adaptada de <https://bit.ly/3iIjmtr>. Acesso em: 25 fev. 2021.

O mesmo está ocorrendo com os técnicos industriais e agrícolas, em virtude


da Lei nº 13.639 (BRASIL, 2018), de 26 de março de 2018, que criou o Conselho Fe-
deral dos Técnicos Industriais, o Conselho Federal dos Técnicos Agrícolas, os Con-
selhos Regionais dos Técnicos Industriais e os Conselhos Regionais dos Técnicos
Agrícolas, os logotipos dos conselhos são observados na Figura 4 (CONFEA, 2021).

FIGURA 4 – LOGOTIPOS DO CONSELHO FEDERAL E REGIONAL DE TÉCNICOS INDUSTRIAIS E


DO CONSELHO FEDERAL DE TÉCNICOS AGRÍCOLAS

FONTE: Adaptada de <http://cft.org.br/>; <https://www.fenata.com.br/>. Acesso em: 25 fev. 2021.

82
TÓPICO 2 — ASSOCIAÇÕES E CONSELHOS DE ENGENHARIA

3 CONSELHO REGIONAL DE ENGENHARIA E AGRONOMIA


O CREA – Conselho Regional de Engenharia e Agronomia, é uma autar-
quia federal de fiscalização do exercício das profissões de engenheiros, agrônomos,
geólogos, geógrafos, meteorologistas, tecnólogos e técnicos de segundo grau das
modalidades mencionadas, dotada de personalidade jurídica de direito público, e
jurisdição em todo o Estado defendendo a sociedade no que diz respeito à qualida-
de, ética e, principalmente, coibindo a prática do exercício ilegal dessas profissões
(CONFEA, 2021). Outras considerações importantes deste conselho são:

• O CREA exerce o papel institucional de primeira e segunda instância, orienta


e fiscaliza o exercício profissional, verificando e valorizando o exercício legal
e ético das profissões do Sistema CONFEA/CREA.
• O CREA tem abrangências regionais, cada estado da federação tem seus esta-
tutos específicos.

E é a partir do registro profissional no CREA que o “Bacharel em Enge-


nharia” recebe a concessão do título de “Engenheiro”. Portanto, para ser um pro-
fissional engenheiro e poder exercer legalmente a sua profissão, você deve, por
obrigatoriedade, ser registrado no Conselho Profissional. E cabe ao CREA regis-
trar, cadastrar e atualizar os dados sobre os profissionais, bem como orientá-los
sobre o exercício de suas profissões, regular os limites de atuação profissional, ou
seja, garantir que cada profissional exerça somente aquilo que possui atribuição
para exercer, e também, divulgar e discutir temas como ética profissional, áreas
de atuação e exercício legal da profissão.

Na Figura 5 é apresentada uma representação da habilitação de engenhei-


ro emitida pelo CONFEA/CREA. Nela consta o registro nacional do profissional
e demais identificações do profissional.

FIGURA 5 – REPRESENTAÇÃO DA HABILITAÇÃO DE ENGENHEIRO PELO CONFEA/CREA

FONTE: Brito (2015, p. 12)

83
UNIDADE 2 — A PRÁTICA DA ENGENHARIA

O profissional punido por falta de registro não pode obter a carteira profissio-
nal, sem antes efetuar o pagamento das multas em que houver incorrido. Para solicitar
o registro definitivo da carteira do CREA são necessários os seguintes documentos:

1. Requerimento Profissional preenchido e assinado.


2. Diploma/Certificado.
3. Histórico.
4. RG.
5. CPF.
6. Título de Eleitor.
7. Comprovante de Residência.
8. Comprovante de Votação das Últimas Eleições (ou Certidão de Quitação Eleitoral).
9. Carteira de Dispensa do Serviço Militar (digitalizar também a parte interna
do documento em que consta a digital).
10. Tipagem Sanguínea (Exame / Carteira) (Opcional).
11. Número do Programa de Integração Social – PIS (Opcional).
12. Formulário Interno de Coleta de Dados.

NOTA

Com relações a multas temos, conforme a Resolução CONFEA nº 1.008/2004


(CONFEA, 2004):
O autuado será notificado da decisão da câmara especializada por meio de correspondên-
cia, acompanhada de cópia de inteiro teor da decisão proferida.
A falta de manifestação do autuado no prazo estabelecido no parágrafo anterior não obs-
truirá o prosseguimento do processo.
O processo relativo à infração cometida por profissional no exercício de emprego, função
ou cargo eletivo no CREA, no CONFEA ou na Mútua será remetido para exame do Plená-
rio do Crea qualquer que seja a decisão da câmara especializada, independentemente de
recurso interposto, em até trinta dias após esgotado o prazo para interposição de recurso.
A câmara especializada competente julgará à revelia o autuado que não apresentar defesa,
garantindo-lhe o direito de ampla defesa nas fases subsequentes.
O autuado será notificado a cumprir os prazos dos atos processuais subsequentes.

Conforme a Resolução CONFEA nº 1007/2003 (CONFEA, 2003):

Art. 42. O cancelamento do registro previsto em lei é a cassação do direito ao exercício da


profissão que deve ser aplicada pelo Crea ao profissional nos seguintes casos:
I – por deixar de efetuar o pagamento da anuidade durante dois anos consecutivos, situ-
ação em que o cancelamento será automático;
II – por má conduta pública e escândalos praticados; ou
III – por condenação em última instância em virtude de crime considerado infamante.

O profissional punido por falta de registro não pode obter a carteira profissional, sem antes
efetuar o pagamento das multas em que houver incorrido.

84
TÓPICO 2 — ASSOCIAÇÕES E CONSELHOS DE ENGENHARIA

A inscrição no CREA do estado em que a empresa de engenharia está


instalada é obrigatório. Também é pré-requisito a designação de um responsável
técnico cadastrado junto ao órgão. A documentação necessária para solicitar a
inscrição da empresa no CREA é:

• Formulário específico preenchido e assinado pelo representante legal da em-


presa ou procurador (geralmente disponibilizado no site da instituição).
• Original e fotocópia ou fotocópia autenticada da Constituição da Empresa
registrado na Junta Comercial ou Registro de Títulos e Documentos e suas
alterações posteriores, com capital atualizado + CNPJ.
• Anotações de Responsabilidade Técnica em Engenharia (ARTs) e cargo e fun-
ção uma para cada profissional indicado.
• Comprovante de vínculo dos profissionais técnicos com a empresa. Deve con-
ter indicação da carga horária diária e da remuneração mensal em reais. No
caso de contrato de prestação de serviços, é obrigatório apresentar o regis-
tro em Cartório de Títulos e Documentos, conforme Instrução de Serviço nº
006/97. No caso de sócio, fica dispensada a apresentação do mesmo.
• Comprovante de residência de todos os responsáveis técnicos.
• Declaração com indicação dos componentes do quadro técnico com ART de
cargo e função e fotocópia autenticada do vínculo empregatício.
• Fotocópia autenticada da certidão atualizada do CREA de origem (para filial).

ATENCAO

CREA Júnior – CREAjr.


O CREA Júnior é um programa sem fins lucrativos cujo propósito é promover a integração
entre os Conselhos Regionais de Engenharia e Agronomia e os acadêmicos dos cursos de
nível técnico, tecnológico e superior ligados ao Sistema CONFEA/CREA no respectivo estado.
O contato com o acadêmico antes de ingressar ao mercado de trabalho é um meio eficaz
para debater a importância da formação de profissionais comprometidos com o desenvol-
vimento sustentável do país.
Para participar o ingresso ao programa é aberto a qualquer acadêmico, contudo que ele
esteja matriculado e em situação regular nos cursos de nível médio e superior das profis-
sões abrangidas pelo Sistema CONFEA/CREA ou aqueles que sejam recém-formados e
possuam registro provisório no CREA.
A adesão do aluno ao CREA Junior é de forma voluntária através do preenchimento da ficha
de inscrição, e não será cobrada nenhuma taxa e/ou emolumentos de seus associados.

85
UNIDADE 2 — A PRÁTICA DA ENGENHARIA

No caso de firma individual, o profissional responsável poderá ser o titu-


lar da empresa, dispensando-se a ART de cargo e função. A documentação neces-
sária consiste em:

• Formulário específico preenchido e assinado pelo titular da empresa ou pelo


procurador, apresentando fotocópia autenticada da procuração legal.
• Original e fotocópia ou fotocópia autenticada da Constituição da Empresa
registrado na Junta Comercial ou Registro em Cartório de Títulos e Documen-
tos e suas alterações posteriores, com capital atualizado + CNPJ.
• Comprovante de residência.

4 ESTRUTURA BÁSICA DO CONSELHO REGIONAL DE


ENGENHARIA E AGRONOMIA
A estrutura básica do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA)
é responsável pela criação de condições para o desempenho integrado e sistemático das
finalidades do conselho. Na Figura 6 é apresentada a estrutura básica deste conselho.

FIGURA 6 – ESTRUTURA BÁSICA DO CONSELHO REGIONAL DE ENGENHARIA E AGRONOMIA

FONTE: Brito (2015, p. 13)

86
TÓPICO 2 — ASSOCIAÇÕES E CONSELHOS DE ENGENHARIA

A estrutura é composta por órgãos de caráter decisório ou executivo,


compreendendo:

• Plenário.
• Câmaras Especializadas.
• Presidência.
• Diretoria e Inspetorias.

A estrutura de suporte é responsável pelo apoio aos órgãos da Estrutura


Básica nos limites de sua competência específica, sendo composta por órgãos de
caráter permanente, especial ou temporário compreendendo:

• Comissões Permanentes.
• Comissões Especiais.
• Grupos de Trabalho.
• Órgãos Consultivos.

A estrutura auxiliar é responsável pelos serviços administrativos, finan-


ceiros, jurídicos e técnicos, tem por finalidade prover apoio para o funcionamento
da Estrutura Básica e da Estrutura de Suporte, para a fiscalização do exercício
profissional e para a gestão do Conselho Regional. A Estrutura Auxiliar é coorde-
nada, orientada e supervisionada pelas Secretarias e pelo Gabinete da Presidên-
cia, e seus serviços são executados pelas Superintendências, responsáveis pela
gestão das respectivas áreas de atuação

O Conselho Federal de Engenharia e Agronomia é um conselho de fiscali-


zação profissional, não sendo entidade de classe, na forma de autarquia pública,
responsável pela regulamentação e julgamento final no Brasil das atividades pro-
fissionais relacionadas às classes que abrange: Engenharia, Agronomia, bacharéis
em Geografia, Geologia e Meteorologia, possuindo mais de trezentos títulos pro-
fissionais, nos níveis Técnico e Superior (Tecnólogo, Licenciado e Bacharel), além
de anotar também títulos de pós-graduação.

DICAS

Para maiores informações sobre a resolução n° 1.010 (BRASIL, 2005), que dis-
põe sobre a regulamentação da atribuição de títulos profissionais, atividades, competên-
cias e caracterização do âmbito de atuação dos profissionais inseridos no Sistema Confea/
Crea, para efeito de fiscalização do exercício profissional.
FONTE: <https://bit.ly/35no8Vp>. Acesso em: 28 maio 2021.

87
UNIDADE 2 — A PRÁTICA DA ENGENHARIA

De acordo com a Lei nº 4.950 (BRASIL, 1966) que dispõe sobre a remu-
neração de profissionais diplomados em Engenharia, Agronomia e outras áreas
– estabelece que a remuneração mensal mínima recebida por um profissional de-
vidamente graduado em um curso de nível superior não deve ser inferior do que
seis salários mínimos (R$ 6.600) por uma jornada de trabalho diária de seis horas.
Já o piso salarial do engenheiro com uma carga de trabalho diária de oito horas é
estabelecido em R$ 9.350,00, o que representa oito salários mínimos e meio, valo-
res com base no salário mínimo publicado no ano de 2021. No entanto, para pro-
fissionais recém-formados e devido outras circunstâncias estes valores podem ser
menores durante uma procura de vaga no mercado de trabalho pelos profissionais.

Nesta unidade, vimos como funciona a estrutura básica do Conselho Regio-


nal de Engenharia e Agronomia (CREA) para funcionar de maneira adequada seu
desempenho de orientadora e fiscalizadora dos engenheiros. Também foi visto como
realizar o cadastro no conselho para possibilitar o início das funções de engenheiros.

88
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

• Atualmente, o Conselho Regional apresenta suporte nos 27 estados do país,


denominados pela sigla CREA seguido do estado referente. A organização
Federal precisa promover, ao menos uma vez por ano, reuniões de represen-
tantes dos Conselhos Regionais e Federal do sistema CREA/CONFEA.

• A estrutura do CREA é composta por órgãos de caráter decisório ou executi-


vo, compreendendo: Plenário; Câmaras Especializadas; Presidência; Direto-
ria e Inspetorias.

• O acadêmico de cursos de nível técnico, tecnológico e superior podem aderir


ao programa no Sistema CONFEA/CREA, através do CREA Júnior, que é um
programa sem fins lucrativos cujo propósito é promover a integração entre os
Conselhos Regionais de Engenharia e Agronomia.

89
AUTOATIVIDADE

1 O registro da carteira de CREA é essencial para a atuação profissional de


um engenheiro. Sobre o registro profissional no âmbito do CREA, assinale
a alternativa CORRETA:

a) ( ) A carteira profissional para nenhum efeito substitui o diploma, mas


vale como identificação e tem fé pública.
b) ( ) O profissional punido por falta de registro não pode obter a carteira profis-
sional, sem antes efetuar o pagamento das multas em que houver incorrido.
c) ( ) Os diplomados por escolas ou faculdades de engenharia, arquitetura
ou agronomia, oficiais ou reconhecidas, cujos diplomas não tenham
sido registrados, não podem exercer as respectivas profissões até que se
dê o competente registro.
d) ( ) O profissional registrado em qualquer Conselho Regional pode exercer sua
atividade em outra região, independentemente de novo registro ou visto.

2 Consoante previsto pela Resolução nº 1007/2003, que dispõe sobre o regis-


tro de profissionais, aprova os modelos e os critérios para expedição de
Carteira de Identidade Profissional e dá outras providências. O registro
profissional deve ser cancelado pelo CREA em caso de:

a) ( ) Má-conduta pública e escândalos praticados.


b) ( ) Empréstimo do nome do profissional a pessoas executoras de obras
sem sua real participação.
c) ( ) Continuação em atividade após suspenso do exercício profissional.
d) ( ) Autuação por exercício ilegal da profissão.

3 No processo administrativo de infração e aplicação de penalidade perante


os CREAs, regulado pela Resolução nº 1008/2004, o desatendimento de in-
timação, pelo autuado:

a) ( ) Importa em presunção absoluta da verdade dos fatos constantes da autuação.


b) ( ) Enseja sua obrigatória condenação.
c) ( ) Não autoriza seu julgamento à revelia.
d) ( ) Não dispensa sua notificação dos atos processuais subsequentes.

4 O Conselho Federal de Engenharia e Agronomia é um conselho de fiscaliza-


ção profissional, não sendo entidade de classe, na forma de autarquia pública,
responsável pela regulamentação e julgamento final no Brasil das atividades
profissionais relacionadas às classes de engenharia. Dentro da estrutura bási-
ca do Conselho Regional de Engenheiros e Agrônomos, temos a estrutura por
órgãos de caráter decisório ou executivo. Esta é composta por que grupos?

90
5 A habilitação de engenheiro emitida pelo CONFEA/CREA consta como
sendo o registro nacional do profissional e demais identificações do profis-
sional. O profissional punido por falta de registro não pode obter a carteira
profissional, sem antes efetuar o pagamento das multas em que houver in-
corrido. Para solicitar o registro definitivo da carteira do CREA são neces-
sários quais documentos obrigatoriamente?

91
92
TÓPICO 3 —
UNIDADE 2

NORMAS TÉCNICAS PARA ENGENHARIA

1 INTRODUÇÃO

As normas técnicas para utilização na engenharia são inúmeras e estão


presentes para regulamentar padrões que vão estabelecer segurança em um de-
terminado projeto. Geralmente, essas normas são formuladas pela Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

A ABNT foi fundada em 1940, com a missão de prover a sociedade brasileira


de conhecimento sistematizado, por meio de documentos normativos, que permita a
produção, a comercialização e o uso de bens e serviços de forma competitiva e susten-
tável nos mercados interno e externo, contribuindo para o desenvolvimento científico e
tecnológico, proteção do meio ambiente e defesa do consumidor (ABNT, 2021).

As normas têm como objetivo: tornar o desenvolvimento, a fabricação e o


fornecimento de produtos e serviços mais eficientes, mais seguros e mais limpos;
facilitar o comércio entre países tornando-o mais justo; fornecer aos governos uma
base técnica para saúde, segurança e legislação ambiental, e avaliação da conformi-
dade; compartilhar os avanços tecnológicos e a boa prática de gestão; disseminar a
inovação; proteger os consumidores e usuários em geral, de produtos e serviços; e
tornar a vida mais simples provendo soluções para problemas comuns.

Neste tópico, identificaremos todos os tipos de normalização que ocorrem


no âmbito da engenharia, apresentar o nível de normalização existente no país e
como buscar normas para realizar um trabalho seguro e eficiência para o merca-
do de trabalho, uma vez que para a execução de procedimentos de engenharia é
essencial a utilização a rigor das normas vigentes.

2 NÍVEIS DE NORMALIZAÇÃO
As normas asseguram as características desejáveis de produtos e serviços,
como qualidade, segurança, confiabilidade, eficiência, intercambialidade, bem
como respeito ambiental – e tudo isto a um custo econômico.

Quando os produtos e serviços atendem às nossas expectativas, tendemos


a tomar isso como certo e a não ter consciência do papel das normas. Rapidamente,
nos preocupamos quando produtos se mostram de má qualidade, não se encaixam,
são incompatíveis com equipamentos que já temos, não são confiáveis ou são pe-
rigosos. Quando os produtos, sistemas, máquinas e dispositivos trabalham bem e
com segurança, quase sempre é porque eles atendem às normas (ABNT, 2021).
93
UNIDADE 2 — A PRÁTICA DA ENGENHARIA

Conforme a ABNT ISO/IEC GUIA 2:2006 (ABNT, 2006), os objetivos gerais


(representados na Figura 7) da normalização podem ser (mas não estão restritos):
controle de variedade, facilidades de uso, compatibilidade, intercambialidade,
saúde, segurança, proteção do meio ambiente, proteção do produto, entendimen-
to mútuo, desempenho econômico, comércio, podendo estes estar sobrepostos.

FIGURA 7 – OBJETIVOS DE NORMALIZAÇÃO

FONTE: <https://bit.ly/3wtCwYc>. Acesso em: 25 fev. 2021.

As normas têm uma enorme e positiva contribuição para a maioria dos


aspectos de nossas vidas. Quando elas estão ausentes, logo notamos, pois podem
resultar em problemas no nosso serviço ou produto final.

Para a engenharia, a ABNT produz as normas NBR (Norma Brasileira),


que são um conjunto de normas técnicas definidas por especialistas da constru-
ção civil, com o objetivo de orientar o profissional acerca de materiais, produtos
e processos, impulsionar a qualidade dos empreendimentos ao fim do processo,
estimular a competitividade no mercado, evitar erros e incompatibilidade entre
as etapas do processo e padronizar processos produtivos.

No entanto, existem diversos tipos de normativas, abrangendo normas


nacionais ou internacionais. De forma sistematizada, a Normalização é execu-
tada por organismos que contam com a participação das partes interessadas no
assunto objeto da normalização e que têm como principal função a elaboração,
aprovação e divulgação de normas.

Os níveis da normalização costumam ser representados por uma pirâmide, que


tem em sua base a normalização empresarial, seguida da nacional e da regional, ficando
no topo a normalização internacional, conforme apresentada na Figura 8 (ABNT, 2021).

94
TÓPICO 3 — normas técnicas para engenharia

FIGURA 8 – NÍVEIS DE NORMALIZAÇÃO

FONTE: <https://bit.ly/2RYiIx7>. Acesso em: 25 fev. 2021.

Esta pirâmide poderia conter outros níveis de normalização situados en-


tre o empresarial e o nacional, que seriam (ABNT, 2021):

a) Normas setoriais compostas por entidades de classe, representativas de setores


produtivos, que são válidas para o conjunto de empresas a elas associadas.

b) O dos grupos de empresas que formam consórcios que elaboram normas para
determinados empreendimento.

Os níveis de normalização são devido ao seu alcance, variando entre al-


cance geográfico, político ou econômico de envolvimento na normalização e são
descritos a seguir (ABNT, 2006):

• Nível internacional: normas técnicas de abrangência mundial, estabelecidas


por uma Organização Internacional de Normalização. São aceitas pela Organi-
zação Mundial do Comércio (OMC) como a base para o comércio internacional.
• Nível regional: normas técnicas estabelecidas por uma Organização Regional
ou Sub-Regional de Normalização, para aplicação em um conjunto de países de
uma região, como a Europa ou o Mercosul. São denominadas Normas Regio-
nais e aplicáveis ao conjunto de países representados na Organização Regional.

Como exemplo temos: Normas da Associação Mercosul de Normalização


(AMN) ou Comitê Europeu de Normalização (CEN).

Embora assim considerada, a Associação Mercosul de Normalização


(AMN) não é uma organização regional de normalização, pois o seu âmbito é o de
um bloco econômico. Ela é uma associação civil reconhecida como foro responsável
pela gestão da normalização voluntária do Mercosul, sendo composta atualmente

95
UNIDADE 2 — A PRÁTICA DA ENGENHARIA

pelos organismos nacionais de normalização dos quatro países membros, que são
IRAM (Argentina), ABNT (Brasil), INTN (Paraguai) e UNIT (Uruguai). As normas
elaboradas nesse âmbito são identificadas com a sigla NM (ABNT, 2021).

Nível nacional: normas elaboradas pelas partes interessadas (governo,


indústrias, consumidores e comunidade científica de um país) e emitidas por um
Organismo Nacional de Normalização, reconhecido como autoridade para tor-
ná-las públicas. Aplicam-se ao mercado de um país e, frequentemente, são re-
conhecidas pelo seu ordenamento jurídico como a referência para as transações
comerciais. Normalmente são voluntárias, isto é, cabe aos agentes econômicos
decidirem se as usam ou não como referência técnica para uma transação.

Como exemplo temos: Normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas


(ABNT), Associação Alemã de Normas Técnicas (DIN) e Norma Espanhol (UNE-NE).

• Nível empresarial: normas elaboradas por uma empresa ou grupo de empresas


com a finalidade de orientar as compras, a fabricação, as vendas e outras operações.

Como exemplo, temos: Normas Petrobras ou procedimentos de gestão da


qualidade.

• Nível de associação: normas desenvolvidas no âmbito de entidades associa-


tivas e técnicas para o uso de seus associados. Entretanto, também, chegam a
ser utilizadas de forma mais ampla, podendo se tornar referências importan-
tes no comércio em geral.

Como exemplo, temos: American Society for Testing and Materials (ASTM).

Assim, as normas são documentos estabelecidos por consenso e aprova-


dos por um organismo reconhecido que fornece para uso comum e repetitivo,
regras, diretrizes ou características para atividades ou seus resultados, visando
à obtenção de um grau ótimo de ordenação em um dado contexto (ABNT, 2006).

3 TIPOS DE NORMAS
Para a realização das normas existem condições de exigências de regras
reconhecidas de tecnologia. Dentre as normas disponíveis ao público, temos as
principais associadas aos níveis de normalização anteriormente abordados: Norma
internacional, Norma regional, Norma nacional, Norma territorial (ABNT, 2006).

Além das normas englobadas nos níveis de normalização citadas anteriormen-


te também temos outras normas que podem ser adotadas em outras bases, sendo estas:

• Pré-norma: documento adotado provisoriamente por um organismo com atividades


de normalização e posta à disposição do público. Tem por objetivo obter experiência
necessária a partir de sua aplicação, servindo de base para uma futura norma.

96
TÓPICO 3 — normas técnicas para engenharia

• Especificação técnica: documento que estabelece requisitos técnicos a serem


atendidos por um produto, processo ou serviço.
• Código de prática: documento que recomenda práticas ou procedimentos
para projeto, produção, instalação, manutenção ou utilização de equipamen-
tos, estruturas ou produtos.
• Normas regulamentadoras: Vale falar ainda que existem as NRs (Norma Regu-
lamentadoras), que são estabelecidas pelo MTE (Ministério do Trabalho e Em-
prego), com caráter obrigatório, tratando-se de um conjunto de direcionamentos
e procedimentos técnicos referentes à segurança no trabalho (ABNT, 2006).

Essas normas objetivam conservar a segurança, a saúde e a integridade


dos trabalhadores no decorrer da obra, incentivar a implantação de políticas de
segurança e saúde no trabalho dentro das empresas, traçar estratégias para pre-
venção de acidentes de trabalho, evitar que seja atribuído ao trabalhador ativida-
des que o exponham a condições precárias, pondo em risco sua integridade física
e formalizar uma legislação de proteção à segurança e medicina do trabalho.

• Tipos de normas: conforme a ABNT ISO/IEC GUIA 2:2006 (ABNT, 2006) há di-
versos tipos de normas, para a mais variada abrangência, dentre elas podemos
classificar as: normas básicas (contendo prescrições gerais), normas de termino-
logia (estabelece termos e definições), normas de ensaio (estabelece métodos de
ensaio), normas de produto (especifica requisitos para um produto), normas de
processo (especifica requisitos para um processo), normas de serviço (especifica
requisito para um serviço), normas de interface (especifica requisitos relativos à
compatibilidade de produto) e normas sobre dados a serem fornecidos (contem
lista de características onde valores ou outros dados são indicados).

DICAS

Para ter acesso às Normas Brasileiras (NBRs), a ABNT disponibiliza um catálo-


go com as normas, cursos, publicações e projetos através do site:
http://www.abntcatalogo.com.br.
A apresentação do buscador de normas do catálogo é vista na figura anterior, onde é pos-
sível buscar normas pelo nome, palavras-chave, comitê ou pelo número.

97
UNIDADE 2 — A PRÁTICA DA ENGENHARIA

APRESENTAÇÃO DO CÁTALOGO DE NORMAS TÉCNICAS BRASILEIRAS

FONTE: Adaptada de <https://bit.ly/3vqeI6g. Acesso em: 25 fev. 2021.

3.1 NORMAS PARA ENGENHARIA


A seguir serão referenciadas algumas normas como exemplos para o uso
de engenheiros garantirem qualidade, segurança e eficiência em uma obra. É ne-
cessário salientar que dependente do procedimento é necessário utilizar o catálo-
go do ABNT ou de outras normativas para buscar a normativa necessária.

O uso das NBRs e das NRs traz diversos benefícios a um empreendimen-


to. Um deles é a utilização de materiais normalizados, a fim de garantir que a
obra terá a qualidade desejada de acordo com as normas de engenharia.

O cumprimento das NBRs também aumenta a produtividade e reduz os


custos de projetos e obras, possibilitando uma maior competitividade no merca-
do e o melhor aproveitamento dos todos os recursos, garantindo a entrega de um
ótimo produto final para o consumidor.

Fique atento às alterações das normas ABNT e das normas técnicas, pois
elas são atualizadas constantemente. Dessa forma, você terá sempre em mãos a
maneira mais acertada de agir nos procedimentos referentes a elas.

98
TÓPICO 3 — normas técnicas para engenharia

3.1.1 Serviços especializados em engenharia e em


medicina do trabalho (NR 4)
A NR 4 (fala do Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e
Medicina do Trabalho (SESMT) (BRASIL, 2021), que promove a saúde e a inte-
gridade dos funcionários no local onde executam suas atividades. Uma das exi-
gências dessa norma diz respeito à habilitação e registro dos profissionais que
participarão desse serviço, como médico e enfermeiro do trabalho, engenheiros,
arquitetos e técnicos em segurança do trabalho.

3.1.2 Inspeção do trabalho (NR 6)


Essa norma trata especificamente do uso dos Equipamentos de Proteção
Individual, ou EPIs, no local de trabalho. Eles devem estar de acordo com os
riscos identificados na realização das tarefas de cada trabalhador, proporcionan-
do-lhes mais segurança. O objetivo da NR 6 (BRASIL, 2021) é estabelecer regras
para que as empresas evitem acidentes, protegendo a saúde do trabalhador e
prevenindo as chamadas doenças ocupacionais.

3.1.3 Exames médicos (NR 7)


A NR 7 (BRASIL, 2021) obriga que as empresas elaborem e implementem do
Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional, o PCMSO. Esse programa pro-
move a preservação da saúde dos funcionários da construção civil ao detectar antecipa-
damente as doenças relacionadas ao trabalho, tomando atitudes para que sejam evitadas.

3.1.4 Edificações (NR 8)


A Norma Reguladora 8 (BRASIL, 2021) impõe padrões em obras e edificações,
estabelecendo requisitos técnicos mínimos para esses locais. O intuito disso é garantir
a segurança e também o conforto dos colaboradores envolvidos na construção civil.

3.1.5 Segurança em instalações e serviços em eletricidade


(NR 10)
Essa norma visa estabelecer condições mínimas para garantir a segurança
daqueles que trabalham em instalações elétricas, em suas diversas etapas – in-
cluindo projeto, execução, operação, manutenção, reforma e ampliação – e cobrir
em nível preventivo usuários e terceiros.

99
UNIDADE 2 — A PRÁTICA DA ENGENHARIA

3.1.6 Segurança no trabalho em máquinas e equipamentos


(NR 12)
A norma NR 12 (BRASIL, 2021) trata da utilização de equipamentos e máqui-
nas de todos os tipos. Ela estabelece que o empregador deve aplicar medidas de pro-
teção para os funcionários que tenham contato com máquinas e outros equipamentos
que oferecem riscos, garantindo a saúde e integridade física dos trabalhadores.

3.1.7 Condições de segurança e saúde no trabalho na


indústria da construção (NR 18)
A NR 18 (BRASIL, 2021) estabelece diretrizes de ordem administrativa, or-
ganização e de planejamento. Ela tem como objetivo a implementação de sistemas
de controle e prevenção de acidentes nos processos, condições e no meio ambien-
te de trabalho da construção civil. Um dos pontos abordados por essa norma é a
importância da qualificação dos trabalhadores envolvidos no dimensionamento,
montagem, manutenção e operação de equipamentos como elevadores e gruas.

3.1.8 Trabalho em altura (NR 35)


Essa NR 35 (BRASIL, 2021) determina alguns requisitos mínimos de
proteção para trabalhos em altura, que envolve o planejamento, a organização
e a execução. Ela protege a saúde dos trabalhadores ao fornecer informações de
segurança e equipamentos obrigatórios para todas as atividades realizadas acima
de dois metros do nível inferior.

3.1.9 Alvenaria estrutural em blocos vazados de concreto


(NBR 6136)
Uma das normas ABNT para construção civil é a 6136 (ABNT, 2016). Ela
estabelece requisitos para a produção e aceitação de blocos de concreto vazados,
utilizados na execução de alvenaria estrutural ou de vedação. Essa norma tam-
bém determina os tipos de blocos ideais para cada utilização.

Por exemplo, os blocos de classe AE podem ser utilizados em paredes ex-


ternas, expostas à umidade e intempéries. Já os blocos de classe BE não devem ser
utilizados abaixo do nível do solo e devem ser revestidos para evitar exposição
ao ambiente externo.

100
TÓPICO 3 — normas técnicas para engenharia

3.1.10 Instalação elétricas de baixa tensão (NBR 5410)


Considerado um dos regulamentos mais lidos por engenheiros eletricistas,
esta norma estabelece as condições a que devem satisfazer as instalações elétricas
de baixa tensão a fim de garantir a segurança de pessoas e animais, o funcionamen-
to adequado da instalação e conservação dos bens. Funciona para o profissional da
área como um guia sobre o que se deve ou não fazer e traz um texto diferenciado.

3.1.11 Elaboração e desenvolvimento de serviços técnicos


especializados de projetos arquitetônicos e urbanísticos
(NBR 16636)
A NBR 16636 (ABNT, 2017) estabelece as atividades exigidas para o projeto
de um edifício. Ela é complementada pela NBR 13.532, que fixa as condições
necessárias para a elaboração de projetos específicos de arquitetura.

3.1.12 Edificações habitacionais (NBR 15.575)


Essa é a primeira norma a tratar especificamente da qualidade dos produtos da
construção, além da sua utilização pelos consumidores. A NBR 15.575 (ABNT, 2013) é
uma indicadora de desempenho de uma edificação, que pode certificar a sua excelência.

3.1.13 Veículos rodoviários automotores – remoção e


reinstalação de motores (NBR 15831)
Essa Norma estabelece os princípios gerais para remoção, reinstalação e
funcionamento de motores alternativos de combustão interna de aplicação rodo-
viária, agrícola, industrial, marítima, estacionária e ferroviária.

3.1.14 Máquinas girantes – motores de indução monofásico


e trifásico (NBR 17094-1)
Essa Norma é composta por duas partes. A primeira estabelece os requisitos
mínimos para montagem de motores de indução trifásico. E a segunda parte especifi-
ca os requisitos para motores de indução monofásicos assíncronos de rotor de gaiola.

101
UNIDADE 2 — A PRÁTICA DA ENGENHARIA

3.1.15 Procedimento para cabeamento de


telecomunicações para rede interna estruturada (NBR
14565)
Essa norma tem como objetivo estabelecer os critérios mínimos para ela-
boração de projetos de rede interna estruturada de comunicações, em edificações
comercial, independente do porte. A Norma se aplica a prédios comerciais, situa-
dos em um mesmo terreno, envolvendo os pontos de telecomunicações nas áreas
de trabalho, os armários de telecomunicações, salas de equipamento, entre outros.

No desenvolvimento de um projeto de cabeamento estruturado, a NBR


14565 pretende estabelecer a correta forma de aplicação dos conceitos de rede
primária e rede secundária envolvendo todos os seus elementos constitutivos.

Por fim, é necessário estar sempre atento às normativas, pois elas estão
sempre se atualizando. Neste tópico foi apresentado como acessar as normas
através da internet, mas também é possível adquirir as normas através de com-
pras e convênios por empresas.

102
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:

• O uso das NBRs e das NRs traz diversos benefícios a um empreendimento.


Um deles é a utilização de materiais normalizados, a fim de garantir que a
obra terá a qualidade desejada de acordo com as normas de engenharia.

• Dentre as normas disponíveis ao público temos as principais associadas aos


níveis de normalização anteriormente abordados: norma internacional, nor-
ma regional, norma nacional, norma territorial.

• As normas têm como objetivo: tornar o desenvolvimento, a fabricação e o


fornecimento de produtos e serviços mais eficientes, mais seguros e mais
limpos, entre outros.

• É possível acessar o catálogo das normas através do website do catálogo de ABNT.

103
AUTOATIVIDADE

1 Os níveis de normalização são devido ao seu alcance, variando entre alcan-


ce geográfico, político ou econômico de envolvimento na normalização. Ao
nível internacional, as normas abrangentes são:

a) ( ) Normas técnicas estabelecidas por uma Organização Regional.


b) ( ) Normas técnicas de abrangência mundial.
c) ( ) Normas Europeias ou do Mercosul.
d) ( ) Normas elaboradas por uma empresa ou grupo de empresas com a fi-
nalidade de orientar as compras.

2 As normas asseguram as características desejáveis de produtos e serviços,


como qualidade, segurança, confiabilidade, eficiência, intercambialidade,
bem como respeito ambiental – e tudo isto a um custo econômico. Dentre
os objetivos de normalização, sobre o que as normas podem assegurar, as-
sinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Controle de variedade.
b) ( ) Identificar responsabilidade técnica.
c) ( ) Fiscalização jurídica.
d) ( ) Controle de variação.

3 As normas são documentos estabelecidos por consenso e aprovados por


um organismo reconhecido que fornece para uso comum e repetitivo, re-
gras, diretrizes ou características para atividades ou seus resultados, visan-
do à obtenção de um grau ótimo de ordenação em um dado contexto. Com
relação ao que se sabe acerca das Normas Regulamentadoras (NR), assinale
a alternativa CORRETA:

a) ( ) Na NR 18 (Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em


Medicina do Trabalho – SESMT) consta que o técnico de segurança do
trabalho deverá dedicar seis horas por dia para as atividades do SESMT.
b) ( ) Na NR 4 (Trabalho em Altura) consta o conceito de trabalho em altura
como "toda atividade executada acima de um metro e cinquenta centí-
metros do nível inferior, onde haja risco de queda".
c) ( ) Na NR 4 (Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Me-
dicina do Trabalho – SESMT) consta que o técnico de segurança do traba-
lho deverá dedicar seis horas por dia para as atividades do SESMT.
d) ( ) Na NR 18 (Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da
Construção) consta o conceito de grua como equipamento pesado utili-
zado no transporte horizontal e vertical de materiais.

104
4 Dentre as normativas utilizadas na engenharia, existe uma que trata especifi-
camente do uso dos Equipamentos de Proteção Individual, ou EPIs, no local
de trabalho. Eles devem estar de acordo com os riscos identificados na reali-
zação das tarefas de cada trabalhador, proporcionando-lhes mais segurança.
O seu objetivo é estabelecer regras para que as empresas evitem acidentes,
protegendo a saúde do trabalhador e prevenindo as chamadas doenças ocu-
pacionais. Que norma está sendo referida na afirmação do exposto?

5 Dentre as diversas normativas para a construção civil, qual é a que trata


especificamente da qualidade dos produtos da construção, além da sua uti-
lização pelos consumidores, que é uma indicadora de desempenho de uma
edificação, que pode certificar a sua excelência?

105
106
TÓPICO 4 —
UNIDADE 2

ANOTAÇÃO DE RESPONSABILIDADE TÉCNICA EM


ENGENHARIA (ART)

1 INTRODUÇÃO

Imagine uma obra em que não haja responsável e que acabe colocando em
risco a vida de centenas de pessoas devido um mal projeto. Quem poderíamos res-
ponsabilizar sem conhecer o projetista da obra, o executor ou contratante da obra?
Para isso entra em cena a função da anotação de responsabilidade técnica na cons-
trução civil e demais projetos de engenharias. Onde é possível identificar o respon-
sável técnico da obra ou serviço prestado, ambos os lados, contratante e contratado.

A Lei Federal nº 6.496 – de 7 de dezembro de 1977 (BRASIL, 1977), insti-


tuiu a Anotação de Responsabilidade Técnica (ART). Conforme estabelece todo
contrato, escrito ou verbal, toda a execução de obras ou prestação de quaisquer
serviços profissionais referentes à Engenharia e à Agronomia fica sujeito à Anota-
ção de Responsabilidade Técnica (ART).

A falta da ART sujeitará o profissional ou a empresa à multa prevista na


alínea "a" do art. 73 da Lei nº 5.194, de 24 de dezembro de 1966 (BRASIL, 1966b), e
demais cominações legais. Cabe ressaltar que a ART define para os efeitos legais
os responsáveis técnicos pelo empreendimento de engenharia e agronomia.

Neste tópico, abordaremos o histórico do surgimento da ART, as classifi-


cações dos tipos de ART e quais são os procedimentos para a realização das ARTs
nos programas do sistema do CREA.

2 REGULAMENTAÇÃO DA ART
Além da Lei Federal nº 6.496 – de 7 de dezembro de 1977 (BRASIL, 1977), citada
anteriormente, outra legislação importante do Sistema CONFEA/CREAs com relação à
ART é Resolução nº 1025, de 30 de outubro de 2009 (BRASIL, 2009), que além de dispor
sobre a Anotação de Responsabilidade Técnica, estabelece procedimento para à emis-
são da Certidão de Acervo Técnico Profissional e registro de Atestado Técnico.

A ART deverá ser anotada no Conselho Regional da jurisdição em que


for realizada a obra/serviço. O preenchimento da ART é de responsabilidade do
profissional legalmente habilitado com visto ou registro no CREA de cada estada

107
UNIDADE 2 — A PRÁTICA DA ENGENHARIA

rigorosamente em dia, que consequentemente é o responsável por todas as in-


formações contidas nela. Havendo empresa executora, ela também deverá estar
legalmente habilitada com visto ou registro no CREA do seu estado.

A guarda da via assinada da ART será de responsabilidade do profissio-


nal e do contratante, com o objetivo de documentar o vínculo contratual (Art. 6º,
Resolução 1.025/09 do Confea). O profissional deverá manter uma via da ART no
local da obra ou serviço que esteja realizando (CREA, 2021).

Para efeito desta resolução, a ART deve ser baixada em função de algum
dos seguintes motivos (BRASIL, 2009):

I – conclusão da obra ou serviço, quando do término das atividades técnicas


descritas na ART; ou
II – interrupção da obra ou serviço, quando da não conclusão das atividades
técnicas descritas na ART, de acordo com os seguintes casos:
a) rescisão contratual;
b) substituição do responsável técnico; ou
c) paralisação da obra e serviço.

2.1 CLASSIFICAÇÃO ART


De acordo com o CREA, as ARTs são classificadas em três formas (CREA, 2021):

1 Classificação por tipo: de acordo de obra ou serviço, de obra ou serviço de


rotina (múltipla) e cargo ou função.

• A ART de obra ou serviço refere-se ao caso do profissional que executa uma


obra ou presta um serviço ao contratante.
• A ART de obra ou serviço de rotina, também conhecida como ART múltipla,
se refere a uma série de contratos de obras e serviços realizados dentro de um
período determinado.
• A ART de cargo ou de função é realizada quando em vez de se executar uma
obra ou de prestar um serviço, se estabelece um vínculo com uma pessoa jurí-
dica para desempenhar um cargo ou função técnica, portanto, trata-se de um
atestado de cargo ou função.

2 Classificação por forma de registro: Pode ser classificada como registro inicial,
complementar ou de substituição.

• A ART inicial ocorre antes do início de toda atividade técnica a ser realizada
e é necessário realizar seu registro.
• A ART complementar é realizada quando é necessário complementar infor-
mações iniciais, seja por meio de uma alteração no contrato ou pela necessida-
de de um detalhamento maior das atividades descritas, sendo registrado uma
ART complementar que deve ser vinculada a ART inicial.

108
TÓPICO 4 — ANOTAÇÃO DE RESPONSABILIDADE TÉCNICA EM ENGENHARIA (art)

• A ART de substituição consiste em uma ART que também é vinculada a ART


inicial, porém que tem a função de substituir os dados anotados inicialmente
quando ocorrer uma modificação do objeto ou da atividade contratada ou
quando for necessário corrigir um erro de preenchimento.

3 Classificação por participação técnica: Para este tipo de classificação são defi-
nidas quatro partes: individual, de coautoria, corresponsabilidade e de equipe.

• A ART individual aponta um profissional como responsável técnico.


• Para ART de coautoria e ART de corresponsabilidade existe uma mesma ati-
vidade é exercida por mais de um profissional da mesma competência. A di-
ferença está na caracterização da atividade técnica, tida como intelectual no
primeiro caso e executiva no segundo. Já a ART de equipe ocorre quando
diversas atividades complementares são realizadas em conjunto, por mais de
um profissional de competências diferenciadas.

3 PROCEDIMENTO DO PREENCHIMENTO DA ART


Para a realização do preenchimento de ARTs é necessário acessar o sistema no
site do CREA. Nesta plataforma é possível editar e salvar o preenchimento do formulá-
rio possibilitando a finalização futuramente. Neste sistema é possível utilizar dados de
ARTs passadas já cadastradas, facilitando o preenchimento de uma nova ART.

Para acessar a plataforma é possível acessar o sistema do CREANET atra-


vés do link SARTWeb2. A tabela de preenchimento do sistema é apresentada na
Figura 9 (exemplo do CREA/SC), apresentando as abas de realização de uma
nova ART, Consultas de ARTs antigas e as atribuições da Anotação de Responsa-
bilidade Técnica (CREA, 2021).

FIGURA 9 – TELA INICIAL DO SISTEMA PARA PREENCHIMENTO DE ART

FONTE: Crea (2021, p. 3)

109
UNIDADE 2 — A PRÁTICA DA ENGENHARIA

Na aba Nova ART encontram-se os procedimentos para o preenchimento


de novas ARTs. O número identificado nesta aba informa a quantidade de ras-
cunhos de ARTs disponíveis para serem utilizados como banco de dados. A aba
Consulta facilita o profissional na visualização de dados de ARTs já emitidas,
possibilitando também a impressão. A aba Atribuições contempla os serviços téc-
nicos, atividades e unidades disponíveis para anotação do profissional.

Para preencher a ART é necessário realizar 12 passos, sendo necessário à


validação de cada etapa para prosseguir no preenchimento. No penúltimo passo
será solicitado a confirmação dos dados que serão impressos no formulário. Após
isso será gerado um número de ART e estará finalizada.

O primeiro passo para o preenchimento é a seleção do tipo de ART. Na


aba Nova ART encontra-se os procedimentos para o preenchimento de novas
ARTs. O número identificado nesta aba informa a quantidade de rascunhos de
ARTs disponíveis para ser utilizados como banco de dados.

A aba Consulta facilita o profissional na visualização de dados de ARTs


já emitidas, possibilitando também a impressão. A aba Atribuições contempla os
serviços técnicos, atividades e unidades disponíveis para anotação do profissio-
nal. Na opção Substituição de Profissional deverá ser informada a ART do pro-
fissional que deixará de ser responsável pela obra/serviço em questão. Após vali-
dação desta ART, o sistema irá informar o nome e o registro do profissional que
constam na ART a ser substituída. Na opção Rascunhos estarão disponíveis as
últimas 10 (dez) ARTs não confirmadas. Quando o limite for alcançado, os rascu-
nhos mais antigos serão apagados dando lugar aos mais recentes (CREA, 2021).

No passo de preenchimento de informações da obra/serviço, deve ser infor-


mado o período de realização da obra/serviço bem como seu valor. O campo Obser-
vações será utilizado para justificar ARTs de contrato e substituição de ART ou de
profissional. É possível preencher os campos de Data Início e Data Fim com o prazo
previsto para início e fim da obra e/ou serviço. A ART relativa à execução de obra ou
prestação de serviço deve ser registrada antes do início da respectiva atividade téc-
nica, de acordo com as informações constantes do contrato firmado entre as partes.

Após o início da atividade técnica a falta de ART sujeita o profissional às


cominações legais cabíveis. A emissão de ART deverá ser feita dentro do prazo de
realização dos trabalhos. No campo Valor da obra/serviço/contrato deve-se informar
o valor global do custo da obra ou da prestação de serviço na moeda vigente. Não se
esqueça de indicar a posição da vírgula com clareza, seguida de duas casas decimais.

110
TÓPICO 4 — ANOTAÇÃO DE RESPONSABILIDADE TÉCNICA EM ENGENHARIA (art)

DICAS

Para maiores informações do preenchimento do formulário de Anotação de


Responsabilidade Técnica, acesse a seguir o link do CONFEA – Conselho Federal de Enge-
nharia e Agronomia e encontre o CREA do seu estado!

FONTE: https://www.confea.org.br/sistema-profissional/creas>.

Caro acadêmico, você vai acompanhar um trecho de um artigo que aborda


a importância das competências e habilidades de profissionais na engenharia.

111
UNIDADE 2 — A PRÁTICA DA ENGENHARIA

LEITURA COMPLEMENTAR

AVALIAÇÃO DAS COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DO


PROFISSIONAL DE ENGENHARIA DE SERVIÇOS FRENTE ÀS
DEMANDAS DO MERCADO DE TRABALHO.

Mellany Jhuly de Oliveira


Cesar Bündchen Záccaro de Oliveira
Dayse Mendes
Kellen Coelho dos Santos

Os avanços no desenvolvimento tecnológico trouxeram a 4ª revolução in-


dustrial no início da década de 2010 (XU et al., 2018). Esta nova fase da socieda-
de demanda profissionais cada vez mais especializados tanto no setor industrial
quanto no setor de serviços. Com essa nova perspectiva para empregos, as pesso-
as tendem a se especializar cada vez mais nas áreas de atuação, pois a digitaliza-
ção impacta fortemente todos os setores.

Nesse cenário, o engenheiro torna-se um profissional importante, devido


as suas competências e habilidades, como o uso de ferramentas, metodologias e
técnicas para melhorar os sistemas produtivos. Visando melhorar a qualidade
dos cursos de engenharia e a formação de um profissional com formação baseada
em competências, ocorreu publicação da Resolução CNE/CES nº 2 de 24 de abril
de 2019, que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) dos Cursos de
Graduação em Engenharia e muda a concepção da formação do engenheiro com
foco em conteúdo para o de construção de competências. Neste novo formato,
o perfil do Egresso se desdobra em competências gerais e específicas, sendo as
competências derivadas em habilidades e conteúdos associados a cada uma de-
las. As habilidades por sua vez, se desdobram nos elementos curriculares, em
cada uma das trilhas formativas. Esta atualização busca atender a nova demanda
de engenheiros com melhor qualidade e com maior formação prática e aplicada.

Os egressos dos cursos de Engenharia buscam atender aos requisitos das


vagas disponíveis no mercado e, muitas vezes exigem formação específica em
determinada especialidade da Engenharia, tal como Civil, Mecânica, Elétrica. No
entanto, verifica-se que há vagas para profissionais de engenharia especializados
no setor de serviços e são assim chamados pelos recrutadores como Engenhei-
ro de Serviços, do inglês Service Engineer, uma formação relativamente nova e
que vem ganhando espaço no mercado de trabalho. Ao explorar a literatura so-
bre serviços, Fitzsimmons e Fitzsimmons (2014, p. 35-36) relatam que todos os
especialistas observados concordam com a definição de “serviços” como sendo
um conjunto de atividades com grau de intangibilidade variados e consumidos
simultaneamente. Ainda, de acordo com os autores, existem quatro aspectos que
caracterizam serviços, a simultaneidade (o serviço é produzido ao mesmo tempo
que é consumido), a perecibilidade (“os serviços não podem ser estocados, logo

112
TÓPICO 4 — ANOTAÇÃO DE RESPONSABILIDADE TÉCNICA EM ENGENHARIA (art)

se não utilizado com capacidade total perde-se uma oportunidade”, intangibili-


dade (diferente dos produtos, os serviços não podem ser tocados, são “ ideias e
conceitos” onde não há posse e heterogeneidade (“variação de serviços de cliente
para cliente), porém, a interação entre cliente e funcionário nos serviços cria a
possibilidade de uma experiência de trabalho mais humana e mais satisfatória”.

Serviços, ainda, definido por Kotler e Keller (2012) como qualquer ato ou
desempenho, essencialmente intangível, que uma parte pode oferecer a outra e
que não resulta na propriedade de nada. Tendo em vista o cenário exposto, pro-
põe-se como objetivo deste artigo investigar a viabilidade de fomentar a forma-
ção de engenheiros para atuar no setor de serviços atendendo as Diretrizes Cur-
riculares Nacionais (DCN) dos cursos de Engenharia e a procura de profissionais
com o perfil de um engenheiro de serviços.

Em termos de procedimentos metodológicos foi realizada uma investigação


caracterizada como pesquisa descritiva com delineamento do tipo survey, na medi-
da em que se realizou observações sistemáticas sobre o problema escolhido, ou seja,
se há validade no treinamento de engenheiros para desempenho em serviço (SAN-
TOS, 1999). Os dados coletados tiveram origem de fontes primárias e secundárias
como artigos científicos, projetos pedagógicos de cursos, estruturas curriculares;
dados sobre a demanda do mercado de trabalho foram obtidas por meio de empre-
sas de Recrutamento e Seleção e do LinkedIn Jobs entre os meses de maio a outubro
de 2020. O tratamento dos dados foi realizado por meio de técnicas adequadas
aos dados qualitativos, como a categorização dos dados e análise estatísticas sim-
ples. Uma pesquisa realizada no Google Trends mostrou uma busca contínua sobre
o termo “Service Engineering” no período de 01/06/2019 a 01/11/2020 e mostrou
o interesse de pessoas de 38 países ao redor do mundo. Diante deste cenário, foi
possível identificar 19 cursos de Engenharia de Serviços em nível de Graduação e
Pós-Graduação nos continentes Europa, Ásia, América do Norte e América do Sul.

Em termos quantitativos temos 12 cursos de graduação e 7 cursos de pós-


-graduação (MBA, Stricto sensu e lato sensu). Dentre os cursos analisados, 38%
deles são referentes à formação generalista do engenheiro. Os 62% dos cursos são
cursos voltados às formações tradicionais de engenharia, sendo assim cursos com
ênfase em Engenharia – Civil (36,8%), Mecânica (11,1%), Elétrica (5,3%), Teleco-
municações (5,3%) e de Equipamentos (5,3%). A partir dos cursos de Engenharia
de Serviços identificados, buscou-se identificar as competências e habilidades do
engenheiro na literatura considerando a formação generalista e das principais
especialidades aqui destacadas. A partir da pesquisa realizada, foram identifica-
das 197 competências e habilidades exigidas na literatura consultada (FAMARU-
ZAMAN et al, 2019; BLANCO et al., 2020; ANASTASIU et al., 2017; PEIRÓ et al.,
2017; MOHAMAD et al, 2017; HKYENG et al., 2020; SALEH e LAMSALI, 2020;
LIZUNKOV et al., 2016; MANAFE et al., 2020).

Levou-se em consideração a frequência das competências e habilidades, ob-


tendo-se como as três mais citadas, a Comunicação, o Aprendizado contínuo e o Tra-
balho em Equipe. Com relação às vagas de trabalho para profissional do Engenheiro

113
UNIDADE 2 — A PRÁTICA DA ENGENHARIA

de Serviços, as vagas consideradas possuem como parte do título “service engineer”


e requerem em grande parte de um profissional de Engenharia Generalista, no entan-
to, exigem competências e habilidades diversas, tais como conhecimento em instala-
ção e manutenção de equipamentos, edifícios, idioma (inglês), entre outras.
FONTE: <https://bit.ly/3grvQnZ> Acesso em: 23 fev. 2021.

114
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, você aprendeu que:

• O engenheiro é um profissional importante, devido as suas competências e


habilidades, como o uso de ferramentas, metodologias e técnicas para melho-
rar os sistemas produtivos de uma empresa de engenharia.

• Existem diversos decretos e leis para a regulamentação das Anotações de Res-


ponsabilidade Técnica (ARTs), sendo estas estabelecidas para designar os res-
ponsáveis técnicos da atividade realizada.

• São classificados e definidos os tipos de ART, de acordo com o especificado no


CREA, sendo elas classificadas por tipo, forma de registro ou participação técnica.

• É possível preencher o formulário de preenchimento de ART através da pla-


taforma virtual do CREA.

CHAMADA

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AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.

115
AUTOATIVIDADE

1 A profissão de engenheiro realiza-se pelo cumprimento responsável e com-


petente dos compromissos profissionais. A Lei de Responsabilidade Técni-
ca nº 6496/1977 Institui a "Anotação de Responsabilidade Técnica"(ART).
Com relação a ela, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) A falta da ART sujeitará o proprietário da obra ao pagamento de multa.


b) ( ) A ART define para os efeitos legais os responsáveis técnicos pelo em-
preendimento de engenharia.
c) ( ) A ART será efetuada pelo proprietário da obra no CREA, de acordo
com Resolução própria do CONFEA.
d) ( ) Nem todo contrato, escrito ou verbal, para a execução de obras ou de
prestação de quaisquer serviços profissionais referentes à Engenharia
fica sujeito à ART.

2 Pedro é o engenheiro civil responsável pela elaboração do projeto e pela


execução da obra de construção de um prédio de três pavimentos. O proje-
to estava eivado de falhas técnicas e a execução das obras não contou com
as cautelas previstas nas normas de regência. Assim, em razão da conduta
imperita do engenheiro, no curso da obra, a construção entrou em colapso
e desabou, ocasionando a morte do pedreiro José. Neste caso, Pedro:

a) ( ) Não pode ser responsabilizado pelo crime de homicídio, pois não teve
a intenção de causar a morte do pedreiro.
b) ( ) Não pode ser responsabilizado pelo crime de homicídio, por ausência
de dolo, mas responde por lesão corporal grave.
c) ( ) Deve ser responsabilizado por homicídio doloso, com diminuição de pena
porque o crime resultou de inobservância de regra técnica de profissão.
d) ( ) Deve ser responsabilizado por homicídio culposo, com aumento de pena
porque o crime resultou de inobservância de regra técnica de profissão.

3 Segundo o Código de Ética Profissional, classifique V para as sentenças ver-


dadeiras e F para as falsas:

( ) É dever do profissional, ante o ser humano e seus valores, oferecer seu


saber para o bem da humanidade.
( ) É dever do profissional, ante as relações com cliente, empregadores e co-
laboradores, dispensar tratamento justo a terceiros, observando o princí-
pio da primazia da realidade.
( ) É dever do profissional ante as relações com clientes, empregadores e
colaboradores, atuar com imparcialidade e impessoalidade em atos arbi-
trais e periciais.

116
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V – F – V.
b) ( ) V – V – V.
c) ( ) F – F – F.
d) ( ) F – V – V.

4 Toda a execução de obras ou prestação de quaisquer serviços profissionais


referentes à Engenharia e à Agronomia fica sujeito à Anotação de Respon-
sabilidade Técnica (ART). Com relação ao cronograma financeiro o que ca-
racteriza o desvio do cronograma físico do projeto contratado?

5 Considerando a legislação profissional do sistema CONFEA-CREA, julgue


o item subsequente. Devido à responsabilidade civil da empresa construto-
ra pela solidez e segurança da construção, a baixa da anotação de responsa-
bilidade técnica só poderá ser requerida cinco anos após o término da obra.
Esta afirmativa está correta ou errado? Justifique.

117
REFERÊNCIAS
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tps://bit.ly/3cJJeBj. Acesso em: 23 fev. 2021.

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Janeiro: ABNT, 2019.

ABNT. NBR 17094-1: Máquinas elétricas girantes Parte 1: Motores de indução


trifásicos – requisitos. Rio de Janeiro: ABNT. 2018.

ABNT. NBR 16636: Elaboração e desenvolvimento de serviços técnicos especiali-


zados de projetos arquitetônicos e urbanísticos. Rio de Janeiro, 2017.

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BRASIL. Ministério do trabalho e emprego. Normas Regulamentadoras – NR [4, 6,7,


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BRASIL. Lei nº 13.639, de 26 de março de 2018. Cria o Conselho Federal dos


Técnicos Industriais, o Conselho Federal dos Técnicos Agrícolas, os Conselhos
Regionais dos Técnicos Industriais e os Conselhos Regionais dos Técnicos Agrí-
colas. Disponível em: https://bit.ly/3iIFu73. Acesso em: 31 maio 2021.

BRASIL. Lei nº 12.378, de 31 de dezembro de 2010. Regulamenta o exercício da


Arquitetura e Urbanismo; cria o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil
– CAU/BR e os Conselhos de Arquitetura e Urbanismo dos Estados e do Distrito
Federal – CAUs; e dá outras providências. Disponível em: https://bit.ly/3vmnm-
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118
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plementar no 123, de 14 de dezembro de 2006, altera as Leis nos 8.212, de 24 de
julho de 1991, 8.213, de 24 de julho de 1991, 10.406, de 10 de janeiro de 2002 – Có-
digo Civil, 8.029, de 12 de abril de 1990, e dá outras providências. Disponível em:
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BRASIL. Resolução nº 1.010, de 22 de agosto de 2005. Dispõe sobre a regulamen-


tação da atribuição de títulos profissionais, atividades, competências e caracteri-
zação do âmbito de atuação dos profissionais inseridos no Sistema Confea/Crea,
para efeito de fiscalização do exercício profissional. Disponível em: https://bit.
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BRASIL, Decreto nº 6.496 de 7 de dezembro de 1977. Institui a Anotação de Res-


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BRASIL, Decreto nº 5.196 de 24 de dezembro de 1966. Regula o exercício das


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dências. 1966a. Disponível em: https://bit.ly/3gEzlGg. Acesso em: 31 maio 2021.

BRASIL, Lei nº 5.194, de 24 de dezembro de 1966. Regula o exercício das profis-


sões de Engenheiro, Arquiteto e Engenheiro Agrônomo, e dá outras providências.
1966b. Disponível em: https://bit.ly/3iPYjVM. Acesso em: 31 maio 2021.

BRASIL, Lei nº 4.950, de 22 de abril de 1966. Dispõe sobre a remuneração de pro-


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BRASIL, Decreto-Lei nº 3.995 de 31 de dezembro de 1941. Estabelece para os


profissionais e organizações sujeitas ao regime do decreto nº 23.569, de 11 de
dezembro de 1933, a obrigação do pagamento de uma anuidade aos Conselhos
Regionais de que trata o mesmo decreto, e dá outras providências. Disponível
em: https://bit.ly/3wuPJA3. Acesso em: 31 maio 2021.

BRASIL. Decreto nº 23.569 de 11 de dezembro de 1933. Regula o exercício das


profissões de engenheiro, de arquiteto e de agrimensor. 1933a. Disponível em:
https://bit.ly/2TAgzIt. Acesso em: 31 maio 2021.

119
BRASIL, Decreto nº 23.196 de 12 de outubro de 1933. Lex: CLBR DE 1933b. V.
4., P. 12, 1933.

BRASIL, Decreto nº 1.073 de 22 de novembro de 1890. Aprova os Estatutos da


Escola Politécnica. Decretos do Governo Provisório da República dos Estados
Unidos do Brasil, Rio de Janeiro, décimo primeiro fascículo, p. 3830, 1891.

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para execução da Lei nº 3346 de 14 de outubro de 1887 sobre marcas de fábrica
e de comércio. Disponível em: https://bit.ly/2StdNVj. Acesso em: 31 maio 2021.

BRASIL. Decreto nº 3.001 de 9 de outubro de 1880. Estabelece es requisitos que


devem satisfazer os Engenheiros Civis, Geographos, Agrimensores e os Bachareis
formados em mathematicas, nacionaes ou estrangeiros, para poderem exercer
empregos ou commissões de nomeação do Governo. Disponível em: https://bit.
ly/3zvoerJ. Acesso em: 31 maio 2021.

BRITO, E. A. de. Introdução à engenharia. Aspectos Legais e éticos no exercício


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Aula. Piracicaba: UNIMEP. 2015.

CONFEA. Código de ética profissional da engenharia, da agronomia, da geolo-


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CONFEA. Resolução 1.073, de 19 de abril de 2016 do Conselho Federal de Enge-


nharia e Agronomia – CONFEA. Regulamenta a atribuição de títulos, atividades,
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Sistema Confea/Crea para efeito de fiscalização do exercício profissional no âm-
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CONFEA. Resolução 1.002, de 26 de novembro de 2002, do Conselho Federal


de Engenharia e Agronomia – CONFEA. Adota o Código de Ética Profissional
da Engenharia, da Arquitetura, da Agronomia, da Geologia, da Geografia e da
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Engenharia e Agronomia – CONFEA. Discrimina as atividades profissionais do
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121
122
UNIDADE 3 —

ENGENHARIA E SOCIEDADE
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• compreender o papel dos profissionais da Engenharia na sociedade;

• conhecer o cenário atual da Engenharia no mercado de trabalho;

• discutir a importância da Engenharia no desenvolvimento econômico;

• relacionar a Engenharia com a solução de problemas sociais e ambientais;

• entender como empregar os conhecimentos técnicos na criação de pro-


jetos de Engenharia sustentáveis.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.

TÓPICO 1 – O ENGENHEIRO E O MERCADO DE TRABALHO 

TÓPICO 2 – A IMPORTÂNCIA DA ENGENHARIA NO


DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO 

TÓPICO 3 – A ENGENHARIA NA SOLUÇÃO DE PROBLEMAS SOCIAIS


E AMBIENTAIS

CHAMADA

Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos


em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá
melhor as informações.

123
124
TÓPICO 1 —
UNIDADE 3

O ENGENHEIRO E O MERCADO DE
TRABALHO

1 INTRODUÇÃO

Caro acadêmico, a partir dos conhecimentos anteriores apresentados neste


livro didático, você pôde ampliar sua visão sobre a Engenharia nos seus mais diver-
sos aspectos. Agora, chegou o momento de compreender como os conceitos da En-
genharia se aplicam através de estudos, projetos e planejamentos para proporcionar
o desenvolvimento da sociedade e a melhoria na qualidade de vida da população.

Desde os primórdios, a Engenharia e a humanidade se desenvolveram de


forma interdependente. Foi a partir do aperfeiçoamento de técnicas e conceitos
teóricos que a Engenharia foi se ramificando. Hoje, uma variedade de engenha-
rias é procurada no mercado de trabalho com o surgimento de novas necessida-
des por parte da sociedade.

Iniciaremos este tópico abordando o papel da Engenharia na sociedade, a


responsabilidade e a ética profissional esperada de um engenheiro, os ramos de
atuação, a situação atual do mercado de trabalho, as expectativas do futuro, as
oportunidades de inserção no ramo e a carreira profissional. Todos estes temas
foram construídos de forma a preparar você para os desafios e oportunidades que
estão a vir dentro da sua escolha de formação profissional.

Sabemos que, seja no início da graduação ou ao final dela, a entrada no


mercado de trabalho é sempre um momento importante na vida de todo profis-
sional. Vivemos um mundo cada vez mais complexo que requer profissionais
mais preparados e que mantenham a ética como referencial do seu desempenho,
portanto, acadêmico, absorva os conteúdos com atenção e aprofunde seus estu-
dos realizando pesquisas complementares. Bons estudos!

2 O PAPEL DO ENGENHEIRO NA SOCIEDADE


Você já parou para pensar sobre qual papel um engenheiro ocupa na so-
ciedade? Caro acadêmico, falamos muito sobre a importância da Engenharia para
a solução de problemas sociais e econômicos, na ampliação de infraestruturas, na
garantia da qualidade de vida à população e na prestação de serviços. Quando
olhamos de forma prática, percebemos que cada vez mais, a vida humana em
sociedade depende das tecnologias e dos produtos que lhe cerca.

125
UNIDADE 3 — ENGENHARIA E SOCIEDADE

O papel do engenheiro está na construção de sistemas de transporte e co-


municação, no tratamento de água e esgoto, na busca de novas fontes de energia,
no reaproveitamento de materiais, no desenvolvimento de novos equipamentos
médicos e remédios, no processamento e estocagem de alimentos, no planeja-
mento de processos industriais, na produção de ferramentas, na criação de uten-
sílios domésticos, na edificação, na pesquisa científica, e, principalmente, no de-
senvolvimento de novas tecnologias.

FIGURA 1 – A ENGENHARIA E A TECNOLOGIA

FONTE: <https://bit.ly/3gByjuK>. Acesso em: 5 abr. 2021.

Chegamos a um ponto que não é mais possível separar a Engenharia dos


avanços tecnológicos e das necessidades sociais. Com o avanço da vida em so-
ciedade, problemas como desigualdade social, mudanças climáticas, degradação
ambiental, conflitos de larga escala e guerras, se intensificaram.

Estes problemas também são de responsabilidade dos profissionais da


Engenharia, uma vez que ajudamos a construir instrumentos que os fazem exis-
tir. É necessário que o engenheiro, durante toda a prática profissional, esteja aten-
to às questões técnicas, sociais, ambientais e pessoais decorrentes do exercício de
sua profissão. Os autores Bazzo e Pereira (2006, p. 83) contextualizam esse papel
do engenheiro na seguinte colocação:

Podemos, como ponto de partida, imaginar que, ao criar instrumentos,


informações, dispositivos ou processos, contribuímos para proporcio-
nar ao ser humano um trabalho menos árduo e uma vida mais digna.
Ao menos é isso que se espera do trabalho de um engenheiro. Mas
estas maravilhas da criação humana também trazem consigo algumas
questões que exigem análises mais aprofundadas – poluição ambien-
tal, aquecimento global, devastação de florestas, destruição da camada
de ozônio... contudo, sabemos a enorme dificuldade que a humanida-
de tem para fazer com que essas benesses sejam estendidas a todos
os indivíduos. Talvez residam nestas preocupações algumas das mais
fortes necessidades de reflexão.

A formação em Engenharia proporciona aos acadêmicos competências


como a análise crítica, raciocínio técnico e gestão de riscos. Essas competências
combinadas não servem apenas para a resolução de problemas técnicos, elas se
expandem as questões sociais e econômicas também.

126
TÓPICO 1 — O ENGENHEIRO E O MERCADO DE TRABALHO

Engenheiros possuem visão sistêmica, o que permite que como profissio-


nais tenham a habilidade de compreender os sistemas e suas relações de forma
integrada com o ambiente no qual estão inseridos. A Figura 2 ilustra a variedade
de contextos em que a Engenharia pode ser empregada na sociedade.

FIGURA 2 – PAPEL DO ENGENHEIRO NA SOCIEDADE

FONTE: <https://bit.ly/3xtAvv3>. Acesso em: 18 mar. 2021.

O desafio inicial de um futuro engenheiro está em dominar os conceitos


referentes ao conteúdo dos núcleos básico e profissionalizante do seu curso de
graduação. Esse é o primeiro passo para preparar-se para as mudanças que ocor-
rem constantemente na sociedade. É necessário também realizar cursos comple-
mentares, assistir a palestras, participar de seminários e buscar outras atividades
que complementam a formação profissional.

Acadêmico, é importante ter noção sobre o papel do engenheiro a ser de-


senvolvido em prol da sociedade como um todo. Segundo Bazzo e Pereira (2006,
p. 85), se “estivermos ou não conscientes disso, as sociedades se desenvolvem
constantemente, e compreender um pouco seus movimentos mais significativos
faz parte de nossa formação profissional”.

Constantemente, novas áreas do conhecimento vão surgindo e novos


profissionais são necessários para atuar nelas. Entretanto, algo que não se torna
defasado é o conhecimento científico no qual os cursos de ensino superior em En-
genharia são fundamentados. Caro acadêmico, tudo o que você está aprendendo
neste curso será essencial para a prática da sua profissão e na sua função social
enquanto membro ativo de uma sociedade.

Ao longo dos séculos, os engenheiros sempre tiveram a inovação como


um pilar da prática profissional e foi através dessa característica que muitas evo-
luções tecnológicas surgiram. Neste ponto, podemos destacar que correr riscos
faz parte da jornada profissional, conforme Bazzo e Pereira (2006, p. 86) expõem:

Podemos considerar, ainda, que, ao trabalharmos com obras de vulto,


empregando novas técnicas e aplicando novas teorias, ousando um
pouco, teremos oportunidade de contribuir de forma mais significati-
va para o desenvolvimento da profissão e, muito provavelmente, para
o avanço da própria sociedade.

127
UNIDADE 3 — ENGENHARIA E SOCIEDADE

A sociedade carece de profissionais dispostos a executarem ideias que


transformem realidades de forma positiva. Profissionais que tirem as ideias do
papel e as concretizem. Você, enquanto acadêmico de Engenharia, faz parte desse
movimento de transformação.

3 O MERCADO DE TRABALHO
O mercado de trabalho tem por finalidade estabelecer uma relação entre a
oferta de trabalho e a busca por profissionais. Antes de iniciar o curso de gradua-
ção, você provavelmente realizou pesquisas para entender como é essa relação de
oferta/demanda profissional na área de Engenharia e quais os campos de atuação
da modalidade de Engenharia que você escolheu.

Analisando de forma geral, o mercado de trabalho para as mais diversas
modalidades da Engenharia sempre foi um dos mais estáveis ao longo dos anos
em relação a outras profissões e frente às transformações que ocorreram na so-
ciedade. Transformações que ainda ocorrem de forma rápida e que impactam em
uma necessidade de ampliação das atribuições dos engenheiros.

Outra característica do mercado de trabalho atual são os novos perfis de


profissionais desejáveis para realizar essas novas atribuições. Não é mais suficiente
ter uma sólida formação técnica, é necessário que os profissionais da Engenharia
possuam habilidades e competências gerenciais, que veremos mais detalhadamen-
te no próximo tópico. A Figura 3 retrata engenheiros vistoriando um projeto na área
da construção civil, uma das muitas atribuições dos engenheiros desta modalidade.

FIGURA 3 – MERCADO DE TRABALHO PARA ENGENHEIROS

FONTE: <https://bit.ly/3cNUdtN>. Acesso em: 18 mar. 2021.

Caro acadêmico, que os engenheiros podem desempenhar inúmeras


funções dentro do mercado de trabalho você já tem conhecimento, mas com relação
à atuação podemos dizer que ele pode trabalhar como autônomo, empregado ou
empresário, conforme a Figura 4.

128
TÓPICO 1 — O ENGENHEIRO E O MERCADO DE TRABALHO

FIGURA 4 – FORMAS DE ATUAÇÃO DO ENGENHEIRO

FONTE: Adaptado de Bazzo e Pereira (2006, p. 87)

Com relação às formas de atuação de um Engenheiro no mercado de tra-


balho, Bazzo e Pereira (2006, p. 87) em seu livro “Introdução à Engenharia – Con-
ceitos, Ferramentas e Comportamentos”, ilustra as características de cada uma
delas, como podemos ver a seguir:
O profissional autônomo é aquele que tem maior independência de de-
cisão sobre sua profissão, estabelecendo seus honorários e condições de
trabalho, atuando geralmente em escritório próprio. O empregado atua
diretamente para uma empresa, com a qual mantém um contrato de tra-
balho, prestando serviços técnicos permanentes ou trabalhando por em-
preitada, desenvolvendo serviços específicos. O trabalho com vínculo
empregatício — é bom não perdermos de vista – representa grande par-
te dos profissionais atuantes na área. O terceiro tipo citado – o engenhei-
ro empresário – é aquele que é responsável por alguma empresa e que
contrata outros profissionais, com vínculo trabalhista, para operá-la.

Dentro dessas relações de vínculo empregatício, na Figura 5 apresenta-


mos as atribuições técnicas que os engenheiros possuem:

FIGURA 5 – ATRIBUIÇÕES TÉCNICAS DOS PROFISSIONAIS DA ENGENHARIA

FONTE: Adaptado de Bazzo e Pereira (2006, p. 88)


129
UNIDADE 3 — ENGENHARIA E SOCIEDADE

Como em toda carreira profissional, os recém-formados normalmente atu-


am como analistas nas áreas de manutenção, operação ou construção. Após ad-
quirir experiência profissional e especializações, muitos acabam migrando para
funções gerenciais dentro das empresas. Os autores Bazzo e Pereira (2006, p. 89)
retratam o cotidiano de alguns profissionais da Engenharia na seguinte citação:
Um engenheiro eletrônico pode trabalhar, por exemplo, com manu-
tenção de componentes eletrônicos, no projeto de sistemas para trans-
missão de dados ou na fiscalização de obras de instalações elétricas in-
dustriais. Um agrônomo pode trabalhar, por exemplo, com pesquisas
em irrigação e drenagem para fins agrícolas ou com o assessoramento
na área de conservação de produtos animais e vegetais.

É importante ressaltarmos que os engenheiros são encontrados nos mais


diversos ramos de atuação por possuírem um diferencial interessante em relação
a outros profissionais: eles possuem a capacidade de aplicar tecnologia na resolu-
ção de problemas. Essa característica permite às empresas reduzir o tempo gasto
para encontrar as soluções, o que torna o trabalho dos engenheiros valorizado no
mercado de trabalho (JÚNIOR, 2021).

Quando buscamos informações sobre a quantidade de engenheiros cadas-


trados no CONFEA, encontramos que no início de 2019, havia 908.965 registros
ativos de engenheiros no país. No Gráfico 1, podemos observar a distribuição de
engenheiros pelas regiões brasileiras.

GRÁFICO 1 – PORCENTAGEM DE REGISTROS DE ENGENHEIROS ATIVOS NO CONFEA POR


REGIÃO BRASILEIRA

FONTE: Adaptado de Fisenge (2019)

O Estado com o maior número de registros no país foi São Paulo com
30,7%, seguido de Minas Gerais com 14,0% e Rio de Janeiro com 10,2%. O número
de novos profissionais da engenharia registrados anualmente aumentou de 34,5
mil, em 2010, para 61 mil, em 2018.

130
TÓPICO 1 — O ENGENHEIRO E O MERCADO DE TRABALHO

Apesar do aumento dos profissionais disponíveis no mercado de traba-


lho, existe espaço para todas as modalidades de Engenharia trabalharem. Uma
forma de se inserir no mercado de trabalho ainda durante o curso de graduação é
através de estágios que são amplamente ofertados pelas empresas e propiciam ao
acadêmico a oportunidade de aprender mais sobre o cotidiano da sua profissão.

3.1 HABILIDADES E COMPETÊNCIAS REQUERIDAS AO


ENGENHEIRO NO MERCADO DE TRABALHO
Para um bom desempenho profissional, engenheiros contam com uma
formação básica sólida de conhecimentos científicos. Entretanto, a competência
profissional é muito mais do que os conhecimentos específicos da profissão. Se-
gundo Bazzo e Pereira (2006, p. 91), a competência profissional estende-se “pelos
campos da economia, da psicologia, da sociologia, da ecologia, do relacionamen-
to pessoal e de muitos outros, que auxiliarão na análise de diversos problemas”.

Se hoje o engenheiro ainda enfrenta restrições que o colocam dentro de


um plano de carreira mais técnico, as demandas do mercado para a contratação
de engenheiros e alterações sugeridas na educação em engenharia indicam uma
valorização cada vez maior do profissional que traga na bagagem experiência
relacionada à administração, finanças, habilidade no tratamento dos recursos hu-
manos e gerenciamento de projetos.

Além disso, destacam-se que as grandes, profundas e rápidas transforma-


ções tecnológicas, econômicas, sociais e culturais em curso no mundo contempo-
râneo provocaram mudanças nos afazeres e responsabilidades dos engenheiros,
tanto no que diz respeito a novas ocupações quanto no perfil necessário ao de-
sempenho desses novos afazeres e responsabilidades.

Os autores Laudares e Ribeiro (2000, p. 493) explicam como ocorreu essa


mudança no perfil dos engenheiros que o mercado de trabalho busca:
Até recentemente, o engenheiro exercia atividades predominantemente
técnicas, sendo responsável pela realização de pareceres técnicos, cálcu-
los de projetos, desenho de peças e componentes, pela logística de pro-
cesso. Atualmente, com as mudanças na organização da empresa que
eliminaram muitos níveis hierárquicos intermediários e com o aumento
da terceirização e redução de trabalhadores, inclusive engenheiros, suas
atribuições foram ampliadas e tornaram-se mais diversificadas, incluin-
do conhecimentos administrativos, de marketing, de técnicas gerenciais
participativas, de liderança e de estrutura de custos [...].

Seguindo esta linha, os cursos de ensino superior em Engenharia possuem


por finalidade capacitar você, acadêmico, para o mundo profissional de trabalho
e capacitá-lo nas chamadas soft skills, que são as competências profissionais: ges-
tão de equipes, habilidade de comunicação oral e escrita, criatividade, liderança,
pensamento crítico e ética.

131
UNIDADE 3 — ENGENHARIA E SOCIEDADE

DICAS

Acadêmico, você sabe o que são soft skills e como desenvolvê-las para cres-
cer na carreira?
Segundo Daniel Goleman, psicólogo e jornalista científico americano, “há uma lacuna
entre o que líderes esperam de recém-formados e o que estes recém-contratados ofe-
recem”. Na maioria dos casos, essa lacuna profissional refere-se às soft skills, que são ha-
bilidades e competências que caracterizam a forma que nos relacionamos com os outros.
Na figura a seguir, você pode observar as dez Soft Skills listadas como ideais pelo Fórum Econômi-
co Mundial que todo profissional precisa ter para se adaptar ao mercado de trabalho atualmente.
Quer saber mais? Acesse o link: https://bit.ly/35vH7gD.

FIGURA 6 – SOFT SKILLS LISTADAS COMO IDEAIS PELO FÓRUM ECONÔMICO MUNDIAL

FONTE: <https://bit.ly/3xwj1yq>. Acesso em: 23 mar. 2021.

Verifica-se, assim, a necessidade de profissionais capazes de atuar na ges-


tão do conhecimento gerencial, atuando para que a empresa possa sempre se
utilizar da melhor informação e do melhor conhecimento disponível.

Para isso, segundo Crawley et al., (2007), a formação de engenheiros deve


atender às demandas contemporâneas com uma proposta que divide as compe-
tências em quatro blocos, sendo:

Raciocínio e conhecimento técnico: este bloco refere-se às competências


que são desenvolvidas durante a graduação em relação às disciplinas baseadas
em cálculos, conceitos físicos, fórmulas, experimentos e raciocínio lógico. É im-
portante que o engenheiro tenha aptidão ou interesse pelas disciplinas de exatas.

132
TÓPICO 1 — O ENGENHEIRO E O MERCADO DE TRABALHO

Habilidades pessoais e profissionais: habilidades pessoais como boa co-


municação, criatividade, raciocínio rápido e inteligência emocional são essenciais
para a prática da Engenharia e podem ser desenvolvidas durante a graduação.

Habilidades interpessoais: as habilidades interpessoais referem-se aos


comportamentos e atitudes relacionadas às outras pessoas. Capacidade de lide-
rança e trabalho em grupo auxiliam na prática profissional.

Conjugação das competências de forma contextualizada em relação aos


diversos segmentos da sociedade: este bloco tem por finalidade o desenvolvi-
mento de conhecimentos culturais e em assuntos que envolvam economia e so-
ciedade, que são fundamentais para o exercício da profissão de Engenharia. O
Engenheiro precisa estar atento ao que acontece no mundo e em como alinhar
essas informações a sua profissão.

Com base nas habilidades gerais e específicas que os engenheiros desen-


volvem durante as disciplinas ofertadas no curso de graduação, pode-se entender
a formação técnica de perfis de engenheiros e percursos possíveis a serem segui-
dos nas suas carreiras.

A Figura 7 apresenta a relação entre as habilidades gerais, específicas e


os tipos de engenheiros que geralmente são encontrados no mercado de trabalho
pela análise de Crawley et al. (2007).

FIGURA 7 – PERCURSOS DE CARREIRA PROFISSIONAL PARA ENGENHEIROS

FONTE: Adaptado de Crawley et al. (2007)

133
UNIDADE 3 — ENGENHARIA E SOCIEDADE

O mercado de trabalho espera que os profissionais formados tenham a


habilidade de continuar em aprendizado constante. Seja na busca de cursos e
especializações, seja no desenvolvimento de habilidades que lhes auxiliem no
relacionamento interpessoal. Acadêmico, esteja sempre atento para o desenvol-
vimento dessas habilidades. Aliás, envolver-se em atividades extracurriculares
pode ser um caminho interessante para isso.

DICAS

Caro acadêmico, você já deve ter se questionando: quais serão as profissões


do futuro e quais habilidades são importantes na hora de entrar no mercado de trabalho?
Conforme apresentamos, a Engenharia desenvolve-se e molda-se de acordo com as ne-
cessidades da sociedade, sendo, sim, uma profissão do futuro!
Leia atentamente o texto Profissões do futuro: quais habilidades são importantes na hora
de entrar no mercado de trabalho? Disponível no link: https://glo.bo/3xrqWwI.

3.2 OS RAMOS DE ATUAÇÃO


Acadêmico, durante vários temas abordados neste livro didático, apre-
sentamos várias aptidões que são desenvolvidas durante o curso de graduação
em Engenharia, permitindo a formação de profissionais que possuam conheci-
mentos múltiplos e que estejam aptos a atuarem em praticamente todas as áreas
do mercado de trabalho.

Sabemos que a Engenharia é um campo muito amplo e dividido entre


diversos ramos, nos quais os profissionais formados na área possuem inúmeras
opções para atuar. É uma das profissões mais procuradas no mercado de traba-
lho, devido à grande e constante demanda das empresas em resolver problemas
de forma eficiente e com baixo custo.

Na Figura 8, você pode observar alguns setores em que é comum encon-


trarmos engenheiros atuando.

134
TÓPICO 1 — O ENGENHEIRO E O MERCADO DE TRABALHO

FIGURA 8 – SETORES DE ATUAÇÃO DOS ENGENHEIROS

FONTE: Os autores

Nas indústrias, os engenheiros são amplamente utilizados na transfor-


mação dos recursos naturais em produtos, no desenvolvimento de projetos, no
desenho de equipamentos, em obras e construções, entre muitas outras funções.
Nos institutos de ensino e pesquisa, os engenheiros buscam complementar sua
formação acadêmica optando por realizar um mestrado e até mesmo doutorado.
Em média, no Brasil, um curso de pós-graduação em nível de mestrado dura dois
anos e em nível de doutorado, quatro anos.

Além dos ramos de atuação específicos de cada Engenharia, existem al-


guns setores em que os engenheiros são valorizados. Dois exemplos clássicos
desse fato são os setores financeiro e de gestão de pessoas. Isso acontece porque
mesmo que não tenha uma formação direcionada para essas áreas, elas podem
buscar especializações que complementem a formação profissional. As habilida-
des matemáticas em conjunto com a visão estratégica a longo prazo fazem com
que o profissional se saia bem nessas áreas (JÚNIOR, 2021).

Além dos ramos de atuação apresentados, uma opção cada vez mais pro-
curada pelos profissionais da Engenharia é o empreendedorismo. É uma alterna-
tiva para quem deseja utilizar os conhecimentos adquiridos durante a graduação
para abrir seu próprio negócio e ainda atuar na sua área de formação.

Os engenheiros possuem conhecimentos e recursos técnicos para empreen-


derem em diversos ramos e ainda um diferencial importante no mundo dos negó-
cios que é uma visão analítica para a interpretação de dados e projeções estatísticas.

É importante ressaltar que determinados setores merecem destaque de-


vido às oportunidades promissoras aos engenheiros, que são responsáveis por
engendrar grandes ideias e possuem características essenciais para as empresas,
especialmente diante da constante necessidade de inovação.

As perspectivas animadoras estão nos setores de bens de consumo, ener-


gia, agronegócio e telecomunicação. Esse cenário pode ser explicado pela neces-
sidade de escape das empresas devido à crise: elas deixaram de investir em áreas
comuns, como transporte e segurança, para criar oportunidades em novas áreas,
atendendo a mercados que até então não eram explorados.
135
UNIDADE 3 — ENGENHARIA E SOCIEDADE

As empresas continuam ofertando vagas para engenheiros, mas anseiam


por profissionais que tenham cada vez mais qualificação. Existe uma diferença
entre demanda e oferta de profissionais entre as regiões do Brasil.

Segundo a Pnad Contínua, pesquisa nacional por amostra de domicí-


lios feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2019), os en-
genheiros estão ocupados, em sua quase totalidade (93,1%), em quatro setores
de atividade. No biênio 2016-2017, 32,0% dos engenheiros estavam ocupados na
indústria, seguidos de 30,9% no setor de informação, comunicação e atividades
financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas, 18,0% na construção e
12,2% na administração pública, defesa e seguridade social. No gráfico a seguir é
possível observar a distribuição dos engenheiros por ramo de atividade.

GRÁFICO 2 – DISTRIBUIÇÃO DOS ENGENHEIROS POR RAMO DE ATIVIDADE

FONTE: Adaptada de IBGE (2019)

3.3 CARGOS E SALÁRIOS DAS ENGENHARIAS NO BRASIL


A Engenharia é uma das carreiras mais promissoras financeiramente do
Brasil. Mesmo em início de carreira, o salário do engenheiro é um dos mais altos
do país. O salário mínimo profissional é estabelecido pela Lei nº 4.950-A/66, de
1966, que regulamenta a remuneração dos profissionais diplomados em Enge-
nharia, Química, Arquitetura, Agronomia e Veterinária.

A tabela salarial do engenheiro está vinculada ao valor do salário mínimo vi-


gente e à jornada diária do profissional, independentemente do seu local de atuação:

• Jornada de 6 horas: 6 salários mínimos.


• Jornada de 7 horas: 7,25 salários mínimos.
• Jornada de 8 horas: 8,5 salários mínimos.

136
TÓPICO 1 — O ENGENHEIRO E O MERCADO DE TRABALHO

Os salários variam também de acordo com o tempo de experiência, porte


da empresa onde trabalha e especialização. Muitas empresas utilizam níveis de
cargos para diferenciar grau de conhecimento e nível de experiência profissional.
As classificações mais comuns são:

• Júnior: para profissionais recém-formados que costumam ter no máximo cin-


co anos de experiência profissional.
• Pleno: para profissionais que possuem extensões como pós-graduação e seu
nível de experiência profissional varia entre seis a nove anos.
• Sênior: para profissionais que assumem a função de líderes de equipes e pro-
jetos, possuindo alto nível de experiência e conhecimento.

A Tabela 1 apresenta dados referentes aos salários e jornada de trabalho


conforme média nacional de algumas modalidades de Engenharia.

TABELA 1 – CARGOS E SALÁRIOS DE ENGENHARIA

Jornada
Cargo Recém-formado Média
(horas/semana)
Engenheiro
42 6.333,34 8.938,95
Civil
Engenheiro de
42 5.204,22 7.797,33
Produção
Engenheiro Eletricista 41 5.948,39 7.957,48
Engenheiro Ambiental 42 5.072,90 7.197,76
Engenheiro
41 6.149,17 8.591,78
Químico
Engenheiro Mecânico 42 5.869,70 8.270,75
FONTE: Adaptada de <https://bit.ly/3iOVS6b>. Acesso em: abr. 2021.

Acadêmico, o mercado de trabalho impõe uma série de desafios aos pro-


fissionais recém-formados que precisam se adaptar a um novo meio cada vez
mais competitivo e exigente. Por outro lado, cada vez mais habilidades e compe-
tências interpessoais ganham espaço no currículo acadêmico e fornecem novas e
importantes ferramentas aos acadêmicos egressos dos cursos de graduação em
Engenharia. Um tema importante abordado neste tópico são os cargos e salários
das Engenharias no Brasil, evidenciando as oportunidades que o mercado de tra-
balho oferece aos formados em Engenharia.

137
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• Os engenheiros devem estar sempre atentos as questões técnicas, sociais, am-


bientais e pessoais decorrentes do exercício de sua profissão.

• A prática da Engenharia sempre teve a inovação como um pilar e foi através


dessa característica que muitas evoluções tecnológicas surgiram.

• A formação em Engenharia proporciona aos acadêmicos competências como


a análise crítica, raciocínio técnico e gestão de riscos, que são essenciais na
resolução de problemas sociais.

• O mercado de trabalho tem por finalidade estabelecer uma relação entre a


oferta de trabalho e a busca por profissionais.

• As principais relações de vínculo empregatício que os engenheiros possuem no


mercado de trabalho ocorrem como autônomos, empresários ou empregados.

• As transformações tecnológicas, econômicas, sociais e culturais em curso no


mundo contemporâneo provocaram mudanças nos afazeres e responsabilida-
des dos engenheiros.

• Para atender às exigências do mercado de trabalho os profissionais precisam


ter conhecimentos aprofundados na sua área de atuação e habilidades e com-
petências gerenciais.

• A formação de engenheiros deve propiciar o desenvolvimento de competên-


cias relacionadas ao raciocínio e conhecimento técnico, as habilidades pessoais
e profissionais, as habilidades interpessoais e a conjugação das competências
de forma contextualizada em relação aos diversos segmentos da sociedade.

• Os principais ramos de atuação dos engenheiros são nas indústrias, em obras


e construções, em instituições públicas e privadas, sendo autônomo e empre-
endendo, em instituições de ensino, em institutos de pesquisa, na prestação
de serviços, em escritórios de consultoria e no mercado financeiro.

• O salário mínimo profissional é estabelecido pela Lei nº 4.950-A/66 e está vin-


culada ao valor do salário mínimo vigente e à jornada diária do profissional,
independentemente do seu local de atuação.

138
AUTOATIVIDADE

1 A Engenharia é uma das carreiras mais promissoras financeiramente do Bra-


sil. Mesmo em início de carreira, o salário do engenheiro é um dos mais altos
do país. O salário mínimo profissional é estabelecido pela Lei nº 4.950-A/66,
de 1966, que regulamenta a remuneração dos profissionais diplomados em
Engenharia, Química, Arquitetura, Agronomia e Veterinária. Com relação
aos cargos e salários dos engenheiros, analise as seguintes sentenças:

I- A tabela salarial do engenheiro está vinculada ao valor do salário mínimo


vigente e à jornada diária do profissional, independentemente do seu local
de atuação.
II- Os salários variam de acordo com o tempo de experiência, porte da em-
presa e especialização.
III- Os engenheiros não podem receber remunerações maiores do que oito sa-
lários mínimos vigentes.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Somente a afirmativa I está correta.


b) ( ) As afirmativas I e II estão corretas.
c) ( ) As afirmativas I, II e III estão corretas.
d) ( ) Todas as afirmativas estão corretas.

2 Durante o curso de graduação em Engenharia, os acadêmicos são estimulados


a desenvolver uma série de habilidades e competências que serão fundamen-
tais para a prática profissional no mercado de trabalho. Entre as habilidades de-
senvolvidas, tem-se as habilidades específicas – que são aquelas que descrevem
comportamentos associados a conhecimentos de caráter técnico. Com relação ao
que corresponde às habilidades específicas, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Empreendedorismo e contexto empresarial, experimentação e desco-


berta de conhecimento, pensamento sistêmico, concepção e engenharia
de sistemas, projetação e implementação e operação.
b) ( ) Experimentação e descoberta de conhecimento, empreendedorismo e
contexto empresarial, pensamento analítico e ambíguo, ética, concep-
ção e solução de problemas, projetação e implementação e operação.
c) ( ) Empreendedorismo e contexto empresarial, comunicação em língua estran-
geira, experimentação e descoberta de problemas, pensamento crítico, con-
cepção e engenharia de sistemas, projetação e implementação e operação.
d) ( ) Concepção e engenharia de classes, empreendedorismo e contexto so-
cial, experimentação, pensamento sistêmico, projeção, prospecção, ven-
das, implementação e operação.

139
3 Os cursos de ensino superior em Engenharia possuem por finalidade capa-
citar os acadêmicos para o mercado de trabalho e capacitá-lo nas chamadas
soft skills, que são as competências profissionais. Com relação as soft skills,
analise as seguintes sentenças:

I- Soft skills é um termo usado para definir habilidades comportamentais e


competências subjetivas difíceis de avaliar.
II- Soft Skills referem-se as habilidades que lidam com a relação e interação
com os outros.
III- São exemplos de soft skills a gestão de equipes, habilidade de comunicação
oral e escrita, criatividade, liderança, pensamento crítico e ética.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Somente a afirmativa I está correta.


b) ( ) As afirmativas I e III estão corretas.
c) ( ) As afirmativas II e III estão corretas.
d) ( ) Todas as afirmativas estão corretas.

4 A Engenharia está intrinsecamente relacionada com os avanços tecnológi-


cos e com as necessidades sociais. Com o avanço da organização humana
como sociedade, muitos problemas surgiram. Quais são os principais pro-
blemas e qual é o papel da Engenharia na resolução deles?

5 A Engenharia possui um amplo campo de atuação no qual os profissionais for-


mados nas mais diversas modalidades podem atuar. Existe uma demanda cons-
tante de engenheiros no mercado de trabalho que são contratados, entre outras
atribuições, para resolver problemas de forma eficiente e com baixo custo. Diante
do exposto, quais são os principais ramos de atuação dos engenheiros?

140
TÓPICO 2 — A
UNIDADE 3

IMPORTÂNCIA DA ENGENHARIA NO
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

1 INTRODUÇÃO

A engenharia é o motor da economia de todo país, pois gera emprego,


renda e amplia a capacidade produtiva e de investimentos. Em um país emergen-
te, como o Brasil, a Engenharia é essencial para a ampliação da infraestrutura e
para a resolução de problemas de caráter econômico e social.

No entanto, é de senso comum que o atual ambiente econômico, caracte-


rizado por crescentes pressões do mercado e instabilidades, tem forçado as orga-
nizações que trabalham para que se tornem mais flexíveis, a fim de elas se mante-
rem competitivas. Isso tem implicações para o atual desenvolvimento da carreira
dos indivíduos (LAZAROVA; TAYLOR, 2009).

Trata-se de um momento que exige que a Engenharia busque novos ca-


minhos para se reinventar e continuar a fortalecer a economia brasileira. Enge-
nheiros possuem uma série de habilidades e competências importantes para o
desenvolvimento econômico e, principalmente, para utilizar a Engenharia para
melhorar a qualidade de vida da população.

Portanto, acadêmico, neste tópico, aprenderemos acerca da importância da En-


genharia no desenvolvimento econômico do país e de como essa relação influencia no
mercado de trabalho. Vamos também refletir como os engenheiros se tornaram uma
forma de capital humano valiosa e que está diretamente relacionada ao crescimento
econômico e ao impacto do mundo globalizado para a Engenharia. Bons estudos!

2 GLOBALIZAÇÃO E ENGENHARIA
Nós vivemos em um mundo de grandes e constantes mudanças. A huma-
nidade passou por um processo de evolução em que os indivíduos começaram a
se organizar em tribos, depois em vilarejos, cidades, estados e nações. Essa evo-
lução natural, aliada ao advento das tecnologias, fez com que todos os povos do
mundo se tornassem interdependentes.

A globalização é um processo de internalização e expansão econômica,


política e cultural. Esse processo teve início durante as Grandes Navegações que
ocorreram durante os séculos XV e XVII, que foram marcadas pelas trocas co-

141
UNIDADE 3 — ENGENHARIA E SOCIEDADE

merciais e pela construção de um comércio global. O processo de globalização se


intensificou durante a Terceira Revolução Industrial, que promoveu a evolução
das tecnologias, transporte e comunicação.

No mundo globalizado, tem-se um aumento da concorrência econômica


com a formação de blocos econômicos no mercado mundial, que resultam na eli-
minação de restrições comerciais entre seus membros. Os meios de comunicação
e a internet tornaram-se símbolo da globalização, por permitirem a veiculação de
informações em tempo real pelo mundo todo.

De acordo com a ilustração da Figura 9 é possível observar que a globali-


zação permite uma maior integração entre diferentes áreas.

FIGURA 9 – GLOBALIZAÇÃO: UM MUNDO INTERCONECTADO

FONTE: <https://bit.ly/3xrDV1u>. Acesso em: 24 mar. 2021.

Segundo Santana (2015), o processo de globalização resulta em aspectos


positivos e negativos para variados setores da sociedade, da política, da cultura
e da economia. Reconhece-se que a globalização é um processo inerente ao
capitalismo, à sociedade de consumo e ao pós-modernismo.

NOTA

Além dos fatores econômicos, os desafios ambientais, como a mudança cli-


mática, poluição do ar e excesso de pesca do oceano, também estão ligados à globaliza-
ção. Falaremos mais destes assuntos no Tópico 3 deste livro didático.

Nos anos 2000, o Fundo Monetário Internacional (FMI) identificou quatro aspec-
tos básicos da globalização: comércio e transações financeiras, movimentos de capital e
de investimento, migração e movimento de pessoas e a disseminação de conhecimento.

142
TÓPICO 2 — A IMPORTÂNCIA DA ENGENHARIA NO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

No Brasil, o processo de globalização teve início no final da década de 1980,


com a abertura do mercado nacional e a privatização de empresas estatais. Dos anos
2000 até os dias atuais, muitas empresas brasileiras começaram a prospectar cliente e
obras no exterior, assim como empresas de outros países começaram a atuar no Brasil.

No entanto, se por um lado a globalização trouxe vários aspectos positivos,


por outro também tem seus aspectos negativos. A globalização impõe uma nova
divisão internacional do trabalho e esse fator afeta todos os setores da economia
brasileira, impactando diretamente na carreira profissional dos engenheiros.

Segundo Pochmann (2012), autor do livro “O emprego na globalização: a


nova divisão internacional do trabalho e os caminhos que o Brasil escolheu”, estabe-
lece-se a seguinte relação entre globalização e as grandes corporações transnacionais:
Por concentrarem os investimentos de pesquisa e tecnologia nos países
de origem, as grandes corporações transnacionais centralizam grande
parte do poder de criação e redirecionamento geográfico dos postos de
trabalho de maior qualidade e remuneração, responsáveis pelas fun-
ções de comando e planejamento. Em contrapartida, a possibilidade
de organização da produção em rede mundial motiva o deslocamento
de parte do processo produtivo dos países ricos para os pobres, geral-
mente vinculado às atividades de execução e produção, que deman-
dam ocupações mais simples e rotineiras (POCHMANN, 2012, p. 8).

Se em alguns setores da economia a globalização levou a um aumento na


desigualdade de oportunidades aos Engenheiros no mercado de trabalho glo-
bal, em outros setores as empresas precisaram mudar suas estratégias de atuação
para se manterem no mercado. É o que afirma Deluiz (2004, p. 1):

O processo de globalização obrigou as empresas a buscar estratégias para


obter ganhos de produtividade através da racionalização dos processos
produtivos que podem ser visualizados pelo uso da microeletrônica e da
flexibilidade dos processos de trabalho e de produção, implicando uma
generalizada potenciação da capacidade produtiva da força de trabalho.

Caro acadêmico, voltamos ao ponto em que cada vez mais se exige do pro-
fissional habilitado a capacidade de diagnóstico, de solução de problemas, de to-
mar decisões, de intervir no processo de trabalho, de trabalhar em equipe, auto-or-
ganização e enfrentamento de situações de constantes mudanças (DELUIZ, 2004).

Portanto, o papel da Engenharia no mundo globalizado está em aplicar os


conhecimentos científicos das ciências exatas aprendidos nos cursos de gradua-
ção a realidade do mercado de trabalho, com o objetivo de diminuir os impactos
negativos da globalização no aumento da desigualdade social.

143
UNIDADE 3 — ENGENHARIA E SOCIEDADE

DICAS

Acadêmico, ficou curioso para saber mais sobre o que é globalização?


Acesse o link: https://bit.ly/35ufEvV e aprofunde os seus conhecimentos neste assunto!

3 PAPEL DA ENGENHARIA NO DESENVOLVIMENTO


ECONÔMICO
Caro acadêmico, você já parou para refletir que a Engenharia está pre-
sente praticamente em todos os aspectos da sua vida? E que, por esse motivo, o
desenvolvimento de uma nação está diretamente relacionado à Engenharia?

A Engenharia é uma ciência que possui uma capacidade de transforma-


ção muito grande. Essa capacidade sempre está associada à evolução da socieda-
de. Se analisarmos o papel do Engenheiro na indústria, muitas vezes, ele está em
transformar uma matéria-prima em um produto útil para ser usado pelo homem.

Ao olharmos para os acontecimentos históricos que mudaram a socieda-


de, como as Revoluções Industriais, podemos perceber o papel da Engenharia no
desenvolvimento econômico. A primeira etapa da Revolução Industrial (1760-
1850) foi baseada no uso de máquinas a vapor, como barcos, locomotivas e má-
quinas de tear, que permitiram a produção em larga escala.

A Segunda Revolução Industrial (1850-1945) foi marcada por grandes transfor-


mações provenientes da invenção de aviões, automóveis, do uso da energia elétrica e
do aproveitamento do petróleo, que resultaram nas metodologias de produção como
fordismo e taylorismo. A Figura 10 demonstra o início da produção de veículos em larga
escala, contando ainda com muitas etapas sendo realizadas pela mão de obra humana.

FIGURA 10 – LINHA DE MONTAGEM DE VEÍCULOS DURANTE A SEGUNDA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

FONTE: <https://bit.ly/3iQ1ehe>. Acesso em: 26 mar. 2021.


144
TÓPICO 2 — A IMPORTÂNCIA DA ENGENHARIA NO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

A terceira etapa da Revolução Industrial (que iniciou em 1945 e se es-


tendeu até os dias atuais), também conhecida como a Era Atômica, foi marcada
por mudanças repentinas, em que avanços e obsolescências ocorreram de formas
muito rápidas, principalmente nas áreas da microeletrônica, robótica industrial,
química fina e biotecnologia. Na Figura 11, podemos ver o processo de monta-
gem de veículos passou a ser automatizado, dependendo de uma quantidade
muito menor de mão de obra humana.

FIGURA 11 – LINHA DE MONTAGEM DE VEÍCULOS DURANTE A TERCEIRA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

FONTE: <https://bit.ly/3iQeVwN>. Acesso em: 26 mar. 2021.

Acadêmico, você pode observar que essas evoluções tecnológicas que per-
mitem produzir mais, em menor tempo, com maior qualidade e menor custo,
só foram possíveis através da Engenharia. As Nações que têm por prioridade o
investimento em educação, pesquisa e tecnologia, possuem um desenvolvimento
econômico mais acelerado em relação às que investem menos.

Para você ter noção da importância da Engenharia no desenvolvimento


de um país, dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econô-
mico (OCDE) apontam que em relação aos países considerados desenvolvidos, o
Brasil possui em média 70% a menos de engenheiros formados por porcentagem
de população. E, ainda, segundo dados de 2017 do Instituto Nacional de Estudos
e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), todas as modalidades de Enge-
nharia formam juntas apenas 9,5% dos concluintes de Ensino Superior no Brasil.

No Brasil, que se enquadra como um país emergente no sistema econômico


mundial, a Engenharia se mostra essencial para a ampliação da infraestrutura, para
a melhoria na qualidade dos serviços prestados a comunidade e para a resolução
de problemas econômico e sociais. Quanto maior forem os investimentos públicos
e privados em pesquisa e tecnologia, maior é o crescimento econômico do país.

Quando as competências e a qualificação tecnocientífica que os Engenhei-


ros possuem são utilizadas em larga escala para atender a demandas de pesquisa
aplicada na resolução de problemas ou na otimização de processos e recursos, o
desenvolvimento econômico de um país é impulsionado.

145
UNIDADE 3 — ENGENHARIA E SOCIEDADE

Os setores que mais impactam na relação entre oferta e demanda de enge-


nheiros no mercado de trabalho são:

• petróleo e gás;
• administração pública, saúde e educação;
• indústria extrativa mineral;
• construção residencial;
• indústria de transformação;
• serviços de informação, intermediação financeira e serviços prestados a
empresas;
• infraestrutura.

Os engenheiros são os principais responsáveis pela expansão da infraes-


trutura. É a partir a Engenharia que são executados os serviços mais básicos como
energia, água, segurança alimentar, transporte, comunicação e o acesso a saúde e
educação (CEBR, 2016). São também bons resolvedores de problemas e possuem
facilidade para absorver conhecimento sobre novas tecnologias e aplicá-las na
sua prática profissional.

Desta forma, segundo Naves (2019), podemos sintetizar a importância do


Engenheiro no desenvolvimento econômico em quatro pontos:

• Mão de obra essencial em setores industriais e de alta tecnologia.


• Contribuem para a absorção de novas tecnologias.
• Operam a infraestrutura.
• São uma mão de obra rica em capital humano geral, podendo ser empregada
em diversas outras áreas.

Por fim, um ponto de atenção, caro acadêmico, é que o número de engenheiros


requeridos pelo mercado de trabalho depende do cenário de crescimento da economia,
o que demonstra a importância do crescimento econômico constante e de longo prazo
do mercado de trabalho. Um sistema econômico oscilante e em declínio por um certo
período impacta no ritmo de expansão dos profissionais formados em Engenharia.

NOTA

Acadêmico, estes são os principais pontos da relação da Engenharia com o de-


senvolvimento econômico de um país. Devido à instabilidade econômica brasileira nos últimos
anos devido a uma série de fatores, é importante você realizar pesquisas sobre o momento
atual e as projeções futuras da sua modalidade de Engenharia no mercado de trabalho.

146
TÓPICO 2 — A IMPORTÂNCIA DA ENGENHARIA NO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

4 PROJETOS EM ENGENHARIA
Acadêmico, vimos até este momento os principais aspectos do mercado
de trabalho para os engenheiros e seu papel no desenvolvimento da economia.
Dentro destes assuntos, existe um tópico importante da atuação dos engenheiros
que são os projetos em Engenharia.

Ao longo do curso de graduação você aprenderá sobre os projetos em Enge-


nharia de forma mais aprofundada e de acordo com a modalidade estudada, mas é
importante que desde já você possa se habituar com os principais conceitos relaciona-
dos a essa prática profissional tão importante no mercado de trabalho em Engenharia.

Os projetos em Engenharia estão diretamente relacionados à resolução de pro-


blemas. Constantemente os Engenheiros deparam-se com situações que podem ser
transformadas de forma ordenada, técnica e prática. Segundo Bazzo e Pereira, temos que:
Identificar, formular e solucionar problemas – em engenharia – pode re-
sultar na elaboração de um novo produto, sistema ou processo, ou a sua
melhoria. Por produto entendemos o resultado de qualquer ação humana
– aqui entendida como a ação técnica, por exemplo uma garrafa plástica,
um chip, um sapato ou um manual de uso de uma calculadora científica.
Processo seria um conjunto de atividades concretas que visam à realiza-
ção de algo – um produto, por exemplo (BAZZO; PEREIRA, 2006, p. 201).

É através dos projetos que os engenheiros resolvem problemas. É a essên-


cia da Engenharia, em que se aplica conhecimentos científicos, técnicos, econômi-
cos, éticos e sociais. O engenheiro analisa e sintetiza informações para formular
e solucionar um problema. A Figura 12 representa o cotidiano do engenheiro
analisando e estruturando projetos.

FIGURA 12 – PROJETOS EM ENGENHARIA

FONTE: <https://bit.ly/3gCzM5m>. Acesso em: 26 mar. 2021.

147
UNIDADE 3 — ENGENHARIA E SOCIEDADE

Por definição, um projeto na Engenharia é um plano de execução que visa


nortear a execução de um produto, sistema, processo ou serviço. Projetar é estabele-
cer um conjunto de procedimentos e especificações que, se postos em prática, resul-
tam em algo concreto ou em um conjunto de informações (BAZZO; PEREIRA, 2017).

De modo geral, o processo de criação de um projeto segue as seguintes etapas:

• Identificação de uma necessidade: essa etapa deve se destinar a justificar a


necessidade de realização do projeto.
• Definição de um problema: refere-se ao que se pretende resolver com a exe-
cução do projeto.
• Coleta de informações: um projeto deve sempre levar em consideração as
informações de campo, dados e aspectos locais.
• Concepção: etapa de criar as possíveis soluções e como serão empregadas na
prática.
• Avaliação: a avaliação destina-se a retirada de dúvidas, ao ajuste e a correção
de pontos chaves para a execução do projeto. É o momento de verificar a via-
bilidade das soluções propostas e definir qual o melhor caminho a ser seguido.
• Especificação da solução: definição das ações que serão executadas para aten-
der às necessidades.
• Comunicação: a última etapa de um projeto refere-se a comunicar a todos os
envolvidos o plano de ação e resultados esperados na implementação do projeto.

Durante essas fases várias informações são necessárias para que o processo
atinja o seu objetivo final. Algumas dessas informações serão de senso comum e
outras serão referentes a assuntos técnicos. De toda forma, é necessário que o
engenheiro ordene essas informações de forma clara e útil ao projeto.

Todas as etapas, de alguma forma, requerem certa carga de conhecimento


técnico a respeito do projeto que será realizado, seja por vias acadêmicas ou
através do know-how dos profissionais envolvidos.

DICAS

Nem sempre estas etapas são seguidas em ordem cronológica ou aplicam


essa metodologia exata na construção de um projeto, mas é importante que uma sequ-
ência de passos seja seguida para melhor otimização e delimitação do projeto.

148
TÓPICO 2 — A IMPORTÂNCIA DA ENGENHARIA NO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

Os projetos de Engenharia nem sempre conseguem propor uma solução


viável. Alguns parâmetros como viabilidade técnica, econômica, impactos sociais
e ambientais, legislações vigentes e limitações técnicas podem interromper o de-
senvolvimento de um projeto. Muitas vezes pode ser necessário mudar o escopo
do projeto quando surge uma nova necessidade do cliente.

Acadêmico, neste tópico, vimos alguns conceitos relacionados a impor-


tância da Engenharia no desenvolvimento econômico. Da influência da globaliza-
ção no sistema econômico, ao papel do engenheiro frente às transformações que
ocorrem no mundo, você pode observar como os sistemas se influenciam mutu-
amente e como os engenheiros podem propor soluções aos problemas através da
estruturação de projetos técnicos.

149
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

• A globalização é um processo de internalização e expansão econômica, polí-


tica e cultural.

• No Brasil, o processo de globalização teve início no final da década de 1980,


com a abertura do mercado nacional e a privatização de empresas estatais.

• Os aspectos básicos da globalização são: comércio e transações financeiras,


movimentos de capital e de investimento, migração e movimento de pessoas
e a disseminação de conhecimento.

• O papel da Engenharia no mundo globalizado está em aplicar os conheci-


mentos científicos a realidade do mercado de trabalho, visando à redução da
desigualdade econômica entre as nações.

• As Nações que têm por prioridade o investimento em educação, pesquisa e


tecnologia, possuem um desenvolvimento econômico mais acelerado em re-
lação às que investem menos nestes setores.

• Os setores que mais possuem demanda de engenheiros no mercado de trabalho


são: petróleo e gás; administração pública, saúde e educação; indústria extrativa
mineral; construção residencial; indústria de transformação; serviços de informa-
ção, intermediação financeira e serviços prestados a empresas e infraestrutura.

• A importância do engenheiro no desenvolvimento econômico está na mão


de obra essencial em setores industriais e de alta tecnologia; na absorção de
novas tecnologias, na infraestrutura e na versatilidade em ocupar funções em
diversas outras áreas.

• O Brasil é um país emergente no sistema econômico mundial, onde a Enge-


nharia se mostra como uma ferramenta essencial para a ampliação da infraes-
trutura e para a melhoria na qualidade dos serviços prestados à comunidade.

• Um projeto na Engenharia é um plano de execução que visa nortear a execu-


ção de um produto, sistema, processo ou serviço.

• Um projeto pode ter as seguintes etapas: identificação de uma necessidade;


definição de um problema, coleta de informações, concepção, avaliação, espe-
cificação da solução e comunicação.

150
AUTOATIVIDADE

1 O engenheiro deve estar preparado para atuar neste mundo globalizado e mar-
cado por grandes transformações. É necessário que este profissional aplique os
conhecimentos técnicos na resolução de problemas sociais e econômicos. Com
relação à Engenharia e à globalização, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) O processo de globalização não alterou o processo de produção das empresas.


O ganho de produtividade nos processos é devido ao aumento da necessida-
de humana em ganhar mais recursos para ter uma qualidade de vida maior.
b) ( ) O processo de globalização fez com que as empresas adotassem estra-
tégias para obter um maior lucro nos seus processos produtivos, que
podem ser visualizados pelo aumento do uso da mão de obra manual,
implicando o aumento da exigência quanto às habilidades técnicas re-
queridas na contratação dos profissionais da Engenharia.
c) ( ) O processo de globalização impactou drasticamente as relações no mercado
de trabalho, fazendo com que as empresas investissem seus recursos na imple-
mentação de novas tecnologias, implicando a diminuição da exigência quanto
às habilidades requeridas na contratação dos profissionais da Engenharia.
d) ( ) O processo de globalização fez com que as empresas adotassem estraté-
gias para obter ganhos de produtividade através da racionalização dos
processos produtivos, que podem ser visualizados pelo aumento do
uso da tecnologia nos processos de trabalho e de produção, implicando
o aumento da exigência quanto às habilidades requeridas na contrata-
ção dos profissionais da Engenharia.

2 A Engenharia é o motor da economia de todo país, pois gera emprego, ren-


da e amplia a capacidade produtiva e de investimentos. O Brasil é um país
emergente em pleno desenvolvimento econômico que necessita de profis-
sionais qualificados para atender à demanda do mercado nacional. Com
relação a este assunto, analise as seguintes sentenças:

I- Com relação aos países considerados desenvolvidos, o Brasil possui em mé-


dia 70% a menos de engenheiros formados por porcentagem de população.
II- O Brasil é o mais que mais investe em ciência e tecnologia, porém faltam
profissionais qualificados para aplicarem esses recursos nas indústrias.
III- Todas as modalidades de Engenharia formam juntas em média apenas
9,5% dos concluintes de Ensino Superior no Brasil por ano.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Somente a afirmativa I está correta.


b) ( ) As afirmativas II e III estão corretas.
c) ( ) As afirmativas I e III estão corretas.
d) ( ) Todas as afirmativas estão corretas.

151
3 Os projetos na Engenharia são instrumentos de trabalho importantíssimos
para a resolução de problemas. Esses problemas muitas vezes podem ser
um produto, sistema, processo ou serviço. Com relação às etapas de um
projeto, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Um projeto pode ter as seguintes etapas: definição de solução, pesquisa


bibliográfica, concepção do produto, avaliação, especificação da solu-
ção e encerramento.
b) ( ) Um projeto pode ter as seguintes etapas: identificação de uma neces-
sidade; definição de um problema, coleta de informações, concepção,
avaliação, especificação da solução e comunicação.
c) ( ) Um projeto pode ter as seguintes etapas: identificação de uma necessi-
dade; definição de um problema, análise de campo, testes, especificação
da solução e comunicação.
d) ( ) Um projeto pode ter as seguintes etapas: análise de campo; definição de
um problema, mudança do sistema, planejamento, feedback, controle e
desenho técnico.

4 A globalização é um processo de internalização e expansão econômica, po-


lítica e cultural que teve início no século XV e está cada vez mais presente
em todos os lugares do mundo. Diante da sua importância no desenvolvi-
mento econômico mundial, o Fundo Monetário Internacional (FMI) identi-
ficou quatro aspectos básicos da globalização. Quais são eles?

5 A Engenharia possui um poder de transformação muito grande. Sua evo-


lução sempre esteve alinhada com às necessidades humanas e foi a gran-
de responsável por implementar invenções disruptivas na sociedade. Com
relação aos conteúdos apresentados neste tópico, qual é a importância dos
engenheiros no desenvolvimento econômico de um país?

152
TÓPICO 3 —
UNIDADE 3

A ENGENHARIA NA SOLUÇÃO DE
PROBLEMAS SOCIAIS E AMBIENTAIS

1 INTRODUÇÃO

Os engenheiros devem estar preparados para atuarem neste mundo glo-


balizado e marcado por grandes transformações. Se por um lado o avanço da
tecnologia permite a execução de projetos avançados e eficazes, por outro, temos
o aumento de problemas sociais e ambientais decorrentes da ação humana sob o
meio em que está inserida.

As questões ambientais e sociais e o papel da Engenharia na causa e na reso-


lução delas é algo que vem sendo amplamente discutido pela sociedade. Os recursos
que possuímos em grande parte não são renováveis e podem vir a escassez. O ciclo
de vida dos produtos passou a ganhar destaque quanto a sua destinação final. Os
impactos ambientais e sociais causados pelo desenvolvimento econômico passaram
a ser pontos importantes na tomada de decisões empresariais e governamentais.

A Engenharia passou a exercer recentemente um papel importante na busca


por um desenvolvimento sustentável da sociedade. Durante a formação acadêmi-
ca, o Engenheiro desenvolve uma visão sistêmica do mundo e tem a oportunidade
de reconhecer seu papel como agente de transformação social. É necessário utilizar
os conhecimentos aprendidos para melhorar a vida da população como um todo.

Neste tópico, discutiremos o papel da Engenharia na solução de proble-


mas sociais e ambientais, a importância da inserção do engenheiro em um con-
texto social e suas responsabilidades sociais enquanto profissional. Além disso,
discutiremos a sustentabilidade e de que formas podemos utilizar este conceito
através da Engenharia. Bons estudos!

2 A RESPONSABILIDADE SOCIAL DO ENGENHEIRO


O engenheiro é o profissional que busca aplicar conhecimentos científicos e
técnicos em projetos que visem transformar recursos em processos ou produtos que
sejam úteis à sociedade. Seu perfil de atuação no mercado de trabalho deve refletir sua
formação generalista, humanista, analítica, crítica e reflexiva, que o permite compreen-
der o impacto de suas ações no meio e lhe possibilite absorver novas tecnologias.

153
UNIDADE 3 — ENGENHARIA E SOCIEDADE

Atualmente, vemos uma série de problemas ocorrendo a nossa volta que


colocam em risco a manutenção da vida no planeta Terra: emissão de gases na
atmosfera por indústrias e automóveis, doenças ocasionadas por substâncias quí-
micas, poluição de rios que servem de abastecimento às cidades, crateras que se
abrem devido a obras próximas e barragens que se rompem são alguns exemplos.

A questão que queremos abordar, caro acadêmico, é qual o papel do


engenheiro diante desses problemas? Existe responsabilidade social na prática
profissional do engenheiro? Qual é a importância da inserção do engenheiro no
contexto social? Os autores Bazzo e Pereira (2006, p. 93) nos trazem uma reflexão
importante em relação a essas questões:
Existem inúmeros exemplos que evidenciam a inter-relação entre uma
grande obra e as pessoas que dela farão uso. Com o seu discernimento
pessoal é que o engenheiro vai julgar os problemas ou os benefícios so-
ciais que poderão trazer – em termos ecológicos, políticos, econômicos
ou outros – a construção de uma usina nuclear, de uma ponte, de uma
barragem, de um conjunto residencial ou de uma linha de transmissão
de energia elétrica.

Acadêmico, tudo o que fazemos modifica o meio em que vivemos e enquan-


to engenheiro, é necessário ter consciência do seu papel no contexto social que você
ocupa. A forma com que os projetos e o uso de materiais são pensados na Engenharia
devem visar causar o menor impacto possível a população e ao meio ambiente.

Essas questões são cotidianas na vida dos engenheiros e fazem parte da


responsabilidade social das atribuições que desempenham. De modo geral, res-
ponsabilidade social consiste em um conjunto de práticas que visam ao bem-estar
de todos por meio de ações e comportamentos de caráter muitas vezes voluntá-
rio. Essas ações podem ser desempenhadas de forma individual ou coletiva.

Na Figura 13, temos uma ilustração que representa de forma simbólica a respon-
sabilidade social. Imagine, acadêmico, um ambiente profissional fomentado por ideias
inovadoras que visem à diversidade, inclusão e responsabilidade social, integrando os
conceitos da Engenharia na construção de um mundo mais justo e igualitário.

FIGURA 13 – RESPONSABILIDADE SOCIAL

FONTE: <https://bit.ly/3xB3n4N>. Acesso em: 26 mar. 2021.

154
TÓPICO 3 — A ENGENHARIA NA SOLUÇÃO DE PROBLEMAS SOCIAIS E AMBIENTAIS

Quando se fala de responsabilidade social do engenheiro, refere-se a ser


responsável também na tomada de decisões referentes a sua prática profissional.
Segundo Cremasco (2009, p. 8) em seu artigo “A responsabilidade social na
formação de Engenheiros”, Engenharia socialmente responsável é:

A engenharia socialmente responsável cultiva a curiosidade na medi-
da em que indaga novas soluções a partir de uma ideia original que
é frequentemente o ponto de partida de uma nova orientação para o
desenvolvimento de um novo produto, de uma nova invenção, da pro-
dução industrial, nas etapas de concepção, fabricação e exploração do
mercado. Ser curioso significa ser ávido por informações confiáveis. A
responsabilidade está no contínuo aprender a aprender, problemati-
zando e contextualizando o conhecimento.

No atual contexto em que estamos, como sociedade, é vital trazer luz so-
bre a responsabilidade social da Engenharia frente ao progresso tecnológico e seus
impactos na vida em sociedade. É preciso que os engenheiros se empenhem em
buscar soluções e adaptações para causar transformações positivas a população.

DICAS

Acadêmico, você já pensou em realizar trabalho voluntário? Conheça o trabalho


da organização Engenheiros sem Fronteiras Brasil, que visa utilizar a Engenharia para transfor-
mar vidas. Através do envolvimento comunitário, do diálogo e da cooperação, engenheiros
unem-se voluntariamente em núcleos para desenvolver projetos que causem impacto posi-
tivo em comunidades espalhadas por todo o Brasil. No site dos Engenheiros Sem Fronteiras,
você pode se inspirar com os projetos e descobrir como ajudar: https://esf.org.br/.

2.1 RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL


Caro acadêmico, vimos que a responsabilidade social é um papel impor-
tante que o engenheiro desempenha no desenvolvimento de suas atribuições
profissionais. Como um profissional atuante na área gerencial empresarial, o en-
genheiro pode aplicar os conceitos de Responsabilidade Social Empresarial na
organização em que atua.

São muitos os benefícios que a aplicação de ações norteadas pelos princí-


pios da Responsabilidade Social atrai. Alguns exemplos foram extraídos do site
“Impacto Social” (2019) e expressam as vantagens de se praticar ações éticas e
responsáveis no ambiente corporativo.

• Construção de um ambiente de cooperatividade nos negócios.


• Aumento da vantagem competitiva da empresa (fazendo frente às exigências
cada vez mais específicas do público consumidor).

155
UNIDADE 3 — ENGENHARIA E SOCIEDADE

• Geração de maior valor agregado e reconhecimento do negócio.


• Possibilidade de investir em inovação e desenvolvimento sustentável.
• Tomada de decisões pautadas no benefício mútuo, e não exclusivo.
• Retorno dos investimentos em forma de parcerias e benefícios sociais.
• Criação do senso de pertencimento dos colaboradores e stakeholders.
• Atendimento às necessidades da população ao redor da empresa.
• Estímulo à movimentação da economia local.
• Elevação da reputação da empresa diante da sociedade.

No dia 1º de novembro de 2010, foi publicada a Norma Internacional ISO


26000 – Diretrizes sobre Responsabilidade Social, cujo lançamento foi em Gene-
bra, Suíça. No Brasil, no dia 8 de dezembro de 2010, a versão em português da
norma foi publicada e passou a vigorar em todo o cenário nacional.

Segundo a Norma ISO 26000, a responsabilidade social se expressa pelo


desejo e pelo propósito das organizações em incorporarem considerações socio-
ambientais em seus processos decisórios e a responsabilizar-se pelos impactos de
suas decisões e atividades na sociedade e no meio ambiente (INMETRO, 2010).

Isso implica um comportamento ético e transparente que contribua para o


desenvolvimento sustentável, que esteja em conformidade com as leis aplicáveis
e seja consistente com as normas internacionais de comportamento. Também im-
plica que a responsabilidade social esteja integrada em toda a organização, seja
praticada em suas relações e leve em conta os interesses das partes interessadas.

A norma fornece orientações para todos os tipos de organização, indepen-


dentemente de seu porte ou localização, sobre:

• conceitos, termos e definições referentes à responsabilidade social;


• histórico, tendências e características da responsabilidade social;
• princípios e práticas relativas à responsabilidade social;
• os temas centrais e as questões referentes à responsabilidade social;
• integração, implementação e promoção de comportamento socialmente res-
ponsável em toda a organização e por meio de suas políticas e práticas dentro
de sua esfera de influência;
• identificação e engajamento de partes interessadas;
• comunicação de compromissos, desempenho e outras informações referentes
à responsabilidade social.

NOTA

A ISO 26000:2010 é uma norma de diretrizes e de uso voluntário. Desta forma,


caro acadêmico, não visa nem é apropriada a fins de certificação.

156
TÓPICO 3 — A ENGENHARIA NA SOLUÇÃO DE PROBLEMAS SOCIAIS E AMBIENTAIS

Aplicar os conceitos de Responsabilidade Social Empresarial em uma ins-


tituição requer comprometimento e cooperação mútua de todos os colaborado-
res. Muitas vezes é necessária a mudança cultural nos processos da organização,
unindo as ações sociais com o objetivo específico da empresa. Para tanto, a Res-
ponsabilidade Social visa minimizar os riscos, trabalhando de forma sustentável.

DICAS

Acadêmico, vamos conhecer alguns exemplos de iniciativas de responsabili-


dade social fáceis de serem implementadas por empresas:

• incentivar o uso de copos e eliminar os copos descartáveis;


• fazer campanhas de uso consciente da água;
• implementar ações para reduzir as impressões que não sejam extremamente necessárias;
• separar o lixo reciclável;
• firmar parcerias de voluntariado corporativo;
• montar um espaço da leitura para os colaboradores;
• escolher fornecedores locais para a prestação de serviços;
• apoiar causas sociais.

3 ENGENHARIA E SUSTENTABILIDADE
A produção de bens e serviços se desenvolve a partir da utilização dos re-
cursos naturais e da produção e geração de descartes ao longo do processo produ-
tivo e das práticas de consumo. O modelo econômico que vivemos é baseado na
produção e consumo além do necessário, o que acarretou consequências como o
aquecimento global e o esgotamento crescente dos recursos naturais, dentre outros
graves problemas que provocam a deterioração das condições de vida no planeta.

Até o início dos anos 1970, o pensamento comum era de que os recursos
naturais eram inesgotáveis e que o meio ambiente poderia ser explorado de for-
ma infinita para satisfazer as necessidades humanas. Contudo, alguns fenômenos
como secas, chuva ácida, inversão térmica, queimadas e grandes desastres natu-
rais, começaram a preocupar a comunidade internacional.

Através de diversos estudos científicos que começaram a ser publicados, ficou


evidente que estes fenômenos estavam sendo causados em grande parte por conta da
poluição atmosférica e da ação humana sobre o meio ambiente. Novas preocupações
começaram a surgir em relação ao uso de pesticidas e produtos químicos sintéticos, a
qualidade da água, aos perigos da poluição por radiação, entre outros.

Diante deste cenário, as preocupações com as questões ambientais e com o


impacto causado pelo homem na busca do desenvolvimento econômico e na manu-
tenção do seu estilo de vida se intensificaram. Percebeu-se que não seria mais possí-
157
UNIDADE 3 — ENGENHARIA E SOCIEDADE

vel continuar modificando processos, implementando novas tecnologias e construin-


do novas invenções, sem se preocupar com o impacto delas no meio em que vivemos.

Foi então que se construiu um consenso mundial de que as ações huma-


nas deveriam ser moldadas com maior atenção as questões ambientais, para asse-
gurar nosso bem-estar e das futuras gerações. Foi então que se começou a pautar
a necessidade de buscar o desenvolvimento sustentável das nações.

Por definição, sustentabilidade é a capacidade de suprir as necessidades


atuais, sem comprometer as mesmas necessidades das futuras gerações, ou seja,
é explorar de forma consciente os recursos naturais, de forma a garantir que no
futuro eles ainda estejam disponíveis para serem utilizados.

Apesar de parecer ser um conceito novo em nossa sociedade, a sustentabilida-


de já vem sendo debatida há muito tempo, conforme Guimarães (2019, p. 1) afirma em:
Ouvimos falar muito disso nas escolas, nas campanhas políticas, nas
universidades, por defensores do meio ambiente e até por empresá-
rios. O conceito de sustentabilidade já possui uma história de mais
de 400 anos e começou quando um capitão alemão transformou essa
palavra em estratégia, uma vez que, ele percebeu que deveria “tratar
a madeira com cuidado” para que não acabasse seus negócios e con-
sequentemente o seu lucro. As Conferências das Nações Unidas sobre
o Meio Ambiente, foram elas: Estocolmo, Rio 92, Rio+10, Rio+20, tive-
ram esse termo como temática principal e foi possível construir vários
documentos e novas metas para os países participantes das conferên-
cias cumprirem, levando em conta o crescimento dos países, mas de
uma maneira que não prejudique tanto os recursos naturais.

As conferências das Nações Unidas sobre o meio ambiente foram um


marco na história por estabelecerem princípios para questões ambientais inter-
nacionais, incluindo direitos humanos, gestão de recursos naturais, prevenção da
poluição e relação entre meio ambiente e desenvolvimento.

DICAS

Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) foram instituídos pela


Organização das Nações Unidas (ONU) durante a Conferência das Nações Unidas sobre
Desenvolvimento Sustentável no Rio de Janeiro, em 2012. As ODS são um apelo universal
para proteger o planeta e garantir que todas as pessoas tenham condições mínimas para
viverem. Conforme a figura a seguir foram definidos 17 objetivos que têm como propósito
nortear as decisões de governos, empresas e sociedades no mundo todo. Os objetivos ser-
vem como uma orientação para os países superarem os desafios ambientais, políticos, eco-
nômicos, visando à construção de um mundo mais sustentável e inclusivo. As ODS são um
compromisso de responsabilidade coletiva. Saiba mais em: https://brasil.un.org/pt-br/sdgs.

158
TÓPICO 3 — A ENGENHARIA NA SOLUÇÃO DE PROBLEMAS SOCIAIS E AMBIENTAIS

FIGURA 14 – OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

FONTE: <https://bit.ly/3cRlCe8>. Acesso em: 28 mar. 2021.

A sustentabilidade é um desafio para a Engenharia, por tratar-se de uma


ciência que utiliza conhecimentos científicos para desenvolver e produzir bens e
serviços. A Engenharia modifica o ambiente constantemente ao extrair os recur-
sos naturais, ao implementar infraestruturas, ao desenvolver produtos que não
tenham descarte adequado.

Contudo, por outro lado, é a própria Engenharia que tem potencial para
desenvolver técnicas para modificar e utilizar recursos naturais de forma a garan-
tir a sustentabilidade. É um grande desafio desenvolver novos materiais, reutili-
zar e reciclar outros e desenvolver novas tecnologias que agridam menos o meio
ambiente, de forma que os processos sejam economicamente viáveis.

Portanto, o papel da Engenharia está principalmente em levar em con-


sideração os aspectos sociais e ambientais na concepção e implementação dos
projetos. A viabilidade de um projeto não pode ser decidida baseada apenas nos
aspectos técnicos e econômicos, precisa compreender os impactos que serão cau-
sados e zelar pelos recursos naturais.

A Engenharia precisa basear-se em inventar, idealizar e executar a cons-


trução de um mundo mais justo e inclusivo. Segundo Justo Filho e Palleta (2011,
p. 1), o Engenheiro possui um papel fundamental frente a sustentabilidade:
O engenheiro poderá exercer um papel transformador e catalisador do
novo paradigma da sustentabilidade, por meio dos seguintes valores e ha-
bilidades: ética, cidadania, criatividade, empreendedorismo, visão estraté-
gica, iniciativa e liderança. O engenheiro para a consecução da sustentabili-
dade deverá ter uma compreensão global dos processos industriais e atuar
na adequação das soluções técnicas aos vínculos das novas legislações am-

159
UNIDADE 3 — ENGENHARIA E SOCIEDADE

bientais. A palavra-chave para o engenheiro será a inovação, o que irá re-


querer o uso de todas essas habilidades combinadas, criando conexões en-
tre a academia e as corporações, usando os avanços científicos alcançados
para construir e viabilizar economicamente as tecnologias limpas.

O desenvolvimento sustentável possui um fator de responsabilidade da


Engenharia que é o desenvolvimento de processos produtivos que promovam a
redução do uso de recursos naturais, enquanto insumos, e potencializem a pro-
dução para o consumo da sociedade, com menores índices de poluição associa-
dos. Cabe aos profissionais da Engenharia desenvolverem técnicas e tecnologias
para melhor aproveitamento dos recursos, aumentar a eficiência dos processos,
reduzir os resíduos gerados na produção e buscar meios de reutilizá-los.

NOTA

Engenharia para o Desenvolvimento Sustentável: guia de princípios


A Academia Real de Engenharia, sociedade científica do Reino Unido, listou princípios da
engenharia para o desenvolvimento sustentável:
1. Olhe além da sua localidade e futuro imediato.
2. Inove e seja criativo.
3. Procure uma solução balanceada.
4. Busque o engajamento das as partes interessadas.
5. Esteja certo de que você conhece as necessidades.
6. Planeje e gerencie de forma eficaz.
7. Dê à sustentabilidade o benefício de qualquer dúvida.
8. Se poluidores devem poluir, devem pagar também.
9. Adote uma abordagem holística do início ao fim.
10. Faça as coisas corretas, tendo decidido o que é certo a fazer.
11. Cuidado com as reduções de custos que mascaram o valor da engenharia.
12. Pratique o que você prega.

Portanto, entendemos que o conceito de sustentabilidade se baseia em


três pilares: econômico, social e ambiental. O objetivo é integrar estes três pontos
de forma a garantir que a sustentabilidade se sustente. A Figura 15 representa a
harmonia entre esses componentes para garantir a integridade do meio ambiente,
da sociedade e do mundo como um todo.

160
TÓPICO 3 — A ENGENHARIA NA SOLUÇÃO DE PROBLEMAS SOCIAIS E AMBIENTAIS

FIGURA 15 – TRIPÉ DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

FONTE: <https://bit.ly/3zBaOuv>. Acesso em: 26 mar. 2021.

Acadêmico, o tripé da sustentabilidade considera que para uma empresa


ser considerada sustentável precisa ser socialmente justa, ambientalmente res-
ponsável e financeiramente viável. Os engenheiros são muitas vezes os profis-
sionais responsáveis pela implementação de ações voltadas à sustentabilidade.
Deste modo, vamos compreender nos tópicos seguintes como cada pilar da sus-
tentabilidade influencia na prática profissional da Engenharia.

3.1 SUSTENTABILIDADE ECONÔMICA


Sustentabilidade econômica é um conjunto de práticas econômicas, finan-
ceiras e administrativas que visam à preservação do meio ambiente e manuten-
ção dos recursos naturais para gerações futuras.

Alguns exemplos dessa prática são a utilização de fontes de energia limpa


(energia eólica, energia hidráulica, energia solar, energia geotérmica e energia ma-
remotriz), tratamento de resíduos orgânicos, reciclagem, reutilização de materiais,
tratamento adequado aos poluentes gerados no processo de produção, uso de meios
de transporte mais econômicos e menos poluentes, são alguns exemplos de práticas
gerenciais simples e que atendem aos critérios da sustentabilidade econômica.

3.2 SUSTENTABILIDADE SOCIAL


A sustentabilidade social é um conjunto de ações de pessoas que visam
melhorar a qualidade de vida da população como um todo. Estas ações visam à
diminuição da desigualdade social e à garantia de acesso aos serviços essenciais,
como saúde e educação, possibilitando o acesso pleno à cidadania.

161
UNIDADE 3 — ENGENHARIA E SOCIEDADE

Alguns exemplos de ações de sustentabilidade social são a implementa-


ção de projetos educativos e sociais gratuitos, investimentos em educação pú-
blica, qualificação profissional de jovens, investimento em saneamento básico,
implementação de programas geradores de renda para pessoas carentes, entre
outras atividades similares.

3.3 SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL


A sustentabilidade ambiental refere-se ao uso consciente dos recursos na-
turais para que ainda possamos utilizar desses recursos futuramente. A sustenta-
bilidade ambiental é baseada na relação sustentável entre os padrões de consumo,
os recursos disponíveis e o impacto poluidor que as ações humanas possuem.

Alguns exemplos simples de sustentabilidade ambiental é o uso conscien-


te da água, a reutilização e reciclagem, a utilização de materiais biodegradáveis,
utilização de fontes de energia mais limpas, empregar novas técnicas de aprovei-
tamento de recursos naturais e utilizar a tecnologia à serviço do meio ambiente.

Acadêmico, vimos neste tópico que o engenheiro é o profissional respon-


sável por aplicar conhecimentos científicos e técnicos em projetos que visem trans-
formar recursos em processos ou produtos que sejam úteis a sociedade. Entretanto,
essas transformações devem ocorrer de forma responsável e sustentável, aliando os
interesses sociais, econômicos e ambientais. Para tanto, as soluções propostas pela
Engenharia devem ser analisadas para além dos impactos negativos e positivos,
levando em consideração a utilização de recursos renováveis e recicláveis.

Caro acadêmico, você vai acompanhar um trecho de um artigo “Saiba por


que é preciso que engenheiros trabalhem sua Inteligência Emocional”.

162
TÓPICO 3 — A ENGENHARIA NA SOLUÇÃO DE PROBLEMAS SOCIAIS E AMBIENTAIS

LEITURA COMPLEMENTAR

SAIBA POR QUE É PRECISO QUE ENGENHEIROS TRABALHEM SUA


INTELIGÊNCIA EMOCIONAL

O mercado de trabalho está mais exigente e quer profissionais que tenham


outras qualidades além daquelas já exigidas.

Uma coisa é certa, nos últimos anos, os acadêmicos perceberam que


já não basta mais apenas cursar uma faculdade para estar dentro do mercado
de trabalho. Os cursos preparatórios e de capacitação são, de fato, essenciais.
Contudo, as empresas buscam candidatos com um diferencial. Portanto, há uma
mudança significativa nas habilidades requisitadas para a maioria das ocupações.
Dentre elas, a de Inteligência Emocional. Já ouviu falar?

O que é inteligência emocional no trabalho?

Bom, falando de modo resumido, trata-se da capacidade dos profissionais


de controlarem as suas emoções, de se adaptarem e ser flexíveis a elas. Isto é algo
que se acredita que contribui positivamente para o ambiente de trabalho dentro
das empresas e é por isto que o mercado tem focado tanto em candidatos que
possuem estas características.

O conceito de Inteligência Emocional combina com o que os especialistas


chamam de Quarta Revolução Industrial. Nesta fase, faz-se uma convergência en-
tre várias tecnologias, tanto digitais quanto biológicas e físicas – estas que não po-
dem ser realizadas por máquinas, devendo partir dos próprios profissionais. Inclu-
sive as áreas de Arquitetura e de Engenharias também fazem parte desta revolução,
com funcionários que administram as suas emoções e utilizam a empatia para obter
sucesso no trabalho, superando melhor as dificuldades, frustações e adversidades.

“Em muitas escolas e programas de Engenharia a Inteligência Emocional e Social


é tratada de maneira superficial. As empresas estão enfrentando uma crise de motivação,
pois três em cada quatro empregados não se sentem envolvidos com o trabalho. Nossa
pesquisa demonstra como as emoções são relevantes no ambiente profissional”. – Prof.
Boyatzis, em reportagem de Media Ford.

Como surgiu o conceito?

Tal conceito surgiu no ano de 1990, a partir das opiniões dos pesquisa-
dores Peter Salovey e John Mayer, respectivamente das universidades de Yale e
New Hampshire. No entanto, ele só se tornou popular após a publicação de um
livro sobre o assunto, de autoria de Daniel Goleman. De acordo com a sua obra, a
Inteligência Emocional estaria ligada “a habilidade para controlar os sentimentos

163
UNIDADE 3 — ENGENHARIA E SOCIEDADE

e emoções em si mesmo e nos demais, discriminar entre elas e usar essa infor-
mação para guiar as ações e os pensamentos”. E desde que isto foi dito, muitas
escolas e empresas têm tratado este tema com mais seriedade!

Quais são as capacidades de um profissional com inteligência emocional?

O profissional que possui inteligência emocional sabe:

• identificar e administrar as suas emoções para alcançar objetivos ou trabalhar


constantemente a sua educação socioemocional;
• sentir empatia e manter um relacionamento interpessoal adequado;
• entender que o ambiente de trabalho é um local sério;
• entender a responsabilidade dos seus atos;
• desenvolver autonomia e autoestima;
• enxergar o lado positivo das situações e motivar-se sempre que possível, ten-
tando ser feliz;
• entender os seus limites, ouvir “não” e aceitar críticas construtivas;
• ser tolerante e controlar impulsos;

“A inteligência emocional pode ser desenvolvida, por exemplo, através de técnicas


de comunicação, de consciência corporal, de atenção plena. Através da prática com as
situações do cotidiano é possível conhecer as “armadilhas” que podem afetar nossa
percepção” – psicóloga Claudia Comaru.

Como funciona a inteligência emocional na engenharia?

Felizmente, os profissionais de hoje já podem contar com uma ajuda extra


para gerir a sua Inteligência Emocional desde o período escolar ou acadêmico,
já que algumas universidades investem em disciplinas que abordam este tema.
Entretanto, depois, ele precisa continuar tomando decisões conscientes. As cons-
trutoras sabem que quem tem tais habilidades deve fazer escolhas melhores, mes-
mo diante de situações de muita pressão e estresse. E, nestes momentos de crise,
é possível ver este profissional persuadindo, inspirando e, inclusive, liderando
equipes dentro do canteiro de obras.

A junção ‘conhecimento teórico e prático’ mais Inteligência Emocional é


a combinação imbatível para a melhor produtividade que alguns profissionais
fazem. E, por consequência, são estes que receberão das empresas os melhores
salários e oportunidades. No entanto, esta formação ainda precisa ser muito am-
pliada nas Arquitetura e Engenharias do Brasil, sem dúvidas!

164
TÓPICO 3 — A ENGENHARIA NA SOLUÇÃO DE PROBLEMAS SOCIAIS E AMBIENTAIS

“Estamos treinando nossos engenheiros para que eles possam reconhecer seus pró-
prios sentimentos e detectar os dos outros para que eles consigam lidar melhor com as situa-
ções, como no caso de uma pessoa irritada que poderá causar problemas, ou alguém feliz que
estiver disposto a colaborar ou quando uma pessoa estressada quiser conversar” – Rocio Luna,
da equipe de Treinamento e Consultoria da Ford Europa, em reportagem de Media Ford.
FONTE: <https://bit.ly/3gFtBfG>. Acesso em: 27 mar. 2021.

165
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:

• A atuação do engenheiro no mercado de trabalho deve refletir sua formação


generalista, humanista, analítica, crítica e reflexiva, que o permite compreen-
der o impacto de suas ações no meio.

• Responsabilidade social é em um conjunto de práticas que visam ao bem-es-


tar de todos por meio de ações e comportamentos.

• A Norma Internacional ISO 26000: 2010 estabelece as Diretrizes sobre Res-


ponsabilidade Social e visa nortear as ações socioambientais dos processos
decisórios empresariais.

• A responsabilidade social parte do princípio de integrar toda a organização,


e ser praticada em todas as suas relações, levando em conta os interesses das
partes envolvidas.

• Muitas vezes é necessária a mudança cultural nos processos da organização


para seguir os princípios da responsabilidade social, unindo as ações sociais
com o objetivo específico da empresa.

• A responsabilidade social visa minimizar os riscos, trabalhando de forma


sustentável.

• O modelo econômico que vivemos é baseado na produção e consumo exacerba-


do, o que levou ao quase esgotamento dos recursos naturais, dentre outros gra-
ves problemas que provocam a deterioração das condições de vida no planeta.

• Consenso mundial de que as ações humanas devem ser pautadas com


maior atenção às questões ambientais, para assegurar nosso bem-estar e
das futuras gerações.

• A sustentabilidade é um conceito que visa à exploração de forma consciente


os recursos naturais, de forma a garantir que no futuro eles ainda estejam
disponíveis para serem utilizados.

• A Engenharia impacta o meio ambiente constantemente, entretanto é a ci-


ência que tem o maior potencial para desenvolver técnicas para modificar e
utilizar recursos naturais de forma a garantir a sustentabilidade.

166
• A sustentabilidade baseia-se nos pilares econômico, social e ambiental, que se
relacionam de forma a garantir que a sustentabilidade se sustente.

• Uma empresa ser considerada sustentável precisa ser socialmente justa, am-
bientalmente responsável e financeiramente viável.

CHAMADA

Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem


pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao
AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.

167
AUTOATIVIDADE

1 Atualmente, nós vemos uma série de problemas ocorrendo a nossa volta


que colocam em risco a manutenção da vida no planeta Terra: emissão de
gases na atmosfera por indústrias e automóveis, doenças ocasionadas por
substâncias químicas, poluição de rios que servem de abastecimento às ci-
dades, crateras que se abrem devido a obras próximas são alguns exemplos.
Diante deste contexto, com relação ao papel do engenheiro diante desses
problemas, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) A responsabilidade do engenheiro está em utilizar seus conhecimentos


técnicos e científicos para buscar novas soluções para o desenvolvimen-
to de produtos, processos e tecnologias que sejam socialmente e am-
bientalmente responsáveis e gerem o menor impacto possível ao meio
ambiente e à população.
b) ( ) O papel do engenheiro está em buscar maximizar os lucros empresariais
e seguir as legislações vigentes. As questões sociais e ambientais não po-
dem interferir na sua atuação profissional e tampouco nortear suas ações.
c) ( ) O papel do engenheiro está a propor novas soluções a partir de uma ideia
original que é frequentemente o ponto de partida de um projeto para o de-
senvolvimento de um novo problema, de uma nova invenção, da produção
industrial, nas etapas de concepção, fabricação e exploração do mercado.
d) ( ) A responsabilidade do engenheiro está em apenas preocupar-se com
suas atribuições profissionais, sendo vedada a realização de práticas
profissionais que visam ao bem-estar de todos por meio de ações e com-
portamentos.

2 Uma empresa com responsabilidade social visa ao bem-estar de todos os


envolvidos no seu processo de produção. Visando incentivar e orientar a
prática empresarial de ações de responsabilidade social, foi instituída a
Norma Internacional ISO 26000:2010, que além de estabelecer as Diretri-
zes sobre Responsabilidade Social, visa nortear as ações socioambientais
dos processos decisórios empresariais. Com relação ao conteúdo da Norma
ISSO 26000:2010, analise as seguintes sentenças:

I- A Responsabilidade Social Empresarial possui muitos benefícios à socie-


dade e ao meio ambiente, porém as empresas que norteiam suas ações
baseadas em seus conceitos acabam perdendo vantagem competitiva no
mercado econômico.
II- A responsabilidade social se expressa pelo desejo e pelo propósito das or-
ganizações em incorporarem considerações socioambientais em seus pro-
cessos decisórios e a responsabilizar-se pelos impactos de suas decisões e
atividades na sociedade e no meio ambiente.
III- Todas as empresas são obrigadas a seguirem as Diretrizes sobre Respon-
sabilidade Social estabelecidas pela Norma Internacional ISO 26000:2010.

168
Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As afirmativas I e II estão corretas.


b) ( ) Somente a afirmativa II está correta.
c) ( ) As afirmativas II e III estão corretas.
d) ( ) Todas as afirmativas estão corretas.

3 O conceito de sustentabilidade baseia-se em três pilares principais: econômico,


social e ambiental. O papel do engenheiro está a planejar e executar projetos que
tenham como fundamento integrar estes três pontos de forma a garantir que a
sustentabilidade se sustente. Sobre os projetos de Engenharia e os pilares da sus-
tentabilidade, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) A viabilidade de um projeto não pode ser decidida baseada apenas nos


aspectos técnicos e econômicos, precisa compreender os impactos que
são causados e zelar pelos recursos naturais.
( ) Sustentabilidade econômica é um conjunto de práticas econômicas, fi-
nanceiras e administrativas que visam acima da preservação do meio am-
biente, à obtenção do lucro pelas empresas.
( ) A sustentabilidade social é um conjunto de ações de pessoas que visam
melhorar a qualidade de vida de uma parte da população, beneficiando
exclusivamente as comunidades mais carentes que são mantidas através
de iniciativas empresariais.
( ) A sustentabilidade ambiental refere-se ao uso consciente dos recursos na-
turais para que ainda possamos utilizar desses recursos futuramente.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V – V – V – F.
b) ( ) F – F – V – V.
c) ( ) V – F – F – V.
d) ( ) V – F – V – F.

4 Aplicar os conceitos de Responsabilidade Social Empresarial em uma insti-


tuição requerem comprometimento e cooperação mútua de todos os colabo-
radores, sendo muitas vezes necessária a mudança cultural nos processos da
organização, unindo as ações sociais com o objetivo específico da empresa
que tem como princípio o lucro. Quais são os benefícios de uma empresa ao
implementar ações de Responsabilidade Social em seus processos decisórios?

5 A sustentabilidade é um conceito que visa à exploração de forma consciente


os recursos naturais, de forma a garantir que no futuro eles ainda estejam
disponíveis para serem utilizados. Qual é o papel da Engenharia no desen-
volvimento sustentável da sociedade?

169
REFERÊNCIAS
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zes de Responsabilidade Social. Rio de Janeiro: ABNT, 2010.

BAZZO, W. A.; PEREIRA, L. T. V. Introdução à engenharia: conceitos, ferramen-


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ques para o ensino da engenharia. Florianópolis: UFSC, 2008.

BRASIL. Lei nº 4950-A/66: Dispõe sobre a remuneração de profissionais diplo-


mados em Engenharia, Química, Arquitetura, Agronomia e Veterinária. Dispo-
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CEBR. Engineering and economic growth: a global view. Royal Academy of En-
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CREMASCO, M. A. A responsabilidade social na formação de engenheiros.


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partamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos e Sindicato
dos Engenheiros no Estado do Paraná. Rio de Janeiro: FISENGE, 2019.

GUIMARÃES, D. O que é sustentabilidade? Disponível em: https://meiosusten-


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