Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1
NOSSA HISTÓRIA
2
Sumário
Unidade 1: Gestão Eficiente da Energia na Indústria da Construção .................4
Seção 1.1: Introdução .................................................................................................4
Seção 1.2: Uso eficiente da energia nas construções.................................................5
Seção 1.3: Energia fotovoltaica versus aquecimento solar .........................................7
Seção 1.4: Micro e minigeração distribuída .............................................................. 11
Referências .............................................................................................................. 36
3
Unidade 1: Gestão Eficiente da Energia na Indústria da
Construção
4
A energia utilizada em uma atividade ou por um equipamento estão
relacionadas a questões comportamentais e a questões tecnológicas. Mudanças
comportamentais são obtidas através da educação, campanhas de conscientização,
procedimentos, capacitação, treinamento; já as questões tecnológicas que promovam
o uso eficiente da energia dependem das características e condições do sistema
energético na área, das edificações e dos equipamentos utilizados.
Dentre as fontes de energia renováveis a energia solar fotovoltaica apresenta
múltiplas vantagens, pois além de exercer um papel complementar às hidrelétricas,
principal fonte de geração do País, reduz o aumento do pico da demanda de energia
durante o dia, não produz emissões durante a geração de energia elétrica, dispensa
o uso de combustíveis, o que reduz o custo de geração. Além disso como a geração
pode ser feita junto aos locais de consumo/carga, minimiza a necessidade de novas
linhas de transmissão e aumenta a segurança energética.
Graças ao tamanho de seu território e da alta irradiação solar, o Brasil pode
ampliar consideravelmente a participação da fonte solar fotovoltaica em sua matriz
energética. Segundo o Plano Decenal de Expansão 2024, elaborado pela Empresa
de Pesquisa Energética do Ministério de Minas e Energia, os sistemas de pequeno
porte devem responder por 1,6 TWh em 2024, devido à penetração de sistemas de
geração solar fotovoltaica nas classes residências e comerciais.
5
esta lista, a corrupção, os níveis de serviço inadequados, os preços subsidiados da
energia e altas taxas de desconto.
Os códigos de construção e padrões de equipamentos com fortes exigências
de eficiência energética, se bem aplicados, aperfeiçoados ao longo do tempo,
adequados ao clima local e outras condições, são os instrumentos de política mais
efetivos ambiental e economicamente.
Considerando que as edificações têm longos períodos de vida, postergar sua
eficientização pode contribuir para travar a redução das emissões no longo prazo e
assim é necessário senso de urgência e medidas imediatas.
A nível nacional, segundo dados do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas
(PBMC), em 2010 o parque edificado (segmentos residencial, comercial e público)
consumiu 15% do total de energia utilizada pelo País e 47,6% da eletricidade. E nesta
direção, no sentido de reduzir as emissões de gases de efeito estufa no País, o Brasil
se comprometeu, no âmbito do Acordo de Paris, a expandir o uso doméstico de fontes
de energia não fóssil no fornecimento de energia elétrica para ao menos 23% até
2030, aumentando a participação de energias renováveis como eólica, biomassa e
solar, além da energia hídrica.
Segundo o Acordo de Paris, alcançado em dezembro de 2015 por 195 países
que participaram da Conferência das Partes (COP 21) da Convenção-Quadro das
Nações Unidas para a Mudança do Clima (UNFCCC), com as Contribuições
Pretendidas Nacionalmente Determinadas (INDC), apresentadas por 187 deles, as
emissões globais em 2030 chegariam, no agregado dos países, a algo em torno de
55 Gt de CO2, podendo resultar num aumento de temperatura média do planeta de
Copenhagen.
Há, portanto, necessidade de aprofundar o nível de emissão global anual para
um valor em torno de 40 Gt, caminhando em direção de um aumento da temperatura
média global na faixa de 1.5ºC acima dos níveis pré-industriais. Para tanto, já em 2018
inicia-se o diálogo para rever os compromissos assumidos em Paris, com uma
primeira revisão obrigatória em 2023, quando se deverá mostrar uma progressão na
direção de reduções mais significativas, e certamente o setor de construções será
compelido a dar sua contribuição.
6
Ainda na COP 21, no dia dedicado pelo Programa das Nações Unidas para o
Meio Ambiente (PNUMA) às construções, o Buildings Day, destacou-se o papel das
construções na redução de emissão de CO2 e promoção da eficiência energética,
tendo a entidade Architects 2030 advogado a meta de 0% de aumento no consumo
de energia nas construções por volta de 2040, enquanto a International Union of
Architects (IUA) trabalha com a possibilidade da eliminação das emissões no
ambiente construído por volta de 2050. Foi ainda mencionado o Acordo da China,
através do qual arquitetos, empreendedores e governo buscam os instrumentos de
definição de metas de redução de emissões no ambiente construído.
No já mencionado relatório do IPCC, são listadas entre outras ações de
mitigação de emissões de gases de efeito estufa nas construções:
I. a incorporação de fontes de energia renovável, em particular a energia
solar fotovoltaica, integrada nas construções (BIRES e BIPV);
II. contadores e redes inteligentes;
III. padrão de casa passiva (PH);
IV. edificações com energia quase-zero, zero ou positiva (NZEB);
V. sistemas distribuídos de energia de alta eficiência;
VI. e, armazenamento térmico diurno, dentre outros.
7
tecnologias se distinguem em duas categorias: as que convertem a energia solar em
calor e as que a convertem diretamente em eletricidade.
A primeira categoria, que faz uso da chamada energia solar térmica, pode
simplesmente usar o calor obtido da conversão para o aquecimento de água, ou usá-
lo em processos mais complexos para produção de eletricidade. A outra categoria usa
a energia solar fotovoltaica. Esta categoria de tecnologia transforma diretamente a
radiação solar em eletricidade, sem que haja a necessidade de mais outra etapa de
conversão, diferentemente da primeira.
O sistema de aquecimento solar é a tecnologia termos solar mais difundida no
País e usa a radiação solar para obter calor, em coletores solares planos, e assim
realizar o aquecimento de água. No setor residencial, geralmente os coletores solares
planos reduzem o uso do chuveiro elétrico no processo de aquecimento d’água, dessa
forma, a eletricidade é conservada, podendo ser utilizada para fins mais nobres do
que a conversão em calor. Os coletores solares são aquecedores de fluídos e
classificados em planos ou concentradores.
A Figura 1 exibe o conjunto coletor solar e reservatório térmico típico. Este tipo
de sistema já é convencionalmente utilizado no setor da construção, tanto no
segmento residencial, como no de comércio e serviço e industrial, tendo crescido
também nos programas habitacionais. Segundo dados da Associação Brasileira de
Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (ABRAVA), tinha-se até o
final de 2014 mais de 11 milhões de m2 instalados no Brasil (http://www.dasolabrava.
org.br/informacoes/dados-de-mercado/).
8
comum desses sistemas são os telhados ou coberturas das edificações. Por ser uma
tecnologia conhecida no mercado brasileiro, premissas arquitetônicas como
orientação dos telhados das edificações em relação ao percurso do sol, a análise de
sombreamento do local de instalação e outras condições técnicas já são sabidas ou
estão acessíveis aos projetistas de forma simplificada e organizada.
Já a tecnologia predominante de aproveitamento da energia solar para
produção de eletricidade é a fotovoltaica. Esses sistemas podem ser configurados de
três formas: isolados, quando se apresentam como a única fonte de energia para
carga, podendo apresentar ou não elementos armazenadores de energia; híbridos,
quando são associados a outras fontes de geração de energia; e interligados à rede
elétrica. Sob esta última forma o sistema disponibiliza para a rede a energia gerada
não necessitando de elementos armazenadores.
Os sistemas interligados, também conhecidos como sistemas fotovoltaicos
conectados à rede (SFCR), utilizam as células fotovoltaicas para realizar a conversão
direta da radiação solar em eletricidade, através do fenômeno físico conhecido como
efeito fotovoltaico. Essas células encontram-se conectadas eletricamente em série e
em paralelo, condicionada em um invólucro, chamado de módulo fotovoltaico, capaz
de protegê-las de intempéries e esforços mecânicos. O conjunto de módulos ligado
em série é conhecido como strings e o conjunto de strings é conhecido como painéis
ou arranjos fotovoltaicos, vide Figura 2.
9
tecnologia mais usada globalmente dominando mais de 80% da produção mundial. A
Figura 3,a Figura 4 e a Figura 5 apresentam alguns exemplos dos módulo
fotovoltaicos citados em edificações.
10
b) o sistema condicionador de energia, que envolve principalmente
conversores estáticos (inversores de frequência);
c) e os sistemas de proteção elétrica e de medição de energia.
Assim, enquanto os coletores solares planos são conectados ao sistema
hidráulico, o sistema fotovoltaico é conectado ao sistema elétrico da edificação. A
Figura 7 exibe o conjunto painel fotovoltaico e inversor que são conectados ao quadro
de distribuição da residência por meio de um circuito elétrico adicional.
11
nos leilões de energia elétrica onde é contratada a energia pelas distribuidoras de
energia.
Contrapondo-se à geração centralizada, a geração distribuída é de pequeno
porte e conectada próxima às unidades de consumo. Segundo a Agência Nacional de
Energia Elétrica (ANEEL), os estímulos à geração distribuída justificam-se pelos
potenciais benefícios que tal modalidade pode proporcionar ao sistema elétrico, tais
como: a postergação de investimentos em expansão nos sistemas de distribuição e
transmissão; o baixo impacto ambiental; a redução no carregamento das redes; a
redução de perdas e a diversificação da matriz energética, entre outros. A Figura 8 e
a Figura 9 exibem ilustrações de modelos de sistemas elétricos com e sem geração
distribuída.
12
A ANEEL regulamentou a micro e minigeração distribuída em 2012 permitindo
ao consumidor tornar-se também um produtor de energia. É classificado como micro
gerador aquele com potência instalada menor ou igual a 75 kW e como minigerador
aquele com potência instalada menor ou igual a 5 MW, e maior que 75 kW. Um
exemplo que pode ajudar a compreender a ordem de grandeza dessas faixas é
considerar que um sistema fotovoltaico com potência de 75 kW seria capaz de
fornecer energia para 15 chuveiros elétricos de 5.000 W (ou 5 kW) no momento de
pico de geração.
A geração se dá na modalidade conectada à rede, ou seja, opera em conjunto
com o fornecimento de energia da distribuidora. Ao funcionar em conjunto com a rede
da concessionária, a mini ou micro geração fotovoltaica a todo momento é
complementada pela rede elétrica ou em algum momento pode injetar o excedente de
energia para a mesma.
O consumidor, ou grupo de consumidores, que tem a pretensão de conectar
um gerador à rede da concessionária deve solicitar acesso à distribuidora, mediante
um formulário padrão ao qual é anexado o projeto das instalações, além de mais
alguns documentos, conforme relação apresentada na Tabela 1. Um novo sistema de
medição é fornecido pela concessionária, e tanto pode ser empregado um medidor
bidirecional, que afere o fluxo de energia em dois sentidos (da rede para unidade
consumidora e dessa última para rede), como dois medidores convencionais cada um
13
medindo em um sentido. Vale ressaltar que na ocorrência de falta de energia da
distribuidora o gerador é desligado automaticamente por questões de segurança.
14
15
Unidade 2: Alterações da rede elétrica nacional,
provocadas pela introdução das energias renováveis
16
otimista, cerca de 70% desta produção de energia será com origem renovável,
conforme ilustra a figura 2 (OECD, 2011).
17
exploração encontram-se em zonas isoladas e remotas, o que leva à necessidade de
novas linhas, tornando, por vezes, o investimento inviável (Barros, 2011; DR, 2011;
DGEG, 2012).
Outra questão, não menos importante, prende-se com o caráter variável e
imprevisível da maioria das energias renováveis, nomeadamente o recurso eólico e
solar (Barros, 2011).
18
Da análise da figura 3 a) conclui-se que, de todas as FER com tecnologia
instalada em Portugal Continental, a energia eólica, com 10 TWh de energia elétrica
produzida, e a grande hídrica, com 5,6 TWh produzidos ao longo do ano de 2012,
destacam-se de todas as demais FER (APREN, 2012). Ao observar a figura 3 b)
verifica-se que, no panorama nacional das FER à energia de origem solar é ainda
pouco representativa, sendo apenas, 1% de toda a produção de origem renovável no
ano de 2012. Se a isto somarmos o elevado número de horas de insolação que
Portugal dispõe, (entre 2.200 horas a 3.000 horas enquanto que, por exemplo, para a
Alemanha 1.200 horas a 1.700 horas), podemos afirmar que Portugal extrai pouca
energia elétrica, a partir deste recurso (Portal das Energias Renováveis, 2012).
19
Já a biomassa, no conjunto de todos os seus derivados, possuí uma
considerável percentagem no panorama nacional, cerca de 5%. O restante bolo é
constituído pelas grandes centrais alimentadas a combustíveis fósseis (46%) e por
importações feitas através das linhas transfronteiriças (16%) (APREN, 2012).
A energia hídrica corresponde a uma aposta que tem vindo a ser feita desde
os anos 40, do século XX, sendo que a capacidade instalada ronda atualmente os
4900 MW. Em 2007, foi lançado o Plano Nacional de Barragens de Elevado Potencial
Hidroelétrico (PNBEPH), que irá permitir a Portugal aproveitar melhor o seu potencial
hídrico e viabilizar o crescimento desta energia. O PNBEPH prevê que os novos
empreendimentos em curso e os reforços de potência previstos permitam atingir, em
2020, cerca de 8600 MW. A existência de capacidade reversível nos investimentos
previstos é fundamental para aproveitar o excesso de energia eólica produzida
durante os períodos de vazio (Bernardo, 2010).
A biomassa apresenta também uma elevada importância para Portugal, pela
sua transversalidade para com as questões relacionadas com a gestão florestal,
produzindo energia e calor neutros, no que respeita às emissões de CO2. A nível de
projetos, espera-se ser implementada a capacidade já atribuída de 250 MW,
referentes aos concursos lançados pelos XVII e XVIII Governos Constitucionais.
Existe também a intenção de promover a produção de biomassa florestal (biomassa
sólida), de forma integrada com a promoção da certificação florestal e promoção de
culturas energéticas rentáveis. No que toca aos biocombustíveis (biomassa líquida),
um dos objetivos comunitários estabelecidos consiste na utilização de 10% de
biocombustíveis no combustível para veículos (Magalhães et al., 2011).
Previsivelmente, a geotermia ganhará importância no cenário energético
nacional até 2020, dado o potencial de que o nosso país dispõe nesta área. O
programa do governo, atrás mencionado, assente no plano para as novas energias,
prevê que se avance com uma nova fileira na área da geotermia (250 MW) até 2020
(Magalhães et al., 2011).
Tal como sustenta o plano para as novas energias, o elevado potencial da costa
portuguesa e o empenho em dinamizar um cluster industrial ligado às atividades do
mar têm persuadido o governo para dedicar particular atenção à energia das ondas.
Existe grande expectativa em relação à evolução dos seus custos de produção. Ao
viabilizar uma zona-piloto para testes, o XVII e XVIII Governos Constitucionais,
contribuíram para o desenvolvimento desta tecnologia e para que a ambição de ter
20
250 MW de potência instalada possa tornar-se uma realidade em 2020 (Magalhães et
al., 2011).
Existe a nível mundial perspectivas para um aumento no consumo de
eletricidade, este cenário levou a que parte desta produção de energia elétrica surja
a partir de FER.
Em relação a Portugal, existe uma aposta para instalar diversos tipos de FER,
o que permite uma diversificação das tecnologias e uma exploração uniforme, pois
não estamos dependentes de uma só fonte de energia. No entanto, em algumas
tecnologias como é o caso da energia eólica, o crescimento foi exponencial, o que
criou alguns problemas na exploração, estando esta fonte de energia já muito perto
da cota máxima em termos de potência instalada. O programa de microgeração foi
um sucesso em Portugal, pois várias foram as produções descentralizadas que foram
criadas ao longo do país, no entanto a massificação deste tipo de produções, trouxe
consigo alguns inconvenientes, como por exemplo, a desregulação dos valores de
tensão nas linhas BT.
Outras FER, como a energia das marés, energia das ondas e a energia
geotérmica, não passam ainda de ideias piloto, pois a potência instalada é ainda de
todo reduzida e os projetos implementados ainda não deram provas à altura dos
investimentos.
Seção 2.5: Sistema elétrico
O primeiro Sistema de Energia Elétrica (SEE), concebido por Thomas Edison,
entrou em funcionamento em setembro de 1882 na estação de Pearl Street, em Nova
Iorque (Paiva, 2011; Meireles, 2009).
Do ponto de vista técnico, o principal objetivo de um SEE consiste em fornecer
energia elétrica sempre que esta seja necessária dentro dos parâmetros de qualidade
admissíveis (Paiva, 2011).
A função de um SEE passa por converter a energia de uma fonte disponível
em energia elétrica e transportá-la até aos pontos de consumo. A vantagem desta
forma de energia reside no facto de poder ser transportada e controlada remotamente
com um grau elevado de eficiência e qualidade, podendo, no destino ser consumida
na forma de energia calorifica ou energia mecânica (Paiva, 201; Meireles, 2009).
Um SEE é caracterizado por tensões e correntes. Estas podem ser represen-
tadas pelas expressões de (1) a (3) (Meireles, 2009; Fernandes, 2010):
21
Considera-se o sistema indutivo quando a corrente circula atrasada em relação
à onda de tensão, e capacitivo quando a onda de corrente circula adiantada em
relação à onda de tensão, neste último caso a carga possui caraterísticas capacitivas
(Sá, 2010).
Por seu turno, a potência instantânea, P, que circula entre o gerador e a carga,
é o produto da tensão, pela corrente, obtendo-se pela expressão (4) (Sá, 2010;
Meireles, 2009; Fernandes, 2010):
22
Nos sistemas de energia elétrica usuais, a energia é transmitida em 3 fases. O
objetivo assenta em conseguir-se um sistema trifásico tão simétrico quanto possível.
Assim, num sistema trifásico perfeito, as tensões e as correntes de uma linha elétrica
têm exatamente a mesma amplitude que as tensões e correntes das outras linhas,
encontrando-se desfasadas em 120 graus entre elas, como se demonstra na figura 5
b). Devido a este desfasamento de 120 graus, e no caso de as cargas serem iguais
(ZA = ZB = ZC), a soma vetorial das correntes IB com IC serão iguais a –IA, não
circulando corrente no neutro, ou seja, a soma vetorial das correntes é nula, e
podemos dizer que temos um sistema trifásico equilibrado (Fernandes, 2010).
Já se uma ou mais cargas forem diferentes entre si, isso irá obrigar a que circule
menos corrente pela carga maior originando que a soma vetorial das correntes não
seja nula, resultando daí tensões diferentes, no caso de não existir neutro. Neste caso
temos um sistema trifásico desequilibrado, podendo a tensão aplicada nas cargas
(equipamentos elétricos) ser nefasta e danificar os mesmos (Fernandes, 2010).
23
Na análise de SEE, cargas, linhas de transmissão e transformadores podem
ser ilustrados por impedâncias (Z) que criam resistência à passagem da corrente
elétrica (I). Na figura 5 a), é possível observar as impedâncias (ZA, ZB, ZC), a tensão
que o circuito transporta pode ser medida entre fases, por exemplo VCA, ou então
entre uma fase e o condutor do neutro, como se pode observar através da simbologia
VCN presente no esquema a) da figura 5 (Fernandes, 2010).
cabelagem existente, pode não ser compatível com um possível aumento de potência,
o que pode ter que levar a um aumento da secção da cabelagem;
24
→ Estabilidade da circulação síncrona, a questão de haver oscilações de
→ Frequência;
→ Tensão;
→ Intensidade/Corrente.
25
A diferença entre o binário elétrico sentido pelo gerador, fruto da variação de
carga do binário mecânico da máquina, resulta numa alteração da velocidade
determinada pela equação (5) referente ao movimento da máquina (Paiva, 2011):
26
Na figura 6 apresentada acima é possível observar uma série de
condensadores, que dividem a tensão, V, corrente contínua (CC), para metade V/2.
Seja, metade da tensão V, passará a ser a tensão de referência do inversor. Quando
o interruptor superior da figura 6 está fechado e o interruptor inferior está aberto, a
tensão na saída do inversor Vo apresenta uma tensão positiva. Quando o interruptor
superior da figura 6 está aberto e o interruptor inferior fechado, a tensão Vo é negativa,
obtendo-se desta forma corrente alternada (CA) os díodos por sua vez, possuem a
função de manter o fluxo de energia num único sentido, evitando o retorno da mesma.
Este é o princípio base da passagem de corrente continua (CC) em corrente
alternada (CA), para as diferentes cargas que estão interligadas com rede elétrica
(Duarte, 2010).
27
interconexão, até aos locais de consumo, segundo um percurso bem definido e com
um trânsito unidirecional.
A ligação da produção descentralizada altera esta situação, uma vez que a
energia passa a ser injetada em pontos diversificados da rede, podendo alterar o
sentido do respetivo trânsito. Quando o consumo local é baixo, face à produção
distribuída, os excedentes levam à inversão do sentido do trânsito de potência nos
pontos de interface com a rede de transporte (Paiva, 2011).
28
Importa também avaliar as variações de tensão originadas no ligar e desligar
de instalações de produção elétrica, ligadas à rede. Situação originada em função das
condições atmosféricas a cada instante. Tal situação pode calcular-se por valores de
unidade (pu) através da expressão (8) (Paiva, 2011):
29
Tendo por base o ponto de partida, em que a relação de curto-circuito no ponto
de ligação é variável entre 5 a 20 pu, e a relação das impedâncias Xcc/Rcc é variável
entre a gama de 0.3 a 3 pu, observa-se na figura 8, que para as duas situações, a)
em que a potência reativa fornecida pelo gerador é nula, e para a situação b) em que
a potência reativa é 40% da potência ativa, que o fornecimento de potência reativa
aumenta a variação de tensão resultante do gerador. Quando a potência da produção
descentralizada atinge valores significativos, face à potência total ligada à rede, as
condições de operação desta são afetadas, na figura 8 é possível observar que para
as mesmas condições a) e b) o facto de existir mais energia reativa na figura 8 b), leva
a uma maior variação da tensão (Paiva, 2011).
A afetação da rede de transporte é considerada significativa quando, num nó
de interligação com a rede de distribuição, se verifique que (Paiva, 2011):
30
O aparecimento de níveis elevados de produção descentralizada obriga a
avaliar a capacidade de receção global da rede à luz dos critérios de qualidade e
segurança. A determinação dos limites de estabilidade da rede, quer em regime
estacionário quer em regime transitório, torna-se assim necessária (Paiva, 2011).
→ Distorção harmónica;
→ Factor de potência;
→ Desequilíbrios de tensão;
→ Congestionamentos da rede;
31
→ Energia reativa;
→ Oscilações de frequência;
→ Proteções.
32
Quer em equipamentos quer na própria rede elétrica, os efeitos da THD
dependem, fortemente, da suscetibilidade de cada equipamento e das caraterísticas
técnicas da rede em questão. Em equipamentos que absorvam correntes não lineares
como, por exemplo, no caso da maioria dos conversores eletrônicos de potência, os
efeitos da THD apenas são notórios para valores elevados da mesma. Por sua vez,
equipamentos associados a cargas lineares, como aquecedores resistivos, não
sentem praticamente qualquer efeito por parte da THD (Silva, 2009).
De um modo geral, os efeitos da THD, que se fazem sentir na rede elétrica e
em equipamentos a ela ligados, podem manifestar-se através do aumento dos valores
eficazes das tensões e correntes e da deformação das formas de ondas das correntes
e tensões (EDP, 2005). O aumento do valor eficaz da corrente que atravessa os
condutores pode, por vezes, resultar num aumento da temperatura dos mesmos e dos
equipamentos, o que conduz a um incremento das perdas por efeito de Joule e a uma
acelerada degradação dos isolamentos. Outro resultado do aumento do valor eficaz
da corrente corresponde à perda de eficácia de equipamentos que se destinam à
proteção de instalações, como, por exemplo, os disjuntores (Silva, 2009).
Outro efeito relacionado com a distorção harmónica, já enunciado
anteriormente, equivale à tremulação da tensão, também conhecida como flicker, ver
figura 10. Na base deste fenómeno, encontram-se as flutuações de tensão que,
consequentemente, provocam variações nos níveis de luminosidade das lâmpadas,
33
causando um efeito visual passível de se tornar incomodativo, se ocorrer acima de
determinados limites (Castro, 2004).
34
→ Disparo indevido de semicondutores de potência em retificadores
35
Referências
36
DR (2011). Decreto-Lei nº 34/2011, 8 de março. Diário da República, I Série nº 47, de
8 de março de 2011. Estabelece o regime jurídico aplicável à produção de eletricidade,
a partir de recursos renováveis, por intermédio de unidades de miniprodução.
http://smartgrid.ieee.org/may-2011/102-epri-ups-estimates-of-smart-grids-
investment-benefits
ISR e EDP (2011). Manual de ligações à rede de serviço público – Guia técnico e
logístico de boas práticas. 2ª Edição.
Korchinski, W and Morris, J. (2013). The Limits of Wind Power. Adam Smith Institute.
37
Magalhães, J., Elyseu, J., Pedroso, P. (2011). Prospetiva da evolução sectorial em
Portugal. ANESPO – Associação Nacional de Escolas Profissionais e ANEQ - Agência
Nacional para a Qualificação.
Pullins, S. (2009). Viability and Business Case of Alternattive Smart Grid Scenarios.
38
Silva, R. A. J. (2009). Microgeração na rede de BT - Limites Técnicos. Dissertação
para a obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Electroténica e de Computadores.
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.
39