Development Of The Brazilian Wind Power
S. O. Nunes, E. O. Teles, M. S. Silva and E. A. Torres
Abstract— Since its discovery, oil has been the main source
of energy used by mankind. However, the finite
characteristics, as well as the consequences of their use, led
to the transition of the Brazilian energy matrix. The search
for the development of new alternative energy sources
allowed a greater diversification of the energy sources
used. In the last 11 years, wind energy has registered an
average growth rate of 18.65% per year, which plays a
significant role in this process and continues to grow in
effective participation in the country's matrix, despite the
risks (economic, environmental, regulatory ...) and
uncertainties in the market. The objective of this article is
to analyze the development of the Brazilian wind energy
market and the risks that can slow its growth. In this
context, the data extracted from technical reports issued
by competent bodies (national and international), the
existing literature and the documentation related to the
bidding rounds already carried out were analyzed. The
wind market has grown significantly in recent years and
has positive prospects for the last few years. Through the
studies, one can identify that the regulation policy tends to
be the main risk for the expansion of the wind energy
matrix. However, the public policies of incentives for the
development of renewable sources tend to improve and,
consequently, to mitigate the risks of implantation of large
wind farms in Brazil.
Keywords— energy transition, wind power, brazilian wind
market, risk
I. INTRODUÇÃO
D urante muito tempo, os combustíveis fósseis têm sido a
base da matriz energética mundial. Contudo, esse modelo
de energia está se desgastando devido aos impactos
recorrentes ao meio ambiente e as variações mercadológicas
resultantes de uma matriz pouco diversificada. A
consequência deste desgaste resultou na busca pelo avanço na
utilização de energias renováveis. A este processo de mudança
denominou-se transição energética [1].
A tendência de queda no provimento de recursos não-
renováveis além das oscilações econômicas e políticas
ocasionam a busca por outras fontes de geração de energia.
Porém, mesmo acessíveis, essas fontes ainda não são
suficientes para prover toda a demanda energética mundial.
Logo, a procura por diversidade energética se torna uma
tomada de decisão estratégica e competitiva, sendo favorável
às medidas sustentáveis [2].
No ano 2000, o debate a cerca de temas tais como crédito de
carbono e diminuição da dependência global de combustíveis
fósseis cresceu consideravelmente. As discussões giram em
torno de três abordagens [3]:
• Controle de Emissões: limitações quanto ao volume
máximo de gases lançados na atmostera;
• Continuidade: combinação entre combustíveis fósseis e
fontes alternativas como nucleares e energias
renováveis;
• Descontinuidade: substituição completa dos
combustíveis fósseis por energias renováveis.
Ao longo do tempo, surgiram questionamentos quanto a
busca por uma alternativa eficaz aos combustíveis fósseis e
que possibilitassem solucionar a crise energética. Encontrar
uma configuração de matriz energética não é uma solução
simples de adotar, pois não se trata apenas de soluções
meramente técnicas, mas de sistemas complexos de interesses
econômicos e sociais para cada nação. A transição energética
trata-se, portanto, de modificar as relações sociais, instituições
e toda uma cultura que se estabelece ao redor de uma matriz
energética [3].
A transição energética é vista como uma mola propulsora
para a reestruturação do setor energético, promoção das
energias renováveis e crescimento econômico sustentável com
o surgimento de novas tecnologias que ajudam a contornar os
problemas climáticos gerando maior competitividade entre as
empresas [4, 5, 6].
O processo de transição energética não é, apenas, a migração
para uma matriz energética diferente, mas um conjunto de
processos complexos que integra inúmeras variáveis a serem
consideradas no ponto de vista técnico, socioambiental e
econômico [7, 8].
Em todo mundo, instrumentos de regulação são utilizados
para garantir o desenvolvimento e a efetividade das energias
renováveis. Porém, quando este processo acontece
rapidamente, os impactos sobre o mercado do setor energético
podem ser graves, dentre eles é possível citar queda brusca na
receita das empresas de energia a base de carbono [9, 10].
Para assegurar o desenvolvimento verdadeiramente
sustentável, a transição energética deve ocorrer de forma
gradual baseada em ações de longo prazo, respeitando os
limites de viabilidade das energias renováveis e as
características de provimento energético de cada uma delas [2,
11, 12].
Algumas nações estão implantando políticas rígidas de
grande importância que permitem o crescimento das empresas
de energia, forçando-as a adequarem suas estratégias de
negócios com o novo cenário sustentável [13]. A expectativa
se estabelece sobre a iniciativa estratégica das empresas na
transição ou a reação frente à ameça, pois isto irá definir o
ritmo de adaptação tecnológica. [14].
O grande desafio que cerca as empresas do setor energético,
que ainda utilizam fontes convencionais de energia, é a
decisão de se engajarem, ou não, nesse novo modelo de
produção energética, pois ainda são competitivas em seus
mercados [1]. Além disso, empresas que utilizam uma linha
tecnológica tendem a ter menor comprometimento com a crescimento de 717%, resultado dos incentivos ao
mudança de mercado, sendo assim, uma transição energética desenvolvimento do setor de energias renováveis. Entre 2006
iria interferir em suas estratégias comerciais, podendo ameaçar e 2011, os investimentos no mercado continuaram a crescer,
seu mercado [14, 15, 16]. permitindo que a energia eólica ganhasse maior visibilidade na
O crescimento e desenvolvimento de geração de energia por matríz energética nacional [27].
fontes renováveis suplantou a ideia de que o impacto gerado No período de 2011 a 2014, a capacidade de geração teve
na evolução do setor energético não pode ser reduzido ou um aumento de 33% [28].
controlado. O avanço no aproveitamento energético de fontes No ano de 2015, o Brasil alcançou o décimo lugar entre
renováveis ganha incentivos trazendo uma nova abordagem maiores produtores de energia eólica do mundo. Neste ano, a
para o chamado “desenvolvimento sustentável” [7]. produção brasileira se tornou responsável por 2,0% de toda
Este trabalho aborda o crescimento da energia eólica na produção de energia eólica mundial [29]. O Brasil atingiu a 5ª
matriz energética mundial, analisando as ações e a produção maior produção anual de energia eólica em 2016. O potencial
desta fonte de energia no Brasil. Após a análise, é apresentado eólico brasileiro está estimado da ordem de 143,5 GW de
um levantamento das barreiras ao fortalecimento deste tipo de energia localizado, principalmente, na região Nordeste [30].
energia de forma a promover discussões sobre a elaboração de A Fig. 1 apresenta o Ranking dos 10 países com maior
políticas públicas para o setor. capacidade instalada acumulada em todo o globo. Além dos
líderes de produção mundial, China e EUA, destaca-se
II. ENERGIA EÓLICA também a Alemanha responsável por 10,4% de toda
capacidade instalada da matriz.
A geração de energia eólica teve um crescimento
considerável nos últimos anos em todo o mundo. O aumento 0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00%
de sua utilização foi quantificado em cerca de 25%, de 2000 a
2005. No ano de 2009 esse número passou a ser de 32% e em
2010 a capacidade produtiva global finalizou em 197.039 33,60%
MW. O ano de 2016 se encerrou com 486.790 MW de
capacidade instalada de energia eólica [17]. 17,20%
Os Estados Unidos foram os pioneiros no desenvolvimento
10,40%
de energia eólica. Os primeiros investimentos no setor
começaram após a crise do petróleo na primeira metade da 5,80%
década de 70 [18, 19].
A partir 1981 até 1990, o governo dos EUA concedeu 5,30%
incentivos através de investimentos e créditos de energia. 3,10%
Como resultado, iniciou-se a produção de energia eólica em
larga escala com a instalação de 1,7 GW no estado da 2,60%
Califórnia [20]. Somente em 1999, quase uma década depois,
surgiram as primeiras adições eólicas à matriz energética do 2,40%
Brasil [21]. 2,10%
No início do século XXI, a hidroeletricidade já era
responsável por 42% da matriz energética e por 90% da matriz 2,00%
elétrica do Brasil [22]. A dependência do petróleo deu lugar à
dependência da energia hidroelétrica no país. 15,50%
O nível dos reservatórios das UHE (Usinas Hidroelétricas)
brasileiras em funcionamento reduziram substancialmente
entre 2000 e 2001, prejudicando a capacidade de geração China EUA Alemanha
desses empreendimentos. A razão desse evento foi a seca que
Índia Espanha Reino Unido
assolou o Brasil no período. A partir de então, o governo
brasileiro começou a perceber a necessidade de uma maior Canadá França Itália
diversificação da matriz energética brasileira [23]. Brasil Demais Países
Em 26 de abril de 2002 o governo brasileiro sancionou a Lei
10.438/02 com a proposta de “expansão da oferta de energia Figura 1. Top 10 países com maior capacidade instalada acumulada de energia
elétrica emergencial, recomposição tarifária extraordinária, eólica em 2015 [28].
criando o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de
Energia Elétrica (PROINFA)” [24]. Atualmente a China é o maior produtor de energia pela
A criação do PROINFA desencadeou o surgimento de matríz eólica e responsável por grande parte dos avanços
políticas regulatórias favoráveis para o surgimento de energias tecnológicos no setor. O Brasil chegou a 10,74 GW de
renováveis, assim como a eólica. Inicialmente o país pretendia capacidade instalada ultrapassando a Itália e ocupando o nono
gerar 3300 MW de energia através do PROINFA por pequenas lugar no ranking.
centrais hidroelétricas, usinas eólicas e biomassa [25, 26]. Além das incertezas econômicas, existem fatores gerenciais
Até o final de 2005, a capacidade eólica instalada era de e técnicos que aumentam o nível de incerteza e o risco de
28,55 MW. Em 2006, foram instalados 208 MW, uma taxa de investimento em energia eólica. Aumentar o número de
ferramentas e estudos que auxiliem essas organizações para incentivos importantes somente em 2009 com a ocorrência do
que realizem a transição energética de forma consistente, leilão de geração exclusiva para empreendimentos eólicos. O
influencia diretamente no crescimento do setor. desfecho foi positivos e atraiu fabricantes da indústria eólica.
Os resultados se repetiram no leilão de 2010 com a adição de
III. A ECONOMIA DA MATRIZ EÓLICA BRASILEIRA 325 MW na capacidade instalada, despertando ainda mais os
investidores para o setor [27].
Mesmo após a criação do PROINFA o período de 1999 a Com a criação de políticas regulatórias do Brasil (como o
2005 foi marcado por modestos incrementos na capacidade PROINFA), o número de empresas nacionais e internacionais
eólica instalada (29 MW). A causa disso foram os altos dispostas a altos investimentos no setor eólico brasileiro
impostos e taxas significativas de importação no período, o cresceu. Com o crescimento do número de empresas atuantes
que tornou onerosa a implantação dos projetos. no setor eólico, a competitividade frente às outras fontes de
As centrais eólicas implantadas se tornavam viáveis apenas energia, antes predominantes no país, também aumentou.
quando a produção e o abastecimento eram locais [27]. A falta Traçando a média de participação dos ventos na contratação
de desenvolvedores e indústrias do mercado eólico (como de lotes nos leilões chegamos a 63%. Ou seja, mais da metade
fabricantes de turbinas) no Brasil forçava as empresas a dos lotes licitados são contratados para geração de energia
utilizarem materiais importados o que encarecia o preço do eólica. Nessa análise, tem-se uma máxima de 100% e mínima
MW/h e reduzia significativamente a competitividade da de 15% de lotes arrematados por empreendimentos eólicos.
energia eólica no mercado nacional. Enquanto isso, o governo Os dois mecanismos mais utilizados para aquisição de
brasileiro aumentava os incentivos fiscais para a geração de energias renováveis em âmbito global são as tarifas fixas
energia com pequenas e grandes centrais hidroelétrica e (feed-in-tariff) e leilões [36]. Para a utilização de tarifas fixas é
biomassa. indispensável à utilização de contratos de longo prazo e
A energia eólica ganhou mercado nos últimos anos e atraiu bonificações dos governos como, por exemplo, o
uma parte significativa dos investimentos em fontes de energia congelamento das taxas pagas pela energia produzida. Porém,
sustentável [29, 30, 34]. caso as tarifas utilizadas estejam baseadas em informações
Os empreendimentos eólicos tiveram sua primeira insuficientes, a consequência seria tarifas pouco competitivas
participação em leilões de geração no Brasil a partir de 2007. ou incorretas [37].
Após esse ano até meados de 2016, ocorreram 21 leilões para Com um grande potencial de rentabilidade, o leilão é cada
energias renováveis, porém, 2 foram cancelados: leilões 08- vez mais aceito como a melhor forma de contratação de
2009 e 01-2012. energias renováveis [38]. Para Shrimali et. al. [36], quando os
A Fig. 2 mostra a evolução da capacidade instalada de leilões são projetados de forma adequada, se tornam as
energia eólica desde a criação do PROINFA até Janeiro de ferramentas mais eficientes e transparentes de auxilio no
2017. Também aponta um crescimento médio de 300% ao ano desenvolvimento de fontes alternativas de energia.
de capacidade instalada entre 2006 e 2014 no país. Em 2015, o investimento total no setor energético mundial
foi de, aproximadamente, USD 1,8 trilhões em todo o globo.
Do valor investido, 7% foram aplicados em energia térmica,
2017 10850 14% em redes elétricas, 12% eficiência energética, 23% em
2016 10740 geração de energia, 46% óleo e gás, 1% em biocombustíveis e
2015 8715 17% em energias renováveis. Os números mostram uma
2014 5962 redução de 8% do investimento global de energia com um
2013 3466 déficit de USD 200 bilhões em combustíveis fósseis em
relação aos anos anteriores, porém as quotas de eficiência
2012 2000
energética, redes de transmissão e energias renováveis
2011 1509 expandiram [32].
2010 931 O período compreendido entre 2009 e 2016 o setor eólico
2009 606 brasileiro teve um investimento aproximado de US$ 29,05
2008 341 bilhões [32].
2007 247
Além da crescente participação dos projetos de energia
eólica nos leilões de geração de energia, uma das principais
2006 237
consequências das mudanças regulatórias foi uma maior
2005 29 competitividade da matriz eólica no mercado. Com exceção
2004 29 dos leilões 03-2007, 03-2008 e 01-2016, todos tiveram
2003 29 empreendimentos eólicos entre os vencedores.
2002 22 Nos primeiros editais de energias renováveis lançados, a
maioria das empresas participantes eram de origem
0 3000 6000 9000 12000 estrangeira. Mas com o aumento de incentivos fiscais, esses
Figura 2. Evolução da capacidade eólica instalada no Brasil em MW.
números foram se equilibrando e dando maior equidade ao
mercado brasileiro.
Aproximadamente 60% dos parques eólicos instalados no A Fig. 3 mostra os investimentos no setor eólico por ano no
Brasil estão localizados na região Nordeste do país [10, 35]. Brasil desde 2009.
Mesmo com a criação do PROINFA o mercado eólico ganhou
 Através da análise da Fig. 4, fica evidente o crescimento da
Investimento em Bilhões (US$) participação dos empreendimentos eólicos a partir do leilão
03/2009, o qual foi específico para geração eólica. Após esse
5,86 marco, não ocorreu um leilão em que não houvesse
6
5,36 empreendimentos eólicos licitantes.
5,10
5 De Jong et. al. [39] fez uma contribuição relevantes quando
trouxe um comparativo da viabilidade econômica da geração
4 3,77 de energia por fontes renováveis no Brasil em seu trabalho.
Realizando 13 estudos de caso com tecnologias diferentes,
3,06
De Jong et. al. [39] examinou que, com o aumento de isenções
3
2,30 fiscais o custo nivelado de eletricidade tende a ser mais baixo
1,91 em empreendimentos eólicos.
2 1,69
Outro fato que se pôde comprovar com os estudos de De
Jong et. al. [39] foi que os custos de investimento de um
1
empreendimento eólico possuem fator determinante no preço
de venda da energia, uma vez que representam cerca de 90%
0
dos custos de geração da mesma.
2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016
Em média, os preços de geração de energia por
Figura 3. Investimento no setor de energia eólica no Brasil em Bilhões (US$) empreendimentos eólicos alcançaram valores inferiores à
média geral, que compreende centrais de geração por carvão,
Um fato significativo ocorreu no primeiro leilão de 2010. biomassa, fotovoltaica e pequenas centrais hidroelétricas. No
Houve um grande número de empreendimentos eólicos edital 06-2014, a média de preço de venda por fonte eólica
ganhadores do leilão (20 no total). Porém 95%, por problemas chegou a ser 30,63% inferior ao preço médio do mesmo leilão.
na documentação, quase foram desqualificados. Esse fato Apesar da energia eólica, no geral, possuir o menor preço de
retrata a necessidade de maiores informações e instrumentos venda, os custos de instalação dessa tecnologia tende a
que ajudem as empresas do setor eólico na implantação e apresentar uma queda acentuada com a fabricação de turbinas
tomada de decisão de seus investimentos. eólicas no Brasil [10].
Apesar das incertezas que cercavam o mercado, a matriz A Tabela I contém os preços médios de venda dos certames
eólica continuou ganhando destaque econômico, que tiveram empreendimentos eólicos vencedores.
impulsionando estudos para comprovar as vantagens
financeiras dessa fonte de energia quando comparada a outras TABELA I
PREÇOS DE VENDAS DOS LEILÕES
fontes renováveis [10, 23, 39].
A Fig. 4 mostra o número de empreendimentos eólicos Leilão/Ano Preço médio de venda Preço médio de venda dos
licitantes nos leilões de energias renováveis no Brasil. (R$/MWh) empreendimentos eólicos
(R$/MWh)
03/2009 R$ 148,39 R$ 148,39
07/2010 R$ 148,39 R$ 131,83
01/2016 0 02/2011 R$ 102,07 R$ 99,50
09/2015 45 03/2011 R$ 99,61 R$ 99,60
04/2015 19 07/2011 R$ 102,18 R$ 105,53
02/2015 3 06/2012 R$ 91,25 R$ 87,98
08/2014 31 05/2013 R$ 110,51 R$ 110,51
09/2013 R$ 124,43 R$ 124,43
06/2014 36
10/2013 R$ 109,93 R$ 107,27
03/2014 21 03/2014 R$ 126,18 R$ 130,05
10/2013 97 06/2014 R$ 196,11 R$ 136,05
09/2013 39 08/2014 R$ 169,82 R$ 142,31
05/2013 66 02/2015 R$ 199,97 R$ 177,47
04/2015 R$ 188,87 R$ 181,09
06/2012 10
09/2015 R$ 249,00 R$ 198,43
07/2011 39
03/2011 34
Instituições nacionais e internacionais, como a ABEEEólica
02/2011 44
(Associação Brasileira de Energia Eólica) e o GWEC (Global
07/2010 50
Wind Energy Council) vêm tentando prever o cenário para
05/2010 20
futuros investimento no mercado de energia eólica. A
03/2009 71
ABEEólica, em seu boletim anual de 2012, estimou que a
03/2008 1
capacidade instalada de energia eólica em 2016 seria de 8,76
03/2007 0
GW [29]. Porém, os parques eólicos em funcionamento
0 20 40 60 80 100 ultrapassaram de forma significativa esta marca neste mesmo
ano. De acordo com os últimos boletins anuais publicados em
Figura 4. Empreendimentos eólicos licitantes dos últimos leilões no Brasil.
janeiro de 2017 pela ABEEólica e GWEC, o Brasil atingiu a
marca de 10,74 GW de capacidade instalada. São 1,98 GW a
mais do que previsto no boletim de 2012. Ainda de acordo
com os mesmos, estima-se que em 2020 a capacidade
instalada de geração de energia eólica chegará a 17,95 GW.
Para realizar uma análise de cenário não é suficiente tomar
por base apenas a economia, mas como a mesma se estrutura,
as tendências de desenvolvimento da tecnologia, os padrões
tecnológicos, os recursos existentes e os possíveis riscos.
Portanto, o desenvolvimento de um cenário com horizonte de
longo prazo deve ser feito com considerável cautela [40].
As incertezas ao redor do mercado de energia aumentam o
nível de complexidade para a montagem de cenário. Grande
parte dessas incertezas não podem ser quantificadas de modo a
inviabilizar uma análise estatística e, consequentemente,
probabilística [41].
Atualmente, o Brasil possui 423 parques eólicos instalados
responsáveis pelo total da capacidade instalada da matriz
eólica. Possui, também, 181 empreendimentos com obras não
iniciadas com capacidade de geração de 4,16 GW e 149 para
término de construção com perspectiva de geração de 3,5 GW
[42].
IV. RISCOS PARA A EVOLUÇÃO DA ENERGIA
EÓLICA NO BRASIL
A energia renovável é uma indústria de capital que demanda
altos níveis de investimentos e busca constante por inovação
tecnológica. Existem inúmeras incertezas que cercam os
investimentos no setor de energias limpas, sendo estas,
grandes desafios a serem enfrentados para uma maior
confiabilidade à tomada de decisão na inserção de capital.
Logo, a análise e avaliação de riscos tornam-se fatores de
grande importância no desenvolvimento de energias
renováveis, uma vez que apoiam a tomada de decisão de
investimentos [43, 44].
Um grande número de projetos de energia com tecnologias
avançadas não são desenvolvidos por insegurança no setor
[45].
O mercado de energias renováveis não está isento dos riscos
inerentes a quaisquer investimentos, mas além destes possui
riscos associados diretamente ao setor de energia. Sendo
assim, as incertezas resultantes de um complexo ambiente de
investimento aumentam cada vez mais, podendo causar o
fracasso de projetos de energias renováveis [46].
Grande parte dos riscos ligados ao setor energético afetam
diretamente e de forma expressiva os lucros. Identificar e
gerenciar tais ameaças ao desempenho do projeto é primordial
para o sucesso do mesmo [49].
Uma vez explícito o quão importante é a identificação dos
riscos nas atividades de investimento de energias renováveis,
fica notória a necessidade de reconhecer, categorizar,
compreender e avaliar os mesmos, assim como suas
consequências. Sem essa prática se torna inviável prever o
cenário de implantação de projetos e adotar medidas corretivas
para suprimir ou controlar esses ricos de forma efetiva [43].
Apesar do notável aumento no incentivo público, o mercado
de energias renováveis está restrito, pois necessitam de apoio
intitucional coerente [48, 49]. As empresas que atuam em
países em desenvolvimento como o Brasil não recebem o
apoio regulamentar ideal para a transição energética, criando
barreiras para a absorção de energias renováveis [50]. Porém,
a expectativa de um grande aumento da aceitação de energias
renováveis pelas empresas ainda é grande nesses países [34].
Para qualquer projeto é necessário um investimento inicial, o
setor energético não é diferente. Uma vez que as empresas
e/ou investidores percebem que existem incertezas
regulatórias as quais podem gerar quedas de rentabilidade dos
projetos, a tendência é optar por não invertir [51].
O empreendedorismo está sendo visto como grande aliado
para que as empresas assimilem a transição energética
mudando a economia de mercado [52, 53, 54]. O
reconhecimento e a importância dos empresários no cenário
atual são expressos pela capacidade que possuem em inserir
energias renováveis em mercados dominados por
combustíveis fósseis [48]. O empreendedorismo em energias
renováveis é necessário para superar o ambiente comercial
dominado por energias com alta emissão de carbono nos
países em desenvolvimento [53, 55].
A tendência do setor empresarial de assumir certa medida de
riscos promove mudanças organizacionais, sendo esse o
principal e necessário ingrediente para quebrar a hegemonia
dos combustíveis fósseis abrindo caminho para energias
renováveis [52].
Uma ferramenta de grande importância e facilitadora quando
em associação à absorção de energias renováveis é o plano de
negócios, especialmente em países em desenvolvimento [57,
59]. Até mesmo grandes projetos tecnológicos podem falhar
quando subestimada a importância de um modelo de negócios
para inserção do mesmo no mercado . Ainda não existe
menção sobre conhecimento teórico ou modelo de negócios
aplicado a transição energética [58].
Cada projeto de energia eólica possui particularidades que
dificultam uma análise mais abrangente ao setor, gerando
apenas ideias que norteiam a análise de risco de uma forma
geral e não aplicada especificamente ao mercado.
Apesar de projetos de energias possuírem riscos comuns a
outros setores, esses estão sujeitos a muitas variações do
ambiente comercial, regulação do país onde está instalado,
entre outros fatores [47].
Inúmeros modelos foram criados ao longo dos últimos 10
anos para avaliar os riscos de investimentos em energias
renováveis. É unanimidade entre os resultados de aplicações
desses modelos que o maior risco de investimento no mercado
é o ambiente regulatório estatal [46, 59, 60, 61]. Porém
existem poucas pesquisas que tratam possibilidade de
empresas investidoras da matriz energética do petróleo
realizarem a transição energética em seus investimentos.
O gerenciamento de riscos para energias renováveis será um
dos grandes mercados do futuro. O aumento de incentivos,
crescimento das fontes renováveis de energia e exposição ao
risco de mercado irá implicar em um aumento de despesas em
serviços de gestão. A estimativa é que o gasto anual com a
gestão de risco alcance a importância de USD 3,7 bilhões até
2020. Neste valor estão incluídos os serviços de seguro [62].
Visto a influência das incertezas na implementação de
projetos de energia eólica, há uma grande necessidade de
desenvolver ferramentas cada vez mais precisas para auxiliar
as emrpesas e investidores do setor.
Um das grandes dificuldades na criação de modelos de
gerenciamento desses riscos em empreendimentos de energia
eólica é o tratamento de indicadores qualitativos. Uma
alternativa para aumentar a precisão desses modelos seria a
criação de uma metodologia para quantificar esses indicadores
afim de possibilitar análises mais claras.
Outro fator a ser abordado seria a correlação entre os
indicadores técnicos e econômicos para implantação dos
projetos e a iteração entre eles. Este conhecimento permitiria
uma visão mais ampla do nível de inferência dos indicadores
na viabilidade do projeto.
Estudos voltados para a redução das interferências
regulatórias no mercado, também pode ser um campo de
pesquisa promissor para o setor eólico. Uma vez que exista a
possibilidade de redução da interferência dos riscos oriundos
as políticas de regulação, a confiabilidade do projeto
aumentaria consideravelmente assim como a viabilidade do
mesmo.
V. CONCLUSÃO
Através desse estudo foi possível observar que o setor de
energias renováveis necessita de incentivos regulatórios para
seu desenvolvimento. A matriz eólica começou a se
desenvolver no país a partir de medidas de incentivos fiscais.
Logo após, se mostrou uma excelente alternativa para a
geração de energia elétrica no Brasil. As vantagens
econômicas e a minimização de impactos ambientais reforçam
a discussão quanto a necessidade do vento tornar-se
protagonista na matriz energética brasileira.
O grande potencial eólico brasileiro, timidamente explorado,
ainda aumenta as expectativas de investidores para essa fatia
de mercado. A evolução progressiva do setor é motivadora
para investimentos futuros. Porém, ainda se fazem necessários
estudos para auxiliar empresas, muitas delas nacionais, a se
estabelecerem no mercado.
A eficiência na produção de energia eólica conferi a ela uma
importante função, pois possui o menor custo de geração de
eletricidade a longo prazo. Por esse motivo é uma das
indústrias que mais cresce no mundo.
As estatísticas positivas da implantação de fontes de energia
renovável mostra que é possível alcançar um desenvolvimento
sustentável através da transição energética. As empresas estão
a cada dia procurando se adequar às exigências de um cenário
global à sustentabilidade, porém necessitam de apoio
governamental, plano de negócio e planeamento bem
elaborados. A energia eólica tem provado ser uma boa
alternativa de investimento com possibilidade de crescimento,
apesar dos riscos envolvidos na transição.
REFERÊNCIAS
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Sara Oliveira Nunes – Graduada em Engenharia Civil pela
UEFS (Universidade Federal da Bahia) em 2016 e,
atualmente, mestranda em Engenharia Industrial na UFBA
(Universidade Federal da Bahia). Atuou na EDOC
Engenharia e Design Oliveira Canedo (2015-2016).
Atualmente trabalha com pesquisa em transição energética,
energia eólica e análise de risco.
Eduardo Oliveira Teles – Graduado em Análise de
Sistemas, com Especialização em Metodologia do Ensino e
MBA em Petróleo e Gás, Mestre em Modelagem
Computacional e Doutor em Engenharia Industrial. Trabalha
com inovação e tecnologias assistivas, modelagem e
desenvolvimento de ferramentas de apoio à decisão. É
avaliador de infraestrutura e de cursos do MEC. Professor e
Pesquisador no Instituto Federal da Bahia - Campus Camaçari, e membro do
PROFNIT - Mestrado Profissional em Propriedade Intelectual e
Transferência de Tecnologia para a Inovação.
Marcelo Santana Silva – Pós-Doutorando (PDJ/CNPq) em
Engenharia Industrial (UFBA). Doutor em Energia e
Ambiente (UFBA), Mestre em Regulação da Indústria de
Energia (UNIFACS) e Economista pela Universidade
Estadual de Santa Cruz (UESC). Desde 02/2007 é
pesquisador e professor com dedicação exclusiva no ensino
técnico e superior do Instituto Federal da Bahia (IFBA)
(atualmente Associado II -DIV). É Docente Permanente do Mestrado em
Propriedade Intelectual e Transferência de Tecnologia para a Inovação
(PROFNIT/IFBA).
Ednildo Andrade Torres – Ednildo Andrade Torres é
coordenador do Laboratório de Energia e Gás (LEN), da
Escola Politécnica da UFBA, com pós-doutorado na
FAMU/FSU US, doutor em Energia pela UNICAMP, Mestre
pela Universidade de São Paulo/Escola Politécnica,
graduação na Universidade Federal da Bahia. Foi chefe por
dois períodos do Departamento de Engenharia
Química/UFBA, Possui 30 anos de experiência na área de desenvolvimento
tecnológico entre Centros de Pesquisa Industriais e Universidades. É
membro titula da Academia de Ciências da Bahia, é vice-coordenador do
INCT Energia e Ambiente, com sede na UFBA.