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Metodologia

Este estudo adotou uma pesquisa exploratória para avaliar o estado atual e
as tendências futuras na transição energética no Brasil. Devido ao volume
substancial de literatura relacionada ao tema, foi empregada uma técnica de leitura
seletiva para identificar e extrair informações relevantes dos textos selecionados
através da leitura minuciosa de títulos, resumos, introduções e conclusões dos
artigos, bem como das seções que abordam diretamente o tópico de interesse.
Através deste método, foi possível captar as ideias centrais, argumentos, e
evidências apresentadas em cada texto, relativas à transição energética e suas
implicações socioeconômicas e ecológicas.
O trabalho começou a análise do material produzido por Guerra et al. (2015),
desenvolvido em cima de informações extraídas do LEAP (Long-range Energy
Alternatives Planning System), uma plataforma de modelagem de energia
amplamente utilizada para planejamento de energia e análise de cenários de
mitigação de gases de efeito estufa. O LEAP permitiu a criação de modelos
detalhados dos setores do sistema energético brasileiro, desde a extração de
recursos naturais, passando pela transformação e distribuição de energia. Foi
possível então analisar impactos ambientais, socioeconômicas e projetar o cenário
brasileiro até 2030.
Estudos prévios demonstraram uma posição de destaque do Brasil em
relação a outros países quanto aos índices internacionais de emissão de CO2. Pires
e Holtz (2013) destacou que, em 2007, apenas 1,5% das emissões de gases de
efeito estufa no Brasil provinham do setor elétrico, em contraste com uma média
global de 24% (Tabela 1). Em contrapartida, as projeções apontaram que o consumo
total de energia do país aumentariam 67% e isso ocorreria em detrimento da
participação de fontes importantes de energia renováveis, principalmente a
biomassa, ampliando assim o consumo de fontes de energia fósseis a longo prazo.

Tabela 1

Emissões do Brasil (mil t CO²e) .

Ano

1994 2005 2007

Agropecuário 369 480 479


Indústria e Resíduos 42 55 60
Energia 248 347 381
Desmatamento 818 1.6060 770
Emissões totais 1.477 1.942 1.690
Fonte: MMA, MAPA, MME, MF, MDIC, MCT, MRE (2012).
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Para incentivar a geração limpa, a integração entre os setores público e


privado é crucial, pois são necessários recursos econômicos significativos no intuito
de aumentar a participação de fontes renováveis na matriz energética nacional,

Fig. 1. Geração de eletricidade por fonte (Terawatt-hora)

Um segundo aspecto chave da metodologia foi examinar a interação das


novas fontes de energia renovável com o mix energético existente do Brasil. Foi
avaliado o impacto dessas novas fontes na geração de energia, especialmente dada
a sua intermitência, e a necessidade de adaptar o modelo energético atual para
acomodar essas variações Heinberg e Fridley (2016, p.79).

Fig. 2. Intermitência da geração de eletricidade com energia renovável e seu efeito no preço.
Este gráfico mostra a produção de eletricidade da Alemanha e os preços na semana de 7 de abril de 2014. À
medida que a produção de energia renovável flutua, os preços sobrem o impacto proporcional. Fonte:
Johannes Mayer, “Produção de eletricidade e preços spot na Alemanha 2014” (Freiburg: Fraunhofer ISE, 31 de
dezembro de 2014), https://www.ise.fraunhofer.de/en/renewable-energy-data.

Com o objetivo de conectar os impactos do processo de mudança na matriz


energética ao cotidiano da população geral, foi agregado a metodologia os aspectos
sociopolíticos identificados por Cataia e Duarte (2022), que trouxeram luz a
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influência neoliberal e os impactos dessa politica no assunto no mercado de energia


brasileiro. A análise crítica dessa obra permitiu uma compreensão mais profunda
das implicações sociais que transição energética pode causar ao Brasil e dos
possíveis desafios que surgiram se seguirmos este modelo no futuro.
Foi realizada uma análise da Resolução nº 482 da ANEEL, que estabelece
diretrizes para a geração distribuída de energia renovável no Brasil. Avaliamos suas
disposições e alterações subsequentes, focando em três pontos principais: incentivo
à adoção de energias renováveis, desafios e impacto na indústria de energia.
Foi realizada também uma análise do Acordo de Paris, um marco sem
precedentes na luta global contra as mudanças climáticas, e suas implicações para
a transição energética e a adoção de energia renovável no Brasil.
Foram incorporadas as conclusões de estudos recentes, como o trabalho de
Gielen et al. (2021), que destaca a aceleração da transição energética e as
inovações que facilitam a adoção de energias renováveis e tecnologias de
armazenamento, como baterias. Esta avaliação fornece um contexto global para
nossa análise mais localizada do cenário brasileiro.
A transição energética para fontes de energia renováveis é um processo
complexo e inevitável que envolve múltiplos elementos. No Brasil, a abundância de
recursos naturais proporciona a oportunidades de que o país se projete como um
destaque internacional em produção de energia limpa, no entanto, para a
concretização dessa projeção é fundamental uma integração consistente entre os
setores público e privado, além da premissa que nessa empreitada, a inclusão social
é uma cláusula pétrea para garantia de um futuro sustentável e resiliente.

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