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IMPACTOS TÉCNICOS E SOCIOECONÔMICOS DA GERAÇÃO DISTRIBUÍDA


DE ENERGIA FOTOVOLTAICA NO ESTADO DO MARANHÃO
TECHNICAL AND SOCIOECONOMIC IMPACTS OF THE DISTRIBUTED
GENERATION OF PHOTOVOLTAIC ENERGY IN THE STATE OF MARANHÃO

AMALONE DA SILVA CARVALHO SOARES1


Prof. FILIPE BORGES PEREIRA2

RESUMO
O projeto teve o objetivo de analisar os impactos técnicos e socioeconômicos da geração
distribuída no Maranhão. Devido o estado em questão estar localizado na região Nordeste, onde
encontram-se elevados índices de irradiação solar em relação às outras regiões do Brasil,
desenvolveu-se simulações em um modelo de um sistema fotovoltaico, através do software
PVsyst, a fim de coletar-se informações sobre as cidades com os melhores aproveitamentos da
incidência de irradiação solar no Maranhão, como também as comparar com simulações acerca
do potencial energético em outras cidades do país, feitas no mesmo modelo. Para as simulações,
utilizou-se o parâmetro de 5 (cinco) módulos de 260 Wp, com um inversor de 1,5 KWp, com o
objetivo de suprir a necessidade de consumo médio em uma residência no Maranhão. Na
abordagem do aspecto social, para determinar-se a viabilidade do desenvolvimento de projetos
nas regiões, foram produzidos cenários econômicos com projeções conservadoras e otimistas
em relação ao crescimento da capacidade instalada no estado do Maranhão, e também fez-se
uma projeção para o Brasil. Através dos dados obtidos da capacidade instalada, efetuou-se uma
análise em relação à criação de empregos por MW de capacidade instalada na geração
distribuída de energia fotovoltaica do setor de geração de energia renováveis.

Palavras-chaves: aproveitamento do potencial fotovoltaico; criação de empregos; energia solar.

ABSTRACT
The project aims to analyze the technical and socioeconomic impacts of distributed generation
in Maranhão. Due to the region being located in the northeast, where there is high levels of
solar irradiation in relation to other regions of Brazil, simulations were developed in a model
of a photovoltaic system, through the PVsyst software, in order to collect information about the
best potencial of the cities of incidence solar irradiation in the state of Maranhão, and comparing
with simulations made of the same model, the energy potential in other cities in the country.
For the simulations, the parameter of 5 (five) modules of 260 Wp was used, with a 1.5 KWp
inverter, capable of to supplying the average consumption need in a residence in Maranhão. In
the approach of the social aspect to determine the feasibility of developing projects in the
regions, economic scenarios were developed with conservative and optimistic projections in
relation to the growth of installed capacity in the state of Maranhão, and a projection was also
made for Brazil. Through the data obtained from the installed capacity, it was possible to make
an analysis in relation to the creation of jobs per MW of installed capacity in the distributed
generation of photovoltaic energy in the renewable energy generation sector.

Keywords: harnessing the photovoltaic potential; job creation; solar energy.

1
Aluno de graduação do curso de Engenharia Elétrica da Faculdade Internacional de São Luís (ISL Wyden).
E-mail: amalonecavalho@gmail.com.
2
Professor Mestre, em Engenharia de Eletricidade, Felipe Borges Pereira.
2

DATA DE SUBMISSÃO DO ARTIGO: ___/___/___


DATA DE APROVAÇÃO DO ARTIGO: ___/___/___

1 INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, tem havido crises hídricas e aumentos nos preços dos combustíveis,
e as energias renováveis vem se tornando uma realidade para a mitigação de futuros eventos
inesperados na matriz energética do nosso país, mesmo ainda fazendo parte de um pequeno
espectro produtivo, são indiscutíveis os avanços desse tipo de geração alternativa às fontes de
energia não renováveis.
Na década de 1970, houve bastante discursão sobre a crise do aumento dos preços do
petróleo devido os embargos econômicos dos países árabes às nações aliadas de Israel na Guerra
do Yom Kipur, até então os principais exportadores de petróleo do mundo. Consequentemente,
vários países tiveram que encontrar soluções para mitigar as consequências da crise, e uma das
soluções foi a exploração de energia de fontes renováveis para compor a matriz de
abastecimento da população, tais ações também trouxeram consigo a preocupação sobre a
preservação do meio ambiente devido a emissão de gases tóxicos, os quais pesquisas mostraram
ter efeito de aquecimento na atmosfera da Terra. As preocupações envolvidas com os efeitos
nocivos devido a emissão de poluentes tomaram força de implementação nas economias dos
países envolvidos na Conferência das Partes III, onde os convocados entraram em vários
acordos, e um deles foi para que, de forma gradativa, substituíssem a queima de combustível
fóssil por fontes renováveis de energia. Esse acordo ficou conhecido como Protocolo de Kyoto.
Com o passar dos anos, a energia solar teve uma diminuição nos preços para geração de
energia (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA, 2021),
fazendo com o que o consumidor passasse a considerar a possibilidade de utilização dessa fonte
sustentável de energia, e o mercado aponta um futuro promissor para esse setor de energia
renovável.

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Maranhão frente as mudanças climáticas


Na segunda década desse século, o Maranhão obteve avanços significativos na geração
de energia elétrica fotovoltaica, encabeçando assim a 14ª posição no ranking de geração
distribuída, compreendendo 2,5% de toda a produção do país (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
DE ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA, 2022).
O estado do Maranhão também tem apresentado expressivos avanços na sua política de
desenvolvimento sustentável. Em 2017, foi institucionalizada a adesão ao plano Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Organização das Nações Unidas (ONU), com o
objetivo de alcançar, por meio de ações nos setores públicos e privados, as metas estabelecidas
pela Agenda 2030 ― o desenvolvimento econômico, o desenvolvimento ambiental, a gestão
urbana sustentável e a redução das desigualdades sociais.
No ano de 2022, o governo do Maranhão visa a construção do Plano Maranhão 2050,
que tem como objetivo implementar planos de ação para o desenvolvimento socioeconômico e
o ambiental, junto à Secretaria do Estado do Planejamento e Orçamento (Seplan), através de
estratégias para o aumento da oferta de energia limpa e da descarbonização da economia. Foi
criada a comissão que irá desenvolver a Política Estadual de Energia Renovável, em que
diretrizes serão criadas para o desenvolvimento e a coordenação de projetos e de ações para a
produção de energia limpa, dando-se ênfase às energias eólica e solar.
3

2.2 Energia fotovoltaica em comparação às fontes de energia não renovável


A preferência pela energia fotovoltaica teve um crescimento significativo em comparação às
termelétricas, essas, por vez, alimentadas por combustíveis fósseis geradores dos gases de efeito
estufa. Em 2017, observou-se um aumento considerável nas unidades liberadas de centrais
geradoras de energia elétrica como é ilustrado na Figura 1.

Figura 1 – Gráfico da implantação das centrais geradoras de energia elétrica liberadas para operação comercial.

Fonte: Agência Nacional de Energia Elétrica (2022).

Na Figura 1, é possível observar um aumento na demanda pela fonte de energia solar


fotovoltaica em comparação às fontes de energia de origem fóssil.

Tabela 1 – Dados do avanço da energia fotovoltaica sobre as energias não renováveis.


Origem do Combustível potência (MW) por Ano
Fóssil 522 449 531 1.930 1.695 166
Solar 933 824 657 793 1.299 403
Período 2017 2018 2019 2020 2021 2022
Fonte: Agência Nacional de Energia Elétrica (2022).

A Tabela 1 mostra o aumento significativo da quantidade de potência instalada


fotovoltaica liberada para a operação comercial em comparação com a fonte de energia de
origem fóssil.

2.3 Abastecimento energético do estado do Maranhão


Anteriormente, a energia elétrica que abastecia o estado do Maranhão procedia de fontes
externas localizadas nos estados do Piauí (Hidrelétrica de Boa Esperança) e do Pará
(Hidrelétrica de Tucuruí). Com a criação do Plano Decenal de Oferta de Energia Elétrica
(2000/2009), deu-se o planejamento e o início da construção da Usina Hidrelétrica de Estreito,
por sua vez, capaz de gerar 1.092 MW, atendendo, assim, o aumento da demanda nacional
(CONSÓRCIO ESTREITO ENERGIA, 2017).
O Maranhão vem diversificando suas fontes de geração e hoje tem a sua matriz
energética composta por 29 usinas termelétricas, por 16 parques eólicos, por 3 (três) usinas
solares e por 1 (uma) hidrelétrica, o que totaliza aproximadamente 4 GWp de potência instalada
disponível. Pesquisas para a realização de usinas de energia maremotriz para o estado estão
sendo feitas, onde estudos apontam que a costa do litoral maranhense pode ter potencial elétrico
suficiente para a geração de aproximadamente 3,5 GW disponível para a região (MARANHÃO,
2015).
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2.4 Aproveitamento solar do Brasil e do Maranhão


O Brasil está localizado no hemisfério sul do globo terrestre, e, devido a sua posição
natural e a inclinação da Terra, o país tem os maiores índices de irradiação global do mundo,
recebendo luz do sol durante o ano inteiro. A média de incidência de irradiação solar diária
pode variar de 4,5 a 6,3 quilowatt hora por metro quadrado (KWh/m²/dia). E os valores de
irradiação solar global incidente no país variam entre (1500-2500 KWh/m²/ano), sendo
superiores aos da maioria dos países do hemisfério norte do globo (PEREIRA et al., 2017).
A região do Brasil que dispõe de maior recurso solar é a Nordeste, onde a média diária
de irradiação global corresponde a 5.9 KWh/m2/dia, enquanto que, no Maranhão, a média fica
em 5,5 KWh/m2/dia (PEREIRA et al., 2017), cenário este que mostra ser viável a
implementação de projetos de geração elétrica fotovoltaicos na região citada.

2.5 Capacidade de potência instalada da geração distribuída no Brasil e no Maranhão


A capacidade de potência instalada, no Brasil, de energia fotovoltaica, até junho de
2022, conta agora com 1.045.924 conexões de micro e de minigeração distribuída e a
capacidade instalada de 11.073.626,11 KWp. Os estados com maiores números de conexões
são respectivamente os de Minas Gerais (163.938 conexões), de São Paulo (170.803) e do Rio
Grande do Sul (139.786). O Maranhão, por sua vez, possui 21.817 conexões de mini e de
microgeração, com capacidade instalada de 263.640 KWp de potência (AGÊNCIA
NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2022).

2.6 Setor de energia renovável no Brasil e geração de empregos


Devido os constantes investimentos, a geração de empregos no setor de fonte de energia
renovável já totaliza 12 milhões de pessoas empregadas em todo o mundo, englobando fontes
de energia como a fotovoltaica, a biomassa, o biogás, a eólica, o aquecimento solar, a
geotérmica, entre outras. Ademais, a energia fotovoltaica desponta como a fonte de energia
renovável que mais tem gerado empregos no mundo (INTERNATIONAL RENEWABLE
ENERGY AGENCY, 2021).
Só no Brasil, em 2021, foram registrados 153 mil novos empregos no setor de energia
fotovoltaica, o que representou um aumento significativo de 77% em relação ao ano de 2020.
Um levantamento realizado pela Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica
(ABSOLAR) mostrou que o setor atraiu mais de R$ 21 bilhões só em 2021, já movimentou R$
66 bilhões e gerou 390 mil empregos desde o ano de 2012. Na atualidade, o Brasil já conta com
13 GWp em geração de energia fotovoltaica centralizada e distribuída, sendo sua maior parte
em geração distribuída (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENERGIA SOLAR
FOTOVOLTAICA, 2021).

2.7 Módulos e inversores


A célula fotovoltaica é um componente básico em que uma única célula produz pouca
eletricidade. Então, agrupando várias células, são produzidos os módulos ou painéis
fotovoltaicos. Um módulo é construído por um conjunto de células eletricamente conectadas
sob uma estrutura e, em sua maioria, conectadas em series para atingirem tensões maiores.
Também contam com inversores CC/CA para a transformação de tensão e de frequência em
valores nominais.
Os módulos também possuem características de curva de corrente, de tensão e de
potência. Esses valores, por sua vez, sofrem variação por influência de temperatura, onde a
tensão de saída no módulo diminui, e a corrente aumenta quando exposto a temperaturas
elevadas, e, quando exposta a temperaturas baixas, o inverso acontece, podendo ocasionar falha
e defeito no inversor de frequência (VILLALVA; GAZOLI, 2012).
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O inversor de frequência é um equipamento indispensável quando se trata da conversão


de energia do módulo. Ele é responsável pela transformação da corrente contínua gerada pelo
módulo em corrente alternada, em paramentos de amplitude de onda e frequência harmônica
com a carga do sistema a ser alimentado (PINHO; GALDINO, 2014).

3 METODOLOGIA
O método de análise utilizado para o desenvolvimento da pesquisa foi dividido em dois
aspectos: o técnico e o socioeconômico. Para o aspecto técnico, realizou-se a modelagem de
um sistema fotovoltaico a fim de aproximar o equivalente ao consumo médio mensal de energia
de uma residência maranhense. E com a ajuda do software PVsyst, foi possível simular o
mesmo sistema em algumas cidades do estado do Maranhão, com o intuito de demonstrar o
potencial energético de cada região. Os locais foram escolhidos de forma estratégica no mapa,
com o intuito de comparar o aproveitamento energético. E também foram realizadas simulações
em algumas cidades do Brasil para melhor compreensão do comportamento do modelo
aplicado.
O estudo foi realizado através de simulações de on-grid, no software PVsyst, programa
este criado para auxiliar a modelagem e os dimensionamentos de sistemas fotovoltaicos, em
que, após a simulação dos módulos e do inversor, é capaz de entregar relatório de valores
mensais em KWh/m2 (quilowatt hora por metro quadrado), como:
• Irradiação Global Horizontal (GHI);
• Irradiação Horizontal Difusa (IDH);
• Temperatura Ambiente (ºC) Média Anual (T_Amb.);
• Irradiação Global no Plano Inclinado (GlobInc) – onde as placas solares são instaladas;
• Irradiação Global Efetiva (GlobEff) – após a correção por perdas de inclinação e
sombreamento;
• Energia Produzida Pelo Arranjo (EArray);
• Energia Injetada na Rede (E_Grid) – considerando a queda da eficiência e as perdas na
transmissão para rede.
Com essas informações disponibilizadas pelo software PVsyst, foram adicionados os
parâmetros dos módulos fotovoltaicos e os inversores de frequência para que ele fornecesse o
aproveitamento e a eficiência energética. É importante mencionar que a perda por Ângulo de
Incidência da irradiância (IAM), para fins didáticos, foi considerada igual para todas as
simulações.
De acordo com o Anuário Estatístico de Energia Elétrica, da Empresa de Pesquisa
Energética (EPE), a média de consumo residencial por região de energia elétrica no Maranhão,
em 2020, foi de 152 KWh/mês (EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA, 2021). Com a
realidade dessas informações fornecidas, para a modelagem do sistema, foram utilizados 5
(cinco) módulos de 260 Wp e 1 (um) inversor de frequência de 1.5 KWp, assim, totalizando
uma geração de aproximadamente 1.3 KWp/mês, suprindo a capacidade de consumo médio de
uma residência maranhense.
Para a modelagem, utilizou-se o módulo fotovoltaico JA Solar JPA60-S01-260-SC; sua
construção é de silício policristalino, com eficiência de 15.9% e com potência nominal de 260
Wp (JA SOLAR, 2022). Para a obtenção de 1.3 KWp, considerou-se a instalação de 5 (cinco)
módulos fotovoltaicos conectados em série. A instalação dos 5 (cinco) módulos ocupa um
espaço com o total de 8 (oito) metros quadrados. Escolheu-se inversor da marca Fronius Galvo
1.5-1/ 120-335V 50/60Hz, com potência nominal de 1.5 KWp e com eficiência máxima de
95,9% (FRONIUS, 2022). Como a potência passa da necessidade média sugerida para uma
residência maranhense, necessitou-se apenas de 1 (um) módulo para o funcionamento do
sistema.
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A fim de simplificar o entendimento da aplicação das simulações, para fins didáticos,


considerou-se para os estudos apenas os aspectos de GHI, de T_Amb. e da E_Grid. Além do
mais, nas simulações, desconsiderou-se as perdas ôhmicas, a proximidade com transformadores
das concessionárias de energia e a disponibilidade de instalação nas regiões simuladas; já em
relação a fatores como queda de tensão e como sombreamento o programa já considera uma
perda de 1,5%.
Acerca dos aspectos socioeconômicos para esse método, utilizou-se dados de projeções
do setor de energia fotovoltaico de geração distribuída. Quanto a data, escolheu-se estimativas
de potência instalada a partir de 2012 para o Brasil e a partir de 2014 para o Maranhão, pois,
nesse ano, foi observado que, em comparação a anos anteriores, houve um aumento
significativo de instalações de painéis fotovoltaicos na geração distribuída no país. Coletou-se
os dados obtidos dos anos seguintes de forma crescente, até o mês de dezembro de 2021
(AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2022). Optou-se pela data final de
acordo com as projeções estabelecidas pela EPE, onde as estimativas de crescimento do setor
se estendem até o ano de 2031.
O método utilizado para a estimativa da linha de tendência de crescimento foi
desdobrado por meio de polinômios e de expressões algébricas, que, quando interpolados,
determinam uma linha de tendência, projetando um crescimento estimado com base em dados
obtidos até agora. Vale frisar que o cálculo visa aproximar funções até um grau “n”, assim
facilitando os cálculos de pontos não dados dentro de um limite predeterminado.
Outrossim, determinou-se cenários de crescimento na potência instalada até o ano de
2031, um cenário conservador e um cenário otimista. Mas esses cenários são dependentes da
forma com a qual os acontecimentos futuros, no que se refere aos investimentos no setor de
geração de energia distribuída, irão desdobrar-se.
Como mencionado anteriormente, o Maranhão conta com a potência instalada até o
momento, maio de 2022, de 276,64 MWp e 21.817 conexões de geração distribuída,
representando, dessa forma, 2,5% de toda potência instalada no país, situando-se na colocação
14 do ranking estadual do Brasil.
Os dados da Tabela 2 mostram os cenários de crescimento previstos para o Brasil e para
o estado do Maranhão até o ano de 2031.

Tabela 2 – Dados obtidos para em relação ao crescimento econômico até 2031.


Potência Instalada Brasil (MWp) Potência Instalada Maranhão (MWp)
Ano
Cenário Conservador Cenário Otimista Cenário Conservador Cenário Otimista
2012 0,467 0,467 0 0
2013 1,94 1,94 0 0
2014 4,593 4,593 0,033 0,033
2015 14,227 14,227 0,367 0,367
2016 63,377 63,377 1,402 1,402
2017 189,459 189,459 2,875 2,875
2018 529,315 529,315 8,061 8,061
2019 2072,766 2072,766 33,154 33,154
2020 4854,15 4854,15 88,876 88,876
2021 9023,302 9023,302 205,753 205,753
2022 10898,076 10898,076 276,64 276,64
2031 27.753 55.507 1.006 2.012
Fonte: Agência Nacional de Energia Elétrica (2022).
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Por último, para determinar a quantidade de empregos gerados até 2031, no setor,
utilizou-se uma estimativa encontrada na literatura, em que existe uma correlação entre a
potência instalada em MW entre várias tecnologias de geração de eletricidade ao número de
vagas de emprego criadas no setor.

Figura 2 – Gráfico da criação de vagas de empregos por MWs instalados em


tecnologias de geração de energia elétrica.

Fonte: Simas (2012).

Ao se observar a Figura 2, acima, é possível notar que, entre as tecnologias de geração


de energia de fontes renováveis, a energia fotovoltaica se destaca dentre as demais no quesito
geração de empregos por MW instalado. A variação da criação de empregos no setor
fotovoltaico pode chegar a até 88 empregos, dependendo do empreendimento escolhido, mas,
para fins didáticos, escolheu-se uma média de 30 empregos por MW instalado.

4 RESULTADOS DA PESQUISA

4.1 Aspectos técnicos


Uma vez realizadas as simulações com o software PVsyst, com o desígnio de determinar
a capacidades de geração de energia fotovoltaica e o aproveitamento energético em diferentes
regiões do estado do Maranhão, foi possível constatar diferenças significativas entre as cidades,
onde notou-se um melhor desempenho de aproveitamento energético entre as com o melhor
desempenho da irradiação global horizontal e com a temperatura mais baixas. Para as
simulações, escolheu-se as cidades: Balsas; Codó; Açailândia; São Luís; e Grajaú. De forma
estratégica no mapa, optou-se por estes locais devido o intuito de estimar a mesma capacidade
de geração em cidades próximas às escolhidas para o experimento.
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Figura 3 – Gráfico da comparação de aproveitamento energético em algumas cidades do Maranhão.


100%
98%
96%
94%
92%
90%
88%
Balsas Codó Açailandia São Luis Grajaú

GHI (KWh/m².ano) T_Amb (°C) E_Grid (KWh/ano)

Fonte: Elaboração do próprio autor.

Os dados das simulações obtidas demonstram que a região de Balsas foi a que
apresentou o melhor aproveitamento energético. Na Figura, também 3 é possível visualizar a
diferença de aproveitamento energético entre as cidades.
Ademais, fez-se as simulações em algumas cidades brasileiras para demonstrar o mesmo
desempenho energético com o mesmo arranjo de sistema fotovoltaico utilizado nas simulações
feitas nas cidades do estado do Maranhão.

Figura 4 – Gráfico da comparação de aproveitamento energético entre algumas


cidades do Brasil em relação ao estado do Maranhão.
120%
100%
80%
60%
40%
20%
0%
Distrito Belém Teresina Fortaleza Salvador São Paulo Cuiaba Rio de
Federal Janeiro

GHI (KWh/m².ano) T_Amb (°C) E_Grid (KWh/ano)

Fonte: Elaboração do próprio autor.

Na Figura 4, é possível observar que o Distrito Federal teve um aproveitamento


significativo de acordo com as simulações realizadas, sendo seguido por Cuiabá e por Fortaleza,
em comparação com as outras cidades.

4.2 Aspectos socioeconômicos


Obteve-se a estimativa de potência instalada por meio de polinômios interpolados, como
dito anteriormente. As linhas de tendência são obtidas através de expressões algébricas que,
quando interpolados, determinam uma linha de tendência, projetando um crescimento. Além
do mais, realizou-se interações diferentes para o Brasil e para o Maranhão, com o intuito de
aproximar, ainda mais, a possível realidade de potência instalada futura. Efetuou-se o cálculo
da interpolação polinomial com o auxílio de planilhas do software Microsoft Excel.
É importante ressaltar que escolheu-se o método de interpolação polinomial entre os
demais devido sua abordagem simples e a pesquisa se tratar de um cenário de crescimento.
9

Sendo determinados início e condição do cenário, os dados são inseridos no modelo com as
informações fornecidas pela fonte. Após os dados serem organizados na ordem e natureza dos
resultados que se pretende obter, o método preenche as lacunas seguintes, nesse caso, os anos
que estão por vir, com os dados interpolados do polinômio na forma de uma reta ascendente ou
descendente. O método também permite uma fácil manipulação dos dados inseridos na forma
de variação em porcentagem, assim, permitindo a criação de vários cenários possíveis de
resultados que se pretende estimar.

Figura 5 – Gráfico das tendências de crescimentos otimista e conservador no Maranhão.

Fonte: Elaboração do próprio autor.

Na Figura 5, é possível identificar, através da linha de tendência de crescimento, os dois


cenários no estado do Maranhão:
• Cenário conservador:

y = 0,6014x3 - 5,2362x2 + 11,371x - 3,1414 (1)

• Cenário otimista:

y = 0,3007x3 - 2,6181x2 + 5,6853x - 1,5706 (2)

O eixo y representa a perspectiva futura de capacidade instalada; e o eixo x, o ano. A


Equação 1, por sua vez, representa o cenário conservador; e a Equação 2, o cenário otimista.

Figura 6 – Gráfico das tendências de crescimentos otimista e conservador no Brasil.

Fonte: Elaboração do próprio autor.


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Na Figura 6, é possível identificar, através da linha de tendência de crescimento, os dois


cenários no Brasil:
• Cenário conservador:

y = 13,807x3 - 83,03x2 + 104,71x + 1,598 (3)

• Cenário otimista:

y = 6,9035x3 - 41,515x2 + 52,354x + 0,799 (4)

O eixo y representa a perspectiva futura de capacidade instalada, e o x, o ano. A Equação


3 representa o cenário conservador, e a Equação 4, o cenário otimista.
Como descrito na Tabela 1, os resultados obtidos para o Maranhão, para o ano de 2031,
foram 1 GWp estimativa conservadora e 2 GWp estimativa otimista, e, para o Brasil, 27,7 GWp
estimativa conservadora e 55,5 GWp estimativa otimista. Em paralelo à projeção de um estudo
realizado por meio de levantamento de dados, estimou-se que, para o Brasil, em 2031, a
capacidade instalada fotovoltaica seria de aproximadamente 40 GWp, e, para o estado do
Maranhão, a estimativa ficaria em 0,5 GWp (EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA,
2022).
Por fim, relacionando-se os resultados obtidos com as estimativas de crescimento em
relação à criação de 30 empregos diretos por MW de capacidade instalada do setor de energia
fotovoltaica, são descritos na Tabela de estimativa de geração de empregos por MW instalado.

Tabela 3 – Estimativa de geração de empregos por MW Instalado.


Capacidade instalada até Números de empregos gerados
Cenários 2031 (MWp) diretamente até 2031
Brasil Maranhão Brasil Maranhão
Conservador 27.753 1.006 832.590 30.180
Otimista 55.507 2.012 1.665.210 60.360
Fonte: Elaboração do próprio autor.

A Tabela 3 mostra a estimativa de geração de empregos por MW instalado, obtidos


através das estimativas de cenários futuros da capacidade instalada e da geração de 30 empregos
em média por MW instalado, onde, para o Brasil, a perspectiva conservadora apresentou 27,7
GWp de capacidade instalada, com 832.590 novos empregos, e a perspectiva otimista, 55,5
GWp de capacidade instalada, com 1.665.210 novos empregos. Acerca das perspectivas para o
Maranhão, o cenário conservador apresentou 1 GWp de capacidade instalada, com 30.180
novos empregos, e o otimista, 2 GWp de capacidade instalada, com 60.360 novos empregos.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Observou-se um futuro promissor para a energia elétrica fotovoltaica, que, com o
barateamento da energia solar e com os avanços na tecnologia da construção de células
fotovoltaicas, pode ser considerada um ramo proeminente das energias renováveis no mercado,
visto que existem incentivos tanto do setor público como do privado. Vale ressaltar que os
cenários desenvolvidos nesse trabalho são pautados nas informações obtidas até agora e
passíveis de mudança devido incentivos futuros, descobrimento de novas tecnologias ou
tendências de mercado.
E como visto, as políticas, tanto nacionais e como internacionais, corroboram para que
o futuro seja construído de acordo com a visão de um mundo com a produção de energia limpa,
11

através do gerenciamento sustentável dos recursos e das metas de desenvolvimento


socioeconômico global.
Com nossa localização territorial, com os maiores níveis de irradiação do país e com
perspectivas socioeconômicas favoráveis, pode-se notar que é possível o desenvolvimento da
matriz energética do país de forma limpa, produzindo-se energia, tanto elétrica quanto térmica,
sem a emissão de gases nocivos ao meio ambiente e à saúde da população e sem a inundação
de reservas florestais, prejudicando, por conseguinte, a fauna e a flora.
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REFERÊNCIAS

AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA. Acompanhamento da Implantação


das Centrais Geradoras de Energia Elétrica. 2022. Disponível em:
https://app.powerbi.com/view?r=eyJrIjoiMGYyZWI0NzgtMGRlOC00M2ZjLTljZDYtZTVk
YjljZjkxZDBkIiwidCI6IjQwZDZmOWI4LWVjYTctNDZhMi05MmQ0LWVhNGU5YzAxN
zBlMSIsImMiOjR9. Acesso em: 1 jun. 2022.

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