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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO


DEPARTAMENTO DE PESQUISA

RELATÓRIO FINAL
PROBIC
(Agosto de 2017 – Julho de 2018)

I - IDENTIFICAÇÃO

Orientador (a)

Telefone: (96) 981275005


Daniel Sousa dos Santos
E-mail: dsansousa@gmail.com

Discente

Telefone: (96) 981332669


Brendel Freitas Lima
E-mail: brendel.f.CDZ@gmail.com

Título do projeto de pesquisa do orientador (a) registrado no Departamento de Pesquisa:


Desenvolvimento nanobiotecnológico e estudos fitoquímicos com espécies vegetais. Nº
de registro: 0447/2013

Resumo do projeto de pesquisa do orientador (a) registrado no Departamento de


Pesquisa:
Os produtos naturais se destacam como grandes fontes de novos recursos
terapêuticos desde tempos imemoriais e tais produtos são extremamente promissores
para desenvolvimento de novos produtos, especialmente no contexto da produção de
medicamentos e cosméticos. Dentre as diversas classes de estruturas químicas
oriundas de produtos naturais, podemos citar os ácidos graxos, terpenóides,
cumarinas, flavonóides, taninos, alcaloides, saponinas, entre outros. Neste contexto, a
nanotecnologia representa uma área em potencial para o desenvolvimento de produtos
à base de produtos naturais, permitindo a otimização de suas atividades. Portanto, a
utilização de extratos ou substâncias obtidas de origens naturais e sua manipulação
em escala nanométrica se configura como a base de uma definição mais específica, ou
seja, a nanobiotecnologia. O presente projeto tem como foco principal o estudo e
desenvolvimento de produtos nanobiotecnológicos de origem vegetal, contribuindo
principalmente para valorização da flora nacional.
Título do plano de trabalho do (a) discente

Síntese de complexos metálicos de flavonoides com potencial atividade larvicida


contra Aedes Aegypti e baixa toxicidade ambiental: uma alternativa no controle do
vetor da dengue.
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
DEPARTAMENTO DE PESQUISA

TERMO DE ENTREGA DE RELATÓRIO FINAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

Eu, DANIEL SOUSA DOS SANTOS, declaro ter lido e revisado o relatório de IC intitulado
ESTUDO DE VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA DA IMPLANTAÇÃO DE SISTEMA
DE ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM UM PRÉDIO PÚBLICO, conforme
compromissos estabelecidos no edital que rege a iniciação científica, estando de acordo
com as informações nele apresentadas. Autorizo a utilização do resumo do relatório no
Livro de Resumos do Evento de Iniciação Científica que será organizado pelo
Departamento de Pesquisa. Declaro que uma versão resumida deste relatório foi
preenchida no SIGAA/UNIFAP pelo discente, com meu parecer, para devida finalização
da bolsa no referido sistema.

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ESTUDO DE VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA DA IMPLANTAÇÃO DE
SISTEMA DE ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM UM PRÉDIO PÚBLICO
1) RESUMO

Este artigo tem como objetivo o estudo prévio para elaboração de um projeto
de implantação de um sistema de painéis solares para o prédio do órgão público
municipal da Câmara de vereadores de Santana, no Estado do Amapá.
O estudo relaciona a demanda de carga obtida através do estudo das contas
de energia elétrica e consumo com a disponibilidade de área para implantação do
Sistema, a potência estimada necessitada, a capacidade de geração ideal e
eficiência gerada pelos painéis solares e valores economizados com a implantação.
Os resultados mostram resultado positivo para a implantação do sistema fotovoltaico
e explicitam os valores do projeto em questão, bem como os cenários para a
possível instalação.

2) APRESENTAÇÃO

Introdução
O estudo apresentado neste artigo refere-se ao estudo para posterior
implantação de um sistema de geração fotovoltaico ligado a rede no prédio de
legislativo municipal da cidade de Santana, Amapá.
Com o natural aumento das tarifas de energia elétrica (Colaferro, 2018) (que
variam a partir de diversos fatores, como disponibilidade de combustível, nível de
chuvas e outro, além de decisões políticas e reposições inflacionárias), a
necessidade de diversificar as fontes de energia de uma casa se torna cada vez
mais presente. A alternativa solar, com a utilização de painéis solares, banco de
baterias (ou no caso dos sistemas ligados à rede, a ausência deste banco e
utilização de contadores) e inversores se torna cada vez mais atrativa (Araujo,
2020).
O aumento da produção destes painéis, juntamente com o aumento de sua
demanda, fazem com que a economia de escala torne os preços por Kwh gerados
pelos painéis solares se tornem atrativos frente a valores por Kwh vendidos pelas
concessionárias de energia (Gimenes, 2020).
Este trabalho busca ser base e experiência para a criação de projetos base
de painéis solares para uma crescente demanda atual e futura, onde será lugar
comum a compra desses geradores para residências e haverá grande demanda por
profissionais que atuem nesta área.

Justificativa
O sistema de distribuição moderno de energia elétrica consiste em uma
central geradora de energia elétrica (seja esta uma usina hidrelétrica, uma usina
termoelétrica, nuclear ou qualquer outra forma de geração centralmente
geolocalizada); a energia então, é convertida/transformada e distribuída para

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centrais de redistribuição, que repetem o processo e entregam a potência
transmitida na residência ou indústria que fará uso da mesma.
Entretanto, este processo centralizado possui desvantagens: problemas na
central geradora e problemas na distribuição (como o ocorrido no Amapá em 2020)
causam déficits na produção e distribuição de energia, e por consequência,
problemas na cadeia de produção e uso. A demanda outrora suprida pela central
não é alcançada, ou então, a demanda permanece a mesma, com uma
disponibilidade menor de energia – o que ocasiona aumentos, seja pela relação
oferta-demanda, seja pela necessidade de investimentos no reestabelecimento da
infraestrutura de geração e transmissão.
Há ainda a problemática política relacionada à geração centralizada.
Conforme há mudanças de governo, valores de impostos sobre o kWh e quais fontes
de energia serão utilizadas como centrais geradoras variam de acordo com a gestão
em poder. De acordo com WWF (2012), O Programa de Incentivo às Fontes
Renováveis no Brasil (PROINFA), implantado em 2012, tem como meta fazer com
que 10% do consumo anual de energia elétrica do país sejam supridos por meio de
fontes renováveis alternativas e, em sua primeira fase, já conseguiu avançar na
implementação comercial dessas tecnologias no país. A política do PROINFA,
embora recente, já em sua primeira fase conseguiu avançar na implementação
comercial dessas tecnologias no país. Com mudança da gestão estatal para o setor,
segundo Maia (2021), a intenção atual é de descomissionar as usinas contratadas
pelo programa dentro de 10 anos.
No Amapá, estado onde a pesquisa deste artigo se encerra, a governança
tem impactado diretamente o valor referente a tarifa de energia, que tem crescido
acima da inflação, conforme o gráfico 1 abaixo.

Gráfico 1 – Evolução da Tarifa da Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA)

Fonte: Departamento de Regulação, Tarifa e Projetos Especiais – CEA.

Conforme o gráfico 1 acima, a tarifa de energia praticada manteve-se sem


aumento durante o período de 1997 e 2003, tendo inclusive decréscimo real

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acumulado entre 2004 e 2014, chegando a -8,3%, tendo como responsável os
subsídios federais e estaduais dispostos pelas gestões nas respectivas esferas de
governo, tendo um estratosférico aumento de 163% no período entre 2015 e 2017.
Para mitigar as problemáticas da geração centralizada, bem como manter
além do alcance políticas de governo no uso corrente da energia elétrica, tal como
aumentos da tarifa, como no exemplo da Companhia de Eletricidade do Amapá
narrado acima, cada vez mais se tem adotado a geração descentralizada, com
notável predileção pela geração residencial através de painéis fotovoltaicos
instalados no teto da residência/indústria ou em local adjacente.
De acordo com o banco de informações de geração da ANEEL (2018) o Brasil
possui aproximadamente cerca de 193MW de capacidade de geração solar
fotovoltaica instalada, valor muito pequeno quando comparado ao total de 135TW de
toda matriz elétrica nacional.
Do ponto de vista estratégico, o Brasil dispõe de favoráveis características
naturais com altos níveis de insolação e grandes reservas de quartzo de qualidade
que possibilitam vantagens competitivas no desenvolvimento de uma indústria
nacional de produção de células e módulos solares. (MME,2009). O Amapá não é
diferente neste cenário, com sua capital Macapá recebendo cerca de 4,7
kWh/m².dia, em média (Marques, 2019), tornando-a propícia para instalação de
painéis solares e geração descentralizada.

Objetivos
Os objetivos deste trabalho são analizar, com base na localização geográfica
e aspectos construtivos da edificação, os valores relacionados a instalação de
paineis solares com um sistema ligado a rede.
Objetivos específicos: obter a quantidade de demanda necessária, projetar a
capacidade de entrega do sistema on-grid, calcular o valor do investimento, o
abatimento na conta de energia, os melhores e piores casos de retorno do
investimento.

3) DESENVOLVIMENTO
Metodologia
A metodologia deste trabalho inclui alguns estudos prévios para a localização
de um sistema fotovoltaico, tais como:
1. Levantamento de carga utilizada pelo prédio;
2. Disponibilidade de área do prédio para instalação dos painéis;
3. Estudo do potencial solar no local;
4. Ângulo de incidência solar para orientação e inclinação dos painéis;
O levantamento de consumo é essencial para sabermos o dimensionamento
e escala do projeto. O levantamento de carga permite aferir o consumo dentro de um
período determinando para que seja possível dimensionar a quantidade de carga
que o sistema de painéis solares precisará entregar, com base nos valores de
consumo de potência de cada mês. A tabela 1 confeccionada a partir de contas de

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energia elétrica de 2018 apresenta o consumo no ano.

Tabela 1: Histórico de Consumo em KWh referente ao ano de 2020.

Mês (2018) Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Consumo (kWh) 3608 4264 3116 4756 4674 4838 2788 4182 3772 4838 5494 6018

Fonte: produzido pelo próprio autor


Gráfico 2: Histórico de Consumo em KWh referente ao ano de 2018 do prédio em estudo.
7000
6000
5000
4000
3000
2000
1000
0
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Fonte: Produzido pelo próprio autor.

O prédio da Câmara Municipal de Santana se localiza na Rua Ubaldo


Figueira, nº 54, Bairro Central, na Cidade de Santana, Estado do Amapá. Com esses
valores, averiguamos que as coordenadas do prédio em longitude e latitude são -
0.041542186460909396, -51.17536818982345, utilizando a ferramenta Google
Maps.
Figura 1 – Prédio da Câmara Municipal de Santana

Fonte: Secretaria de Comunicação da Câmara Municipal de Santana (SECOM-CMS)

A área disponível para o projeto se resume ao teto do prédio. Primariamente


divido a área disponível em duas partes: uma a esquerda do prédio, com as
dimensões do lado administrativo, e outra para o lado direito do prédio, com os
valores aferidos para a área do plenário e adjacências.
Com os valores do piso, é possível calcular a área real disponível, vez que de
acordo com a figura 1, pode-se observar que, muito embora o prédio conte com uma
laje de concreto em ambos os pisos, facilmente identificável por qualquer um que

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adentra a estrutura, seu teto é inclinado com a presença de telhas acima da laje.
O valor de inclinação é possível de medir com simples cálculos envolvendo
triângulos retângulos, onde se assume o cateto adjacente como a medida do da
área do piso (12 metros para o lado esquerdo do prédio, e 14 metros para o lado
direito, no teto correspondente ao plenário), vista horizontalmente; e o cateto oposto
tendo a medida aferida entre o muro presente no teto no ponto mais inclinado (2
metros) e sua medida no ponto menos inclinado em seu menor ponto de altura (0
metros, no “centro”).
As medidas de ambos os planos estão discriminadas abaixo:

Figura 2: Plano inclinado do teto no prédio legislativo

Fonte: cálculos do autor

Com base nos dados fornecidos e resolvendo um simples teorema de


Pitágoras para ambas os triângulso na figura 2 acima, calculamos que a área
disponível para o plano da esquerda (referente ao administrativo, acima) é de 12,17
metros, e do plano da direita (referente ao legislativo, abaixo) é de 14,14 metros,
aproximadamente.
Cabe citar que o plano da figura 2 de cima tem sua hipotenusa orientada para
o leste, e o plano da figura 2, abaixo, para o oeste. O plano da figura 2, acima, tem
ângulo de inclinação de 8,14º, enquanto que o plano da figura 2, embaixo, tem sua
inclinação em 9,4º.

Potencial de recurso solar


Para aferir os dados de potencial solar da localidade em que se encontra o
prédio de estudo, utilizamos a ferramenta do CRESESB (Centro de Referência para
as Energias Solar e Eólica Sérgio de S. Brito).
Através da inserção da localização geográfica na base de dados do
CRESESB obtém-se as informações relativas a irradiação solar diária média mensal
no plano horizontal e no plano inclinado igual a latitude para um ponto de referência
mais próximo. Para este estudo de caso, foram identificados os dados de irradiação
solar em um ponto de referência 5,4 km de distância da edificação.

Figura 3: dados solarimétricos da região e Irradiação Solar no Plano Inclinado

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Fonte: CRESESB
Com a inserção dos dados de altitude e longitude do ponto de referência em
estudo, obtemos a tabela presentes na figura 3, com os valores de irradiação solar
diária média mensal (kWh/m².dia), bem como os valores de irradiação solar para
diferentes ângulo com o melhor aproveitamento de acordo com a inclinação mais
eficiente para montagem do painel dos painéis solares.
Cabe citar que a ferramenta do CRESESB também apresenta os valores
acima para mais duas outras localidades próximas, a 7,2 e 9,4 quilômetros de
distância, respectivamente. Para este trabalho, entretanto, utilizamos apenas os
dados da localidade mais próxima, vez que a discrepância de dados é desprezível
frente a taxa de variação mínima que apresenta.

Figura 4: Irradiação solar diária média para o ponto de estudo e pontos próximos

Fonte: CRESESB.

Dados obtidos pelo SWERA e Global Solar Atlas

Embora útil, a ferramenta do CRESESB foi complementada neste trabalho


com valores de outra ferramenta online: o SWERA (Solar and Wind Energy
Resource Assessment, ou Avaliação de Recursos de Energia Solar e Eólica, em
tradução livre), em conjunto com Global Solar Atlas (Atlas Global Solar). Através

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destas duas ferramentas, é possível obter valores para estudos com energia solar e
eólica do mundo todo com diversas fontes de dados.
Através da inserção do endereço do prédio no mapa, a ferramenta retorna
valores como os discriminados na figura 5 abaixo, como a potência fotovoltaica
específica, irradiação inclinada global em ângulo ideal, ente outros.

Figura 5: Dados de saída do Global Solar Atlas

Fonte: SWERA.
Cabe apontar que o ângulo de inclinação ideal é o mesmo nas duas fontes,
SWERA e CRESESB: para a localidade de estudo, o ideal é entre 0º e 3º de
inclinação. Isso deve ser compensado com os ângulos de inclinação aferidos em 4.3.
Juntamente com os dados acima apresentados, também extraímos os perfis
horários médios de acordo com cada mês do ano da irradiação normal direta, em
Wh/m² (figura 6), com distinção por cor (mais amarelo, menor incidência solar, mais
laranja, maior incidência).
A ferramenta ainda possibilita a extração dos dados via PDF e visualização no
navegador de diversos outros dados, não adicionados ao artigo por fugirem do
escopo ou se aprofundarem além do necessário para o tema deste trabalho.

Figura 6: Perfil horário médio da irradiação direta normal.

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Fonte: Solar Global Atlas.
Resultados e discussão

Projeto de gerador solar fotovoltaico

Após levantamento da irradiação no local da edificação, definiu-se a potência


de geração fotovoltaica necessária para suprir o consumo médio diário da planta.
Para o dimensionamento foi utilizado metodologia de cálculo disponível no manual
de engenharia fotovoltaica, 2014 do CRESESB.
𝐸
( )
𝑇𝐷
𝑃𝐹𝑉 (𝑊𝑝) = 𝐻𝑆𝑃 (1)
𝑀𝐴
Onde:
 PFV (Wp) - Potência de Pico do painel fotovoltaico;
 E (Wh/dia) – Consumo diário médio anual da edificação ou fração deste;
 HSPMA (h) – Média diária anual das horas de sol pleno incidente no plano do
painel fotovoltaico;
 TD (adimensional) – Taxa de desempenho (CRESESB, 2014).
O consumo diário médio anual da edificação de 143.419,178 Wh/dia foi obtido
através da análise do histórico de consumo do ano de 2018, Tab. 1, descontados
mensalmente o valor mínimo de 100kWh a ser pago pela disponibilidade do sistema
elétrico para unidades com geração distribuída conectadas a rede trifásica, conforme
REN 482/2012 ANEEL
Através da base de dados SWERA, foi possível obter o valor de
4,414kWh/m².dia para a irradiação média diária anual no local de instalação dos
painéis solares.
Considerando que para obtenção de HSPMA(h) faz-se necessário realizar a
relação direta do valor obtido na base SWERA com a constante de irradiação solar
de 1kW/m². Assim o valor obtido é 4.414h.
Ainda foi considerado o valor de 0,75 para a taxa de desempenho (TD) ou
Performance Ratio, tendo em vista que tal valor representa todas as perdas
envolvidas sob condições de operação numa relação entre o desempenho real sobre
o desempenho máximo teórico possível de um sistema fotovoltaico.
Assim, de posse das variáveis envolvidas, utilizando a eq. (1), o gerador
fotovoltaico é dimensionado com a potência de 43.322,512 Wp ou 43,32 kWp.

Previsão de geração de energia elétrica anual

Para obtenção da previsão anual da geração de energia elétrica a ser


produzida mês a mês pelo gerador fotovoltaico, é necessário além da potência do
gerador, anteriormente definida, que tenha os dados relativos a previsão de
irradiação solar, taxa de desempenho e números de dias para cada mês. Aplicando
tais valores na eq. (2) abaixo, é possível obter os resultados previstos para a energia
elétrica a ser gerada, conforme apresentado na Tab. 2.

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Energia Gerada (kWh) = Potência (kWp) x Irradiação (kW/m²/dia) x TD x Número de dias. (2)

Tabela 2: Previsão de Geração Mensal Distribuida do Projeto.


Irradiação Dias no Previsão Ger. Mensal
Mês Irradiação (KWp/m²/dia)
(KWp/m²) mês (KWh)
Janeiro 3,461290 107,30 31 3486,177
Fevereiro 2,650000 74,20 28 2410,758
Março 2,806452 87,00 31 2826,630
Abril 3,060000 91,80 30 2982,582
Maio 3,858065 119,60 31 3885,804
Junho 4,583333 137,50 30 4467,375
Julho 4,903226 152,00 31 4938,480
Agosto 5,764516 178,70 31 5805,963
Setembro 6,080000 182,40 30 5926,176
Outubro 6,093548 188,90 31 6137,361
Novembro 5,573333 167,20 30 5432,328
Dezembro 4,200000 130,20 31 4230,198
Fonte: Autor.

Cenário de compensação de energia elétrica

Inicialmente é necessário conhecer as informações do fornecimento de


energia elétrica, onde tem-se:
 Concessionária: Companhia de Eletricidade do Amapá - CEA;
 Classe/subclasse: Prédio público Municipal;
 Ligação: Alta Tensão;
 Forma de faturamento: Normal;
Para efeitos de visualização da previsão mensal de compensação da energia
elétrica gerada, foi utilizado o histórico de consumo do ano de 2018 da unidade
consumidora em estudo.
Assim a consolidação das informações de consumo, geração, créditos
gerados, créditos acumulados e valores compensados estão apresentados na Tab.
3:
Tabela 3: previsão de geração fotovoltaica (todas as fontes em kWh)
Geração Dif. líq. (Cons. Créditos Créditos Líq. Créd.
Mês Consumo Total a pagar
Solar – Ger. Sol.) Gerados Acumulados Acumulados (x-1)
Jan 3608 3486,18 121,82 0,00 0,00 121,82 121,82

Fev 4264 2410,76 1853,24 0,00 0,00 1853,24 1853,24

Mar 3116 2826,63 289,37 0,00 0,00 289,37 289,37

Abr 4756 2982,58 1773,42 0,00 0,00 1773,42 1773,42

Mai 4674 3885,80 788,20 0,00 0,00 788,20 788,20

Jun 4838 4467,38 370,63 0,00 0,00 370,63 370,63

Jul 2788 4938,48 -2150,48 2150,48 2150,48 -2150,48 100,00

Ago 4182 5805,96 -1623,96 1623,96 3774,44 -3774,44 100,00

Set 3772 5926,18 -2154,18 2154,18 5928,62 -5928,62 100,00

Out 4838 6137,36 -1299,36 1299,36 7227,98 -7227,98 100,00

Nov 5494 5432,33 61,67 0,00 7166,31 -7166,31 100,00

11
Dez 6018 4230,20 1787,80 0,00 5378,51 -5378,51 100,00
Fonte: Produzido pelo próprio autor

Consoante aos resultados obtidos diante os dados apresentados, observa-se


uma previsão de geração maior que o consumo nos meses de julho, agosto,
setembro, outubro e dezembro.
Enquanto que nos demais meses é possível identificar o consumo maior que
geração solar nos meses de janeiro a junho, há previsão de compensação dos
créditos gerados nos meses seguintes.
Como resultante dos créditos acumulados durante o ano, o valor residual de
5378,51 Kwh poderá ser utilizado na compensação de energia elétrica nos meses do
ano seguinte ou ainda dentro do prazo de 60 meses, conforme prevê a REN
482/2012 da Aneel.

Resultados relacionados a viabilidade econômica

O estudo de viabilidade econômica do investimento para implantar o sistema


de geração solar foi inicialmente realizado a partir da simulação de dois cenários
limites, nos quais possibilitaram prever as economias anuais geradas, mediante o
comparativo das previsões de faturamentos mensais considerando as contribuições
da geração distribuída. Além disso, possibilitando visualizar os efeitos da carga
tributária em cada cenário. Ao final do estudo, foi apresentado comparativamente os
resultados dos cálculos relativos a taxa de retorno do investimento (TIR), valor
presente líquido (VPL) e tempo de retorno do investimento (Payback descontado).

Cenário 1 - Simulação do cenário mais crítico para o consumidor onde a geração


solar aconteceu em momento distinto do consumo.

Tabela 4: previsão de geração fotovoltaica


Tarifa
(R$/KWh) Tarifa (R$/KWh)
ICMS (18%) PIS/COFINS mês de referência: JULHO de 2018
(sem (com imposto)
imposto)

0,320416 0,396701 0,18 0,0123 Bandeira Tarifária: vermelha


Diferença de
Valor a pagar para Valor da fatura valor da fatura de percentual da
KWh paga à Valor dos
Mês distribuidora sem de energia a ser energia a ser paga redução mensal e
conc. c/ impostos a pagar
impostos paga com GD sem GD anual
compensação

Jan 121,82 R$ 39,03 R$ 275,24 R$ 314,27 R$ 1.431,30 78,04%

Fev 1853,24 R$ 593,81 R$ 325,28 R$ 919,09 R$ 1.691,53 45,67%

Mar 289,37 R$ 92,72 R$ 237,71 R$ 330,42 R$ 1.236,12 73,27%

Abril 1773,42 R$ 568,23 R$ 362,81 R$ 931,05 R$ 1.886,71 50,65%

Maio 788,20 R$ 252,55 R$ 356,56 R$ 609,11 R$ 1.854,18 67,15%

Junho 370,63 R$ 118,76 R$ 369,07 R$ 487,83 R$ 1.919,24 74,58%

Julho 100,00 R$ 32,04 R$ 212,68 R$ 244,73 R$ 1.106,00 77,87%

Agosto 100,00 R$ 32,04 R$ 319,03 R$ 351,07 R$ 1.659,00 78,84%

Setembro 100,00 R$ 32,04 R$ 287,75 R$ 319,79 R$ 1.496,36 78,63%

12
Outubro 100,00 R$ 32,04 R$ 369,07 R$ 401,11 R$ 1.919,24 79,10%

Novembro 100,00 R$ 32,04 R$ 419,11 R$ 451,15 R$ 2.179,48 79,30%

Dezembro 100,00 R$ 32,04 R$ 459,09 R$ 491,13 R$ 2.387,35 79,43%


Valores totais R$ 1.857,35 R$ 3.993,40 R$ 5.850,75 R$ 20.766,50 71,83%
Economia anual R$ 14.915,76 71,83%

Fonte: Produzido pelo próprio autor.

A economia anual prevista para o cenário 1, Tab. 4, representa o pior cenário


possível em que a unidade consumidora estará submetida, onde os impostos a
serem pagos incorrem sobre todo o consumo realizado, desconsiderando os
quantitativos de energia elétrica compensados com a geração distribuída ocorrida
em momento distinto do consumo.

Cenário 2 - Simulação do cenário mais crítico para o consumidor onde a geração


solar aconteceu em momento distinto do consumo

Tabela 5: previsão de geração fotovoltaica;


Tarifa
(R$/KWh) Tarifa (R$/KWh)
ICMS (18%) PIS/COFINS mês de referência: JULHO de 2018
(sem (com imposto)
imposto)

0,320416 0,39701 0,18 0,0123 Bandeira Tarifária: vermelha


Diferença de KWh Valor a pagar para Valor dos Valor da fatura de valor da fatura de
percentual da redução
Mês paga à conc. c/ distribuidora sem impostos a energia a ser paga energia a ser paga
mensal e anual
compensação impostos pagar com GD sem GD

Janeiro 121,82 R$ 39,03 R$ 9,30 R$ 48,36 R$ 1.432,41 96,62%

Fevereiro 1853,24 R$ 593,81 R$ 141,49 R$ 735,75 R$ 1.692,85 56,54%

Março 289,37 R$ 92,72 R$ 22,09 R$ 114,88 R$ 1.237,08 90,71%

Abril 1773,42 R$ 568,23 R$ 135,39 R$ 704,07 R$ 1.888,18 62,71%

Maio 788,20 R$ 252,55 R$ 60,18 R$ 312,92 R$ 1.855,62 83,14%

Junho 370,63 R$ 118,76 R$ 28,30 R$ 147,14 R$ 1.920,73 92,34%

Julho 100,00 R$ 32,04 R$ 7,63 R$ 39,70 R$ 1.106,86 96,41%

Agosto 100,00 R$ 32,04 R$ 7,63 R$ 39,70 R$ 1.660,30 97,61%

Setembro 100,00 R$ 32,04 R$ 7,63 R$ 39,70 R$ 1.497,52 97,35%

Outubro 100,00 R$ 32,04 R$ 7,63 R$ 39,70 R$ 1.920,73 97,93%

Novembro 100,00 R$ 32,04 R$ 7,63 R$ 39,70 R$ 2.181,17 98,18%

Dezembro 100,00 R$ 32,04 R$ 7,63 R$ 39,70 R$ 2.389,21 98,34%

Valores totais R$ 1.857,35 R$ 442,55 R$ 2.301,34 R$ 20.782,68 88,93%


Economia anual R$ 18.481,34 88,93%
Fonte: Produzido pelo próprio autor.

O valor anual economizado no cenário 2, Tab. 5, representa a melhor


situação para o consumidor, onde todo o quantitativo de energia elétrica gerada é
deduzido do consumo, por serem realizados no mesmo momento, e os impostos são
aplicados sobre a diferença de consumo e geração ou acima do custo de
disponibilidade do sistema elétrico, quando a geração é maior que o consumo.

13
A análise de tal cenário aplica-se ainda sobre a possível desoneração do
ICMS sobre o quantitativo de energia elétrica solar gerado ou acumulado pela
geração excedente da própria unidade consumidora em meses anteriores ao
faturado.
A orçamentação para implantação do projeto em estudo aconteceu através de
consultas a empresas especializadas no mercado local e online, com kits próximos
ao valor de kWp do projeto, onde o preço estimado do investimento foi definido a
partir da média das propostas recebidas, considerando todas as variáveis
envolvidas.
De posse do valor a ser investido e dos valores deduzidos em cada cenário,
foi possível calcular os valores referentes ao tempo de retorno, taxa de retorno e
previsão e ganho com o investimento, conforme apresentados na Tab. 6.

Tabela 6: Comparativo de análise para investimento realizado em ambos os cenários.


Comparativo de Valor Presente Payback
Economia Anual (R$) Investimento (R$) TIR (%)
resultados Líquido (R$) descontado (anos)
Cenário 1 R$ 14.915,76 R$ 141.583,61 R$ 334.043,14 10,53 8,26
Cenário 2 R$ 18.481,34 R$ 141.583,62 R$ 447.740,68 13,05 6,66
Fonte: produzido pelo próprio autor.

Para o cálculo da TIR (taxa interna de retorno do investimento), VPL (valor


presente líquido) e Payback descontado foi considerado a vida útil da instalação de
25 anos, inflação anual de 6,2% e 8,165% para a previsão de reajuste tarifário no
período até o fim da vida útil.
Os valores obtidos para o cenário 1 retratam o pior contexto para a unidade
consumidora, conforme correlação do momento de consumo e geração. Porém,
havendo possibilidade de evolução para o cenário 2, mais favorável, mediante
alteração no horário de consumo e/ou desoneração da carga tributária sobre a
geração distribuída, proporcionando melhor taxa de retorno, redução no tempo de
reposição do valor aplicado e maior atratividade ao investimento.

4) CONCLUSÃO

Após análise dos dados relativos a irradiação solar média no local da unidade
consumidora observou-se excelente disponibilidade de recurso solar para
prosseguimento das ações visando implantação do projeto de energia solar. Por
oportuno, importante registrar ainda que expandindo os limites desta pesquisa, foi
possível identificar que tal excelência na disponibilidade de recurso solar confere a
todo o estado do Amapá, tendo em vista os aspectos relacionados a localização
geográfica, distribuição da irradiação solar durante todo o ano, valores médios
anuais de irradiação solar e boa capacidade de geração de energia solar em todos
os meses do ano, fato que confere a viabilidade técnica de implantação da solução
em estudo neste artigo.
A respeito da análise econômica para a unidade de consumo em estudo,
observa-se nos cenários avaliados que a viabilidade é favorável a médio prazo no

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período entre 6,6 a 8,2 anos para o retorno do investimento inicialmente realizado na
implantação do sistema geração solar. A partir desse prazo, até o fim da vida útil do
sistema (25 anos), toda a energia gerada mês a mês pelo sistema fotovoltaico
representará uma previsão efetiva de redução anual da fatura de energia que ficará
em torno de 71,93% para o cenário mais crítico e de 88,93% para o cenário mais
favorável.
As taxas internas de retorno (TIR) e o valor presente líquido do investimento
(VPL) encontrados para cada cenário estudado, representam, quando comparadas,
os limites de atratividade do investimento ao longo do tempo de retorno do
investimento e durante o período de real redução de custos do faturamento mensal.
Por fim, os objetivos específicos deste trabalho foram atendidos quando do
dimensionamento do gerador solar e do cálculo da previsão da geração mensal e
anual de energia elétrica para a avaliação dos cenários econômicos apresentados.
Assim, de posse dos valores encontrados, conclui-se que a implantação da fonte
alternativa de energia solar na unidade consumidora em estudo, representa uma
favorável oportunidade de ganho real do investimento aliado com redução de custos
no consumo de energia elétrica durante a vida útil do sistema.

5) REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Gestão -rag/2018. Companhia de Eletricidade do Amapá – CEA, 2019. Disponível
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microgeração e minigeração distribuída aos sistemas de distribuição de energia
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Brasília, 2012.
ANEEL, Agência Nacional de Energia Elétrica. Resolução Normativa nº 517
de 11 de dezembro de 2012. Altera a Resolução Normativa nº 482, de 17 de abril de
2012, e o Módulo 3 dos Procedimentos de Distribuição – PRODIST. Brasília, 2012.
ALVES, Dionatas; LIRA, Marcos. Estudo de viabilidade técnica e econômica
para implantação de energia solar fotovoltaica em unidade consumidora no
aeroporto de Teresina no estado do Piauí. VII Congresso Brasileiro de Energia
Solar, Gramado, 2018.

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Assinatura digital do Bolsista:

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