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AS POTENCIALIDADES ENERGÉTICAS DO ASSENTAMENTO DONA

ANTÔNIA LOCALIZADO NA APA TAMBABA – CONDE / PB

Luan Txai Costa Santiago (UFPB) - luantxai@cear.ufpb.br


Gabrielle Moraes de Melo (UFPB) - gabrielledemelo9@gmail.com

Resumo:

Diante a crescente demanda, ao longo dos anos, por energia no Brasil e a tendência global de
diversificação de matrizes energéticas, a energia solar fotovoltaica e a eólica são de extrema
importância para a diversificação da matriz energética brasileira e na redução da
concentração de poluentes na atmosfera. O Nordeste possui um significativo potencial para
uso e implantação de fontes renováveis de energia, na Paraíba e em particular no
Assentamento Dona Antônia., área objeto de estudo, inserida na Área de Proteção Ambiental
de Tambaba (APA TAMBABA), não poderia ser diferente. Neste contexto, o presente trabalho
consiste na análise de dados obtidos de fontes oficiais, como o Atlas Brasileiro de Energia
Solar e o Atlas Eólico da Paraíba, além dos parâmetros básicos para a geração de energia
renovável, como a radiação solar no plano inclinado e a velocidade média dos ventos. A
localização da área de estudo e determinadas características físicas do Assentamento
possibilitou diagnosticar o potencial solar e eólico do mesmo, na geração de energia
renovável. O estudo mostrou também que a utilização dessas fontes além de ser uma opção
ecologicamente correta, poderá também ser uma fonte de renda para os assentados, proposta
de lei 384/2016 que regulamenta a produção de energia renovável em propriedades da
reforma agrária em trâmite no Senado Federal. Desse modo, a implantação de fontes
renováveis de energias no assentamento Dona Antônia, impactará no desenvolvimento
socioeconômico, na sustentabilidade ambiental do próprio assentamento, como também no
aumento da oferta energética da rede de distribuição da região.

Palavras-chave: Energias Renováveis, Assentamento Dona Antônia, Potencial Energético

Área temática: Mercado, economia, política e aspectos sociais

Subárea temática: Impactos sociais, econômicos e ambientais de energias renováveis

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VIII Congresso Brasileiro de Energia Solar – Fortaleza, 01 a 05 de junho de 2020

AS POTENCIALIDADES ENERGÉTICAS DO ASSENTAMENTO DONA


ANTÔNIA LOCALIZADO NA APA TAMBABA – CONDE / PB

Luan Txai Costa Santiago ​- ​luantxai@cear.ufpb.​br


Universidade Federal da Paraíba, Centro de Energias Alternativas e Renováveis
Gabrielle Moraes de Melo ​- gabrielledemelo9@gmail.com
Universidade Federal da Paraíba, Departamento de Engenharia Civil e Ambiental

Resumo. D ​ iante a crescente demanda, ao longo dos anos, por energia no Brasil e a tendência global de diversificação
de matrizes energéticas, a energia solar fotovoltaica e a eólica são de extrema importância para a diversificação da
matriz energética brasileira e na redução da concentração de poluentes na atmosfera. O Nordeste possui um
significativo potencial para uso e implantação de fontes renováveis de energia, na Paraíba e em particular no
Assentamento Dona Antônia., área objeto de estudo, inserida na Área de Proteção Ambiental de Tambaba (APA
TAMBABA), não poderia ser diferente. Neste contexto, o presente trabalho consiste na análise de dados obtidos de
fontes oficiais, como o Atlas Brasileiro de Energia Solar e o Atlas Eólico da Paraíba, além dos parâmetros básicos
para a geração de energia renovável, como a radiação solar no plano inclinado e a velocidade média dos ventos. A
localização da área de estudo e determinadas características físicas do Assentamento possibilitou diagnosticar o
potencial solar e eólico do mesmo, na geração de energia renovável. O estudo mostrou também que a utilização dessas
fontes além de ser uma opção ecologicamente correta, poderá também ser uma fonte de renda para os assentados,
proposta de lei 384/2016 que regulamenta a produção de energia renovável em propriedades da reforma agrária em
trâmite no Senado Federal. Desse modo, a implantação de fontes renováveis de energias no assentamento Dona
Antônia, impactará no desenvolvimento socioeconômico, na sustentabilidade ambiental do próprio assentamento, como
também no aumento da oferta energética da rede de distribuição da região.

​ nergias Renováveis, Assentamento Dona Antônia, Potencial Energético.


Palavras-chave: E

1. INTRODUÇÃO

O uso de fontes renováveis de energia não é um assunto novo. De fato, os primeiros aproveitamentos datam de
muitos séculos atrás, fazendo parte da própria história da humanidade. Mais recentemente, o aproveitamento destas
fontes recebeu incontáveis melhorias tecnológicas e a crescente demanda por alternativas energéticas, e principalmente
sustentáveis, fez que com essas antigas tecnologias fossem revisitadas e adaptadas. A sociedade tecnológica na qual
estamos inseridos apresenta sérios desafios com relação a sua própria sustentabilidade, e a mesma pode ser abordada
sob os mais diversos aspectos (DUPONTT, et al., 2015).
Segundo Dupontt, et al (2015), o interesse comum da sociedade vem impulsionando a comunidade científica a
pesquisar e desenvolver estratégias para o aproveitamento de fontes alternativas de energia, menos poluentes,
renováveis, e que provoquem reduzido impacto ambiental.
De acordo com a Resenha Energética Brasileira (2019), a geração total de energia no Brasil em 2018 atingiu 636,4
TWh, representando um crescimento de 1,7% em relação ao ano anterior. Nesse contexto, o maior contribuidor para
esse dado é a energia de fontes renováveis com 530,3 TWh. ​Em destaque para região Nordeste, que participa
significativamente para esse resultado.
A exemplo do que ocorre em vastas áreas da Região Nordeste e de outras regiões brasileiras, alguns
assentamentos do programa de reforma agrária espalhados pelo país revelaram-se pontos estratégicos para a produção
de energia elétrica obtida da transformação da força eólica ou da incidência solar privilegiada (PROJETO DE LEI
384/16).
Situado no município do Conde/PB, microrregião de João Pessoa, a -7.30º de Latitude Sul e -34.82º de Longitude
Oeste, o Assentamento Dona Antônia, foi concedido para fins de reforma agrária e utilização do território, pelo Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) em 1996 e está inserido na Área de Proteção Ambiental
Tambaba (APA TAMBABA) como podemos observar na Figura 1.
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Figura 1 - Localização do Assentamento Dona Antônia.


Fonte: Adaptado do LEPAN - UFPB (2006).

Este trabalho tem por objetivo analisar as potencialidades energéticas do assentamento Dona Antônia, como forma
de uma complementação de renda das famílias assentadas, através da produção e venda de energia renovável. Uma vez
reconhecendo diretamente a participação do produtor rural como beneficiário de toda a geração, na qual o valor será
revertido em benefícios para o desenvolvimento socioeconômico e da sustentabilidade ambiental do próprio
assentamento.

2. EVIDÊNCIAS DAS POTENCIALIDADES ENERGÉTICAS NO NORDESTE E NA ÁREA DE ESTUDO

Segundo Bezerra (2019), a maioria dos projetos eólicos no Brasil está situada no Nordeste. Isto se deve ao fato
de que na Região nordestina estão localizadas as “jazidas” de vento que apresentam as melhores condições de
aproveitamento para fins de geração de energia elétrica. Dessa forma, a região nordestina é favorecida pelos ventos
alísios vindas do atlântico e incidem diretamente na região. Além disso, segundo Bezerra (2018), o Nordeste é a região
que possui os melhores parâmetros para geração de energia solar, apresentando o maior nível de irradiação no plano
inclinado (média anual de 5,52 kWh/m2.dia) e menor variabilidade interanual durante o ano.

2.1 METODOLOGIA DE PESQUISA

Inicialmente foi feita uma visita a campo com intuito de conhecer o ambiente, objeto de estudo, e em seguida
elaborou-se um levantamento de dados, principalmente extraídos da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL),
do Atlas Brasileiro de Energia Solar, Atlas Eólico da Paraíba, dentre outras fontes oficiais. Estes dados tratam de clima,
matriz energética, geomorfologia e serviram de recursos para o cruzamento de informações e elaboração do argumento
principal deste trabalho. Após o cruzamento de dados concretos, fundamentação teórica e revisão de trabalhos
anteriores foi possível validar as potencialidades energéticas no assentamento, uma vez que as características da área
são muito favoráveis para a implantação dessas tecnologias, assim como os benefícios que tais tecnologias podem
oferecer à coletividade.

3. MATRIZ ENERGÉTICA NACIONAL E O CRESCIMENTO DA UTILIZAÇÃO DA ENERGIA


RENOVÁVEL

Segundo dados fornecidos pelo Ministério de Minas e Energia (MME), através da Resenha Energética
Brasileira (2019), também com informações do Atlas Brasileiro de Energia Solar (2018), nota-se que o Brasil ​é um país
promissor no sentido de impulsionar a geração de energia renovável mediante a ampliação da capacidade instalada na
captação de energia eólica e solar para conversão em eletricidade. Segundo dados do relatório do MME, este incentivo
obteve ajuda diante da retração na demanda de derivados de petróleo em 6,3% em 2017, refletindo numa queda na
emissão de CO2 em 4,3% também em relação a 2017. ​Dessa maneira, notou-se o aumento da participação das energias
renováveis na matriz energética brasileira, com destaque para a energia eólica com evolução na oferta interna em 14,4%
e da energia solar que aumentou sua oferta em 316,1% em relação ao ano anterior.
Conforme Fig. 2 (MME, 2018), a participação do petróleo na matriz energética brasileira apresenta-se inferior
ao comparar os percentuais da energia solar e eólica, sendo 4,5% de petróleo contra 9,9% das fontes renováveis.
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Figura 2 – Oferta de Potência de Energia Elétrica no ano de 2018 (%).

Segundo o Ministério das Minas e Energia o estado do Rio Grande do Norte deteve a maior proporção da
geração eólica brasileira de 2018 (29,2%), seguido da Bahia (24,4%), e o Ceará (12,0%). A Paraíba teve a maior
expansão de 115,2% em 2018. Estes dados oficiais atestam o crescimento da capacidade instalada bem como atestam o
grande potencial a ser explorado.
A Fig. 3 apresenta a matriz elétrica brasileira de 2018 de acordo com a ELETROBRAS:

Figura 3 - Matriz Elétrica Brasileira.

Com enfoque na Paraíba, o Estado possui um potencial considerável para a geração de energias renováveis
tanto eólica como solar. Mesmo sem possuir uma política energética definida o Estado está inserido entre os que mais
produzem energia renovável no Brasil. Segundo o Atlas Eólico da Paraíba, o Estado possui 640,1 MW de potência
instalada em 2017 de fontes renováveis e não renováveis em todo o território estadual.
Este dado corresponde a cerca de 0,4% de toda a potência instalada energética brasileira que é de 157,8 GW de
2017 e com o incentivo na geração energética renovável o Estado é extremamente favorável para se tornar o pólo
energético, devido principalmente à sua potencialidade energética renovável.

3.1 A ENERGIA FOTOVOLTAICA

A energia fotovoltaica é a energia produzida a partir de luz solar. Quanto maior a incidência de irradiação da
luz solar maior será a quantidade de eletricidade produzida. O processo de conversão da energia solar utiliza células
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fotovoltaicas. A célula fotovoltaica converte a energia luminosa em energia elétrica. Um conjunto de células formam os
chamados módulos fotovoltaicos, também conhecidos como placas solares ou painéis fotovoltaicos.
As células são confeccionadas com silício (monocristalino, policristalino e amorfo) e um material
semicondutor que converte a radiação solar em energia elétrica. A grande maioria das usinas fotovoltaicas e das
residências na qual utilizam energia solar fotovoltaica usam painéis com células de silício cristalizado, principalmente
do tipo policristalino por possuir maior eficiência​. ​Dessa maneira, a energia fotovoltaica é uma tecnologia com
eficiência comprovada e os sistemas fotovoltaicos conectados à rede elétrica já são utilizados há muitos anos.

3.2 A ENERGIA EÓLICA

A energia eólica é produzida a partir das massas de ar em movimento. Quanto maior a velocidade dos ventos e
constância maior será a quantidade de energia produzida. O processo de conversão da energia eólica ocorre com o
emprego de turbinas eólicas, denominadas de aerogeradores. O aerogerador, por meio da energia cinética de rotação,
converte a energia cinética de translação contidas nas massas de ar em energia elétrica.
As turbinas eólicas são desenvolvidas com materiais extremamente resistentes, uma aerodinâmica eficiente
para minimizar o atrito com as massas de ar e assim maximizar a geração de eletricidade. No entanto, existem diversos
tipos de aerogeradores de eixo vertical e horizontal, mas a grande maioria dos parques eólicos usam aerogeradores de
eixo horizontal.
A energia eólica é uma tecnologia com eficiência comprovada. Os sistemas eólicos conectados à rede elétrica
vêm ganhando cada vez mais espaço na matriz energética brasileira ao longo dos anos.

4. O ASSENTAMENTO DONA ANTÔNIA E AS POTENCIALIDADES ENERGÉTICAS

A área do Assentamento foi concedida pelo INCRA da Paraíba em 21 de novembro de 1996. Possui uma área
de 865,25 hectares, na qual está dividida em 110 lotes com 5 hectares cada, distribuídos para 110 famílias vindas de
diversas partes do Estado. Possui também, uma diversidade de fauna e flora remanescente de Mata Atlântica, além de
nascentes e cursos d’água. ​Atualmente, sua principal atividade econômica é a agricultura familiar onde são produzidas
hortaliças, legumes, frutas e também a produção de inhame.
Podemos observar na Fig. 4, a área do Assentamento Dona Antônia:

Figura 4 - Área do Assentamento Dona Antônia – APA Tambaba / Conde PB.


Fonte: INCRA, 2004.
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A localidade do Assentamento Dona Antônia tem caracterização geomorfológica de Tabuleiro Litorâneo, por
possuir sedimentos de textura arenosa de baixa fertilidade e esta unidade acompanha todo o litoral nordestino,
apresentando altitude média de 50 a 100 metros do nível do mar e ventos constantes. Analisando a Fig. 5, na área de
estudo, observamos uma altimetria variando de 10 m – 90 m de altitude e com inclinação do terreno bastante acentuada
em determinados pontos do Assentamento. Dessa forma, o local possui características que favorecem a produção de
energia através de fontes renováveis, como a altitude em relação ao nível do mar, a existência de grandes vales que
canalizam correntes de ventos e grandes áreas livres improdutivas, devido à baixa fertilidade do solo na região, mas de
grande incidência solar.

Figura 5 – Altimetria do Assentamento Dona Antônia.


Fonte: LEPAN - UFPB (2005).

4.1. POTENCIAL EÓLICO NA PARAÍBA E NO ASSENTAMENTO

Segundo o Atlas Eólico da Paraíba, o potencial eólico do Estado foi calculado a partir da integração dos mapas de
velocidades médias anuais, utilizando-se de técnicas de geoprocessamento e cálculos de desempenho e produção de
energia de usinas eólicas no Estado. Dessa forma, o MesoMap que é um conjunto integrado de modelos de simulação
atmosférica, onde contém o armazenamento de dados meteorológicos e geográficos, capaz de recriar as condições reais
climáticas durante 366 dias escolhidos aleatoriamente dentre os registros históricos de 15 anos, foi um dos principais
meios para caracterizar o estudo do potencial eólico do Estado.
Os resultados da integração cumulativa, através da coleta de vários dados ao longo de 20 anos, indicam que a
Paraíba possui um potencial eólico de grande magnitude, com capacidade instalável em solo firme (onshore) estimada
em 10,2 GW a 120 m de altura, em locais com velocidades médias superiores a 7,5 m/s, os quais corresponderiam a
uma produção energética estimada em 43,3 TWh/ano. O potencial identificado corresponde aproximadamente a 16
vezes a capacidade de geração instalada no Estado (639,5 MW em 2014) ou, ainda, 9 vezes o consumo de energia
elétrica registrado no Estado em 2013 (4,8 TWh/ano) (ATLAS EÓLICO DA PARAÍBA, 2017).
De acordo com os dados obtidos na observação do Atlas, foi possível analisar que a região em estudo
(Assentamento Dona Antônia) possui um elevado potencial na produção de energia proveniente dos ventos. A Tabela 1
apresenta o potencial eólio de acordo com os parâmetros de: Altitude em relação ao mar, Velocidade dos ventos, Área e
Produção anual de energia, entre outros fatores.
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Tabela 1 - Potencial de geração eólica em solo firme.

Fonte: Atlas Eólico da Paraíba, 2017.

Uma condição necessária para a conversão eficiente da energia contida no vento em energia elétrica é a existência
de um fluxo constante e velocidade mínimas de vento. Fatores como densidade do ar, velocidade média do vento, área
do rotor do aerogerador e rugosidade do terreno são características básicas para estimar o potencial eólico de uma
determinada área (BAILÃO, 2016). Portanto, levando em consideração os dados coletados pelo Atlas Eólico da Paraíba
sobre as características básicas podemos concluir que, o tipo de cobertura da área estudada é classificada como solo
exposto que possui uma faixa de rugosidade de 0,001 – 0,01 m, a densidade do ar de aproximadamente 1,20 kg/m³, a
velocidade média dos ventos é de 7,5m/s e também um fator importante na geração elétrica é a área do rotor, que
caracterizam a área como uma região de eficiência na geração de eletricidade, com características básicas com médias
padrão necessárias para essa atividade.
Com base nos dados da Tabela 1 e levando em consideração que o local de estudo se encontra a 90 metros acima
do nível do mar e considerando que a altura mínima de uma torre eólica é de 70 metros, podemos concluir que os ventos
estão na média dos 7,5 m/s ao longo do ano. Este dado caracteriza a área como uma região de eficiência na geração de
eletricidade, com uma média padrão necessária para essa atividade. Convém ressaltar que a região Nordeste foi uma das
pioneiras na instalação de energia eólica para aproveitamento na geração de energia elétrica.

4.2 POTENCIAL SOLAR NA PARAÍBA E NO ASSENTAMENTO

Segundo o Atlas Brasileiro de Energia Solar, o potencial solar do Estado foi calculado a partir da integração dos
mapas de irradiação global horizontal e a irradiação no plano inclinado com médias anuais, utilizando-se de técnicas de
geoprocessamento, cálculos de desempenho e produção de energia de usinas solar no Estado. Dessa forma, o
BRASIL-SR que é um modelo físico para obtenção de estimativas da radiação solar incidente na superfície, onde são
analisados os dados meteorológicos e imagens de satélites, capaz de recriar as condições reais das componentes da
irradiação solar incidente na superfície, a irradiação global horizontal e a irradiação global no plano inclinado da área de
estudo. Dessa maneira, tal método foi um dos principais meios para caracterizar o estudo do potencial solar do Estado.
O Estado da Paraíba apresenta uma das condições mais favoráveis para a captação de energia solar, uma vez que
apresenta cerca de 5,7 KWh m²/dia (XAVIER, 2015 apud CAVALCANTE, 2018). Pensando nisso, Cruz (apud
CAVALCANTE, 2018) afirma que a instalação de 2,5 milhões de placas fotovoltaicas, capazes de gerar
aproximadamente 633MW, poderia tornar Paraíba autossuficiente na geração de energia elétrica. Além disso, os dados
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da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), a Paraíba ocupa a 13ª colocação no país como
Estado que gera energia proveniente do sol em geração distribuída com 29,0 MW.
De acordo com os dados obtidos na observação do Atlas, verifica-se na Figura 6 que a região em estudo possui um
elevado potencial na produção de energia por meio do sol.

Figura 6 – Mapa do total anual de irradiação solar com destaque para a área de estudo (kWh/m²).
Fonte: Adaptado de GLOBAL SOLAR ATLAS, 2019.

Com base nos dados da Figura 6, podemos analisar os fatores básicos da potencialidade da energia solar
fotovoltaica que são, a irradiação horizontal global (GHI), irradiação normal direta (DNI), irradiação normal difusa
(DIF), irradiação global inclinada (GTI) e o ângulo ideal do módulo fotovoltaico (OPTA). Dessa maneira, o fator da
irradiação global horizontal em um plano inclinado, no Assentamento Dona Antônia, é de 2155 kWh/m² por ano, na
qual é estimada a produção total de energia elétrica a partir dos módulos fotovoltaicos com base nas médias anuais
apresentadas acima e registradas por aparelhos específicos ao longo de todo o ano.
Com base nos dados da figura 6 e levando em consideração que o local de estudo possui vastas áreas disponíveis
para essa atividade, podemos concluir que a região é beneficiada pela alta taxa de raios solares ao longo do ano. Estes
dados caracterizam a área como uma região de grande potencial para o aproveitamento na geração de energia elétrica. É
importante salientar que a proposta da aplicabilidade dessa tecnologia no Assentamento assume um papel social, no que
tange à conjuntura de escassez de recursos por parte da população rural.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Tendo por base o conteúdo apresentado, pode-se concluir que o Assentamento Dona Antônia possui um grande
potencial energético renovável, devido o Assentamento estar localizado em uma região estratégica, próximo à área
urbana (Distrito de Jacumã - Conde/PB), com uma boa extensão territorial, ventos constantes, alta irradiação solar e
elevada altitude em relação a nível do mar, sem falar da existência de uma área pouco ou improdutiva que se encontra
em terrenos quase que totalmente arenosos, afastados da margem do rio e com declividade acentuada, necessitando da
utilização de técnicas de recuperação de solo tornando uma área muito difícil para o desenvolvimento da agricultura
familiar, mas excelente para geração de energia.
A partir disso, levando em consideração o projeto de lei 384/2016 (em trâmite no Senado Federal), que
regulamenta a produção de energia renovável em propriedades da reforma agrária, tendo por objetivo a exploração do
potencial para produção de energia eólica ou solar como forma de ampliação das possibilidades econômicas e
complementar às atividades agrossilvipastoris ou extrativistas desenvolvidas no imóvel rural, sem fugir da função
agrária.
Dessa maneira, o desenvolvimento da atividade de geração de energias renováveis no assentamento só trará
benefícios, incentivando a agricultura familiar, com mais recursos para investir na terra, a sustentabilidade ambiental, e
aumentando a oferta de energia na rede. Além disso, a regulamentação tem como princípio ​limitar a 30% a área
explorada ​evitando assim que o desenvolvimento desta atividade se torne a principal fonte da exploração rural, dessa
forma inviabilizando a migração do produtor e da sua família para os centros urbanos.
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REFERÊNCIAS:

Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), 2005. Disponível em:


<http://www2.aneel.gov.br/aplicacoes/atlas/pdf/06-energia_eolica(3).pdf>. Acesso em: 28 de agosto de 2019.
Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), 2019. Disponível em:
<http://www.absolar.org.br/infografico-absolar-.html>. Acesso em: 02 de novembro de 2019.
Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (ABINEE), 2012. Disponível em:
<http://www.abinee.org.br/informac/arquivos/profotov.pdf >. Acesso em: 25 de agosto de 2019.
Atlas Brasileiro de Energia Solar – 2ª Edição, 2017. Disponível em:
<http://ftp.cptec.inpe.br/labren/publ/livros/Atlas_Brasileiro_Energia_Solar_2a_Edicao.pdf >. Acesso em: 13 de
agosto de 2019.
Atlas Eólico da Paraíba, 2017. Disponível em:
<https://paraiba.pb.gov.br/diretas/secretaria-de-infraestrutura-dos-recursos-hidricos-e-do-meio-ambiente/arquivos/
atlas-pb-2017.pdf/view >. Acesso em: 10 de agosto de 2019.
BAILÃO, Rafael de Oliveira, 2016. Disponível em:
<http://repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/7236/1/microcentraisminicentraiseolicasparana.pdf>. Acesso
em: 15 de setembro de 2019.
BEZERRA, Francisco Diniz. Energia Eólica Banco do Nordeste, 2019. Disponível em:
<https://www.bnb.gov.br/documents/80223/4804489/66_2019_Eolica.pdf/5091550b-0dbb-9613-8502-c1ef650ad0
74 >. Acesso em: 10 de outubro de 2019.
BEZERRA, Francisco Diniz. Energia Solar Banco do Nordeste, 2018. Disponível em:
<https://www.bnb.gov.br/documents/80223/3365127/solar_31-2018-FINAL.pdf/2c59b789-02ee-9a5a-3d8c-e5b95
a0e3cb7 >. Acesso em: 10 de outubro de 2019.
CAVALCANTE, Rafael de Carvalho, 2018. Análise das barreiras e incentivos para a implantação da energia
fotovoltaica na Paraíba. Disponível em:
<https://repositorio.ufpb.br/jspui/bitstream/123456789/14828/1/Arquivototal.pdf >. Acesso em: 12 de outubro de
2019.
DUPONTT, F. H., GRASSI, F., ROMITTI, L., 2015. Energias Renováveis: buscando por uma matriz energética
sustentável. Revista do Centro de Ciências Naturais e Exatas – UFSM. Ed. Especial. Santa Maria – RS.
ELETROBRAS, 2019. Disponível em:
<https://www.cnabrasil.org.br/assets/images/ABERTURA-WILSON-FERREIRA-JUNIOR-ELETROBRAS.pdf
>. Acesso em: 12 de outubro de 2019.
Global Solar Atlas, 2016. Disponível em:
<https://globalsolaratlas.info/?c=-7.30194,-34.824514,11&s=-7.30194,-34.824386&m=sg:gti&e=1 >. Acesso em:
10 de setembro de 2019.
Projeto de lei nº 384, 2016. Disponível em: <https://www12.senado.leg.br/ecidadania/visualizacaomateria?id=127240>.
Acesso em: 16 de agosto de 2019.
Resenha Energética Brasileira. Ministério de Minas e Energia (MME), 2019. Disponível em:
<http://www.mme.gov.br/documents/1138787/1732840/Resenha+Energ%C3%A9tica+Brasileira+-+edi%C3%A7
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2019.

THE ENERGY POTENTIALITIES OF THE DONA ANTONIA


SETTLEMENT LOCATED IN APA TAMBABA - CONDE / PB
Abstract. G​ iven the growing demand over the years for energy in Brazil and the global trend of diversification of
energy matrices, solar photovoltaic and wind energy are extremely important for the diversification of Brazilian energy
matrix and the reduction of pollutant concentration in the region atmosphere. The Northeast has significant potential
for the use and implementation of renewable energy sources, in Paraíba and in particular in the Dona Antônia
Settlement, an area of ​study, inserted in the Tambaba Environmental Protection Area (APA TAMBABA), could not be
different. In this context, the present work consists of the analysis of data obtained from official sources, such as the
Brazilian Solar Energy Atlas and the Paraíba Wind Atlas, as well as the basic parameters for renewable energy
generation, such as inclined plane solar radiation and average wind speed The location of the study area and certain
physical characteristics of the settlement made it possible to diagnose its solar and wind potential in the generation of
renewable energy. The study also showed that the use of these sources, besides being an ecologically sound option,
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could also be a source of income for the settlers, bill 384/2016 that regulates the production of renewable energy in
land reform properties pending in the Federal Senate. Thus, the implementation of renewable energy sources in the
Dona Antonia settlement will impact on the socioeconomic development, the environmental sustainability of the
settlement itself, as well as on the increase in the energy supply of the region's distribution network.

​ enewable Energy, Dona Antonia Settlement, Energy Potential.


Keywords: R

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