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net/publication/321110124_ANALYSIS_OF_THE_POTENTIAL_FOR_MICRO-
GENERATION_OF_ELECTRICITY_THROUGH_WIND_TURBINES_AN_APPROACH_USING_SYSTEMS_DYNAMICS
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.19, n.1, p.79-99, 2017 79
INSS: 1517-8595

ANÁLISE DO POTENCIAL PARA MICRO GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA


POR MEIO DE TURBINAS EÓLICAS: UMA ABORDAGEM USANDO DINÂMICA
DE SISTEMAS

José Ronaldo Tavares Santos1, José Helvécio Martins2, Rafael Pinheiro Amantéa2,
Gisele Tessari Santos2, Isabella Theresa de Almeida Martins3

RESUMO

Existem vários tipos de energia alternativa que podem ser utilizados para geração de energia
elétrica. Todavia, não existe processo de conversão de energia sem causar impacto ambiental.
Em vista disto, a energia eólica foi o foco principal deste trabalho, uma vez que ela é uma
excelente fonte renovável para produção de energia elétrica, com baixo impacto ambiental. O
objetivo principal neste artigo foi demonstrar, por meio da modelagem dinâmica de sistemas, a
possibilidade de geração de energia elétrica de forma sustentável, preferencialmente renovável,
em pequenos empreendimentos com baixo consumo energético. Apresenta-se uma proposta de
modelagem dinâmica de um sistema de geração de energia elétrica, utilizando a ferramenta
computacional Vensim-PLE Version 6.3 para a análise do potencial de aproveitamento da
energia eólica para geração de energia elétrica em pequenos empreendimentos localizados em
Uberlândia, MG. Os resultados, em geral, comprovaram a viabilidade técnica e econômica de
utilização da energia eólica para geração de energia elétrica em Uberlândia, MG.

Palavras-chave: Energia eólica, dinâmica de sistemas, pequenos empreendimentos,


modelagem, energia elétrica sustentável, engenharia econômica.

ANALYSIS OF THE POTENTIAL FOR MICRO-GENERATION OF


ELECTRICITY THROUGH WIND TURBINES: AN APPROACH USING
SYSTEMS DYNAMICS

ABSTRACT

Several different types of alternative energy sources are available for electricity generation.
However, there is no energy conversion process without causing environmental impact. In view
of this, wind energy was the main focus of this work, since it is an excellent renewable source
for electricity production with low environmental impact. The main objective of this research
was to demonstrate, through systems dynamics modeling, the possibility of power generation in
a sustainable manner, preferably renewable, for small enterprises having low energy
consumption. A dynamic modeling of a power generation system was developed using the
software Vensim-PLE, Version 6.3, as a computational tool to analyze the potential of the wind
energy utilization for electricity generation in small businesses in the metropolitan region of
Uberlândia, MG. The results, in general, confirmed the technical and economic feasibility of
using wind energy for power generation in the metropolitan region of Uberlândia, MG.

Keywords: Wind energy. Dynamic systems, small businesses, modeling, sustainable energy.
Economic engineering.

Protocolo 18 2016 63 de 04/05/2017


1 Mestre em Engenharia e Gestão de Processos e Sistemas, Faculdade IETEC – Instituto de Educação Tecnológica, Rua

Tomé de Souza n° 165, Savassi, Belo Horizonte-MG, Brasil, CEP 30.140-138, E-mail: joseronts@gmail.com, Tel.: (31)
3116-1000
2 Faculdade IETEC – Instituto de Educação Tecnológica, Rua Tomé de Souza n° 165, Savassi, Belo Horizonte-MG, Brasil,

CEP 30140-138, E-mail: j.helvecio.martins@gmail.com, Tel.: (31) 3116-1000.


3 Universiadade Federal de Viçosa – Departamento de Engenharia Agrícola, Av. P. H. Rolfs, s/n, Viçosa-MG, Brasil, CEP

36570-000, E-mail: isabella.almeida.martins@gmail.com


80 Análise do potencial de micro geração de energia elétrica por meio de turbinas eólicas...... Santos et al.

INTRODUÇÃO Devido ao alto custo da produção de


energia, em geral, aliado às vantagens da
A maior parte da energia utilizada no energia eólica como uma fonte de energia
planeta Terra é de origem não renovável. Esta renovável e amplamente disponível, vários
energia é originada de recursos que, quando países têm estabelecidos incentivos,
utilizados, não podem ser repostos pela ação regulamentando e dirigindo investimentos
humana ou pela natureza em um prazo útil. financeiros, para estimular a geração de energia
Muitos destes recursos têm um grande potencial elétrica a partir da energia eólica (Goh et al.,
destruidor do meio ambiente, fazendo com que 2014; Martins; Guarnieri; Pereira, 2008;
a energia gerada a partir deles seja altamente Ramos; Seidler, 2011).
poluente, por exemplo, o petróleo, o carvão e o No ano de 2015 houve um acréscimo de
gás natural (Goh et al., 2014; Goldemberg; 63,7 GW de capacidade instalada de potência
Lucon, 2007). eólica mundial e, com este aumento, a
É possível gerar energia de forma mais capacidade total de potência eólica no mundo
inteligente, menos poluente e menos alcançou o total de 435 GW, com um
dispendiosa, sendo necessário que o ser humano crescimento de 17,2 %, maior do que em 2014,
busque novas fontes de energia renováveis e que foi de 16,4 %. Dentre os 15 principais
não poluentes, para que haja a tão sonhada mercados, o Brasil, Polônia, China e Turquia
combinação entre proteção do meio ambiente e foram os países com taxas de crescimento mais
crescimento econômico (Goh et al., 2014; fortes (WWEA, 2016).
Xavier et al., 2013). Para que isto ocorra deve Como no ano de 2014, o Brasil foi o
levar-se em conta as fontes alternativas, por quarto maior mercado para novas turbinas
exemplo, a energia eólica, solar, das marés e eólicas em 2015, com um volume de mercado
geotérmica (Martins; Guarnieri; Pereira, 2008). de 2,8 GW, sendo o primeiro principal mercado
Não existe processo de conversão de de energia eólica da América Latina (WWEA,
energia sem causar impacto ambiental. Em vista 2016). A Tabela 1 contém os dados mais
disto, a energia eólica será o foco principal recentes que ilustram o cenário mundial da
deste artigo, haja vista que representa uma capacidade de produção de energia elétrica, a
excelente fonte renovável para produção de partir da energia eólica, para os principais
energia elétrica, com baixo impacto ambiental, países que dominam este mercado (WWEA,
e seus custos de instalação e manutenção 2016). É importante ressaltar que, de acordo
apresentam tendência de diminuição a cada ano. com a Tabela 1, o Brasil teve a maior taxa de
Energia eólica é a energia que provém do crescimento do mundo, com valor igual a
vento, uma abundante fonte de energia limpa, 46,2%, demonstrando sua participação ativa e
renovável, e disponível em todos os lugares. O representatividade na implantação desta fonte
termo eólico vem do latim “aeolicus”, de energia.
pertencente ou relativo à Éolo, deus dos ventos No Brasil, mais de 75 % da matriz
na mitologia grega e, portanto, pertencente ou energética é constituída de energia
relativo ao vento (Ramos; Seidler, 2011). A hidroelétrica, mas as autoridades estão
geração de energia elétrica a partir da força do incentivando a produção de energia de
vento somente começou em torno do início do biomassa e eólica como alternativas primárias,
século XX, com alguns dos primeiros pois, segundo dados do Balanço Energético
desenvolvimentos creditados aos Nacional de 2014 (BEN, 2014), realizado pela
dinamarqueses (Shepherd, 1994). Por volta do Empresa de Pesquisa Energética (EPE), em
ano de 1930, aproximadamente, uma dúzia de 2013 a participação de fontes renováveis na
empresas americanas produziam esses Matriz Elétrica Brasileira foi de 79,3 %.
“carregadores de vento”, e os vendiam, na A produção de eletricidade a partir de
maior parte, a fazendeiros. Tipicamente, essas fonte eólica alcançou 6.579 GWh em 2013,
máquinas poderiam fornecer uma potência útil equivalente a um aumento de 30,3 % em
de até 1000 W (1 kW), em corrente contínua, relação ao ano anterior, quando se atingiu 5.050
quando o vento estava soprando (Shepherd, GWh. Em 2013, a potência instalada para
1994; CEPEL, 2001). geração eólica no país expandiu 16,5 % (BEN,
2014).

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Tabela 1. Cenário mundial da energia eólica. Os 15 países mais bem classificados em relação ao
número de instalações de geração eólica.
Capacidade Capacidade Capacidade
Taxa de
Posição Total em Adicionada Total em
País/Região Crescimento
em 2015 2015** em 2015*** 2014
[%]
[MW] [MW] [MW]
1 China 148.000 32.970 29,0 114.763
2 Estados Unidos 74.347 8.598 13,1 65.754
3 Alemanha 45.192 4.919 11,7 40.468
4 Índia* 24.759 2.294 10,2 22.465
5 Espanha 22.987 0 0,0 22.987
6 Reino Unido 13.614 1.174 9,4 12.440
7 Canadá 11.205 1.511 15,6 9.694
8 França 10.293 997 10,7 9.296
9 Itália 8.958 295 3,4 8.663
10 Brasil 8.715 2.754 46,2 5.962
11 Suécia 6.025 615 11,1 5.425
12 Polônia 5.100 1.266 33,0 3.834
13 Portugal 5.079 126 2,5 4.953
14 Dinamarca 5.064 217 3,7 4.883
15 Turquia 4.718 955 25,4 3.763
Resto do mundo 40.800 5.000 14,0 35.799
Total 434.856 63.690 17,2 371.374
* Referência a novembro de 2015.
** Inclui toda capacidade eólica instalada, conectada e não conectada à rede.
*** Inclui a capacidade líquida adicionada durante o ano de 2015.

A primeira turbina de energia eólica do de turbinas eólicas, em pequenos


Brasil foi instalada em Fernando de Noronha empreendimentos com característica de
em 1992. Dez anos depois, o governo criou o consumo médio mensal de até 300 kWh.
Programa de Incentivo às Fontes Alternativas
de Energia Elétrica (Proinfa), para incentivar a REVISÃO DA LITERATURA
utilização de outras fontes renováveis, como
eólica, biomassa e Pequenas Centrais Energia Eólica
Hidrelétricas (PCHs). No Brasil, o primeiro
leilão de energia eólica foi realizado em 2009, Posteriormente à crise do petróleo de
em um movimento para diversificar a sua 1970, vários países iniciaram pesquisas e
matriz energética (ABEE, 2016). programas para o aproveitamento da energia do
Durante o período de seca, podem-se vento. Nos últimos anos, a energia eólica
preservar as bacias hidrográficas fechando ou registrou uma significativa evolução. No
minimizando o uso das hidrelétricas. Por essa período de 1998 até 2007 houve um
razão, a energia eólica é excelente contra a crescimento em torno de 10 vezes na
baixa pluviosidade e a distribuição geográfica capacidade mundial de geração de energia a
dos recursos hídricos existentes no país. partir do vento (Ramos; Seidler, 2011).
A maior parte dos parques eólicos se A quantidade de eletricidade que pode
concentra nas regiões nordeste e sul do Brasil, ser gerada utilizando a energia eólica depende,
embora quase todo o território nacional tenha basicamente, de quatro fatores: (i) quantidade
potencial para geração desse tipo de energia. de vento que passa pela hélice do gerador, (ii)
Neste trabalho, especificamente, é diâmetro da hélice, (iii) dimensão do gerador e
enfocado o potencial de geração de energia (iv) rendimento de todo o sistema (Ramos;
elétrica por meio de turbinas eólicas, e a Seidler, 2011; Slootweg; Kling, 2003).
viabilidade de sua implantação, para pequenos Apesar de não queimarem combustíveis
consumidores na região de Uberlândia, Minas fósseis e não emitirem poluentes, as usinas
Gerais. Neste contexto, o objetivo geral foi eólicas não são totalmente desprovidas de
analisar técnica e economicamente, por meio de impactos ambientais. Elas alteram paisagens
modelagem e da dinâmica de sistemas, o com suas torres e hélices e podem ameaçar
potencial de geração de energia elétrica, a partir pássaros se forem instaladas em rotas de

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migração. Emitem certo nível de ruído, que distribuição de radiação solar recebida na
pode causar algum incômodo. Além disso, superfície da Terra, provocando variações
podem causar interferência na transmissão de sazonais na intensidade e na duração dos ventos
sinais de televisão (Ramos; Seidler, 2011). em qualquer local da superfície terrestre. Este
O regime de vento é variável, portanto a fenômeno faz surgir os ventos continentais ou
geração de energia por meio eólico também é periódicos e compreendem as monções e as
variável, atingindo picos de mínimos e de brisas (CRESESB, 2008; Picollo; Rühler;
máximos durante o ano (Ramos; Seidler, 2011). Rampinelli, 2014).
Segundo Silva (2013a), as flutuações do vento Em sobreposição ao sistema de geração
possuem caráter não determinístico, dos ventos, encontram-se os ventos locais,
ocasionados por variações instantâneas, também chamados de variáveis, que são
variações sazonais, variações com a altura, originados e influenciados pelos elementos de
variações com a topografia do terreno e seus paisagem de superfície, principalmente pelo
obstáculos. Estes fatores, por consequência, relevo, florestas, bosques e edifícios
afetam o regime de geração de energia elétrica (CRESESB, 2008). Ou seja, são resultantes das
por meio de geradores eólicos (Ramos; Seidler, condições locais, tornando-os bastante
2011; Silva, 2013b). individualizados. Estes ventos não são
padronizados, podendo variar o sentido e a
Mecanismos de formação de ventos velocidade dependendo das condições naturais
do ambiente (CEPEL, (2001).
Os ventos são causados pelo aquecimento
diferenciado da atmosfera, portanto, a energia Velocidade dos ventos
proveniente deles é uma forma de energia
obtida indiretamente do sol. Este aquecimento Os ventos são gerados pela diferença de
não uniforme da atmosfera é devido a, dentre temperatura da terra e das águas, das planícies e
outros fatores, à orientação dos raios solares e das montanhas, das regiões equatoriais e dos
aos movimentos da Terra (CRESESB, 2008; polos do planeta Terra. A quantidade de energia
Picollo; Rühler; Rampinelli, 2014). disponível no vento varia de acordo com as
Nas regiões tropicais, os raios solares estações do ano e as horas do dia. A topografia
incidem na superfície da Terra quase que e a rugosidade do solo também têm grande
perpendicularmente, por isto estas regiões são influência na distribuição de frequência de
mais aquecidas do que as regiões polares. ocorrência dos ventos e de sua velocidade em
Consequentemente, o ar quente que se encontra um local (Ramos; Seidler, 2011).
nas baixas altitudes das regiões tropicais tende a Os ventos mais fortes, mais constantes e
subir, sendo substituído por uma massa de ar mais persistentes ocorrem em bandas situadas a
mais frio que se desloca das regiões polares. cerca de 10 km da superfície da terra. Como
Este deslocamento das massas de ar determina a não é possível colocar os conversores eólicos
formação dos ventos, cujo mecanismo é nestas zonas, o espaço de interesse encontra-se
ilustrado na Figura 1 (CEPEL, 2001). limitado a algumas dezenas de metros de
altitude na atmosfera. Nestas alturas, o vento é
diretamente afetado pela fricção na superfície, o
que provoca uma diminuição na sua velocidade
(Ramos; Seidler, 2011).

Potencial eólico

Para avaliação do potencial eólico de


uma região, é necessária a coleta precisa de
dados dos ventos, no intuito de se ter o
mapeamento eólico regional.
Visando a disponibilização de áreas
Figura 1. Formação dos ventos devido ao adequadas para a exploração de energia eólica,
deslocamento das massas de ar. no Brasil foi criado o Atlas do Potencial Eólico
Brasileiro. Este documento foi obtido utilizando
O eixo da Terra está inclinado de 23,5o um programa computacional chamado de
em relação ao plano de sua órbita ao redor do MesoMap, que fornece, dentre outras variáveis,
sol. Isto causa variações sazonais na estimativas da velocidade média dos ventos em

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várias altitudes acima da superfície, por meio de região metropolitana de Uberlândia, localizada
um modelo complexo que simula as condições no estado de Minas Gerais, a velocidade média
climáticas (CEPEL, 2001). anual dos ventos varia entre 6,5 e 7,5 m/s a 50
De acordo com o Atlas do Potencial m de altura, como ilustrado na Figura 2
Eólico da região sudeste, especificamente na (CEPEL, 2001).

Figura 2. Potencial eólico na região Sudeste.

Funcionamento da Turbina Eólica igual a 500 W/m², a uma altura de 50 m, o que


requer uma velocidade mínima do vento de 7 a
O funcionamento de uma turbina eólica 8 m/s (Grubb; Meyer, 1993; Xie et al., 2008).
envolve vários campos do conhecimento,
incluindo meteorologia, aerodinâmica,
eletricidade, controle, bem como de engenharia
civil, mecânica e estrutural. O princípio de
funcionamento de uma turbina eólica baseia-se
na conversão da energia cinética, resultante do
movimento de rotação causado pela incidência
do vento nas pás do rotor da turbina, em energia
elétrica (CEPEL, 2001). As pás das máquinas
modernas são dispositivos aerodinâmicos com
perfis especialmente desenvolvidos,
equivalentes às asas dos aviões, e que
funcionam de acordo com o princípio físico da
sustentação, como ilustrado na Figura 3
(Howstuffworks, 2006). Este princípio físico
não é objeto de discussão neste artigo.
Para que a energia eólica seja
Figura 3. Funcionamento de uma turbina
considerada tecnicamente aproveitável, é
eólica.
necessário que sua densidade seja maior ou

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Análise das Turbinas Eólicas Horizontais p.V  m  R  T (3)

Neste artigo é considerada no processo Em que:


p = Pressão, Pa.
de geração de energia elétrica uma turbina
eólica de eixo horizontal, cuja análise envolve V = Volume, m³.
aerodinâmica e mecânica dos fluidos, por isto é m = Massa, kg.
complexa (Lima, 2016; Picollo; Rühler; R = Constante dos gases para o ar,
Rampinelli, 2014). Todavia, os conceitos 0,287 kJ/kg K.
básicos podem ser obtidos por meio de T = Temperatura, K.
simplificações na análise, com resultado final  = Massa específica do ar, kg/m³.
expresso pela Equação 1.
No nível do mar, onde a pressão
1 atmosférica é igual a 101,325 kPa (1 atm), à
P   CP  ρ  A d  v3o (1)
2 temperatura de 15°C, a massa específica do ar é
Em que: igual a 1,225 kg/m³. A maioria das turbinas
eólicas é instalada nas proximidades da costa
P = Potência, W.
marítima e, geralmente, a altura das torres de
 = Massa específica do ar, kg/m³. sustentação não ultrapassa a 100 m.
Ad = Área do rotor, m². A variação na massa específica do ar
(vento) com a altitude causa variação também
v0 = Velocidade do vento, m/s. na velocidade do vento. A velocidade do vento
Cp = Coeficiente de potência. aumenta com a altura, devido à diminuição do
efeito do atrito na superfície da terra (Colak et
al., 2015; Picollo; Rühler; Rampinelli, 2014).
Observa-se que a potência de um gerador A taxa de aumento da velocidade pode
eólico é proporcional ao cubo da velocidade do ser calculada pela expressão:
vento e à área do rotor da turbina eólica.
O coeficiente de potência Cp é definido
h
como sendo a razão entre a potência extraída ln  
  
pelo rotor e a potência existente no vento: v(h) z
(4)
v0 h 
P ln  0 
Cp  (2)  z 
1
 ρ  A d  v3o Em que:
2
v(h) = Velocidade do vento em função da
É importante observar que a massa altura do local, m/s.
específica do ar é 800 vezes menor do que a vo = Velocidade do vento na altura de
massa específica da água. Portanto, a potência referência, m/s.
de turbinas eólicas é muito menor do que a z = Coeficiente de rugosidade,
potência das turbinas hidráulicas. O coeficiente adimensional.
de potência representa a fração máxima da h = Altura do local em relação ao nível
energia contida no vento que pode ser extraída do mar, m.
pela turbina. A potência máxima possível de ser ho = Altura de referência, geralmente
extraída do vento foi calculada por Albert Betz ao nível do mar, m.
(Ragheb; Ragheb, 2015). Este, por sua vez,
concluiu que não é possível aproveitar mais do O coeficiente de rugosidade, z, do ar
que, aproximadamente, 59,3 % da potência pode variar de 0,0002, na superfície da água,
disponível no vento. até 1,6 para grandes edifícios, e quanto maior a
altura de instalação da turbina, maior a
Massa Específica do Ar velocidade do vento e, portanto, maior será o
incremento na potência de geração. Este
A massa específica do ar varia com a coeficiente pode variar de acordo com a
pressão e com a temperatura. Para valores de característica do terreno (Colak et al., 2015;
pressão menores do que 506,625 kPa (5 atm), o Picollo; Rühler; Rampinelli, 2014) e pode ser
ar pode ser considerado, com precisão aceitável, calculado usando a Equação (5), que é a
como um gás ideal. Portanto, pode-se estimar solução da Equação (4).
sua massa específica usando a lei dos gases
ideais (Moran et al., 2015).

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 v .ln  h   v  h  .ln  h 0   Bedregal, 2008). O investimento somente será


z  exp  0  (5) viável se o valor do VPL for positivo.
 v0  v  h   O cálculo do VPL é realizado utilizando
a seguinte equação:
Utiliza-se como base os coeficientes de
rugosidade tabelados no European Wind Atlas n  FC 
VPL      FC0
j
(1989). Este atlas possui uma descrição dos (6)
j1  1  i  
n
vários tipos de terrenos com seus respectivos  
valores de coeficiente de rugosidade. Em que:
O gráfico da Figura 4 ilustra a relação da VPL = Valor presente líquido, $.
velocidade do vento em relação à altura e as FCj = Valor de entrada de caixa
suas variações, de acordo com o coeficiente de previsto para cada intervalo de
rugosidade. Além disso, ilustra as tempo j, $.
características locais de acordo com este FC0 = Investimento inicial no projeto,
coeficiente. $.
Quanto maior a altura de instalação da i = Taxa de juros, decimal.
turbina, maior a velocidade do vento e, n = Intervalo de tempo, ano.
portanto, maior será o incremento na potência A Taxa Interna de Retorno (TIR) é a taxa
de geração. de juros que iguala, em um determinado
momento de tempo, o valor presente das
entradas com as saídas previstas de caixa
(Duarte; Bedregal, 2008). A Taxa Interna de
Retorno do Investimento pode ser comparada à
Taxa Mínima de Atratividade (TMA). Se o
valor da TIR for superior ao da TMA, o
investimento será viável, caso contrário será
inviável. Caso os valores da TIR e da TMA
forem iguais, o investimento será indiferente.
O cálculo da TIR é realizado utilizando a
Equação (7), em que i é a taxa de juros (TIR)
que torna esta igualdade verdadeira.
n  FC j 
FC0     (7)
j1  1  i)  
n

Figura 4. Variação da velocidade do vento em  


função da altura e do coeficiente de rugosidade O outro método alternativo em relação ao
da superfície. VPL é o Retorno sobre Investimento (ROI). É o
tempo decorrido entre o investimento inicial e o
Análise de Viabilidade Econômica momento no qual o lucro líquido acumulado se
iguala ao valor desse investimento.
A análise da viabilidade econômica tem O método consiste, basicamente, em
por objetivo avaliar a rentabilidade do projeto. determinar o valor do período de tempo do
Uma tomada de decisão empresarial deve, retorno do investimento, n (Samanez, 2009),
imprescindivelmente, passar por uma análise utilizando a Equação (6), em que o
econômica idônea, para embasar a definição e a investimento inicial do projeto (FC0) seja igual
escolha, dentre vários projetos, aquele mais ao somatório do fluxo de caixa neste intervalo
rentável (Duarte; Bedregal, 2008). Os métodos de tempo. No presente trabalho, foram
mais utilizados para realizar uma análise de utilizados os três métodos de análise econômica
investimentos é o método do Valor Presente apresentados: VPL, TIR e ROI.
Líquido (VPL), da Taxa Interna de Retorno
(TIR) e do Retorno sobre Investimento (ROI). Ferramentas Computacionais
O método do Valor Presente Líquido
(VPL) baseia-se na diferença entre o valor dos As ferramentas computacionais utilizadas
benefícios (ou pagamentos) previstos de caixa e neste trabalho foram os programas
o valor presente do fluxo de caixa inicial, computacionais Vensim-PLE, Versão 6.3
também chamado de investimento (Duarte; (Ventana Systems, 2015) e o Statistica (DELL,
2015).

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O Vensim é uma ferramenta de máximos da velocidade dos ventos, temperatura


modelagem visual que permite conceituar, e pressão atmosférica, fornecidos pelo Instituto
documentar, simular, analisar e otimizar Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE,
modelos de sistemas dinâmicos. O Vensim obtidas da estação de monitoramento climático
fornece uma maneira simples e flexível para localizada na superfície terrestre da região
construção de modelos de simulação a partir do metropolitana de Uberlândia – MG, código
ciclo causal ou diagramas de fluxo e de estoque. SYNOP 83525, latitude 18,87 , longitude
Este programa possibilita que as relações entre 42,22 e altitude em relação ao nível do mar
as variáveis do sistema sejam inseridas e de 943 metros.
registradas como conexões causais. Esta As estações meteorológicas no Brasil são
informação é usada pelo editor de equações controladas e monitoradas pelo Ministério da
para ajudar a formar um modelo completo de Defesa, por meio do Comando da Aeronáutica,
simulação. O modelo pode ser analisado em e Departamento de Controle do Espaço Aéreo,
todo o processo de construção, olhando para as seguindo o manual de procedimento técnico
causas e os usos de uma variável, e também nas MCA 101-1 (Brasil, 2015). A medição dos
malhas que envolvem a variável. Quando um parâmetros relativos aos ventos é feita por meio
modelo que possa ser simulado tiver sido de instrumentos localizados a dez metros de
construído, o Vensim permite explorar altura, em relação à base da torre de suporte das
completamente o comportamento do modelo. estações, segundo o item 5.1.4 deste manual.
O programa Statistica (DELL, 2015) O anemômetro é um dispositivo
possui um conjunto de ferramentas estatísticas eletrônico destinado a sensoriar, continuamente,
para realização de análises, testes de aderência, a direção do vento (DV), velocidade e pico de
testes de hipótese, dentre outras. Além destas, vento (VV) nas proximidades dos pontos de
possui ferramentas de gestão e visualização da toque da(s) pista(s). Abaixo deste instrumento,
base de dados. com altura entre 1,5 e 2,0 metros da pista, são
instalados também o sensor de temperatura de
METODOLOGIA ar (TA) e o sensor de umidade relativa (UR). A
Figura 5 (Brasil, 2015) ilustra o posicionamento
A presente pesquisa foi estruturada em destes sensores.
três etapas: A primeira etapa consistiu na
obtenção de uma base de dados de velocidade
dos ventos e pressão atmosférica para a região
de Uberlândia, MG, e o tratamento estatístico
destes dados. A segunda etapa consistiu na
simulação do processo de geração de energia
elétrica por meio de turbinas eólicas utilizando
dinâmica de sistema e a ferramenta
computacional Vensim-PLE, Versão 6.3
(Ventana Systems, 2015). Na terceira etapa foi
realizada uma análise econômica do
empreendimento proposto. Figura 5. Posicionamento dos sensores DV,
A turbina eólica utilizada para este VV, TA e UR.
estudo é do tipo eixo horizontal, de pequeno
porte, três pás, direção de entrada do vento A partir desta base de dados (INPE,
frontal (downwind) e velocidade variável. Foi 2016), foi realizada uma simulação usando o
escolhida a Turbina Eólica Verne 555 programa Statistica (DELL, 2015) para obter os
(ENERSUD, 2016) que, segundo o fabricante, é dados estatísticos dos valores mínimos, médios
considerada a ideal para alimentar pequenos e máximos da velocidade dos ventos, e da
conjuntos residenciais, podendo gerar uma massa específica do ar.
potência ativa de até 6 kW, com velocidade do Como a energia eólica é uma das fontes
vento igual a 12 m/s. com maior variabilidade, devido à sua
intermitência, esta variabilidade pode ser obtida
Análise Estatística dos Dados das Variáveis utilizando diversas técnicas estatísticas (Colak
Relativas aos Ventos et al., 2015). Normalmente, utiliza-se uma
distribuição de probabilidade para expressar
Primeiramente foi pesquisada uma base esta variabilidade. Neste trabalho, foi utilizada a
de dados com valores mínimos, médios e função de distribuição de probabilidade de

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Análise do potencial de micro geração de energia elétrica por meio de turbinas eólicas...... Santos et al. 87

Weibull (Colak et al., 2015; Gyparakis et al., Modelagem e Simulação do Processo de


2014). Geração de Energia Elétrica por meio de
Segundo Gyparakis et al. (2014) e Chwif Turbinas Eólicas
e Medina (2010), a distribuição de Weibull é
dada pela Equação (8), em que k é o parâmetro A modelagem do processo de geração de
de forma da curva, c é o parâmetro de escala e u energia foi desenvolvida utilizando a técnica de
é o valor da variável sob análise, que no caso é dinâmica de sistemas. O modelo assim obtido,
a velocidade do vento. também conhecido como Diagrama de Fluxos,
foi desenvolvido seguindo a metodologia
k u
k 1
  u k  apresentada por Garcia (2009) e a partir da
f u     exp      (8) equação final da potência gerada, Equação (9),
c c   c   em relação ao tempo.

A partir da base de dados (INPE, 2016), 1


foi realizada uma análise estatística, utilizando Pmax   CP    A d  v3o  0, 297    A d  v3o (9)
2
os valores mínimos, médios e máximos da
velocidade dos ventos, temperatura ambiente, Além da equação (9), foi necessário obter
pressão atmosférica e massa específica do ar. os valores dos coeficientes de potência,
As amostras de dados utilizadas foram obtidas partindo do gráfico de potência em função da
no período de janeiro de 2013 a dezembro de velocidade do vento, da Turbina Verne 555
2015. A melhor distribuição de probabilidade (ENERSUD, 2016). Foi elaborada uma tabela
de ocorrência dos valores dessas variáveis foi (Tabela 2) com os valores do coeficiente de
simulada e testada usando a ferramenta potência e potência de geração, em função da
computacional Statistica (DELL, 2015). velocidade do vento e da massa específica do ar
(1,07 kg/m³).

Tabela 2. Coeficiente de perdas e potência de geração, em função da velocidade do vento, para


diâmetro de rotor da turbina (D) igual a 5,55 m, massa específica do ar () igual a 1,07 kg/m³ e área
varrida pelas pás da turbina (A) igual a 24,19 m2.

Velocidade Potência Velocidade Potência


Rendimento Rendimento
(m/s) (W) (m/s) (W)

1 0,00 0,00 9 3.233,70 0,50


2 0,00 0,00 10 4.087,00 0,47
3 93,00 0,39 11 4.889,30 0,42
4 252,80 0,45 12 5.557,30 0,36
5 560,20 0,51 13 5.999,40 0,31
6 1.029,40 0,54 14 6.117,80 0,25
7 1.652,50 0,55 15 5.811,20 0,20
8 2.402,30 0,53 16 4.976,60 0,14

Partindo dos dados contidos na Tabela 2, Goh et al. (2014), com a inclusão das seguintes
foi ajustado o modelo polinomial de terceiro variáveis, destacadas na Figura 6: coeficiente de
grau aos dados de coeficiente de perdas em potência, velocidade em função da altura de
função da velocidade do vento, obtendo-se a instalação, coeficiente de rugosidade e domínio
Equação (10). do tempo (Time).
Análise de Viabilidade Econômica da Geração
Cp  0,0005v3  0,0186 v 2  0,189 v  0,0273 (10) de Energia Elétrica por meio de Turbinas
Com base nas Equações (9) e (10), foram Eólicas
inseridas no diagrama de fluxo as variáveis
dimensionais e adimensionais do processo A análise econômica foi realizada,
(Garcia, 2009). Este diagrama teve algumas inicialmente, fazendo-se a composição da
adaptações em relação ao modelo proposto por estimativa do investimento inicial do projeto de
implantação do empreendimento (COPEL,

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88 Análise do potencial de micro geração de energia elétrica por meio de turbinas eólicas...... Santos et al.

2007). Esta estimativa foi realizada por meio de (ENERSUD, 2016; AZEVEDO, 2016). Os
uma pesquisa de mercado, para obtenção dos resultados são apresentados na Tabela 3. A
preços dos equipamentos e da mão-de-obra análise econômica foi realizada com os valores
necessários na execução do empreendimento contidos nesta tabela.

Tabela 3. Investimento para implantação de um sistema com a turbina instalada a 25, 50 e 80 m de


altura.
Valor Total (R$) *
Item Descrição
Altura 25 m Altura 50 m Altura 80 m
1 Turbina Eólica 39.990,00 39.990,00 39.990,00
2 Torre de Suportação 42.000,00 84.000,00 134.400,00
3 Base Civil 10.000,00 15.000,00 24.000,00
4 Inversor / Controlador de carga 42.100,00 42.100,00 42.100,00
5 Materiais diversos 6.000,00 9.000,00 14.400,00
6 Projeto 15.800,00 15.800,00 15.800,00
7 Mão de obra – civil 9.000,00 12.000,00 19.200,00
TOTAL (R$) 164.890,00 217.890,00 289.890,00
* Valor do dólar Americano em 18/03/2016 (IBOVESPA, 2016): $ 1,00 = R$ 3,625

O fluxo de caixa representa as  2,5  VT 


contribuições monetárias, ou seja, as entradas e MP     (12)
saídas de dinheiro, durante o período  100 
equivalente ao horizonte de planejamento do
projeto. O fluxo de caixa pode ser estimado O valor de depreciação do sistema pode
usando a seguinte equação (adaptado de ser estimado usando as seguintes equações
LOPES, 2002): (LOPES, 2002), com adaptações para o caso de
turbinas eólicas:
i
 k 
Fi  R E 1     M p i   VDA i (11)
VD 
VT  F  TOP  FD 
 100  (13)
100
Em que
F  VF
Fi = Fluxo de caixa no ano i, R$. FD  (14)
VU
RE = Receita da geração de energia,
R$/ano. TVU
k = Índice de aumento de energia VU  (15)
HF
acima da inflação, %.
i = Ano considerado, (i=1, 2,..., n). Em que
MP = Custo de manutenção do
VD = Valor depreciado da turbina
sistema, R$/ano.
eólica, R$.
VDA = Valor da depreciação anual da
VT = Valor da turbina eólica, R$.
turbina eólica, R$/ano.
TOP = Tempo em operação, ano.
FD = Fator de depreciação da turbina,
O valor de k começa a ser contado a
adimensional.
partir de um ano, assim, o ano zero (tempo
VF = Valor da turbina ao final de sua
zero) é o ano inicial do investimento no sistema
vida útil em relação ao valor de
de geração de energia elétrico-eólica.
uma nova turbina, %.
Para fins de análise de viabilidade econômica, VU = Vida útil da turbina, ano.
considerou-se o custo de manutenção igual ao F = Coeficiente de depreciação (para
valor percentual de 2,5 % do valor de venda F = 90; quando o preço
investimento na turbina, o que é equivalente ao depreciado for para o
custo de manutenção do sistema (Lopes, 2002), reaproveitamento, F = 100).
estimado usando a Equação (12), em que VT é o HF = Tempo de operação da turbina na
valor da turbina eólica (R$). geração, h/ano.
TVU = Tempo de vida útil da turbina, h.

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Análise do potencial de micro geração de energia elétrica por meio de turbinas eólicas...... Santos et al. 89

Combinando as Equações (13), (14) e 2016) acumulada nos anos de 2013, 2014 e
(15) com a Equação (12), obtém-se a Equação 2015, com um valor médio de 10,3% ao ano.
(16), para a estimativa do valor da depreciação. Foi possível desenvolver no programa
computacional Vensim-PLE, Versão 6.3,
 1     HF   
  F  VF    (16)
(Ventana Systems, 2015), a modelagem para o
VD    VT  F  TOP 
 100     TVU    cálculo do VPL, ROI e TIR.
Partindo do diagrama de fluxo da
O tempo de vida útil da turbina é de 20 Figura 6, foram inseridas estas novas variáveis.
anos, para operação contínua e ininterrupta, A Figura 7 ilustra este novo modelo com
equivalente a 8.760 horas por ano. destaque para as novas variáveis inseridas,
Para o valor da taxa de juros anual foi especialmente o Fluxo de Caixa, o VPL, o ROI
adotado o valor da taxa de juros Selic (Brasil, e a TIR.

Figura 6. Diagrama de fluxo com a inclusão das variáveis para análise técnica.

Figura 7. Diagrama de fluxo com a inclusão das variáveis para análise econômica (Fluxo de Caixa,
VPL, ROI e TIR).

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90 Análise do potencial de micro geração de energia elétrica por meio de turbinas eólicas...... Santos et al.

A análise da viabilidade econômica foi A partir da base de dados (INPE 2015) e


realizada partindo do princípio do saldo do programa Statistica (DELL, 2015), foi
disponível de energia em função da demanda de elaborada a Tabela 5 e o gráfico da Figura 8 que
energia. Este saldo seria o valor no qual o contêm os resultados dos dados estatísticos de
consumidor deixaria de pagar pelo custo de velocidade dos ventos ocorridas na estação
energia e venderia esta energia para a meteorológica localizada em Uberlândia, MG.
concessionária, tornando-se uma receita A velocidade média dos ventos na
financeira mensal. estação meteorológica em Uberlândia variou
entre 2,60 m/s e 4,40 m/s.
RESULTADOS E DISCUSSÃO Os valores mínimos e máximos da
velocidade do vento foram 2,90 m/s e 4,24 m/s,
Análise Estatística da Massa Específica do Ar respectivamente, neste local, no período
e da Velocidade dos Ventos considerado. As medições foram realizadas com
o anemômetro instalado a 10 metros de altura,
A variação da massa específica do ar em conforme pode ser observado na Tabela 6.
Uberlândia, MG, encontra-se na Tabela 4.

Tabela 4. Massa específica média do ar (kg/m³) na estação meteorológica de Uberlândia, Minas


Gerais.
Valor Médio
Estação Variância Desvio Padrão Valor Mínimo Valor Máximo
(kg/m³)

Uberlândia 1,07 0,00028 0,0168 1,03 1,12

Para a modelagem utilizando o programa do sistema para a estação meteorológica em


computacional Vensim-PLE, Versão 6.3 Uberlândia está ilustrado na Figura 8.
(Ventana Systems, 2015), foi assumido o valor Os resultados simulados de velocidade
da massa específica do ar igual a 1,07 kg/m³. média mensal dos ventos, com anemômetro
instalado a 10 m de altura (altura padrão para as
Análise do Coeficiente de Rugosidade medições), encontram-se na Figura 9.
Observa-se, na Figura 9, que o
Partindo da Equação (5), dos dados da comportamento médio da variação da
medição das velocidades dos ventos na altura velocidade dos ventos em Uberlândia, a 10 m
de 10 metros e do mapa (CEPEL, 2001), onde de altura, apresenta valores mínimos entre os
contém a velocidade do vento em uma altura de meses de abril e maio o os máximos entre
50 metros, foi obtido o valor do Coeficiente de agosto e outubro.
Rugosidade. Estes coeficientes estão na
Tabela 5. Tabela 5. Parâmetros relativos ao vento na
região de Uberlândia, Minas Gerais.
Modelagem do Processo de Geração de
Energia Elétrica por meio de Turbinas Eólicas Velocidade Média do Vento
3,47
(m/s), a 10 m de altura.
Os modelos e os resultados simulados Velocidade Média do Vento
foram obtidos usando o programa 6,5
(m/s), a 50 m de altura.
computacional Vensim-PLE, Versão 6.3 Coeficiente de Rugosidade, z,
(Ventana Systems, 2015), por meio da técnica 0,632
(adimensional).
de dinâmica de sistemas. O diagrama de fluxo

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Análise do potencial de micro geração de energia elétrica por meio de turbinas eólicas...... Santos et al. 91

Tabela 6. Velocidades dos ventos na estação meteorológica, código 83525, em Uberlândia, Minas
Gerais.
Média Mensal da Velocidade dos Ventos (m/s)
Média dos Desvio
Mês 2013 2014 2015 Variância
3 anos padrão
Janeiro 3,15 2,98 3,15 3,09 0,0096 0,0981
Fevereiro 3,50 3,08 4,39 3,66 0,4472 0,6687
Março 3,25 2,97 - 3,11 0,0392 0,1980
Abril 3,24 2,76 2,70 2,90 0,0876 0,2960
Maio 3,33 2,79 2,62 2,91 0,1374 0,3707
Junho 3,41 - 3,66 3,54 0,0313 0,1768
Julho 3,65 - 3,68 3,67 0,0005 0,0212
Agosto 4,03 - 3,72 3,88 0,0481 0,2192
Setembro 4,41 - 4,07 4,24 0,0578 0,2404
Outubro 3,88 3,52 3,63 3,68 0,0340 0,1845
Novembro 3,54 3,06 3,62 3,41 0,0917 0,3029
Dezembro 2,98 2,98 3,38 3,11 0,0533 0,2309

Figura 8. Diagrama de fluxo para simulação do sistema de geração de energia elétrico-eólica em


Uberlândia, Minas Gerais.

Figura 9. Velocidades dos ventos na estação meteorológica em Uberlândia, Minas Gerais.

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92 Análise do potencial de micro geração de energia elétrica por meio de turbinas eólicas...... Santos et al.

A velocidade do vento pode variar em a altura de instalação da turbina, usando os


função da altura de instalação da turbina. Para valões de 25 m, 50 m e 80 m. Os resultados
refletir esta variação, foram simuladas as encontram-se representados graficamente na
velocidades dos ventos na estação, variando-se Figura 10.

Figura 10. Velocidade média mensal dos ventos em função da altura da turbina na estação
meteorológica de Uberlândia, Minas Gerais.

Para altura de 25 m, normalmente usada Segundo Amarante (2010), a velocidade


para instalação da turbina eólica, observa-se média dos ventos na região de Uberlândia a
uma velocidade mínima em torno de 3,5 m/s uma altura de 50 metros de medição e conforme
nos meses de abril e maio, e um máximo em mapa da Figura 11 está entre 5,0 e 6,5 m/s,
torno de 5,6 m/s em setembro. Para a altura de comprovando os valores obtidos nos resultados
80 m, estes valores são iguais a 5,2 m/s e 7,5 da Figura 10.
m/s, respectivamente.

Figura 11. Velocidade média do vento a 50 metros de altura na região metropolitana de Uberlândia,
Minas Gerais.

Partindo destes valores, foi simulado o gerada de 270 kWh/mês, no mês de abril, e um
potencial de geração de energia elétrica e o máximo de 990 kWh/mês, no mês de setembro.
tempo de operação do sistema, para alturas de Para a altura de 50 m, este valor é igual a
instalação da turbina eólica iguais a 25 m, 50 m 500 kWh/mês, e 1700 kWh/mês,
e 80 m. respectivamente. O potencial de geração de
Para a turbina instalada a 25 m de altura, energia para a turbina instalada a 80 m de altura
observa-se uma quantidade mínima de energia é considerável, com a possibilidade de geração

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Análise do potencial de micro geração de energia elétrica por meio de turbinas eólicas...... Santos et al. 93

mensal de energia superior a 700 kWh/mês, condições de clima seco, entre os meses de
durante todo o ano. agosto e outubro e o período menos promissor é
De forma geral, os resultados indicam o período com condições de clima úmido, entre
que o período mais promissor para geração de os meses de novembro e março, conforme
energia elétrico-eólica é o período com resultados apresentados na Figura 12.

Figura 12. Potencial de geração de energia elétrica em função da altura.

Análise da Viabilidade Técnica e Econômica Segundo o fabricante da Turbina Verne


da Geração de Energia Elétrica por meio de 555 (ENERSUD, 2016), a altura máxima
Turbinas Eólicas simulada de instalação é de 50 m, porém para
Azevedo (2016), é possível a instalação desta
Para a análise da viabilidade técnica é turbina a 80 metros de altura.
necessário verificar o saldo acumulado de A partir dos resultados das simulações,
energia em função da diferença entre a energia para a demanda de 200 kWh/mês, com altura da
gerada e a demanda de energia. A partir dos turbina de 25 m, 50 m e 80 m, foram elaborados
diagramas de fluxo foi realizada uma simulação os gráficos da Figura 13. O mesmo
de dois cenários de consumo médio mensal de procedimento foi adotado para a demanda de
energia na região próxima à estação de 300 kWh/mês, com as mesmas alturas, cujo
monitoramento, considerando os valores resultado encontra-se na Figura 14.
mensais de 200 kWh e 300 kWh de demanda, Observa-se que, na região de Uberlândia,
com três alturas da turbina, 25 m, 50 m e 80 m, para a turbina instalada a 25 ou 50 ou 80 m de
em relação à superfície do solo. Foram altura, e demanda de até 300 kWh, existe a
escolhidas estas demandas, por serem os possibilidade técnica de um saldo positivo de
valores médios consumidos por consumidores energia durante todo o período do ano, com alta
residenciais e comerciais, segundo BEEMG disponibilidade de energia entre os meses de
(2014). julho e outubro.

Figura 13. Saldo de energia em função da altura da turbina para uma demanda de energia mensal de
200 kWh.

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94 Análise do potencial de micro geração de energia elétrica por meio de turbinas eólicas...... Santos et al.

Figura 14. Saldo de energia em função da altura da turbina para uma demanda de energia mensal de
300 kWh.

Figura 15. Valor Presente Líquido (VPL) para demandas de potência de 200 e 300 kWh.

Figura 16. Taxa Interna de Retorno (TIR) para demandas de potência de 200 e 300 kWh.

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Análise do potencial de micro geração de energia elétrica por meio de turbinas eólicas...... Santos et al. 95

Figura 17. Retorno sobre Investimento (ROI) para demandas de potência de 200 e 300 kWh.

Para a análise da viabilidade econômica Graficamente, os resultados obtidos para


foram calculados os indicadores Valor Presente cada variável são muito semelhantes, como
Líquido (VPL), a Taxa Interna de Retorno pode ser observado nas Tabelas 7 e 8 para os
(TIR) e o Retorno sobre Investimento (ROI), valores anuais das receitas, fluxos de caixa e
utilizando o modelo desenvolvido e ilustrado na indicadores econômicos para uma demanda
Figura 7. Os resultados com estes indicadores média mensal de 200 e 300 kWh, durante o
encontram-se nas Figuras 15, 16 e 17. período de 20 anos de operação da turbina
eólica.

Tabela 7. Receitas, fluxos de caixa com os valores do VPL, TIR e ROI para demanda de 200 kWh.
Altura de instalação da turbina Altura de instalação da turbina
Ano 25 m 50 m 80 m 25 m 50 m 80 m
Receitas (R$) Fluxo de Caixa – FCj (R$)
0(*) -164.890,00 -217.890,00 -289.890,00 -164.890,00 -217.890,00 -289.890,00
1 3.586,43 7.865,64 11.611,55 3.573,02 7.843,38 11.586,82
2 3.935,11 8.632,74 12.745,08 3.920,39 8.608,31 12.717,93
3 4.283,79 9.400,84 13.878,68 4.267,77 9.374,24 13.849,12
4 4.632,45 10.166,93 15.012,21 4.615,12 10.138,16 14.980,23
5 4.981,13 10.934,04 16.144,81 4.962,50 10.903,10 16.110,42
6 5.329,28 11.701,13 17.274,00 5.309,35 11.668,02 17.237,21
7 5.677,18 12.468,23 18.408,00 5.655,95 12.432,94 18.368,79
8 6.025,95 13.235,31 19.541,00 6.003,41 13.197,85 19.499,38
9 6.374,73 14.002,42 20.674,00 6.350,89 13.962,79 20.629,96
10 6.723,50 14.769,51 21.807,00 6.698,35 14.727,71 21.760,55
11 7.071,28 15.536,61 22.939,00 7.044,83 15.492,64 22.890,14
12 7.420,06 16.303,72 24.073,00 7.392,31 16.257,58 24.021,72
13 7.768,84 17.070,80 25.207,00 7.739,78 17.022,49 25.153,31
14 8.117,61 17.833,00 26.341,00 8.087,25 17.782,53 26.284,89
15 8.466,38 18.601,00 27.473,00 8.434,72 18.548,36 27.414,48
16 8.815,16 19.367,00 28.607,00 8.782,19 19.312,19 28.546,07
17 9.163,94 20.134,00 29.740,00 9.129,67 20.077,02 29.676,65
18 9.512,71 20.901,00 30.873,00 9.477,13 20.841,85 30.807,24
19 9.860,48 21.669,00 32.006,00 9.823,60 21.607,68 31.937,83
20 10.192,06 22.392,00 33.072,00 10.153,94 22.328,63 33.001,56
VPL (R$) -19.518,00 38.186,00 111.556,00
TIR ( % ) 6,31 7,37 7,86
Tempo de Retorno do Investimento (ROI) > 20 anos 14 anos 12 anos
*Ano do investimento inicial (R$).

Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.19, n.1, p.79-99, 2017
96 Análise do potencial de micro geração de energia elétrica por meio de turbinas eólicas...... Santos et al.

Tabela 8. Receitas, fluxos de caixa com os valores do VPL, TIR e ROI para demanda de 300 kWh.
Altura de instalação da turbina Altura de instalação da turbina

Ano 25 m 50 m 80 m 25 m 50 m 80 m

Receitas (R$) Fluxo de Caixa – FCj (R$)

0(*) -164.890,00 -217.890,00 -289.890,00 -164.890,00 -217.890,00 -289.890,00

1 2.590,55 6.869,88 10.615,78 2.580,86 3.172,01 5.022,87

2 2.841,28 7.539,50 11.650,86 2.830,65 3.473,61 5.503,21

3 3.092,00 8.209,14 12.686,94 3.080,44 3.775,22 5.983,55

4 3.342,72 8.877,78 13.722,09 3.330,22 4.076,83 6.463,89

5 3.593,44 9.546,42 14.757,19 3.580,00 4.378,43 6.944,22

6 3.844,17 10.216,03 15.792,27 3.829,79 4.680,04 7.424,56

7 4.094,89 10.884,67 16.828,35 4.079,58 5.924,67 9.148,96

8 4.345,60 11.553,31 17.858,00 4.329,35 6.335,00 9.772,72

9 4.595,26 12.222,95 18.892,00 4.578,07 5.688,85 9.002,76

10 4.845,56 12.892,58 19.926,00 4.827,44 5.990,45 9.483,10

11 5.096,88 13.561,20 20.963,00 5.077,82 6.292,06 9.963,43

12 5.347,18 14.229,84 22.004,00 5.327,18 6.593,67 10.443,77

13 5.597,51 14.899,48 23.038,00 5.576,58 6.895,27 10.924,11

14 5.848,81 15.568,11 24.072,00 5.826,94 7.196,88 11.404,45

15 6.099,13 16.236,73 25.107,00 6.076,32 7.498,48 11.884,78

16 6.349,44 16.906,37 26.141,00 6.325,69 7.800,09 12.365,12

17 6.600,76 17.576,01 27.175,00 6.576,07 8.101,69 12.845,45

18 6.851,06 18.244,62 28.209,00 6.825,44 9.970,26 15.392,95

19 7.102,37 18.910,75 29.244,00 7.075,81 10.380,57 16.016,70

20 7.343,65 19.544,00 30.226,00 7.316,18 10.717,70 16.537,02


VPL (R$) -31.658,00 19.379,00 89.394,00
TIR (%) 5,28 6,87 7,50
Tempo de Retorno do Investimento (ROI) > 20 anos 17 anos 13 anos
*Ano do investimento inicial (R$).

Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.19, n.1, p.79-99, 2017
Análise do potencial de micro geração de energia elétrica por meio de turbinas eólicas...... Santos et al. 97

Observa-se, nas Tabelas 7 e 8, que o VPL Os indicadores econômicos Valor


é positivo para instalação da turbina com altura Presente Líquido (VPL) e Taxa Interna de
superior a 50 m, portanto o investimento é Retorno (TIR) foram positivos, com a TIR
considerado economicamente viável, por este superior à Taxa Mínima de Atratividade
critério e com esta premissa de instalação. (TMA). O Retorno sobre o Investimento (ROI)
Porém, a TIR é positiva e inferior à Taxa foi inferior ao tempo de vida útil do
Mínima de Atratividade (TMA) de 10,3% ao equipamento, tornando o empreendimento
ano, portanto o investimento é considerado viável por estes três critérios.
economicamente inviável por este critério. A Os resultados deste trabalho, em geral,
Taxa Interna de Retorno (TIR) do investimento comprovaram a viabilidade técnica e econômica
pode ser comparada à Taxa Mínima de de implantação de um sistema de geração de
Atratividade (TMA). Se o valor da TIR for energia elétrica, a partir de turbinas eólicas em
superior ao da TMA, o investimento é Uberlândia, Minas Gerais. Por outro lado, este
economicamente viável, caso contrário, será trabalho pode ser de grande importância, por
inviável. Caso a TIR e a TMA forem iguais, o contribuir com a apresentação de uma
investimento será indiferente. metodologia que pode ser utilizada como
O Retorno sobre o Investimento (ROI) é ferramenta de análise para a elaboração de
superior ao tempo de vida útil da turbina, que é futuros projetos de empreendimentos na área de
de 20 anos, para a turbina instalada a 25 m de energia, em especial eólica, por meio da
altura, para demanda média mensal de 200 kWh modelagem e simulação de processos
e 300 kWh, justificando a inviabilidade dinâmicos.
econômica para a sua aquisição para esta altura.
Porém, para este mesmo indicador, é REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
recomendável a instalação da turbina a, no
mínimo, 50 m de altura, para a qual o ROI ABEE - Associação Brasileira de Energia
poderá ser de 12 anos para uma demanda média Eólica. Disponível em:<http://www.portal
mensal de 200 kWh, com instalação da turbina abeeolica.org.br/index.php/nosso-setor.html
a 80 m, e de 17 anos para a demanda média >. Acesso em 05 abr. 2016.
mensal de 300 kWh, com instalação da turbina
a 50 m. Amarante, O. A. C.; Silva, F. de J. L. da;
Andrade, P. E. P. de. Atlas eólico: Minas
CONCLUSÕES Gerais. Cemig, 2010. 84p.

A análise estatística dos dados utilizados Azevedo, S. Gerência Comercial.


neste trabalho foi realizada utilizando o (silvia.Azevedo@enersud.com.br). Re:
programa Statistica (DELL, 2015). Os Informações Técnicas e Cotação Turbina
resultados foram satisfatórios e o programa foi VERNE 555 [mensagem pessoal].
capaz de fornecer as melhores distribuições de Mensagem recebida por joseronts@
probabilidade para a velocidade dos ventos e a gmail.com em 17 mar. 2016.
massa específica do ar.
Foi possível realizar a modelagem BEEMG 2014. 28° Balanço Energético do
dinâmica do sistema, utilizando o programa Estado de Minas Gerais. Relatório (ano
Vensim-PLE, Versão 6.3 (Ventana Systems, base 2013). 2014. Disponível em:
2015), que atendeu plenamente ao trabalho de <http://www.cemig.com.br/pt.br/A_Cemig_
desenvolvimento dos diagramas de fluxos. e_o_Futuro/inovacao/Alternativas_Energetic
Os resultados dos testes de simulação as/ Documents/BEEMG.pdf>. Acesso:
comprovaram a viabilidade técnica de novembro, 2015.
utilização da energia eólica para geração de
energia elétrica, em pequenos BEN. Balanço Energético Nacional.
empreendimentos, com consumo médio mensal Relatório (ano base 2013). 2014.
de até 300 kWh, com instalação da turbina a Disponível em: <https://ben.epe.gov.br/
uma altura mínima de 50 m em Uberlândia, downloads/Relatorio_Final_BEN_2014.pdf>
Minas Gerais. A simulação comprova, para este . Acesso: novembro, 2015.
consumo, a possibilidade técnica de um saldo
positivo de energia durante todo o período do Brasil. Comando da Aeronáutica. Departamento
ano, com alta disponibilidade de energia entre de Controle do Espaço Aéreo. MCA 101-1:
os meses de junho e novembro. Instalação de Estações Meteorológicas de

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