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RDSD v.5 n.1 (2D19) p.

94-1D6

Revista Desenvolvimento Socioeconômico em Debate - RDSD

website: http://periôdicos.unesc.net/index.php/RDSD ISSN 2446-5496

A Potencialidade Energética da Biomassa no Brasil

Kamila Lopes’
Eliane Maria Martins"
Ronaldo Leào de Miranda'

RESLT4O

A uúlizaçào de fontes renováveis de energia na imtriz energética mundial. que sejam além de ambieimlmenR
favoráveis, economicaineme viáveis, é um dos maiores riesafios da sociedade atuaL No Brasil, esta preocupac,ão
toma-se mádenie diante à predominante utilização de foines não renováveis, nocivas ao meio ambiente. como o
petróleo e seus derivados, na matriz nacional A ariálisedo potencialenergéticoque a biomassa como fonRrenovável
e an lamente disponível no pais, éo objetivo deste estudo. Assim este esttxlo consiste em analisar a matriz
energética brasileira com o intuito de comprovar a potencialidade de utilização de uma fonte específica de enei
a biomassa Para tanto, foram consideradas as vantagens e desvantagens que a mesma possui diante ás principais
fontes renováveis já utilizadas no país. Metodologicamente tram-se de uma análise da atual matriz energética
nacional, elucidarido a importância de renovacào e complementariedade da inesina Neste sentido. como resultado,
apesar do elevado potencial energético que o Brasil apresenta. devido à faka rle políticas públicas claras, o potencial
registrado ainda é modesto perante as possibilidades que a biomassa poderá vira gerar para o país.

Palaizas-chave: Jvfatriz Energética; Biomassa; Potencial Energético: Brasil.

The Energy Potential of Biomass in Brazil

The use of renewable energy sources in the global energy matrix, which are not only environmentally
friendly, economically viable. is one of the greatest challenges of today's society. In Brazil, this concern
is evident in the face of the predominant use of non-renewable sources harmful to the environment. such
as oil and its derivatives, in the national matrix. The objective of this snidy is the analysis of the energy
potential that biomass. as a renewable source and widely available in the country. Thus. this study
consists of analyzing the Brazilian energy matrix, in order to prove the potential of using a specific
source of energy, biomass. In order to do so, the advantages and disadvantages that it has been taken in
relation to the main renewable sources akeady used in the country were considered. Methodologically
it is an analysis of the current national energy matrix, elucidating the importance of renewal and
complementarity of the same. In this sense. as a result, despite the high energy potential that Brazil
presents. due to the lack of clear public policies. the potential registered is still modest considering the
possibilities that biomass could generate for the country.

Keywoi6s: Energy Matrix. Biomass. Energy Potential; Brazil

’ Economista. Universidade da Regiào de Joinville. E-mail: kaini-lopes hotmail.com


' Economista, Mestra e Doutora em Desenvolvimento Regional, atualmente professora do Curso de Economia da
Universidade da Região de Joinville (UNIVILLE). E-mail: emtinsCóotumil.com.
' Administrador, Mestre em Desenvolvimento Regional, Doutormido em Ciências Contábeis e Administração
pela Universidade de Blumenau (FURB). E-mail: ronaldom mfiirb.br
LOPES. MARTINSE A potencialidade energética da biomassa...
LiRANDA

1. INTRODt Ç.ÉO
O crescimento e o desenvolvilTlento atual da sociedade deiiiandam cada vez mais
tecnologias que est?ao diretamente ligadas às diversas formas de energia. pi‘iiicipa1rRenie a
elétrica. A evolução deste cenário cera incertezas na atualidade e nas pi‘ojeçõ es à longo prazo,
no que diz respeito à volaiilidade da demanda e o contínuo ai’aiiço tecnoló gico do setor. De
acordo com a Empresa de Pesquisa Energética - EPE (2014). estas incertezas estào relacionadas
a alguns fatores eiii especifico, que contribuem para a ilTiprevisibilidade nas projeçõ es de
demanda energética. como a competitividade entre os variados recursos energéticos existentes.
a influência da energia na infraesirutura dos paises, hem como os usuái’ios de energia. sejam as
empresas. as famílias ou os Estados, reagirà o a estes possíveis contextos.
L in dos desafios cm relação ao íiituro do setor’ energético é a busca por recursos
alternativos que teiihaln menor reflexo no meio ambiente e que sejaiii economicamente viáveis.
No Brasil. para gire liam a um avanço sustentável, que iiicorpore eliciência econô mica e
ambiental. a iiiilizaçào de fontes renovaveis de energia. A biomassa. deve ser considerada
através de urRa analise de longo prazo e nào apenas como medidas paliativas visto a necessidade
de se estabelecer politicas govei‘namentaismais c1ai’as e eficientes. confoiiiie análise de Oliveira
(2015)
Consoante à constatação de Oliveira. que continua como o entraxe político dilicu1ta a
implantação de novos projeios relacionados à renovacào energética, ex’ideiicia -se a necessidade
de se rever a legislação atual, para que novas políticas piiblicas sejam elaboradas. foiiientando
a utilização de recursos renováveis de donna susieiitavel. Com isso. a premência destes esmdos
é constatada ao analisar a atual matriz elétrica nacional. que é predominantemente dependente
da fonte liidi’aulica, o que pode ser prejudicial quando a falta de chuvas, ou pi’oblemas
relacionados, incide sobre o pais. No Brasil. o teitia vern despertando atencào crescente desde
o apaeào de 2001, inas tornou-se o foco de debates e preocupaçoes no ü ltlliio par de anos. com
a crise hídrica atingindo marcos histó ricos. a iaxa de desmaiainento batendo i‘ecordes, a
constrição de nox’as liidrelétricas posta em xeque e o risco iminente de enííentaiiiios ui
racioríainenio elétriC€ t TORRES. 2015,).
Para uma melhor eficiência energética, com o inteiro de dirimir as crises liidricas
vivenciadas no país desde o inicio da década de 2000. é necessário aliar outras fontes de energia
que coiiipleinentein a oterta aos diversos setores que a utilizam. Segundo Toliiiasquim (2004)
a energia a panir de biomassa se lTlostra urna excelente opção de geração conipleineiitai’ no
Brasil, [...] eiti complemento à base predoNilnanteiiieiite liidrelétrica. Além de serem

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primordiais para a renovação e complementação da matriz energética, diversas são as vantagens


que as fontes renováveis apresentam, em especial, a biomassa, pois.
a utilização de energias renováveis, em particular a proveniente da biomassa.
apresenta um conjiuito iinponante de vantagens de natureza tão diversa como a
redução da emissão de gases com efeito esnifà. o aumento da diversidade de oferta de
energia, a produção de energia sustentável a longo prazo, a criação de oporninidades
de emprego, o desenvolvimento econõinico local e a diminuição das únportações de
combustíveis convencionais tOLIVE 2011, p. 118).
Com estas diversas vantagens que a biomassa apresenta no viés econômico. ambiental
e social, observa-se a necessidade de verificar a potencialidade energética que o país apresenta
em relação à produção desta fonte. Para tanto, esta pesquisa tem corvo proposta analisar a
potencialidade que o Brasil apresenta na produção de energia anavés da utilização da biomassa
como recurso renovável, verificando se a mesma se adéqua a realidade brasileira. visto que o
país é um rico produtor de couwiorlities agrícolas e há um vasto mercado a ser explorado para
geração de enereia através dos resíduos dos produtos cultivados, que podem deixar de ser
desperdiçados, ou receber um novo destino.
Em relação ao procedimento metodológico, o método utilizado é o dediitivo que por
meio da pesquisa bibliográfica visando viabilizar o embasamento e justificativa deste trabalho,
visto que segundo Marconi e Lakatos (2003). o método dedutivo terri o propósito de explicar o
conteúdo das premissas. Por meio da atual matriz energética do Brasil, serào realizados estudos
que buscarain comprovar a potencialidade da utilização de urna fonte especifica de energia. a
biomassa, que utilizando um estudo geral. busca-se encontrar soluções para situações
específicas.

2. MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA

Nos últimos anos, as discussões em torno da importância da renovação da matriz


energética, nào apenas nacional. mas também mundial, têm sido cada vez mais recorrentes.
Segundo a ANEEL (2002a), a matriz energética corresponde aos recursos energéticos
disponíveis em um determlnado país ou regiào, e por ser representada quantitativamente, serve
como embasamento para o planejamento do setor energético. Para compreender a necessidade
iminente de renovação das fontes energéticas utilizadas convencionalmente no Brasil, é
essencial o entendimento e análise da oferta interna de energia. que compõe a matriz energética
do país. Conforme dados da tabela 1. esta oferta ainda possui predominante participação de
fontes não renováveis e nocivas ao meio ambiente, sendo essencial a diversificação da matriz,
para que se consiga mitigar os impactos aiiibientais gerados pela utilização destes recursos.

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Tabela 1 - Oferta interna de energia (OIE)

mil tep estrutura %


ESPECIFICAÇÃO 14 / 13 %
2013 2014 2013 2014

NÃO—REF OVÁVEL 176.468 185.100 4,9 59,6 60,6


Petróleo e Derivados 116.500 120.327 3.3 39,3 39,4
Gás Natural 37.792 41.373 9.5 12.8 13,d
Camào Mineral e Derivados 16.478 17.551 6.5 5.6 5,7
Urãnio (u308 l e Derivados 4.107 4.036 -1,7 1.4 1,3
Outras Nào-renováveis (*) 1.592 1.814 13,9 0.5 0,6

RENOV.ÀVEL 119.833 120.489 0,5 40,4 39,4


Hidráulica e Eletricidade 37.093 35.019 -5,6 12,5 11.5
Lenha e Carvào Vegetal 24.580 24.728 0.6 8.3 8,1
Derivados da Cana-de-Açiicar 47.601 48.128 1.1 16.1 15.7
Outras Renováveis 10.559 12.613 19,5 3.6 4,1

TOTAL 296.301 305.589 3,1 100,0 100,0


dos quais fósseis 172.362 181.064 5.0 58,2 59,3

(*) Gás industrial de alto forno. aciaria, comeria, enxofre e de refiiiaria


Fonte: (MME. 2015, p. 4)

Observa-se na tabela 1, uma redução naparticipac,ãode fontes renováveis namatiiznacionfi entre


os anos de 2013 e 2014. Uma das justificativas desta queda se relaciona à predominante dependéncia da
foiite hidráulica na matriz elétrica do país. que influencia a matriz energética como uni todo, podendo ser
prejudicial quando a falta de chuvas, ou problemas relacionados. incide sobre o país. Com a escassez de
chuvas e a consequente queda do nível dos reservatórios, as hidrelétricas responsáveis pela geração de
energia têm sua capacidade de produção comprometida. sendo necessário recorrer ás usinas tennelétricas
para manter o abastecimento, elucidando a variação decrescente da ofem de energia oriunda da fonte
hidráulica (renovável), em relação ao crescimento da oferta das fontes não renováveis. Este recurso
encontrado nas tennelétricas para dirimir os efeitos da crise, resulm eni urna elevação de custo daproduçfio
energética, visto que,

[...] o acionamento dessas usinas eucarece o preço da energia elétrica. Por ser movida
principalmente a combustíveis fó sseis, [...] seu custo de produção é bem mais alto do
que de outros tipos de usina. [...] nas usinas eó licos e hidrelétricas o inegawatt-hora
(M\Vh) custa cerca de 100 reais, enquanto rias termelétricas esse valor é de cerca de
800 reais, chegando. em algins casos. a mil reais ( SAUER, 2014, web1.

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Além de elevar o custo de prodiição, a maior utilização das usinas terineléuJcas resulta,
de acordo com Vieira e Zotti (2010). na elevação de impactos ambientais negativos, visto que
a queima dos combustíveis fósseis libera gases poluentes na atmosfera. como o dióxido de
carbono, causadores do agravamento do efeito estufa. e consequente aquecimento global.
Para reduzir estes impactos é iniprescindivel que haja urna maior participação de fontes
renováveis de energia na matriz energética, como a biomassa, que contém importantes
vantagens ao conciliar o viés econômico. cont o socioambiental.

No que diz respeito às vantagens econômicas, além da geração de receita local, pode-se
destacar que a biomassa possui vantagens comparativas (conto a exuberância de biodiversidade,
e a agroindústria sólida e produtiva). conforme a EPE (2008). que no futuro podem contribuir
com a expansão do comércio internacional do setor. através da venda do excedente de energia
produzido. para paises que não possuem tantas caracteristicas que facilitem a produção da
biomassa.

Já em relação aos impactos socioambientais. a biomassa é considerada urna fonte


sustentável, devido ao baixo nível de emissões de Com na atmosfera, e além de contribuir para
a geração de empregos, influencia na redução do êxodo rural, apresentando-se como urna
excelente opção de fonte complementar à matriz energética atual.

3. POTENCIAL ENERGÉTICO DA BIOMASSA DO BRASIL

Para que se tenha uma melhor conpreensão da relevância da biomassa no setor energético
nacional. é primordial que se entenda a definição da mesma. A biomassa do ponto de vista energético é
definida por Souza (2015), como toda matéria orgânica, vegetal ou animal que pode ser empregada na
geração de energia. Esm energia gerada a partir da biomassa é unia forma indireta da energia solar, assim
corvo a energia hidráulica. No caso da biomassa, através da fotossíntese, a energia proveniente do sol é
convertida em energia química, podendo ser transformada em enei elétrica, por exemplo.
Segundo a ANEEL (2016), o país possui um total de 523 usinas de produção energética em
operação, cuja foiite de geração é a biomassa que tolalizani 14.019.781 kW de potência registrada
(outorgada). representando 8,86% do total de potência prevista entre todas as fontes utilizadas na nutriz
nacional, que correspondem a 158.305.429kW. Atabela 2 contempla os tipos debioiliassa que constituem
as 523 usinas em operação no pais.

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Tabela 2 - Tipos de biomassa e seus i’espectivos potenciais eríereêiicos

Fonte Nii’el 1 Potéuria Fisralizada (kUj

Floresta
2.347.523 20,00
Residir os Só lidos
S3.699 0.63

Rsidnoslinds
10

410 11.121446

14.019. 781 13.J13.012


Fonte: (ANEEL. 20171

D€ ãC€ rdo com a tabela 2. a fonte que apresenta o maior número de usinas. e
consequentemente, o itiaior potencial energético para eeração de energia é a fome de origem
agroiiidustrial. que engloba as culturas aq•roenereêticas e os resíduos e subprodutos das
atividades a%ícolas. corno da prodiiçào de soja, Niílho, cana-de-aciicar e arroz. As
possibilidades brasileiras eNi torno desia fonte sào confirmadas ao se analisar a liderança que o
pais exerce lnundialrnente no mercado de produtos agroirídustriais e a%’ico1as. coiifõi‘ine EPE
(2008), no qual o mesmo possui uma expressii’a capacidade de crescimento. As pi‘incipais
CllltufãS 11aCi€ leais cjue influenciam esie expressivo resuliado da poterícialidade enereética
oriunda do setor agi’oiiidustrial. sào o bagaço de cana-de-açücar e a casca de arroz. que totalizam
405 das 523 usinas operanles no pais.
Para analisar. como exemplo, se o potencial energético o1 tido através da casca de arroz
atualmente. coiidiz coiti o potencial prec isto pai’a p•eraçào de eiiei’pia. é necessário levar em
consideração o níx’e1 de prodiiçào desta matéria-prima no pais. De acordo com o IBGE (2015).
a re•iào do país que apresenta o maior nível de produção de arroz eNi casca, historicamente, é
a região Sul. Confontie a EPE (2008). o nivel de produção da matéria-prima, influencia
diretamente no potencial energético que se pode obter da itiesNia. Quanto maior a produção.
itiaior a probabilidade de se conseguir explofãf SUã Qoléiicia energética.
Na figura 1, constam as quantidades de usinas operantes em cada regiào do país. bem
como suas poiéncias outorgadas, onde é possível x’isualizar cjue a reeiào Sul em 2016 vem
conseguindo explorar o maior potencial energético do país. correspondente a 39.545 kU',

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confirmando que a região que apresenta a maior produção deste grão, é a região que consegue
alcançar a maior potência energética desta fonte.

Figura 1 — Usinas em operação. por regiào. que têm como fonte energética
a biomassa da casca do arroz (2017)

Fonte: (Adaptado de ANEEL. 2017)

Para iuna análise mais precisa. com o intuito de confirmar se o potencial previsto de geração de
energia desta fonte é superior ou nào, ao potencial real alcançado atualmente, pode-se realizar a projeção
do potencial energético que a produção de arroz em casca na região Sul poderia alcançar em 2016, bem
como os níveis estimados que possam ser alcançados nas próximas décadas levando era consideração a
série históiica da produção apresenmda entre os anos de 2010 a 2014, confonne coiism na mbela 3.
considerando algumas características, conforme orienmção de Coelho et o/. (2008):

1. Considerar apenas a casca de arroz como residuo agrícola aproveitáve1(visto que o dado
apresentado pelo IBGE é em toneladas de arroz em casca produzido), que representa
30% do peso total deste grão;

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II. O poder calorilico in1“erior (PCI) da casca correspondente a 3.354.09 kcal kg:
III. Uonserter kca1'kg para k4'1i. kp. através da divisão por 860.

Para os resultados a sentir. ainda de acordo com Coelho er a/. (2005). considerou-se que os
sistemas operaiuin o ano todo cont os resíduos gerados, sendo que esta opeiuçào ocoileu em 95%t das
horas antes. rentltando em 5.322 horas de operação ano. utilizando como base de cálculo a segtúite

Potencial (úí11"/ano) = [(i arroz x 0.3) x PC I kcal kz x 0.151


(860 x 9.322)

Tabela 3 — Potencial energético anual da produção de energia a panii‘ da casca do arroz na re

20.10 8.053. 5.1? 172.00

190, S0 190.500

9.296.1—18 19".80 19. 7.797


201.91 20.1. 905

Fonte: ( Adaptado do IBGE - Produçã o Agricola ú funicipal. 2015 )

Por meio dos dados da tabela 3. foi possivel realizar o cálculo da estunativa dã 1*fOdUÇ3O Ü8 dl2’OZ
em casca na região Sul, que conesponde a prucipal região produiora deste giao no pés. para os anos de
2015 e 2016, que aindn rito foiurn divulgados pelo IBGE ou pelo MAPA e que ê essencial pam cjiie se
consiga simular o potencial energético que o Brasil està deixando Ae aproi’eitar a partir desta fonte. Para
isso, foi utilizado o método de Monte Carlo, pois confoNtie Bnisamarello (2009). é um modelo de
avaliação de incertezas. onde uúéréiicias podem ser feitas sem que se conheça a distribiuçào do paràmetm
de interesse. Pam elaborar a siiinilaçào, Apuros procedimentos foram estabelecidos. conforme consta a
segue:

I. Estabelecimento da distribuição. por meio da definição de mii iiiodelo matemático:


II. Elaboração da probabilidade esiatistica:
III. Estabelecimento da faixa de rRinunos aleatórios:
IX’. Elaboração da freqiiéncia:
V. Realizacào da simulação.

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do estudo eie quesito. o modelo linear foi o modelo iiiateniàtico utilizado, pais a realização da
distribuição. resultando rin seguinte equação:

y = 0,3598x + 5.1494

De acordo cont Leiiienlie er a/. (2006). a medida esiatistica R' pode ser interpretada
conto a itiedida que confere a qualidade da equação criada, e portanto. quanto rurais próximo o
valor do R" for de 1, melhor é a equação do ponto de visia Niateinàtico. Neste caso, com o R'
de 0.9755, a equação se aprOXllilã da realidade. onde lõi necessário rei eitar o valor do segundo
ano da sêrie 1iistói‘ica t20lll, para iniiúinizar o eu o. Aplicando a diferença encontrada.
con’espoiidenie a 0.57o'o. para correção atras ês do modelo de Monte Carlo. encontrou-se a
seguinte equação:

A partir da coi+eçào do modelo. resultante na eqiiac?ao demonstrada anteriormente, fõi


possí ’el simular a prodiicão de arroz erR casca para os próximos anos, para calcular com base
no método de C’oelho er a/ (2008), o potencial energético que podei’ia ser aproveitado tendo a
casca do arroz conto matéria-prirRa base. Os resultados das simulações realizadas constam na
tabela a seguir.

Tabela 4 — Sinnilaçào do potencial enei‘gético anual da produção de energia


a partir da casca do an’oz na regiào sul

*OI» 9.958.900
*016 10.320.500
2020 11.768.400 ?*0.400
2O.10 15.357.400 327.402
2040 19.006.400 404.405

Fonte: Dados da pesquúa t 2017)

A simulação realiza‹Jn tons perceptível a dispvidade entre o potencial energéiico explorado


realmente. da casca de ainz na re%ão Sii1. que em 2016 verR correspondendo a 39.S4fi kW. cm

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comparação ao potencial previsto pam o ano em questão, que poderia chegar a 219.599 kW. Esta grande
diferença em que a projecção chega a ser quase cinco vezes superior à realidade, deve-se em muito, à falta
de políticas eficientes e eficazes que estiinulem a destinação de residuos de culturas agrícolas, como a
casca do arroz produzido. para conversão energética, conforme constamção da EPE (2008). Apesar de a
região ser a principal produtora deste grão, e das denis regiões conõibuireni minimainente pam o
potencial total, devido a entraves como este, não é possível alcançar o aproveitamento estimado.
Parte desta diferença pode ser explicada tambéaL de acordo com Mayer. Holfinann e Ruppenthal
(2006), pela variação negativa que a quantidade de casca de arroz disponível pode sofrer, devido à
utilização da mesma no processo de secagem de arroz e parboilizac,ão, sendo que os dados encontrados,
portanto, referem-se a máximos possíveis para gerac,ão de eletricidade. Este potencial poderia ter um
ganho considerável no aproveitamento da matéria- se políticas públicas voltadas para os pequenos
produtores fossem implementadas, conforme aponta estudo realizado pelo Jornal da Bioeneigia (2013).
por meio de incentivos fiscais, para inodemimção do iliaquináiio, onde a potencialidade energética real
poderia chegar próxima à estimada.
Para que haja o fomento para utilização de fontes ambientalmente favoráveis, não apenas como a
biomassa, nias como a solar e a eólica no cenário energético nacional. contribuindo para a se uança do
setor. o desenvolvimento sustentável. e o controle das mudanças climáticas, tons-se vital a análise dos
entraves existentes, para que seja possível nútigá-los, através da implementação de políticas que
incentivein alterações no sistema energético. Pam Tavares (2012) superar as barreiras e promover o
aumento da participação das fontes renováveis toma-se in rescindível a adoçào de políticas que
estiinulem mudanças no funcionamento dos sistemas energéticos tradicionais.
Algunos destas barreiras citadas por Tavares. que o país possui e que inibein a ampliação em um
ritmo mais acelerado de empreendimentos de energias renováveis. corno entraves econôriiicos e políticos,
demonstram a piiniordialidade que se tem era alterar este cenário, diante os resiiltados encontrados na
tabela 4, visto que, se o ridiio de aproveitamento continuar representando aproximadamente 18% da
projeção estimada, em 2040, por exemplo. a região Sul conseguiria um potencial aproxiiiiado de apenas
72.792 kW, enquanto poderia estar explorando um potência de 404.405 kW, sendo imprescindível o
fomento de políticas púbhcas claras e de longo prazo para que esta realidade seja alterada.
A preocupação comi a renovação da matriz energética. não é. portanto, apenas urna questão
intrínseca ao retardo de crises no setor, mas está relacionada também ao respeito ao meio ambiente. aliado
ao crescimento econômico nacional. Através do aproveitamento energético dessas diversas fontes de
biomassa, o fomento econônico dos setores envolvidos poderá propiciar maiores avanços no fiituro.

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4. CONSIDEIC4ÇÒES FINAIS

Diante a esoluçào x’ivenciada pela sociedade. a eríer_ia passou a ser min recurso
iinprescirídíi’el na rotiiia dos agentes ecoiiômicos. A %ande depeiidência em relacăo a este
insuino e a predoiiiinanie iitilizaçào de recursos iiăo reiiovaveis como foutes energćiicas ma
inatriz inundial. vêm despertarído preocupaçòes na atualidade e was projeçoes do futuro. perante
a perspectiva de crescimento cada vez iTNiior da deiiiaiida por energia. teste sentido. a busca
por reciirsos alternativos que tenliain menor iinpacio ambiental, e qiie fiincioríein de iTiuiieira
coinpleineniar entre si tornoii-se urn dos Niaiores desafios do seior eiiergètico sundial.
No Brasil, para diriinir o risco de crises no setor eríergéiico do pais, que reiardein o
cresciinento econôinico e desenvolviinento socioaNibieiital do Niesmo. ê priiiiordial que liaja
inrestiiiientos em fontes eiiergéticas mais liitipas e complementares. conio a bioiiiassa. para
itianutencào da inatiiz ríacional. Diante disco, pi‘ocuroii-se coitipreender a problein5tica da
poieiicialidade energćtica que a biolTiassa possui conio tonne proxedora de eiiergia para o Brasil.
Ao analisar a matriz energética brasileira atual. lÔi possíx’e1 constaiar a preméncia de renosaçào
da itiesnia, que liistoricainente toriiou-se dependente de fontes energèticas ríăo renováveis
(coino o petrć leo e seus derivados. o carvào mineral. o eàs natural), consideradas tinitas e
prepidiciais ao ineio ainbiente.
Para siiprir a demands eiierq•ética cresceríte e ñuicionar de maneira coNiplenieiitar na
matriz energética aural. a bioinassa api’eseiita vantagens importances. principalniente ao
conciliar o ànibito econûmico e o socioainbiental. A bioinassa. aléin de contribuir para a
eeraçào de empre_os. auinentando a receita local, tambéin aiixilia ma: (I) rediicào do êxodo
rural, III) rediiçào das erRissoes de gases iiocixos ao iiieio ainbiente, e (III) possui vantagens
coinparativas (coino as características naturais do solo, e temperatura tropical. aléin da grande
biodivei‘sidade disporíivel) Tyne podem possibilitar expansào do coinèrcio iiitemacional do setor.
AssirR, ao verificar a poiencialidade energérica desta fonte, foi possivel constatar que a mesina
depende diretanieiite da disponibilidade e da prodiiç?ao das maićrias-priinas que servein coino
base para geracão de energia. que no país. sào extreniaNienie elexadas.
Tin %ande potential ener_•ético erícontra-se ma casca-de-arroz. que possiii uiii baixo
aproveitamento em tennos energétiC€3. COrrespondeiite a aproximadameiite 1S%'o do poteiieial
previsto. Isto mosira qiie apesar da poterícialidade eiierećiica apreseiitada pela bioitiassa no
Brasil, resultante pi’iiicipa1Nienie da elevada quaiitidade de prodiitores de rouuuocfitie.s agricolas
que o país possui. e o vasto inercado a ser explorado em relaçào ao aproveitaiiiento energètico

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LOPES. MARTINSE A potencialidade energética da

dos residiios dos produtos cultivados, a falta de poliiicas públicas de longo prazo vêiii
retardaiido a anipliacào da iitilizaçào desta lõnte renovável no setor energético.
Portanto, a renovação da maii‘iz energéiica nacional ê um reina gire insiiga novas
pesquisas, devido à urgência que se tem em fomentar a utilização de fontes ambientalmente
1ax°oraveis. Para isso, torna-se ilTiprescindivel a realizacào de projeios e pesquisas aproííindados
para comprovar o potencial eiiei‘gético de Mentais fontes renováveis. como a eólica e solar. para
posteriormente mensurar a viabilidade ecoiiôiiiica e socioambiental das mesmas.

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Recebido: 24’11.’2018
Aceito: 09/’05 2019
Publicado:03’06’’2019

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