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SUSTENTABILIDADE NA ADOÇÃO DE ENERGIA DE FONTES

FOTOVOLTAICAS SOB A ÓTICA DA RACIONALIDADE AMBIENTAL DE LEFF:


A CRESCENTE IMPLANTAÇÃO DA ENERGIA SOLAR EM SERGIPE

Felipe Cardoso de Argôlo1

1 INTRODUÇÃO

Na busca de um desenvolvimento sustentável, tem-se discutido cada vez mais a


utilização de fontes de energia com um baixo impacto ambiental. Entre as principais fontes de
energia renováveis, a solar apresenta-se crescente no estado de Sergipe, assim como no Brasil
e no Mundo. Sua forma de obtenção de geração é consonância com a racionalidade ambiental
discutida por Leff, ao gerar um baixo impacto ambiental e possibilitar uma autonomia das
comunidades em relação a lógica de mercado.
Para reduzir o impacto ambiental do setor energético, um esforço tem sido feito por
pesquisadores e governos para promoção de projetos e tecnologias energeticamente eficientes
e alcance da construção de edifícios de energia quase zero (nZEB) (BUONOMANO; BARONE;
FORZANO, 2022). O sol é uma fonte de energia considerada renovável, que pode ser adotada
para alcance desse objetivo. Conforme CRESESB (1999), a energia solar fotovoltaica é a
energia obtida através da conversão direta da luz em eletricidade (Efeito Fotovoltaico).
Desde 2017 o Brasil passou a ter um crescimento expressivo na produção de energia
solar, mas essa expansão precisa ocorrer com maior intensidade para se aproximar de países
que já são considerados destaques nessa produção (INTERNATIONAL ENERGY AGENCY,
2020). No Brasil, o estado de Sergipe, apesar de sua pequena extensão territorial, tem alcançado
uma considerável produção a partir dessa fonte de energia. A International Energy Agency
(2020) ressalta que geração desse tipo de energia crescerá à medida que consumidores
residenciais e pequenos comércios recebam retornos significativos sobre seus investimentos.
Neste contexto, a presente pesquisa ter por objetivo realizar uma análise do aumento
da utilização de energia solar no Estado de Sergipe e discutir esse processo sob a ótica da
racionalidade ambiental apresentada pelo sociólogo e filósofo Enrique Leff Zimmerman. Para
isso, foi realizado um levantamento de dados da Associação Brasileira de Energia Solar

1
Engenheiro Eletricista. Aluno Especial do Mestrado em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de
Sergipe.
Fotovoltaica – ABSOLAR, bem como uma análise dos livros Racionalidade Ambiental: A
reapropriação social da natureza; e Ecologia, Capital e Cultura: A territorialização da
racionalidade ambiental.

2 ÁREA DE ESTUDO

O trabalho teve como área de estudo o estado de Sergipe (Figura 1). Sua extensão
territorial é de cerca de 21.910, 00 km, como descrito em Sergipe (2015). No seu território
existem 8 bacias hidrográficas 27 municípios. O estado apresenta os climas Agreste, litoral
úmido e semiárido (IBGE, 2002), com temperaturas médias em torno de 28 °C e precipitação
pluviométrica de 1.100 mm ano-1 (IBGE, 2021; AGRITEMPO, 2021).

Figura 1 – Mapa do estado de Sergipe no Brasil.

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Como método procedimental, no tocante aos meios, esta pesquisa é bibliográfica e


documental. Dessa forma, a partir de artigos científicos e documentos técnicos, foi realizada
uma caracterização da crescente implantação de placas de energia fotovoltaica no estado de
Sergipe, no Brasil e no globo. Em seguida, foi apresentado o termo Racionalidade Ambiental e
sob sua perspectiva foi discutida a sustentabilidade na implantação da energia solar.
4 DESAFIOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

A sustentabilidade passou a ser um conceito utilizado em todo o processo de


desenvolvimento após os anos de 1970, pois até então, era limitado apenas à biologia
populacional. A expressão “desenvolvimento sustentável” foi publicamente empregada em
agosto de 1979, no Simpósio das Nações Unidas sobre as Inter-relações entre Recursos,
Ambiente e Desenvolvimento, sendo legitimado como o maior desafio deste século, quando o
presidente da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento o destacou como
um “conceito político” na Assembleia Geral da ONU de 1987 (VEIGA, 2019).
O desenvolvimento sustentável busca atender às necessidades do presente sem
comprometer as gerações futuras. A terminologia desenvolvimento sustentável contém dois
conceitos-chave: o primeiro se refere ao conceito de necessidades, principalmente no tocante
às necessidades essenciais das classes menos favorecidas, e o segundo, sobre a noção das
limitações que o estágio da tecnologia e da organização social impõe ao meio ambiente,
impedindo-o de atender às necessidades presentes e futuras. Desta forma, os objetivos do
desenvolvimento econômico e social devem levar em conta sua sustentabilidade em todos os
países, sejam eles desenvolvidos ou em desenvolvimento. O desenvolvimento supõe uma
transformação progressiva, não só da economia, mas de toda a sociedade (CMMAD, 1991).
Para Sachs (1993), a sustentabilidade se constitui em um conceito dinâmico, no qual
estão internalizadas as crescentes necessidades das populações humanas. O autor enfoca a
questão por meio de oito dimensões, que são: a sustentabilidade social, a sustentabilidade
econômica, a sustentabilidade ecológica, a sustentabilidade cultural, a sustentabilidade espacial,
a sustentabilidade ambiental, a sustentabilidade política nacional e a sustentabilidade política
internacional. A utilização de fontes de energia fotovoltaicas é coerente com essas dimensões
da sustentabilidade, pelo baixo impacto ambiental, pelo custo-benefício a longo prazo e pela
potencialização da independência energética que é propiciada.
Importante frisar que a legislação cumpre seu papel, enquanto instrumento normativo.
A Constituição Federativa do Brasil de 1988, em seu artigo 225, aduz que “todos têm direito
ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e
preservá-lo para as presentes e futuras gerações” (BRASIL, 1988).
A norma posta traz o conceito de sustentabilidade ao afirmar que o meio ambiente
ecologicamente equilibrado deve ser preservado para as presentes e futuras gerações. Para além
da Constituição, outras normas também trouxeram o conceito de sustentabilidade, a exemplo
do art. 2º, incisos IV, XVI do Decreto 4.339/02, que descreve a abordagem conceitual do
Princípio do Desenvolvimento Sustentável e como deve ser a gestão dos ecossistemas.
IV – a conservação e a utilização sustentável da biodiversidade são uma preocupação
comum à humanidade, mas com responsabilidades diferenciadas, cabendo aos países
desenvolvidos o aporte de recursos financeiros novos e adicionais e a facilitação do
acesso adequado às tecnologias pertinentes para atender às necessidades dos países
em desenvolvimento;
XVI- a gestão dos ecossistemas deve buscar o equilíbrio apropriado entre a
conservação e a utilização sustentável da biodiversidade, e os ecossistemas devem ser
administrados dentro dos limites de seu funcionamento (BRASIL, 2002).

A utilização da energia solar é regulamentada pela ANELL, órgão que estabelece


critérios aos interessados em produzir energia fotovoltaica pelo sistema de compensação,
através das resoluções 482/2012 e 687/2015. Entre essas normativas, a primeira permite o
acesso de microgeração e minigeração distribuída aos sistemas de distribuição de energia
elétrica nacionais (redes elétricas das concessionárias) e a segunda traz importantes alterações,
e muitas atendendo reivindicações do setor.
Por fim, importante aqui mencionar a Agenda 2030, composta por 17 objetivos de
desenvolvimento sustentável (ODS). Dentre esses, as fontes de energia fotovoltaicas auxiliam
diretamente o alcance do objetivo 7, que trata de energia limpa e acessível e garantia de acesso
à energia barata, confiável, sustentável e renovável para todos. Indiretamente, outros objetivos
são impactados pela adoção de fontes de energia fotovoltaicas, pela a minimização do uso de
recursos hídricos, auxílio ao desenvolvimento de cidades sustentáveis e pelo seu caráter de
produção renovável.

5 A RACIONALIDADE AMBIENTAL SOB A ÓTICA DE LEFF

Leff discute que a crise ambiental atual evidência a insustentabilidade ecológica da


racionalidade econômica que vivemos. Essa crise gera uma tomada de consciência sobre os
limites do crescimento, explicada pela segunda lei da Termodinâmica, sobre a entropia. Com
essa percepção, Leff dialoga sobre a necessidade do desenvolvimento de uma racionalidade
ambiental, que gere uma reapropriação da natureza por parte do ser humano.
A reapropriação da natureza pode ser entendida como uma percepção de que o ser-
humano faz parte dela e que seus recursos não são apenas insumos para suas produções. Com
isso, Leff tenta romper a visão cartesiana em que a lógica de mercado atual se estabelece e
potencializa a degradação do meio ambiente. A lógica de mercado visa a ampliação do consumo
e produção para rotação do capital.
No modo de produção capitalista que estamos inseridos, tanto a oferta como a demanda
são produtos da dinâmica de capital e não do livre jogo de fatores produtivos no mercado ou de
um princípio subjetivo fundado em desejos e necessidades dos homens (LEFF, 2009). A
distribuição de energia no Brasil não está distante dessa lógica de mercado capitalista, regido
pelo valor de troca. Assim, encontramos uma intensificação da degradação de entropia pela
geração de energia que é, em sua maior parte hidrelétrica, alagando enormes áreas,
desapropriando comunidades e alterando o curso de grandes rios, para atendimento a demanda
de quem pode pagar mais.
A produção de energia solar se difere das demais quando possibilita ao cidadão a
individualização da sua geração de energia, criando uma visão de valor de uso. Após a aquisição
do aparato tecnológico que viabiliza a conversão da radiação solar em energia elétrica, a
produção de energia passa a não representar um valor de troca na lógica de mercado e
consequentemente sofre menos pressão de consumo e venda. Além disso, o baixo impacto dessa
geração de energia causa uma menor degradação da entropia do meio que vivemos.
Leff (2009) defende ser papel do Estado o estabelecimento de políticas de
emancipação de comunidades, garantindo condições de produção sustentável, mediante normas
para os processos produtivos e apropriação da natureza, assumindo custos de preservação
ambiental. A ideia de emancipação pode ser encontrada na utilização de fontes de energia
solares, que rompem parcial ou integramente a dependência de fontes de energias externas.
Dessa maneira, cabe ao poder público o estabelecimento de normativas que incentivem a
adoção de fontes de energia solares para a sociedade.
Leff defende a adoção da construção de uma racionalidade ambiental que é um
processo político e social que passa pela reorientação de tendências (dinâmica populacional,
crescimento econômico, padrões tecnológicos, práticas de consumo), pela ruptura de obstáculos
epistemológicos e barreiras institucionais e construção de novas formas de organização
produtiva (LEFF; CABRAL, 2006). O desenvolvimento de tecnologias que minimizem o
impacto ambiental e valorizem a adoção da lógica do valor de uso, é apenas uma das mudanças
que possibilitam o estabelecimento dessa nova racionalidade. A reapropriação da natureza deve
ocorrer na mentalidade social para revisão dos processos que fazem parte do dia a dia e adoção
de inciativas que valorizem o ser humanos, suas culturas e seu pertencimento a natureza.

6 CENÁRIO ATUAL DA ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA


6.1 CENÁRIO MUNDIAL DE ENERGIA FOTOVOLTAICA

A geração de energia solar fotovoltaica aumentou em 22% em 2019, sendo o segundo


maior crescimento absoluto da geração de todas as fontes renováveis (INTERNATIONAL
ENERGY AGENCY, 2020). Com este aumento, a participação da energia fotovoltaica na
geração global de eletricidade é de cerca de 3%, ultrapassando a geração por bioenergia e
ocupando o terceiro lugar de maior tecnologia de eletricidade renovável, depois da energia
hidrelétrica e eólica terrestre (BERGHE, 2020).
Conforme a Agência Internacional de Energia (AIE), em um estudo comparativo sobre
o consumo de energia global foi possível evidenciar que até o ano de 2050 os painéis solares
serão responsáveis por sanar a demanda de 45% de todo o uso de energia no planeta. A
utilização de energia vinda da matriz solar será a forma mais promissora e viável de energia
alternativa para abastecer os indivíduos da área rural e residencial (RIBEIRO, 2020).
No que diz respeito aos países com maior geração total de energia solar mundial, a
International Energy Agency (2020) identifica a China como maior produtor (177 TWh),
responsável por cerca de 32% da produção mundial, seguida dos Estados Unidos (81 TWh) e
Japão (63 TWh). Entretanto, ao analisar a proporção de energia solar fotovoltaica utilizada em
residências domiciliares, os três países com maiores produções são a Itália (7,8%), a Alemanha
(7,1%) e o Japão (5,9%) (INTERNATIONAL ENERGY AGENCY, 2020). Com isso, observa-
se que embora a geração e capacidade instalada de energia solar fotovoltaica seja alta em alguns
países, ela não é amplamente utilizada pela população para alcance de sua independência
(BERGHE, 2020).

6.2 CENÁRIO BRASILEIRO DA ENERGIA FOTOVOLTAICA

O Brasil possui um grande potencial de geração fotovoltaica de energia elétrica, pois,


até os locais menos ensolarados do Brasil recebem maior radiação solar que alguns países como
a Alemanha (INPE, 2017). O Brasil está situado numa região com incidência mais vertical dos
raios solares. Isso favorece os elevados índices de irradiação, fazendo com que haja pouca
variação na incidência solar ao longo do ano e conferindo ao país vantagens para o
aproveitamento energético do recurso solar (GUNTZEL, 2018).
Algumas regiões brasileiras recebem radiação solar em intensidade equivalente ao
encontrado com em desertos como o arábico, no Sudão, e o Deserto de Mojave na Califórnia,
Estados Unidos (CRESESB-CEPEL, 2006). Essa comparação se dá devido aos valores de
radiação solar diária, médias mensais, máximas, mínimas e anuais se aproximarem uns dos
outros, principalmente na região Nordeste. Se cobrisse toda a área alagada de Itaipu com painéis
solares fotovoltaicos seria possível gerar o dobro da energia gerada por essa usina, ou seja, 50%
de toda a eletricidade consumida no Brasil (RAYSSA PIRES BARROS; DINIZ; KLAUS
PIRES BARROS, 2020).
Conforme relatório da Empresa de Pesquisa Energética (2020), a geração de energia
fotovoltaica saltou de 3.461 GWh, em 2018, para 6.650 GWh em 2019. Um crescimento
significativo também foi encontrado no quantitativo de plantas de autoprodução não injetada
na rede ou OFF-Grid (EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA, 2020). Após o ano de 2012
o governo federal criou incentivos para que o consumidor possa gerar sua energia elétrica a
partir de fontes renováveis ou cogeração qualificada e fornecer o excedente para a rede de
distribuição de sua localidade (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2019).
Essas informações demonstram o crescente aceite da população pela fonte de energia
solar e a compreensão de sua potencialidade. Contudo, esse crescimento da energia solar
fotovoltaica não ocorreu de forma proporcional em todo o território brasileiro, destacando-se
apena nas regiões Nordeste e Sudeste. No Nordeste mais da metade da energia gerada em 2019
provém das fontes solar e eólica, tendo executado um importante papel socioeconômico nessa
região, pois há a carência de outras fontes de energias além da hídrica (CAMPOS et al., 2020).
Outro aspecto que impulsiona a expansão da energia fotovoltaica nessa região é o seu alto
potencial energético, chegando em alguns pontos à 6000 Wh/m², segundo Atlas da Eficiência
Energética (EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA, 2020).
Essa crescente geração de energia por meio da energia solar fotovoltaica trás outro
aspecto positivo, pois a maior parte da energia elétrica provém de hidrelétricas, mas com as
secas ocorrem crises no setor elétrico brasileiro que são recorrentes (SILVERIO et al., 2018).
Desse modo, a hidrelétrica fica sujeita aos fatores climáticos em que os níveis de reservatório
podem atingir valores críticos e ocasionar insegurança energética, assim, a oferta de energia
diminui e os preços da energia aumentam no país, devido às condições para geração de energia,
como uso maior das termelétricas (GOMES et al., 2018). Então, a diversificação da matriz
energética no país torna-se essencial para suprir as presentes e futuras demandas, além de
reduzir os elevados reajustes tarifários.

6.3 CENÁRIO SERGIPANO DA ENERGIA FOTOVOLTAICA


Em 2019, Sergipe ocupava a 20ª posição no ranking estadual de geração distribuída
(Figura 2), com 14,2 MW de potência instalada (ABSOLAR, 2019). Contudo, face à grande
demanda e benefícios, uma vez que a tecnologia permite uma economia de até 95% no valor da
conta de luz, muitos consumidores e empresários adotaram a utilização de referido sistema nos
últimos tempos.

Figura 2 – Potência instalada de utilização de energia solar nos estados brasileiros.

No Estado de Sergipe, a pioneira na implementação do Sistema Fotovoltaico foi a


Universidade Federal do Estado de Sergipe, no ano de 2018, om a instalação da unidade do
sistema no Departamento de Engenharia Elétrica, e posteriormente, na Biblioteca Central e na
Didática V (Figura 3). Em 2019, a Universidade Federal de Sergipe, contava com o total de 504
placas para a captação de energia solar, economizando o equivalente a R$ 12.000,00 (doze mil
reais) por mês (COSTA, 2019).
Figura 3 – Departamento de Engenharia Elétrica, didática V e biblioteca central com placas de energia solar na
Universidade Federal de Sergipe.

Segundo Ramos et al. (2018), em 2018, O estado de Sergipe tinha 18 sistemas


fotovoltaicos, entre geração centralizada e distribuída, somando 119 kW de capacidade
instalada. Recentemente, mais especificamente, em março de 2021, a região nordeste bateu o
primeiro record do ano referente a geração de energia solar (ABSOLAR, 2021).
Graças ao crescente número dos recursos energéticos renováveis, existe duas emendas
aditivas ao projeto de lei nº 105/2020, do Poder Executivo, proposto pelo deputado Luciano
Pimentel, em 2020, com o escopo de fomentar a geração de energia solar fotovoltaica e a
promoção da formação continuada de docentes da rede estadual de ensino (ABSOLAR, 2020).
No Brasil, a produção de energia solar quase dobrou de 2020 para 2021, com 161 usinas
solares de grande porte em funcionamento e 99 em construção (ABSOLAR, 2022). Desta
forma, além da diminuição do impacto ambiental, a instalação do sistema de energia solar
acarreta um grande impacto no bolso dos sergipanos, uma vez que Sergipe foi um dos estados
brasileiros a ter aumento na conta de energia recentemente autorizada pela ANEEL (Agência
Nacional de Energia Elétrica).
Graças aos benefícios que a energia solar dispõe aos consumidores, a tendência é que
os recursos energéticos renováveis passe a aumentar cada vez mais, a exemplo da Universidade
Federal de Sergipe, que em 2018 possuía placas solares exclusivamente no Campus de São
Cristóvão e em 2022 levou o aproveitamento da energia solar aos campi de Itabaiana e
Laranjeiras, também. Hoje, a Universidade Federal de Sergipe conta com oito sistemas
fotovoltaicos: na (1) Engenharia Elétrica, (2) Bicen, (3) Didática V, (4) Ambulatório do
Hospital Universitário, (5) Centro de Simulações e Práticas de Lagarto, (6) Didática VII, (7)
Codap e (8) Cultart (ABSOLAR, 2022).
Com a análise dos dados aqui citados, percebe-se o excepcional crescimento da geração
solar fotovoltaica no Estado de Sergipe. Grandes empresas e até mesmo residências estão
investindo em placas solares, haja vista as inúmeras vantagens dos sistemas, como a redução
de gastos, a geração de empregos locais, a geração de eletricidade limpa, além do baixo impacto
na natureza, protegendo, desta forma, as futuras gerações.

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O desenvolvimento sustentável deve ocorrer com o respeito ao meio ambiente,


sociedade e a individualidade pessoal, com o atendimento das necessidades presentes sem
comprometer as gerações futuras. Neste sentido, os recursos energéticos renováveis passaram
a ser vistos como alternativa para a redução do impacto ao meio ambiente. Além disso, a
utilização de fontes de energia fotovoltaicas pode propiciar a autonomia de comunidades pela
sua independência da distribuição energética regida pela lógica de mercado.
Em Sergipe, o crescimento da geração solar fotovoltaica é bastante significante.
Empresas e entidades públicas passaram a investir no referido recurso, a exemplo da
Universidade Federal de Sergipe, que em 2022 já conta com oito sistemas fotovoltaicos. Esse
tipo de geração também tem mostrado crescimento em grande parte dos estados do Brasil e em
outros países do globo.
Contudo, embora a produção de energia solar se difere das demais pela alta
conversação com a racionalidade ambiental, Leff defende que o uso de tais recursos devem ser
apenas uma das mudanças que possibilitam o estabelecimento dessa nova racionalidade. É na
mentalidade social que a reapropriação da natureza deve ocorrer, com a adoção de diversas
inciativas que valorizem o ser humano e seu pertencimento a natureza.
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