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AULA 1

AVALIAÇÃO ECONÔMICA
DE DANOS AMBIENTAIS

Prof. Rafael Duarte Kramer


CONVERSA INICIAL

O crescimento econômico tem levado a sociedade a uma era de consumo


e extração dos recursos naturais nunca vista anteriormente na história. Em
conjunto com esse crescimento, tem-se visto o aumento dos desastres
ambientais, principalmente os causados pela ação direta do ser humano.
Derramamentos de petróleo, queda de barragens de contenção, disposição de
resíduos perigosos de maneira inadequada são alguns dos exemplos que
podemos observar nos dias de hoje.
Nesta aula tentaremos trazer alguns conceitos que são importantes para o
entendimento das questões econômicas e ambientais, como forma de embasar
os próximos conteúdos a serem abordados. Conceitos sobre sustentabilidade,
impactos ambientais, economia ambiental, economia da poluição e outros serão
esclarecidos e detalhados posteriormente.

TEMA 1 – DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Desenvolvimento sustentável é um conceito muito utilizado nos dias de


hoje, principalmente quando se quer designar que um produto ou um processo
produtivo é menos impactante ambientalmente. Mas será que é isso mesmo que
significa sustentabilidade?
A discussão sobre as questões ambientais em relação às questões
econômicas começou a ser mais aprofundadas na década de 1970, quando o
termo ecodesenvolvimento foi trazido à tona. Nesse período, havia um debate
entre os especialistas a respeito das contradições entre crescimento econômico e
meio ambiente, especialmente devido a publicações de alguns documentos, por
exemplo, o relatório do Clube de Roma, em que se propunha um crescimento nulo
para se conseguir evitar os desastres ambientais. A partir disso, surgiram ideias
mais moderadas a respeito do que é sustentabilidade, como o conceito que
considera que o progresso técnico deve contemplar os limites ambientais e que o
crescimento econômico, por si só, não é capaz de resolver os problemas da
desigualdade social.
Ao longo do tempo, diversas proposições para o desenvolvimento
sustentável foram feitas, e todas convergiram para a ideia apontada pelo relatório
de Brundtland ou Nosso Futuro Comum, realizado pela ONU (CMMAD, 1988).
Nesse documento, ficou postulado que desenvolvimento sustentável é “aquele

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que satisfaz as necessidades atuais sem sacrificar a habilidade do futuro em
satisfazer as suas”. A principal crítica a essa definição está no argumento de que
é muito genérica, proporcionando diferentes interpretações. Além disso, essa
definição não determina quais são as necessidades presentes e futuras, e não
considera as diferentes necessidades das diferentes populações no mundo.
No entanto, a definição de desenvolvimento sustentável aponta um limite
no consumo dos recursos naturais, quando ela implica que o consumo presente
não pode ser extrapolado ao ponto de prejudicar o consumo futuro. Como
consequência dessa visão, são dados três pilares como elementos
preponderantes: o econômico, o social e o ambiental; alguns incluem um quarto,
o institucional.
A principal consequência de uma definição genérica é que não tem como
ser aplicada a qualquer caso, o que implica a dificuldade de se mensurar e
comparar as diferentes situações. Isso é o contrário do que acontece com alguns
conceitos econômicos, tais como poupança, renda, trabalho, que são conceitos
bem definidos, determinados numericamente e, assim passíveis de comparação
entre os diferentes países, regiões etc.
De maneira similar ao desenvolvimento sustentável, os índices IDH e Gini
também não possuem uma base conceitual amplamente aceita. Ainda assim,
entretanto, são utilizados frequentemente nas discussões públicas. Por mais
críticas que esses índices recebam, essencialmente por agregarem muitas
informações e não detalharem realmente os problemas, bem como por serem
totalmente arbitrários (Böhringer; Jochem, 2007), ainda sim são importantes para
os tomadores de decisão. Esses atores sentem a necessidade desse tipo de
informação “resumida” para conseguirem definir as políticas públicas a serem
aplicadas.
Entre os principais índices de sustentabilidades usados, têm-se: Pegada
Ecológica (PE), Índice de Sustentabilidade Ambiental (ESI, Environmental
Sustainability Index) e Índice de Progresso Técnico (IPG). Cada um deles tende a
dar peso maior a um determinado aspecto, seja pelos aspectos ambientais
(consumo dos recursos naturais), seja pelos sociais (taxas de analfabetismo,
mortalidade infantil, entre outras), seja pelos econômicos (PIB, renda per capita,
entre outros).
A questão da sustentabilidade nas últimas décadas tem sido debatida
fortemente e, com isso, diferentes correntes de pensamento surgiram para tentar

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explicar o consumo dos recursos naturais com a ótica econômica. Atualmente, as
principais linhas de discussão da economia do meio são: Economia Ambiental,
Economia Ecológica, Economia da Poluição e Contabilidade Ambiental Nacional.

TEMA 2 – ECONOMIA AMBIENTAL

A corrente de pensamento da Economia Ambiental é baseada no


mainstream neoclássico da economia. Nessa linha de pensamento, é considerado
que os recursos naturais não são fatores limitantes da produção e do crescimento
econômico. Para essa teoria, os recursos naturais entram como um complemento
nas funções de produção, assim como o capital e o trabalho. Nesse sentido, se
uma economia se utiliza de poucos recursos naturais, mas capital e trabalho
suficientes para compensá-los, ela consegue atingir níveis elevados de produção.
Como conclusão, o progresso técnico seria capaz de substituir a escassez de
insumos naturais da produção de maneira infinita. Na literatura, essa abordagem
ficou conhecida como o conceito de sustentabilidade fraca.
Nessa corrente de pensamento, os limites ambientais são traduzidos por
mecanismos de mercado. Considerando os bens naturais que são
comercializados (insumos materiais e energéticos), a diminuição da oferta deles
se manifestaria em um aumento de preço, o que induziria o mercado a
desenvolver inovações para poupá-los, ou então, substituí-lo por um outro
material com menor preço. No caso de bens ambientais não comercializados (ar,
água, assimilação de rejeitos e outros), esse processo não funciona. Por isso, o
Estado deve intervir para incentivar o pagamento pelos serviços ambientais, à
proporção que esses recursos se tornem escassos.
Com base nisso, foi proposta a curva de Kuznets ambiental (Figura 1), em
que, com o aumento da renda per capita (elevação do crescimento econômico),
há um aumento da degradação ambiental. Porém, a degradação ambiental tende
aumentar até um limite, no qual o ganho em renda das pessoas faz com que elas
se sintam dispostas a pagar mais pela melhoria da qualidade do meio ambiente.
Indiretamente, refletiriam na inserção de novas tecnologias e organizações para
corrigir as falhas do mercado apresentadas (Rocha; Khan; Lima, 2013).

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Figura 1 – Curva de Kuznets ambiental

Outra questão abordada pela teoria da Economia Ambiental é a


internalização dos custos ambientais, ou o equilíbrio da poluição “ótima” (Figura
2). Esse termo refere-se a soluções ideais criadas para o livre funcionamento do
mercado, porém, com as questões ambientais sendo internalizadas nos
processos produtivos. Em outras palavras, pressupõe-se que é possível calcular
os valores dos danos ambientais e estes gerarem uma curva de degradação
ambiental de tal modo que, correlacionada com a curva de custos marginais de
controle, tem-se o equilíbrio da poluição ótima. Assim, o mercado conseguiria
internalizar em seus custos de produção os danos ambientais e considerá-los no
seu cálculo de custos. Nessa proposição, o Estado seria o responsável por fazer
a mediação dos custos de degradação ambiental. A principal crítica apontada a
esse modelo ressalta que a degradação ambiental evolui de maneira incerta,
devido aos diversos fatores ambientais (tais como químicos, físicos e biológicos),
logo, a previsão da sua evolução não seria possível.

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Figura 2 – Equilíbrio da poluição ótima

TEMA 3 – ECONOMIA ECOLÓGICA

A Economia Ecológica trata o sistema econômico como parte de um


sistema ainda maior, tendo limitações para o seu crescimento. Para essa linha de
pensamento, capital, trabalho e recursos naturais são bens complementares e não
substitutos, ou seja, uns são dependentes do outro e vice-versa. Não é possível
obter crescimento econômico abdicando de um dos bens, todos são necessários
para a produtividade. Como consequência disso, é preciso aumentar a eficiência
do consumo dos recursos naturais, por meio do desenvolvimento tecnológico e
científico. Para se atingir tal eficiência, acredita-se que se faz necessário o uso de
uma estrutura regulatória capaz de fomentar economicamente esse processo.
De maneira contrária à Economia Ambiental, não acreditam na plenitude
dos recursos naturais e sim que, no longo prazo, é preciso o balanceamento dos
níveis de consumo, de tal forma a equilibrar com a capacidade de saturação do
planeta. Com essa fundamentação, a grande questão proposta é como se
consegue um crescimento econômico levando-se em consideração a capacidade
limitada da terra em fornecer recursos para tal crescimento.
No caso dos bens transacionados no mercado, os preços não refletem o
nível ótimo de exploração do ponto de vista da sustentabilidade, reflete apenas
uma relação momentânea de oferta e demanda. O estoque desses bens
continuará a ser consumido, independentemente do preço corrente que tenha.
Com relação aos bens não transacionados no mercado, o método de ajuste
proposto pela outra teoria desconsidera os fatores ecológicos determinantes para
garantir a sustentabilidade, apenas considera uma relação direta de custo e
benefício entre a alocação dos custos de controle da poluição e o custo da

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degradação. Logo, o ponto tido como poluição ótima é um ponto meramente
econômico e não ambiental, de tal modo que a desconsidera o limite de
assimilação de tal dano ambiental (Godard, 1992). Quando a capacidade de
assimilação de tal impacto é ultrapassada, ela carrega esse impacto no tempo,
prejudicando a capacidade de assimilação futura, podendo causar um dano
irreversível.
Com essa complexidade de pensamento que a Economia Ecológica traz o
conceito de que o sistema econômico se utiliza de energia e matéria em seu
sistema produtivo, de modo a, no fim do processo, transformá-los em lixo (matéria
e energia degradados) (Figura 3).

Figura 3 – Visão sistêmica da Economia Ecológica

Fonte: Adaptado de Cavalcanti, 2010.

Fazendo uma analogia com um organismo vivo, o sistema econômico é tal


como o metabolismo de um ser vivo, o qual se alimenta de recursos naturais para
a sua sobrevivência, e, como resultado desse processo, lança ao meio o que não
lhe é mais útil (Cavalcanti, 2010). Nesse processo, não há criação de riqueza,
apenas transformação de material e energia.

TEMA 4 – ECONOMIA DA POLUIÇÃO

A Economia da Poluição, ao contrário das outras abordagens, tem como


foco a função de receptor que o meio ambiente tem, principalmente dos resíduos
gerados pela economia. Da mesma maneira que as outras teorias tratam da
escassez dos recursos naturais nos processos produtivos, nessa perspectiva é
abordada a escassez da capacidade de assimilação e dispersão da poluição
gerada pelas atividades de produção e consumo da sociedade.

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O tema poluição foi primeiramente abordado, dentro da teoria econômica,
por Arthur Cecil Pigou, com a ideia da internalização dos danos ambientais, no
início do século XX. Para esse autor, a geração de poluição é compatível com
uma externalidade negativa gerada por um processo produtivo, ou seja, são
impactos negativos provocados por processos de produção. Nesse sentido, essa
externalidade pode gerar impactos sociais a outros agentes econômicos, que
acabam sendo penalizados por tal impacto. Por isso, Pigou propunha que o
impacto social fosse internalizado nos custos do processo produtivo, de tal forma
que o próprio agente econômico fosse o responsável por reparar o dano, de forma
econômica (Jacobs; Mooij, 2017). Para entender melhor, podemos pensar em
uma indústria têxtil que lança seus efluentes, carregados de corantes, em um rio
da cidade em que a indústria está situada. Essa externalidade negativa do
processo afeta a qualidade da água da região, que terá que passar por um
processo de tratamento mais sofisticado para ser consumida pela população.
Nesse exemplo, a externalidade da indústria tem um reflexo direto na vida de
outros agentes econômicos, logo, para a reparação do dano, o Estado teria que
intervir e aplicar tributos na indústria de modo a reparar o dano causado.

Figura 4 – Aplicação de tributos por externalidades negativas

A Figura 4 mostra o mecanismo de aplicação de tal tributo, levando em


consideração as curvas de oferta e demanda do produto. Como pode ser visto,
inicialmente as curvas de oferta e demanda de produto geravam uma quantidade
de equilíbrio (Q*) e um preço de equilíbrio (P*), localizados no ponto A. Nesse
momento, a curva de oferta é designada somente pelos custos marginais de
produção (CMgP). Segundo a proposição de Pigou, com a incorporação dos
custos marginais sociais (CMgS), devido a uma externalidade negativa (I), a curva
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de oferta seria deslocada para cima e geraria um novo ponto de equilíbrio (C).
Nesse novo ponto de equilíbrio, a quantidade produzida seria menor (Q*>Q 1) e o
preço final do produto seria maior (P*<Pd). O que se vê é que, para a nova
quantidade produzida (Q1), o preço seria P1 e não Pd, mas a aplicação do tributo
(t) é repassada diretamente para o consumidor, que tem uma perda de bem-estar
social, com menos produtos ofertados e com preços maiores.
O grande problema dessa teoria de Pigou é a perda do bem-estar social
pela população, que, nesse caso, seria a única a arcar com a externalidade
negativa gerada pela indústria. Porém, a contribuição de se internalizar as
externalidades negativas abriu espaço para diversas outras ideias nessa mesma
linha, tais como a análise de custo-efetividade (ACE) e a análise de custo-
benefício (ACB), que serão vistas em breve.

TEMA 5 – CONTABILIDADE AMBIENTAL NACIONAL

A Contabilidade Nacional é um instrumento econômico utilizado para


mensurar todas as atividades econômicas de uma economia. As atividades são
mensuradas tanto pelo lado da demanda final, por meio dos insumos e bens de
serviços produzidos, como pelo lado monetário, por intermédio da geração da
renda e as suas apropriações. Portanto, as contas nacionais são usadas para
calcular toda a produção de riqueza de uma nação, por meio apenas das
atividades consideradas produtivas.
Devido a essa característica puramente econômica, nos últimos anos, as
questões ambientais têm começado a se incorporar nos cálculos da geração de
riqueza, por meio da adição de contas ambientais. Ao longo dos anos, as teorias
econômicas começaram a impor os recursos naturais como limitantes do processo
de crescimento econômico, logo, medidas como o PIB, que sempre foram
utilizadas como indicadores de crescimento econômico, começaram a ser
contestadas. Nessa linha, foi direcionada a necessidade de imputar os danos
ambientais no cálculo de riqueza das nações. Nessa perspectiva, os recursos
naturais são tidos como estoques de insumos, que, ao longo de um determinado
período, são consumidos pela produção nacional, por isso são deduzidos da
renda gerada no mesmo período. Assim, com essa incorporação, os dados
gerados pelas Contas Ambientais Nacionais ficam mais realistas e de acordo com
as novas teorias da Economia do Meio Ambiente.

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Talvez o principal problema da incorporação dos recursos naturais na
contabilidade nacional seja a forma como esses recursos são classificados.
Diversas maneiras são adotadas e aplicadas, porém, elas precisam ter integração
com os dados econômicos, para ser possível a futura agregação e avaliação dos
dados de maneira holística. A principal metodologia aplicada é a separação dos
recursos em recursos de fluxo e recursos exauríveis (Margulis, 1990).
Essa abordagem traz a ideia de que os recursos de fluxo representam os
recursos naturais que podem ter o seu estado natural recuperado naturalmente
ou pela ação humana, por exemplo, o ar e água. O uso desses recursos não os
reduz no meio ambiente, ou seja, o seu estoque ambiental é pouco afetado em
curto prazo. Contudo, a utilização ocorre com a modificação deles, gerando
contaminação e degradação, prejudicando o uso futuro para os demais processos
produtivos. Essa abordagem é exemplificada na microeconomia como
externalidades, como foi discutido no tópico anterior. Entretanto, os recursos
exauríveis são aqueles que o uso pelas atividades econômicas leva à diminuição
da sua disponibilidade. Os exemplos podem ser os recursos minerais, que depois
de extraídos das jazidas, não tem como voltar ao seu estado natural. A questão
com relação a esse tipo de recurso é a diminuição do seu estoque em um
determinado período, de forma a ser contabilizado pelas contas nacionais. A
associação feita com esses conceitos é que os recursos de fluxo são os recursos
renováveis, e, os exauríveis, os não renováveis.
Nessa classificação proposta, existem várias questões que trazem dúvidas,
como o caso do petróleo, que é considerado um recurso exaurível, pois a sua
recomposição no ambiente natural leva milhares de anos. Em contrapartida, as
florestas, que mesmo sendo consideradas exauríveis, por não serem recuperadas
as condições ecológicas naturais depois de exploradas, podem ser renovadas em
um espaço de tempo curto. Independentemente dessas questões, a possibilidade
de enquadrar os recursos naturais em categorias é preponderante na forma
proposta de correção dos valores do PIB de um país.
De certa forma, a incorporação desses recursos naturais nos dados
econômicos é dependente da metodologia de valoração pela qual serão
avaliados. Nessa perspectiva, diversas abordagens foram propostas, cada uma
apontando para uma visão diferente dos recursos ambientais na economia; entre
elas, vamos abordar as duas principais. A primeira delas, conhecida como
despesas defensiva, propõe retirar os valores da demanda final, tudo o que foi

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gasto pela economia como forma de prevenir a poluição e degradação do meio
ambiente, resultantes do uso dos recursos de fluxo. O principal objetivo desse
conceito é evitar que tudo o que foi usado como precaução ao dano ambiental
seja contabilizado positivamente nas contas nacionais e, por consequência no PIB
(Leipert, 1989).
A segunda aplicação, conhecida por despesas ambientais, sugere que
sejam retirados do produto final da economia os custos que teriam que ser
empregados para manter o meio ambiente em seu estado natural. Em outras
palavras, seria levantado o custo potencial para não se degradar, poluir ou
restaurar os elementos utilizados na produção. Essa visão tem também como
objetivo diminuir o valor final do produto total da economia.
Com base nesses conceitos, diversas experiências práticas tentaram ser
abordadas mundo afora. Duas delas tiveram maior relevância e notoriedade no
cenário mundial: o Sistema Integrado de Contas Econômicas e Ambientais
(SICEA), desenvolvido pelo Escritório de Estatística das Nações Unidas (UNSO);
e a Matriz de Contas Nacionais, incluindo Contas Ambientais (NAMEA), elaborado
pelo Instituto de Estatística holandês e o Escritório Estatístico da União Europeia
(EUROSTAT). Ambos os sistemas buscam padronizar as medidas ambientais de
tal forma conseguir integrar os dados econômicos com os dados ambientais.
De forma resumida, o sistema do NAMEA incorpora novas contas
ambientais às contas nacionais, porém, as contas ambientais são utilizadas com
unidades físicas, não sendo passíveis de agregação com os dados econômicos
(Keuning; Dalen; De Haan, 1999). Já o SICEA procura aumentar a capacidade de
informações das contas nacionais, porém, sem mudar as características dos
agregados macroeconômicos, como o PIB. A grande questão desse sistema é a
metodologia utilizada na valoração dos recursos exauríveis e de fluxo, que pode
variar e, assim alterar, os resultados finais. Essa metodologia já foi aplicada, de
forma piloto, no México e na Papua-Nova Guiné, e tiveram resultados distintos,
que foram dependentes das maneiras como foram valorados os recursos naturais
(Bartelmus, 1994).

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REFERÊNCIAS

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poluentes: uma análise empírica a partir da Curva de Kuznets Ambiental.
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