Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Solow preconiza manter o consumo per capita constante ao longo do tempo, com ênfase na
substituição entre os diferentes fatores de produção, permitindo, no limite, o esgotamento do
capital natural, desde que compensado pelo aumento de capital manufaturado e humano.
A economia ecológica surge como uma resposta, sendo formalizada pela Sociedade
Internacional de Economia Ecológica em 1989. Destaca-se por considerar a economia humana
como intrinsecamente ligada à natureza, encarando os processos econômicos como
transformações biológicas, físicas e químicas.
Precursores como Sergei Podolinsky e Frederick Soddy, influenciados por ideias termofísicas,
caíram no esquecimento, mas contribuíram indiretamente para o desenvolvimento da
economia ecológica.
A consolidação desse campo deve-se a figuras como Kenneth Boulding, Nicholas Georgescu-
Roegen, Herman Daly, Robert Ayres e Allen Kneese, cujas contribuições na década de 1960
foram fundamentais.
Daly e Townsend propõem a condição estacionária como uma estratégia para prolongar a
permanência da espécie humana no planeta, reconhecendo sua impossibilidade de duração
infinita. Argumentam que, mesmo provisória, essa transição é crucial para a sustentabilidade
ambiental, divergindo de céticos que veem desafios na implementação dessa meta em
sistemas democráticos e capitalistas.
Herman Daly propõe uma transição para uma economia sustentável, enfatizando a
necessidade de ajustes na política econômica para operar de forma ambientalmente
sustentável. Esses ajustes incluem a transição demográfica dos bens, melhorias qualitativas
sem aumentar materiais processados, a proibição do livre comércio em condições desiguais
ambientalmente e mudanças nos impostos para favorecer a extração responsável.
Daly destaca que tais ajustes são inviáveis se organizações multilaterais, como o Banco
Mundial, continuarem a ignorar as relações íntimas entre os sistemas econômicos e
ambientais. Após deixar o Banco Mundial, Daly aconselha uma postura de fomento ao
desenvolvimento ambientalmente sustentável, incluindo a não contabilização do consumo de
capital natural como renda.
Embora Georgescu-Roegen nunca tenha usado a expressão “economia ecológica” e não fosse
um militante ambientalista, suas contribuições demarcam a linha entre a economia ecológica e
as vertentes ambientais da economia convencional. Há debates sobre se suas ideias podem ser
absorvidas pela economia ambiental neoclássica.
Pensadores do século XX, como Veblen, Schumpeter e Hayek, são retrospectivamente vistos
como precursores da abordagem evolucionária. Ganha força a ideia de um darwinismo
generalizado na economia, considerando-a como um sistema populacional complexo sujeito a
princípios darwinianos de variação, herança e seleção.
Sua obra de 1971 enfoca a visão de que o processo econômico é intrinsecamente evolutivo,
conectando-o ao mundo biofísico. Georgescu destaca a geração de entropia no processo
econômico, indicando mudanças qualitativas mesmo em níveis físicos básicos, desafiando a
visão mecanicista predominante na economia neoclássica.
Ao incorporar insights da termodinâmica e biologia, Georgescu influenciou a termodinâmica do
não equilíbrio e o estudo de sistemas complexos. Sua crítica à economia neoclássica levanta
debates sobre a ciência clássica versus moderna, evidenciando que a complexidade de
macrossistemas requer uma abordagem além da epistemologia mecanicista.
Georgescu abriu portas para uma termodinâmica de não equilíbrio, sendo considerado crucial
na compreensão das implicações epistemológicas de mercados e economias longe do
equilíbrio. Sua abordagem se alinha à visão da economia como um sistema complexo, proposta
por Eleutério Prado, que desafia as análises estáticas e busca entender a dinâmica evolutiva da
economia.
A ruptura com os fundamentos neoclássicos é essencial para a economia ecológica, que busca
entender as relações sociais e materiais de maneira específica. Georgescu, ao apontar limites
da metáfora mecânica, antecipa abordagens modernas como a complexidade e a evolução,
contribuindo para a fronteira do conhecimento em economia.