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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS


CURSO DE ENGENHARIA CIVIL – BACHARELADO
CONFORTO AMBIENTAL

ISRAEL DIAS PIRES


JADDY OLIVEIRA DO NASCIMENTO GOMES
JONIHSON MORAES DIAS

PLANEJAMENTO ENERGÉTICO E FONTES DE ENERGIA NO BRASIL

MACAPÁ – AP
2023
ISRAEL DIAS PIRES
JADDY OLIVEIRA DO NASCIMENTO GOMES
JONIHSON MORAES DIAS

PLANEJAMENTO ENERGÉTICO E FONTES DE ENERGIA NO BRASIL

Trabalho apresentado à Disciplina de


Conforto Ambiental da Universidade
Federal do Amapá - UNIFAP, no Curso de
Engenharia Civil, como requisito de
avaliação final para obtenção de nota
parcial.
Professor: Me. Bruno do Nascimento
Silva.

MACAPÁ - AP
2023
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 3
2 PLANEJAMENTO ENERGÉTICO NO BRASIL 5
2.1 EVOLUÇÃO DO SETOR ENERGÉTICO BRASILEIRO 5
2.2 CONCEPÇÃO MODERNA DO PLANEJAMENTO ENERGÉTICO NO BRASIL E OS
LEILÕES DE ENERGIA 10
2.3 PRINCIPAIS ÓRGÃOS RESPONSÁVEIS PELO PLANEJAMENTO ENERGÉTICO
NO BRASIL 12
2.4 DESAFIOS DO PLANEJAMENTO ENERGÉTICO NO BRASIL 13
3 FONTES DE ENERGIA NO BRASIL 14
3.1 FONTES DE ENERGIA RENOVÁVEIS 14
3.3.1 Energia Solar 15
3.3.2 Energia eólica 18
3.3.3 Energia hídrica 20
3.3.4 Energia da biomassa 22
3.2 FONTES DE ENERGIA NÃO RENOVÁVEIS 23
3.2.1 Energia Fóssil 24
3.2.2 Energia Nuclear 29
4 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NA CONSTRUÇÃO CIVIL BRASILEIRA 30
4.1 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E CONFORTO AMBIENTAL 33
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 38
6 REFERÊNCIAS 39
3

1 INTRODUÇÃO

O planejamento energético e as fontes de energia no Brasil são temas de


extrema importância para o desenvolvimento sustentável do país. O Brasil é um país
com uma matriz energética diversificada que inclui fontes renováveis como
hidrelétricas, biomassa, eólica e solar, além das fontes não renováveis como petróleo,
gás natural e carvão mineral.
O planejamento energético consiste em analisar a demanda energética atual e
projetar as necessidades futuras, levando em consideração aspectos econômicos,
sociais e ambientais. É também responsável por definir as estratégias e políticas para
o desenvolvimento do setor energético, visando garantir o suprimento seguro,
sustentável e competitivo de energia para a população.
No Brasil, o setor elétrico é regulado principalmente pela Agência Nacional de
Energia Elétrica (ANEEL), que é responsável pelo planejamento, regulação e
fiscalização da geração, transmissão e distribuição de energia elétrica.
O país tem uma matriz energética bastante favorável à utilização de fontes
renováveis, especialmente a hidrelétrica, que é a principal fonte de energia no país. A
energia hidrelétrica possui um grande potencial de geração no Brasil, devido à sua
abundância de rios e bacias hidrográficas. Além disso, o país investe cada vez mais
em outras fontes de energia renováveis, como a solar e a eólica, que têm crescido
significativamente nos últimos anos.
Contudo, o Brasil também é um grande produtor de combustíveis fósseis, como
petróleo e gás natural. A exploração dessas fontes de energia é importante para a
economia, mas deve ser feita de forma sustentável, levando em consideração os
impactos ambientais e a necessidade de reduzir as emissões de gases de efeito
estufa.
Diante dos desafios impostos pelas mudanças climáticas e pelo esgotamento
dos combustíveis fósseis, o Brasil tem buscado diversificar ainda mais sua matriz
energética, investindo em fontes de energia limpas e renováveis. Isso traz benefícios
não apenas para o meio ambiente, mas também para a economia e a sociedade, como
a geração de empregos e o desenvolvimento de tecnologias limpas.
Diante disso, esse trabalho visa apresentar um panorama sobre o
planejamento energético brasileiro, apresentando um breve histórico sobre o setor
energético, a nova concepção de planejamento adotada pelo governo, bem como os
4

principais desafios para o desenvolvimento do setor e as principais fontes de energia


usadas no país (renováveis e não renováveis), fechando com uma discussão sobre a
eficiência energética na indústria da construção civil brasileira, enfatizando seus
reflexos no conforto ambiental das edificações.
5

2 PLANEJAMENTO ENERGÉTICO NO BRASIL

O Planejamento Energético pode ser definido como o conjunto de ações ou


intenções estabelecidas previamente considerando as necessidades futuras de
energia e como o país poderá atendê-las. O Planejamento Energético é elaborado
mediante a um Plano Decenal de Expansão de Energia, que leva em consideração
variáveis como fontes de energias disponíveis, crescimento populacional, demanda
energética, PIB - Produto Interno Bruto, entre outros fatores.
O Plano Decenal de Expansão de Energia é um documento informativo voltado
para toda a sociedade, com uma indicação, e não determinação, das perspectivas de
expansão futura do setor de energia sob a ótica do Governo no horizonte decenal.

Figura 1 – Planejamento Energético

Fonte: Empresa de Pesquisa Energética – EPE

Para Bajay (2013), caso o comportamento dos mercados demonstre que o


planejamento não está sendo realista, ele deve ser repensado e alterado para que se
atenda aos interesses mercadológicos. Dessa forma, novas políticas devem ser
formuladas, leis devem ser alteradas, ou os mecanismos de regulação devem ser
melhorados, de forma a induzir mudanças desejáveis nos mercados de energia.

2.1 EVOLUÇÃO DO SETOR ENERGÉTICO BRASILEIRO

Os primeiros anos de desenvolvimento do setor elétrico do país foram


conduzidos por empresas privadas nacionais através da instalação de pequenas
usinas de maioria térmica, e datam do período da Primeira República (1889-1930). No
início do século XX, uma lei autorizou o governo federal a promover, por meio de via
6

administrativa ou concessão, o aproveitamento da energia hidráulica dos rios


brasileiros para atender a população.
Com a crise econômica de 1929, o modelo agro exportador vigente já não era
capaz de conduzir o país às metas de desenvolvimento e exigiu do Estado uma
redefinição da Política Econômica da época. Assim, a intervenção estatal passou a se
fazer necessária com o intuito de construir um estado capitalista de caráter nacional-
desenvolvimentista, planejador e intervencionista.
A promulgação do código de Águas, durante esse período, se constituiu o início
do primeiro marco regulatório do setor elétrico que contribuiu para fortalecer as ações
de planejamento e regulamentar a propriedade das águas e sua utilização, bem como
a outorga e as concessões para exploração dos serviços de eletricidade, além da
determinação das taxas desse tipo de serviço.
Na década de 1940, o governo lançou o Plano de Obras e Equipamentos que
tinha como finalidade apoiar obras públicas e indústrias essenciais. Foi nessa época,
que foram criadas a Companhia Hidrelétrica do São Francisco (CHESF), as indústrias
de base como Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), a Petróleo Brasileiro S.A.
(Petrobras), o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a
Vale do Rio Doce.
Na década de 1950, o Plano SALTE foi lançado pelo Governo Eurico Gaspar
Dutra, e teve como objetivo estimular o desenvolvimento de quatro setores prioritários
no Brasil: saúde, alimentação, transporte e energia.
O Brasil enfrentou sua primeira crise de energia que resultou em racionamento,
motivados pelos cinco anos sucessivos de seca, crescimento da demanda no setor
industrial, crescimento da urbanização e falta de investimentos no setor, período que
vai de 1951 a 1956 (ANEEL, 2008).
O modelo de condução descentralizado de base privada foi se mostrando
ineficiente em ofertar os serviços de energia, essenciais para o desenvolvimento do
país. Com uma intervenção estatal mais intensa, especialmente em 1960, aos poucos
o modelo de gestão descentralizada do setor elétrico foi substituído pela participação
estatal e centralização da gestão e do planejamento. Dessa forma, o Estado assumiu
o controle direto do setor elétrico, centralizando a sua política, que passou a
apresentar uma forma vertical hierarquizada de holding com estrutura federal,
estadual e de minoria municipal.
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O marco principal para a transição efetiva desse modelo de gestão


descentralizada foi a criação da ELETROBRAS. Criada oficialmente em 1962, a
ELETROBRAS era a responsável pelos estudos e projetos de construção e operação
de usinas geradoras, linhas de transmissão e subestações para o fornecimento de
eletricidade no país.
Nessa mesma época, a contratação do consórcio Canambra, inaugurou as
primeiras ações oficiais de planejamento do setor elétrico e teve como objetivo fazer
um estudo detalhado sobre o potencial hidráulico e do mercado de energia elétrica na
Região Sudeste. O consórcio envolveu três países, Canadá, Estados Unidos e Brasil,
e foi realizado com recursos do Banco Mundial e coordenado pelo Comitê
Coordenador de Estudos Energéticos da Região Centro-Sul.
Com a crise do petróleo na década de 1970, a necessidade de planejamento
se tornou mais evidente e influenciou a elaboração do Plano 90 que projetou o uso do
recurso hidráulico para a geração de energia e introduziu a perspectiva da substituição
de fontes, já que essa crise colocou o mundo diante de suas limitações e
dependências relacionadas aos combustíveis fósseis, como o petróleo. O governo
brasileiro também lançou o Programa Nacional do Álcool (PROÁLCOOL) com o intuito
de intensificar a produção de álcool (etanol), no país, e incentivar o seu uso em lugar
da gasolina e ao mesmo tempo diminuir a dependência de importações de petróleo.
Em 1977, o primeiro plano nacional de energia elétrica foi elaborado com o
objetivo de proporcionar orientações no âmbito econômico e técnico para a DPE da
Eletrobras e abriu caminhos para a elaboração do Plano 95, em 1979, considerado o
primeiro plano de expansão territorial com informações do potencial hidrelétrico do
país.
Apesar das inovações que esses planos, o modelo de planejamento estatal
centralizado começou a ser questionado quanto a sua efetividade, resultado da crise
fiscal que se abateu no Brasil no final da década de 1980 e que esgotou a capacidade
de investimento da União para a expansão do sistema.
Diante da crise econômica, fiscal e institucional vivenciada pelo Estado
brasileiro no início do século XXI, justificou-se a necessidade de redefinição do modelo
de planejamento do setor elétrico do país. Com os argumentos de ampliação do
atendimento com melhor qualidade e menores tarifas, idealizou-se uma mudança
setorial com a adoção de um modelo de gestão que culminou na reforma do modelo
8

de gestão e planejamento do setor energético para o país, que ficou conhecida como
a liberalização econômica do setor elétrico brasileiro, e que se baseado em:

● Desverticalização da indústria diferenciando segmentos monopolistas e não


monopolistas (transmissão e distribuição, e geração e comercialização,
respectivamente);
● Inserção da competição no mercado de energia e regulação independente do
setor.

Figura 2 – Evolução das ações de Planejamento Energético Brasileiro

Fonte: Soares & Cândido (2020)

O processo evolutivo do planejamento do setor elétrico brasileiro foi motivado


por mudanças necessárias na forma de condução do setor para atender as
necessidades da sociedade frente às questões como crescimento da demanda,
períodos de estiagem, e falta de investimento em expansão da capacidade de oferta.
Além do mais, as crises econômicas, do petróleo e a crise fiscal vivenciada pelo país
também influenciaram a necessidade de redefinição estrutural e institucional do setor.
Desse modo, após um período de condução centralizada por parte do estado, foi
necessário repensar toda uma estrutura que resultou no processo de liberalização
econômica, início de privatizações e a criação de instituições importantes para a
condução do planejamento e comercialização de energia no país.
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No caso do Brasil, o modelo estatal setorial centralizado baseado em um


planejamento indicativo que ao final da década de 1980 já não conseguia gerar
resultados expressivos levou a busca de alternativas que culminaram com a reforma
institucional do setor elétrico. Essa reforma foi ocasionada, sobretudo, pela crise
financeira da União e dos Estados, crescimento da demanda superior a oferta de
energia, má gestão das empresas do setor elétrico e inadequação de regime
regulatório ou mesmo inexistência de órgão regulador (SOARES; CÂNDIDO, 2020,
apud PIRES, 1999).
Tanto a crise fiscal e financeira que se abateu no país, quanto a própria falta de
interesse do Estado em se autofiscalizar fez com que as empresas não se
preocupassem em melhorar ou ampliar o desenvolvimento de suas atividades,
negligenciando a necessidade de critérios técnicos e administrativos na condução das
atividades do setor, que culminaram em riscos de déficit, insegurança e falta de
credibilidade no sistema energético do Brasil.
No início dos anos 2000, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE)
que já havia sido criado em 1997 através da Lei 9.478, foi regulamentado como órgão
de assessoramento do Presidente da República para tratar da formulação da Política
Energética Nacional. Em consequência disso, se formou toda uma estrutura
descentralizada na qual se acreditou ser a melhor alternativa para a condução do
setor elétrico, dando ao setor privado o papel de assumir a expansão da oferta, ao
mesmo tempo em que o Estado renunciava o seu papel de planejador e orientador
das políticas e ações do setor.
Após quase uma década da inserção desse novo modelo, as expectativas
almejadas não se concretizaram quanto à ampliação da oferta, qualidade,
confiabilidade e preços justos de energia, resultando em uma crise em 2000, que levou
o governo a criar às pressas o Programa Prioritário de termelétricas (PPT) que previa
recursos financiados pelo BNDS (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social) para térmicas, mas que também não logrou o resultado esperado.
Apesar dos esforços e reformulações, o setor elétrico brasileiro não consegue
atender as expectativas da sociedade quanto à oferta de energia de forma segura, o
que levou a necessidade de mais reformulações no modelo de condução do setor
implementado.
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Figura 3 – Reforma estrutural e institucional do setor elétrico brasileiro

Fonte: Soares & Cândido (2020)

2.2 CONCEPÇÃO MODERNA DO PLANEJAMENTO ENERGÉTICO NO BRASIL E


OS LEILÕES DE ENERGIA

De acordo com Bajay (2013), em uma concepção moderna, o Estado (governo)


pode atuar em três esferas, distintas e complementares, em relação ao setor
energético, sendo elas:

● Formulação de políticas energéticas;


● Planejamento energético (indicativo ou determinativo);
● Regulação dos mercados de energia.

Quanto aos papéis do planejamento energético, temos:

● Possibilitar a elaboração de metas quantitativas realistas para as políticas


energéticas do governo;
● Balizar o comportamento dos mercados de energia e a atuação dos seus
agentes (produtores, transportadores, armazenadores, distribuidores,
comercializadores, governo e órgãos reguladores).
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No Brasil, o setor elétrico passou por mudanças significativas no modelo


institucional nas últimas décadas. Essas mudanças visam aumentar a
competitividade, atratividade e eficiência desse setor.
Uma das principais mudanças foi a privatização das empresas estatais que
atuavam no setor elétrico. Isso permitiu a entrada de investimentos privados e a
modernização das estruturas e equipamentos das empresas.
Outra mudança importante foi a criação do modelo de leilões de energia. Os
leilões são realizados para contratar novos empreendimentos de geração de energia
elétrica, como usinas hidrelétricas, usinas eólicas, usinas solares, entre outras fontes.
Os projetos vencedores dos leilões recebem contratos de longo prazo para venda da
energia gerada.
Os leilões de energia têm como principais objetivos garantir a segurança no
abastecimento de energia no país, promover a diversificação da matriz energética
brasileira e reduzir a dependência de fontes de energia mais caras, como as
termelétricas a gás ou diesel.
Além disso, os leilões também contribuem para a redução dos custos da
energia elétrica para os consumidores finais, uma vez que os projetos contratados
pelos leilões geralmente oferecem preços mais competitivos.
Outra mudança importante foi a criação da Câmara de Comercialização de
Energia Elétrica (CCEE), que é responsável por administrar e operacionalizar os
contratos da energia elétrica negociada no mercado brasileiro.
Essas mudanças no modelo institucional do setor elétrico brasileiro têm gerado
resultados positivos, como a atração de investimentos privados, a expansão da
capacidade de geração de energia e a redução dos custos para os consumidores.

Figura 4 – Condução do Setor elétrico brasileiro

Fonte: Soares & Cândido (2020)


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2.3 PRINCIPAIS ÓRGÃOS RESPONSÁVEIS PELO PLANEJAMENTO


ENERGÉTICO NO BRASIL

● Ministério de Minas e Energia (MME): Responsável por formular e executar


a política nacional de energia, promover o desenvolvimento do setor energético
e coordenar regulamentação do setor.
● Empresa de Pesquisa Energética (EPE): responsável por elaborar estudos e
projetos relacionados ao planejamento energético pela elaboração do Plano
Decenal de Expansão de Energia (PDE), estabelece as diretrizes para o setor
energético nos próximos 10 anos.
● Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL): Regula e fiscaliza o setor
elétrico, promovendo a concessão de licenças, autorizações e autorregulação
para as atividades de geração, transmissão, distribuição e comercialização de
energia elétrica.
● Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (EMBRAPII): É uma
empresa pública cujo objetivo principal é fomentar a inovação na indústria,
incluindo projetos de pesquisa e desenvolvimento na área de energia.
● Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica
(PROINFA): Foi um programa desenvolvido pelo governo federal para
incentivar a produção de energia elétrica a partir de fontes renováveis, como
eólica, biomassa (bagaço de cana e resíduos agrícolas) e pequenas centrais
hidrelétricas.

Esses órgãos atuam em conjunto para garantir o planejamento adequado


do setor energético no Brasil, buscando a diversificação da matriz energética, o
aproveitamento de fontes renováveis e a segurança e eficiência energética.

2.4 DESAFIOS DO PLANEJAMENTO ENERGÉTICO NO BRASIL

No Brasil, o sistema energético é considerado um dos mais complexos, em


razão das características físicas e climáticas do território nacional e da forma como os
recursos energéticos estão distribuídos. O país possui uma matriz energética
considerada até certo ponto diversificada, com a participação de diversas fontes de
energia. Entre elas, destacam-se a hidrelétrica, que tem uma grande
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representatividade e é considerada uma fonte de energia limpa e renovável, com


importantes usinas espalhadas por todo o território nacional.
Entretanto, há também a necessidade de diversificar a matriz energética,
buscando outras fontes de energia, principalmente aquelas que são menos
dependentes das condições climáticas. A energia eólica e solar também estão em
crescimento no país, apesar de ainda terem uma participação menor na matriz
energética.
Principais desafios identificados para o setor energético brasileiro:
● Diversificação da matriz energética: O Brasil ainda é muito dependente da
energia hidroelétrica, o que torna o setor vulnerável à escassez de chuvas e
mudanças climáticas. É necessário investir em outras fontes de energia
renovável, como solar, eólica e biomassa, para diversificar a matriz e garantir
a segurança energética.
● Expansão e modernização da infraestrutura: Para atender a crescente
demanda por energia, é preciso investir em expansão e modernização da
infraestrutura, como construção de novas usinas e linhas de transmissão. Além
disso, é necessário investir em tecnologias mais eficientes de geração,
distribuição e armazenamento de energia.
● Integração de fontes intermitentes de energia: O aumento da participação
de fontes intermitentes de energia, como a solar e a eólica, no sistema elétrico
traz desafios de integração e estabilidade do sistema, devido à variação da
geração de energia ao longo do dia e da dependência das condições climáticas.
É preciso investir em sistemas de armazenamento de energia e em tecnologias
de controle e gestão da rede elétrica.
● Descentralização da geração de energia: A tendência mundial é de uma
maior descentralização da geração de energia, com a produção cada vez maior
de energia em pequena escala, como painéis solares em residências. Isso
implica em desafios de gestão e regulação do setor energético.
● Eficiência energética: Apesar de o Brasil ser um dos países com matriz
energética mais limpa do mundo, ainda há um grande potencial de melhoria da
eficiência energética nos setores industrial, residencial e de transporte. É
preciso incentivar políticas e programas que promovam o uso racional da
energia e a adoção de tecnologias eficientes.
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● Planejamento integrado: O planejamento energético deve ser integrado com


políticas de desenvolvimento sustentável, meio ambiente, economia e outros
setores. É necessário promover uma abordagem holística e multidisciplinar,
que leve em consideração os diversos aspectos envolvidos no setor energético
e suas interações com outros setores da sociedade.

3 FONTES DE ENERGIA NO BRASIL

Fontes de energia são recursos naturais ou tecnológicos dos quais é possível


obter energia para suprir diversas necessidades humanas, como a produção de
eletricidade, o aquecimento de ambientes, o transporte de veículos, entre outros. As
fontes de energia podem ser renováveis, quando são geradas a partir de recursos que
se regeneram rapidamente, ou não renováveis, quando são geradas a partir de
recursos que levam milhões de anos para se formarem e são finitos.

3.1 FONTES DE ENERGIA RENOVÁVEIS

Segundo pesquisas, 48% da energia gerada no Brasil provém de fontes


renováveis. Esse percentual é bem expressivo quando comparado à média mundial
que totaliza cerca de 14% da utilização de energias renováveis. Desta forma, é
importante conhecer as fontes de energia do nosso país e saber identificar as
renováveis das não renováveis.
As fontes de energia renováveis são aquelas formas de produção de energia
em que suas fontes são capazes de manter-se disponíveis durante um longo prazo,
contando com recursos que se regeneram ou que se mantêm ativos
permanentemente. Em outras palavras, fontes de energia renováveis são aquelas que
contam com recursos não esgotáveis.
A Organização das Nações Unidas (ONU) define a energia renovável como a
energia derivada de fontes naturais que, por sua vez, são reabastecidas a uma taxa
maior do que são consumidas. Renovável, por sua vez, é aquilo que pode ser
renovado. O verbo “renovar” está associado a substituir algo, por de novo, transformar
ou restabelecer algo que se tinha interrompido.
A noção de energia renovável faz menção ao tipo de energia que se pode obter
de fontes naturais virtualmente inesgotáveis, uma vez que contêm uma imensa
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quantidade de energia ou que se podem regenerar naturalmente. Nesse sentido,


energias renováveis são provenientes de fontes que se reconstituem em ciclos curtos,
e possuem fonte inesgotáveis e tem a capacidade de regeneração rápida, quando
comparada às outras formas de energia.
Tipos de fontes de energia renovável:
● Solar (energia do sol);
● Eólica (energia do vento);
● Hídrica (energia da água dos rios);
● Biomassa (energia de matéria orgânica).

3.3.1 Energia Solar

A energia solar é uma fonte de energia proveniente da luz e do calor do sol. É


uma forma de energia renovável e limpa, que pode ser convertida em eletricidade ou
utilizada diretamente para aquecer água, aquecimento residencial, aquecimento de
piscinas, entre outros usos. A energia solar é captada através de painéis solares, que
são compostos por células fotovoltaicas que convertem a luz do sol em eletricidade.
É uma forma de energia sustentável, pois não emite gases poluentes durante sua
geração, o que contribui para a redução do impacto ambiental.
Muita energia vem do Sol para a Terra, mas pouco é aproveitado. Uma parte
da radiação solar fornece calor, outra forma os ventos, outra, os potenciais hidráulicos
dos rios (pela evaporação e condensação), outra, as correntes marinhas. Uma
pequena parte é incorporada nos vegetais através da fotossíntese e serve para
sustentar toda a cadeia alimentar do planeta.

Figura 5 – Painéis fotovoltaicos

Fonte: https://ciclovivo.com.br
16

Nesse sentido entendemos energia solar como forma de aproveitamento de


uma parcela da radiação solar emitida sobre a terra. Por ser uma fonte “inesgotável”,
e está disponível em todo planeta, a sua principal problemática não é sua
disponibilidade na natureza e sim as tecnologias para convertê-la em eletricidade.
A energia solar vem crescendo no Brasil nos últimos anos. O país possui um
grande potencial para a geração de energia solar devido à sua localização geográfica
e clima favoráveis. A fonte solar no Brasil é caracterizada por um grande número de
dias ensolarados ao longo do ano, principalmente nas regiões nordeste e sudeste, o
que permite a instalação de sistemas de captação de energia solar.
O nosso país absorve uma insolação superior a 3.000 horas por ano, e na
região Nordeste há uma incidência diária de 5 kwh, assim o Brasil é o país com maior
irradiação solar do planeta.
Atualmente, a energia solar no Brasil representa cerca de 2% da matriz
energética do país, mas a expectativa é de um crescimento ainda maior nos próximos
anos, impulsionado pela expansão da geração distribuída e por novos investimentos
em grandes usinas solares.

● Vantagens da energia solar:


- Energia renovável: a energia solar é uma fonte de energia inesgotável, já que utiliza
a radiação do sol, que é constantemente renovada.
- Redução das emissões de carbono: ao utilizar energia solar, há uma diminuição
nas emissões de gases de efeito estufa, contribuindo para a redução do aquecimento
global e das mudanças climáticas.
- Baixo custo de manutenção: os sistemas de energia solar requerem baixa
manutenção, pois geralmente possuem poucas partes móveis e duram por muitos
anos.
- Autossuficiência energética: ao instalar painéis solares em residências, empresas
ou comunidades, é possível produzir a própria energia elétrica, reduzindo a
dependência de concessionárias de energia.
- Incentivos governamentais: em muitos países, há incentivos fiscais e subsídios
para a instalação de sistemas de energia solar, o que torna o investimento mais
acessível.
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● Desvantagens da energia solar:


- Custo inicial elevado: a instalação de um sistema de energia solar requer um
investimento inicial significativo, o que pode ser uma barreira para indivíduos de baixa
renda.
- Dependência da luz solar: a energia solar depende da radiação do sol, o que
significa que a produção de energia pode ser limitada em dias nublados ou durante a
noite.
- Espaço necessário: para instalar um sistema de energia solar, é necessário um
espaço adequado, o que pode ser um desafio em áreas urbanas densamente
povoadas.
- Impacto ambiental na fabricação de painéis solares: a produção de painéis
solares envolve a extração de materiais e o uso de produtos químicos, o que pode ter
um impacto ambiental negativo.
- Inconsistência na produção de energia: a produção de energia solar pode ser
inconsistente ao longo do dia ou das estações do ano, o que pode exigir soluções de
armazenamento ou backup para garantir um fornecimento contínuo de energia.

Figura 6 – Ofuscamento causado por painéis fotovoltaicos

Fonte: https://ciclovivo.com.br

3.3.2 Energia eólica

Também chamada de energia dos ventos, a energia eólica é a energia cinética


contida nas massas de ar, vento, que tem condições de ser aproveitada e utilizada na
geração de energia elétrica, por meio da indução eletromagnética, e para trabalhos
mecânicos como bombeamento de água e trituração de grãos. O processo para
aproveitamento da energia eólica depende dos aerogeradores, que são os
18

equipamentos utilizados para, a partir do contato com o vento, rotacionarem e gerarem


outras formas de energia, como a elétrica, por exemplo.
A energia eólica no Brasil tem apresentado um crescimento significativo nos
últimos anos. O país é um dos líderes na produção de energia eólica na América
Latina e já ocupa a oitava posição mundial em capacidade instalada.
As condições favoráveis, como a extensa faixa litorânea e o vento constante
em algumas regiões, contribuem para o desenvolvimento desse setor. Além disso, o
Brasil possui um grande potencial de geração de energia eólica, estimado em mais de
500 GW.
Os parques eólicos no Brasil já somam 26 GW de capacidade. De acordo com
a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), até o primeiro semestre deste ano,
foram adicionados mais 2 GW de potência no território nacional, sendo que há mais
de 900 usinas instaladas na região Nordeste, totalizando 85% nesta região.
A exemplo, um dos maiores complexos eólicos no Brasil, está o Lagoa dos
Ventos, com capacidade instalada de 716,5 MW, distribuídos em 21 parques. O
complexo está localizado nas cidades de Lagoa do Barro do Piauí, Queimada Nova e
Dom Inocêncio, no Estado do Piauí, e foi inaugurado em 2021.

Figura 7 – Turbinas eólicas em funcionamento

Fonte: https://lubrication-management.com

● Vantagens da energia eólica:


- Renovável: a energia eólica é uma fonte de energia renovável, o que significa que
é inesgotável e não contribui para a escassez de recursos naturais.
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- Baixa emissão de carbono: a energia gerada a partir do vento não libera carbono
na atmosfera, o que contribui para a redução do efeito estufa e o combate às
mudanças climáticas.
- Custo operacional baixo: uma vez que os parques eólicos são construídos e
instalados, os custos de operação e manutenção são relativamente baixos.
- Geração de empregos: a indústria eólica cria empregos na fabricação, instalação e
manutenção dos aerogeradores.
- Impacto ambiental limitado: o principal impacto ambiental da energia eólica ocorre
durante a construção dos parques eólicos, mas é considerado menor em comparação
com outras formas de geração de energia, como a queima de combustíveis fósseis.

● Desvantagens da energia eólica:


- Variação climática: a produção de energia eólica depende da disponibilidade e
intensidade do vento, o que pode gerar flutuações na geração de eletricidade.
Impacto visual e sonoro: a presença de grandes aerogeradores em regiões próximas
a residências pode afetar a paisagem e gerar ruído, causando desconforto para as
pessoas que vivem nas proximidades.
- Localização limitada: nem todas as regiões possuem uma velocidade de vento
adequada para a construção de parques eólicos eficientes.
- Custo inicial alto: a instalação de parques eólicos exige investimentos significativos,
o que pode ser um desafio para países com recursos limitados.
- Impacto na fauna: a construção de parques eólicos pode afetar a vida selvagem,
especialmente aves e morcegos, que podem colidir com as pás dos aerogeradores.

3.3.3 Energia hídrica

A energia hídrica, também conhecida como energia hidrelétrica, é obtida a


partir da conversão da energia potencial da água em energia elétrica. Do ponto de
vista da Física, a energia gerada pelas usinas hidroelétricas é proveniente de fontes
de armazenamento, que de forma potencial, retira de grandes volumes represados ou
quedas d’água já existentes na natureza e converte em energia mecânica e elétrica.
20

Figura 8 – Barragem Hidrelétrica

Fonte: https://eletrobras.com

O Brasil é um dos países que possuem a maior reserva mundial


de hidroenergia devido à imensa quantidade de rios que o cobre. Este recurso é o
mais utilizado para geração de eletricidade (cerca de 70%), sendo o potencial
hidrelétrico brasileiro estimado em 261.400 MW, equivalente a quase nove
milhões de barris (petróleo)/dia. Entretanto, devido à menor oferta hídrica dos
últimos anos, ocorreu um recuo da participação de energia hidrelétrica na
matriz energética brasileira, de 84,5% em 2012 para 79,3% em 2013 e 65,2% em
2014, apesar do aumento de 3.177 MW na potência instalada (BRASIL, 2015).
Principais Usinas Hidrelétricas do Brasil são: Usina Hidrelétrica de Tucuruí
(estado do Pará); Usina Hidrelétrica de Itaipu (Binacional - usina brasileira e
paraguaia) localizada no município Foz do Iguaçu, fronteira com o Paraguai; Usina
Hidrelétrica de Ilha Solteira (fronteira entre os estados de São Paulo e Mato Grosso
do Sul); Usina Hidrelétrica de Xingó (localizada entre os estados de Alagoas e
Sergipe); Usina Hidrelétrica de Paulo Afonso (Bahia); Usina Hidrelétrica de Jirau
(Rondônia); Usina Hidrelétrica de Santo Antônio (Rondônia); Usina Hidrelétrica de
Belo Monte (Altamira, Pará).

● Vantagens da energia hídrica:


- Renovabilidade: A água é um recurso renovável, o que significa que sua
disponibilidade é constante.
- Baixo custo operacional: Após a construção da usina hidrelétrica, os custos de
operação e manutenção são relativamente baixos.
- Energia limpa: A geração de energia hídrica não emite poluentes atmosféricos, o
que contribui para a redução do impacto ambiental e para a preservação da qualidade
do ar.
21

- Controle do fluxo de água: As usinas hidrelétricas permitem o controle do fluxo de


água, o que possibilita o abastecimento regular de água para irrigação, abastecimento
urbano e prevenção de enchentes.

● Desvantagens da energia hídrica:


- Impacto ambiental: A construção de grandes barragens para a produção de energia
hídrica pode causar impactos ambientais significativos, como o desalojamento de
pessoas, alterações nos ecossistemas locais e perda de habitats naturais.
- Dependência climática: A produção de energia hídrica depende das chuvas e do
volume de água disponível nos rios, o que pode levar a variações na geração de
energia ao longo do ano em regiões com sazonalidade das chuvas.
- Deslocamento forçado: A construção de barragens para usinas hidrelétricas pode
levar ao deslocamento forçado de comunidades e povos indígenas que vivem nas
áreas inundadas por trás das barragens.
- Prejuízo à fauna aquática: As barragens podem causar impactos negativos na
fauna aquática, como a interrupção de rotas migratórias, fragmentação de populações
e destruição de habitats, o que afeta diretamente a biodiversidade aquática.

3.3.4 Energia da biomassa

A biomassa é uma fonte de energia renovável, pois sua produção é contínua e


pode ser utilizada de forma sustentável, contribuindo para a redução das emissões de
gases de efeito estufa. A energia proveniente da biomassa é aquela obtida a partir do
processamento de resíduos orgânicos de origem vegetal, animal ou microbiana.
Esses resíduos podem ser transformados em biocombustíveis sólidos, líquidos ou
gasosos, como a lenha, o etanol, o biodiesel e o biogás.
No Brasil a produção de energia proveniente da biomassa está diretamente
ligada ao uso de fontes primárias a cana-de-açúcar, madeira e até lixos orgânicos.
De acordo com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e
Alimentação (FAO), o país ocupa a segunda posição na fabricação de bioetanol no
mundo. A biomassa também é bastante usada na geração de eletricidade do país,
estando atrás somente da hidrelétrica. Aproximadamente 46,2% da energia produzida
provém de fontes renováveis, segundo dados da International Energy Agency (IEA)
referentes a 2019.
22

Ainda segundo a mesma agência internacional, nesse mesmo ano, a


bioenergia correspondeu a cerca de 29,9% da matriz energética brasileira, sendo que
18% foram ocupados pela cana-de-açúcar.
Figura 9 – Biomassa

Fonte: www.lippel.com.br
● Vantagens da energia proveniente da biomassa:
- Renovável: A biomassa é uma fonte de energia renovável, pois pode ser obtida de
fontes naturais como resíduos agrícolas, florestais, animais e de biomassa cultivada.
- Redução de resíduos: A queima de biomassa residual pode ajudar a reduzir a
quantidade de resíduos que seriam descartados em aterros sanitários, contribuindo
para a diminuição da poluição ambiental.
- Baixa emissão de carbono: Embora a queima de biomassa libere dióxido de
carbono, o ciclo de vida da biomassa é neutro em carbono, pois as plantações
utilizadas para a biomassa absorvem dióxido de carbono à medida que crescem.
- Geração de empregos: A produção de biomassa e as instalações necessárias para
a sua conversão em energia podem gerar empregos locais, contribuindo para o
desenvolvimento econômico das regiões.

● Desvantagens da energia proveniente da biomassa:


- Emissões poluentes: A queima de biomassa libera gases poluentes e pode
contribuir para a poluição do ar.
- Uso de recursos limitados: A biomassa é uma fonte de energia limitada, pois
depende da disponibilidade de matéria orgânica. Se a demanda por biomassa exceder
a oferta sustentável, pode haver problemas de escassez.
- Conflito com a produção de alimentos: Em algumas regiões, o uso de biomassa
para energia pode competir com a produção de alimentos, levando a problemas de
segurança alimentar.
23

- Desmatamento: A demanda por biomassa pode levar ao desmatamento de áreas


nativas para o cultivo de plantações de biomassa, o que pode ter impactos negativos
na biodiversidade e no equilíbrio ecológico.
É importante observar que as vantagens e desvantagens podem variar
dependendo do tipo de biomassa utilizada e do sistema de conversão de energia
empregado.

3.2 FONTES DE ENERGIA NÃO RENOVÁVEIS

Energias não renováveis são aquelas que possuem fontes esgotáveis, ou seja,
que são geradas a partir de recursos naturais que não se regeneram ou que
demandam um longo período de tempo para se renovarem. São exemplos de energia
não renováveis o petróleo, o carvão mineral e o gás natural. Essas formas de energia
são obtidas a partir da queima desses combustíveis fósseis, liberando dióxido de
carbono e outros gases poluentes na atmosfera, o que contribui para o aquecimento
global e o efeito estufa.

3.2.1 Energia Fóssil

Proveniente da combustão de fontes fósseis, elas provêm de processos


naturais, com a decomposição de organismos soterrados que com a interação
geológica e submetidos a grandes pressões e temperaturas, contêm alta taxa de
carbono que são usadas nas reações químicas de combustão. Seus principais
representantes são: o petróleo, gás natural e carvão mineral.
Segundo dados de 2017 da Agência Internacional de Energia, cerca de 81,63%
de toda a matriz energética global advém dos três principais combustíveis fósseis
citados acima. No mesmo ano, essas fontes representaram 57% da matriz energética
brasileira. Assim, muitos países dependem da exportação desses produtos, enquanto
outros tomam medidas geopolíticas para obtê-los.

● PETRÓLEO
Sendo uma molécula de carbono e hidrogênio proveniente da decomposição
de matéria constituída de bactérias mortas a milhões de anos, esse material
acumulou-se no fundo dos oceanos, mares onde recebeu a pressão da crosta onde
24

originou-se. Usado para a produção de gasolina, diesel, querosene, entre outros


produtos.

● GÁS NATURAL
Trata-se de uma mistura de hidrocarbonetos gasosos, incluindo metano, que
também é extraído do subsolo e é usado para a produção de eletricidade,
aquecimento de edifícios e como combustível veicular.

● CARVÃO MINERAL
Rocha sedimentar encontrada em jazidas subterrâneas, que é queimada para
gerar eletricidade em usinas termelétricas. Segundo a Equipe eCycle, existem dois
tipos de carvão, o mineral e o natural. Ambos são originados a partir da fossilização
da madeira, sendo formados por substâncias ricas em carbono. O carvão mineral pode
ser dividido em quatro categorias principais, porém o mais utilizado é a hulha –
formada por 80% de carbono.

Abaixo, seguem os dados do encarte da consolidação de produção, segundo a


Superintendência de Desenvolvimento e Produção (SDP) e a Agência Nacional de
Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis – ANP.
No ano de 2022, a produção média anual de petróleo ficou em 3,021 milhões
de barris/dia, valor 2,47% acima do recorde que foi observado no ano de 2020, quando
atingiu 2,948 milhões de barris/dia. A produção de gás natural no ano de 2022 foi
recorde, tendo atingido a produção média anual 138 milhões de m³/dia, superando em
2,98% a marca de 134 milhões de m³/dia, observada no ano de 2021. Os gráficos
abaixo ilustram a variação da produção de petróleo e gás natural de 2018 a 2022.
25

Figura 10 – Produção Média Anual de Petróleo e Gás Natural

Fonte: https://www.canalenergia.com.br/

Figura 11 – Representatividade da Produção Nacional de Petróleo por Estado

Fonte: https://www.canalenergia.com.br/
26

Figura 12 – Representatividade da Produção Nacional de Petróleo por Estado

Fonte: https://www.canalenergia.com.br/

Há reservas de carvão no Brasil nos Estados do Rio Grande do Sul, Paraná e


Santa Catarina, em grande quantidade e também, nos Estados de Minas Gerais, São
Paulo, Bahia, Pernambuco, Piauí, Maranhão, Pará, Amazonas e Acre, sendo que,
nestes últimos, a quantidade é economicamente pouco relevante. Motivo pelo qual se
considera apenas a região sul na produção de carvão brasileiro. As minas da região
sul do Brasil são responsáveis por 99,98% das reservas de carvão mineral brasileiras,
sendo os outros 0,02% em São Paulo.

Figura 13 – Jazida de Carvão

Fonte: https://www.crm.rs.gov.br/minas
27

● Vantagens dos combustíveis fósseis:


- Abundância e disponibilidade: Os combustíveis fósseis, como o petróleo, o carvão
e o gás natural, são amplamente encontrados no mundo e podem ser facilmente
extraídos.
- Baixo custo de produção: A produção de combustíveis fósseis é relativamente
barata em comparação com fontes de energia renováveis, como a solar e a eólica.
- Confiabilidade: Os combustíveis fósseis têm um histórico comprovado de
fornecimento de energia confiável e consistente, o que ajuda a atender às demandas
de consumo energético.
- Praticidade: Os combustíveis fósseis são altamente eficientes e podem ser
facilmente armazenados e transportados, permitindo seu uso tanto em indústrias
como para uso doméstico.

● Desvantagens dos combustíveis fósseis:

- Efeito estufa e mudanças climáticas: A queima de combustíveis fósseis libera


dióxido de carbono (CO2) e outros gases de efeito estufa, contribuindo para o
aquecimento global e as mudanças climáticas.
- Poluição do ar e saúde humana: A utilização de combustíveis fósseis,
especialmente na queima de carvão e diesel, resulta na emissão de poluentes
atmosféricos, como óxidos de enxofre, óxidos de nitrogênio e material particulado, que
poluem o ar e podem afetar a saúde humana.
- Esgotamento dos recursos naturais: Os combustíveis fósseis são recursos não
renováveis, ou seja, uma vez que são extraídos e queimados, não podem ser
substituídos. Com o consumo contínuo desses recursos, pode ocorrer o esgotamento
e falta de disponibilidade futura.
- Dependência de importações: Muitos países dependem de importações de
combustíveis fósseis para suprir suas necessidades energéticas, o que pode criar
vulnerabilidades econômicas e políticas.
- Impactos na biodiversidade: A exploração e extração de combustíveis fósseis
podem resultar na destruição de habitats naturais e na perda de biodiversidade, além
de causar danos aos ecossistemas marinhos e terrestres.
28

3.2.2 Energia Nuclear

Em termos físico e químico é a energia térmica e elétrica proveniente da


separação (fissão) ou união (fusão) dos núcleos atômicos de elementos químicos com
alta incidência radioativa.
O Brasil atualmente conta com o Plano Nacional de Energia 2050, aprovado
em dezembro de 2020 pelo Ministério de Minas e Energia (MME). O documento prevê
o aumento de até cinco vezes da oferta de energia nuclear dentro da matriz elétrica
brasileira nos próximos 30 anos, as duas usinas em funcionamento têm, juntas, uma
potência de aproximadamente 2 GW (gigawatts). A meta é alcançar uma capacidade
de geração entre 8 e 10 GW no período estipulado, e a conclusão de Angra 3, prevista
para o fim de 2026, promete acrescentar 1,4 GW de potência.

Figura 14 – Indústria Nuclear no Brasil

Fonte: https://www.gov.br

● Vantagens da energia nuclear:


- Alta eficiência energética: A energia nuclear possui uma alta densidade energética,
o que significa que a quantidade de energia produzida é significativamente maior do
que em outras formas de energia.
- Baixa emissão de gases de efeito estufa: A energia nuclear não emite quantidades
significativas de dióxido de carbono ou outros gases de efeito estufa, o que contribui
para diminuir o impacto ambiental e o aquecimento global.
- Continuidade de fornecimento: Às usinas nucleares operam de forma constante,
proporcionando um fornecimento contínuo de eletricidade, independentemente das
condições climáticas ou de outros fatores externos.
29

- Autonomia energética: A energia nuclear permite que um país se torne


autossuficiente em termos energéticos, uma vez que não é necessária a importação
de combustíveis fósseis para a geração de eletricidade.

● Desvantagens da energia nuclear:


- Alto custo: A construção e manutenção de usinas nucleares são extremamente
caras. Além disso, o processo de desativação de uma usina nuclear também envolve
altos custos.
- Gestão de resíduos: A energia nuclear gera resíduos radioativos que precisam ser
armazenados de forma segura por longos períodos de tempo. A gestão desses
resíduos é um desafio, pois eles podem representar riscos para a saúde humana e o
meio ambiente.
- Risco de acidentes nucleares: Embora sejam raros, os acidentes nucleares podem
causar danos significativos, tanto nas instalações quanto nas áreas circundantes.
Acidentes como o de Chernobyl e Fukushima demonstraram os riscos associados à
energia nuclear.
- Potencial para proliferação nuclear: A tecnologia nuclear usada para a produção
de energia também pode ser utilizada para a produção de armas nucleares. Portanto,
a expansão da energia nuclear em algumas regiões pode aumentar o risco de
proliferação nuclear.

4 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NA CONSTRUÇÃO CIVIL BRASILEIRA

Com o visível crescimento das energias renováveis na geração de eletricidade


em escala mundial, os benefícios colaterais no bem-estar e o papel fundamental no
setor elétrico com a transição para o baixo carbono, é esperado que muitos países
planejem substituições em suas matrizes elétricas. Assim, o Brasil, favorecido por
características geográficas e climáticas para a geração de energia limpa (como a solar
e eólica), com o devido planejamento na transição do setor elétrico, pode substituir as
termelétricas pelas eólicas e solares, garantindo posição vantajosa mediante a
precificação do carbono nas próximas décadas.
A eficiência energética é um tema que vem sendo muito debatido nos últimos
tempos. Sua finalidade é a economia no uso de energia, atingindo a melhoria na
qualidade do meio ambiente, ou seja, é a utilização de menos energia para realizar o
mesmo trabalho com desempenho similar. Esse tópico é cada vez mais central como
30

uma solução fundamental nas discussões a respeito dos impactos dos processos
humanos no planeta.
A realidade brasileira demonstra que grande parte das edificações ainda é
construída com os mesmos materiais e a mesma tecnologia utilizada há décadas, com
baixa racionalidade construtiva e alta geração de resíduos. Isso é explicado pela
ocorrência de construções informais e ainda pelo nível de educação, falta de
capacitação técnica da mão de obra, dificultando a utilização de novas técnicas,
envolvendo interesses voltados a ganhos imediatos ou em curto prazo (Dorigo, Pinto
e Santos, 2010).
Para os autores, tratando-se de eficiência energética nas edificações, o
conhecimento e a aplicação de novas alternativas de materiais e técnicas contribuíram
para o aprimoramento da consciência de construtores, investidores e consumidores
finais quanto aos benefícios socioculturais, financeiros e ambientais obtidos.
Dentre as maneiras de aumentar a eficiência energética e ainda contribuir para
a preservação do meio ambiente estão a utilização de materiais verdes e reciclados,
blocos ecológicos e reutilização da água, por exemplo; essas soluções podem ser
aplicadas em janelas, isolamentos, aquecedores, dentre outras formas que
contribuem para uma diminuição considerável de energia.
O planejamento energético de um país deve traduzir as diretrizes e objetivos
de sua política energética e mais que isso, deve refletir a complexidade e as
características do próprio sistema energético. No caso do Brasil, o sistema energético
é considerado um dos mais complexos, segundo Mercedes et al., (2015), em função
das próprias características físicas e climáticas do território nacional e da forma como
os recursos energéticos estão distribuídos. Embora se verifique uma maior
participação, nos últimos anos, de fontes alternativas como biomassa, eólica e solar,
na matriz energética, existe ainda uma predominância do recurso hidráulico para
geração de energia elétrica e uma parcela considerável, quando comparada às outras
fontes, da fonte termelétrica como complementar.
Como a questão climática no país tem forte influência nos regimes de chuvas,
nas diferentes regiões, muitas vezes de forma desigual, o planejamento de forma
integrada e sistemática da operação desse sistema tem sido um desafio para o
governo e especialistas da área, uma vez que períodos de seca muito longos podem
comprometer a segurança do abastecimento de energia no país, aumentando os
31

riscos de déficit e a repetição da crise energética que resultou no racionamento de


energia entre 2001 e 2002.
A questão ambiental tem desafiado não apenas o Brasil em termos de
planejamento energético, mas nações no mundo inteiro estão voltadas para a
discussão em torno das mudanças climáticas associadas às emissões de Gases de
Efeito Estufa - GEE, resultantes do uso e exploração de fontes energéticas de origem
fóssil. Em vista disso, mais que um discurso ambientalmente correto, os países estão
sendo forçados a buscar uma condição chamada de sustentabilidade energética dos
seus sistemas de energia. Essa condição pressupõe que as matrizes energéticas
sejam diversificadas com fontes de menor impacto ambiental, como é o caso das
energias renováveis quando comparadas às fontes fósseis, e que a operação do
sistema funcione
Apesar de contar com a presença de fontes de combustíveis fósseis, a matriz
energética brasileira é considerada uma das mais renováveis dentre as economias
mundiais. Enquanto o Brasil utiliza mais de 48% de fontes renováveis, a média
mundial é de 14%.de forma eficiente e otimizada para garantir acesso justo e seguro
para todos. Mas, embora a matriz brasileira tenha se desenvolvido nos últimos anos,
atraindo investimentos em fontes limpas, o mercado ainda precisa crescer. Isso é
fundamental tanto para fazer uma boa transição energética quanto para diversificar a
matriz.
Atualmente, a matriz elétrica brasileira é dependente da fonte hidráulica. Ou
seja, 65,2% da energia gerada para o consumo no país, vêm de hidrelétricas. A grande
questão é que em casos de escassez de chuva, como ocorreu em 2020 e 2021, toda
a cadeia fica prejudicada e precisa optar por outras fontes, que podem ser mais caras
ou mais poluentes. Segundo o Ministério de Minas e Energia, a participação das
renováveis na matriz elétrica deve continuar acima de 80% até 2030, chegando a 85%
em 2050.
No relatório do PDE (Plano Decenal de Expansão de Energia) 2031, também
há a previsão de diminuição da dependência das hidrelétricas. A expectativa é de que
até essa data menos de 50% da energia seja gerada a partir de hidrelétricas,
mostrando o avanço que outras fontes e outros modelos, como a geração distribuída.
A autoprodução de energia e a geração distribuída, deve sair de uma participação de
8% para 17% na matriz em dez anos.
32

4.1 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E CONFORTO AMBIENTAL

Um projeto que procure uma eficiência energética aliada ao conforto precisa


buscar soluções que levem a edificação ao ponto de equilíbrio. A temperatura de ponto
de equilíbrio da edificação se refere a temperatura do ar externo necessária para que
a temperatura interna fique confortável sem depender do uso de qualquer sistema
mecânico de aquecimento ou refrigeração (KEELER, 2010).
Considerando as necessidades fisiológicas do ser humano e a necessidade de
estar em conforto, o que sem dúvida, depende de muitas variáveis a serem
consideradas, sendo elas principalmente ambientais, humanas, sociais e econômicas.
Você com certeza já se abanou com uma folha de papel para se refrescar de um dia
quente? Ou começou a esfregar as mãos em um dia frio, para se aquecer?
Procedemos dessa forma instintiva para conseguir atingir o conforto em
determinado momento. O conceito mais amplo de conforto ambiental é bastante
abrangente, para poder chegar a este estado, temos que levar em consideração
muitos fatores, como por exemplo: a posição geográfica da sua região, o clima
predominante, se o espaço próximo é a ruas com muito barulho, a intensidade de
ruído e de luz, todos a serem considerados para uma boa concepção de um projeto.

Figura 15 – Residência Eficiente

Fonte: https://br.pinterest.com

Todas estas variantes citadas anteriormente e controladas, além de nos


proporcionar conforto, farão com que tenhamos mais qualidade de vida e podem
33

ajudar a evitar determinados problemas de saúde que podem ser ocasionados por
esses fatores. Mas também se deve pensar no ser humano e suas particularidades.
Cada pessoa terá uma reação com meio em que está inserido, dependendo da sua
personalidade, cultura, estado de ânimo e experiências.
Algo bastante evidente, que normalmente as mulheres sentem mais frio que os
homens, isso se explica porque o metabolismo entre eles é diferente. Os adultos
sentirão frio de forma diferente que as crianças e outras situações cotidianas que
mostram que cada pessoa sentirá conforto de forma diferente.
Nos anos 70, foram realizados estudos sobre a sensibilidade do homem em
relação às variações do ambiente e resultando em uma carta bioclimática, que
evidencia quais as zonas de conforto e cita estratégias práticas para alcançá-lo
quando estas variáveis são mais altas ou mais baixas. Assim, temos que a zona de
conforto para o Brasil está entre as temperaturas de 18º C à 29º C e com umidade
relativa entre 20% a 80% aproximadamente.
E nesse contexto podemos utilizar largamente da eficiência energética, para
sentirmos conforto, seja ele no verão ou no inverno pode utilizar aparelhos que
aquecem ou refrigerem sem gastar tanta energia. Como já sabemos, vivemos em
mundo de escassez de recursos naturais. Isso é consequência do uso indiscriminado
do que a natureza nos dá e fez com que o mundo todo tivesse que rever a forma como
se relaciona com ela. E foi nesse processo que surgiram novos conceitos, entre eles,
o de eficiência energética.

Figura 16 – Conforto X Eficiência Energética X Sustentabilidade

Fonte: https://arqnorm.com/
34

A eficiência energética é uma forma de continuar utilizando a mesma energia,


porém consumindo menos. “Pode parecer um conceito abstrato ou inatingível, porém
todos podem contribuir e fazer uma parte, que ao final irá ajudar o bolso, a economia
do país, fomentar o estudo de novas fontes de energia e preservar recursos
preciosos”.
Essa preocupação ganhou força no Brasil após o apagão de 2001, quando
programas de eficiência para equipamentos eletroeletrônicos - os selos que hoje já
são bastante conhecidos pelos consumidores - foram criados. Foi essa iniciativa que
fomentou o setor a produzir aparelhos melhores que se adaptassem a essa realidade.
A iniciativa deu tão certo que, em 2003, foi lançado o Procel (O Programa Nacional de
Conservação de Energia Elétrica) edifica. A diferença, dessa vez, é que a certificação
é da eficiência das edificações, incentivando a construção de edifícios mais eficientes.
Dessa forma, através de cálculos prescritivos e/ou por simulação, mede-se a
eficiência energética de uma edificação, seja ela comercial ou residencial. Em 2013,
a etiqueta passou a ser obrigatória para novas edificações públicas federais.
Contudo é cada vez maior a tendência de se produzir energia a partir de fontes
renováveis. No caso brasileiro, de acordo com dados do Balanço Energético Nacional
(BEM) de 2012, 44% da energia produzida no país é de fonte renovável (hidrelétricas,
energia solar, eólica, biomassa, entre outras), fazendo do Brasil um dos líderes na
produção de energia renovável, mesmo a matriz energética (usina hidrelétrica)
causando um grande impacto onde são instaladas.
Para enfrentar a crescente demanda por energia os engenheiros e arquitetos
precisam adotar medidas que promovam o consumo de energias renováveis,
principalmente aquelas em que o impacto ambiental é menor. O desenvolvimento
dessas fontes deve proporcionar uma solução que não prejudique a saúde dos seres
humanos, não destrua o entorno local e tampouco ameace os sistemas naturais.
As edificações projetadas e construídas nos dias atuais ainda irão existir
quando as transformações climáticas se tornarem mais intensas. De acordo com
EDWARDS (2013) para se adaptar às mudanças climáticas o projeto arquitetônico
deve evitar implantações em terrenos vulneráveis, mas além disso deve observar
também os seguintes princípios:
● O volume da edificação (coeficiente de aproveitamento) e a superfície ocupada
(taxa de ocupação) são fundamentais para sua sobrevivência, adaptabilidade
e eficiência energética a longo prazo.
35

● O padrão construtivo precisa ser superior à média, tendo melhor isolamento


térmico, maior qualidade dos materiais, melhor conforto, menor custo e
desperdício quase zero.
● Os sistemas de instalação da edificação devem ser atualizados facilmente,
especialmente os referentes ao condicionamento de ar e à provisão de energia
renovável, já que os avanços tecnológicos não param e se a construção não
puder se adaptar ela se tornará obsoleta.

Figura 17 – Painéis solares

Fonte: https://solarprime.com.br/paineis-solares-residenciais/

Os usuários buscam cada vez mais que as edificações ofereçam conforto,


atenuando os impactos negativos do clima ou consumo excessivo de energia. Eles
exigem um alto nível de conforto, mesmo sob as condições climáticas mais adversas,
e se o projeto arquitetônico não resolver essas questões de forma eficiente e com
menor impacto, os usuários o farão e, na maioria das vezes, com um alto consumo
energético e artificial.
Antes do surgimento e da disseminação da utilização do ar condicionado o
excesso de calor era amenizado com elementos de sombreamento, circulação de ar
e, em climas secos, pela massa térmica dos materiais.
Figura 18 – Ar condicionado

Fonte: https://climatizacao.multtecriopreto.com.br
36

O sombreamento e a proteção dos espaços são fundamentais para uma melhor


eficiência energética e conforto ao usuário. Pensar um projeto sem essas questões
irá produzir edificações problemáticas do ponto de vista do consumo de energia.
Um projeto deve considerar a eficiência energética aliada ao conforto precisa
buscar soluções que levem a edificação ao ponto de equilíbrio energético e ambiental.
A temperatura de ponto de equilíbrio da edificação se refere a temperatura do ar
externo necessária para que a temperatura interna fique confortável sem depender do
uso de qualquer sistema mecânico de aquecimento ou refrigeração (KEELER, 2010).
Nessa temperatura de equilíbrio os ganhos térmicos devidos à iluminação, aos
equipamentos, aos usuários e a radiação solar equivalem às perdas térmicas em toda
a vedação externa da edificação, que, por sua vez, são causados pelas diferenças de
temperatura entre o interior e o exterior. Fatores como orientação das janelas, o
projeto da pele da edificação e a seleção de materiais determinam a quantidade de
energia necessária para se manter o conforto térmico.
37

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O conhecimento sobre o planejamento energético e fontes de energia são


importantes, pois o primeiro é responsável em prever e se preparar para o futuro, para
que não ocorra falta de abastecimento desse bem tão importante para a população e
o segundo nos mostra um leque de opções de geração de energias renováveis.
Contudo, para chegarmos a uma sustentabilidade energética será preciso
mudar muita coisa além do nosso modo de construir. Não existem edificações
sustentáveis, mas sim sociedades sustentáveis. Porém, projetar construções que
privilegie o conforto ambiental, sustentáveis energeticamente é essencial para vencer
os desafios ambientais.
Através de pesquisas podemos adquirir conhecimento necessário para uma
solução energética eficaz, considerando fontes viáveis para o futuro do país e uma
alternativa de planejamento adequado para comunidades isoladas considerando as
regiões longínquas do Brasil.
Em suma, o planejamento energético e as fontes de energia no Brasil são
fundamentais para garantir um suprimento seguro, sustentável e competitivo de
energia, buscando conciliar o desenvolvimento econômico com a preservação do
meio ambiente. O país possui um potencial significativo de geração de energia
renovável, que deve ser explorado de forma adequada e responsável.
Constata-se que o Brasil já procura garantir um equilíbrio entre as fontes de
energia, visando suprir a demanda crescente por energia de forma sustentável e
eficiente, contribuindo para o desenvolvimento econômico e social do país.
No entanto, o planejamento energético no Brasil ainda precisa aprimorar a
eficiência energética, promover o uso racional de energia, estimular a pesquisa e
desenvolvimento de novas tecnologias energéticas e garantir a segurança do
abastecimento energético. Além disso, é fundamental considerar os aspectos
socioambientais, buscando um desenvolvimento sustentável.
38

6 REFERÊNCIAS

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década e desafios pendentes. Revista Brasileira de Energia, Itajubá, v. 19, n. 1, p.
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Acesso em: 02.out.2023.

COMPANHIA RIOGRANDENSE DE MINERAÇÃO. Minas. Disponível em:


<https://www.crm.rs.gov.br/minas> Acesso em: 09.out.2023.

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Disponível em: <https://www.epe.gov.br/pt/abcdenergia/planejamento-energetico-e-a-
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EPE – EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA. Plano Nacional de Energia 2030,


Rio de Janeiro, 2007.

FERREIRA, A.L.; Silva, F.B. Universalização do acesso ao serviço público de


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<https://www.lippel.com.br/noticias/biomassa-energia-renovavel-e-limpa/> Acesso
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PEREIRA, Filipe Alexandre de Sousa; OLIVEIRA, Manuel Ângelo Sarmento de. Curso
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