Você está na página 1de 6

Proposta de uso da análise exergética

como ferramenta para o uso racional


da energia

Campinas
2019
RESUMO
O presente trabalho tem por objetivo estudar uma residência sob a perspectiva da exergia,
buscando avaliar as emissões de poluentes como função dos hábitos dos moradores, que,
por sua vez, são influenciados pelas políticas públicas e hábitos de consumo.
Será proposto um volume de controle, obtendo, por fim, a avaliação da eficiência exergética
do sistema, através de um indicador próprio para tal.

1. INTRODUÇÃO
Em ​Energia e Sociedade​, Carvalho (2014) estabelece, em uma recapitulação histórica da
relação homem-energia, que a vida, como conhecemos, depende da conversão de fatores
de baixa entropia (recursos naturais) em fatores de alta entropia.
Com base nas questões abordadas, podemos concluir sem dúvidas que a vida humana e
seu desenvolvimento em sociedade são indissociáveis da energia e subordinados às suas
formas de geração, utilização e aproveitamento.
Isso é sustentado por diversos autores, como, por exemplo, Friedrich Wilhelm Ostwald
(1853-1932), ganhador do Prêmio Nobel de 1909, segundo o qual a evolução social é
pautada na transformação de energia primária em energia útil.
Por muito tempo, ignorou-se questões relacionadas às demandas de uma população em
alto crescimento, e o impacto que isso poderia causar no meio ambiente. Apesar disso, o
aumento da demanda de energia já foi tratado anteriormente na história sob a ótica da
primeira lei da termodinâmica e, posteriormente, pela segunda lei, por autores afirmando
que a energia, por não ser reciclável, colocaria limites às atividades humanas (Rosa et al.,
1988). Muitos autores, hoje em dia, concordam que a exergia é uma ferramenta útil na
análise de impactos ambientais.
Atualmente, têm-se consciência de que a busca pela geração e utilização da energia em
maneiras que não agridam o meio ambiente é indispensável. É necessário, portanto,
otimizar a utilização dos recursos energéticos da geração ao usuário final.
Nesse sentido, o uso da exergia tem sido utilizado para avaliar a eficiência de sistemas em
setores variados, como na indústria e até em residências (Mosquim, 2017). A análise
exergética permite a tomada de decisões de maneira mais objetiva em relação ao que é
energeticamente viável ou vantajoso, à medida que possibilita a melhor compreensão das
limitações termodinâmicas de um sistema.
Destaca-se o uso da eficiência exergética para comparar sistemas que têm o mesmo
objetivo, porém que funcionam com bases diferentes, por exemplo, sistemas de refrigeração
por absorção e compressão a vapor, como feito por Filogônio (2016). A autora menciona,
também, a elevada participação das residências no consumo energético do país,
constituindo, portanto, tema relevante de estudo.
1.1. Objetivos
O objetivo deste projeto é estudar a maneira com que o ser humano usa os recursos
naturais em seus hábitos, através da avaliação da eficiência exergética de uma residência,
englobando diversos aspectos: desde a utilização da energia elétrica por eletrodomésticos e
etc, até a intensidade energética associada à produção de alguns itens de cesta básica.
Buscaremos, enfim, por meio desta análise, obter correlações entre os hábitos de consumo
e a geração de CO2, bem como levantar práticas mais sustentáveis.
2. REVISÃO DA LITERATURA

Considera-se a exergia como o máximo trabalho teórico útil que pode ser obtido em relação
a um estado morto. Ou seja, a exergia pode ser considerada como a energia útil explorável
de um sistema, o que tem muito valor na sociedade, e merece atenção. Alguns autores já
exploraram as vantagens de seu uso como indicador para formulação de políticas em
relação a danos ambientais, ou mesmo políticas econômicas.
Dincer (2000) define “análise exergética” como um método que utiliza a primeira e a
segunda leis da termodinâmica para análise, projeto e melhoria de diversos sistemas,
permitindo a obtenção de sistemas mais eficientes através das reduções de suas
irreversibilidades.
A primeira lei estabelece que a energia deve ser conservada e é representada pela seguinte
equação (Moran e Shapiro, 2002):

(1)
**ESCREVER EM FORMATO DE EQUAÇÃO**
Nela, está estabelecido que a variação de energia total dentro de um volume de controle ao
longo do tempo depende dos fluxos de energia de entrada e saída, associados a uma vazão
mássica, entalpia, energias potencial e cinética, e das taxas de calor trocado com o meio e
trabalho.
No contexto deste trabalho, entendemos a segunda lei como enunciadora da entropia, ou
da taxa de destruição da exergia. Ela é definida pela seguinte equação (Moran e Shapiro,
2002):

(2)
**ESCREVER EM FORMATO DE EQUAÇÃO**
Ou seja, a taxa de variação de entropia em um volume de controle está associada a fluxos
de entrada e saída de matéria e suas respectivas entropias, bem como à geração de
irreversibilidades e ao calor trocado com o meio.
O autor cita o papel da exergia como ferramenta de análise de custos e de impactos
ambientais, defendendo que o uso apenas da primeira lei para a formulação de políticas,
sejam elas industriais ou públicas, é comumente errôneo, pois esta não permite que sejam
avaliadas as fontes de irreversibilidades e suas magnitudes, como a segunda lei permite.
Sendo assim, a redução da entropia (e consequente aumento na exergia) deveria ser
buscado a fim de se obter uma política que seja compreensível e coerente no longo prazo.
Segundo a OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico),
espera-se que as emissões de CO2 aumentem em cerca de 70% em virtude da maior
demanda por energia, proveniente do desenvolvimento de países emergentes. É senso
comum, atualmente, que há uma urgência em adaptação da humanidade, visando uma
organização em sociedade mais sustentável em todas as instâncias.
Sanquetta et. al. (2017) estudou a relação entre as emissões de CO2 e o consumo de
energia elétrica, observando um aumento com o tempo, explicado pelo maior consumo de
energia per capita e a ampliação do uso de fontes não renováveis (termelétricas) para
complementar o suprimento de energia elétrica, realizado, em maior parte, pelas
hidrelétricas.
As emissões de CO2 podem ser obtidas multiplicando-se o consumo de energia elétrica por
um fator de emissão, exemplificado na figura abaixo (Sanquetta et al, 2017):

Figura 1: fator de emissão nos anos de 2010 até 2014. Fonte: Sanquetta et al, 2017.
Em relação à segunda lei como indicador em processos de conversão de energia
cotidianos, este tema já foi explorado por alguns autores, como Filogônio (2016) e Mady e
Pinto (2018). Os principais usos da energia elétrica no país e, mais especificamente, em
uma residência, estão ilustrados abaixo (Filogônio, 2016):

Figura 2: Divisão dos principais usos da energia elétrica no Brasil e dentro de residências. Fonte:
Filogônio, 2016.
A autora estudou as demandas de energia da residência, quantificando-as e levando em
consideração os eletrodomésticos mais participativos. Também foram analisadas as
eficiências energética e exergética desses equipamentos.
Em relação a itens de cesta básica que são utilizados pelas famílias, a análise de emissão
de poluentes diz respeito a seus processos de fabricação, ou seja, leva-se em conta sua
intensidade energética. Esta se relaciona com a eficiência do uso da energia na fabricação.
Itens cuja fabricação tem menor eficiência tem alta intensidade energética (IBGE, 2004).

Figura 3: Intensidade energética de diversos ramos da indústria, em valores absolutos e relativos.


Fonte: Ministério de Minas e Energia, Plano Nacional de Energia (2007).
Observa-se que, dentre os itens de grande intensidade energética, estão os alimentos e
bebidas. Além disso, em relação ao consumo de energia em números absolutos,
destacam-se, novamente, o setor de alimentos e bebidas, bem como papel e celulose, têxtil,
metalurgia e química (Montoya, Pasqual, 2015).
Entende-se que, sendo os setores industrial e residencial os de maior participação na
demanda energética do país, o consumo dos brasileiros de energia e de certos itens é
capaz de ser determinante nas emissões de CO2.

3. MÉTODOS
Serão feitas análises análogas à abordagem de Mosquim (2017). Além disso, de acordo
com a metodologia descrita por Filogônio (2016), será realizado o levantamento da
demanda energética de uma residência padrão de classe média, contendo de três a quatro
pessoas. Serão avaliados os equipamentos de maior participação no consumo de energia,
bem como a intensidade energética de itens de cesta básica.
**INCLUIR VOLUME DE CONTROLE**
Por fim, as eficiências energética e exergética da residência como um todo podem ser
obtidas através de uma média ponderada destes valores para todos os equipamentos
instalados nela.
Serão avaliadas as emissões de CO2 como função do comportamento exergético e
energético da residência, e serão feitas análises, de modo a propor práticas sustentáveis
(hábitos de consumo e políticas públicas) que busquem atingir melhorias a curto e longo
prazo.

4. CRONOGRAMA
Este projeto trata-se de uma segunda iniciação científica, com o final da primeira se dando
na metade de 2019.
A Tabela 1 indica o cronograma de trabalho proposto para a iniciação científica, no qual
consta as expectativas em relação ao andamento das atividades.
Será disposto um tempo relativamente extenso para o item análises, pois o orientador dará
liberdade para candidata a bolsa poder fazer avaliações e análises com o modelo proposto.
A seguir, serão feitas modificações no modelo, de modo a avaliar as propostas em relação a
mudança de hábitos e políticas públicas. Ademais, será dado um tempo para análise dos
resultados, dentre outros.
Tabela 1: Cronograma de atividades previsto para iniciação científica
2019 2020
Atividade 08 09 10 11 12 01 02 03 04 05 06
Revisão Literária
Proposição e avaliação do
modelo
Proposição de modificações no
modelo - hábitos e políticas
públicas
Análise dos Resultados
Relatórios e Artigos

Em relação ao histórico da candidata, aluna do quarto ano da engenharia mecânica, é


válido informar seu CR (0,6505 - posição 52 de 147), CP atual (0,65) e CPF (0,758). Quanto
às reprovações, todas já foram sanadas e não houve nenhuma na área de energia.

REFERÊNCIAS

Sanquetta, C.R., Maas, G.C.B, Sanquetta, M.N.I., Corte, A.P.D. - Emissões de Dióxido de
Carbono Associadas ao Consumo de Energia Elétrica no Paraná no Período 2010-2014 -

EMISSÕES DE DIÓXIDO DE CARBONO


ASSOCIADAS AO CONSUMO DE ENERGIA
ELÉTRICA NO PARANÁ NO PERÍODO 2010-2014
CARBON DIOXIDE EMISSIONS FROM ELECTRICAL ENERGY USE IN PARANA
STATE DURING 2010-2014

Recebido em 08/01/2017
Aceito em 02/02/2017
Publicado em 20/04/2017
DOI: dx.doi.org/10.5380/biofix.v2i1.50095

Carlos Roberto Sanquetta1


Greyce Charllyne Benedet Maas2
Mateus Niroh Inoue Sanquetta3
Felipe Taroh Inoue Sanquetta4
Ana Paula Dalla Corte5
Universidade Federal do Paraná, Curitiba, Paraná, Brasil

Você também pode gostar