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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE-UFCG

CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA AGROALIMENTAR- CCTA


UNIDADE ACADÊMICA DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS AMBIENTAL
CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL

DISCIPLINA: ECONOMIA AMBIENTAL

Ravel Moreira Chaves

Walker Gomes de Albuquerque

Economia da Poluição

Pombal-PB

2022
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1-Introdução

A economia da poluição trata da medida que o meio ambiente fica escasso devido a
atividades antropogênicas, as necessidades de suprimento de funções como supridor da
infraestrutura física das atividades humanas, nos mostra que o meio ambiente precisa ser
“economizado”. Logo, podemos nos voltar para função fossa de resíduos que é desempenhada
pelo meio ambiente, à medida que o entorno natural se torna escasso é relativo às necessidades
de dispersão e assimilação dos resíduos gerados pelas atividades humanas de produção e
consumo.

Conforme Andrade (2008), na economia da poluição, a


primordial discussão é quais são os critérios a serem escolhidos
para se valorar as externalidades geradas e assim incorporá-lo ao
cálculo econômico dos agentes. A economia ambiental
neoclássica analisa atribuir esses valores a partir de seus
princípios de utilidade e disposição a pagar, e com isso
desenvolver múltiplas técnicas de valoração.

Podemos examinar 3 abordagens de políticas públicas quando nos referimos a


economia da poluição, as quais são: solução pigouviana da internalização dos danos, a
abordagem denominada de Análise de Custo-Efetividade (ACE), que constitui a abordagem
predominante no que tange o combate à poluição do ar e das águas em países desenvolvidos, e
pôr fim a abordagem denominada como Análise de Custo-benefício (ACB), que trata da
aplicação direta da teoria Microeconômica Neoclássica e da Economia do Bem-estar.

Com essas três abordagens podemos analisar também alguns instrumentos econômicos
que o Estado utiliza para a implementação destas duas políticas ˗ Principio Poluidor-Pagador
(PPP) e Certificados Negociáveis de Poluição (CNPs).

2- Solução Pigouviana

Segundo Andrade (2008) a parte mais valiosa da teoria ambiental neoclássica, tem como
alma a teoria do bem-estar (welfare economics) e dos bens públicos, que foi proposta por Pigou
no início do século XX. Ela tem foco o meio ambiente – um bem público – no cargo de receptor
de rejeitos, considerando a poluição como uma externalidade negativa.

A internalização do dano onde a primeira abordagem retrata o estudo pioneiro realizado


por Arthur Cecil Pigou, no início do século XX. Segundo Pigou, o dano causado pela poluição
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é um custo social, logo é uma externalidade negativa, que resulta do fato de um agente
econômico, devido a sua atividade gerar custos, aos quais os agentes terão de arcar. Por
exemplo: uma indústria qualquer que em sua atividade produtiva emite através de sua chaminé
partículas inaláveis como dióxido de enxofre, irá gerar custos sociais a toda população
circunvizinha desta indústria.

Pigou afirma, que a correção dessa externalidade negativa deve ser executada mediante
a imposição aplicada pelo Estado, através de tributos, incidente por cada unidade produzida,
igual à diferença entre o custo marginal privado e o custo marginal social.

Figura 1-solução pigouviana

Na figura-1 temos uma representação de uma análise de equilíbrio parcial, em um caso


de um setor produtivo, onde temos vários empreendimentos que atuam em concorrência
perfeita. Onde a curva de demanda intercepta a curva de oferta de mercado que é a soma lateral
de todas as curvas de custo marginal privado das empresas que compõem o setor, sendo assim
uma curva de custo marginal privado global, no ponto C= (x’, P’). Se não houver externalidades
na produção, e todos os mercados estiverem ajustados a qual implica o a concorrência perfeita
e a inexistência de externalidades nesses mercados, o ponto “C” representa um Ótimo de Pareto,
porem na presença de externalidades negativa t = BF por unidade produzida, saímos do ponto
ótimo (C), pois não teremos mais a igualdade entre preço e custo marginal.
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Feito essa análise do gráfico o Estado, por meio da sua autoridade ambiental, deverá
impor um tributo por unidade produzida igual ao valor da externalidade causada. A curva de
custo marginal privado é corrigida e desta forma teremos uma nova curva de oferta que refletira
nos custos marginais privado (CMgP) mais o custo marginal social (CMgS), assim, o resultado
é o aumento do preço do produto para os consumidores e a diminuição da quantidade
transacionada no mercado.

• No ponto B= (x’, pd) os consumidores pagam um preço equitativo pelo produto, de tal
maneira a cobrir todos os custos que a sociedade realmente tem.

Com isso a quantidade transacionada no mercado diminuirá, o que materializa uma menor
pressão no meio ambiente, também podemos notar que no novo ponto de equilíbrio, o preço é
igual é igual ao CMgP + CMgS, o que implica que os demais mercados estão ajustados.

“Ao colocar à tona a noção de custo social (externalidade


negativa) e a decorrente diferença entre custo marginal privado e
custo marginal social, Pigou iniciou a trajetória de estudos que
introduziu problemas como o do meio ambiente na Teoria
Econômica, com grande retumbância posteriormente. Todavia, a
solução proposta por Pigou não teve aplicabilidade prática
generalizada.” (MAY, P. H, 2010, p.81).

3- Análise de custo-efetividade (ACE)

O estudo da economia auxilia na tarefa que tem suas escolhas entre opções para designar
o custo e/ou o benefício de certa opção e justificar a decisão de proteção ambiental para a
sociedade. Uma Análise Custo Efetividade (ACE) determina a eficiência relativa de diferentes
projetos na obtenção do mesmo produto, ou ajuda a determinar as melhores alternativas para
atingir os mesmos objetivos da iniciativa. Envolve determinar os benefícios e os requisitos de
alocação de recursos de abordagens alternativas para atingir um objetivo específico. Os
resultados são geralmente expressos como uma relação custo-efetividade (R$/E). A opção com
menor custo por unidade de efetividade é a mais eficiente (LIBRARY, 2022).

A ACE trata-se de uma segunda abordagem que visa combater a degradação ocasionada
ao meio ambiente pela poluição, logo, busca alternativas para diminuir a poluição,
estabelecendo metas sociais com o menor custo. Vale destacar que essa abordagem tem
substituído a politica de comando e controle em países desenvolvidos na medida que é possível
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utiliza-la.

De maneira bem objetiva, o processo pode ser visualizado da seguinte maneira:


• O Estado através da constituição assume efetivamente o domínio e propriedade dos bens
ambientais tais como ar e água;
• A sociedade de maneira descentralizada deve fixar objetivos e/ou padrões de qualidade
para os mais variados corpos receptores a serem atingidos a longo prazo, e
corporifiquem usos desejados desses corpos, de tal maneira que ocorra melhoria e ou
que pelos aja manutenção da qualidade atual, por meio dos modelos de dispersão;
• O Estado, com todas as metas estabelecidas, deve exercer outorga de uso dos bens já
mencionados (o ar e as águas), com o objetivo de racionar e racionalizar a utilização
dos mesmos;
• O Estado em complemento ao item anterior, deve utilizar instrumentos econômicos que
induza os agentes econômicos ao uso moderado dos recursos ambientais. Os dois
instrumentos mais utilizados são: o PPP (principio poluidor pagador) e os CNPs
(Certificados Negociáveis de Poluição);
• E por fim o Estado tem a obrigação de monitorar os corpos receptores a qualidade de
forma permanente e controlar as emissões com intuito de verificar o alcance progressivo
dos padrões estabelecidos pelo próprio Estado, e assim prover correções quando
necessário, e informar a população sobre o andamento por meio de Relatórios
Periódicos sobre o Estado do Meio Ambiente.

A operacionalização dessa política ambiental ACE pode ser implementada por meio de
2 instrumentos econômicos de incentivo aos agentes, os quais são: a cobrança pelo despejo de
efluentes no meio ambiente (PPP) e/ou estabelecimento CNPs- Certificados Negociáveis de
Poluição. Ainda sobre os instrumentos o PPP é mais utilizado quando o bem ambiental é a água,
já em relação ao ar o instrumento mais utilizado é os CNPs.
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Figura 2:PPP no contexto de uma política ACE de combate a poluição.

Fonte:<Economia do Meio ambiente, p.83, 2010>.

• 0d- total de emissões/ano;


• 0C- percentual a ser abatido por ano;
• 0A- meta a ser atingida em 5 anos;
• 0B- meta a ser atingida em 10 anos;
• 0C- meta a ser atingida em 15 anos.

3.1- Principio Poluidor Pagador

Segundo Colombo (2012) o princípio do poluidor-pagador deve ser visualizado como s


um instrumento econômico e ambiental, a qual requer do poluidor, uma vez identificado, arcar
com os custos das medidas preventivas e/ou das medidas concernentes para, senão a eliminação
pelo menos a inutilização dos danos ambientais.

A Organização para Cooperação e para o Desenvolvimento Econômico (OCDE), por


meio da Recomendação C (72) 128, de maio de 1972, definiu o PPP- Principio Poluidor
Pagador como:

[...] O princípio que busca afetar os custos das medidas de


prevenção e controle da poluição, buscando aguçar o emprego
racional dos recursos ambientais quase escassos na tentativa de
evitar deturpações para o comércio e aos investimentos
internacionais, é o titulado princípio do poluidor-pagador. Este
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princípio exprime que o poluidor deve arcar cos custos do


desenvolvimento dos critérios já mencionadas e decididos pelas
autoridades públicas para garantir que o ambiente esteja num
estado aceitável [...] (ARAGÃO, 1997, p. 60).

Vale ressaltar que esse princípio não objetiva permitir poluir e muito menos pagar para
poluir, ele visa assegurar a reparação econômica de um dano ambiental quando não é possível
evitar o mesmo ao meio ambiente, por meio de medidas de prevenção.

Antunes (2001) afirmou que o Princípio do Poluidor-Pagador deverá ser estimada em


termos, devido ao fato que ele não deve, em hipótese alguma, ser visto como um instrumento
que “autorize” a poluição ou ainda que permita a “compra do direito de poluir”. Logo,
atividades poluidoras não devem sob nenhuma condição trazer benéficos econômicos para o
agente poluidor, os custos de medidas de prevenção devem ser mais acessíveis quanto aos
custos para a eliminação ou redução dos efeitos causados pela poluição ao meio ambiente.

3.2- CNPs- Certificados Negociáveis de Poluição

Na política de custo-efetividade de combate à poluição além do PPP- Principio Poluidor


Pagador, temos uma segunda ferramenta econômica que é os Certificados Negociáveis de
Poluição (CNPs), nesse sentido, parte-se de que uma sociedade, por meio do Estado , faz
apropriação de um recurso ambiental “o ar”, que se tornou escasso relativamente para seus
variados usos (por exemplo, a calota de ar de uma região metropolitana), e que por
consequência deste fato, não obtém mais o status de bem comum de acesso livre.

Por meio deste instrumento econômico Porto (2018) afirma, que o Estado deve
estabelecer um limite para a quantidade total de poluição emitida – ou seja, não deve ocorrer
aumento de emissões sem que aja reduções equivalentes no sistema – compatível com a
condição ambiental desejada, com isso emitir a quantidade coerente de Certificados
Negociáveis de Poluição e os dispersar entre os agentes poluidores.

O mercado para os CNPs é muito valorado pelas empresas de formas diferentes, devido
a existência de variados custos marginais de abatimento da poluição, visto que empresas com
altos custos de abatimento estão dispostas a pagar altos valores por certificados, em contra
partida empresas com baixos custos de abatimento se dispõem a pagar pequenos valores pelos
mesmos. Desta forma além das empresas que recebem muitos CNPs em excesso, outras ao
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invés de comprar preferem vender seus certificados, se, somente se, o preço de venda for maior
que o custo marginal de abatimento.

4- Análise de custo-benefício (ACB)

Entende-se como analise custo-benefício, a relação existente entre o custo imposto para
o abatimento da poluição, em termos monetários, levando em consideração o Princípio Poluidor
Pagador (PPP), e os benefícios gerados ao arcar com os custos dessa ação, que geralmente são
benefícios a longo prazo.

Existem diversas abordagens tradicionais à avaliação dos custos e benefícios na


economia. Uma delas é a abordagem neoclássica que visa o preço de mercado e os critérios de
concorrência ou estimativas do custo e do benefício monetário. Outra abordagem é o método
do cálculo do rendimento social, que estima o custo/benefício em relação ao valor social. Além
dessas existe uma terceira abordagem que além de levar em consideração o mercado e os custos
sociais, também inclui a análise do impacto ambiental.

Podemos distinguir os passos a seguir para desenvolver uma análise custo-benefício


exaustiva:

• Listar os projetos ou programas alternativos;


• Listar as partes interessadas ou intervenientes (stakeholders);
• Selecionar as medidas e quantificar todos os elementos dos custos e dos proveitos;
• Prever os custos e os proveitos ao longo do período de tempo relevante;
• Converter todos os custos e proveitos em unidades monetárias comuns;
• Aplicar a taxa de atualização ou de desconto;
• Calcular valor atual líquido das opções do projeto;
• Executar uma análise de sensibilidade;
• Adaptar e implementar a escolha recomendada.
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Analisando o gráfico acima, percebe-se que o PPP funciona como no caso da ACE,
"ascendendo a escada" do Custo Marginal de Longo prazo. A diferença está no estabelecimento
de uma meta final, o padrão a ser atingido a longo prazo. A intersecção da curva do Custo
Marginal e a linha do benefício Marginal, é o que nos permite determinar o "nível ótimo de
abatimento da poluição".

Porém em alguns casos a curva de benefício marginal pode se situar em nível muito
abaixo em relação à curva de custo marginal, isso ocorre geralmente pelo fato de os benefícios
serem a longo prazo e quando "descontados" dos custos iniciais, acabam tendo valores atuais
reduzidos (taxa de retorno desprezível). Outra razão é a explicita pelo alemão Wilhelm Kapp
(1950), que deixa explicito que países de baixa renda per capita e /ou de distribuição de renda
muito desigual, mesmo que consiga eficazmente a revelação de preferências, as curvas de
benefício marginal se revelam muito inferiores do que é adequado para provocar intervenções
de proteção ou recuperação ambiental. Por isso, torna-se mais viável a consecução ao menor
custo para a sociedade de metas socialmente acordadas.
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Referências Bibliográficas

ANDRADE, Daniel Caixeta; ANTONIO, Victor. Economia e meio ambiente: aspectos


teóricos e metodológicos nas visões neoclássica e da economia ecológica. Leituras de
Economia Política, Campinas, v. 2, n. 1, p. 1-32, ago./2008. Disponível em:
<https://www.academia.edu/28287662/Economia_e_meio_ambiente_aspectos>Acesso em: 29
jul. 2022.

ANTUNES, Paulo Bessa. Direito ambiental. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2001.

ARAGÃO, Maria Alexandra de Souza. O princípio do poluidor-pagador. Pedra


angular da política comunitária do ambiente. São Paulo: Coimbra, 1997.

COLOMBO, S. ASPECTOS CONCEITUAIS DO PRINCÍPIO DO POLUIDOR-


PAGADOR. REMEA - Revista Eletrônica do Mestrado em Educação Ambiental, [S. l.],
v. 13, 2012. DOI: 10.14295/remea.v13i0.2720. Disponível em:
https://seer.furg.br/remea/article/view/2720. Acesso em: 31 jul. 2022.

JACQUINE, Marc. Análise custo benefício - ACB. 2018. Disponível em:


<https://repositorioaberto.uab.pt/bitstream/10400.2/8333/1/ACB1.pdf.> Acesso em: 02 ago.
2022.

LIBRARY. Conceito de custo-efetividade e suas características. Disponível em:


<https://1library.org/article/conceito-de-custo-efetividade-e-suas-carcterísticas>. Acesso em:
29 jul. 2022.

MAY, P. H.; LUSTOSA, M. C.; Economia do Meio Ambiente: Teoria e Prática. Rio
de Janeiro: Campus, 2010. (Cap. 4)

PORTO, Antonio Maristrello; DOS SANTOS, Laura Meneghel. COTAS DA RESERVA


AMBIENTAL: UMA INTERPRETAÇÃO DA ANÁLISE ECONÔMICA DO DIREITO. REI
- REVISTA ESTUDOS INSTITUCIONAIS, [S.l.], v. 3, n. 2, p. 922-948, fev. 2018. ISSN
2447-5467. Disponível em:<https://www.estudosinstitucionais.com/REI/article/view/228>.
Acesso em: 31 jul. 2022. doi:https://doi.org/10.21783/rei.v3i2.228.

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