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DEFINIÇÃO

Apresentação dos conceitos de interfaces presentes entre a dimensão ambiental e o processo logístico.

PROPÓSITO
Compreender os conceitos de análise de ciclo de vida e economia circular e suas contribuições para os fluxos logísticos direto e convencional; e
os reversos.

OBJETIVOS

MÓDULO 1

Identificar os conceitos de análise de ciclo de vida (ACV) e economia circular (EC) aplicados ao processo logístico, considerando legislações e
normas técnicas pertinentes

MÓDULO 2

Reconhecer a importância do processo de logística reversa relacionada a bens e materiais sem condições de uso e resíduos

INTRODUÇÃO
As organizações, atualmente, enfrentam um grande desafio: conciliar o desempenho econômico e as expectativas das partes interessadas do
negócio. É necessário compatibilizar práticas de gestão inovadoras, como ecoeficiência dos processos e ecodesign de produtos.

Mas não para por aí. Além disso, é essencial o respeito aos direitos humanos, uso de recicláveis, logística reversa, segurança ocupacional,
construções sustentáveis, preocupação com a cadeia de suprimentos, entre outras.
Ao longo das últimas décadas, muitos fatores contribuíram para a ampliação da abrangência do conceito de logística. Nessa linha, temos como
exemplos: questões como poluição ambiental, gases do efeito estufa, combustíveis fósseis, ruídos, resíduos e produtos químicos.

Fonte: Oleg Krugliak/ShutterStock

O conceito tradicional de logística considera as etapas de planejamento, implantação e controle de forma eficiente e eficaz do fluxo tanto direto
quanto reverso. Isso servirá para bens (matérias-primas, insumos, produtos semiacabados e produtos acabados), serviços, e até informações,
desde o ponto de origem (suprimento) até o ponto de destino (cliente final).

A consideração do aspecto socioambiental no conceito de logística atenta para a sua evolução, trazendo a concepção de sustentabilidade para a
área. E também nos apresenta outras formas, como a logística de baixo carbono, a verde e a sustentável.

A partir de agora, vamos trabalhar a combinação desses conceitos e suas aplicabilidades. Para isso, observaremos o processo logístico com
ênfase na logística reversa dentro desse contexto de sustentabilidade e competitividade no qual as organizações estão inseridas.

MÓDULO 1

 Identificar os conceitos de análise de ciclo de vida (ACV) e economia circular (EC) aplicados ao processo logístico, considerando legislações
e normas técnicas pertinentes

CONCEITOS DE ANÁLISE DE CICLO DE VIDA (ACV) E ECONOMIA


CIRCULAR (EC)
Na introdução, refletimos sobre as considerações acerca dos aspectos socioambientais e como eles interagem nesse mercado altamente
competitivo com questões de sustentabilidade cada vez mais em alta.

APRESENTAREMOS, A SEGUIR, OS CONCEITOS DE ANÁLISE DE CICLO DE VIDA (ACV) E DE


ECONOMIA CIRCULAR (EC), E DE QUE FORMA ELES COLABORAM PARA O PROCESSO
LOGÍSTICO.
Vamos verificar, ainda, em que medida os conceitos de análise de ciclo de vida, economia circular e logística reversa são demandados
atualmente para os processos logísticos mais sustentáveis.
Neste vídeo serão abordados os conceitos de ACV e EC e suas interfaces relacionados ao processo logístico.

ANÁLISE DE CICLO DE VIDA (ACV)


OS DADOS HISTÓRICOS REVELAM QUE O PRIMEIRO ESTUDO DE ACV FOI DESENVOLVIDO NO
INÍCIO DOS ANOS 1970 PELA COCA-COLA. A EMPRESA VISAVA A COMPARAÇÃO DOS
DIFERENTES TIPOS DE EMBALAGENS DE REFRIGERANTE, PARA SELECIONAR QUAL SE
APRESENTAVA COMO O MAIS ADEQUADO, E RESPEITANDO O PONTO DE VISTA AMBIENTAL,
QUAL APRESENTARIA O MELHOR DESEMPENHO COM RELAÇÃO À PRESERVAÇÃO DOS
RECURSOS NATURAIS.
Os produtos e serviços ofertados para atender às demandas da sociedade possuem uma história que se inicia com a obtenção dos recursos
necessários do sistema natural e termina com a destinação pós-consumo. Trataremos em outro tópico sobre como a visão estabelecida pela
economia circular é capaz de mudar essa lógica.

O ciclo de vida de um produto ou serviço é concebido como sendo o conjunto das fases que compõem a trajetória desse produto/serviço. Não
podemos confundir este conceito com o já consagrado em marketing, que diz respeito ao ciclo de vida do produto sob à ótica de mercado.

A figura 1, a seguir, nos mostra as principais fases de ciclo de vida de um produto/serviço que trataremos neste módulo.
Fonte: ShutterStock
 Figura 1: Ciclo de vida de um produto/serviço

Vale ressaltar que a metodologia de ACV não é amarrada, não restringindo a flexibilidade na sequência de aplicação nas suas diferentes etapas.

Por exemplo, podemos — após definirmos o objetivo e escopo do estudo e passarmos para a etapa de análise de inventário de ciclo de vida —
verificar que existe a possibilidade, caso pertinente, de rever e redefinir o escopo desse mesmo produto. Assim sendo, a figura apresenta as
setas nos dois sentidos.

Um dos desafios que a metodologia de ACV nos impõe é o de se evitar a escolha de soluções que sejam eficientes em uma determinada fase de
vida de um produto ou serviço, mas que se mostram prejudiciais em outras.

 EXEMPLO

A opção por um novo componente para um determinado produto deve considerar os ganhos na funcionalidade e eficácia do produto, bem como o
seu retorno financeiro.

Isso sem deixar de considerar questões socioambientais relacionadas a fases da vida do produto, como a não utilização de trabalho escravo ou
infantil, e a garantia do respeito aos direitos das populações tradicionais (indígenas e quilombolas).

Além dessas, podemos citar a minimização dos diversos impactos ambientais e as características pós-consumo, como a sistemática de descarte
e a possibilidade de separação, reúso e reciclagem.

ENTRETANTO, COMO TODA A METODOLOGIA, A ACV POSSUI UMA COMPLEXIDADE QUE


ACARRETA EM CUSTOS ELEVADOS PARA A SUA ABRANGENTE E COMPLETA APLICAÇÃO.
ALÉM DE NECESSITAR DE MUITOS DADOS (INVENTÁRIO) PARA QUE SUA IMPLEMENTAÇÃO
SEJA POSSÍVEL, A ACURACIDADE E A NECESSIDADE DE INTERPRETAÇÃO DESSES DADOS
TAMBÉM SÃO RELEVANTES.
A delimitação clara do objetivo do estudo de ACV e o estabelecimento de fronteiras e limites previamente estabelecidos podem minimizar esses
impactos indesejáveis.

ECONOMIA CIRCULAR (EC)


Apesar do conceito de economia circular ter surgido no final da década de 1980, este ganhou força e relevância em 2012, por meio da publicação
do primeiro relatório Towards the circular economy, publicado pela Fundação Ellen MacArthur.

Este conceito propõe a mudança imediata dos padrões de produção e consumo que ainda seguem uma linearidade: extração dos recursos
naturais, manufatura, distribuição, uso ou consumo e descarte.

Em certa medida, a economia circular estimula a ampliação do estudo de análise de ciclo de vida, além de confrontar o conceito convencional de
economia linear, pensando na totalidade do produto, e conectando a ponta da linha de produção ao seu início.
Fonte: petovarga, marysan, Galya_P/ShutterStock
 Figura 2: Economias linear e circular

Estamos diante de um grande desafio para conciliar o aumento da produção e do consumo com a capacidade de regeneração dos recursos
naturais e a gestão adequada de resíduos.

 COMENTÁRIO

Precisamos encarar esse desafio como uma oportunidade de negócio e não somente como um tema relacionado à sustentabilidade. Essa nova
realidade nos impõe, na forma de uma nova economia, mudar a maneira pela qual organizações, governo e pessoas produzem, administram e
consomem produtos e serviços.

Ainda temos muito o que realizar pois, segundo o Circular Economy’s 2018 Circularity Gap Report, apenas 9,1% da economia mundial é baseada
em um modelo circular.

DENTRE OS OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (ODS) DA ONU, QUE TRATA


DE DIVERSOS TEMAS RELACIONADOS À SUSTENTABILIDADE, E TEM COMO MARCO
TEMPORAL O ANO DE 2030, TEMOS O ODS 12 QUE PROPÕE O DESAFIO DE ASSEGURAR
PADRÕES DE PRODUÇÃO E DE CONSUMO SUSTENTÁVEIS.
Em função disso, cada vez mais as organizações vêm aplicando a economia circular tanto em seus processos, quanto em sua cadeia de valor.

 RESUMINDO

Resumindo, a economia circular propõe a visão do planejamento estratégico desde o design, projeto e desenvolvimento do produto ou serviço.
Depois, passa pelas demais fases de fabricação/realização, transporte, utilização, reinserção no processo produtivo, incluindo a conscientização
da relação dos seres humanos com as matérias-primas e os resíduos.

Além da logística reversa, a EC consolidou diversos conceitos que foram criados no último século, como economia de baixo carbono, design
regenerativo, economia de desempenho (performance), ecologia industrial, economia azul (blue economy), entre outros tantos que compõem
esse novo conceito de economia.

A economia circular privilegia a preservação e valorização do capital natural, e a minimização de desperdícios, centrando-se no “fecho do ciclo”
em toda a cadeia de valor. Para tanto, ela se afasta do conceito tradicional e linear de “extração, produção e eliminação”.
Fonte: Olivier Le Moal/Shutterstock

Vamos analisar sob quais princípios a economia circular está apoiada nos seguintes estágios:

CONCEPÇÃO/DESIGN/PROJETO/DESENVOLVIMENTO
Desenho ou redesenho de produtos e serviços de concepção mais duradoura, economicamente viáveis, ecologicamente eficientes e projetados
para vários ciclos de vida utilizando menos recursos.

PRODUÇÃO/REALIZAÇÃO
Utilização de processos de produção mais limpa, limitando a utilização de substâncias tóxicas e produtos perigosos, promovendo a eficiência
energética e de materiais, e identificando novas utilizações para subprodutos e coprodutos.

DISTRIBUIÇÃO
Desenvolvimento de formas de distribuição combinadas, ou seja, por meio da organização de serviços de logística para partilha de redes de
distribuição, opções mais sustentáveis de modais de transporte, além de utilização de materiais recicláveis e redução de embalagens
desnecessárias.

UTILIZAÇÃO
Incremento da eficiência energética, aumento da vida útil do produto e otimização da reparação, manutenção e reutilização.

REENTRADA NO CICLO/ELIMINAÇÃO
Dinamização de redes de retoma, reúso, remanufatura ou reciclagem. Ênfase no upcycling (“reutilização criativa”, processo de reconversão de
resíduos em novos materiais ou produtos de maior valor agregado) ou no downcycling (processo de reconversão de resíduos em novos materiais
ou produtos com menos funcionalidade ou padrão inferior de qualidade).

Podemos constatar que o caminho para essa transição é a inovação dos sistemas de negócios por meio da economia circular. Esse processo
começa pela mudança dos tradicionais modelos mentais de curto para longo prazo, inovações nos modelos de negócios e nas cadeias de valor.

Sendo assim, a EC traz novas perspectivas para o negócio, para a sociedade e para as demais partes interessadas que compõem essa cadeia
com foco na realidade do século XXI.

PORTANTO, PARA ACELERAR A TRANSIÇÃO PARA A ECONOMIA CIRCULAR, HÁ A


NECESSIDADE DE SE DESENVOLVER AS CONDIÇÕES DE INOVAÇÃO PARA O INCREMENTO
DOS SISTEMAS DE NEGÓCIOS CIRCULARES.
Com base nesse contexto, somando-se à biodiversidade, diversidade sociocultural, cultura de inovação e empreendedorismo, há o potencial de
se alcançar inovação e geração de valores econômico, ambiental e social requeridos para o século XXI.

LEGISLAÇÕES AMBIENTAIS
Vamos entender um pouco sobre as principais legislações ambientais que se relacionam com os temas de ACV e EC.

Alguns países do continente europeu têm sido fonte de inspiração no que se refere a legislações ambientais relacionadas ao tema para os
principais modelos utilizados pelo resto do mundo. No Brasil, por força de leis anteriores, conhecemos diferentes modelos de programas de
logística reversa setoriais já implementados que servem de referência.

Fonte: smolaw/ShutterStock

 ATENÇÃO

Vale ressaltar que, em virtude de todas as diversidades e peculiaridades inerentes, faz-se necessária a adaptação dos modelos e legislações às
características próprias de cada tipo de produto. Sob o olhar social, no Brasil, a presença maciça de catadores de materiais recicláveis que
formam sistemas de coleta informal já é uma realidade.

Nos modelos existentes de retorno de produtos sob condições, até certo ponto, aceleradas por legislações, o custo da logística reversa é
garantido pela cadeia direta por meio de diferentes sistemas, contando com a participação efetiva do consumidor final.

Alguns modelos preconizam o pagamento de uma taxa no momento da compra do produto, outros adotam o chamado selo verde, que tem seus
custos subsidiados pela cadeia produtiva em função de sua produção.

 Fonte: zo3listic/ShutterStock
Outros modelos fazem uso de sistemas mistos. Levando-se em conta que existe a opção da participação representativa das empresas do setor,
não haverá desbalanceamento na concorrência de preços.

 Fonte: Andrey_Popov/ShutterStock

O consumidor final poderá arcar indiretamente com os custos, mas os benefícios percebidos pela sociedade serão muitos. Sendo assim, ganhou
relevância a política de resíduos sólidos, instituída pela Lei Federal PR N.º 12.305 de 02 de agosto de 2010.

 Fonte: fizkes/ShutterStock

A LEI CITADA INSTITUI A POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS E ALTERA A LEI


FEDERAL N.º 9.605, DE 12 DE FEVEREIRO DE 1998 E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS.
A execução, eficiência e eficácia dos programas de logística reversa, previstos na PNRS, devem considerar as condições expostas e reconhecer
que a sua implementação é gradativa e primordial.

Seguem alguns pontos da PNRS relacionados à logística que merecem destaque:

ACORDO SETORIAL
Ato de natureza contratual firmado entre o poder público e fabricantes, importadores, distribuidores ou comerciantes, tendo em vista a
implantação da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto;

LOGÍSTICA REVERSA
Instrumento de desenvolvimento econômico e social, caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a
coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial.

Com isso, são encaminhados para reaproveitamento, em seu próprio ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente
adequada;
RESPONSABILIDADE COMPARTILHADA PELO CICLO DE VIDA DOS PRODUTOS:
Conjunto de atribuições individualizadas e encadeadas dos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, dos consumidores e dos
titulares dos serviços públicos de limpeza urbana, e de manejo dos resíduos sólidos, para minimizar o volume de resíduos sólidos e rejeitos
gerados.

ALÉM DISSO, ATENTAM EM REDUZIR OS IMPACTOS CAUSADOS À SAÚDE HUMANA E À


QUALIDADE AMBIENTAL DECORRENTES DO CICLO DE VIDA DOS PRODUTOS, NOS TERMOS
DESTA LEI.
Há questões muito importantes, como: termos claramente definidos, por meio dos contratos firmados; e assumir que a responsabilidade deverá
ser compartilhada entre os atores que fazem parte do acordo setorial associadas ao ciclo de vida do produto (poder público, fabricantes,
importadores, distribuidores ou comerciantes).

O artigo 30 da lei federal da PNRS assim estabelece:

DA RESPONSABILIDADE COMPARTILHADA

ART. 30. É INSTITUÍDA A RESPONSABILIDADE COMPARTILHADA PELO CICLO DE VIDA DOS


PRODUTOS, A SER IMPLEMENTADA DE FORMA INDIVIDUALIZADA E ENCADEADA,
ABRANGENDO OS FABRICANTES, IMPORTADORES, DISTRIBUIDORES E COMERCIANTES, OS
CONSUMIDORES E OS TITULARES DOS SERVIÇOS PÚBLICOS DE LIMPEZA URBANA E DE
MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS, CONSOANTE AS ATRIBUIÇÕES E PROCEDIMENTOS
PREVISTOS NESTA SEÇÃO.

PARÁGRAFO ÚNICO. A RESPONSABILIDADE COMPARTILHADA PELO CICLO DE VIDA DOS


PRODUTOS TEM POR OBJETIVO:

I - COMPATIBILIZAR INTERESSES ENTRE OS AGENTES ECONÔMICOS E SOCIAIS E OS


PROCESSOS DE GESTÃO EMPRESARIAL E MERCADOLÓGICA COM OS DE GESTÃO
AMBIENTAL, DESENVOLVENDO ESTRATÉGIAS SUSTENTÁVEIS;

II - PROMOVER O APROVEITAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS, DIRECIONANDO-OS PARA A


SUA CADEIA PRODUTIVA OU PARA OUTRAS CADEIAS PRODUTIVAS;

III - REDUZIR A GERAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS, O DESPERDÍCIO DE MATERIAIS, A


POLUIÇÃO E OS DANOS AMBIENTAIS;

IV - INCENTIVAR A UTILIZAÇÃO DE INSUMOS DE MENOR AGRESSIVIDADE AO MEIO AMBIENTE


E DE MAIOR SUSTENTABILIDADE;

V - ESTIMULAR O DESENVOLVIMENTO DE MERCADO, A PRODUÇÃO E O CONSUMO DE


PRODUTOS DERIVADOS DE MATERIAIS RECICLADOS E RECICLÁVEIS;

VI - PROPICIAR QUE AS ATIVIDADES PRODUTIVAS ALCANCEM EFICIÊNCIA E


SUSTENTABILIDADE;

VII - INCENTIVAR AS BOAS PRÁTICAS DE RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.


(BRASIL, 2010.).

NORMALIZAÇÃO – NORMAS TÉCNICAS


Em função de toda a relevância do tema, a ACV despertou o interesse de organizações normalizadoras, em especial da Organização
Internacional para a Normalização (ISO).

A ISO é uma organização internacional não governamental independente, criada em 1946, e associada neste momento a 165 organismos de
normalização nacionais, como a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

Fonte: TierneyMJ/ShutterStock

Por meio de seus países-membros, ela reúne especialistas para compartilhar conhecimento e desenvolver normas internacionais voluntárias.
Estas são desenvolvidas tomando por base o consenso e buscam atender a solicitações relevantes do mercado que apoiam a inovação e
fornecem soluções para os desafios globais e para a sociedade.

Especificamente relacionada à ACV, apresentamos, a seguir, uma relação das principais normas relacionadas:

ABNT NBR ISO 14040:2014 - Gestão ambiental — Avaliação do ciclo de vida - Princípios e estrutura;

ABNT NBR ISO 14044:2014 - Gestão ambiental — Avaliação do ciclo de vida — Requisitos e orientações;

ABNT NBR ISO/TR 14047:2016 - Gestão ambiental — Avaliação do ciclo de vida — Exemplos ilustrativos de como aplicar a ABNT NBR
ISO 14044 a situações de avaliação de impacto;

ABNT NBR ISO/TS 14072:2019 - Gestão Ambiental — Avaliação do ciclo de vida — Requisitos e diretrizes para a avaliação do ciclo de vida
organizacional;

ABNT NBR ISO/TS 14071:2018 - Gestão ambiental — Avaliação do ciclo de vida — Processos de análise crítica e competências do
analista: Requisitos adicionais e diretrizes para a ABNT NBR ISO 14044:2009.

Em sequência, é apresentado o esquema que relaciona algumas destas principais normas, na forma de processo, contemplando as fases de
uma ACV.
Fonte: ISO 14040:2014 - Gestão ambiental - Avaliação do ciclo de vida - Princípios e estrutura, 2014.
 Figura 3: Fases de uma ACV

 ATENÇÃO

Com base nessa inter-relação e nas normas pertinentes, as organizações podem utilizar análise de ciclo de vida associada aos seus processos
operacionais, incluindo as fases distribuição e transporte.

Pois estas são relevantes para os processos logísticos e, também, devem considerá-las nas decisões relacionadas a suas estratégias de
negócios, considerando essas aplicações diretas citadas.

Em se tratando de normatização, o Reino Unido por meio do British Standards Institution (BSI) publicou, em 2017, o guia BS 8001, que define
diretrizes para a implementação dos princípios da economia circular nas organizações.

Este guia pode ser aplicado tanto em operações, produtos e novos modelos de negócio. Até o presente momento, ainda não foi desenvolvida
uma norma ISO que trate especificamente sobre o tema.

VERIFICANDO O APRENDIZADO

1. ASSINALE A ALTERNATIVA QUE INDICA AS FASES CLÁSSICAS DA ANÁLISE DE CICLO DE VIDA (ACV) QUE
ESTÃO MAIS DIRETAMENTE RELACIONADAS AOS PROCESSOS LOGÍSTICOS.

A) Extração de matérias-primas e disposição final.

B) Fabricação e uso

C) Distribuição e embalagem.

D) Reciclagem e reúso.

2. ASSUMINDO QUE O CONCEITO DE ECONOMIA CIRCULAR (EC) É MAIS ABRANGENTE E DESAFIADOR QUE O
CONCEITO DE ANÁLISE DE CICLO DE VIDA (ACV), IDENTIFIQUE A ALTERNATIVA QUE APRESENTA OS
ESTÁGIOS DA EC.

A) Concepção/design/projeto/desenvolvimento; produção/realização; distribuição; utilização; reentrada no ciclo/eliminação.

B) Extração de matérias-primas; fabricação; uso; Distribuição e embalagem; reciclagem/reúso e disposição final.


C) Planejar; executar; verificar e atuar.

D) Planejamento de projeto e desenvolvimento; entradas de projeto e desenvolvimento; controles de projeto e desenvolvimento; saídas de projeto
e desenvolvimento; mudanças de projeto e desenvolvimento.

GABARITO

1. Assinale a alternativa que indica as fases clássicas da análise de ciclo de vida (ACV) que estão mais diretamente relacionadas aos
processos logísticos.

A alternativa "C " está correta.

As fases citadas nas outras opções não têm referência direta com os processos logísticos diferentemente de distribuição e transporte que são
fases clássicas de ACV baseadas nos processos logísticos.

2. Assumindo que o conceito de economia circular (EC) é mais abrangente e desafiador que o conceito de análise de ciclo de vida
(ACV), identifique a alternativa que apresenta os estágios da EC.

A alternativa "A " está correta.

As fases da EC são: concepção/design/projeto/desenvolvimento; produção/realização; distribuição; utilização; reentrada no ciclo/eliminação.

MÓDULO 2

 Reconhecer a importância do processo de logística reversa relacionada a bens e materiais sem condições de uso e resíduos

LOGÍSTICA REVERSA RELACIONADA A BENS E MATERIAIS SEM


CONDIÇÕES DE USO (RESÍDUOS)
Podemos assumir que o conceito de logística reversa está ligado às atividades de planejamento, implementação e controle do fluxo de materiais,
bens, serviços e informações relacionadas. Tudo isso de forma eficiente e eficaz, desde o ponto de consumo até o ponto de origem.

A INTENÇÃO É DE RECUPERAR O VALOR PERTINENTE À FASE PÓS-VENDA OU DESTINAR À


APROPRIADA DISPOSIÇÃO PERTINENTE À FASE PÓS-CONSUMO DOS PRODUTOS E
SERVIÇOS.
Sendo assim, espera-se que o planejamento da logística empresarial contemple o fluxo direto e o reverso de materiais, insumos, matérias-
primas, produtos semiacabados e produtos acabados. Dessa forma, evita-se uma confusão conceitual entre esses dois termos.

Em se tratando dos objetivos da logística reversa, estes também estão relacionados a compatibilizar o atendimento do nível de serviço/produto
almejado pelo cliente/consumidor, mantendo ainda assim o menor custo possível.
Fonte: Digital Saint/ShutterStock

Nos últimos anos, tem sido frequente a discussão sobre a logística reversa com base em três importantes aspectos:

A diminuição dos impactos A garantia de se traduzir em um diferencial O anseio de se obter a revaloração dos bens e
ambientais; competitivo; produtos.

A seguir, apresentamos as principais motivações para a consolidação e o crescimento do processo da logística reversa. Os elementos envolvidos
na estruturação da operação de logística reversa e os principais fatores críticos do processo são:

FATORES DETERMINANTES QUE LEVAM AS EMPRESAS A OPTAREM POR OPERAR


PELO PROCESSO DE LOGÍSTICA REVERSA:
Incremento e maior restrição oriundo da legislação ambiental e dos direitos do consumidor;

Potenciais benefícios econômicos e pressão por redução de custos;

Fortalecimento da conscientização ambiental dos consumidores;

Busca por diferenciação de serviços por razões competitivas;

Rearranjo dos canais de distribuição;

Proteção do percentual de lucratividade;

Recuperação de valor e de ativos.

ASPECTOS PERCEPTÍVEIS NA CONCEPÇÃO DO PROCESSO DE LOGÍSTICA


REVERSA:
Procedimentos operacionais de retorno, como: controle de recebimento, classificação e quantificação, codificação, consolidação e seleção
de retornos;

Transporte: modal e veículos, rota/roteiro ou trajeto, armazenamento/acondicionamento e custos;

Contratos: retorno para parceiros da cadeia, empresas terceirizadas para revalorização e fluxo de pagamento e ressarcimento;

Armazém/warehouse e recursos: áreas de estoque e reprocessamento, controle de custos de armazenagem, pessoal, equipamentos e
sistema de informação para retornos;

Revalorização: recuperação de valor, custos e receitas conhecidos, mercados definidos e ganho de imagem reputacional;

Fluxo de informação: hardware, software e integração entre as áreas.


FATORES CONSIDERADOS CRÍTICOS QUE TÊM O POTENCIAL DE INFLUENCIAR A
EFICIÊNCIA E EFICÁCIA DO PROCESSO DE LOGÍSTICA REVERSA:
Controles adequados de entrada;

Processos bem padronizados e mapeados;

Busca por tempo de ciclo reduzidos;

Sistema de informação aprimorado, e garantindo acuracidade;

Rede logística planejada e relações colaborativas e proativas entre fornecedores e clientes.

TIPOS DE LOGÍSTICA REVERSA


Vamos conversar sobre o processo e os tipos de logística reversa, incluindo as particularidades de fluxo reverso e direto, e sua importância para
as organizações

QUAIS SÃO OS DOIS TIPOS PRINCIPAIS LOGÍSTICA?

LOGÍSTICA REVERSA PÓS-VENDA LOGÍSTICA REVERSA PÓS-CONSUMO

Podemos falar deste tipo de logística quando as operações de retorno dos produtos ainda não foram consumidas, mas necessitam retornar
aos fornecedores por diversas razões, dentre as quais, citamos: comerciais (consignados, sistemas de comodatos, obsolescência, redução
do seu ciclo de vida), garantias estabelecidas pelos fabricantes (validade expirada e danificação durante o transporte), erro de expedição no
processamento de pedidos e defeito associado à funcionalidade do produto (conhecido como recall de componentes).
Quando as operações de retorno dos produtos já foram consumidas. Estão relacionadas aos produtos no fim de sua vida útil, embalagens
recicláveis e sucatas/scraps industriais, que retornam ao ciclo de vida dos negócios ou ao ciclo produtivo.

EVOLUÇÃO DO PROCESSO LOGÍSTICO — FLUXOS DIRETO E


REVERSO
A forma de desenvolver produtos passou por diversas alterações ao longo do tempo devido ao aumento da competitividade entre as
organizações e as novas exigências socioambientais. O design dos bens de consumo passou a considerar, também, a análise de seu ciclo de
vida, além de sua aplicabilidade e das expectativas dos consumidores.

Fonte: Chaosamran_Studio/Shutterstock

Em função disso, as organizações passaram a pensar nas fases de extração de matéria-prima, transporte, produção, distribuição, uso e descarte
dos produtos. Essas medidas tem o propósito de reduzir os impactos ambientais e alinhar suas estratégias de negócios de forma mais ampla.

ESSE NOVO OLHAR PASSA PELA REAVALIAÇÃO DE MATERIAIS E RESÍDUOS, DEFINIÇÃO DAS
TECNOLOGIAS, ACOMPANHAMENTO DE MÉTRICAS E MODELOS LOGÍSTICO (TRANSPORTE E
DISTRIBUIÇÃO), DE PRODUÇÃO E DE DESCARTE DE PRODUTOS.
Vale destacar que o retorno de produtos é uma atividade complexa, que exige técnicas particulares e capacitação profissional adequada e
continuada. Podemos resumir o fluxo reverso como sendo composto por etapas de:

Entrada do produto na cadeia reversa por meio de sua coleta;


Armazenagem/estocagem de consolidação ou conciliação, tendo ou não processamento para garantir as condições de transporte;



Seleção e encaminhamento dos produtos para reaproveitamento por meio processo industrial;


Remanufatura ou reciclagem dos materiais e redistribuição dos produtos ao mercado consumidor.

Esses passos fazem parte da logística reversa operacional, como características específicas para cada tipo de produto (peso, densidade,
geometria, tipo de embalagem etc.), tais como a localização de fontes e a origem deles, transporte e uso de sistemas de informação adequados a
cada caso, entre outros pontos.

Garantir a exequibilidade do retorno eficiente dos produtos exige um mercado para absorvê-los ou seus materiais reaproveitados.

Para tanto, faz-se necessário o investimento em instalações industriais de reaproveitamento. Essas devem ser providas de tecnologias
adequadas, garantindo remuneração de todos os elos que compõem esta cadeia reversa.

Fonte: RYosha/Shutterstock

Isso sem falar da implantação de uma rede logística reversa com instalações apropriadas em locais adequados nas diversas fases do retorno,
bem como as demais operações e, fundamentalmente, decisões logísticas de transporte e de informações.

A consideração do aspecto socioambiental no conceito de logística atenta para a sua evolução, trazendo a concepção de sustentabilidade para a
logística e nos apresenta outras formas, como a logística de baixo carbono, logística verde e logística sustentável.

A figura, a seguir, nos apresenta especificidades de logísticas sustentáveis.

Fonte: OLIVEIRA; D’AGOSTO.

 Figura 4: Ampliando o conceito de logístia sob o aspecto socioambiental

No cenário atual, impulsionado pelo aumento da consciência socioambiental e pela maior restrição das exigências legais, a logística reversa
passou a ser estratégica para as organizações.

 ATENÇÃO

Nesse aspecto, ela pode representar importantes ganhos de competitividade, uma vez que os problemas ambientais relacionados aos resíduos
são complexos, por serem, muitas vezes, provenientes de fontes dispersas e numerosas.

Ao passo que este tipo de logística se baseia no fluxo reverso de materiais e produtos, tanto no pós-venda como no pós-consumo. A logística
verde vai além, objetivando a identificação e redução dos impactos ambientais associados intrinsicamente às atividades de logística da
organização.

Podemos citar cinco situações que exemplificam a logística verde associada ao processo logístico da organização:
DIMINUIÇÃO DAS EXTERNALIDADES NA FASE DOS TRANSPORTES DE CARGAS:
Impactos no volume do tráfego e poluição atmosférica e sonora associadas.

LOGÍSTICA
URBANA:
Contempla também a avaliação dos benefícios econômicos, alocação de espaço viário e investimento em transportes.

LOGÍSTICA
REVERSA:
Reincorporação dos resíduos à cadeia produtiva e redução do volume de resíduos reservados à destinação e disposição final, que pode se dar
na forma de aterro sanitário/industrial, aproveitamento energético em fornos de cimentos e incineração.

ESTRATÉGIAS AMBIENTAIS ORGANIZACIONAIS ASSOCIADAS AO PROCESSO


LOGÍSTICO:
Incorporação da dimensão ambiental como elemento central do modelo de negócios da organização, mediante o estabelecimento de práticas e
programas ambientais.

GESTÃO VERDE DA CADEIA


DE SUPRIMENTOS:
Alinhamento e integração do componente da gestão ambiental associados ao da cadeia de suprimentos, como, por exemplo, por meio de
compras sustentáveis.

Na figura a seguir, apresentamos a comparação entre a logística reversa e a logística verde, contemplando suas interfaces associadas aos
processos de reciclagem, remanufatura e utilização de embalagens reutilizáveis.

Não é trivial a missão de compatibilizar as atividades-fim da logística reversa (retorno dos produtos, retornos comerciais e materiais secundários)
e da logística verde (redução de embalagens, redução de emissões atmosféricas e líquidas e impactos ambientais de operações logísticas).

Fonte: VALLE; SOUZA.


 Figura 5: Comparação entre logística verde e logística reversa

Dentre os objetivos da logística sustentável, podemos citar a minimização dos custos operacionais, reduzindo o consumo de recursos naturais,
especificamente de fontes de energia não renováveis e água; diminuição da emissão de gases de efeito estufa, de poluentes atmosféricos, de
ruído e de resíduos, ampliando o reúso e a reciclagem de materiais.
Fonte: D’AGOSTO; OLIVEIRA, 2018
 Figura 6: Cadeia de suprimento ampliada pela integração dos fluxos logísticos direto e reversos

Desta forma, podemos aumentar a abrangência da cadeia de suprimento, passando a considerar o fluxo logístico direto e convencional e os
fluxos logísticos reversos, como apresentado na figura acima.

A integração dos fluxos logísticos direto e reverso possibilita que os elementos da cadeia de suprimento do primeiro fluxo apliquem de forma mais
efetiva seu compromisso com os aspectos ambientais no sentido dos reversos.

Além disso, uma cadeia de suprimentos assim concebida permite o relacionamento com o cliente-final pelo aprimoramento da gestão do pós-
venda. E isso possibilita o acompanhamento do produto até o fim da sua vida útil, contemplando as fases do reúso e da reciclagem, quando
aplicável, e a destinação adequada do produto após perder a sua funcionalidade na fase de disposição final.

 Fonte: Rawpixel.com/ShutterStock
Durante as fases de operações de distribuição e coleta, é possível maximizar o uso das capacidades dos veículos por meio da integração dos
fluxos logísticos diretos e reversos ao se projetar as cadeias de suprimentos.

Caso a rede de distribuição física for adaptada para suprir o fabricante principal ou seus fornecedores, tudo que vimos será potencializado. Esse
reabastecimento se dá, quando necessário com matérias-primas oriundas da reciclagem e de produtos semiacabados remanufaturados.

 Fonte: CC7/ShutterStock

Em decorrência disso, obtém-se a redução dos custos de transporte e distribuição, além dos benefícios ambientais decorrentes da diminuição do
consumo de energia, da emissão de gases de efeito estufa e de demais poluentes atmosféricos.

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Sob o ponto de vista social e econômico, a integração dos fluxos logísticos diretos e reversos também incrementam atividades econômicas de
seleção, triagem, remanufatura e reciclagem por meio do ganho de escala, e por estarem escoradas no processo produtivo que sustenta o fluxo
logístico direto.

Os governos — nas esferas municipal, estadual e federal — possuem relevante papel no desenvolvimento de canais de distribuição reversos.
Isso ocorre porque a correção de situações de desequilíbrio entre os fluxos reversos e diretos costuma desonerar custos do governo e até da
sociedade como um todo.

Os custos ambientais decorrentes do impacto dos produtos no mundo têm como premissa a transferência da responsabilidade pelo pagamento
do ônus deste prejuízo da sociedade para os seus causadores.

ASSIM, PREVALECE O PRINCÍPIO DO DIREITO CONSAGRADO CHAMADO DE PRINCÍPIO DO


POLUIDOR-PAGADOR, SENDO O GOVERNO O AGENTE DESSAS MUDANÇAS.
Podemos entender ainda que uma nova distribuição de custos nas diversas etapas de um canal reverso possibilita condições de viabilidade
econômica. Ou seja: em etapas reversas de um material ou de um grupo de materiais de pós-consumo que impediam o correto equilíbrio entre os
fluxos logísticos direto e reverso.
O aumento da incidência do fluxo reverso, potencializado pelo surgimento de legislações ambientais, propiciou condições mais favoráveis para a
implementação da logística reversa.

Nesse momento, surge o conceito de reverse supply chain (cadeia de suprimento reversa), servindo para organizar os canais de distribuição
reversos. E, também, estabelecendo novas relações de interesse econômico e parcerias entre as empresas desses produtos.

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A intervenção governamental no livre mercado será sempre uma questão sensível, delicada e que dependerá de outros fatores externos que
excedem o processo logístico.

Entretanto, ela ainda se fará necessária, em alguns casos, pois é de conhecimento público e notório que há associações representativas de
fabricantes e de outros integrantes da cadeia industrial direta que não se apresentam e não tomam ações no sentido da busca de soluções para
os problemas desses desequilíbrios causadores de impactos ambientais.

 DICA

Pensemos nessa análise, comparando-a a uma abordagem mais estratégica do negócio. A partir do estabelecimento dos contextos interno e
externo, no qual a organização está inserida, podemos identificar os riscos (ameaças) e, ao mesmo tempo, as oportunidades as quais as
organizações estão expostas.

Isso seria essencial para a busca de boas práticas de gestão. Estas poderão ser evidenciadas quando as organizações se anteciparem às
legislações ambientais e até mesmo contribuírem. O que influenciaria, proativamente, para a sua regulamentação, preparando sua organização
interna e incluindo a logística reversa em suas reflexões estratégicas.

Fonte: Pressmaster/Shutterstock

Já a sistemática da revalorização dos bens de pós-consumo, provocada por influência legal e operacionalizada pela logística reversa, pode ser
compreendida como sendo o equacionamento das condições dos canais reversos.

Garantindo, dessa forma, o retorno ao ciclo produtivo ou de comercialização dos bens, produtos e materiais em seu final de ciclo de vida,
cumprindo as legislações vigentes.

 EXEMPLO
Uma organização manufatureira de materiais/produtos que impactem negativamente o ambiente será sempre alvo de legislações ambientais
restritivas, correto?

De alguma maneira, ela sofrerá restrições a suas operações. E, portanto, será obrigada a identificar, valorar e contabilizar novos custos de
rubrica ecológica aos seus produtos, em cumprimento a estes novos regulamentos legais.

Estes casos, como têm se mostrado em diversos países, evidenciam organizações que se antecipam a essas intervenções governamentais. E
praticam, já de saída, a responsabilidade empresarial com o meio ambiente.

Fonte: Freebird7977/Shutterstock

Estas organizações, frequentemente, se beneficiam com a adoção prévia de ações coordenadas em suas práticas e estratégias empresariais.
Elas alteram as características de seus produtos, ampliam o conceito para “projeto do produto”.

E, ainda, contemplam reciclagem e estabelecem parcerias para constituir suas redes logísticas reversas.

Podemos constatar ainda que a logística reversa impulsiona ganhos de competitividade para as organizações. Eles podem ser provenientes da
possibilidade de transformar produtos e serviços mais atrativos, e de resultar na fidelização de clientes ao longo de toda a cadeia logística.

Os ganhos com impacto econômico incidem sobre o custo, sobre a imagem corporativa, sobre a fidelização dos clientes às marcas.
Adicionalmente, e sob a perspectiva econômica, a logística reversa potencializa a geração de valor pela melhoria da gestão dos estoques.

Além de reforçar o valor do produto no seu ciclo de vida, pelo aprimoramento do processo de prestação de serviços aos clientes, por
racionalização de espaços e estoques.

 SAIBA MAIS

Ainda podemos destacar vantagens advindas da logística reversa sob as perspectivas do macroambiente, veja:

Geração de emprego e renda;

Educação ambiental;

Uso responsável de recursos naturais em função da maximização do aproveitamento de insumos em diversas cadeias de suprimentos;

Expansão e legalização/formalização de pequenas organizações e consequentes ganhos tributários de formação de mão de obra.

Sob a perspectiva financeira, é possível perceber que relutâncias para a implementação do processo da logística reversa podem ter sua origem
em pressões dos investidores.

Há uma grande preocupação dos envolvidos, pois os investimentos que são necessários para operacionalizar as estratégias de logística reversa
podem afetar os resultados organizacionais de curto prazo.

Concluindo, é possível percebermos as interfaces e os benefícios alcançados pelo processo da logística reversa sob as perspectivas ambiental,
social e financeira. E isso consolida o tripé consagrado da sustentabilidade.
VERIFICANDO O APRENDIZADO

1. DURANTE ESTE MÓDULO, DESTACAMOS A IMPORTÂNCIA DO PROCESSO DA LOGÍSTICA REVERSA


ASSOCIADO AO MOMENTO ATUAL, NO QUAL OS CONCEITOS DE SUSTENTABILIDADE E COMPETITIVIDADE
ESTÃO BEM PRESENTES. QUAL DAS ALTERNATIVAS SEGUINTES APRESENTA UMA JUSTIFICATIVA
ADEQUADA PARA ESSA ASSOCIAÇÃO?

A) Os governos, nas esferas municipal, estadual e federal, possuem relevante papel no desenvolvimento de canais de distribuição reversos, já
que a correção de situações de desequilíbrio entre os fluxos reversos e diretos costuma desonerar custos do governo e até da sociedade como
um todo.

B) Em função disso, as organizações passaram a pensar nas fases de extração de matéria-prima, transporte, produção, distribuição, uso e
descarte dos produtos com o propósito de reduzir os impactos ambientais e alinhar suas estratégias de negócios de forma mais ampla. Esse
novo olhar passa por reavaliar materiais e resíduos, definir tecnologias, acompanhar métricas e modelos logístico (transporte e distribuição) de
produção e de descarte de produtos.

C) No cenário atual, impulsionado pelo aumento da consciência socioambiental e pela maior restrição das exigências legais, a logística reversa
passou a ser estratégica para as organizações. Nesse aspecto, ela pode representar importantes ganhos de competitividade, uma vez que os
problemas ambientais relacionados aos resíduos são complexos, por muitas vezes serem provenientes de fontes dispersas e numerosas.

D) Dentre os objetivos da logística sustentável, podemos citar a minimização dos custos operacionais, reduzindo o consumo de recursos
naturais. Neste caso, especificamente de fontes de energia não renováveis e água, a emissão de gases de efeito estufa, de poluentes
atmosféricos, de ruído e de resíduos, ampliando o reúso e a reciclagem de materiais.

2. ASSINALE, DENTRE AS ALTERNATIVAS ABAIXO, QUAL APRESENTA SITUAÇÕES QUE EXEMPLIFICAM A


LOGÍSTICA VERDE ASSOCIADA AO PROCESSO LOGÍSTICO DA ORGANIZAÇÃO.

A) MRP; MRP II; QFD — Desdobramento da função qualidade; seis sigma; lean manufaturing.

B) Diminuição das externalidades na fase dos transportes de cargas; logística urbana; logística reversa; estratégias ambientais organizacionais
associadas ao processo logístico; gestão verde da cadeia de suprimentos.

C) Suply chain reversa; contexto interno e externo; necessidades e expectativas de partes interessadas; riscos e oportunidades.

D) Extração de matérias-primas; fabricação; uso; distribuição e embalagem; Reciclagem /reúso e disposição final.

GABARITO

1. Durante este módulo, destacamos a importância do processo da logística reversa associado ao momento atual, no qual os conceitos
de sustentabilidade e competitividade estão bem presentes. Qual das alternativas seguintes apresenta uma justificativa adequada para
essa associação?

A alternativa "C " está correta.

As outras alternativas descrevem situações limitadas relacionadas ao processo de logística reversa, sem mencionar aspectos de competitividade
e sustentabilidade de forma combinada, explícita e completa tornando-as incorretas.

2. Assinale, dentre as alternativas abaixo, qual apresenta situações que exemplificam a logística verde associada ao processo logístico
da organização.

A alternativa "B " está correta.


A logística verde, como vimos, vai além. Ela objetiva a identificação e redução dos impactos ambientais associados intrinsicamente às atividades
da organização. E, dentre suas peculiaridades, está a diminuição das externalidades na fase dos transportes de cargas, logística urbana,
logística reversa, estratégias ambientais organizacionais associadas ao processo logístico, e gestão verde da cadeia de suprimentos.

CONCLUSÃO

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste tema, observamos as interfaces entre temas, como análise de ciclo de vida e economia circular, considerando as suas fases e os seus
estágios respectivamente. Além disso, vimos, também de que forma isso é relevante para realizarmos uma análise mais abrangente do processo
de logística, considerando a logística reversa.

Relacionamos, ainda, as normas técnicas (ISO 14040:2014, por exemplo) e legislações pertinentes, como a Política Nacional de Resíduos
Sólidos (Lei Federal N.º 12.305, de 2010) e o quanto elas foram importantes para fazer valer o processo de logística reversa.

Discorremos sobre os fluxos diretos e reversos e suas particularidades, questões referentes à logística reversa pós-consumo e pós-venda.

Por fim, foi possível constatar o quanto todos esses processos e essas ferramentas suportadas em conceitos de sustentabilidade podem
contribuir para a competitividade requerida no mundo corporativo atual.

AVALIAÇÃO DO TEMA:

REFERÊNCIAS
ALIGLERI, L.; ALIGLERI. L. A.; KRUGLIANSKAS, I. Gestão industrial e produção sustentável. São Paulo: Saraiva, 2016.

ANDRADE, Rui O. B.; TAKESHY T. Gestão socioambiental: estratégias na nova era da sustentabilidade. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.

BRASIL. Lei Nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de
1998; e dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 3 de agosto de 2010

CAPAZ, R. S.; NOGUEIRA, L. A. H. Ciências ambientais para engenharia. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014.

D’AGOSTO, M. A.; OLIVEIRA, C. M. Logística sustentável: vencendo o desafio contemporâneo da cadeia de suprimentos. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2018.

LEITE, P. R. Logística reversa. São Paulo: Saraiva, 2017.

OLIVEIRA, J. A. P. Empresas na sociedade: sustentabilidade e responsabilidade social. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.

VALLE, R.; SOUZA, R. G. (Orgs.). Logística reversa: processo a processo. São Paulo: Atlas, 2014.

XAVIER, L. H.; CARVALHO, T. C. Gestão de resíduos eletroeletrônicos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014.
EXPLORE+

Para saber mais sobre a Avaliação de Ciclo de Vida, acesse o site ACV.

Para saber mais sobre EC (Economia Circular), acesse o site da ELLEN MACARTHUR FOUNDATION e pesquise sobre o tópico.

Para saber mais sobre Legislações Ambientais, acesse o site do Ministério do Meio Ambiente.

Para saber mais sobre Normalização e Normas Técnicas, acesse os sites ISO e ABNT.

Para saber mais sobre Logística Reversa e Evolução do Processo Logístico (fluxos direto e reverso), acesse os sites ILOS, Ministério do
Meio Ambiente e CETESB.

CONTEUDISTA
Vanilson Fragoso Silva

 CURRÍCULO LATTES

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