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Utilização de canais de distribuição reversos para o processo da logística reversa de bens e materiais por meio dos canais pós-venda e pós-
consumo.
PROPÓSITO
Apresentar o processo de distribuição reverso e suas particularidades com base na logística reversa de bens e sua atuação por meio dos canais
de pós-venda e pós-consumo no atual contexto econômico, tecnológico, ambiental, legal e de competitividade no ambiente das organizações.
PREPARAÇÃO
Antes de iniciar o conteúdo deste tema, tenha em mãos um dicionário de logística online para entender termos específicos da área. Você pode
acessá-lo na seção de logística no site do Grupo Imam.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Descrever conceitos, instrumentos, mecanismos da logística reversa, aplicabilidade, tipos de revalorização, processos de recuperação e
destinação dos produtos
MÓDULO 2
Reconhecer a cadeia de suprimentos de ciclo fechado, suas fases, principais aspectos, canais de distribuição reversos de pós-consumo e pós-
venda
INTRODUÇÃO
Neste tema, estudaremos em que circunstâncias se apresenta a Logística Reversa (LR) relacionada a bens, materiais e produtos.
Apresentaremos as principais definições e conceitos que servirão de base para toda a nossa discussão e entendimento dos tópicos. Vamos
aprender sobre os canais de distribuição reversos. A partir da consolidação e do crescimento dos mercados globais, o aumento da
competitividade e as influências de tecnologia, inovações e níveis de obsolescência, somente para citar alguns fatores, estão causando
significativos impactos nas rotinas operacionais e até no direcionamento estratégico das organizações.
Originalmente, a entrega tradicional de produtos aos clientes e consumidores finais ocorre por meio dos CDD (Canais de Distribuição Diretos).
Porém, sob determinadas circunstâncias, esses produtos precisam retornar a sua origem. Nesse contexto, a logística reversa é a base onde se
apoiam os Canais de Distribuição Reversos (CDR). Detalharemos ainda as particularidades relacionadas aos canais de pós-venda e pós-
consumo no atual contexto econômico, tecnológico, ambiental, legal e de competitividade em que vivemos. Será importante identificar em que
ponto um produto deixa de ser um item útil a sua funcionalidade e passa a ser classificado como um resíduo que também necessita de processo
logístico reverso, o que pode ser feito de forma economicamente viável e ambientalmente responsável.
MÓDULO 1
Descrever conceitos, instrumentos, mecanismos da logística reversa, aplicabilidade, tipos de revalorização, processos de
recuperação e destinação dos produtos
LOGÍSTICA REVERSA
CONCEITOS
Partiremos inicialmente do conceito da logística tradicional, que é definida como sendo a arte de administrar o fluxo de materiais, serviços e
informações desde a fábrica inicial até o cliente final, no menor tempo e com o custo mais baixo.
Agora, passaremos a avaliar esse cenário com o nosso olhar voltado para o fluxo reverso.
Novaes, 2007.
Sob o olhar ambiental, a P.N.R.S. legitimada pela Lei Federal N.º 12.305, de 2 de agosto de 2010, define logística reversa como:
BRASIL, 2010.
Entendendo que o desenvolvimento econômico e social, citado na definição da P.N.R.S., por meio da logística reversa, pode ser estimulado a
partir de qualquer tipo de resíduo, partes de produtos e produtos inteiros.
A etapa da coleta tem papel preponderante nesse sentido, pois é a partir dela que se inicia o processo de logística reversa.
Dessa forma, os pontos destinados a coleta e/ou as formas de coleta devem ser planejados pela organização responsável para facilitar o
descarte por parte do consumidor final. Se esse elo da coleta não for bem definido, o processo não se inicia de forma satisfatória.
Essa informação sobre a relevância da etapa de coleta pode ser confirmada quando tratamos da reciclagem de latas de alumínio muito usadas
para cerveja e refrigerante, que é, sem dúvida, um dos exemplos mais exitosos de logística reversa.
Um estudo de 2018 realizado pela Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alumínio (ABRALATAS), com dados de 1991 a 2016, nos
mostra que existiam 29 Centros de Coleta e cinco Plantas de Reciclagem no Brasil (II Seminário ABAMPA, 2019).
ORIGEM
1970-1980
1990
1970-1980
Surgiram os primeiros registros na literatura e estudos relacionados ao termo Logística Reversa (LR). Nessa época, o seu principal foco era o
do retorno de produtos e bens para serem processados em reciclagem dos materiais.
1990
Já na década de 1990, surgiram novas abordagens impulsionadas pelo aumento da preocupação com questões de preservação ambiental.
Clientes intermediários da cadeia de suprimentos e consumidores demandam, cada vez com mais frequência, por um nível de serviço mais
elevado das organizações, fazendo com que estas passem a investir em logística reversa como forma de se diferenciar perante os concorrentes
e de incrementar a fidelização de seus clientes.
A figura 1, a seguir, mostra os fluxos da logística direta, também chamada de tradicional, e da logística reversa:
Fonte: Adaptado de Ilos, 2011
Ao compararmos logística direta e reversa, podemos associar ao conceito de entropia, como a medida da desordem ou o grau de “espalhamento”
entre os dois sistemas.
COMENTÁRIO
No sentido da logística direta na fase de extração das matérias-primas, os elementos materiais encontram-se agrupados e, à medida que são
transformados em produtos, vendidos e consumidos, começam a se dissipar e se espalhar geograficamente.
Em complemento, podemos dizer que no sentido direto da logística os processos atuam como sistemas abertos, pois estão integrados à logística
interna da organização e com o ambiente externo por meio da sua cadeia de suprimentos. Dessa forma, o sistema evolui de uma entropia menor
para uma maior. Já o fluxo reverso da logística também é um sistema aberto, mas, nesse caso, é necessário reduzir a entropia por meio do
reordenamento e concentração do que havia sido dissipado ou “espalhado” pelo processo anterior, ou seja, entropia negativa.
Mapeamento e padronização dos processos de logística reversa garantindo que ele não seja considerado como um processo contingencial;
Implementação e manutenção de controles adequados de entrada, minimizando retrabalho ao longo do fluxo reverso;
Fonte: Piter Kidanchuk /Shutterstock
Fonte: KASUE/Shutterstock
Diminuição do tempo do ciclo reverso (esse tempo é medido desde a identificação da necessidade de reciclagem, descarte ou do retorno de
produtos e seu efetivo processamento ou beneficiamento);
Utilização de tecnologia garantindo sistemas de informação precisos que permitam o rastre-amento de retornos, medição e monitoramento dos
tempos de ciclo;
Oportunidades
Riscos
Riscos ambientais;
Gerenciar e controlar os riscos de forma adequada, incrementando as oportunidades, faz com que as organizações melhorem o desempenho e
se diferenciem de sua concorrência, além de outros benefícios.
A associação da logística reversa ao desempenho das organizações pode ocorrer de algumas formas. Segundo Rogers e Tibben-Lembke (1999),
podem ser atribuídos direcionadores es-tratégicos que justificam a implementação de programas de logística reversa contemplando fatores
econômicos, legislações, cidadania corporativa e aspectos ambientais. Leite (2006), por sua vez, identifica cinco direcionadores e, a partir destes,
estabelece cinco programas de logística reversa que podem ser adotados pelas empresas. São eles: Programas Econômicos (PE); de Imagem
(PI); Cidadania (PC); Serviço ao Cliente (PS); e Legais (PL).
Detalhando indicadores que poderiam sair dessa metodologia já customizados para o contex-to da logística reversa, temos:
PROGRAMAS ECONÔMICOS
Custos decorrentes de devoluções; valor gasto em ações sociais e ambientais; valor gasto por treinamento de funcionários; custos na operação
do canal reverso (coleta, seleção, transpor-te, armazenagem); custos no desenvolvimento de novas tecnologias.
PROGRAMAS DE IMAGEM
Valor gasto com propaganda como empresa responsável quanto aos seus produtos e proces-sos; custos no desenvolvimento de novas
tecnologias para aproveitar os materiais reciclados; valor gasto no transporte e destinação de resíduos.
PROGRAMAS DE CIDADANIA
Valor gasto em projetos sociais; valor gasto em projetos educacionais; criação de emprego para operar canal reverso.
PROGRAMAS LEGAIS
Responsabilização das empresas pela destinação correta de seus produtos no fim da vida útil; estabelecimento de níveis mínimos de
recuperação a serem cumpridos pelas empresas.
Esses são apenas alguns exemplos de programas e indicadores. As organizações podem escolher outros da maneira que melhor se adaptem a
suas realidades. A ideia principal é a de realizar o agrupamento desses indicadores genéricos para permitir a utilização de medidas de
desempenho diferentes. Os indicadores propostos permitem combinar medidas financeiras e não financeiras, mostrando a importância de gerir a
sustentabilidade em qualquer parte do negócio.
Um modelo de gestão bastante consagrado para gerenciar indicadores de desempenho é o Balanced Scorecard (BSC), uma ferramenta útil e
eficaz para determinar os indicadores de desempenho da logística reversa. Como o BSC está pautado em perspectivas, é interessante associar
as medidas de desempenho às perspectivas financeira, de clientes, de processos internos, do aprendizado e do crescimento. Vale ressaltar que,
dentre as vantagens do BSC, destaca-se a flexibilidade que essa ferramenta possui para selecionar os atributos que devem ser gerenciados, o
que a torna capaz de enxergar e gerir o processo na abrangência requerida pela sustentabilidade empresarial, especialmente quando falamos
sobre logística reversa.
Metodologia de medição e gestão de desempenho desenvolvida em 1992 pelos professores Robert Kaplan e David Norton, da Harvard
Business School. O BSC decompõe a estratégia de maneira lógica, baseando-se em relações de causa e efeito, vetores de desempenho e
relação com fatores financeiros. É decomposto em objetivos, indicadores, metas e iniciativas, nas quatro dimensões de negócio: Financeira;
Clientes; Processos internos; Aprendizado e crescimento.
Fonte: Wikipedia.
Em se tratando de tecnologia, algumas empresas têm utilizado a Pesquisa Operacional aplicada à logística reversa por meio de
desenvolvimento de modelos matemáticos para aperfeiçoamento das atividades logísticas, envolvendo transporte, localização, minimização de
custos e redução de impactos ambientais, visando a maximização dos lucros.
Dessa forma, é possível monitorar o desempenho de forma ampla, trazendo resultados positivos para a organização, principalmente quando
somados aos resultados obtidos pela PO (Pesquisa Operacional).
PESQUISA OPERACIONAL
A investigação operacional (IO), ou pesquisa operacional (PO), é um ramo interdisciplinar da matemática aplicada que faz uso de
modelos matemáticos, estatísticos e de algoritmos na ajuda à tomada de decisão. É usada, sobretudo, para analisar sistemas complexos
do mundo real, tipicamente com o objetivo de melhorar ou otimizar a performance.
Fonte: Wikipedia
Uma das justificativas para a adoção e implementação da logística reversa baseia-se na observação de que a manufatura de bens, materiais e
mercadorias e prestação de serviços do sistema produtivo, voltada para atender às demandas da sociedade, está sendo limitada pelo sistema
natural, onde há o convívio compartilhado entre o sistema produtivo e a sociedade. Nessa linha, e amparado pelo conceito de sustentabilidade, o
sistema natural é considerado amplo e envolvente, e ao considerarmos predominantemente as questões econômicas no conceito de
desenvolvimento, teremos impactos ambientais e sociais com capacidade de levar ao colapso os próprios sistemas econômicos.
SAIBA MAIS
Para reforçar, são esperados bilhões de novos consumidores com acesso a produtos no mundo. Segundo estimativas da ONU, a população
mundial vai crescer dos atuais 6,7 bilhões para 9,2 bilhões no ano de 2050. Em complemento, tem se observado a significativa entrada de
milhões de habitantes atuais no mundo do consumo, com previsão de aumento expressivo nos próximos anos.
Por meio da devolução dos produtos de forma total ou fracionada, e de seus reaproveitamentos, alcançamos a revalorização econômica da
logística na medida em que os produtos completos ou particionados passam a ter novamente valor financeiro. Aquele produto, ou parte dele, que
geraria gasto para as empresas em seu descarte, pode gerar receita contribuindo com a redução final do preço ao consumidor. Em se tratando
de bens, a lógica é a mesma, só que, neste caso, chamamos de recuperação dos ativos da empresa. A logística reversa contribui por meio da
comercialização de bens novos ou seminovos, gerando mais receita para a empresa.
Fonte: tonastenka/Shutterstock
Uma roupa que não serviu e nem foi usada, estando no prazo legal de devolução.
Fonte: bibiphoto/Shutterstock
Automóveis e as motos usadas e seminovas podem ser vendidos no mercado chamado de secundário.
Fonte: /Shutterstock
Outros produtos, chamados de salvados por possuírem pequenos defeitos ou imperfeições, podem ser comercializados com menores preços ao
consumidor.
Fonte: O Autor.
RECONDICIONAMENTO
Consiste em substituir peças de produtos reformados para serem utilizados e com preços inferiores aos da peça original. Produtos
recondicionados com certificado de garantia de qualidade darão mais confiabilidade aos consumidores.
RENOVAÇÃO DE PRODUTOS
Se dá pela reutilização deles após passar por um ou mais processos para deixá-los em condições de uso.
REMANUFATURA
Também chamada de remanufatura industrial, é o canal reverso no qual partes essenciais (core) dos produtos podem ser reaproveitadas,
mediante a substituição de componentes, reconstituindo-se um produto para o mesmo uso do original. Os componentes para os quais não
existem condições de revalorização são encaminhados para a reciclagem industrial ou enviados para outros tipos de destinações.
RECICLAGEM
Nesse contexto, é entendida como sendo o canal reverso de revalorização em que os materiais que compõem os produtos que foram
descartados são transformados por meio de processos industriais em matérias-primas secundárias ou recicladas, que serão posteriormente
reincorporadas à fabricação de novos produtos.
Por fim, se nada disso puder ser feito, o produto fora de condição de uso poderá ser classificado como resíduo e receber destinação ambiental,
preferencialmente mais nobre, ou que atenda minimamente às legislações ambientais pertinentes, como incineração ou disposição em aterro
industrial licenciado e controlado, ou aterro sanitário, por exemplo.
Neste vídeo, você entenderá melhor sobre os principais conceitos, instrumentos e características que compõem o processo da logística reversa.
O IPG, responsável por fabricar as impressoras, scanners e câmeras, tinha, em 1998, uma taxa de retorno (devoluções) de produtos de 6,6% em
valor e 5,7% em unidades, seis vezes maior que os retornos do grupo em outras regiões do mundo. Isso representou aproximadamente 50 mil
unidades/mês retornando para a empresa a partir de pontos de varejo distribuídos pelo país. Os retornos variavam conforme o canal de
distribuição (chegavam a 10% em canais mais tolerantes em relação a devoluções, como os grandes varejistas norte-americanos).
O superestoque de varejistas
As expectativas do usuário final não atendidas
Os defeitos
O superestoque se refere a produtos despachados pela HP para os varejistas, e estes, depois de algum tempo, consideram pequena a
probabilidade de vendê-los no futuro e os devolvem. A HP, então, creditava o valor correspondente ao varejista descontando uma taxa referente
aos custos da devolução.
COMENTÁRIO
Um estudo feito pela empresa sinalizou que, para evitar a taxa da devolução, alguns varejistas abriam a embalagem e retornavam o produto
alegando que haviam sido vendidos e devolvidos pelo usuário final (neste caso, a HP não cobrava pelo processamento). À medida que os ciclos
de vida das impressoras se tornavam menores (um fato no setor), surgiam demandas adicionais sobre os processos de devolução. Assim sendo,
ao final do ciclo de vida dos produtos, a HP apresentava probabilidade decrescente de recuperar uma parcela de valor considerável com os
retornos.
Além disso, devido à necessidade de a empresa garantir volumes mínimos para transporte eficiente dos produtos dos pontos de venda para seus
centros de reprocessamento, os lead times de retorno eram longos. Partindo do cálculo dos custos envolvidos com os processos de devolução,
a HP alterou a forma com que tratava as devoluções e retornos. Deixaria, daí em diante, de enxergar os processos de retorno como uma
atividade cujo objetivo único era a minimização dos custos, e encarar os retornos como um negócio em si, em que o objetivo é duplo: minimizar
custos e maximizar o valor recuperado dos produtos no ciclo fechado.
LEAD TIME
Lead time ou tempo de aprovisionamento ou ainda ciclo, em português europeu, é o período entre o início de uma atividade, produtiva ou
não, e o seu término. A definição mais convencional para lead time em Supply Chain Management (SCM) é o tempo entre o momento do
pedido do cliente até a chegada do produto a ele. Em resultado da definição mais genérica, lead time é, muitas vezes, confundido ou tem
até o mesmo significado que ciclo (Lambert et al., 1998, p. 116), tack time e deadline, entre outros.
O PROCESSO ATUAL
Todos os retornos eram enviados a um Depósito Central de Devoluções (DCD) localizado na Califórnia, onde era feita uma inspeção visual nos
produtos. O departamento financeiro era comunicado quanto ao crédito a ser feito ao varejista e, então, os produtos triados eram redirecionados
para três destinos possíveis:
Para a unidade de outro fornecedor terceirizado de serviços encarregado de fazer reciclagem (essa unidade e a unidade de T&R eram
localizadas junto ao DCD);
Havia três categorias de produtos na triagem: produtos obsoletos quando recebidos, produtos retornados na caixa fechada e produtos retornados
com caixa aberta. Os obsoletos eram enviados para reciclagem; as caixas abertas para T&R; e as caixas fechadas para redespacho.
As atividades executadas pela unidade de T&R eram: separação, teste, reparo (para problemas leves), remanufatura (para problemas mais
sérios) ou canibalização (com peças sendo removidas e enviadas para o depósito de peças sobressalentes).
Os materiais não recuperáveis eram enviados para reciclagem ou descarte. Os lead times envolvidos, desde a devolução de um produto pelo
usuário, até o produto recuperado estar novamente à venda no varejista, podiam variar de dois a quatro meses. Os percentuais envolvidos nas
devoluções eram: 15% caixas fechadas, 15% danos “cosméticos”, 30% reparos simples, 20% reparos complexos, 5% canibalização e 15%
reciclagem.
Baseado no caso “Commercial returns of printers: the HP case”, publicado em Flapper et al., 2005.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
GABARITO
1. Estudamos sobre algumas formas de conceituar a Logística Reversa nesse módulo. Assinale a alternativa que indica os principais
temas que estruturam o conceito e são recorrentes nas definições apresentadas e que suportam esse conceito de LR?
A alternativa correta é a letra A. As demais alternativas, embora apresentem temas que possuem ligação com logística reversa, não encadeiam
os elementos estruturantes da sua definição.
2. Dentre as justificativas para a implementação da Logística Reversa, uma das mais relevantes é a revalorização logística propiciada
pela rede reversa dos equipamentos usados até as consolidações nos CDRE (Centros de Distribuição Reversos Especializados) por
contemplar as diversas dimensões que sustentam a LR. Identifique a alternativa que apresente esses principais tipos de revalorização.
A única alternativa que apresenta os tipos de revalorizações corretos é a letra D. As demais alternativas apresentam outros tipos de benefícios
que não são necessariamente considerados revalorizações e que não são diretamente propiciados pela rede reversa dos equipamentos usados
até as consolidações nos CDRE.
MÓDULO 2
Reconhecer a cadeia de suprimentos de ciclo fechado, suas fases, principais aspectos, canais de distribuição reversos de pós-
consumo e pós-venda
São compostas de fluxos diretos e reversos, formando “ciclos” que fazem materiais (usados ou não) retornarem a pontos anteriores da cadeia
para serem reutilizados ou reprocessados para permitir nova utilização.
Existem diversos tipos de cadeias de suprimentos de ciclo fechado, subdivididas entre as fases que compõem a cadeia de suprimentos.
PRODUÇÃO (MANUFATURA)
DISTRIBUIÇÃO (INCLUINDO TRANSPORTE)
USO E FIM DE VIDA (QUANDO ELE SE TORNA INSERVÍVEL) DO PRODUTO
As organizações, ao estabelecerem as suas cadeias globais de suprimentos, devem decidir quais dessas fases terão seus “ciclos fechados”.
Em relação à fase de produção (que inclui a fabricação de componentes, semiacabados e produtos acabados) podem ser identificados três
grupos principais de cadeias de ciclo fechado:
Os contêineres para granéis intermediários (também conhecidos como IBC tote , IBC tank , IBC ou pallet tank ) são contêineres de grau
industrial reutilizáveis e multiuso projetados para o manuseio de massa, transporte e armazenamento de líquidos, semissólidos, pastas ou
sólidos. As duas categorias principais de tanques IBC são IBCs flexíveis e IBCs rígidos.
Devoluções ou retornos comerciais são produtos vendidos com uma opção de devolução ao cliente. Diversos países têm políticas distintas para
realizar essas trocas.
POLÍTICAS
Alguns países, como o Brasil, têm legislações específicas como o CDC (Código de Defesa do Consumidor) instituído pela Lei Federal Nº
8.078, de 11/09/1990.
Com o incremento das vendas a varejo pela Internet, as devoluções aumentaram muito em todas as regiões do mundo, o que torna esse
processo mais relevante.
Fonte: fizkes/Shutterstock
Entregas erradas, com clientes devolvendo produtos porque foram entregues antes do prazo, depois do prazo, com defeito, avaria ou fora das
especificações do pedido.
Recalls (Recolhimento de produtos), com produtos devolvidos quando são identificados defeitos reais ou potenciais pelo próprio fabricante, e os
clientes são avisados sobre a necessidade da devolução dos produtos defeituosos para reposição ou reparo. Temos, como exemplo, brinquedos
com defeitos (que coloquem as crianças em risco), pneus, peças de carros, medicamentos, entre outros. Alguns tipos de produtos, como
medicamentos, possuem legislações específicas que definem as formas de realizar o recall (recolhimento).
Fonte: Ostariyanov/Shutterstock
Contêineres e bombonas para acondicionamento de produtos, cartuchos de tinta para impressora, garrafas retornáveis de bebidas, são exemplos
de itens usados para facilitar a distribuição adequada dos produtos.
Produtos em final de leasing (Locação financeira ou arrendamento mercantil), que são então devolvidos aos fabricantes. Temos, como
exemplo, copiadoras, máquinas operatrizes, automóveis, móveis, computadores e aeronaves, entre outros.
Locação financeira ou arrendamento mercantil, também conhecido pelo termo em inglês leasing, é um contrato através do qual a
arrendadora ou locadora (a empresa que se dedica à exploração de leasing) adquire um bem escolhido por seu cliente (o arrendatário, ou
locatário) para, em seguida, alugá-lo a este último, por um prazo determinado. Ao término do contrato o arrendatário pode optar por renová-
lo por mais um período, por devolver o bem arrendado à arrendadora (que pode exigir do arrendatário, no contrato, a garantia de um valor
residual) ou dela adquirir o bem, pelo valor de mercado ou por um valor residual previamente definido no contrato.
Nesse tipo, os produtos ou materiais deverão retornar aos seus proprietários ao final do seu ciclo, como por exemplo, os itens que passam por
recall ou que ainda estão sob garantia contratual, que são devolvidos, reparados e enviados de volta ao usuário.
Fonte: worradirek/Shutterstock
Fonte: Cautivante.co/Shutterstock
Produtos em final de sua vida útil que são devolvidos ao produtor ou distribuidor para que sejam reprocessados e reutilizados (como no caso de
máquinas copiadoras), ou ter seus componentes e materiais reutilizados em outros produtos (computadores, notebooks, tablets, telefones
celulares, câmeras fotográficas, filmadoras, pilhas, baterias, pneus e outros).
As embalagens em final de sua vida útil que são devolvidas para reutilização, reciclagem para uso como embalagem ou para outros produtos.
Atualmente, as garrafas PET, tradicionalmente usadas para acondicionar líquidos, são recicladas para outros processos, gerando novos produtos
como jeans, camisetas, por exemplo, além da habitual transformação em novas garrafas.
ASPECTOS TÉCNICOS
Sob que critérios técnicos podemos aceitar a devolução de um produto?
Como definir, de forma objetiva e técnica, as condições “sem uso” ou “em condições adequadas”?
Como decidir o que fazer com o produto a partir do momento de seu recebimento? Possivelmente, a loja que recebe a devolução pode
colocar o produto diretamente na gôndola de novo, ou apenas limpá-lo e reembalá-lo, ou pode ser necessário algum trabalho de reparo e
revisão.
Quando o produto tiver que ser reparado, como deverão ser identificadas as condições de uso segundo as quais o produto foi utilizado?
Caso existam restrições legais e técnicas para efetuar o reparo, como por exemplo, lidar com produtos químicos perigosos ou recolhimento
de CFC para regeneração e reciclagem?
A cadeia de suprimentos reversa terá sua configuração mais centralizada ou mais descentralizada?
Gerenciar, de forma adequada, tais aspectos técnicos do fechamento dos ciclos, é fundamental para garantir uma operação eficaz.
Antes de mais nada, todo produto devolvido perde valor. Idealmente, esperava-se que o lucro de uma organização fosse obtido por meio da
venda do produto em fluxo direto subtraído dos custos decorrentes da operação, sem considerar qualquer custo decorrente de devolução.
Quando temos devoluções, surgem os custos referentes aos fluxos reversos e, em determinadas situações, os produtos devolvidos serão
novamente vendidos por valores inferiores aos originais.
EXEMPLO
Avarias, defeitos ou danos no produto causados nos processos produtivos ou nos processos de distribuição por falta de padronização;
Desencontro entre as especificações técnicas e desempenho do produto estabelecidas frente às necessidades e expectativas do cliente;
Ausência ou falha nas orientações de como instalar, usar ou aplicar os produtos, causando danos e avarias no mesmo ao tentar fazê-lo.
Processos adequados de gestão, padronização e comunicação podem evitar, mitigar ou, ao menos, minimizar várias dessas causas listadas. Isso
pode ser alcançado mediante alinhamento das expectativas junto ao cliente, utilização de embalagens mais bem desenhadas, e programas de
incentivo e motivação.
Uma situação delicada, que merece atenção por parte das empresas, trata da premiação do cliente pela venda sem que tenha a contrapartida da
penalização do mesmo vendedor se o produto for posteriormente devolvido por falha evitável.
Ocasionadas ou não por causas evitáveis, é fato que uma vez que as devoluções ocorrem, elas trazem transtornos comerciais, financeiros e
reputacionais, e as cadeias de suprimentos têm de saber gerenciar essas questões.
São dois os fatores que potencializam e incrementam (ou reduzem) a perda de valor no tempo de um produto devolvido:
A taxa pela qual o produto retornado perde valor por questões de obsolescência.
COMENTÁRIO
Em tese, um produto começa a perder seu valor logo após o seu lançamento em função de sua obsolescência e pela concorrência provocada
pelos novos produtos mais avançados tecnologicamente que chegam ao mercado.
Antes de falarmos sobre os canais de distribuição diretos e reversos, vamos tratar um pouco do tema Economia Circular, já que ele,
relativamente recente, nos traz conceitos importantes que são absorvidos para a implementação dos canais de distribuição reversos.
EC - ECONOMIA CIRCULAR
A origem da economia circular data do fim do século XX quando alguns estudiosos e pensadores conceberam modelos de negócio mais
sustentáveis baseados nos princípios da eliminação de resíduos e da poluição como um todo, na manutenção de produtos e materiais em seus
ciclos de uso e, a regeneração de sistemas naturais.
Fonte: Elnur/Shutterstock
A motivação da economia circular visa combater o modelo de consumo excessivo baseado no propósito de maior desenvolvimento econômico e
suas riquezas compartilhadas entre todos os envolvidos.
Dados do Circular Economy’s 2018 Circularity Gap Report dão conta que apenas 9,1% da economia mundial é baseada em um modelo circular.
O modelo ainda predominante, pautado na economia linear, que gera uso exagerado e descarte de produtos, originalmente impulsionado pelas
revoluções industriais (caracterizada pela extração de matéria-prima, produção, distribuição, uso e descarte dos produtos pós-consumo) dá lugar
a economia circular. Isso impacta na forma como os produtos são desenhados e projetados, o que inclui uma nova maneira de conceber os
produtos e o respectivo consumo dos mesmos.
A economia circular é fundamental para a implementação efetiva de um fluxo reverso pós-consumo e pós-venda. Na perspectiva atual, a
economia circular, ao contrário da economia linear tradicional, se baseia no conceito de utilização de insumos a partir de materiais e produtos
renováveis (em que um produto ou material inservível se torna matéria prima para novo ciclo produtivo).
Esses materiais e/ou resíduos passam a ser fonte de insumo para outros produtos, evitando assim descarte na natureza gerando impactos
ambientais. E ainda, a reutilização de insumos que passam ser a fonte para a manufatura de novos produtos.
Vamos especificar agora um pouco mais a logística reversa no contexto da economia circular. A logística reversa trata do gerenciamento dos
recursos e processos nos fluxos reversos de produtos pós-venda ou pós-consumo.
Esses fluxos contemplam a coleta e o transporte de produtos no sentido reverso ao do processo tradicional direto de abastecimento das redes,
para que sejam reutilizados ou reciclados, ou até reincorporados aos processos produtivos nas empresas.
Existe um conceito mais amplo que relaciona o suporte ao ciclo de vida do produto, incluindo a participação da logística do berço ao berço, e não
mais apenas de berço ao túmulo, excedendo a abrangência da logística reversa. Nesse ponto, inclui-se a possibilidade de serviços pós-venda,
retirada e disposição dos produtos. A economia circular então faz com que a cadeia de suprimentos tenha um escopo maior, alcançando além do
ponto de venda.
Dentro da abrangência da logística, a distribuição direta é a que engloba o fluxo de materiais, mercadorias e informações, desde o fornecedor até
a entrega ao cliente ou consumidor final. Para realizar essas atividades de distribuição, as organizações utilizam os chamados Canais de
Distribuição Diretos (CDD). Esse conceito é bastante difundido quando se trata dos processos logísticos das organizações, haja vista que esses
são os meios pelos quais o nosso cliente (consumidor final, em algumas vezes) receberá os produtos ou mercadorias para seu uso.
Entretanto, esses Canais de Distribuição Diretos (CDD) não contemplam o retorno dos produtos vendidos e entregues à organização que os
fabricou, pois esse seria o processo reverso ao original. A fim de atender a esta demanda, surgem os chamados Canais de Distribuição
Reversos, ou simplesmente CDR, que se encarregam das etapas, recursos e meios necessários para garantir o retorno da fração dos produtos
comercializados, seja por conta de avaria na fases de fabricação, ou até mesmo, na fase transporte (nesse caso, essas avarias não sendo
percebidas no momento do descarregamento e entrega), por prazo de validade vencido, por conta do próprio ciclo de vida útil do produto
encerrado ou por fim pelo reaproveitamento de embalagens ou retorno ao ciclo produtivo da empresa.
CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO REVERSOS (CDR)
Departamentos de marketing, a logística empresarial de organizações modernas e as universidades têm desenvolvido estudos sobre os “canais
de distribuição” e a “distribuição física” dos bens produzidos. Isso se justifica não somente pela oportunidade de redução dos custos envolvidos,
mas também pela necessidade da diferenciação dos níveis de serviços oferecidos que os mercados altamente globalizados e competitivos
exigem.
A forma cada vez mais veloz que as organizações estão lançando produtos, o incremento acelerado da tecnologia da informação e do e-
commerce (comércio eletrônico), a meta por competividade por meio de novas estratégias de relacionamento entre as organizações, em especial
os preceitos da conscientização ambiental e sustentabilidade empresarial, estão modificando as relações de mercado em geral e justificando de
maneira intensa e crescente as preocupações estratégicas dos stakeholders (partes interessadas), ONGs (Organizações Não Governamentais),
governo e sociedade em relação aos canais de distribuição reversos.
COMENTÁRIO
Anteriormente, pensava-se em obter vantagem competitiva por meio de desenvolvimento de novos produtos, escolha da embalagem adequada,
tradicional redução de custos nas ma-térias-primas nas negociações de aquisição. No entanto, esse cenário não se sustentou mais, sendo
necessária a criação de novas alternativas economicamente viáveis, tecnicamente aceitas e social e ambientalmente justas e respeitadas.
Por meio do surgimento e aprimoramento dos conceitos e das recentes ferramentas ligadas ao setor logístico, ele teve que passar por
especialização para atender uma necessidade crescente de gestão eficiente do fluxo reverso nas cadeias de suprimentos desses produtos e
mercadorias.
Além de passar a compor as competências logísticas, as organizações ainda necessitam manter o foco no aumento da satisfação de clientes.
Precisamos entender, contudo, que ainda é considerado um problema o retorno de produtos de pós-venda em alguns segmentos em-presariais e
regiões. Um bom desafio que se apresenta é transformar esse problema em oportunidade de negócio, criando mecanismos de lucratividade e
agregando valor às opera-ções das organizações.
Os canais reversos de pós-consumo são habitualmente aplicados a produtos que têm vida útil variável, que, após um tempo determinado de
utilização, perdem suas características funcionais básicas e necessitam ser encaminhados para descarte.
Em se tratando da destinação de resíduos pós-consumo são utilizados dois tipos de canais de distribuição reverso. São eles:
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DE CICLO ABERTO
Caracteriza-se pelo retorno de materiais, como metais, plásticos, vidros, papéis, embalagens e outros à cadeia de produção na forma de matéria-
prima.
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DE CICLO FECHADO
Já nos canais de ciclo fechado, o produto que retorna tem o seu material constituinte extraído de forma seletiva e é destinado para a fabricação
de outro produto similar ao original.
Os bens de pós-consumo podem ser divididos em dois tipos: os semiduráveis descartáveis e os semiduráveis duráveis. O tipo do material que
compõe o bem semidurável é que definirá se ele será classificado como descartável ou durável. Se o bem semidurável tiver mais componentes
duráveis, ele pertencerá à categoria durável. A partir dessas duas categorias, existem diferentes procedimentos que podem se relacionar entre si,
como a coleta do lixo.
EXEMPLO
Temos uma geladeira usada. Após ela perder as suas funcionalidades, poderia ser vendida para uma empresa que conserta e/ou comercializa
eletrodomésticos usados. Como, então, ocorreria esse fluxo? A geladeira deverá ser transportada da casa do proprietário para a em-presa que
repara e comercializa, passar pelo processo de reparo e, após a revenda, ser transportada para a residência do novo proprietário.
Como opção alternativa, essa geladeira pode também ser desmontada e os componentes, comercializados separadamente, caracterizando,
assim, a reciclagem decorrente dessa desmontagem. Nesse caso, o processo de reciclagem é considerado quando os componentes da geladeira
desmontada sofrerão transformação da matéria-prima que compõe seus componentes possa ser reincorporada à fabricação de novos produtos.
EXEMPLO
Como exemplo específico, podemos destacar que a sucata proveniente de produtos descar-tados é misturada ao minério de ferro nos altos
fornos das indústrias siderúrgicas para a fa-bricação de aço.
Porém, em determinadas situações, o produto (eletrodoméstico) total ou parcialmente des-cartado já não permite sua reincorporação em outro
processo industrial de fabricação ou beneficiamento. Normalmente, quando isso ocorre, consideramos que o processo de reci-clagem é
considerado antieconômico. Isso também pode ocorrer quando o preço cai muito por meio do excesso de oferta do produto no mercado,
inviabilizando economicamente a reciclagem. Nesse cenário, abre-se caminho para o processo de transporte, destinação e disposição final para
os produtos não mais utilizáveis, salvaguardando as condições ambien-tais e legais, e incluindo condições seguras para a população onde o
material será disposto.
Mudando o tipo de eletrodoméstico, mas ainda nesse contexto, temos como exemplo a dis-posição de pilhas e baterias usadas oriundas de
notebooks, aparelhos celulares e aparelhos de som, que são problemas críticos para o meio ambiente em função de seus constituintes e
elementos químicos altamente danosos. A mesma situação se aplica aos pneus. Vale ressal-tar que alguns desses produtos exemplificados
possuem legislações ambientais específicas para a fase de descarte e tratam também de obrigações de retorno aos fabricantes e/ou re-
vendedores por meio de cronogramas regressivos que deverão ser respeitados.
O descarte rápido desses equipamentos representa um problema ambiental muito sério. Uma pesquisa da americana ReCellular, uma das
maiores recicladoras de celulares do mundo, mostra que mais de 150 milhões de aparelhos são descartados por ano, só nos EUA. Esse volume
equivale, se comparado ao peso médio de 130 gramas por aparelho, a quase 20 mil toneladas de placas, circuitos, plásticos e baterias com
substâncias tóxicas e metais pesados (chumbo, lítio e cromo). Em função disso, existe uma mudança radical na maneira como as empresas
pensam e estruturam seu negócio, desde a concepção e projeto dos produtos até a criação de novos meios para trazê-los de volta, com logística
reversa.
A pioneira nesse campo é a finlandesa Nokia, com vendas de 27 bilhões de dólares em 2017. O início do seu programa de reciclagem aconteceu
em 1995, com uma então tímida iniciativa de coletar aparelhos em lojas de assistência técnica, antes da existência de legislação sobre o tema. A
fabricante de celulares norte-americana Motorola, por exemplo, iniciou a coleta de aparelhos usados somente em 2004. Entre 65% e 80% das
peças dos celulares da Nokia podem ser recicladas hoje, um percentual que varia em função do modelo. Há duas décadas, apenas um terço das
peças era reciclado. Os metais não reciclados na própria cadeia de telefones celulares viram, por exemplo, joias e material de construção.
Chamamos de pós-venda o outro tipo de canal de distribuição reverso. Esse modelo cuida do equacionamento e operacionalização do fluxo físico
e de informações logísticas de bens e produtos de pós-venda em uso ou com pouco uso, que, por motivos distintos, retornam aos diferentes
estágios das cadeias de distribuição direta. Os produtos ou bens podem ser devolvidos por razões comerciais, erros em processamento dos
pedidos, garantias dadas pelos fabricantes, defeitos ou falhas de funcionamento, avarias no transporte, entre outros.
Como exemplo significativo dessa situação, temos o retorno de embalagens e devolução de produtos ao varejo ou à fábrica. Exemplos de
produtos devolvidos pelos consumidores são roupas e calçados, quando não servem por questão de tamanho ou por simples insatisfação.
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Habitualmente, esse processo se inicia pelo canal de pós-venda da empresa, acionado por meio de um processo de SAC (Serviço de
Atendimento ao Consumidor), que deverá informar corretamente o consumidor e o setor de logística sobre a maneira adequada de retornar com
o produto a ser trocado. Ultimamente, esse tipo de canal está muito mais em voga após a proliferação do e-commerce (comércio eletrônico)
suportado pelo desenvolvimento desenfreado da tecnologia.
Esse processo é garantido em condições preestabelecidas pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC), que, no Brasil, é legitimado pela Lei
Federal N.º 8.078, de 11/09/1990.
Pautado ainda pelo mantra consagrado de manter a satisfação do cliente, e como o processo de compra à distância é mais crítico, os varejistas
costumam aceitar níveis acentuados de devolução. Lembrando que esse retorno, dependendo da distância em questão, impactará bastante no
processo reverso pós-venda.
Neste vídeo, entenderemos melhor as particularidades e a importância dos canais de distribuição reversos de pós-venda e pós-consumo neste
cenário altamente competitivo nos quais as organizações operam.
Os resultados obtidos pelos canais reversos de pós-consumo e pós-venda no fluxo contrário da cadeia direta de suprimentos contribuem para a
competitividade das organizações, para a preservação da imagem reputacional corporativa e para a obtenção do retorno financeiro.
Canais de pós-consumo
Reaproveitamento de componentes;
Reaproveitamento de materiais;
Canais de pós-venda
Redistribuição de mercadorias;
Recuperação de valor de ativos;
EMBALAGENS
Vale ressaltar que as embalagens oferecem menos opções de fluxo reverso quando são comparadas à logística reversa dos produtos.
As embalagens podem ser reutilizadas, renovadas, ter seus materiais constituintes recuperados e ir para o processo de reciclagem. Este trata
especificamente do retorno de embalagens próprias do sistema logístico que são reaproveitáveis, como, por exemplo, Palete ou o Contêiner,
entre outras embalagens retornáveis para serem reaproveitadas (paletes) ou reabastecidas (contêiners) de linhas de produção.
Entretanto, torna-se cada vez mais frequente observarmos garrafas de bebidas sendo guardadas nos mercados para que sejam retiradas pelos
distribuidores. Além disso, há os botijões de gás GLP (Gás Liquefeito de Petróleo) e, na indústria, as bombonas usadas para o reabastecimento
de fluídos, como óleos diversos e assemelhados.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
A) Produtos fora de linha de produção da empresa; Produtos reprovados oriundos da fase de distribuição e Produtos que apresentam pequenos
defeitos, mas permitem utilização.
B) Produtos defeituosos que deverão ser descartados; Materiais com avarias oriundos da fase uso por imperícia do consumidor e Produtos
reprovados oriundos da fase de distribuição.
C) Materiais produtivos obsoletos e consumíveis em fim de vida útil; Refugo oriundo de produção, como materiais e componentes que não
possam ser localmente utilizados e Produtos defeituosos que não atendem a padrões e especificações técnicas e de qualidade.
D) Produtos que apresentam pequenos defeitos, mas permitem utilização; produtos que podem ser reclassificados para outros fins e Materiais
em perfeito estado com problemas apenas nas suas embalagens.
E) Materiais perfeitos, mas que estavam discordantes do especificado nas notas fiscais; Materiais com pequenos defeitos incluindo avarias nas
suas embalagens e Produtos reprovados oriundos da fase de distribuição.
2. A FORMA CADA VEZ MAIS VELOZ QUE AS ORGANIZAÇÕES ESTÃO LANÇANDO PRODUTOS, O
INCREMENTO ACELERADO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E DO E-COMMERCE (COMÉRCIO
ELETRÔNICO), A META POR COMPETIVIDADE, CONSCIENTIZAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
EMPRESARIAL, ESTÃO MODIFICANDO AS RELAÇÕES DE MERCADO EM GERAL. ISSO FEZ COM QUE SE
DESENVOLVESSEM BASTANTE OS CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO REVERSOS. IDENTIFIQUE A ALTERNATIVA QUE
APRESENTA AS ASSOCIAÇÕES CORRETAS DE RESULTADOS OBTIDOS PELAS APLICAÇÕES DOS CANAIS
REVERSOS DE PÓS-CONSUMO E PÓS-VENDA.
A) Canais reversos pós-consumo: descarte de componentes e materiais; impossibilidade de nova aquisição; atendimento às responsabilidades
estabelecidas em contrato; respeito às legislações tributárias. Canais reversos pós-venda: indisponibilização de área da loja no varejo; venda de
mercadorias apenas para os mercados cativos; perda do valor de ativos; ganho de novos clientes e aumento do número de reclamações de
clientes.
B) Canais reversos pós-consumo: reaproveitamento de componentes e materiais; incentivo à nova aquisição; demonstração de responsabilidade
ambiental e respeito às legislações. Canais reversos pós-venda: liberação de área da loja no varejo; redistribuição de mercadorias; recuperação
de valor de ativos; melhoria de fidelização de clientes. Respeito às legislações e obtenção de feedback (retorno) de qualidade.
C) Canais reversos pós-consumo: reclassificação apenas de componentes e materiais; restrições para uma nova aquisição; atendimento parcial
às responsabilidades estabelecidas em contrato; respeito às legislações tributárias e alfandegárias. Canais reversos pós-venda: liberação parcial
de área da loja no varejo; venda de mercadorias apenas para os mercados próximos aos pontos de recolhimento; perda do valor de ativos; perda
de novos clientes e manutenção do número de reclamações de clientes.
D) Canais reversos pós-consumo: descarte de componentes e materiais; restrições para uma nova aquisição; atendimento às responsabilidades
estabelecidas em contrato; respeito às legislações tributárias. Canais reversos pós-venda: Indisponibilização de área da loja no varejo; venda de
mercadorias apenas para os mercados próximos aos pontos de recolhimento; manu-tenção pequena do valor de ativos; ganho de novos clientes
e aumento do número de reclamações de clientes.
E) Canais reversos pós-consumo: liberação de área da loja no varejo; redistribuição de mercadorias; recuperação de valor de ativos; melhoria de
fidelização de clientes. Respeito às legislações e obtenção de feedback (retorno) de qualidade. Canais reversos pós-venda: reaproveitamento de
componentes e materiais; incentivo à nova aquisição; demonstração de responsabilidade ambiental e respeito às legislações.
GABARITO
1. Sabemos da importância da cadeia de suprimentos de ciclo fechado subdivididas entre as fases que compõem. Em relação à fase de
produção (que inclui a fabricação de componentes, semiacabados e produtos acabados) podem ser identificados três grupos
principais de cadeias de ciclo fechado. Assinale a alternativa que estes estão listados?
A alternativa C é a única que apresenta três grupos principais de cadeias de ciclo fechado oriundos da fase de produção. As demais alternativas
até apresentam alguns exemplos de produtos inservíveis, entretanto, alguns oriundos de outras fases que não são a de produção ou que
apresentam informações desconexas ao contexto da questão.
2. A forma cada vez mais veloz que as organizações estão lançando produtos, o incremento acelerado da tecnologia da informação e
do e-commerce (comércio eletrônico), a meta por competividade, conscientização ambiental e sustentabilidade empresarial, estão
modificando as relações de mercado em geral. Isso fez com que se desenvolvessem bastante os canais de distribuição reversos.
Identifique a alternativa que apresenta as associações corretas de resultados obtidos pelas aplicações dos canais reversos de pós-
consumo e pós-venda.
A única alternativa que apresenta a associação correta aos canais de distribuição reversos pós-venda e pós-consumo é a opção B. As opções A,
C e D fazem associações incorretas ou imprecisas. A alternativa E inverte as opções entre pós-venda e pós-consumo.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conceituamos a LR - Logística Reversa e em que medida ela se tornou imprescindível para que as organizações garantam as suas operações e
distribuições de forma eficaz, ágil e sustentável nos dias de hoje onde a competitividade dos diversos segmentos industriais e de serviços tem se
tornado cada vez mais presente. Discorremos sobre seus riscos e oportunidades, discutimos sobre os tipos de revalorizações logísticas,
econômicas, tecnológicas e ecológicas alcançadas. Tratamos também dos exemplos de processos de recuperação (Remanufatura,
recondicionamento, renovação e reciclagem) ou destinação a serem aplicados nos produtos. Definimos aspectos importantes sobre a cadeia de
suprimentos de ciclo fechado descrevendo suas fases e principais aspectos e empregando os canais de distribuição reversos pós consumo e pós
venda para recolhimento de produtos do ponto de consumo até o ponto de origem. E ainda exemplificamos alguns estudos de casos de sucesso
envolvendo logística reversa e canais de distribuição reversos em alguns segmentos distintos.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
ABRAMPA. Logística reversa da lata de alumínio: histórico e perspectivas. In: II Seminário Abrampa: O Ministério Público e a Gestão de
Resíduos Sólidos e Logística Reversa. Salvador, 2019.
CORRÊA, H. L. Administração de cadeias de suprimentos e logística: integração na era da Indústria 4.0. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2019.
LEITE, P. R. Direcionadores (“Drivers”) estratégicos em programas de logística reversa no Brasil. In: Simpósio de Administração da
Produção, Logística e Operações Internacionais – SIMPOI, 9, 2006, São Paulo.
NOVAES A. Logística e gerenciamento da cadeia de distribuição. 4. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2015.
ROGERS, D. S.; TIBBEN-LEMBKE, R. S. Going backwards: reverse logistics trends and practices. Reno: University of Nevada, 1999.
SOUSA, G. M. Construção da cadeia de suprimentos sustentável: logística reversa de embalagens pós-consumo. Parte 1. ILOS –
Especialistas em Logística e Supply Chain. 10 jul. 2011. Consultado em meio eletrônico em: 11 out. 2020.
VALLE, R.; SOUZA, R. G. Logística reversa: processo a processo. São Paulo: Atlas, 2014.
EXPLORE+
Consulte o site do ILOS e encontre análises sobre os principais temas relacionados à logística e supply chain, com entrevista e coletas de
dados junto aos maiores players do Brasil e do mundo. Perceba que as análises são entregues no formato de relatórios de pesquisa, sendo
a forma mais simples para você se manter atualizado.
Consulte o Dicionário de Logística, disponível no site do Grupo Imam.
Pesquise na Internet sobre Consultoria em Supply Chain Management e Gestão Organizacional, e conceitos e técnicas, tais como: Gestão
“Lean”, Planos Diretores, Manufatura e Logística 4.0 (Tecnologia), Planejamento de Centros de Distribuição, Automação Operacional,
Projetos de Embalagens, entre outras.
CONTEUDISTA
Vanilson Fragoso Silva
CURRÍCULO LATTES