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Disciplina: Geografia Agrária 2021.

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Docente: Maria do Socorro Discentes: Ana Julia Braga Lamoglia Bastos,
Anderson Lima De Oliveira, Bruno De Souza Silva, Gabriela Gonzaga Quarteroli,
Letícia Da Silva Malafaia, Thailson Carvalho Reis.
Resumo do texto: Land: Grabbing, financeirização da agricultura e
mercado de terras: velhas e novas dimensões da questão agraria do Brasil

Velhas e novas dinâmicas no meio rural brasileiro. A América Latina é um


dos lugares mais desiguais em termos de renda e acesso á terra. O padrão de
distribuição da propriedade da terra, resultante da herança histórica da
colonização, é concentrador de poder e responsável pela manutenção de uma
grande desigualdade social. Senso Agro de 1975 a 2017 dados mais recentes
sobre alguns desses países informam a manutenção ou agravamento dessa
situação de desigualdade. No Brasil, analisando dados do senso agro de 1976 a
2017, Hoffmann (2019) ressalta a estabilidade da desigualdade na distribuição
de terras no Brasil, como um pequeno aumento no período de 2006 a 2017.
Brasil entre 1980 e 2000, no brasil a produção da soja que se concentrava nos
anos 1980 na região sul do país, embalada por um forte apoio do Estado
(pesquisa, políticas da colonização, crédito público etc.) , avançou em direção
aos cerrados brasileiros, primeiramente em áreas localizadas na região centro-
oeste ( estado do Mato Grosso á frente). Entre 1990 e 2000 as áreas cultivadas
com soja se expandiram para a região Nordeste e Norte.

A financeirização da agricultura transforma a terra num ativo e a agricultura


numa atividade controlada pela lógica econômica e financeira. A terra se torna
mercadoria, a agricultura meramente um investimento. A ideia de culturas
flexíveis, como soja e cana é um exemplo de acentuação desses fenômenos.
São culturas rapidamente direcionadas para diversos mercados e fins, que se
adaptam aos planos e objetivos de valorização financeira. A soja, por exemplo,
é rapidamente direcionada para a produção de ração, de agrocombustíveis e de
óleo, por exemplo, o que garante lucratividade e facilidade de acessar um ou
outro mercado. Com isso, a agricultura passa a se encaixar de forma mais
automática às equações de lucros das empresas. Soma-se a isso o debate sobre
a infraestrutura e a logística para escoamento das mercadorias, que produz
novas formas de conexão do rural com o urbano, além de fomentar a abertura
de novas fronteiras agrícolas ou minerais. A logística abre novas áreas de
território para a produção, torna a terra mais atrativa, facilita o escoamento. Ainda
que seja alardeada, em muitos lugares, como a chegada do “desenvolvimento”
para a população, essas infraestruturas em muitos lugares têm operado como
um fator que altera a lógica do território, cujo funcionamento passa a girar
exclusivamente em torno do deslocamento de commodities e das dinâmicas dos
mercados internacionais.

As estatísticas recentes e a espacialização da cultura de soja e de cana-


de-açúcar nos dão um exemplo de como essas transformações se acumulam e
se aceleram. O agronegócio, um setor bastante importante para o capitalismo
brasileiro, representa bem as novas formas de conexão entre rural e urbano. Ele
tem sido um vetor importante de fortalecimento de um rural produtivista e sem
gente, assim como de um meio urbano cortado por estruturas logísticas e
inchado por pessoas expulsas do campo. E, ao mesmo tempo, temos um
incentivo às políticas que reforçam o rural simplesmente como espaço de
produção e de crescimento econômico pela agricultura em larga escala.
Observamos, adicionalmente, mudanças importantes nos marcos regulatórios
que enfraquecem a função social da terra, que pressionam direitos territoriais de
indígenas e quilombolas e que fragilizam a legislação ambiental. Todas essas
mudanças apontam para um uma disputa que se desenrolará crescentemente
nas áreas rurais e que coloca, de um lado, pressões pela mercantilização da
terra e dos recursos naturais. De outro, a resistência dos povos do campo,
indígenas, quilombolas e povos e comunidades tradicionais por seu direito de
continuar existindo e pela garantia e fortalecimento de novos tipos de ruralidade
que não se resumam à produção agropecuária.

Ao dar destaque ao movimento que propõe a alienação de terras e


financeirização agrícola, nota-se que está bem distante de esgotar os temas e
apontar as vantagens dos movimentos para mostrar as mudanças que vem
ocorrendo, mas é feito um destaque para que o a nossa compreensão sobre o
problema fundiário brasileiro hoje parece ser incorreto sem esses componentes
ou condições. Resumindo a grande questão que chama a atenção é que o
espaço rural está sendo afetado diretamente, ainda mais na parte que é referente
à rentabilidade de capital, o que torna os bens fundiários como objetos de ganho
econômico. A forma da atividade agrícola é a que mais traz destaque em
diferentes âmbitos do mercado financeiro, podendo ser de forma física e
financeira na parte de financiamento rural, os títulos e as transações dos
produtos. A atuação de diferentes fluxos em cada região tem uma forma. Tal
progresso, ajuda na reprodução social, de forma que as questões locais estão
ligadas fazendo compreender melhor tudo o que ocorre no território.

Referência
YOSHIE, K; SERGIO PEREIRA LEITE. Land granbbing, financeirização da
agricultura e mercado de terras: velhas e novas dimensões da questão agrária
no Brasil. Revista do ANPEGE, v. 16, n. 29, p. 458-489, 2017.

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