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Geo-história de Goiás

Professor Wesley Santos


História e Geografia

MODERNIZAÇÃO DA ECONOMIA GOIANA


• A partir de 1915, em função do progressivo escasseamento de terras no
Sudeste, a busca de novas regiões goianas foi incrementada, havendo a
aceleração do devassamento do Centro-Sul de Goiás, que passou a
exercer forte atração, de um lado devido à fertilidade do solo, de outro,
graças ao baixo custo das glebas.
• Na medida em que São Paulo, centro da economia dominante, não teve
capacidade para absorver as levas de imigrantes e migrantes que para ali
se dirigiram em escala cada vez mais elevada, a solução para o desafogo
do excesso de mão-de-obra apresentou-se através do seu deslocamento
para as regiões periféricas. Assim, o movimento para o Oeste lançou suas
raízes.
História e Geografia

• A partir de 1930 inaugurou-se uma nova fase no processo de ocupação agrícola de


Goiás, sob a égide da política de Getúlio Vargas, conhecida como “Marcha para o
Oeste”, e sob a influência de novas necessidades da economia mundial, que se
refletiram diretamente sobre a economia nacional. A expansão agrícola de Goiás
neste período respondeu a estímulos exógenos, ou seja, aos interesses das classes
agrária e industrial de São Paulo.
• Ao longo do tempo, Goiás passou por transformações significativas no que se refere
a sua estrutura social e econômica. Contudo, em nenhum momento de sua história,
desde o inicio da mineração no século XVIII, as mudanças foram tão intensas quanto
nas três últimas décadas do século passado e neste começo de milênio.
• Neste período o estado se tornou urbano e alcançou os primeiros lugares nos
índices de urbanização do país. E em consequência disso surgiram diversos
problemas sociais e ambientais.
História e Geografia

• A partir da última década do século XIX a aproximação, inicialmente e,


posteriormente, à chegada das ferrovias ao território goiano
constituíram veículo de transformação econômica e de expansão do
povoamento rumo a novas áreas, seja através da fundação, seja
através da estabilização de numerosos povoados e sítios de lavoura e
criação de gado. Iniciou-se assim a terceira fase de ocupação territorial
de Goiás.
• Tudo isso se deu no decorrer da modernização agrícola gerada pela
chegada das inovações da Revolução Verde em nosso país por volta da
década de 1960, atingindo o nosso estado no início da de 1970, que
mudou o modelo de apropriação do espaço e, consequentemente, a
dinâmica econômica e territorial de Goiás.
História e Geografia

• Desde então, o estado tem recebido ainda mais imigrantes vindos de


diversas unidades da federação brasileira, de outras regiões ou do próprio
Centro-Oeste, assim como tem se intensificado as migrações internas no
sentido rural-urbano. Com isso tem se tornado claras as mudanças do
padrão populacional estadual, de majoritariamente rural – sertanejo,
caipira, etc. – a majoritariamente urbano, “moderno”, interligado à
dinâmica econômica do capitalismo globalizado – verticalizado.
• A chegada da soja, por volta de 1975, em Rio Verde, seguida pela
chegada da cana-de-açúcar, em Santa Helena, cerca de dez anos mais
tarde e o aumento da pecuária intensiva na região sudoeste do estado
neste mesmo período, marcaram a virada na economia goiana.
História e Geografia

• Assim, Goiás se consolidou entre as principais unidades produtoras


agrícolas do país, alcançando, em 2021:
• 3º maior produtor nacional de soja, sendo Mato Grosso o maior
produtor o que faz de Goiás o segundo na região centro-oeste,
• 1º de sorgo,
• 1º de tomate,
• 3º lugar de algodão herbáceo (em caroço),
• 3º de milho,
• 2º de cana-de-açúcar,
• 8º de arroz,
• 4º de feijão,
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• Na pecuária os números não são diferentes, pois o estado possui hoje:


• 2º maior rebanho de gado de leite,
• 4º maior produtor de leite,
• 3º maior rebanho bovino,
• 6º avícola,
• 6º suíno,
• 7º produtor de ovos,
• 3º que mais abate bovinos,
• 7º que mais abate suínos,
• 5º que mais abate aves.
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COMÉRCIO
• O Comércio é uma atividade econômica de grande importância na economia
goiana tendo como grande força compradora e vendedora de Goiás o seu
mercado interno. Há um alto grau de dependência da economia goiana do seu
próprio mercado. Nas relações comerciais interestaduais a grande parte é
transacionada com São Paulo.
• No âmbito interno, o comércio varejista é o grande representante na geração de
riquezas na atividade de comércio. É um setor que vende diretamente para os
consumidores finais como supermercados e hipermercados, farmácias,
concessionárias de veículos, lojas de vestuários, de materiais de construção, de
móveis e decoração, de eletroeletrônicos, postos de gasolina, livrarias entre
outros. Ele contempla cerca de 75% das empresas do comércio e 70% do seu
pessoal ocupado.
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• Assim, as atividades do comércio são importantes, pois absorvem


grande quantidade de empregos. Outro comércio importante para a
economia goiana é o externo. Em média, as exportações
corresponderam a 10% do PIB estadual, aproximadamente. Muito
dessa participação se deve às commodities agropecuárias exportadas
por Goiás. Estas exportações têm crescido de forma substancial desde
o início dos anos de 2000. Ainda, a maior parte das exportações
sempre foram encabeçadas pelos complexos soja, carne e minérios.
História e Geografia AS REGIÕES GOIANAS E AS DESIGUALDADES
REGIONAIS.
• O estado de Goiás foi dividido em dez regiões para fins de
planejamento estratégico governamental:
 A região do Entorno do Distrito Federal
 A região metropolitana de Goiânia
 As regiões Norte Goiano e Nordeste Goiano, delimitadas a partir de
características socioeconômicas e espaciais.
 As outras seis regiões foram definidas a partir dos principais eixos
rodoviários do estado.
• O objetivo deste projeto de regionalização foi planejar e gerir
investimentos governamentais com o intuito de minimizar os
desequilíbrios regionais goianos.
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CONSEQUÊNCIAS DESSE PROCESSO


• Contudo, todo esse aparente progresso não traz só benefícios, pois de
acordo com Matos (2006, p. 71), “muito embora a modernização tenha
atingido direta ou indiretamente todo o país, esta se processou de forma
espacialmente concentrada e socialmente seletiva”, o que a torna
conservadora e excludente (GRAZIANO DA SILVA, 1982). E isto gerou
problemas sociais graves tanto de âmbito rural quanto urbano.
• Como exemplo disso, temos os processos de “metropolização” e
“periferização” desenvolvidos na capital goiana, que hoje já conta com
mais de 1,5 milhões de habitantes, chegando a mais de 2,5 milhões se
incluirmos na contagem a população total de sua região metropolitana.
História e Geografia

• E em consonância com o que tem ocorrido em nível nacional, as cidades que


compõem a Região Metropolitana de Goiânia têm crescido em ritmo mais acelerado
que a própria capital nas últimas duas décadas. Neste processo Goiânia se tornou
uma cidade desigual e segregada, marcada pela diferenciação espacial entre o
centro e a periferia (GOMES, 2007).
• Isso ocorre devido ao intenso processo de valorização do solo nas cidades, que se dá
por que: “O espaço urbano aparece como movimento historicamente determinado
num processo social. O modo de produção do espaço contém um modo de
apropriação, que hoje está associado à propriedade privada da terra”. Esse processo
tem forçado, dia após dia, a população de baixa renda a se direcionar para as áreas
mais afastadas das porções centrais de Goiânia ou mesmo para suas vizinhas, como
Aparecida de Goiânia, Senador Canedo e Trindade.
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• A consequências do processo de modernização agrícola de Goiás e de


sua urbanização, amplamente induzida pelo primeiro processo,
ocorrem, segundo Oliveira (2001), porque: o progresso nos moldes
ocidentais remete à ideia de crescimento econômico, sendo medido
pelo acúmulo de riquezas materiais produzidas ou apropriadas. Assim,
um povo desenvolvido seria aquele que acumularia maior riqueza.
Não há vinculação direta com o bem-estar social e ambiental, muito
embora se espere que esses objetivos sejam também atingidos
através da riqueza econômica.
História e Geografia

• Diante de tudo isso, podemos dizer com base em Freitas (2007) que:
devemos compreender o processo de urbanização menos como causa
do que consequência da modernização econômica do território. Essa
urbanização deriva portanto das novas necessidades de uso do
território no sentido de favorecer a circulação de mercadorias e, por
conseguinte, a realização da mais-valia social nesse processo de
circulação. Toda a estrutura desenvolvida a partir do processo de
urbanização tem como objetivo primordial à organização do território
para absorver os processos engendrados pela nova dinâmica
econômica.
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RESUMO DA AULA
• Sendo assim, podemos relacionar o que Morais (2006) chamou de “captura do
território goiano pelo capital”, com o processo de urbanização de nosso estado. Isso
porque, conforme Goiás foi se consolidando nas relações de mercado, o seu papel na
atual divisão nacional e internacional do trabalho – o de produtor e exportador de
gêneros agropecuários, industrializados, semi industrializados e mesmo não-
industrializados – foi também dando forma ao seu processo de urbanização. As
cidades cresciam devido ao, cada vez mais intenso, êxodo rural, condicionado pela
modernização do campo.
• O abandono forçado ou “espontâneo” do espaço agrário goiano, somado ao aumento
da migração inter-regional em direção a nosso estado, teve papel importante na
consolidação da RMG e da Região do Entorno de Brasília. Todos esses fatores
condicionaram o desenvolvimento urbano de Goiás como um processo desigual e
concentrador tanto de renda, quanto de pessoas.

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