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Formação econômica de Goiás: a mineração no século XVIII, a

agropecuária nos séculos XIX e XX, a estrada de ferro e a


modernização da economia goiana, as transformações
econômicas com a construção de Goiânia e Brasília,
industrialização, infraestrutura e planejamento.

Professora Carla Kurz


Formação econômica de Goiás: a mineração no século XVIII
CURIOSIDADE

O nome do Estado tem origem na denominação da tribo indígena “guaiás” que, por
corruptela, se tornou Goiás. Vem do termo tupi “gwaya”, que quer dizer "indivíduo
igual, gente semelhante, da mesma raça".
ATENÇÃO

Em razão do grande distanciamento do litoral, a agricultura e a pecuária goianas


caminharam juntas com a exploração do ouro, embora esta última tenha sido, à época,
o centro motor da atividade econômica local.
Durante a época da mineração, as relações entre índios e mineiros foram
exclusivamente guerreiras e de mútuo extermínio. Ao mineiro sempre apressado e
inquieto, faltavam o tempo e a paciência para atrair o índio mediante uma política
pacífica. À invasão de seus territórios e às perseguições dos “capitães-do-mato”
respondiam os índios com contínuas represálias.

PALACÍN, L; MORAES, M. A. S. História de Goiás. Goiânia: Ed. da UCG, 1994. p. 39 – 40.


Todos nós sabemos que Goiás nasceu com a descoberta do ouro pelos bandeirantes,
mas cresceu e desenvolveu-se com a pecuária e a agricultura. Dizem mesmo que a
pecuária teria precedido à mineração. É bem possível, porque um dos nossos primeiros
historiadores, o Padre Luiz Antônio da Silva e Souza, autor de O Descobrimento da
Capitania de Goyaz, dá notícia de que bandeirantes desgarrados teriam deparado com
cabeças de gado bravio que já pastavam naturalmente na região do Vão do Paraná.
Antônio Teixeira Neto.

"In: Revista Eletrônica, n.º 20, Instituto Histórico e Geográfico de Goiás (com
adaptações).”
DE OLHO NO DETALHE

A mineração de ouro em Goiás era de aluvião, onde esse metal precioso encontrava-se
misturado com cascalho, dentro do leito dos cursos d’água locais. Em razão das
técnicas rudimentares empregadas nessa atividade, ela veio a se esgotar com relativa
rapidez, com pouco mais de 50 anos de apogeu. Já partir da segunda metade do século
XVIII, a produção mineral goiana diminui sensivelmente, levando a Capitania de Goiás a
um quadro de profunda pobreza
Formação econômica de Goiás: a agropecuária nos séculos
XIX e XX
No quadro de dificuldades econômicas, característico do século XIX em Goiás, a
pecuária destacou-se como única atividade de caráter eminentemente comercial, sendo
a lavoura voltada para a subsistência dos próprios plantadores, sendo o pouco
excedente comercializado nos arraiais locais.”
ASSIS, Wilson Rocha. Estudos de História de Goiás. Goiânia: Editora Vieira, 2005, p. 67.
OLHA A QUESTÃO AÍ

O caráter comercial da pecuária, explicitado na citação, no contexto da economia


goiana da primeira metade do século XIX, deveu-se fundamentalmente à possibilidade
de o gado se autotransportar, alcançando, assim, lugares distantes.
Fatores responsáveis pelo desenvolvimento da pecuária em Goiás:

- A Província contava com imensas áreas devolutas e com pastagens nativas.

- A atividade em questão absorvia pouca força de trabalho. - O dispêndio de capital fixo


era irrisório, pois a expansão do rebanho se fazia através do processo natural de
reprodução. - O gado era uma mercadoria capaz de transportar-se a si mesma, uma vez
que um dos principais problemas da Província era a escassez e a ineficiência das vias de
acesso aos centros dinâmicos do país.
“Com a decadência ou desaparecimento do ouro, o governo português, que antes
procurava canalizar toda a mão-de-obra da capitania para as minas, passou, através
das autoridades, a incentivar e promover a agricultura em Goiás.”
PALACIN, Luís; MORAES, Maria Augusta S. História de Goiás. Goiânia: Editora da UCG,
1994. p. 41.
- Medidas de D. João para incentivar a agricultura, pecuária, o comércio e a navegação:

1) isenção do dízimo por 10 anos aos lavradores das margens do Tocantins, Araguaia e Maranhão;
2) catequização e civilização do gentio incentivando seu uso na agricultura;
3) construção de presídios nas margens dos rios: proteger o comercio, auxiliar a navegação etc;
4) incentivo à navegação do Araguaia e Tocantins (algodão, açúcar, fumo, couros e sola ate o Pará);
5) incentivo à navegação dos rios do sul, Paranaíba e seus afluentes, a fim de facilitar a comunicação com
o litoral;
6) revogação do alvará que proibia as manufaturas.

fonte:
http://www.colegiodinamico.com.br/PAGINAS/ALUNO/o_professor/arquivos/cvinicios/cristiano_vinicios-
historia_de_goias-apostila.pdf
APROFUNDAMENTO

A Conorte apresentou à Assembléia Constituinte uma emenda popular com cerca de 80 mil
assinaturas como reforço à proposta de criação do Estado. Foi criada a União Tocantinense,
organização supra-partidária com o objetivo de conscientização política em toda a região norte para
lutar pelo Tocantins também através de emenda popular. Com objetivo similar, nasceu o Comitê
Pró-Criação do Estado do Tocantins, que conquistou importantes adesões para a causa separatista.
"O povo nortense quer o Estado do Tocantins. E o povo é o juiz supremo. Não há como contestá-lo",
reconhecia o governador de Goiás na época, Henrique Santilo. ( SILVA, 1999,p.237)

http://seden.to.gov.br/desenvolvimento-da-cultura/tocantins---historia/j-trajetoria-de-luta-pela-
criacao-do-tocantins/
RESUMO

A ocupação histórica de Goiás se deu pela expansão de grandes fazendas para a


criação extensiva de gado bovino, com baixo aproveitamento econômico das terras,
que foram sendo esfaceladas pela cadeia vintenária. Recentemente, com a
implantação de inovações na base técnica da agricultura, ocorreu novamente a
concentração das terras, agora nas mãos de grupos empresariais que cultivam a terra
para a produção de grãos, visando a exportação, em um processo crescente de
exploração dos recursos naturais e humanos e, ainda, contribuindo para a expulsão dos
agricultores familiares.
Formação econômica de Goiás: a estrada de ferro
ATENÇÃO

O quadro de isolamento de Goiás, não apenas econômico, mas também político e


social, começa a se modificar com a chegada dos trilhos da Estrada de Ferro Goiás, nos
primeiros anos do século XX, resultado das mudanças ocorridas na região centro-sul do
Brasil, tais como a marcha do café, a industrialização e a urbanização brasileira. As
condições sócio-econômicas de Goiás começam a se modificar nas primeiras décadas
do século passado, como resultado das próprias transformações econômicas do país.
APROFUNDAMENTO

De maneira efetiva, os trabalhos de construção da Estrada de Ferro Goiás, em solo


goiano, tiveram início em 27 de maio de 1911, dois anos após o começo da
implantação do trecho localizado na cidade de Araguari, no marco zero da ferrovia. Já
em 1912, as obras avançaram 80 quilômetros, chegando, dessa cidade mineira, muito
próximo à cidade goiana de Goiandira.
ANOTE

A integração de Goiás ao circuito do mercado brasileiro apoiou-se no sistema


exportador ferroviário. Em 1935 chega até Anápolis a Estrada de Ferro Goiás, trazendo
à região as demandas paulistas por produtos alimentícios, auxiliada por duas outras
ferrovias - a Companhia Paulista de Estrada de Ferro, que chegava até Barretos (SP), e
a Companhia Mogiana de Estrada de Ferro, que ligava Campinas (SP) a Araguari (MG).
TOME NOTA

Ao mesmo tempo que acontece a presença dos trilhos em Goiás, alterando as vias de
transporte nesta região, outras iniciativas de ampliação da infraestrutura local foram
tomadas, afim de inserir a economia goiana no mercado nacional.
Formação econômica de Goiás: a modernização da
economia goiana
PRESTE ATENÇÃO

A década de 1970 representa o contexto da aliança estabelecida entre o Estado e a


classe dominante rural. A partir desse período, o Estado passa a interferir diretamente
nas formas de organização da agricultura e na política agrícola, promovendo a
modernização desse setor.
APROFUNDAMENTO

Assim, o Estado fez investimentos em infraestruturas, pesquisas agronômicas e


programas de crédito especiais. Todas as áreas do Cerrado foram consideradas aptas à
produção agrícola, conseqüentemente, 50,6 milhões de hectares de terras foram
incorporadas no processo produtivo, com as mais avançadas técnicas de cultivo
(LABAIG, 1995).
PRESTE ATENÇÃO

O dinamismo econômico provocado por todos esses processos ocasionou também a


redistribuição da população no território, por meio de um intenso êxodo rural. As
novas formas de produção adotadas, intensivas em capital, foram as principais
responsáveis pela mudança da população do campo para a cidade.
NOTE

As cidades que receberam a maior parte desses migrantes do campo foram a capital,
Goiânia, as cidades da região do Entorno de Brasília, como Luziânia e Formosa, e as
cidades próximas às regiões que desenvolveram o agronegócio, como Rio Verde, Jataí,
Cristalina e Catalão.
As transformações econômicas com a construção de
Goiânia e Brasília
MOTIVOS DA ESCOLHA

• O fato de o centro histórico ser um dos poucos exemplos conservados da arquitetura


colonial brasileira no centro do país.

• A mobilização da população da cidade em prol do reconhecimento de suas tradições,


destacando-se o Movimento Pró-Cidade de Goiás.

• Os altos investimentos do poder público federal e estadual na recuperação e


manutenção dos monumentos do centro histórico.
DE OLHO NOS DETALHES

A mudança da capital do país para o Planalto Central, com a construção de Brasília, a


partir de 1956, no Governo de Juscelino Kubsticheck, o projeto de integração nacional
promovido pela construção de rodovias, interligando Brasília a todas as capitais
estaduais, entre 1968 e 1980, integraram a região de Goiás ao tráfego rodoviário,
criando condições para a expansão do sistema capitalista. Esses fatores foram
responsáveis pela expansão agrícola mais recente no Cerrado, resultando, a partir da
década de 1970, na expansão da agricultura comercial.
PRESTE ATENÇÃO

As políticas e os programas governamentais de ação direta sobre a região foram o


Programa de Desenvolvimento dos Cerrados (POLOCENTRO) e o Programa de
Cooperação Nipo-brasileira para o Desenvolvimento dos Cerrados (PRODECER).
Resumo do povoamento do território goiano

• A estrada de ferro exerceu significativa influência nas primeiras décadas do século


XX, especialmente no sul de Goiás.

• A edificação de Brasília, durante a década de 1950, provocou um intenso fluxo


migratório para as regiões que circundavam a Capital Federal.

• A construção da Belém–Brasília favoreceu o surgimento de inúmeras cidades no


norte de Goiás.
Infraestrutura e planejamento
APROFUNDAMENTO

Foi por meio do PRODECER que os agricultores experientes do Sul e Sudeste do país
migraram para a região do Brasil Central. Os empréstimos fundiários foram concedidos
para cobrir as despesas operacionais (aquisição de equipamentos, tecnologias e de
subsistência da propriedade), sendo que o crédito era concedido a taxas de juros reais.
Esse programa teve sua maior concentração em Minas Gerais. Em Goiás ficou mais
restrito ao entorno de Brasília, como resultado destaca-se o grande impacto na
implantação de irrigação por “Pivô Central”.
PRA FECHAR

• Goiás também se tornou um local de alto fluxo migratório nas últimas décadas,
sendo considerado um dos Estados com maior fluxo migratório líquido do país.

• As principais razões para esse alto fluxo migratório são a localização estratégica, que
interliga praticamente todo o país por eixos rodoviários, o dinamismo econômico e
também a proximidade com a capital federal, Brasília.
Industrialização
São causas que proporcionaram ao estado de Goiás seu atual estágio de
industrialização:

• criação do Programa Produzir.

• incentivos fiscais.

• adoção política industrial integrada.

• implantação, em1984, do Programa Fomentar.


NOTE

O FOMENTAR (Fundo de Participação e Fomento à Industrialização do Estado de


Goiás), criado pela Lei n° 9.489, de 19/07/1984, tinha o objetivo de incrementar a
implantação e a expansão das indústrias para a promoção do desenvolvimento do
Estado. Em 2008 foi editada uma lei possibilitando a migração de empresas
interessadas para outro programa o PRODUZIR.
SEQUÊNCIA CRONOLÓGICA

• Entre os anos de 1940 e 1970, a atividade industrial em Goiás ainda era pouco
expressiva na comparação com os demais setores econômicos.

• A agropecuária era o centro dinâmico da economia goiana, e que acabava espraiando


sua dinâmica para as demais atividades.

• Assim, a incipiente indústria goiana se consolidava principalmente em torno de


atividades relacionadas à agropecuária, como por exemplo, a produção de carnes,
processamento de couro, toucinho, dentre outros. Complementava-se com algumas
atividades ligadas à extrativa vegetal e mineral.
SEQUÊNCIA CRONOLÓGICA

• Uma importante mudança da dinâmica municipal da indústria foi a mudança da


distribuição espacial da indústria goiana, saindo da região sul, sobretudo em Ipameri
e Catalão, para as cidades de Anápolis e Goiânia.

• Na década de 70, Goiás continuou ampliando a sua participação na economia


nacional, o que era um objetivo onipresente do poder público goiano em diferentes
décadas.

• Todavia, a atividade industrial que se ampliava ainda era pouco competitiva.


SEQUÊNCIA CRONOLÓGICA

• Em termos de distribuição espacial, a concentração continuava, sobretudo, nos municípios de


Goiânia e Anápolis, que conjuntamente apresentavam participação relativa superior a 50% do VA
industrial goiano, em 1980.

• No período de 1980 a 2001, a atividade industrial goiana continuou ampliando a sua participação
na indústria nacional e progressivamente, a composição do VA goiano passou a ter cada vez mais
participação do VA industrial.

• As políticas fiscais de isenções tributárias e creditícias, através do Fomentar e FCO, foram


fundamentais para justificar este crescimento e engendrar uma maior, embora tímida, dispersão
da indústria ao longo dos municípios goianos.
• Assim, embora o VA industrial continuasse amplamente concentrado em Goiânia e
municípios vizinhos, houve ligeira dispersão do VA industrial na direção de outros
municípios, muito em razão das instalações das agroindústrias, que eram a tipicidade
industrial mais estimulada pelo Fomentar.

• NO período de 2002 a 2014, Goiás continuou ampliando a sua atividade industrial, as


políticas fiscais de isenção tributária e creditícias, através do Produzir e FCO,
continuaram sendo fundamentais para o setor industrial goiano.
ATUALIDADES

O agronegócio continua a ser o setor predominante em Goiás, tendo impactos na


indústria. Além disso, o Estado respondeu, na média das duas últimas décadas, por
quase 50% da atividade produtiva industrial do Centro-Oeste. Na sequência aparecem
Mato Grosso, com 27%, e Distrito Federal, com 4%.
https://www.goias.gov.br/conheca-goias/historia.html

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