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INTERPOSIÇÃO DE RECURSO

Eu, Thaísa Rodrigues Loback Durães, RG n.º MG 12236051, CPF n.º 07711464690,
candidata inscrita sob n.º 86458, residente na rua Francisco Caldas, n.º 88A, Bairro: Centro,
Município: Formiga, UF: Minas Gerais, Telefone Fixo: inexistente, Celular: (48) 99109-8995,
venho, respeitosamente, interpor recurso perante a Comissão Examinadora do Processo
Seletivo do IFMG - Campus Formiga, a saber:

Etapa: (X ) Prova de Títulos ( ) Prova de Desempenho Didático

Fundamentação e referências bibliográficas:

Solicito a revisão das Provas de Títulos, previstas no Edital 045/2022 do Processo Seletivo
Simplificado para Professor Substituto, para os candidatos cujas titulações foram
consideradas fora do objeto do processo seletivo, conforme a barema de avaliação (Anexo
III) do referido edital. Postulo, ainda, o reconhecimento da pontuação desses títulos como
pertencentes a áreas afins, consideradas na mesma barema, apresentando a
fundamentação e as referências a seguir.

O decreto federal n.º 9.739, de 28 de março de 2019, em seu artigo 42, que trata das
informações mínimas a constarem em um edital de concurso público, traz as seguintes
exigências em seus incisos XIII, XV, XVIII e XX respectivamente:

XIII - a enunciação precisa das disciplinas das provas e dos eventuais agrupamentos de
provas;
XV - a quantidade de etapas do concurso público, com indicação das respectivas fases, seu
caráter eliminatório ou eliminatório e classificatório e indicativo sobre a existência e as
condições do curso de formação, se for o caso;

XVIII - a explicitação detalhada da metodologia para classificação no concurso público;

XX - a regulamentação dos meios de aferição do desempenho do candidato nas provas,


observado o disposto na Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003 ;

O Edital 045/2022 do IFSC não define, nem delimita quais seriam as áreas afins do objeto
do processo seletivo a que se refere. Tanto o decreto federal supracitado, quanto algumas
decisões judiciais precedentes, em que a definição de “áreas afins” é questionada, apontam
para a falta de clareza do termo e a sua total deficiência em definir as áreas a que o edital
se propõe.

Na apelação cível (AC) 198 da primeira turma do TRF-1, n.º 1003643-17.2019.4.01.0000,


publicada em 27 de janeiro de 2020, cujo relator convocado foi o desembargador federal
Rafael Paulo Soares Pinto, argumenta-se que “a expressão afins é um conceito aberto cuja
interpretação ora pode favorecer dados candidatos, ora pode desfavorecê-los, sendo que tal
sistema subjetivo de interpretação não se coaduna com a própria atuação administrativa, a
qual deve atuar nos limites da norma, devendo nesse caso ser dada a interpretação mais
favorável ao candidato.”
Mesmo admitindo que “a interpretação de área afim deve ser analisada diante do caso
concreto pelas autoridades detentoras de conhecimentos específicos na área do objeto de
análise”, essa apelação cível considera que “nenhuma área do conhecimento é uma ilha em
si mesma. Elas dialogam entre si, possuem pontos de comunicação, interrelacionam, muitas
são interdisciplinares, o que faz com que a mera classificação objetiva, criada para fins
práticos classificatórios, de uma área de conhecimento em uma grande área, conforme o
previsto na Tabela de Áreas do Conhecimento (CAPES), não afasta a possibilidade de
existência de afinidades entre áreas de conhecimento distintas, ou entre as subáreas de
áreas diferentes.” Isso posto, o IFSC não poderia usar a tabela da CAPES como referência
de forma nenhuma, pois não houve sequer uma citação dessa tabela no Edital 045/2022.

Na jurisprudência referente a concursos públicos, amparados pelo princípio constitucional


da legalidade na Administração Pública e pelo princípio da vinculação ao edital, o “edital é a
lei que rege a aplicação dos certames públicos, sendo o instrumento norteador da relação
jurídica entre a Administração e os candidatos, vinculando ambos e pautando-se por regras
isonômicas e imparciais” (AgRg no RMS 42.723/DF, Segunda Turma, Ministro Herman
Benjamin, DJE 06/03/2014).

O Recurso Ordinário n.º 0010518-42.2017.5.03.0035 da Segunda Turma do TRT-3,


publicado em 29 de maio de 2018, relatora Maristela Iris S. Malheiros, dispõe que “a
Administração Pública deve pautar suas ações na mais estrita previsibilidade, obedecendo
aos princípios e normas previstas no ordenamento jurídico pátrio. Assim, em relação ao
edital de concurso público, não se pode admitir interpretação extensiva do que nele contém,
mormente se o resultado for para prejudicar o candidato que pleiteia a admissão nos
quadros do serviço público.”

Observados todos esses argumentos, devidamente referenciados, verifica-se que a


expressão “áreas afins” dá margem para múltiplas interpretações e não pode ser definida
por regras que estejam fora do edital do concurso. Portanto, o significado dessa expressão
deve ser estendido a todas as áreas diferentes do objeto do processo seletivo, de modo a
evitar injustiças e ter a interpretação mais favorável à maioria dos candidatos. Ressalto,
ainda, a necessidade de reconhecimento das pontuações conforme essa nova
interpretação, considerando as pós-graduações diversas como títulos de doutor, mestre e
especialista em áreas afins, previstos na barema (Anexo III) do Edital 045/2022, desde que
comprovadas pela documentação requisitada para tal.

* O candidato deverá usar um formulário para cada recurso.

Formiga, 02 de dezembro de 2022,

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Assinatura do candidato

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