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ESCOLA DE ENSINO MÉDIO JOAQUIM MAGALHÃES

GEOGRAFIA- 2º ANO

URBANIZAÇÃO BRASILEIRA

A urbanização brasileira é o processo de crescimento da população urbana com relação à


população rural presente no país. Embora as cidades tenham surgido muito cedo na história do
Brasil, foi somente com a industrialização e com a modernização do campo, ambas na segunda
metade do século XX, que houve uma intensificação do êxodo rural e crescimento dos centros
urbanos. A população urbana se tornou maioria no Brasil a partir da década de 1970 e hoje
representa uma parcela de quase 85% do total de habitantes do país.

O processo de urbanização que aconteceu no Brasil se assemelha àquele de outros países


emergentes, dando-se de forma acelerada e desordenada, sem planejamento. Ao mesmo tempo
que importantes cidades e grandes metrópoles se desenvolveram, a urbanização brasileira, da
forma como foi realizada, resultou também na macrocefalia urbana e no agravamento das
desigualdades socioeconômicas e espaciais nas cidades."

CAUSAS DA URBANIZAÇÃO

Com o advento da indústria, que levou ao processo de industrialização do território brasileiro,


houve um crescimento expressivo das áreas urbanizadas e do total da população brasileira que
vivia em cidades. Ademais, a modernização do campo e a mecanização do trabalho rural fez com
que muitas pessoas migrassem em definitivo para as cidades em busca de novas oportunidades,
fenômeno conhecido como êxodo rural."

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA URBANIZAÇÃO BRASILEIRA

As pequenas vilas e cidades se formaram muito cedo na história do Brasil. No entanto, a


urbanização propriamente dita do território nacional aconteceu a partir da segunda metade do
século XX, quando a parcela da população urbana ultrapassou a população rural. O processo de
urbanização brasileiro tem algumas características em comum com outros países da América
Latina e nações emergentes de um modo geral, ao mesmo tempo que apresenta particularidades
importantes. Veja, a seguir, as principais características da urbanização brasileira:

Urbanização rápida e acelerada: a urbanização brasileira foi intensificada a partir da década


de 1950, quando se observou um maior êxodo rural (migração definitiva do campo para a cidade)
e a maior presença da indústria nas cidades.

Ausência de planejamento: em função da rapidez com que o processo transcorreu a partir


de meados do século XX, não houve planejamento urbano estratégico, por parte da gestão pública,
para o incremento de população nas cidades. Algumas das principais cidades e regiões
metropolitanas do Brasil cresceram, portanto, de forma desordenada.

Concentração espacial e polarização: a urbanização brasileira é marcada pelo


desenvolvimento de grandes centros urbanos em algumas regiões em detrimento de outras, o que
causa uma maior concentração populacional e também de serviços nessas áreas. Nesse contexto
é que surgem as metrópoles e as regiões metropolitanas."

CONSEQUÊNCIAS DA URBANIZAÇÃO BRASILEIRA


A urbanização brasileira se intensificou a partir da década de 1950 em função de fatores
como o êxodo rural, motivado pela modernização do campo e pela maior oferta de trabalho nas
cidades, e a industrialização. Esse processo, entretanto, ocorreu sem planejamento, o que
acarretou consequências para a população, para o tecido urbano e para o ordenamento territorial.
Dentre essas consequências, podemos destacar as seguintes:

Inchaço urbano ou macrocefalia urbana, derivada da concentração desigual de recursos e


serviços em uma cidade que cresce com planejamento ineficaz ou sem planejamento, acarretando
problemas de mobilidade urbana, ambientais e socioeconômicos.
Como resultado da macrocefalia urbana, além da ampliação das desigualdades sociais, há
o agravamento de problemas ambientais no meio urbano, como poluição dos solos e da água,
enchentes, deslizamentos de terra, entre outros.
Distribuição desigual da população sobre o espaço urbano, com aumento da segregação
urbana, especialmente nas regiões metropolitanas e grandes cidades.
Crescimento da periferia urbana e favelização. Essas áreas concentram a maior parcela da
população mais pobre das cidades brasileiras.
Aumento do número de pessoas atuando no mercado de trabalho informal e no setor terciário
devido à falta de oportunidades no mercado de trabalho e da baixa qualificação profissional.

Distribuição desigual da população urbana pelo território brasileiro. Segundo o IBGE, a


região mais urbanizada do Brasil é o Sudeste, onde 93% dos habitantes vivem nas cidades. O
Nordeste, embora concentre o maior número relativo de municípios, possui 73% de sua população
nas cidades, sendo a região menos urbanizada do país.

METROPOLIZAÇÃO
É o processo de formação de metrópoles
"Para entender a lógica da metropolização (e, posteriormente, da desmetropolização), é preciso
considerar a seguinte premissa básica: a industrialização tende a induzir à urbanização, ou seja,
quando uma cidade ou uma região se industrializam, a tendência é de que, com o tempo, a sua
população se eleve, bem como o número de residências e o crescimento horizontal de seu espaço
geográfico urbano."

Uma das características desse processo é que, além de ocorrer de forma acelerada, foi também
extremamente concentrador, ou seja, ocorreu através do inchaço de algumas poucas cidades – a
maioria localizada na região Sudeste do país. Como resultado dessa lógica, tivemos no Brasil a
formação das metrópoles, grandes cidades com mais de 1 milhão de habitantes e que concentram
boa parte dos serviços, empregos e infraestruturas, fenômeno que passou a ser chamado
de metropolização.

As duas primeiras metrópoles no país foram São Paulo e Rio de Janeiro, refletindo a concentração
industrial, econômica e urbana da região do Sudeste brasileiro que marcou a história do
desenvolvimento nacional. Em seguida, outras cidades do mesmo tipo emergiram, como Belo
Horizonte, Recife e Salvador.

CIDADES MÉDIAS

As cidades médias são usualmente definidas como cidades com mais de 100 e 500 mil habitantes,
que não fazem parte de regiões metropolitanas (não podem ser, portanto, nem metrópoles e nem
cidades-satélites) e que apresentam um relativo grau de avanço em sua economia e infraestrutura.
Apesar do quantitativo populacional ser considerado um critério para a sua definição, não é
considerado o elemento mais importante. O importante a ser considerado é que essas cidades
costumam polarizar cidades menores e estabelecem em torno de si um entorno composto por
centros urbanos que sofrem a sua direta influência."
Entre os vários exemplos de cidades médias existentes no país, podemos citar: Caruaru (PE),
Anápolis (GO), Imperatriz (MA), Ponta Grossa (PR), Uberaba (MG), dentre outras."
Além disso, as grandes aglomerações urbanas apresentam, de certo modo, determinados
problemas que atuam como obstáculos para a produção industrial, como trânsitos caóticos,
distúrbios microclimáticos (como as Ilhas de Calor e a Inversão Térmica), dentre outras situações.
Outro fator associado a essa “fuga de indústria” das grandes capitais é a Guerra Fiscal, uma vez
que as cidades de menor porte oferecem maiores e melhores condições em termos de incentivos
fiscais."

Por esse motivo, as cidades médias acabaram se transformando em grandes atrativos às indústrias
no país, pois oferecem uma massa de trabalhadores em quantidade suficiente, além de,
geralmente, apresentarem infraestruturas em níveis e padrões de elevada organização. Por esse
motivo, essas cidades costumam se apresentar como locais com excelentes oportunidades de
emprego, mas apenas para mão de obra especializada."

DESMETROPOLIZAÇÃO

Você provavelmente já deve ter escutado alguma vez a seguinte frase: “vida na grande cidade não
é fácil”. Os imóveis são sempre mais caros (e valorizam-se também mais depressa), o trânsito
sempre apresenta problemas, tudo fica longe de tudo, isso sem falar de transtornos ambientais
exclusivos das cidades, como as Ilhas de Calor e a Inversão Térmica."

O processo de metropolização no Brasil foi intenso até o final da década de 80. A partir desse
momento, as metrópoles pararam de crescer significativamente e teve início o processo de
desmetropolização.

O processo de desmetropolização não significa o enfraquecimento ou diminuição da influência das


metrópoles sobre as áreas ao redor. Ele significa que, a partir da década de 1990, teve início um
novo processo, caracterizado pelo crescimento e desenvolvimento de cidades de porte médio. As
regiões metropolitanas atingiram um certo grau de estabilidade no tocante ao crescimento
populacional.

O processo de desmetropolização teve como principal causa a saturação da infraestrutura das


grandes metrópoles e do aumento do custo de vida e do custo de produção para as empresas
(principalmente da mão-de-obra e dos transportes).
Neste contexto, muitas indústrias saíram das grandes cidades em direção as cidades médias do
interior. Incentivos fiscais, mão de obra e logística favorável foram os principais fatores de atração
para essas indústrias na mudança de local de produção.

Vale ressaltar também que, esse processo de crescimento de cidades médias, ocorre até os dias
de hoje. As metrópoles (São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Salvador, Porto Alegre e
Curitiba) estão deixando de ser polos industriais para se estabelecerem, cada vez mais, como
centros de prestação de serviços.

GENTRIFICAÇÃO

Gen-tri-fi-ca-ção. Trata-se de neologismo que remete aos Gentry, classe social da Inglaterra
medieval, de status inferior ao da nobreza e superior ao dos fazendeiros proprietários. Possuíam
terras, mas não trabalhavam. Viviam de renda, mas não eram nobres. O resgate irônico dessa
figura e sua apropriação no contexto contemporâneo se deve à socióloga Ruth Glass, que observou
um movimento da classe média de Londres em 1960 “invadindo” bairros operários e alterando seu
perfil.
Esse movimento fez disparar preços imobiliários, acabando por “expulsar” os antigos moradores
para acomodar confortavelmente os novos donos do pedaço. O evento foi chamado
de gentrification, que numa tradução literal, poderia ser entendida como o processo de
enobrecimento, aburguesamento ou elitização de uma área.

IMPERMEABILIZAÇÃO DO SOLO

A urbanização amplia a cobertura asfáltica e de concreto, o que faz com que a água das chuvas
não consiga penetrar nos solos e seguir, então, o que seria o seu curso natural. A quantidade
insuficiente de bocas de lobo para a drenagem da água ou o seu bloqueio devido ao acúmulo de
lixo, em conjunto com a impermeabilização dos solos e a mudança no curso dos rios, intensificam
as enchentes e as inundações e dão origem a alagamentos."

VIOLÊNCIA

Os crimes que acontecem em meio urbano podem ser atribuídos a diversos fatores, dentre
os quais os principais são o desemprego e a falta de acesso aos direitos humanos básicos.
Considerando a população marginalizada, observa-se um menor índice de educação,
profissionalização e maior necessidade de emprego para o sustento. Tais pontos, quando somados
a necessidade cada vez maior de trabalhadores especializados, gera um grande bolsão de pessoas
desempregadas nos países.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Pesquisa (IBGE), 45,9% dos brasileiros aptos
a trabalhar não possuem emprego fixo ou registrado, muitas vezes optando pela remuneração
informal e pela busca incessante por trabalho.
Com esses fatores, muitas vezes, a criminalidade aumenta exponencialmente. Um estudo
do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) aponta que 1% a mais de desempregados
homens resulta em um crescimento de 1,8% na taxa de homicídios. O mesmo documento também
mostra que para cada 1% de jovens homens que concluem os estudos, a taxa de violência diminui
em 1,9%.
Portanto, é possível associar o desemprego e a educação deficiente com a ocorrência de
assaltos, sequestros, furtos, invasões domiciliares, latrocínios e outros crimes próprios dos grandes
centros urbanos.

HIERARQUIA URBANA

A hierarquia urbana é a maneira como as cidades organizam-se dentro de uma escala de


subordinação. Na prática, ocorre quando vilas e cidades menores subordinam-se às cidades
médias, e estas se subordinam às cidades grandes. Por meio da hierarquia urbana, pode-se
conhecer a importância de uma cidade e a sua relação de subordinação ou influência sobre as
outras que estão à sua volta.
Essa teoria não é estabelecida apenas pelo tamanho da cidade ou pelo contingente
populacional, mas especialmente pela quantidade e variedade de bens e serviços oferecidos.
Quanto maior é a sua importância no processo produtivo, maior é a sua colocação na hierarquia
urbana.
A ideia de hierarquia urbana, especialmente na atualidade, está vinculada ao conceito de
rede urbana, que nada mais é do que a rede de relações econômicas, sociais e culturais que
integram as cidades."

A hierarquia urbana é composta por estruturas categorizadas na seguinte classificação:

Metrópole: cidade de maior porte que se caracteriza pelo poder de atração e influência que exerce
sobre um expressivo número de cidades do seu entorno. É o centro mais importante da rede
urbana, por isso, seu nível de influência pode ser classificado como regional ou nacional:

Metrópole nacional: Grande centro urbano, com variedade de serviços e influência sobre os centros
regionais, capitais regionais e as metrópoles regionais.
Metrópole regional: Cidade que exerce grande influência em seu próprio estado. Apresenta mais
de um milhão de habitantes e grande concentração de pessoas.

Centros regionais: São cidades médias que exercem influência em âmbito regional. Podem ser ou
não uma capital de estado. Normalmente são referência no desenvolvimento da produção de bens
e serviços para as cidades de seu entorno e também estabelecem vínculo mais próximo com as
metrópoles nacionais;

Cidade local: cidade de pequeno porte em que sua população, muitas vezes, recorre aos centros
urbanos maiores para ter acesso a bens ou serviços que não são ali oferecidos;

Vila: pequeno aglomerado urbano que não foi alcançou a condição de cidade. A grande maioria
dos bens e serviços não é oferecida. Necessita recorrer frequentemente a centros urbanos maiores
para ter suas necessidades atendidas."

PROCESSO DE CONURBAÇÃO

Entende-se por conurbação quando duas ou mais cidades se “encontram” e formam um


mesmo espaço geográfico. Isso ocorre quando o crescimento dessas cidades é elevado e as suas
respectivas malhas urbanas integram-se, tornando-se um único meio urbano.
Ao compreender o que é e como se estrutura a conurbação, podemos notar a diferença entre
cidade e espaço urbano. No caso de municípios conurbados, observamos um exemplo em que
várias cidades diferentes formam um mesmo espaço urbano integrado econômica, social e
estruturalmente, com um intenso fluxo de capitais, mercadorias e, principalmente, de pessoas.
A conurbação não é o único, mas, com certeza, o principal elemento constitutivo das Regiões
Metropolitanas. Isso porque esse fenômeno costuma ocorrer a partir de grandes cidades e sua
junção com as chamadas “áreas de entorno” ou “cidades-satélites”. Assim, forma-se uma região
metropolitana que, obviamente, estrutura-se a partir da metrópole que se expande em direção às
cidades vizinhas.
Essas cidades, em muitos casos, são apelidadas de “cidades-dormitórios”, uma vez que a
maior parte de seus moradores trabalha, estuda ou exerce a maioria de suas atividades (incluindo
lazer, consultas médicas e negócios) nas metrópoles. Registra-se, então, uma grande atuação das
chamadas migrações pendulares nesses espaços. Apesar disso, algumas dessas cidades-
satélites conseguem uma relativa autonomia, que se configura na medida em que conseguem
dinamizar suas economias, com a instalação de indústrias, ampliação do comércio, serviços e
geração de empregos.

GENTRIFICAÇÃO

Gentrificação é um processo de transformação e supervalorização de uma determinada área


da cidade, promovendo um aumento no custo de vida. Essa dinâmica imposta atrai um novo perfil
de moradores — uma população de maior poder aquisitivo —, ao mesmo tempo que expulsa seus
antigos residentes, que partem em busca de bairros mais acessíveis economicamente. Diante
disso, a gentrificação aprofunda a segregação socioespacial e evidencia a falta de um planejamento
urbano mais eficaz nas cidades.

CONSEQUÊNCIAS DA GENTRIFICAÇÃO

A gentrificação provoca uma mudança não somente na paisagem cultural de determinados bairros
das cidades, mas sobretudo no perfil populacional daquela área. Levando em consideração o que
vimos sobre a forma e as causas associadas ao processo de gentrificação, listamos a seguir
algumas das principais consequências:

-aumento do custo de vida, resultante da elevação no preço dos aluguéis e dos terrenos nas
áreas que passaram pela gentrificação;
-elitização (ou enobrecimento) de bairros em decorrência da instalação de uma população de
maior poder aquisitivo;

-expulsão dos antigos moradores, em especial os mais pobres, o que acontece principalmente
em função do encarecimento dos aluguéis e dos serviços em geral. Assim, tem-se a ampliação da
segregação do espaço urbano."

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