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INTERPRETAÇÃO

DE DESENHO
MECÂNICO

SENAI-RJ • Mecânica
INTERPRETAÇÃO
DE DESENHO
MECÂNICO
Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro
Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira
Presidente

Diretoria-Geral do Sistema FIRJAN


Augusto Cesar Franco de Alencar
Diretor

Diretoria Regional do SENAI-RJ


Roterdam Pinto Salomão
Diretor

Diretoria de Educação
Andréa Marinho de Souza Franco
Diretora
INTERPRETAÇÃO
DE DESENHO
MECÂNICO

SENAI-RJ
Rio de Janeiro
2007
Interpretação de Desenho Mecânico
© 2007

SENAI- Rio de Janeiro


Diretoria de Educação

Gerência da Educação Profissional Regina Helena Malta do Nascimento

Material para fins didáticos em atendimento


ao Curso Operador de Usinagem de Motores – Peugeot.

EQUIPE TÉCNICA

Coordenação Angela Elizabeth Denecke

Vera Regina Costa Abreu

Seleção de conteúdo Edson de Melo

Revisão pedagógica Márcia Elisa L. S. Rendeiro

Projeto gráfico Artae Design & Criação

Editoração Lienice Silva de Souza

Tratamento de imagens Alexandre Tavares Alves dos Santos (estagiário)

Colaboração Gisele Rodrigues Martins (estagiária)

Este material foi construído mediante a compilação de diversas apostilas publicadas pela Instituição,
sendo elas: Iniciação ao Desenho e Desenho Técnico Mecânico do SENAI-RJ; Desenho Técnico Mecânico do
SENAI-MG, Informações Técnicas Mecânica do SENAI-RS, Desenho Técnico Mecânico SENAI-SC.

SENAI - Rio de Janeiro


GEP - Gerência de Educação Profissional
Rua Mariz e Barros, 678 - Tijuca
20270-903 - Rio de Janeiro - RJ
Tel: (021) 2587-1323
Fax: (021) 2254-2884
GEP@rj.senai.br
http://www.firjan.org.br
Prezado aluno,

Quando você resolveu fazer um curso em nossa instituição, talvez não soubesse que, desse
momento em diante, estaria fazendo parte do maior sistema de educação profissional do país: o SENAI.
Há mais de 65 anos, estamos construindo uma história de educação voltada para o desenvolvimento
tecnológico da indústria brasileira e para a formação profissional de jovens e adultos.

Devido às mudanças ocorridas no modelo produtivo, o trabalhador não pode continuar com uma
visão restrita dos postos de trabalho. Hoje, o mercado exigirá de você, além do domínio do conteúdo
técnico de sua profissão, competências que lhe permitam tomar decisões com autonomia, proatividade,
capacidade de análise, solução de problemas, avaliação de resultados e propostas de mudanças no
processo do trabalho. Você deverá estar preparado para o exercício de papéis flexíveis e polivalentes,
assim como para a cooperação e a interação, o trabalho em equipe e o comprometimento com os
resultados.

É também importante considerar que a produção constante de novos conhecimentos e tecnologias


exigirá de você a atualização contínua de seus conhecimentos profissionais, evidenciando a necessidade
de uma formação consistente, que lhe proporcione maior adaptabilidade e instrumentos essenciais à
auto-aprendizagem.

Essa nova dinâmica do mercado de trabalho vem requerendo que os sistemas de educação se
organizem de forma flexível e ágil, motivo esse que levou o SENAI a criar uma estrutura educacional
com o propósito de atender às novas necessidades da indústria, estabelecendo uma formação flexível
e modularizada.

Essa formação flexível tornará possível a você, aluno do sistema, voltar e dar continuidade à sua
educação, criando seu próprio percurso. Além de toda a infra-estrutura necessária a seu
desenvolvimento, você poderá contar com o apoio técnico-pedagógico da equipe de educação dessa
escola do SENAI para orientá-lo em seu trajeto.

Mais do que formar um profissional, estamos buscando formar cidadãos.

Seja bem-vindo!

Andréa Marinho de Souza Franco

Diretora de Educação
Sumário

APRESENTAÇÃO ........................................................ 11

UMA PALAVRA INICIAL ............................................. 13

1 INTRODUÇÃO ........................................................... 17
TIPOS DE DESENHO ...................................................... 19
LINGUAGEM DO DESENHO MECÂNICO .................................... 27

2 NORMAS TÉCNICAS ................................................... 29


NORMAS TÉCNICAS: O QUE SÃO E PARA QUE SERVEM .................. 31
ABNT .................................................................... 34

3 LINHAS CONVENCIONAIS E MORFOLOGIA


GEOMÉTRICA ........................................................... 37
LINHAS CONVENCIONAIS .................................................... 39
MORFOLOGIA GEOMÉTRICA ................................................. 58

4 SÓLIDOS GEOMÉTRICOS ........................................... 71


CLASSIFICAÇÃO DOS SÓLIDOS GEOMÉTRICOS ............................. 73

5 PROJEÇÃO ORTONOGAL NO 1º E 3º DIEDROS ............. 81


SISTEMA DE PROJEÇÃO ...................................................... 83
PROJEÇÕES NO PRIMEIRO DIEDRO E NO TERCEIRO DIEDRO ............... 89
6 CORTE / HACHURA E VISTA SIMPLIFICADA
DE DESENHO ............................................................ 99
CORTE / HACHURA .................................................... 101
VISTA SIMPLIFICADA ................................................... 125

7 ESCALA DE DESENHO .............................................. 129


AFINAL, O QUE É ESCALA? ............................................. 131
DESENHO TÉCNICO EM ESCALA ......................................... 133

8 COTAGEM ............................................................... 139


COTA – O QUE É E PARA QUE SERVE ................................. 141
ELEMENTOS BÁSICOS DA COTAGEM .................................... 142
INDICAÇÕES SUPLEMENTARES .......................................... 149

9 SIMBOLOGIA DE ACABAMENTO SUPERFICIAL ........... 159


ACABAMENTO SUPERFICIAL ............................................. 161
A SIMBOLOGIA ANTIGA ................................................. 162

10 TOLERÂNCIA DIMENSIONAL .................................... 173


TOLERÂNCIA: ALGUMAS DEFINIÇÕES .................................. 175
AJUSTE MECÂNICO ...................................................... 181
INDICAÇÃO DAS COTAS COM TOLERÂNCIA ............................. 187

11 TOLERÂNCIA GEOMÉTRICA...................................... 191


A IMPORTÂNCIA DAS TOLERÂNCIAS GEOMÉTRICAS .................... 193
INDICATIVOS DAS TOLERÂNCIAS GEOMÉTRICAS ....................... 194

12 INTERPRETAÇÃO DE DESENHO DE CONJUNTO .......... 223


DESENHOS INTERPRETATIVOS .......................................... 225

REFERÊNCIAS ......................................................... 249


Interpretação de desenho mecânico – Apresentação

Apresentação
A dinâmica social dos tempos de globalização exige dos profissionais atualização constante.
Mesmo as áreas tecnológicas de ponta ficam obsoletas em ciclos cada vez mais curtos, trazendo
desafios renovados a cada dia e tendo como conseqüência para a educação a necessidade de encontrar
novas e rápidas respostas.

Nesse cenário, impõe-se a educação continuada, exigindo que os profissionais busquem atualização
constante durante toda a sua vida – e os docentes e alunos do SENAI/RJ incluem-se nessas novas
demandas sociais.

É preciso, pois, promover, tanto para os docentes como para os alunos da educação profissional,
as condições que propiciem o desenvolvimento de novas formas de ensinar e aprender, favorecendo
o trabalho de equipe, a pesquisa, a iniciativa e a criatividade, entre outros aspectos, ampliando suas
possibilidades de atuar com autonomia, de forma competente.

Esta material objetiva levá-lo a compreender o desenho técnico de peças ou conjuntos mecânicos,
que se apresente dentro das Normas Técnicas. Ao longo do processo de aprendizagem você terá
também a oportunidade de rever conceitos importantes relacionados à linguagem e aos diferentes
tipos de desenho, além, é claro, de exercitar sua capacidade interpretativa – recurso essencial no seu
campo de trabalho.

Uma vez lançado o desafio, vamos em frente.

SENAI-RJ 11
Interpretação de desenho mecânico – Uma palavra inicial

Uma palavra inicial

Meio ambiente...

Saúde e segurança no trabalho...

O que é que nós temos a ver com isso?

Antes de iniciarmos o estudo deste material, há dois pontos que merecem destaque: a relação
entre o processo produtivo e o meio ambiente; e a questão da saúde e segurança no trabalho.

As indústrias e os negócios são a base da economia moderna. Produzem os bens e serviços


necessários e dão acesso a emprego e renda; mas, para atender a essas necessidades, precisam usar
recursos e matérias-primas. Os impactos no meio ambiente muito freqüentemente decorrem do tipo
de indústria existente no local, do que ela produz e, principalmente, de como produz.

É preciso entender que todas as atividades humanas transformam o ambiente. Estamos sempre
retirando materiais da natureza, transformando-os e depois jogando o que “sobra” de volta ao ambiente
natural. Ao retirar do meio ambiente os materiais necessários para produzir bens, altera-se o equilíbrio
dos ecossistemas e arrisca-se ao esgotamento de diversos recursos naturais que não são renováveis
ou, quando o são, têm sua renovação prejudicada pela velocidade da extração, superior à capacidade
da natureza para se recompor. É necessário fazer planos de curto e longo prazo, para diminuir os
impactos que o processo produtivo causa na natureza. Além disso, as indústrias precisam se preocupar
com a recomposição da paisagem e ter em mente a saúde dos seus trabalhadores e da população que
vive ao redor delas.

Com o crescimento da industrialização e a sua concentração em determinadas áreas, o problema


da poluição aumentou e se intensificou. A questão da poluição do ar e da água é bastante complexa,
pois as emissões poluentes se espalham de um ponto fixo para uma grande região, dependendo dos
ventos, do curso da água e das demais condições ambientais, tornando difícil localizar, com precisão,
a origem do problema. No entanto, é importante repetir que, quando as indústrias depositam no solo
os resíduos, quando lançam efluentes sem tratamento em rios, lagoas e demais corpos hídricos, causam
danos ao meio ambiente.

SENAI-RJ 13
Interpretação de desenho mecânico – Uma palavra inicial

O uso indiscriminado dos recursos naturais e a contínua acumulação de lixo mostram a falha
básica de nosso sistema produtivo: ele opera em linha reta. Extraem-se as matérias-primas através de
processos de produção desperdiçadores e que produzem subprodutos tóxicos. Fabricam-se produtos
de utilidade limitada que, finalmente, viram lixo, o qual se acumula nos aterros. Produzir, consumir e
dispensar bens desta forma, obviamente, não é sustentável.

Enquanto os resíduos naturais (que não podem, propriamente, ser chamados de “lixo”) são
absorvidos e reaproveitados pela natureza, a maioria dos resíduos deixados pelas indústrias não tem
aproveitamento para qualquer espécie de organismo vivo e, para alguns, pode até ser fatal. O meio
ambiente pode absorver resíduos, redistribuí-los e transformá-los. Mas, da mesma forma que a Terra
possui uma capacidade limitada de produzir recursos renováveis, sua capacidade de receber resíduos
também é restrita, e a de receber resíduos tóxicos praticamente não existe.

Ganha força, atualmente, a idéia de que as empresas devem ter procedimentos éticos que
considerem a preservação do ambiente como uma parte de sua missão. Isto quer dizer que se devem
adotar práticas que incluam tal preocupação, introduzindo processos que reduzam o uso de matérias-
primas e energia, diminuam os resíduos e impeçam a poluição.

Cada indústria tem suas próprias características. Mas já sabemos que a conservação de recursos
é importante. Deve haver crescente preocupação com a qualidade, durabilidade, possibilidade de
conserto e vida útil dos produtos. As empresas precisam não só continuar reduzindo a poluição como
também buscar novas formas de economizar energia, melhorar os efluentes, reduzir a poluição, o lixo,
o uso de matérias-primas. Reciclar e conservar energia são atitudes essenciais no mundo
contemporâneo.

É difícil ter uma visão única que seja útil para todas as empresas. Cada uma enfrenta desafios
diferentes e pode se beneficiar de sua própria visão de futuro. Ao olhar para o futuro, nós (o público,
as empresas, as cidades e as nações) podemos decidir quais alternativas são mais desejáveis e trabalhar
com elas.

Infelizmente, tanto os indivíduos quanto as instituições só mudarão as suas práticas quando


acreditarem que seu novo comportamento lhes trará benefícios – sejam estes financeiros, para sua
reputação ou para sua segurança.

Devemos ainda observar que a mudança nos hábitos não é uma coisa que possa ser imposta.
Deve ser uma escolha de pessoas bem-informadas a favor de bens e serviços sustentáveis. A tarefa
é criar condições que melhorem a capacidade de as pessoas escolherem, usarem e disporem de bens
e serviços de forma sustentável.

Além dos impactos causados na natureza, diversos são os malefícios à saúde humana provocados
pela poluição do ar, dos rios e mares, assim como são inerentes aos processos produtivos alguns
riscos à saúde e segurança do trabalhador. Atualmente, acidente do trabalho é uma questão que
preocupa os empregadores, empregados e governantes, e as conseqüências acabam afetando a todos.

14 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Uma palavra inicial

De um lado, é necessário que os trabalhadores adotem um comportamento seguro no trabalho,


usando os equipamentos de proteção individual e coletiva; de outro, cabe aos empregadores prover a
empresa com esses equipamentos, orientar quanto ao seu uso, fiscalizar as condições da cadeia
produtiva e a adequação dos equipamentos de proteção. A redução do número de acidentes só será
possível à medida que cada um – trabalhador, patrão e governo – assuma, em todas as situações,
atitudes preventivas, capazes de resguardar a segurança de todos.

Deve-se considerar, também, que cada indústria possui um sistema produtivo próprio, e, portanto,
é necessário analisá-lo em sua especificidade, para determinar seu impacto sobre o meio ambiente,
sobre a saúde e os riscos que o sistema oferece à segurança dos trabalhadores, propondo alternativas
que possam levar à melhoria de condições de vida para todos.

Da conscientização, partimos para a ação: cresce, cada vez mais, o número de países, empresas
e indivíduos que, já estando conscientizados acerca dessas questões, vêm desenvolvendo ações que
contribuem para proteger o meio ambiente e cuidar da nossa saúde. Mas, isso ainda não é suficiente...
faz-se preciso ampliar tais ações, e a educação é um valioso recurso que pode e deve ser usado em
tal direção. Assim, iniciamos este material conversando com você sobre o meio ambiente, saúde e
segurança no trabalho, lembrando que, no seu exercício profissional diário, você deve agir de forma
harmoniosa com o ambiente, zelando também pela segurança e saúde de todos no trabalho.

Tente responder à pergunta que inicia este texto: meio ambiente, a saúde e a segurança no
trabalho – o que é que eu tenho a ver com isso? Depois, é partir para a ação. Cada um de nós é
responsável. Vamos fazer a nossa parte?

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Introdução
Nesta unidade ...

Tipos de desenho

Linguagem do desenho mecânico

1
Interpretação de desenho mecânico – Introdução

Tipos de desenho
Quando um profissional executa um trabalho, é comum que ele utilize informações contidas na
sua memória. Embora a mente humana organize e guarde as mais diversas informações na execução
de tarefas, um trabalho técnico exigirá desse mesmo profissional muitos cuidados especiais.

Na indústria, para a execução de uma determinada peça, as informações


podem ser apresentadas de diversas maneiras:
· A palavra – dificilmente transmite a idéias da forma de uma peça.
· A peça – nem sempre pode servir de modelo.
· A fotografia – não esclarece os detalhes internos da peça.
· O desenho – transmite todas as idéias de forma e dimensões de uma peça,
e ainda fornece uma série de informações, como:
- o material de que é feita a peça;
- o acabamento das superfícies;
- a tolerância dimensional;
- a tolerância de forma;
- a tolerância de posição, etc.

Como já foi dito na apresentação, nosso principal objetivo é levar você a interpretar desenho
técnico mecânico de peças e conjuntos, mas antes vale à pena conhecer os diversos tipos de desenho
com os quais nos deparamos diariamente. Você verá que cada um tem a sua importância.

Vivemos em uma sociedade que faz uso diversificado do desenho, ele está presente no lazer, no
trabalho, no trânsito, na escola ...

Em cada atividade exerce uma função: ora diverte, ora informa, ora direciona. De acordo com
as suas funções, os desenhos ganham especificidade, adquirem características próprias e recursos
diferentes são utilizados para sua execução.

Vamos então conhecer algumas dessas especificidades.

SENAI-RJ 19
Interpretação de desenho mecânico – Introdução

Comecemos pela pintura!


Desde a antiguidade o homem utiliza o desenho e a pintura para expressar-se, registrando de
várias formas sua época, suas idéias e seus sentimentos. Certamente você já ouviu falar em Leonardo
da Vinci (1452-1519), conhecido por sua enorme contribuição no campo das artes e das ciências. Ele
deixou inúmeras obras de arte, diversos tratados científicos e muitos estudos tecnológicos. Dentre
suas obras artísticas, destacamos como exemplo o quadro Mona Lisa (Gioconda), (Figura 1), hoje em
exposição no Museu do Louvre (Paris, França).

Fig. 1

O que são charges?


Chamamos charges os desenhos que representam com humor, situações, acontecimentos e
fatos ocorridos na sociedade. Estão presentes nos jornais, trazendo para o leitor o acontecimento de
forma bem humorada.

A mensagem do desenho publicitário!


Você já deve ter observado que a publicidade faz enorme uso de desenhos em suas mensagens.
Há quem diga que: “uma imagem vale por mil palavras”. Você concorda com essa afirmativa?

Imaginamos que sim, considerando que não é necessário saber inglês, alemão, francês ou outra
língua qualquer para entender uma imagem.

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Interpretação de desenho mecânico – Introdução

Na figura 2 destacamos um exemplo de desenho publicitário:

Fig. 2

Desenho simbólico!
O desenho simbólico utiliza figuras, formas ou cores para representar alguma coisa.

Observando os exemplos que se seguem, você perceberá que esse simbolismo pode ser expresso
de várias formas.

Fig. 3 Fig. 4

Brasões

Fig. 5
SENAI-RJ 21
Interpretação de desenho mecânico – Introdução

Logomarcas

Fig. 6

Outros exemplos de desenhos simbólicos

Você reconhecerá nas figuras 7 e 8 exemplos de desenhos simbólicos que


podem fazer parte do seu ambiente de trabalho. Sendo assim, identificá-los
será medida de segurança.

• Da área de segurança no transporte de mercadorias.

Proteção contra umidade Frágil Inflamável Corrosivo

Fig. 7

• Da área de proteção ambiental.

Proibido fumar Radiação Reciclagem

Fig. 8

22 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Introdução

A simbologia aplicada nas áreas técnicas

Depois de ter atualizado seus conhecimentos sobre os vários tipos de desenho presentes no dia
a dia, vale destacar aqueles mais diretamente relacionados ao mundo do trabalho.

• Da área de soldagem.

Fig. 9

• Da área mecânica.

Vista Perspectiva

Cabeça do
parafuso

Fig. 10

O desenho de arquitetura e suas


características
Outro desenho cheio de especificidades é o de arquitetura. A construção de qualquer casa ou
prédio requer sempre uma série de desenhos, tais como: Planta de Fachada, Planta Baixa, Planta de
Instalações Elétricas, Corte, etc.

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Interpretação de desenho mecânico – Introdução

fACHADA

Fig. 11 – Fachada

Planta baixa

A planta baixa tem a função de mostrar todos os cômodos de uma casa com suas dimensões. Ao
analisar um desenho como esse, você poderá localizar portas, janelas, aparelhos sanitários, lavatórios,
enfim, todos os detalhes necessários à execução da construção (Figura 12).

Para representar uma planta baixa, o desenho supõe um corte ao nível das janelas. Ao retirarmos
a parte superior do corte identificaremos a planta na parte inferior.

Os desenhos de arquitetura, são elaborados de acordo com as normas da


ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas.

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Interpretação de desenho mecânico – Introdução

Fig. 12 – Planta

Planta de instalações elétricas

É um desenho feito com base na planta baixa de arquitetura e mostra, de maneira esquemática,
a localização dos componentes elétricos (tomadas, interruptores, motores, pontos de luz, campainhas,
quadros de distribuição, etc.), bem como todos os eletrodutos por onde deve passar a fiação elétrica
e o seu respectivo trajeto (Figura13).

A instalação elétrica deve estar de acordo com as normas técnicas


estabelecidas pela concessionária local.
Os eletricistas instaladores prediais necessitam saber ler e interpretar tanto
as plantas de arquitetura quanto as plantas de instalação elétrica.

SENAI-RJ 25
Interpretação de desenho mecânico – Introdução

Fig. 13 – Planta de instalação elétrica

Os desenhos de arquitetura estão repletos de símbolos gráficos, observe os que foram utilizados
nos desenhos de plantas de instalações elétricas (eles estão normatizados pela ABNT – Associação
Brasileira de Normas Técnicas).

Ponto de luz Eletroduto Torrada alta Interruptor

Fig. 14

Desenhos esquemáticos
No propósito de definir os mais variados tipos de desenho, destacamos a importância dos desenhos
esquemáticos.

Eles são normalmente aplicados na execução de esquemas técnicos nas mais diversas áreas,
como por exemplo:

• elétrica

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Interpretação de desenho mecânico – Introdução

• eletrônica
• mecânica

Desenho técnico mecânico


Finalmente chegamos a definição do Desenho Técnico Mecânico. Para que você possa interpretá-
lo mais adiante, destacamos que a sua finalidade principal é expressar, mediante uma linguagem
gráfica normatizada, forma e dimensões de um objeto por meio de projeções ortogonais.

O conhecimento das projeções ortogonais é indispensável para executar


ou simplesmente ler um desenho técnico.

Algumas áreas profissionais que necessitam utilizar o desenho técnico mecânico para a realização
de seus trabalhos:

• As indústrias mecânicas em geral;


• A construção de estruturas metálicas;
• O trabalho com ferramentas e dispositivos;
• A criação de moldes para plásticos;
• A construção de tubulações industriais;
• O preparo das estruturas de alumínio;
• Os trabalhos de soldagem.

Linguagem do desenho
mecânico
Uma vez identificados os vários tipos de desenho e destacado o Desenho Mecânico como alvo
maior do nosso estudo, cabe compreender o papel do mesmo no universo industrial. Como ele surgiu?
Por que é tão importante?

SENAI-RJ 27
Interpretação de desenho mecânico – Introdução

Para começo de conversa é preciso destacar que a necessidade de um tipo de linguagem que
pudesse ser entendida em qualquer idioma fez com que o homem criasse diversas técnicas gráficas,
utilizando para isso as chamadas projeções.

O caminho percorrido foi árduo, uma vez que não é simples a tarefa de se retirar a imagem
tridimensional do objeto no espaço e lançá-la no plano do papel – no qual há duas dimensões.
Especialmente se considerarmos que é preciso manter as medidas reais de comprimento, largura e
altura de todos os detalhes, para uma eventual fabricação.

Na segunda metade do século XIX, pressionado pela Revolução Industrial,


o Desenho Mecânico passou a ser usado por engenheiros e técnicos, como
uma linguagem universal, expressando e registrando idéias, assim como
fornecendo dados necessários à produção de produtos intercambiáveis.

O Desenho Mecânico é usado na indústria, pelos engenheiros, técnicos e desenhistas e é a


linguagem gráfica em que se expressam e registram as idéias e os dados para a construção de
máquinas e estruturas.

A importância deste desenho no processo industrial é tanta que mesmo quem nunca venha a
desenhar deve ser capaz de interpretar corretamente o seu conteúdo. Daí a razão pela qual, ele é
regido por normas técnicas.

Na próxima unidade, você entenderá melhor a importância da normatização, suas vantagens e o


órgão brasileiro responsável pela normatização técnica no Brasil.

28 SENAI-RJ
Normas Técnicas
Nesta unidade ...

Normas técnicas: o que são e para que servem?

ABNT

2
Interpretação de desenho mecânico – Normas Técnicas

Normas técnicas: o que são e


para que servem?

Inicialmente, o desenho mecânico era descomprometido com regras e normas de execução.


Hoje, assume uma posição difusa e multidisciplinar, utilizando-se de uma linguagem normatizada e
universal. Das idéias preliminares aos estágios finais de representação, sua aplicação se faz presente
em projetos mecânicos, elétricos, mobiliários, arquitetônicos, aeroespaciais, navais e em inúmeras
outras áreas.

De acordo com as normas técnicas de cada área ocupacional, você poderá observar que nas
figuras a seguir as representações foram feitas por meio de traços, símbolos, números e indicações
escritas.

Desenho Técnico
Desenho Técnico
de Mecânica
de Marcenaria

Sala Cozinha

BWC

Quarto Quarto

Desenho Técnico de Arquitetura

Fig. 1

SENAI-RJ 31
Interpretação de desenho mecânico – Normas Técnicas

No Brasil, a entidade responsável pelas normas técnicas é a ABNT –


Associação Brasileira de Normas Técnicas.

No caso da área de mecânica, o desenho técnico chega pronto às mãos do profissional responsável
pela execução da peça. Esse profissional deve ler e interpretar o desenho para que possa executar a
peça.

Quando o profissional consegue ler e interpretar corretamente o desenho


técnico, ele é capaz de imaginar exatamente como será a peça, antes mesmo
de executá-la. Para tanto, é imprescindível conhecer, não somente os
princípios de representação da geometria descritiva mas também as normas
técnicas em que o desenho se baseia.

Definição de normas técnicas


Normas técnicas são, basicamente, um conjunto de diretrizes que garantem a qualidade de um
produto ou serviço. A ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas – é o Fórum Nacional da
Normatização. As Normas Brasileiras, cujo conteúdo é de responsabilidade dos Comitês Brasileiros
(CB) e dos Organismos de Normalização Setorial (ONS), são elaboradas por Comissões de Estudo
(CE), formadas por representantes dos setores envolvidos, delas fazendo parte produtores,
consumidores e neutros (universidades, laboratórios e outros).

A Norma técnica tem o caráter de lei, pois ela serve de base para analisar se um produto ou
serviço está dentro dos critérios de qualidade exigidos.

O Código de Defesa do Consumidor – Lei 8078, de 11/09/90, em seu artigo


39, inciso VIII, deixa isso bem claro:
“É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços ... colocar, no mercado
de consumo, qualquer produto ou serviço em desacordo com as normas
expedidas pelos órgãos oficiais competentes ou, se normas específicas não
existirem, pela Associação Brasileira de Normas Técnicas ou outra entidade
credenciada pelo Conselho Nacional de Metrologia, Normatização e
Qualidade Industrial – CONMETRO”.

32 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Normas Técnicas

Normatização
A partir da definição de Normas Técnicas você já pode concluir que Normatização é o processo
de formulação e aplicação de regras para um tratamento ordenado de uma atividade específica. Com
a cooperação de todos os interessados o processo promove a economia global, levando na devida
conta, as condições funcionais e os requisitos de segurança.

Objetivos
O estudo e a aplicabilidade das Normas Técnicas tem como objetivos:

• SIMPLIFICAÇÃO
Reduzir a crescente variedade de procedimentos e tipos de produtos.

• COMUNICAÇÃO
Proporcionar os meios mais eficientes para a troca de informações entre o fabricante e o
cliente, melhorando a confiabilidade das relações comerciais e de serviços.

• ECONOMIA
Visa a economia global, tanto do lado do produtor quanto do consumidor.

• SEGURANÇA
Proteger a vida humana e a saúde. A segurança é considerada um dos principais objetivos da
normatização.

• PROTEÇÃO AO CONSUMIDOR
Possibilitar à comunidade o controle na qualidade dos produtos.

• ELIMINAÇÃO DAS BARREIRAS COMERCIAIS


Evitar a existência de regulamentos conflitantes sobre produtos e serviços em diferentes paí-
ses, facilitando assim o intercâmbio comercial.

SENAI-RJ 33
Interpretação de desenho mecânico – Normas Técnicas

Vantagens
A normatização oferece muitas vantagens ao mundo do trabalho. Observe com atenção o
Quadro 1.

Vantagens qualitativas Vantagens quantitativas


1. Utiliza adequadamente os recursos – 1. Reduz o consumo e o desperdício
equipamentos, materiais e mão-de- (gestão de materiais).
obra.
2. Especifica matérias-primas.
2. Disciplina a produção e as ativida-
3. Padroniza componentes e
des, uniformizando o trabalho.
equipamentos.
3. Facilita o treinamento e melhora o
4. Reduz as variedades de produtos.
nível técnico da mão-de-obra.
5. Fornece procedimentos para cálcu-
4. Registra o conhecimento
los de projetos.
tecnológico.
6. Aumenta a produtividade.
5. Facilita a contratação ou a venda de
tecnologia. 7. Melhora a qualidade de produtos e
serviços.
8. Controla produtos e processos.

Quadro 1 – Vantagens da normatização

ABNT
Fundada em 1940, a ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas – é o órgão responsável
pela normatização técnica no país, fornecendo a base necessária ao desenvolvimento tecnológico
brasileiro. A ABNT é membro fundador da ISO (International Organization for Standardization),
da COPANT (Comissão Pan-Americana de Normas Técnicas) e do CMN (Comitê Mercosul de
Normatização).

Os objetivos da ABNT:
1. Promover a elaboração de normas técnicas e aumentar seu uso nos campos científicos, técni-
co, industrial, comercial, agrícola e correlato, mantendo-as atualizadas, apoiando-se, para tan-
to, na melhor experiência técnica e em trabalhos de laboratório.

2. Incentivar e promover a participação das comunidades técnicas na pesquisa, desenvolvimento


e difusão da normatização técnica do país.

3. Representar o Brasil nas entidades internacionais de normatização técnica.

4. Colaborar com organizações similares estrangeiras, intercambiando normas e informações


técnicas.

34 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Normas Técnicas

5. Colaborar com o Estado no estudo e na busca por soluções para os problemas que se relacio-
nam com a normatização técnica em geral.

6. Conceder Marca de Conformidade e outros certificados referentes à adoção de normas ou


documentos técnicos.

7. Prestar serviços no campo da normatização técnica.

8. Intermediar junto aos poderes públicos os interesses da sociedade civil no tocante aos assuntos
de normatização técnica.

A ABNT é a única representante no Brasil das entidades de normatização internacional ISO


(International Organization for Standardization) e IEC (Internacional Electrotechnilcal
Comission) e das entidades de normatização regional COPANT (Comissão Pan-Americana de Normas
Técnicas) e do CMN (Comitê Mercosul de Normalização).

O presente material de estudos foi concebido obedecendo a uma ordem didática. Nele, tivemos
o cuidado em abordar diversas informações geométricas e não geométricas que constituem o desenho
técnico mecânico. Em sua elaboração tomamos como base várias normas técnicas vigentes como:
ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), DIN (Deutsches Institut Fur Normung), ANSI
(American National Standards Institute), ISO (International Organization for Standardization),
ASTM (American Society For Testing and Materials) e SAE (American Society of Automotive
Engineering).

Ao longo das unidades faremos referências às diversas normas. Nosso


propósito é que você tenha, cada vez mais, a clareza da importância da
normatização técnica.

SENAI-RJ 35
Linhas Convencionais e
Morfologia Geométrica
Nesta unidade ...

Linhas convencionais

Morfologia geométrica

3
Interpretação de desenho mecânico – Linhas Convencionais e Morfologia Geométrica

Linhas convencionais
Iniciamos lembrando que linha são pontos muito próximos que seguem uma determinada direção,
tornando-se traço contínuo de uma só dimensão (Figura 1).

Fig. 1

As linhas convencionais são aquelas definidas segundo uma nomenclatura determinada pela sua
forma ou pelo seu uso no desenho.

Os desenhos têm, basicamente, os seguintes tipos de linhas:

• Linha Reta – quando uma trajetória segue sempre a mesma direção (Figura 2).

Fig. 2 – Linha reta

• Linha Curva – quando sua trajetória muda constantemente, a espaços muito pequenos
(Figura 3).

Fig. 3 – Linha curva

SENAI-RJ 39
Interpretação de desenho mecânico – Linhas Convencionais e Morfologia Geométrica

• Linha Poligonal – quando é formada por segmentos de retas (Figura 4).

Fig. 4 – Linha poligonal

• Linha Mista – quando é formada por segmentos de retas e curvas (Figura 5).

Fig. 5 – Linha mista

Retas
As linhas retas podem apresentar-se nas seguintes posições: horizontal, vertical e inclinada.

Na ilustração a seguir (Figura 6), você poderá observar exemplos de posições de retas.

Fig. 6

Você pode identificar os elementos de uma máquina pela posição em que se


encontram. Na figura 6 observamos que o desandador está na horizontal e
o alargador está na vertical.

40 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Linhas Convencionais e Morfologia Geométrica

As posições podem ser comparadas por meio de instrumentos.

Observe os exemplos comparando as figuras:

a) O nível compara a posição horizontal.

Fig. 7 – Nível de bolha

b) O prumo compara a posição vertical.

Fig. 8 – Fio do prumo

c) As retas a, b e c estão na posição inclinada, e como você pode observar, d e e estão nas
posições vertical e horizontal respectivamente.

Fig. 9

SENAI-RJ 41
Interpretação de desenho mecânico – Linhas Convencionais e Morfologia Geométrica

d) O suporte da ferramenta está inclinado.

Fig. 10

Semi-reta e segmento de reta


Para descobrir o que chamamos semi-reta e segmento de reta devemos observar atentamente
as figuras.

Marcando-se um ponto (P) em qualquer reta, ela ficará dividida em duas partes. Cada parte é
denominada semi-reta. O ponto P é a sua origem.

Fig. 11

Marcando-se outro ponto (M) sobre a semi-reta, a porção entre P e M é denominada segmento
e reta.

Fig. 12

42 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Linhas Convencionais e Morfologia Geométrica

Os pontos P e M são chamados extremidades do segmento. Um é a origem e o outro é o


extremo.

Um segmento é identificado pelas letras escritas em suas extremidades.

Fig. 13

Pode-se medir um segmento porque ele tem dois pontos limites

Fig. 14

Ângulos
Depois das linhas e retas precisamos definir os ângulos. Um ângulo é a figura formada por duas
semi-retas que têm a mesma origem.

Fig. 15

Os elementos de um ângulo são:

• vértice
• lados
• abertura

SENAI-RJ 43
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Vértice: é a origem (O) das semi-retas.


Lados: são as semi-retas (a e b).
Abertura: é o afastamento entre os dois lados.
Grau: é a unidade que serve para medir ângulos.

Na Figura 16 você pode identificar um exemplo de grau.

Fig. 16

Representação dos ângulos

Os ângulos são representados conforme o grau de abertura.

Assim, podemos afirmar que:

90º = ângulo de noventa graus.

45º = ângulo de quarenta e cinco graus.

3º = ângulo de três graus.

Temos ainda outras definições para ângulo, quanto a abertura eles podem ser:

• retos;
• agudos;
• obtusos.

Ângulo reto

Nesse caso, quando duas retas se cruzam e formam quatro ângulos, tendo esses quatro ângulos
a mesma abertura, cada um deles se denomina ângulo reto.

44 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Linhas Convencionais e Morfologia Geométrica

Fig. 17

O ângulo de 90º ou reto é um dos ângulos mais importantes, ele está presente na maioria das
peças das máquinas e objetos. É o caso por exemplo das folhas de papel, de mesas, portas, janelas,
esquadros e de mais uma infinidade de coisas que são executados tendo em suas formas um ou mais
ângulos retos. Qualquer peça fixada perpendicularmente a um plano, forma com este um ângulo reto.

Fig. 18

Nos esquadros, os lados A e B são perpendiculares. Formam um ângulo de 90º. Tal como
aparece na figura 19.

Fig. 19

SENAI-RJ 45
Interpretação de desenho mecânico – Linhas Convencionais e Morfologia Geométrica

Outros exemplos em que podemos observar a formação de ângulos retos:

a) Os lados da cantoneira formam um ângulo reto.

Fig. 20

b) Ao verificar o ângulo da peça com o uso de um esquadro.

Fig. 21

c) Nesse caso a broca está perpendicular à peça. Ela forma um ângulo de 90º.

Fig. 22

46 SENAI-RJ
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Ângulo agudo

Outro tipo de ângulo é o agudo. Ele é definido como todo ângulo menor que o ângulo reto.

Observe os exemplos indicados na figura 23.

Fig. 23

Outros exemplos de ângulos agudos.

a) O carro porta-ferramenta (Figura 24) está formando um ângulo (A) agudo.

Fig. 24

b) O ângulo formado pelos flancos do filete da rosca métrica a seguir, mede 60º; logo, é um
ângulo agudo (Figura 25).

SENAI-RJ 47
Interpretação de desenho mecânico – Linhas Convencionais e Morfologia Geométrica

Fig. 25

Ângulo obtuso

Há ainda, segundo essa classificação, outro tipo de ângulo: o obtuso. Chamamos obtuso
todo ângulo maior que o ângulo reto (Figura 26).

Fig. 26

Nos exemplos a seguir você poderá observar a formação de ângulo obtuso.

a) A verificação do ângulo de 120º (obtuso) numa barra sextavada, com a ajuda de um gabarito
apropriado (Figura 27).

Fig. 27

48 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Linhas Convencionais e Morfologia Geométrica

b) No desenho da peça, os dois braços formam um ângulo de 135º (obtuso).

Fig. 28

A essa altura de nossos estudos você já percebeu que em desenho mecânico


a linha é a base de tudo, por isso se faz necessário a combinação de
diferentes tipos e espessuras, sendo desse modo possível descrever,
graficamente, qualquer peça ou conjunto.
Mas você já imaginou se a aplicação de linhas em desenho técnico não
fossem normatizadas? Seria o caos, pois o entendimento seria próprio e
não universal. Por isso, sempre usamos como referência a NBR 8403/1984
“A aplicação de linhas em desenhos – tipos de linhas – larguras das linhas”,
que fixa tipos e larguras de linhas para uso em desenhos técnicos.

Tipos de larguras de linhas


De acordo com a ABNT, segundo a norma NBR 8403:1984, são 5 (cinco) as linhas básicas
recomendadas para o desenho técnico:

1. contínua;

2. tracejada;

3. traço e ponto;

4. traço e ponto, com tom e mudança de espessura na extremidade e mudança de direção;

5. traço e dois pontos.

SENAI-RJ 49
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Além das linhas básicas, as mesmas podem variar de largura, assumindo assim uma nova
aplicação. Nesse caso, a largura pode ser larga ou estreita, respeitando a relação entra as larguras
larga e estreita, sem igual ou superior a 2.

Você deve estar atento, pois as larguras das linhas devem ser escolhidas
conforme o tipo, a dimensão, a escala e a densidade de linhas no desenho,
de acordo com o seguinte escalonamento: 0,13; 0,18; 0,25; 0,35; 0,50;
0,70; 1,00; 1,40 e 2,00 mm, sendo que as escalas 0,13 e 0,18 são
recomendadas para a reprodução e estarão sujeitas a redução.

Para obter diferentes vistas de uma peça, desenhadas na mesma escala, as larguras das linhas
devem ser conservadas.

Observe no quadro a seguir as linhas recomendadas pela NBR 8403/1984, suas indicações e
aplicabilidade.

A espessura das diversas linhas está na dependência do tamanho e


proporções do desenho, sendo a linha para aresta e contorno visíveis a
que determina a espessura das demais obedecendo-se sempre a norma NBR
8403.

Linha Denominação Aplicação Geral

A Contínua larga Contornos visíveis


Arestas visíveis

B Contínua estreita Linhas de interseção imaginárias


Linhas de cotas
Linhas auxiliares
Linhas de chamadas
Hachuras
Contornos de seções rebatidas na
própria vista
Linhas de centro curtas

Limites de vistas ou cortes parciais


C Contínua estreita à mão livre ou interrompidas se o limite não
coincidir com linhas traço e ponto
Esta linha destina-se a desenhos
D Contínua estreita em ziguezague confeccionados por máquinas
E Tracejada larga Contornos não visíveis
Arestas não visíveis
Contornos não visíveis
F Tracejada estreita Arestas não visíveis

Continua...

50 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Linhas Convencionais e Morfologia Geométrica

Continuação

Linha Denominação Aplicação Geral

G ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Traço e ponto estreito Linhas de centro
Linhas de simetrias
Trajetórias

H Traço e ponto estreito, largo Planos de cortes


nas extremidades e na mudança
de direção

J ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Traço e ponto largo Indicação das linhas ou superfícies


com indicação especial
K ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Traço dois pontos estreita Contornos de peças adjacentes
Posição limite de peças móveis
Linhas de centro de gravidade
Cantos antes da conformação
Detalhes situados antes do plano
de corte

Se forem usados tipos de linhas diferentes, os seus significados devem ser


explicados no respectivo desenho ou por meio de referência, identificando
as normas específicas correspondentes.

Apresentamos a seguir uma breve descrição das linhas mais usuais, com exemplos da sua
aplicação.

Linha para arestas e contornos visíveis

É contínua larga e indica todas as partes visíveis do objeto, determinando o seu contorno.

Fig. 29

Linha para arestas e contornos não visíveis

Para ser bem compreendido, o desenho deve apresentar linhas mostrando todas as arestas e a
interseção das superfícies de uma peça. Muitas destas linhas não são visíveis para o observador

SENAI-RJ 51
Interpretação de desenho mecânico – Linhas Convencionais e Morfologia Geométrica

porque estão encobertas por outras partes da peça. Para a indicação destas partes não visíveis, usa-
se uma linha tracejada estreita. Tal como aparece na figura 30.

Fig. 30

Linhas de centro e eixo de simetria

Trata-se de uma linha estreita formada por traços e pontos alternados.

Linha de centro Linha de centro

Eixo de simetria

Fig. 31

52 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Linhas Convencionais e Morfologia Geométrica

Certas peças possuem elementos que não aparecem à vista do observador, tome como exemplo
a peça representada na figura 32.

Fig. 32
À vista do observador estão:

Fig. 33

Note que na 1ª e 3ª vistas o furo não parece aos olhos do observador. Assim, este deverá ser
indicado por um linha tracejada.

Fig. 34

SENAI-RJ 53
Interpretação de desenho mecânico – Linhas Convencionais e Morfologia Geométrica

Linha auxiliar

Chamamos linha auxiliar uma linha contínua e estreita, auxiliar para a linha de cota.

Linhas auxiliares
continua estreita

Linhas auxiliares

Linhas auxiliares

Fig. 35

Linha de cota

A linha de cota pode ser definida como uma linha estreita e contínua limitada por flechas agudas.
Em casos especiais, usamos pontos ou traços no lugar de flechas. As pontas das flechas devem tocar
as linhas auxiliares.

Linha de cota
continua estreita

Linhas de cotas

Fig. 36 – Exemplo de sua aplicação

54 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Linhas Convencionais e Morfologia Geométrica

Linhas de corte

As linhas de corte são de espessura grossa, formada por traços e pontos. Servem para indicar
cortes e seções.

Fig. 37

Linhas de hachuras

Por sua vez, as linhas de hachuras são de espessura fina. São representadas através de um
traço contínuo ou tracejadas, geralmente inclinadas a 45º e mostram as partes cortadas da peça.
Servem também para indicar o material do qual a peça é feita, de acordo com as convenções
recomendadas pela ABNT.

Linhas de rupturas

As linhas de ruptura podem se apresentar de duas maneiras.

1. Para rupturas curtas

Nesse caso, são de espessura média, representadas por um traço contínuo e sinuoso e servem
para indicar pequenas rupturas e cortes parciais.

Fig. 38

SENAI-RJ 55
Interpretação de desenho mecânico – Linhas Convencionais e Morfologia Geométrica

2. Para rupturas longas

São de espessura fina, representadas por traço contínuo e com zigue-zague, conforme figura 39.

Fig. 39

Linhas para representações simplificadas

As linhas para representações simplificadas são de espessura fina, representadas por um traço
contínuo e servem para indicar o fundo de filetes de roscas e de dentes de engrenagens.

Fig. 40

Linhas de chamada

As terminações das linhas de chamada devem ser:

a) sem símbolo, se elas conduzem a uma linha de cota (Figura 41-A);

b) com um ponto, se termina dentro do objeto representado (Figura 41-B);

c) com uma seta, se ela conduz e/ou contorna a aresta do objeto representado (Figura 41- C).

56 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Linhas Convencionais e Morfologia Geométrica

A B C

Figura 3 Figura 5
Figura 4

Fig. 41

Vamos praticar?

Utilizando as linhas de chamada, indique na figura 42, pelo menos uma linha de cada aplicação
solicitada a seguir.

a) Linhas de contorno visível;

b) Linha de contorno não visível;

c) Linha de centro;

d) Linha de simetria;

e) Linha auxiliar;

f) Linha de cota.

Fig. 42
SENAI-RJ 57
Interpretação de desenho mecânico – Linhas Convencionais e Morfologia Geométrica

Morfologia geométrica
Vencido o desafio anterior de conceituar e identificar as linhas convencionais e os tipos de
larguras de linhas é preciso compreender as formas geométricas.

Morfologia
Inicialmente lembramos que Morfologia é o estudo das formas.

Linha poligonal
Dentro do estudo das formas geométricas vale destacar a presença da linha poligonal. Ela é
formada por segmento de retas sucessivas, em diversas direções.

As linhas poligonais podem ser:

a) Linha poligonal aberta (Figura 43-A);

b) Linha poligonal fechada (Figura 43-B).

Linha poligonal aberta

B
A

Fig. 43 – Linha poligonal aberta e fechada

A forma geométrica que chamamos polígono é a figura formada por uma linha poligonal fechada.

Ao observar a figura 44 você poderá identificar:

a) Os elementos do polígono

lados – são os segmentos AB, BC, etc.

b) Seus ângulos internos – formados por dois lados consecutivos.

58 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Linhas Convencionais e Morfologia Geométrica

Ângulo externo

Vértice

Lado
Ângulo interno

Fig. 44 – Polígono

c) Seus ângulos externos – formados por um lado e pelo prolongamento de outro adjacente.

d) Seus vértices – descritos nos pontos A, B, C, etc.

Polígono regular

É o polígono que tem todos os lados com o mesmo comprimento e todos os ângulos com a
mesma abertura.

Mas há ainda outras formas de polígono. Vale destacar que eles são classificados conforme o
número de lados. Observe os vários polígonos apresentados na figura 45.

Triângulo Quadrilátero Pentágono


(3 lados) (4 lados) (5 lados)

Hexágono Heptágono Octágono


(6 lados) (7 lados) (8 lados)

Fig. 45 – Tipos de polígonos

SENAI-RJ 59
Interpretação de desenho mecânico – Linhas Convencionais e Morfologia Geométrica

Outras denominações para polígonos.


9 lados: eneágono
10 lados: decágono
11 lados: undecágono
12 lados: dodecágono
15 lados: pentadecágono
20 lados: icoságono

Quando não souber o nome correto do polígono você poderá denominá-lo


como um polígono de “tantos” lados. Por exemplo:
Polígono de 13 lados, polígono de 15 lados, etc.
Os polígonos mais comumente usados são:
• triângulos
• quadriláteros

Triângulo

É o polígono de três lados.

Os elementos que identificam o triângulo são os lados e os ângulos. Num triângulo contam-se
três lados, três ângulos e três vértices.

Fique atento na hora de identificar os triângulos. Eles possuem outras


formas e variações que podem auxiliar na sua classificação.

Classificação dos triângulos

Os triângulos são classificados de acordo com a dimensão dos seus lados e a natureza dos
ângulos.

Classificação dos triângulos quanto à dimensão dos lados

• Eqüilátero: os três lados são iguais (Figura 46-A);


• Isósceles: os dois lados são iguais (Figura 46-B);
• Escaleno: os três são desiguais (Figura 46-C).

60 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Linhas Convencionais e Morfologia Geométrica

A B C

Equilátero Isósceles Escaleno


(3 lados iguais) (2 lados iguais) (3 lados desiguais)

Fig. 46

Classificação dos triângulos quanto à natureza dos ângulos

Retângulo: possui 1 ângulo reto (Figura 47-A).

Acutângulo: possui 3 ângulos agudos (Figura 47-B).

Obtusângulo: possui 1 ângulo obtuso (Figura 47-C).

A B C

Retângulo Acutângulo Obtusângulo


(1 ângulo reto) (3 ângulos agudos) (1 ângulo obtuso)

Fig. 47

Quadriláteros

Por sua vez os quadriláteros podem ser definidos como polígonos de quatro lados (4 ângulos
internos, 2 diagonais e 4 vértices).

Numa primeira classificação, podemos afirmar que os quadriláteros estão divididos em:

• Paralelogramos;
• Trapézios;
• Trapezóides.

SENAI-RJ 61
Interpretação de desenho mecânico – Linhas Convencionais e Morfologia Geométrica

Ângulo interno
Diagonais

Vértice
Lado

Fig. 48 – Quadrilátero

Paralelogramos

Dentro dessa classificação, os paralelogramos são aqueles que possuem os lados opostos
paralelos.

São exemplos de paralelogramos:

O Quadrado

Tem dois lados iguais e os ângulos de 90º.

Quadrado Parafuso

Fig. 49

O Retângulo

Tem os lados opostos iguais (dois a dois) e ângulos de 90º.

Lima
Retângulo

Fig. 50

62 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Linhas Convencionais e Morfologia Geométrica

O Losango

Tem os lados iguais e os ângulos opostos iguais dois a dois.

Losango

Flange

Fig. 51

O Paralelogramo

Tem os ângulos opostos iguais e os lados opostos iguais, dois a dois, respectivamente.

Fig. 52

Observe a seção do cavaco com forma de paralelogramo.

Paralelogramo

Fig. 53

SENAI-RJ 63
Interpretação de desenho mecânico – Linhas Convencionais e Morfologia Geométrica

Trapézios

Os trapézios podem ser definidos como quadriláteros que possuem dois lados paralelos,
denominados base.

A distância entre as bases denomina-se altura, tal como é demonstrado na figura 54.

Base menor

Altura
Base maior

Fig. 54

São exemplos de trapézios:

O Trapézio retângulo

Tem dois ângulos de 90º.

Fig. 55 – Triapézio retângulo

Martelo com formato lateral de trapézio retângulo.

Fig. 56
64 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Linhas Convencionais e Morfologia Geométrica

O Trapézio isósceles

Os lados não paralelos são iguais.

Fig. 57

O desenho da cabeça do parafuso tem a forma de um trapézio isósceles.

Fig. 58

O Trapézio escaleno

Os lados não paralelos são desiguais.

Fig. 59

SENAI-RJ 65
Interpretação de desenho mecânico – Linhas Convencionais e Morfologia Geométrica

Aba da cantoneira em forma de trapézio escaleno.

Fig. 60

Trapezóides

Chamamos trapezóides os quadriláteros que não possuem lados paralelos. Observe atentamente
as figuras 61 e 62.

Fig. 61

Ponta de ferramenta em forma de trapezóide.

Fig. 62

66 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Linhas Convencionais e Morfologia Geométrica

Uma das figuras geométricas mais empregadas em desenho é o círculo ou


circunferência. Vamos acompanhar agora a conceituação e a classificação
dessa figura geométrica tão importante.

Círculo / Circunferência
Para começo de conversa vamos tentar definir um círculo através de um exemplo. Um cone, ao
ser cortado por um plano perpendicular ao seu eixo, forma um círculo, limitado por uma linha
chamada circunferência. O círculo, conseqüentemente, será uma figura plana.

Eixo

Plano ∝ Circunferência
perpendicular
ao eixo

OBSERVAÇÃO
Sendo o plano
∝ oblíquo, a figura
formada será a
elipse. Elipse

Fig. 63 – Cone

Você também poderá definir o círculo de outra forma: mostrando que ele é a figura plana formada
por uma linha curva e fechada cujos pontos são eqüidistantes de um ponto fixo interior denominado
centro.

Círculo – Como chegar a ele?

Observe atentamente a figura 64. Ao traçar uma circunferência, foram delimitados dois espaços
no plano; um exterior e outro interior. O espaço interior unido à circunferência forma o círculo.

SENAI-RJ 67
Interpretação de desenho mecânico – Linhas Convencionais e Morfologia Geométrica

Círculo
Circunferência

Centro

Fig. 64

Linhas da circunferência

Nas figuras 65, 66 e 67 você poderá observar uma série de símbolos e medidas usados para
interpretar uma circunferência.

Arcos: GH, I J Secantes: r, s


Raios: OA, OB Cordas: GH, I J Tangentes: t
Diâmetros (∅ ): CD, EF Flechas: LM, NP Ponto de tangência: T

Fig. 65 Fig. 66 Fig. 67

Posições relativas de duas circunferências

Duas circunferências C e C1, que estejam no mesmo plano, podem ocupar seis posições distintas
uma relação à outra. Acompanhe cada uma dessas posições representadas na figura 68.

1. Concêntricas;

2. Exteriores;

3. Interiores;

4. Tangentes exteriores;

5. Tangentes interiores;

6. Secantes.

68 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Linhas Convencionais e Morfologia Geométrica

Concêntricas Tangentes exteriores

Exteriores Tangentes interiores

Interiores Secantes

Fig. 68

Regiões dos círculos

Sobre os círculos também


é possível dizer que eles são
formados por regiões, tal como Semi-círculo Segmento Circular Setor Circular

foi representado na figura 69.


Confira!

Zona Circular Trapézio Circular Coroa Circular

Fig. 69

SENAI-RJ 69
Interpretação de desenho mecânico – Linhas Convencionais e Morfologia Geométrica

Bem, agora que você já conheceu as linhas e as principais figuras geométricas, deve ter percebido
que todos os objetos, mesmo os mais complexos, podem ser associados a um conjunto de figuras
geométricas e isso não é diferente na mecânica. No decorrer do curso, no manuseio das peças,
ferramentas e equipamentos, você terá a oportunidade de perceber que essa associação é real, presente
em tudo que cerca o seu dia-a-dia. Dessa forma a mecânica pode ser relacionada aos mais diversos
tipos de linha e às diversas formas geométricas.

70 SENAI-RJ
Sólidos Geométricos
Nesta unidade ...

Classificação dos sólidos geométricos

4
Interpretação de desenho mecânico – Sólidos Geométricos

Classificação dos sólidos


geométricos

Você já sabe que todos os pontos de uma figura plana localizam-se no mesmo plano. Quando
uma figura geométrica tem pontos situados em diferentes planos, temos um sólido geométrico.
Analisando as ilustrações a seguir (Figuras 1 e 2), você entenderá bem a diferença entre uma figura
plana e um sólido geométrico.

Os sólidos geométricos têm três dimensões: comprimento, largura e altura. Embora existam
infinitos sólidos geométricos, apenas alguns, que apresentam determinadas propriedades, são estudados
pela geometria. Os sólidos que você estudará nesta unidade têm relação com as figuras geométricas
planas mostradas anteriormente. Os sólidos geométricos são separados do resto do espaço por
superfícies, que os limitam. E essas superfícies podem ser planas ou curvas. Dentre os sólidos
geométricos limitados por superfícies planas, estudaremos os prismas, o cubo e as pirâmides. Dentre
os sólidos geométricos limitados por superfícies curvas, estudaremos o cilindro, o cone e a esfera,
também chamados sólidos de revolução.

É muito importante que você conheça bem os principais sólidos geométricos. Isso porque, por
mais complicada que seja a forma de uma peça, ela sempre será analisada como o resultado da
combinação de sólidos geométricos ou de suas partes.

Fig. 1 – Figura Plana


Fig. 2 – Sólido Geométrico

SENAI-RJ 73
Interpretação de desenho mecânico – Sólidos Geométricos

Nos esquema a seguir você poderá identificar os principais divisões e subdivisões dos sólidos
geométricos.

{
{ Tetraedro, Hexaedro, Octaedro,

{
Regulares Dodecaedro e Icosaedro
Poliedros
Irregulares { Prisma e Pirâmides { Irregulares
Regulares
Sólidos
Geométricos
Sólidos de
revolução: Cilindro, cone, tronco de cone e esfera

Poliedros
Chamamos poliedros os sólidos geométricos que têm as faces poligonais. Os poliedros são
classificados em regulares e irregulares.

Poliedros regulares

São os poliedros que têm como face polígonos regulares. São cinco os poliedros regulares:
tetraedro, hexaedro, octaedro, dodecaedro e icosaedro.

Tetraedro Hexaedro Octaedro Dodecaedro Icosaedro

Fig. 3

Poliedros irregulares

São os poliedros que têm suas faces e ângulos desiguais.

Os poliedros irregulares se classificam em prismas e pirâmides.

Os prismas, por sua vez, são classificados em regulares e irregulares.

Prismas regulares

Um prisma é regular quando suas bases são polígonos regulares.

74 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Sólidos Geométricos

Vértices
Base
superior

Arestas

Faces
(paralelograma)

Prismas de Prismas de Prismas de base


base triangular base quadrada hexagonal

Fig. 4

Prismas irregulares

São os que têm como base polígonos irregulares.

Prismas de Prismas de base Prismas de base


base triangular retangular poligonal (qualquer)

Fig. 5

Pirâmides

Pirâmide é um poliedro cuja base é um polígono qualquer e as laterais são triângulos. Se o


polígono da base for regular, a pirâmide será regular.

Vértice
Base
triangular
(3 lados)
Faces
laterais

Pirâmide de
Altura

base triangular

Base
quadrangular
(4 lados) vértice

Base (polígono)
Pirâmide de
Pirâmide de base Pirâmide truncada
base quadrada
retangular de base quadrada

Fig. 6

SENAI-RJ 75
Interpretação de desenho mecânico – Sólidos Geométricos

Exemplos de objetos com formas poligonais

Um Uma
Uma
parafuso punção
embalagem

Fig. 7

Sólidos de revolução
São aqueles gerados pela rotação de um polígono em torno de um de seus lados.

São três os principais sólidos de revolução: cilindro, cone e esfera.

Cilindro

É o sólido geométrico gerado pela rotação do retângulo (ABCD) em torno de um dos seus lados.

Cilindro Retângulo gerador

B B
A

C
D D

Fig. 8

76 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Sólidos Geométricos

Exemplos de peças cilíndricas

(a)
Broca helicoidal

(b)

Parafuso cabeça
cilíndrica com fenda

(c)

Fig. 9

O torno paralelo é uma máquina-ferramenta destinada principalmente à


execução de peças com formatos cilíndricos, cônicos e esféricos.

Esfera

É o sólido geométrico gerado pela rotação de um semi-círculo, em torno de seu diâmetro. Repare
que uma esfera não possui arestas, vértices e superfícies planas (Figura 10).

Esfera Semicírculo gerador

(a)

Fig. 10

SENAI-RJ 77
Interpretação de desenho mecânico – Sólidos Geométricos

Confira os exemplos de peças esféricas a seguir (Figuras 11 e 12).

Exemplo de
peças
esféricas
Esfera
Anel externo
Anel interno

Esfera

Esfera Esfera
eixo
(b)
Esfera

Fig. 11 – Manípulo de comando Fig. 12 – Eixo com rolamento

O rolamento de esfera mostrado é uma peça de máquina para apoio de um


eixo; ao mesmo tempo, ao diminuir o atrito, permite maior velocidade.

Cone

Chamamos Cone o sólido gerado pela rotação de um triângulo retângulo ABC em torno de um
de seus catetos AB ou CA.

Cone Triângulo retângulo

4 B
B

1 2
1. polígono gerador
2. superfície lateral
3. base
4. vértice
A A
C
C Catetos
3

Fig. 13

78 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Sólidos Geométricos

Exemplo de peça cônica

Representação
em perspectiva

Representação em desenho técnico

Fig. 14

Tronco de cone ou Cone truncado

Tronco de cone é o sólido geométrico gerado pela rotação de um trapézio retângulo em torno de
um de seus lados (desde que não sejam os lados paralelos).

3
c A
c A 2

1 D B
B
4
D

Fig. 15 – Trapézio retângulo

SENAI-RJ 79
Projeção Ortogonal no
1º e 3º diedros
Nesta unidade ...

Sistemas de projeção

Projeções no primeiro diedro e no terceiro diedro

5
Interpretação de desenho mecânico – Projeção Ortogonal no 1º e 3º diedros

Sistemas de projeção
Vale à pena lembrar que o desenho técnico mecânico, objeto do nosso estudo, tem como principal
finalidade, expressar através de uma linguagem gráfica normatizada, a forma e as dimensões de um
elemento em estudo. Isso se dá através de vistas ortográficas ou de perspectiva, sabendo que ambas
são suas representações, conseqüência de um sistema de projeção.

A seguir vamos conhecer os sistemas de projeção de um objeto e a sua representação gráfica


em plano.

Projeção ortogonal

Tomemos como ponto de partida a superfície do objeto, por exemplo, a Figura 1, supondo que ela
seja colocada paralelamente a um plano P, posterior a ela. Imaginemos agora que a figura seja iluminada
por uma fonte luminosa, colocada à distância infinita e perpendicular ao plano; conseqüentemente, os
raios r que provém da fonte são paralelos entre si e, ao mesmo tempo, perpendiculares à figura F e ao
plano P: eles reproduzirão, no plano P, uma imagem com o mesmo contorno e a mesma grandeza de
F. A imagem será chamada projeção ortogonal da figura F no plano P (ortogonal = perpendicular).

Portanto, na projeção ortogonal a figura plana considerada se reproduz em verdadeira grandeza.

Fig. 1 – Projeção ortogonal da figura F no plano P

SENAI-RJ 83
Interpretação de desenho mecânico – Projeção Ortogonal no 1º e 3º diedros

Projeção axonométrica
Para exemplificar a projeção axonométrica observemos as figuras a seguir. Através delas
descobriremos que essa projeção pode ocorrer de três formas distintas.

a) Projeção axonométrica ortogonal (Figura 2) – se, conforme as considerações feitas preceden-


temente, se inclina a figura F de modo tal que raios luminosos, ficando perpendiculares ao
plano P, formem com ele um ângulo diferente de 90º, obteremos nesse caso a projeção axométrica
ortogonal (axométrica = representação de figuras espaciais num plano); nestas condições, a
figura não se reproduz em verdadeira grandeza.

Fig. 2 – Projeção axonométrica ortogonal da figura F no plano P

b) Projeção axonométrica oblíqua ou cavaleira (Figura 3) – se a figura F se mantém paralela ao


plano P e se coloca a fonte luminosa de modo tal que os raios incidam a figura e, portanto, no
plano P com um ângulo diferente de 90º, obteremos desse modo a projeção axonométrica
oblíqua, também chamada projeção axonométrica cavaleira.

Neste caso a figura plana foi reproduzida também em verdadeira grandeza;


todavia, considerando um sólido, a terceira dimensão deste (profundidade)
aparece na superfície com comprimento modificado, formando um certo
ângulo com a horizontal.

Fig. 3 – Projeção axonométrica oblíqua (ou cavaleira) da figura F no plano P

84 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Projeção Ortogonal no 1º e 3º diedros

c) Perspectiva cônica (Figura 4) – se os raios luminosos provêm não do infinito, mas de uma
fonte 0 à distância finita (centro óptico), o contorno da figura F, obtida num plano P, muda de
dimensões conforme a posição da fonte 0. Este perfil toma o nome de perspectiva cônica (ou
central).

Fig. 4 – Perspectiva cônica da figura F no plano P

A ABNT adota a projeção ortogonal, porque neste tipo de projeção a figura


plana considerada se reproduz em verdadeira grandeza.

Depois que você identificou os tipos de projeção, vamos conhecer suas formas de representação.

Não esqueça que o objeto tem três dimensões e o plano de representação somente duas, nesse
caso há necessidade de um artifício técnico que possibilite tal operação. Os elementos fundamentais
de uma projeção são:

a) O observador – é a pessoa que vai analisar, interpretar ou desenhar o modelo. As ilustrações a


seguir mostram o observador vendo o modelo de frente, de cima e de lado, e a seta indica a
direção em que o observador está olhando o modelo.

O observador pode estar em três posições, em relação ao modelo:

• de lado (Figura 5-A);


• de cima (Figura 5-B);
• de frente (Figura 5-C).

SENAI-RJ 85
Interpretação de desenho mecânico – Projeção Ortogonal no 1º e 3º diedros

A B

De lado De cima
C

De frente

Fig. 5

A Norma NBR 10067 de 1995 fixa a forma de representação aplicada em


desenho técnico.

b) O Modelo – é o objeto que vai ser representado em projeção. Ele deve ser estudado em todos
os seus detalhes.

c) O Plano de projeção – é a superfície na qual se podem representar os objetos. São planos de


projeção, por exemplo, a folha de papel, a prancheta de desenho, a lousa etc. O plano de
projeção pode estar colocado em três posições básicas:

Plano vertical Plano horizontal Plano lateral

Fig. 6

Observação: o plano lateral também está na posição vertical. Porém, será chamado apenas de
lateral.
86 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Projeção Ortogonal no 1º e 3º diedros

Projeção ortogonal do ponto


Descubra como funciona a projeção seguindo o olhar do observador.

Plano de projeção
vertical

o
e çã
oj Linha projetante
Pr

Ponto A

Observador

Fig. 7

Projeção ortogonal de um segmento de reta

Plano de projeção
vertical Projeção Plano de projeção

o b Linhas projetantes
e çã Linha projetante
oj a
Pr
a Segmento de reta
Segmento de reta
B perpendicular ao plano
B

A
A

Observador Observador

Fig. 8 Fig. 9

SENAI-RJ 87
Interpretação de desenho mecânico – Projeção Ortogonal no 1º e 3º diedros

Projeção ortogonal de uma superfície plana


Plano de projeção vertical
Plano de projeção vertical

b Linhas projetantes
ão b Linhas projetantes
j eç o
ro e çã
P oj
d Pr
a Superfície plana
a
B Superfície plana D

c
A D B

C
A
C

Observador Observador

Fig. 10 Fig. 11

Projeção ortogonal de uma das faces de um


prisma retangular
Plano de projeção vertical

b
o
e çã Linhas projetantes
oj
Pr
a d Prisma retangular
F

B
c E
A H
D

G
C

Observador

Fig. 12

A indústria usa em larga escala a projeção cilíndrica ortogonal, cuja característica principal é
permitir que as superfícies dos objetos, paralelas ao plano de projeção, projetem-se com a mesma
forma e as mesmas dimensões, isto é, em verdadeira grandeza.

88 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Projeção Ortogonal no 1º e 3º diedros

Fig. 13 – Projeção cilíndrica ortogonal

Projeção no primeiro diedro e


no terceiro diedro
Utilizando o sistema cilíndrico ortogonal, dividimos o espaço, por dois planos perpendiculares, em
quatro partes, chamadas diedros.

Cada diedro possui dois planos de projeção – um vertical e um horizontal. Um objeto colocado
em qualquer diedro terá as suas projeções nos planos vertical e horizontal.

primeiro
al

diedro
ic
rt

segundo
ve

diedro
o
an
Pl

a
rr
te
al
nt

de
zo

a
ri

nh
ho

Li
o
an
Pl

quarto diedro
terceiro
diedro

Fig. 14

SENAI-RJ 89
Interpretação de desenho mecânico – Projeção Ortogonal no 1º e 3º diedros

Como o objetivo é visualizar o objeto num único plano, é feita a chamada “EPURA”, ou seja, a
planificação do diedro.

Ao interpretar um desenho técnico, procure identificar, de imediato, em que


diedro ele está representado.

Mas afinal, o que é diedro?


São dois planos que se cruzam, formando 4 ângulos de 90º denominados: 1º diedro, 2º diedro,
3º diedro e 4º diedro.

• Cada diedro é limitado por dois semiplanos, perpendiculares entre si. Os diedros são numera-
dos no sentido anti-horário, isto é, no sentido contrário ao do movimento dos ponteiros do
relógio.

• O método de representação de objetos em dois semiplanos, perpendiculares entre si, criado por
Gaspar Monge, é também conhecido como método mongeano.

• Atualmente, a maioria dos países que utilizam o método mongeano adotam a projeção ortográ-
fica no 1º diedro. No Brasil, a ABNT recomenda a representação no 1º diedro.

Alguns países, como por exemplo os Estados Unidos e o Canadá, representam


seus desenhos técnicos no 3º diedro. Ao ler e interpretar desenhos técnicos,
o primeiro cuidado que se deve ter é identificar em que diedro está
representado o modelo. Esse cuidado é importante para evitar o risco de
interpretar errado as características do objeto.

Para simplificar o entendimento da projeção ortográfica passare-


mos a representar apenas o 1º diedro, o que é normatização pela
ABNT.

O entendimento desse tipo de projeção exige uma atenção especial com as denominações e os
símbolos. Fique atento! Chamaremos o semiplano vertical superior de plano vertical. O semiplano
horizontal anterior passará a ser chamado de plano horizontal.

90 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Projeção Ortogonal no 1º e 3º diedros

Plano vertical

PV
Plano horizontal

PH

Fig. 15

Ao interpretar um desenho técnico procure identificar, de imediato, em que diedro ele está
representado. O símbolo a seguir indica que o desenho técnico está representado no 1º diedro. Este
símbolo aparece no canto inferior direito da folha de papel dos desenhos técnicos, dentro da legenda.

Fig. 16

Quando o desenho técnico estiver representado no 3º diedro, você verá este outro símbolo.

Fig. 17

Cuidado para não confundir os símbolos! Procure gravar bem,


principalmente o símbolo do 1º diedro, que é o que você usará com mais
freqüência.
O símbolo da projeção é destinado ao Comércio Internacional.

SENAI-RJ 91
Interpretação de desenho mecânico – Projeção Ortogonal no 1º e 3º diedros

Observe as diferenças de representação apresentadas nas figuras 18 e 19. Eles exemplificam


dois métodos diferentes. Compare e comente com seu professor.

Pe
ão rfi
ç l
e va
El

Elevação Perfil

ta
an
Pl

Planta

Fig. 18 – Método europeu 1º diedro

Pl
an
ta

Planta

El
ev
aç l
ão rfi
Pe

Perfil
Elevação

Fig. 19 – Método norte-americano 3º diedro

92 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Projeção Ortogonal no 1º e 3º diedros

Projeção em seis vistas


O desenho de uma peça deve apresentar uma quantidade suficiente de vistas para que sua
compreensão seja perfeita. Uma peça, por mais complicada que seja, é representada em desenho por
suas vistas, que são as “imagens” obtidas através de projeções feitas em posições determinadas.

or
eri
inf
V.

sq. V. pos
V. lat. e terior

l
nta
fro
V.

ir. r
.d rio
lat su
pe
V. V.

Fig. 20 – Rebatimento em seis vistas

As vistas de um desenho técnico podem ser obtidas através do rebatimento prático, como vemos
nos exemplos da figura 21.

V. inferior

V. lat. dir. V. frontal V. lat. esq. V. posterior

V. superior

Fig. 21 – Projeção em seis vistas

SENAI-RJ 93
Interpretação de desenho mecânico – Projeção Ortogonal no 1º e 3º diedros

Projeção em três vistas


Os detalhes da maioria das peças na indústria são rigorosamente definidos com um desenho em
três vistas. Podemos obter as três vistas, de maneira prática, fazendo as representações através de
giros a 90º da peça. Confira na figura 22.

VS
PP
PV

E V
VL F

LEGENDA
VS = vista superior
VLE = vista lateral esquerda
VF = vista frontal

Fig. 22

Se planificarmos o triedro e eliminarmos os planos de projeção, as imagens


obtidas anteriormente pela projeção ortogonal do objeto nos planos,
corresponderão às três vistas ortográficas principais.

94 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Projeção Ortogonal no 1º e 3º diedros

PV PP

PV – Plano Vertical ou Vista Frontal


PH – Plano Horizontal ou Vista Superior
PP – Plano de Perfil ou Vista Lateral

PH

Observações:
As linhas de arestas
invisíveis são tracejadas
médias e iniciam nas
arestas visíveis.

Fig. 23

Antes de seguir em frente, vale lembrar que até aqui mencionamos apenas
projeções nas três vistas principais, porém, dependendo da complexidade
ou simplicidade da peça, a mesma poderá ser representada em uma, duas,
três ou mais vistas, podendo ainda ser projetada com o auxílio de vistas
auxiliares, as quais serão estudadas em outra unidade.

Considere os exemplos de algumas figuras geométricas, representadas em três vistas nas figuras
a seguir.

Fig. 24 – Projeção da pirâmide

SENAI-RJ 95
Interpretação de desenho mecânico – Projeção Ortogonal no 1º e 3º diedros

Fig. 25 – Projeção do cone

Fig. 26 – Projeção do cilindro

Fig. 27 – Projeção de uma peça

Os desenhos mecânicos podem ser feitos com instrumentos apropriados, à


mão livre (esboço) ou ainda por softwares específicos como o CAD.

Os sistemas de CAD estão presentes, não somente nos escritórios de engenharia e na indústria,
mas também nas escolas.

96 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Projeção Ortogonal no 1º e 3º diedros

No entanto, é importante salientar que, embora os sistemas CAD tenham evoluído de forma
extremamente acelerada, permitindo a criação e a edição de desenhos numa complexidade cada vez
maior, não dispensaram o conhecimento de conteúdos fundamentais básicos, requeridos para a
elaboração e a interpretação de desenho técnico.

A espessura das diversas linhas está na dependência do tamanho e proporções do desenho,


sendo a linha para aresta e contorno visíveis a que determina a espessura das demais obedecendo-se
sempre a norma NBR 8403.

Se forem usados tipos de linhas diferentes, os seus significados devem ser explicados no respectivo
desenho ou por meio de referência, identificando as normas específicas correspondentes.

A Norma NBR 10067 de 1995 fixa a forma de representação aplicada em


desenho técnico.

SENAI-RJ 97
Corte/Hachura
e Vista Simplificada
de Desenho
Nesta unidade ...

Corte / Hachura

Vista simplificada

6
Interpretação de desenho mecânico – Corte/Hachura e vista simplificada de desenho

Corte / Hachura
Na unidade anterior utilizamos as projeções para melhor reproduzir a forma fixada de uma peça
em suas três dimensões. Vimos os planos de projeções e seus rebatimentos, bem como as
representações em vistas. Mas tudo isso pode ser pouco, para tornar interpretável um desenho
mecânico específico, especialmente por conta do aparecimento de detalhes internos, os quais são
mostrados por linhas invisíveis.

Quando estes detalhes são importantes para a fabricação, é conveniente que se tornem visíveis.
Isto é possível mediante a técnica do corte, uma forma de representação do objeto na qual uma de
suas partes é supostamente cortada e removida, apresentando assim, claramente, as partes ocultas
do objeto e facilitando a sua interpretação.

Veja alguns exemplos usados em Ciências.

Fig. 1

Sem tais cortes, não seria possível analisar os detalhes internos dos objetos mostrados.

Em Mecânica, também se utilizam modelos representados em corte para facilitar o estudo de


sua estrutura interna e de seu funcionamento.

SENAI-RJ 101
Interpretação de desenho mecânico – Corte/Hachura e vista simplificada de desenho

Fig. 2

Mas, atenção! Nem sempre é possível aplicar cortes reais nos objetos para seu estudo. Em
certos casos, você deve apenas imaginar que os cortes foram feitos. É o que acontece em desenho
técnico mecânico, sendo o corte e seus tipos fixados pela norma NBR 10067 de maio de 1995.

Planos de corte
Na unidade anterior você viu que uma vista exterior mostra a peça como ela aparece ao
observador. Detalhes internos dessa peça aparecem no desenho através de linhas, indicando os
contornos não visíveis.

Quando os detalhes no interior da peça tornam-se complexos, mais e mais linhas não visíveis são
necessárias para mostrar, com precisão, tais detalhes e o desenho torna-se difícil de interpretar. O
que fazer nesses casos?

Para a simplificação do desenho, o desenhista pode lançar mão de uma técnica que consiste em
cortar uma parte da peça e, dessa forma, expor as superfícies internas. Em tais seccionamentos todas
as partes que se tornam visíveis são representadas por linhas de contornos visíveis (Figura 3).

(B) Peça cortada com a parte


anterior removida

(A) Plano imaginário cortando


a peça

Fig. 3

102 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Corte/Hachura e vista simplificada de desenho

Para obter a vista em corte, um plano de corte imaginário é passado através da peça como
mostra a figura 3 (letra A). A parte anterior é removida (letra B). A direção do plano de corte é
representada no desenho por uma linha de corte. As superfícies expostas, que foram cortadas, são
identificadas por linhas convencionais (hachuras), apresentadas na figura 3 (letra B).

Antes de conhecermos os tipos de corte, vamos conhecer a representação


da área de corte por meio de hachuras em Desenho Técnico, definida pela
NBR 12298 de abril de 1995.
Hachuras são linhas e/ou figuras associadas ou não com o objetivo de
representar os vários tipos de materiais de áreas de corte em Desenho
Técnico.
São representados por traços eqüidistantes e paralelos que produzem o
efeito sombreado em desenhos e gravuras o efeito de sombreado. No
Desenho Técnico, as hachuras representam em tracejado convencional, os
materiais utilizados na construção de peças e máquinas.

Na representação geral, de qualquer material, deve ser usada a hachura mostrada na figura 4 –
letra A. O material é representado por linhas traçadas com inclinação de 45° em relação à base da
peça, ou em relação ao eixo da mesma, com linha estreita, conforme a NBR 8403 (ver Figura
4, letra B).

A B

Fig. 4

As hachuras em uma mesma peça são feitas sempre numa mesma direção, já nos desenhos de
conjunto ou peças adjacentes, devem ser feitas em direções opostas ou com espaçamentos diferentes
(Figura 5, letra A).

As hachuras devem ser espaçadas em função da superfície a ser hachurada. O espaçamento


mínimo para as hachuras é de 0,7mm, conforme NBR 8403.

As hachuras devem ser interrompidas quando houver necessidade de se escrever na área


hachurada (Figura 5, letra B).

SENAI-RJ 103
Interpretação de desenho mecânico – Corte/Hachura e vista simplificada de desenho

As hachuras podem ser omitidas em seções de peças de espessuras finas. Neste caso, a seção
deve ser enegrecida (Figura 5, letra C).

A C
B

Fig. 5

As hachuras podem ser utilizadas, em alguns casos, para indicar o tipo de material. As hachuras
específicas, conforme o material, são mostradas na figura a seguir, assim também como outras hachuras
podem ser utilizadas, desde que identificadas.

Ferro Fundido Aço Bronze, Latão, Alumínio e Metais Metal Branco Borracha
Cobre Leves

Madeira de Face Madeira de Topo Mat. Isolantes, Líquido Terra Concreto


Baquelite e Mat.
Plásticos

Fig. 6

Na união de chapas mediante uso de parafuso e porca mostrada na figura 7, a seguir, você tem
um exemplo de hachuras específicas que indicam o material utilizado nas peças.

Fig. 7

104 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Corte/Hachura e vista simplificada de desenho

Tipos de Cortes e Representações


Observando a figura 8, a seguir, você deve concordar que a forma de representação da direita é
mais simples e clara do que a da esquerda. Fica mais fácil analisar o desenho em corte porque nesta
forma de representação usamos a linha para arestas e contornos visíveis em vez da linha para arestas
e contornos não visíveis.

Como já dito, na indústria a representação em corte só é utilizada quando a complexidade dos


detalhes internos da peça torna difícil sua compreensão por meio da representação normal, como
você viu no caso do registro de gaveta.

Os cortes são utilizados para representar de modo claro os detalhes internos das peças ou de
conjuntos. Em desenhos de conjunto ressaltam a posição das peças que constituem.

Além disso, os cortes indicam através da hachura o material de que é feita a peça ou as peças,
facilitando a colocação de cotas internas.

Fig. 8

Corte total

O Corte total é aquele que atinge a peça em toda a sua extensão. Veja:

SENAI-RJ 105
Interpretação de desenho mecânico – Corte/Hachura e vista simplificada de desenho

Fig. 9

Lembre-se de que em desenho técnico mecânico os cortes são apenas imaginários. Os cortes
são imaginados e representados sempre que for necessário mostrar elementos internos da peça ou
elementos que não estejam visíveis na posição em que se encontra o observador.

Você deve considerar o corte realizado por um plano de corte, também imaginário. No caso de
corte total, o plano de corte deve atravessar completamente a peça, atingindo suas partes maciças,
como mostra a figura 10.

Fig. 10

Em uma peça contendo elementos simetricamente distribuídos (furos ou nervuras radiais) sem
que seja necessário passar por um plano de corte, deve ser feita uma rotação no elemento até coincidir
com o respectivo plano de corte e rebatimento, sem fazer menção especial. Analise a Figura 11.

106 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Corte/Hachura e vista simplificada de desenho

Corte AA A

Fig. 11

Corte nas vistas do desenho técnico

Os cortes podem ser representados em quaisquer das vistas do desenho técnico mecânico. A
escolha da vista onde o corte é representado depende dos elementos que se quer destacar e da
posição de onde o observador imagina o corte.

Corte na vista frontal

Considere o modelo a seguir (Figura 12), visto de frente por um observador.

Fig. 12

Nesta posição, o observador não vê furos redondos nem o furo quadrado da base. Para que
estes elementos sejam visíveis, é necessário imaginar o corte (Figura 13).

SENAI-RJ 107
Interpretação de desenho mecânico – Corte/Hachura e vista simplificada de desenho

Fig. 13

Imagine o modelo seccionado, isto é, atravessado por um plano de corte, como mostra a
figura 14.

O plano de corte paralelo ao plano de projeção vertical é chamado plano longitudinal vertical.
Este plano de corte divide o modelo ao meio, em toda sua extensão, atingindo todos os elementos da
peça.

Veja as partes em que ficou dividido o modelo atingido pelo plano longitudinal vertical.

Fig. 14

Imagine que a parte anterior do modelo foi removida. Assim, você poderá analisar com maior
facilidade os elementos atingidos pelo corte.

108 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Corte/Hachura e vista simplificada de desenho

Observe novamente o modelo seccionado e, ao lado, suas vistas ortográficas (Figura 15).

A - A

VF

A A

Fig. 15

A vista superior e a vista lateral esquerda não devem ser representadas em corte porque o
observador não as imaginou atingidas pelo plano de corte. A vista frontal está representada em corte
porque o observador imaginou o corte vendo o modelo de frente. Sob a vista representada em corte,
no caso a vista frontal, é indicado o nome do corte: corte AA.

Ainda na figura 15, observe que a vista superior é atravessada por uma linha traço e ponto
estreita, com dois traços largos nas extremidades. Esta linha indica o local por onde se imaginou
passar o plano de corte. As setas sob os traços largos indicam a direção em que o observador
imaginou o corte. As letras do alfabeto, próximas às setas, dão o nome ao corte.

Quando o corte é representado na vista frontal, a indicação do corte pode ser feita na vista
superior, como no exemplo anterior, ou na vista lateral esquerda, como mostra a figura a seguir.

A ABNT determina o uso de duas letras maiúsculas repetidas para designar


o corte: AA, BB, CC, etc.

SENAI-RJ 109
Interpretação de desenho mecânico – Corte/Hachura e vista simplificada de desenho

A
A - A

Fig. 16

Corte na vista superior

Como o corte pode ser imaginado em qualquer uma das vistas do desenho técnico, agora você
vai aprender a interpretar cortes aplicados na vista superior.

Imagine o mesmo modelo anterior visto de cima por um observador.

VS

Fig. 17

Para que os furos redondos fiquem visíveis, o observador deverá imaginar um corte. Veja, a
seguir, o modelo seccionado por um plano de corte horizontal.

110 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Corte/Hachura e vista simplificada de desenho

Fig. 18

Este plano de corte, paralelo ao plano de projeção horizontal, é chamado plano longitudinal
horizontal. Ele divide a peça em duas partes. Com o corte, os furos redondos, que antes estavam
ocultos, ficaram visíveis.

Observe novamente o modelo seccionado e, ao lado, suas vistas ortográficas.

A A

A - A

Fig. 19

O que foi possível perceber?

• O corte aparece representado na vista superior.


• As partes maciças atingidas pelo corte foram hachuradas.
• A vista frontal e a vista lateral esquerda estão representadas sem corte, porque o corte imagina-
do atingiu apenas a vista superior.

SENAI-RJ 111
Interpretação de desenho mecânico – Corte/Hachura e vista simplificada de desenho

• O nome do corte: corte AA aparece sob a vista superior, que é a vista representada em corte.
• A indicação do plano de corte na vista frontal, coincide com a linha de centro dos furos
redondos.

• As setas ao lado das letras que dão nome ao corte indicam a direção em que o corte foi
imaginado.

Quando o corte é imaginado na vista superior, a indicação do local por onde passa o plano de
corte pode ser representada na vista frontal ou na vista lateral esquerda.

Corte na vista lateral esquerda

Observe mais uma vez o modelo com dois furos redondos e um furo quadrado na base. Imagine
um observador vendo o modelo de lado.

VLE

Fig. 20

Para que o furo quadrado fique visível, o observador deverá imaginar um plano de corte vertical
atingindo o modelo, conforme a figura a seguir. Veja também que a parte anterior do modelo seccionado
foi retirada.

Fig. 21

112 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Corte/Hachura e vista simplificada de desenho

Finalmente, veja como ficam as projeções ortográficas deste modelo em corte.

A - A
A

Fig. 22

Você deve ter acompanhado atentamente o efeito dos cortes imaginados no modelo anterior.
Considerando as informações anteriores, tome nota:

• O plano de corte, que é paralelo ao plano de projeção lateral, recebe o nome de plano transver-
sal.

• Na vista lateral, o furo quadrado, atingido pelo corte, aparece representado pela linha para
arestas e contornos visíveis.

• As partes maciças, atingidas pelo corte, são representadas hachuradas.


• O furo redondo, visível pelo observador, também é representado pela linha para arestas e
contornos visíveis.

• Nas vistas ortográficas deste modelo em corte transversal, a vista frontal e a vista superior são
representadas sem corte.

• Quando o corte é representado na vista lateral, a indicação do plano de corte tanto pode apare-
cer na vista frontal como na vista superior.

Meio corte

Há tipos de peças ou modelos em que é possível imaginar em corte apenas uma parte, enquanto
que a outra, permanece visível em seu aspecto exterior. Este tipo de corte é chamado meio corte, e é
aplicado em apenas metade da extensão da peça.

SENAI-RJ 113
Interpretação de desenho mecânico – Corte/Hachura e vista simplificada de desenho

É um tipo peculiar às peças ou modelos simétricos no sentido longitudinal ou transversal.

Modelos simétricos longitudinal e transversal

Observe o modelo a seguir, representado em perspectiva. Em seguida, imagine este modelo


dividido ao meio por um plano horizontal e depois, dividido por um plano vertical.

Fig. 23

Você reparou que, nos dois casos, as partes resultantes da divisão são iguais entre si !!! Trata-se,
portanto, de um modelo longitudinal e transversalmente simétrico. Neste modelo é possível imaginar
a aplicação do meio corte.

Representação do meio corte

Observando o modelo com meio corte, você poderá analisar os elementos internos, além disso,
poderá observar também o aspecto externo, que corresponde à parte não atingida pelo corte.

A linha traço e ponto estreita, responsável pela divisão da vista frontal ao meio, é a linha de
simetria. As partes maciças atingidas pelo corte são representadas hachuradas. O centro dos elementos
internos, que se tornaram visíveis com o corte, é indicado pela linha de centro.

A metade da vista frontal que não foi atingida pelo meio corte é exatamente igual à outra metade.
Assim, não será necessário repetir a indicação dos elementos internos na parte não atingida pelo
corte. Entretanto, o centro dos elementos não visíveis deve ser indicado.

Quando o modelo é representado com meio corte, não será necessário indicar os planos de
corte. As demais vistas são representadas normalmente.

Sempre que a linha de simetria que atravessa a vista em corte for vertical, a parte representada
em corte deve ficar à esquerda, conforme recomendação da NBR 10067. Veja a figura a seguir.

114 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Corte/Hachura e vista simplificada de desenho

VF

Fig. 24

Lembre-se de que não há necessidade de fazer qualquer indicação do local


por onde passam os planos de corte nas outras vistas.

Quando a linha de simetria que atravessa a vista em corte estiver na posição horizontal, a
metade em corte deverá ser representada na parte inferior do desenho, abaixo da linha de simetria,
conforme NBR 10067. É isso que você pode observar, analisando a vista frontal em meio corte, no
exemplo a seguir (Figura 25).

Fig. 25

SENAI-RJ 115
Interpretação de desenho mecânico – Corte/Hachura e vista simplificada de desenho

A escolha da vista em que o meio corte deve ser representado depende das formas do modelo e
das posições dos elementos que se quer analisar.

Corte parcial

Este tipo de corte é aplicado em uma parte da peça, para focalizar um detalhe determinado por
uma linha contínua estreita à mão livre ou por uma linha estreita em zigue-zague, conforme a NBR
8403.

Observe o modelo em perspectiva, com aplicação de corte parcial.

Fig. 26

A linha contínua estreita irregular à mão livre, que você vê na perspectiva, é a linha de ruptura.
A linha de ruptura mostra o local onde o corte está sendo imaginado, deixando visíveis os elementos
internos da peça. A linha de ruptura também é utilizada nas vistas ortográficas.

Fig. 27

116 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Corte/Hachura e vista simplificada de desenho

A vista representada em corte é a vista frontal, porque, ao imaginar o corte, o observador estava
vendo a peça de frente (Figura 27). Nas partes não atingidas pelo corte parcial, os elementos serão
representados normalmente. As partes hachuradas representam as partes maciças do modelo, atingidas
pelo corte.

Outra coisa muito importante que você deve observar é que, na


representação em corte parcial, não aparece o nome do corte. Também não
é necessário indicar o corte parcial em outras vistas.

Corte em desvio

Quando a representação da peça possuir uma parte apresentada em revolução, contendo detalhes
simetricamente distribuídos (furos ou nervuras radiais) sem que passe pelo plano de corte, o ideal é
fazer uma rotação de detalhe até coincidir com o plano.

Observe um modelo em perspectiva, com aplicação de corte em desvio (Figura 28).

Fig. 28

O corte em desvio procura buscar todos os detalhes da peça. Para isso precisa desviar a linha
de corte (linha simétrica), passando pelas partes desejadas. Veja a seguir o detalhamento da peça em
perspectiva, mostrada anteriormente.

SENAI-RJ 117
Interpretação de desenho mecânico – Corte/Hachura e vista simplificada de desenho

A - A

A B - B

Fig. 29

Omissão de cortes

Omissão quer dizer falta, ausência. Nas representações com omissão de corte, as hachuras são
parcialmente omitidas.

Apenas alguns elementos devem ser representados com omissão de corte, nesse caso quando
seccionados longitudinalmente pelo corte não devem ser hachurados.

Veja a seguir o emprego deste conceito em alguns casos.

1. As esferas, os roletes e os rolos dos coxinetes volventes não se seccionam.

SIM NÂO SIM NÂO SIM NÂO

Fig. 30

118 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Corte/Hachura e vista simplificada de desenho

2. As manivelas não se seccionam quando o plano de secção é longitudinal.

SIM NÃO

Fig. 31

3. As peças de torneiras não se seccionam quando o plano de secção é longitudinal.

SIM NÃO

Fig. 32

4. Os eixos de retenção e as portas não se seccionam quando o plano de secção é longitudinal.

SIM NÃO

Fig. 33

5. Os raios não se seccionam quando o plano de secção é longitudinal.

SIM NÃO

Fig. 34

SENAI-RJ 119
Interpretação de desenho mecânico – Corte/Hachura e vista simplificada de desenho

6. Os eixos de retenção e as portas não se seccionam quando o plano de secção é longitudinal.

SIM NÃO

Fig. 35

7. As nervuras não se seccionam quando o plano de secção é longitudinal.

SIM NÃO

Fig. 36

8. Os dentes das rodas dentadas e raios de roldanas não se seccionam quando o plano de secção
é longitudinal.

SIM NÃO

Fig. 37

120 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Corte/Hachura e vista simplificada de desenho

9. Os rebites não se seccionam quando o plano de secção é longitudinal.

SIM NÃO

Fig. 38

10. Parafusos, porcas e arruelas não se seccionam.

SIM NÃO

Fig. 39

11. As cunhas cônicas e cilíndricas não se seccionam quando o plano de secção é longitudinal.

SIM NÃO
SIM NÃO

Fig. 40

Corte rebatido

Certas peças que têm superfícies oblíquas em relação ao plano de projeção, por convenção, são
representadas por meio de outro tipo especial de projeção ortográfica: a projeção em rotação.

A rotação de partes oblíquas pode evitar a distorção e o encurtamento que


resultariam de uma projeção ortográfica normal.
Nem todas as peças que têm partes oblíquas podem ser representadas em
projeção com rotação. Apenas as peças com partes oblíquas associadas a
um eixo de rotação podem ser representadas com rotação de parte da peça.

SENAI-RJ 121
Interpretação de desenho mecânico – Corte/Hachura e vista simplificada de desenho

Veja alguns exemplos de peças que precisam desse tipo de representação.

Fig. 41

Rotação de parte oblíqua

Vale à pena lembrar que rotação é um movimento giratório, um giro em torno de um eixo.
Comecemos nosso estudo analisando esse tipo de representação. Observe na peça em perspectiva
(Figura 42) um tipo de braço de comando que apresenta uma parte oblíqua.

Fig. 42

Na vista superior a parte oblíqua aparece encurtada. O mesmo ocorre com o segmento ‘CD’
(diâmetro da parte cilíndrica), tal como aparece na Figura 43, que na vista frontal é representada em
verdadeira grandeza e na vista superior aparece menor que na vista frontal.

Para que os segmentos ‘AB’ e ‘CD’, sejam representados em verdadeira grandeza, também na
vista superior, é necessário imaginar a rotação da parte oblíqua.

122 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Corte/Hachura e vista simplificada de desenho

Fig. 43

A rotação é imaginada de modo que a parte oblíqua fique sobre o eixo principal da peça e
paralela ao plano de projeção, que neste exemplo é horizontal.

Fig. 44

SENAI-RJ 123
Interpretação de desenho mecânico – Corte/Hachura e vista simplificada de desenho

Após a rotação, a parte oblíqua passou a ser representada em verdadeira grandeza, na vista
superior. No Desenho Técnico, a vista onde a rotação é imaginada é representada normalmente e na
outra vista é representada em rotação.

Rotação de elementos oblíquos

Ao estudar “Omissão de cortes”, você viu que certos elementos de peças, tais como: nervuras,
orelhas, braços e dentes de engrenagem devem ser representados sem hachuras, quando estes
elementos são atingidos por cortes longitudinais.

Quando esses mesmos elementos aparecem numa peça em quantidade ímpar ou em disposição
assimétrica devem, por convenção, ser representados com rotação. Veja na figura 45, uma peça com
3 nervuras.

Fig. 45

Você deve ter notado que as nervuras A e C estão oblíquas em relação ao eixo da peça que
segue a direção da nervura B. Veja primeiro como ficaria a projeção ortográfica normal desta peça –
(Figura 46).

Fig. 46

124 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Corte/Hachura e vista simplificada de desenho

Por essa projeção ortográfica normal a interpretação da nervura C foi prejudicada na vista
frontal. Nesta vista, a projeção da nervura A, coincide com a projeção da nervura C. A nervura C
aparece representada com deformação. Sendo assim, o que fazer?

Para facilitar a interpretação do desenho, a nervura C deve ser representada em sua verdadeira
grandeza. Para que isso ocorra, a nervura C deve sofrer uma rotação imaginária.

Veja a seguir o que acontece neste caso, quando se imagina que esta nervura sofre uma rotação.

Fig. 47

Vista simplificada
Quando representamos uma peça pelas suas projeções, usamos as vistas que melhor identificam
suas formas e suas dimensões. Podemos usar três ou mais vistas, como também podemos usar duas
vistas e, em alguns casos, para simplificar, até uma única vista.

Tome como exemplo o cilindro a seguir, desenhado em duas vistas. Com o emprego do sinal
convencional indicativo de diâmetro (∅ ), pode-se eliminar a vista lateral, sem prejudicar a clareza do
desenho.

SENAI-RJ 125
Interpretação de desenho mecânico – Corte/Hachura e vista simplificada de desenho

Fig. 48
Observe outros exemplos de simplificação do desenho de peças cilíndricas, com supressão

Fig. 49

126 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Corte/Hachura e vista simplificada de desenho

de vistas.

1ª Fase 2ª Fase 3ª Fase

Fig. 49

SENAI-RJ 127
Escala de Desenho
Nesta unidade ...

Afinal, o que é escala?

Desenho técnico em escala

7
Interpretação de desenho mecânico – Escala de Desenho

Afinal, o que é escala?


O homem sempre necessitou registrar no papel coisas de que ele gosta ou precisa: uma foto, um
desenho para construção ou ainda o projeto de alguma idéia que posteriormente deseje executar.

Há, porém, uma dificuldade a ser superada: algumas vezes os objetos são muito grandes e não
cabem no papel, como por exemplo, uma casa, um automóvel. Em outras, até caberiam, mas seriam
desenhos tão pequenos de difícil interpretação e, nesse caso, ninguém os enxergaria. É claro que
poderíamos utilizar papéis maiores ou menores, porém não vamos esquecer que as folhas têm dimensões
padronizadas por normas.

A NBR 10068 de outubro de 1987 fixa formato, dimensões e leiaute das


folhas de desenho técnico.

Assim, antes de representar objetos, modelos e peças é preciso estudar o seu tamanho real.
Tamanho real é a grandeza que as coisas têm na realidade. Existem objetos que podem ser
representadas no papel em tamanho real. Mas, existem outros que não podem ser representados em
seu tamanho real. Alguns são muito grandes para caber numa folha de papel. Outros são tão pequenos,
que se os reproduzíssemos em tamanho real seria impossível analisar seus detalhes.

A solução para esses problemas é a redução ou a ampliação das representações destes objetos.
E como pode ser feito?

Manter, reduzir ou ampliar o tamanho da representação de alguma coisa é possível através da


representação em escala.

SENAI-RJ 131
Interpretação de desenho mecânico – Escala de Desenho

A NBR 8196 de dezembro de 1999, fixa as condições exigíveis para emprego


de escalas e suas designações em desenhos técnicos.

Definição
Depois de reforçar a importância que a redução e a ampliação têm para representar os objetos,
cabe destacar o valor da escala nesse processo. Para começar, você não poderá esquecer que a
escala é uma forma de representação que mantém as proporções das medidas lineares do objeto
representado.

Em desenho técnico, a escala indica a relação do tamanho do desenho da


peça com o tamanho real da peça. A escala permite representar, no papel,
peças de qualquer tamanho real.

Nos desenhos em escala, as medidas lineares do objeto real ou são mantidas, ou então são
aumentadas ou reduzidas proporcionalmente.

As dimensões angulares do objeto permanecem inalteradas. Nas representações em escala as


formas dos objetos reais são mantidas.

Escala é o resultado da razão numérica entre as dimensões do desenho e


as dimensões do objeto (peça) desenhado.

DIMENSÕES DO DESENHO = D = R (razão)


DIMENSÕES DO OBJETO (peça)

Um desenho de uma peça de mecânica, uma planta de arquitetura, etc. podem estar em escala
natural, escala de ampliação ou escala de redução.

132 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Escala de Desenho

Desenho técnico em escala


O desenho técnico que serve de base para a execução da peça é, em geral, um desenho técnico
rigoroso. Este desenho, também chamado desenho técnico definitivo, é feito com instrumentos:
compasso, régua, esquadro ou até mesmo por computador.

Mas antes do desenho técnico rigoroso é necessário um esboço cotado, quase sempre feito à
mão livre. O esboço cotado serve de base para o desenho rigoroso. Ele contém todas as cotas da
peça bem definidas e legíveis, mantendo a forma da peça e as proporções aproximadas das medidas.
Veja, a seguir, o esboço de uma bucha.

Fig. 1

Você deve ter notado que no esboço cotado, as medidas do objeto não são reproduzidas com
exatidão.

No desenho técnico rigoroso, ao contrário, existe a preocupação com o tamanho exato da


representação. O desenho técnico rigoroso deve ser feito em escala e esta escala deve vir indicada
no desenho.

Escala natural
Chamamos escala natural aquela em que o tamanho do desenho técnico é igual ao tamanho real
da peça. Você deve ficar atento! A indicação da escala do desenho é feita pela abreviatura da palavra
escala: ESC, seguida de dois numerais separados por dois pontos. O numeral à esquerda dos dois
pontos representa as medidas do desenho técnico. O numeral à direita dos dois pontos representa as
medidas reais da peça. Na indicação da escala natural os dois numerais são sempre iguais. Isso
porque o tamanho do desenho técnico é igual ao tamanho real da peça. A relação entre o tamanho do
desenho e o tamanho do objeto é de 1:1 (lê-se um por um). A escala natural é sempre indicada deste
modo: ESC 1:1.

SENAI-RJ 133
Interpretação de desenho mecânico – Escala de Desenho

Na representação através de desenhos executados em escala natural, às dimensões do objeto


correspondem em igual valor às representadas no desenho. Observe!

A escala natural é indicada assim: 1:1

lê-se: escala 1 por 1

Escala / Razão da caneta

DIMENSÃO DO DESENHO = 125 = 1 = 1


DIMENSÃO DO OBJETO (peça) 125 1

125
41

Fig. 3

Fig. 2

Escala / Razão do clips (Figura 3).

DIMENSÃO DO DESENHO = 41 = 1 = 1
DIMENSÃO DO OBJETO (peça) 41 1

Escala de redução
A escala de redução é aquela em que o tamanho do desenho técnico é menor que o tamanho real
da peça. Veja um desenho técnico de um rodeiro de vagão em escala de redução.

134 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Escala de Desenho

Fig. 4

Considere que as medidas deste desenho são vinte vezes menores que as medidas correspondentes
ao rodeiro de vagão real. Lembre-se! A indicação da escala de redução precisa vir junto com o
desenho técnico.

Na indicação da escala de redução o numeral à esquerda dos dois pontos é sempre 1. Por sua
vez, o numeral à direita é sempre maior que 1. Na figura anterior o objeto foi representado na escala
de 1:20 (lê-se: um por vinte).

Escala de ampliação
A escala de ampliação é aquela em que o tamanho do desenho técnico é maior que o tamanho
real da peça. Repare o exemplo de desenho técnico em escala de ampliação na figura 5.

Fig. 5

SENAI-RJ 135
Interpretação de desenho mecânico – Escala de Desenho

As dimensões são duas vezes maiores que as dimensões correspondentes à peça real. Este
desenho foi feito na escala 2:1 (lê-se: dois por um).

Relembrando: a indicação da escala no desenho técnico é feita como nos casos anteriores: a
palavra escala aparece abreviada (ESC), seguida de dois numerais separados por dois pontos.

Neste caso, o numeral da esquerda, que representa as medidas do desenho técnico, é maior que
1:0 e o numeral da direita é sempre 1 e representa as medidas reais da peça.

Detalhes em escala
Num desenho, quando algum detalhe, pela sua reduzida dimensão, não ficar perfeitamente
compreensível, ele poderá ser desenhado à parte, em escala de ampliação, especificada, como no
exemplo a seguir (Figura 6).

Fig. 6

As escalas recomendadas em desenho técnico mecânico estão especificadas na tabela a seguir.


Confira!

REDUÇÃO NATURAL AMPLIAÇÃO

1:2 1:1 2:1


1:5 5:1
1:10 10:1

NOTA: As escalas desta tabela podem ser reduzidas ou ampliadas à razão de 10.

Tabela 1

136 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Escala de Desenho

Observação: a palavra escala pode ser abreviada na forma “esc”.

Lembrete
medida de desenho 1:5 medida real da peça

Significa que a medida real da peça é, na verdade, 5 (cinco) vezes maior


que a apresentada no desenho.

SENAI-RJ 137
Cotagem
Nesta unidade ...

Cotas - o que é e para que serve?

Elementos básicos da cotagem

Indicações suplementares

8
Interpretação de desenho mecânico – Cotagem

Cota - O que é e para que


serve?
Para que uma peça seja fabricada já sabemos que é necessário representá-la em desenho
técnico com vistas, cortes, etc. Lembramos ainda que este desenho deve conter todas as dimensões
das partes que o compõe.

Este conjunto de dimensões (medidas) colocadas nos desenhos, de forma convencional e


normatizada, sem as quais jamais poderíamos executar a peça, denomina-se cotagem.

Uma boa cotagem exige o conhecimento de normas próprias e o processo de fabricação das
peças, assuntos que serão apresentados nesta unidade, pautados na norma NBR 10126 de novembro
de 1987, que fixa os princípios gerais de cotagem a serem aplicados em desenhos técnicos.

Cota
A título de definição chamamos cota o valor numérico indicado no desenho para expressar uma
dimensão.

Cotagem
Por sua vez, cotagem é a representação gráfica no desenho da característica do elemento. Essa
representação se dá através de linhas, símbolos, notas e valor numérico numa unidade de medida. O
elemento é uma das características do objeto: superfície plana, superfície cilíndrica, um ressalto, um
filete de rosca, uma ranhura, um contorno.

Por essas observações iniciais você deve ter percebido a importância da cotagem para o desenho
técnico. Analise agora a sua aplicabilidade.

SENAI-RJ 141
Interpretação de desenho mecânico – Cotagem

Aplicação das cotas


Toda a cotagem deve ser representada diretamente no desenho, de forma clara e completa, a
fim de descrever uma peça ou seu correspondente. A cotagem deve ser localizada na vista ou no
corte que representa mais claramente o elemento.

Como representação gráfica, a cotagem deve ser feita apenas para descrever o objeto ou o
produto acabado. Nenhum elemento do objeto ou do produto acabado deve ser definido por mais de
uma cota. Mas há exceções. Vejamos:

a) Nos casos em que for necessária a cotagem de um estágio intermediário de produção, por
exemplo: tamanho do elemento antes da cementação e do acabamento.

b) Nos casos em que a adição de uma cota auxiliar for vantajosa.

Elementos básicos da cotagem


Os elementos básicos da cotagem são: a linha de cota, a linha auxiliar, o limite da linha de cota e
a cota. É importante que você identifique claramente todos esses elementos.

Linha de cota
É a linha estreita contínua, paralela à direção de comprimento. Contém setas nas extremidades
e é limitada pelas linhas auxiliares.

Linha auxiliar ou de extensão


É uma linha estreita contínua que limita a linha de cota. As linhas auxiliares não devem tocar na
linha de contorno do desenho e ultrapassam ligeiramente a linha de cota.

Fig. 1

142 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Cotagem

Regras gerais
a) As cotas devem ser distribuídas nas vistas que melhor caracterizam as partes cotadas, poden-
do ser colocadas dentro ou fora dos elementos que representam, a fim de se obter melhores
condições de clareza e facilidade na execução.

Nas transferências de cotas para fora do desenho empregamos as linhas de chamada, evitando
o seu cruzamento com a linha de cota.

b) A linha de cota é limitada por flechas agudas:

Fig. 2

c) Os algarismos ou números devem ser indicados nas linhas de cota, em posição horizontal,
sempre sobre as mesmas.

Fig. 3

d) Como regra geral, as linhas de cota devem ficar afastadas entre si e também da peça pela
distância de aproximadamente 7mm.

As linhas de chamada ultrapassam a linha de cota em aproximadamente 3mm.

SENAI-RJ 143
Interpretação de desenho mecânico – Cotagem

Fig. 4

e) Em desenhos de máquinas as cotas são expressas em milímetros, mas sem mencionar o sím-
bolo desta unidade de medida.

Sendo necessário o emprego de outra unidade de medida, o símbolo deverá ser escrito, obriga-
toriamente, ao lado da cota.

Fig. 5

f) As linhas de centro podem ser empregadas como linhas de chamada sendo prolongadas pelo
traço fino contínuo. Porém, as linhas de centro nunca poderão ser usadas como linha de cota.

Fig. 6

144 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Cotagem

g) Os furos de diâmetro grandes e pequenos podem ser cotados como no exemplo a seguir
(Figura 7).

Fig. 7

h) A linha de cota para indicações de raio, parte do centro do arco e levará somente uma flecha na
extremidade ligada a circunferência.

Fig. 8

i) O centro, quando não demarcado pela interseção das linhas de centro, é indicado por uma
pequena circunferência de aproximadamente 1mm.

Fig. 9

SENAI-RJ 145
Interpretação de desenho mecânico – Cotagem

j) A cotação de cantos chanfrados é feita conforme a indicação apontada nos exemplos da figura
10. Observe.

Fig. 10

k) Na cotação de furos eqüidistantes é necessário indicar:

- a localização do primeiro furo;

- a distância entre o centro dos dois primeiros;

- a distância entre o primeiro e o último e, entre parênteses, o número de furos.

Fig. 11

l) A indicação de medidas angulares deve ser feita como nos exemplos apontados no conjunto da
figura 12.

146 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Cotagem

Fig 12

m) Pequenos espaços podem ser cotados como os indicados nos exemplos da figura 13. Repare
que as flechas podem ser substituídas por pontos ou por pequenos traços inclinados.

Fig. 13

n) Nas peças de grande precisão, os furos igualmente espaçados em uma mesma circunferência,
devem ter sua abertura indicada em graus.

Nas peças menos precisas é suficiente que se indique a medida da corda entre os mesmos.

SENAI-RJ 147
Interpretação de desenho mecânico – Cotagem

Fig. 14

o) Outro recurso no emprego das cotas é a cotação em série (em cadeia), usada quando a peça a
ser usinada não requer grande precisão entre seus elementos contíguos e quando a soma dos
erros desses elementos não flui no funcionamento da peça.

Fig. 15

p) A cotação por linhas básicas (faces de referências) é usada quando se requer precisão entre
elementos contíguos. Nesse caso, todas as medidas devem partir de uma face de referência,
evitando assim a soma dos erros entre os elementos. Observe atentamente a figura 16.

148 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Cotagem

Fig. 16

Indicações suplementares
Até aqui você pôde apronfundar seus conhecimentos sobre cotagem. Mas há ainda muito o que
aprender sobre as cotas. Considere as indicações a seguir como informações suplementares, mas
não menos importantes.

a) A altura dos algarismos que indicam as cotas devem ser proporcionais às dimensões do desenho.

Fig. 17

SENAI-RJ 149
Interpretação de desenho mecânico – Cotagem

b) Quando uma cota é escrita em uma secção, ela interrompe a hachura.

Fig. 18

c) As cotas devem ser dispostas nas vistas ou nas secções nas quais a sua função fique mais
clara. Acompanhe os exemplos da Figura 19.

Fig. 19

d) Exemplo de indicação de raios de concordância.

Fig. 20

150 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Cotagem

e) Quando há muitas concordâncias, para não sobrecarregar o desenho usamos a indicação resu-
mida, como na figura 21. Repare.

Fig. 21

f) Exemplo de cotagem de elementos eqüidistantes em uma circunferência.

Fig. 22

g) Exemplo de cotagem a ser adotado quando os elementos dispostos regularmente se encontram


repetidos.

Fig. 23

SENAI-RJ 151
Interpretação de desenho mecânico – Cotagem

h) Exemplo de designação de cotas parciais, nominalmente iguais entre si.

Fig. 24

i) Na Figura 25, você encontrará um exemplo de cotagem simplificada de um perfilado. Ele


aparece unificado com a ordem, o símbolo do perfil, as dimensões características e o compri-
mento total.

Fig. 25

j) A seguir, na figura 26, um exemplo de desenho de estrutura metálica executada com perfis
iguais acoplados. Repare que os símbolos também serão acoplados.

Fig. 26

k) Exemplo de representação esquemática, de uma estrutura de treliças metálicas. As cotas foram


aplicadas diretamente sobre cada segmento, correspondendo à distância entre nós e a extremi-
dades do próprio elemento.

152 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Cotagem

Fig, 27

l) Exemplo de cotagem de elementos diversos. Eles indicam a forma correta e a que deve ser
evitada. Acompanhe com atenção o conjunto apresentado na figura 28.

Fig. 28 – Cotas supérfluas

SENAI-RJ 153
Interpretação de desenho mecânico – Cotagem

m) Um exemplo de cotagem de elementos simétricos. Nesses casos a aplicabilidade das cotas


exige alguns cuidados especiais. Repare o desenho e as observações;

Fig. 29

Observações da figura 29.

1 - Peças simétricas recebem linhas de centro;

2 - A linha de centro abrange toda a peça e ultrapassa um pouco os extremos;

3 - A linha de centro é interrompida para a colocação de cotas, quando estas não puderem
aparecer.

Observe outras formas de cotagem.

Fig. 30

154 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Cotagem

De suas observações da figura 30, você poderá concluir que:

1. As vistas com dois eixos simétricos têm duas linhas de centro cruzadas;

2. O cruzamento deve ser feito com traços.

Sinais convencionais
Os sinais convencionais são usados nos desenhos com a finalidade de simplificar e facilitar a sua
leitura. Você precisa conhecê-los.

a) ∅ Sinal indicativo de diâmetro.

Usado na indicação de partes cilíndricas e nas vistas em que a secção circular das mesmas não
estejam bem caracterizadas.

O sinal é colocado sempre antes dos algarismos.

Observe:

Fig. 31

b) Sinal indicativo de quadrado

Usado na indicação de elementos de forma quadrada. O sinal é colocado sempre antes dos
algarismos.

SENAI-RJ 155
Interpretação de desenho mecânico – Cotagem

Verifique:

Fig. 32
c) X Diagonais cruzadas

Duas diagonais cruzadas, traçadas com linha fina cheia é o recurso usado nos seguintes casos:

– Na representação de espigas de seção quadrada:

Fig. 33

– Na representação de superfícies planas em peças cilíndricas:

Fig. 34

156 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Cotagem

d) Sinais convencionais indicativos de perfilados

Estes sinais são sempre empregados antes da designação de bitola nos materiais perfilados.
Observe.

Redondo L Cantoneira [ “U”


Quadrado T Tê Z “Z”
Chato I Duplo Tê # n° de bitolas em chapas e fios

Um exemplo desse tipo de representação:


1/2” x 100mm
1/4” x 1”x 120mm
L 2” x 2” x 3/16” x 350mm

SENAI-RJ 157
Simbologia
de Acabamento
Superficial
Nesta unidade ...

Acabamento superficial

A simbologia antiga

9
Interpretação de desenho mecânico – Simbologia de Acabamento Superficial

Acabamento superficial
Antes que você conheça as simbologias antigas e, principalmente, as atuais fixadas por norma
para o acabamento superficial, cabe ressaltar a importância de seu estudo. Uma importância que
cresce com a precisão de ajuste entre as peças a serem montadas e na busca pela funcionalidade do
conjunto.

Inicialmente, precisamos conhecer alguns efeitos da rugosidade no comportamento das peças


mecânicas. Registre!

• A qualidade de deslizamento e rolamento;

• A resistência ao desgaste;

• A possibilidade de ajuste do acoplamento forçado;

• A resistência oferecida pela superfície ao escoamento de fluidos e lubrificantes;

• A qualidade de aderência que a estrutura oferece às camadas protetoras;

• A corrosão e a resistência à fadiga;

• A vedação;

• A aparência.

Depois desse primeiro passo, você irá se deparar com a simbologia de acabamento de superfície,
próprias dos estudos da mecânica. Lembramos que esse acabamento é medido através da rugosidade
superficial e expresso em mícrons.

A NBR 6405 define termos, conceitos e classificação da rugosidade das


superfícies.

SENAI-RJ 161
Interpretação de desenho mecânico – Simbologia de Acabamento Superficial

Superfícies, por mais qualidades que possuam, apresentam imperfeições,


particularidades e características do processo utilizado em sua obtenção.
Estas divergências ou imperfeições revelam os desvios da superfície em
relação a sua configuração geométrica ideal. É fundamental que elas sejam
avaliadas e qualificadas mediante procedimentos técnicos normatizados,
imprescindíveis para a funcionalidade e a certificação dos resultados.

O acabamento superficial possui uma simbologia antiga e uma atual. É importante que você as
conheça e descubra como a simbologia evoluiu.

A simbologia antiga
O Brasil adotou por um longo tempo a simbologia que representava o acabamento superficial de
peças através de processos de conformação mecânica ou por usinagem. Durante esse período eram
empregados símbolos convencionados por triângulos, conforme a figura 1 a seguir:

Superfície laminada, estirada e forjada, não leva sinal de usinagem.


Rugosidade qualquer. (Conformação por Processo Mecânico)

Superfície em bruto, porém, limpa com eliminação de rebarbas e saliênci-


as. (Conformação por Processo Mecânico)

Superfície desbastada: os riscos da ferramenta são visíveis e percebidos


pelo tato. Rugosidade acima de 124mm. (Conformação por Usinagem)

Superfície alisada: os riscos da ferramenta são pouco visíveis. Rugosidade


de 3 a 9mm. (Conformação por Usinagem)

Superfície polida ou retificada: os riscos da ferramenta não são visíveis.


Rugosidade de 0,8 à 3mm. (Conformação por Usinagem)

Superfície extra polida: os riscos da ferramenta não são visíveis.


Rugosidade de 0,1 à 0,8mm. (Conformação por Usinagem)

Superfície sujeita a tratamento especial indicado sobre a linha horizontal

Fig. 1

162 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Simbologia de Acabamento Superficial

A ABNT não recomenda mais a utilização desta simbologia, pois a mesma é


limitada na apresentação das informações e dificulta a completa
interpretação da superfície requerida. Fique atento!

Você vai observar exemplos de aplicações da simbologia antiga. Essa observação é importante
porque existem empresas que a aplicam.

1. Se todas as superfícies de uma peça são ou precisam ser da mesma qualidade, o sinal conven-
cional deve ser um só e deve estar situado no ângulo superior direito ao lado do número de
referência.

Fig. 2

2. Se um determinado sinal convencional se refere a maioria das superfícies da peça, mas não a
todas, o sinal correspondente é colocado como no caso anterior. Seguido dos demais sinais,
colocados entre parênteses. Todavia, estes sinais devem ser também, indicados no desenho
sobre as linhas de contorno a que se referem.

Fig. 3

SENAI-RJ 163
Interpretação de desenho mecânico – Simbologia de Acabamento Superficial

3. Os sinais convencionais de usinagem das superfícies, dos flancos, dos dentes de engrenagem
e de filetes de roscas, uma vez representados esquematicamente, aparecem sobre a circunfe-
rência primitiva desses elementos.

Fig. 4

4. Os sinais convencionais de usinagem devem ter normalmente as seguintes dimensões:

Fig. 5

Simbologia atual
Atualmente, é possível comprovar que as superfícies apresentam erros com diferentes magnitudes
e sua avaliação consiste em registrar tecnicamente estes defeitos ocasionados pelos diferentes
processos de usinagem. Tais erros podem ser definidos como sendo o somatório dos desvios de um
corpo em relação a sua geometria ideal. Através do conhecimento do tipo e da grandeza destes
desvios podemos detectar imperfeições em equipamentos, ou ainda, falhas nos processos utilizados
para a sua fabricação. Para alcançar essa precisão na avaliação das superfícies, precisaremos lançar
mão da simbologia atual.

164 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Simbologia de Acabamento Superficial

Fig. 6

No estudo dessa nova simbologia cabe definir o que é perfil. O perfil é a linha resultante da
interseção de uma superfície com um plano, chamado relevo, normal à superfície considerada.
Conforme a superfície em estudo, com a referida interseção, tem-se o perfil técnico ou o perfil real da
superfície.

Fig. 7

Já falamos de rugosidade antes, mas no intuito de defini-la podemos dizer que a rugosidade é o
conjunto dos desvios da superfície real com a superfície técnica.

A linha média do perfil é a linha de equilíbrio do perfil real, paralela ao


perfil técnico nos limites do traço da medida L, e é a linha que divide o
perfil real. A somatória das áreas compreendidas entre as partes superiores
do perfil real e a linha de equilíbrio deve ser igual a somatória das áreas
compreendidas entre esta última linha e as partes inferiores do perfil real.

SENAI-RJ 165
Interpretação de desenho mecânico – Simbologia de Acabamento Superficial

A função da medição de superfícies consiste em registrar tecnicamente seus defeitos, também


chamados rugosidade ou textura primária e os erros de forma ou textura, textura secundária. Estas
imperfeições são ocasionadas por inúmeros fatores, tais como: vibrações durante o processo de
usinagem, imperfeições na geometria da máquina, entre outros. Elas são considerados erros de forma.

A relação entre o raio da ponta da ferramenta e o avanço desta sobre a


superfície interfere nas medidas de rugosidade.

Como fornecer informações completas, referentes ao controle dos processos de produção?


Como facilitar os sistemas de medição metrológica da Produção Mecânica de peças em geral? Você
vai perceber que só o emprego de uma simbologia que apresente todas as informações necessárias
pode dar conta dessa tarefa.

Parâmetros de rugosidade
Os parâmetros de rugosidade são procedimentos técnicos normatizados, usados para avaliar a
configuração geométrica das superfícies em seu estado original, ou após a usinagem.

Os parâmetros de medição de rugosidade baseados na linha média, são agrupados em três


classes.

1ª classe

Os que se baseiam nas medidas das profundidades da rugosidade:

Ra, Rq, Z, Rz (DIN), Rz (ISO), Rmax, Rt, Rtm, Rp, Rpm, R3z.

2ª classe

Os que se baseiam em medidas horizontais:

S, Sm, CI, TC, Tp%, HSC

3ª classe

Os que se baseiam nas medidas proporcionais:

Rsk, ra, rq, Rku, Kl

166 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Simbologia de Acabamento Superficial

Rugosidade média RA

Nesta unidade abordaremos apenas o parâmetro de medição ‘Ra’, por ser o mais utilizado em
todo o mundo.

Que parâmetros de medição é esse? A Rugosidade Média Ra pode ser definida como a média
aritmética dos valores absolutos das ordenadas de afastamento, dos pontos do perfil de rugosidade
em relação a linha média, dentro do percurso de medição. Observe a representação na figura 8.

Fig. 8

Este parâmetro é indicado quando se faz necessário um controle contínuo da rugosidade em


linhas de produção. Sua indicação se deve a facilidade de obtenção dos resultados.

Indicação dos desenhos técnicos

O símbolo básico é constituído por duas linhas de comprimento desigual. São inclinadas 60° em
relação ao traço que representa a superfície considerada. Este símbolo não significa nada isoladamente.

Sinal gráfico convencional para indicação da


rugosidade das superfícies.

Fig. 9

SENAI-RJ 167
Interpretação de desenho mecânico – Simbologia de Acabamento Superficial

Fig. 10 – Dimensionamento aproximado do sinal gráfico

Quando é preciso indicar no desenho um processo de trabalho que requer extração ou não de
aparas, completamos o sinal gráfico de várias maneiras. Acompanhe as situações apresentadas nos
sinais a seguir.

Sinal gráfico a ser empregado para uma superfície que não


exige extração de aparas (Figura 11).

Fig. 11

Sinal gráfico a ser empregado para uma superfície a ser obtida


sem extração de aparas (Figura 12).

Fig. 12

A rugosidade Ra (mm) deve ser escrita no interior do


sinal gráfico (Figura 13).

Fig. 13

Se for necessário fornecer indicações complementares,


prolongamos o traço maior do sinal gráfico com um traço
horizontal (Figura 14).

Fig. 14

168 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Simbologia de Acabamento Superficial

Símbolos para direção das estrias

As estrias estão representadas na série de símbolos a seguir. Os símbolos


caracterizam as direções em que estão dispostas as estrias.

Símbolo Interpretação

= Paralela ao plano de projeção da vista sobre


o qual o símbolo é aplicado.

Perpendicular ao plano de projeção da vista


sobre o qual o símbolo é aplicado.

X Cruzadas em duas direções oblíquas em rela-


ção ao plano de projeção da vista sobre o
qual o símbolo é aplicado.

M Muitas direções

C Aproximadamente central em relação ao pon-


to médio da superfície ao qual o símbolo é
referido.

R Aproximadamente radial em relação ao ponto


médio da superfície ao qual o símbolo é
referido.

Fig. 15

Estrias são ranhuras observadas nas superfícies, que podem apresentar


diversas formas e direções.

SENAI-RJ 169
Interpretação de desenho mecânico – Simbologia de Acabamento Superficial

Disposição das indicações do estado de superfície no símbolo

Cada uma das indicações do estado de superfície está disposta em relação ao símbolo. Confira
na figura a seguir.

Fig. 16

A partir da figura 16 podemos concluir que:

a= Valor da rugosidade Ra, em mm, ou em classe de rugosidade de N1 até N12;

b= Método de fabricação, tratamento ou revestimento;

c= Comprimento de amostra, em mm;

d= Direção das estrias;

e= Sobremetal para usinagem, em mm;

f= Outros parâmetros de rugosidade (entre parênteses).

170 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Simbologia de Acabamento Superficial

Tabela comparativa

A seguir temos uma tabela comparativa entre acabamentos superficiais, símbolo de rugosidade
e tipos de usinagem.

Tipos de Usinagem Grosseiro ∇ Médio ∇∇ Fino ∇∇∇ Finíssimo ∇∇∇∇


Símbolo N12, N11, N10 N9, N8, N7 N6, N5, N4 N3, N2, N1
Grupos de Rugosidade N12 N11 N1 N9 N8 N7 N6 N5 N4 N3 N2 N1
Ra em Mícron 50 25 12,5 6,3 3,2 1,6 0,8 0,4 0,2 0,1 0,05 0,025
1234567
1234567
Serragem, Corte 123456789
1234567
123456789
Limagem 123456789
123456
123456789
123456
Aplainamento 123456
12345612345678901
12345678901
12345678901
Torneamento 12345678901
12345678901
12345678901
12345678901
Broqueamento 12345678901 12345
12345
Escareação 12345
12345
Perfuração
12345
12345
Fresagem 12345
12345678
12345
12345678
Brocagem 12345678
12345678
12345678
Raspagem 12345678
12345
12345
Retífica vertical 12345
1234512345678
12345678
12345678
Retífica tangencial 123456789
123456789 12345678
Brunidura 123456789
123456789 12345
12345
12345
Super retífica 12345 12345
12345
12345
Esmerilhamento 12345
Polimento
12345678
12345678 Rugosidade para esboço
12345678
Rugosidade obtida na prática normal
Rugosidade obtida com cuidados especiais

A NBR 8404 de março de 1984, orienta quanto a indicação do estudo de


superfícies em desenho técnico.

SENAI-RJ 171
Tolerância Dimensional
Nesta unidade ...

Tolerância: algumas definições

Ajuste mecânico

Indicação das cotas com tolerância

10
Interpretação de desenho mecânico – Tolerância Dimensional

Tolerância: algumas definições


As peças não funcionam isoladamente, elas trabalham associadas a outras peças, formando
conjuntos mecânicos que desempenham funções determinadas.

Vale lembrar que num conjunto mecânico é indispensável que as peças se articulem
convenientemente, conforme o especificado no projeto. Muitas vezes, as peças que constituem o
conjunto provém de diferentes fornecedores e para trabalhar juntas devem apresentar características
que não comprometam a funcionalidade e a qualidade do conjunto.

Caso seja necessário substituir uma peça qualquer de um conjunto


mecânico, é fundamental que a peça substituta seja semelhante à peça
substituída, isto é, elas devem ser intercambiáveis.

Entretanto, não podemos esquecer que todos os processos de fabricação estão sujeitos à
imperfeições que afetam as características da peça. Desse modo, é impossível obter peças com as
características idênticas às ideais, projetadas no desenho.

E por que isso ocorre? São vários fatores que interferem nos processos de fabricação: instrumentos
de medição fora de calibração, folgas e desalinhamento geométricos das máquinas-ferramenta, além
de deformação do material, falhas do operador, etc.

A prática industrial tem demonstrado que certas variações nas características das peças são
aceitáveis, dentro de certos limites, porque não chegam a afetar sua funcionalidade.

SENAI-RJ 175
Interpretação de desenho mecânico – Tolerância Dimensional

Chamamos tolerância essas variações ou desvios aceitáveis nas


características das peças.

A determinação das tolerâncias e sua indicação nos Desenhos Técnicos é função do projetista.
Quanto mais familiarizado o projetista estiver com os processos de fabricação e com os métodos de
usinagem, melhores condições ele terá de especificar tolerâncias, atendendo as exigências de exatidão
na forma, na posição e na funcionalidade das peças. Permitindo que as mesmas sejam avaliadas por
métodos simplificados de verificação.

Ao profissional que executa a peça, cabe a tarefa de interpretar as indicações de tolerância


apontadas nos desenhos, além de cuidar para que o produto final não ultrapasse as indicações de
tolerância previstas no projeto.

Vamos recordar algumas definições, já vistas na unidade anterior e que são essenciais para o
entendimento dos sistemas furo-base e sistema eixo-base, objetivo dessa unidade.

Tolerância (T)
É a variação permitida na dimensão da peça, dada a diferença entre as dimensões máxima e
mínima.

A unidade de tolerância adotada é o mícron (μ) = milésimo de milímetro.

Dimensão máxima (D. máx.)

É o valor máximo permitido na dimensão efetiva da peça. Ela fixa o limite superior da tolerância.

Dimensão mínima (D. min.)

É o valor mínimo permitido na dimensão efetiva da peça. Ela fixa o limite inferior da tolerância.

176 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Tolerância Dimensional

Fig. 1

Dimensão efetiva (D. ef.)

Dimensão efetiva ou real é o valor que se obtém medindo a peça.

Dimensão nominal (D. nom.)

É apenas uma dimensão de base, pois a medida efetiva da peça depende da tolerância. É aquela
que vem marcada no desenho, isto é, a cota da peça.

Afastamento superior (ES. es.)

É a diferença entre as dimensões máxima e nominal.

Afastamento inferior (EI. ei.)

É a diferença entre as dimensões mínima e nominal.

Fig. 2

SENAI-RJ 177
Interpretação de desenho mecânico – Tolerância Dimensional

Folga
Chamanos folga a diferença positiva entre as dimensões do furo e do eixo, antes da montagem,
quando o diâmetro do eixo é menor que o diâmetro do furo.

Folga mínima

É a diferença positiva entre a dimensão mínima do furo e a dimensão máxima do eixo.

Folga máxima

É a diferença positiva entre a dimensão máxima do furo e a dimensão mínima do eixo.

Interferência
Além da tolerância T e da folga, não podemos deixar de conceituar a interferência.

Ela é a diferença negativa entre as dimensões do furo e do eixo, antes da montagem, quando o
diâmetro do eixo é maior que o diâmetro do furo.

Há dois tipos de interferência, registre:

Interferência mínima

Diferença negativa entre a dimensão máxima do furo e a dimensão mínima do eixo.

Interferência máxima

Diferença negativa entre a dimensão mínima do furo e a dimensão máxima do eixo.

Campo de tolerância
Você deve estar percebendo que a aplicabilidade de tolerância exige alguns cuidados especiais.
Por isso é tão importante especificar as medidas e definir as representações. Dentro desse raciocínio
chegamos ao campo da tolerância, definido como o conjunto de valores compreendidos entre os
afastamentos superior e inferior. Ele corresponde também ao intervalo que vai da dimensão máxima
à dimensão mínima.

178 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Tolerância Dimensional

Qualidade de trabalho
Com tudo que foi estudado até aqui você já se tornou capaz de reconhecer as inúmeras variações
que caracterizam as peças no mundo da Mecânica. Não é difícil perceber que a qualidade das peças
das britadoras das tesouras e de outras máquinas grosseiras não é a mesma das peças pertencentes
a plainas, tornos mecânicos, fresadoras, etc.

Enquanto o acabamento das primeiras é apenas regular e os seus ajustes têm folgas consideráveis,
as últimas, não somente exigem um acabamento melhor, como também ajustes mais exatos.

Por essa razão o sistema ISO estabelece 20 qualidades de trabalho, capazes


de serem adaptadas a quaisquer tipos de produção mecânica. Essas
qualidades são designadas por IT01, IT0, IT1, IT2 ...IT18, onde I, é de ISO
e T de tolerância. Repare na figura 4 e confira!

para mecânica grosseira e


para calibradores para mecânica corrente pelas isoladas
Furo

Eixo

para calibradores para mecânica corrente para mecânica grosseira e


pelas isoladas

Fig. 4

Escolha da qualidade

Diante de tantas opções, como escolher?

A escolha da qualidade depende do tipo de construção ou da função desempenhada pelas peças.


Como regra geral pode-se dizer que:

a) As qualidades de 01 à 5 correspondem à mecânica extraprecisa. É reservada particularmente


para calibradores;

b) A qualidade 6 corresponde à mecânica muito precisa. É indicada para eixos das máquinas
ferramentas como no caso das: fresadoras, retificadoras, etc...;

180 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Tolerância Dimensional

O sistema de tolerância, ISO, prevê a existência de 28 campos, representados por letras do


alfabeto latino, sendo as maiúsculas para os furos e as minúsculas para os eixos.

Furos:
A B C CD D E EF F FG G H J JS K M N P R S T U V X Y Z ZA ZB ZC

Eixos:
a b c cd d e ef f fg g h j js k m n p r s t u v x y z za zb zc

Observando a figura 3 você vai notar que as letras indicam as posições dos campos de tolerância
em relação à linha zero, indicando às primeiras os ajustes móveis e as últimas os ajustes forçados
mediante pressão.

furos (de 6 a 10mm)


positivos
afastamentos

linha zero
negativos

dimensão nominal
positivos
afastamentos

linha zero
negativos

dimensão nominal

eixos (de 6 a 10mm)

Fig. 3

SENAI-RJ 179
Interpretação de desenho mecânico – Tolerância Dimensional

c) A qualidade 7 indica mecânica de precisão. É particularmente prevista para furos que ajustam
com eixos de qualidade 6;

d) A qualidade 8 é de média precisão. Indicada para eixos que se ajustam com qualidade 7. A
qualidade 8 serve também para a execução de peças de máquinas que não exigem muita preci-
são nos ajustes;

e) A qualidade 9 designa a mecânica corrente. É indicada para a execução de certos órgãos de


máquinas industriais que podem, nesse caso, serem ajustados com folgas consideráveis.

f) As qualidades 10 e 11 indicam mecânica ordinária;

g) As qualidades de 12 à 18 são empregadas em mecânica grosseira.

Ajuste mecânico
Chamamos ajuste mecânico ao encaixe obtido entre duas peças de forma inversa (macho e
fêmea) sem que, durante a sua usinagem, uma tenha sido verificada com a outra.

O que fazer quando no processo de execução de uma máquina,


encontrássemos vários furos com a mesma dimensão, sabendo que os
eixos da mesma precisariam girar, outros deslizar e outros ainda ficariam
presos? Nesse caso, a solução seria executar todos os furos dentro da
mesma tolerância, cuidando, no entanto, para que nesse ajuste os eixos
de tolerância dos furos fossem diferentes, de acordo com a função de
cada um.

Observe as figuras 5 e 6 atentamente.

Fig. 5

SENAI-RJ 181
Interpretação de desenho mecânico – Tolerância Dimensional

interferência
folga 0,015

0,015
Linha Zero

Fig. 6

Concluímos que é possível conseguir os mesmos ajustes, executando todos os eixos com a
mesma tolerância e variando a tolerância dos furos, também de acordo com os respectivos tipos de
encaixes.

No primeiro caso (Figura 5), observamos as variações nas dimensões do eixo, e no segundo
caso (Figura 6) as variações nas dimensões do furo.

A possibilidade de se conseguir todos os encaixes possíveis, variando apenas o eixo ou o furo,


deu margem a que se criassem duas classes de ajuste ISO, são eles: o Sistema furo-base e o Sistema
eixo-base. Vamos conhecê-los em detalhes.

Sistema furo-base
O sistema furo-base, também conhecido por furo-padrão ou furo-único, é aquele em que o
afastamento do furo ocupa sempre a mesma posição em relação a linha zero. O sistema furo-base
recomendado pela ISO é o seguinte:

Furo cujo afastamento


inferior é zero.

Fig. 7

182 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Tolerância Dimensional

Sistema eixo-base
Por sua vez, o sistema de ajuste eixo-base, também conhecido por eixo-padrão ou eixo-único, é
aquele em que o afastamento superior do eixo ocupa sempre a mesma posição em relação à linha
zero. O sistema eixo-base recomendados pela ISO é o seguinte:

Eixo cujo afastamento


superior é zero.

Fig. 8

Tipos de ajustes
É importante ressaltar que os diferentes tipos de ajustes mecânicos dependem da função que a
peça vai desempenhar na máquina.

Ajuste com folga

É aquele em que o afastamento superior do eixo é menor ou igual ao afastamento inferior


do furo.

Ajuste com tnterferência

É aquele em que o afastamento superior do furo é menor ou igual ao afastamento inferior


do eixo.

Ajuste incerto

É aquele em que o afastamento superior do eixo é maior do que o afastamento inferior do furo
e o afastamento superior do furo é maior do que o afastamento inferior do eixo.

Nas tabelas a seguir você encontrará os ajustes mais recomendados, quando e por que eles
devem ser aplicados, além do padrão de tolerância exigido para cada ajuste.

SENAI-RJ 183
Interpretação de desenho mecânico – Tolerância Dimensional

O estudo do sistema de tolerância é abrangente e exigeo uso de muitas


tabelas, assim sugerimos consultar a Norma NBR 6125:1995 que trata do
assunto.

TABELA DE AJUSTES RECOMENDADOS

Tipos de Exemplo Extra- Mecânica Mecânica Mecânica Exemplos de


ajuste de ajuste precisa precisa média ordinária aplicações

Peças cujos fun-


Peças móveis (uma em relação a outra)

cionamentos ne-
H7-e7 H7-e7 H11-a11
H6-e7 cessitam de folga
Livre

H7-e8 H7-e8
por força de dila-
tação, mau ali-
nhamento, etc.
Peças que giram
Rotativo

ou deslizam com
H10-d10
H6-f6 H7-f7 H8-f8 boa lubrificação.
H11-d11
Ex.: eixos,
mancais, etc.
Peças que desli-
Deslizante

zam ou giram
H8-g8 H10-h10
H6-g5 H7-g6 com grande pre-
H8-h8 H11-h11
cisão. Ex.: pun-
ções, guias, etc.
Encaixes fixos de
Deslizante

precisão, órgãos
justo

lubrificados
H6-h5 H7-h6 deslocaveis à
mão. Ex.: pun-
ções, guias, etc.
Peças fixas (uma em relação a outra)

Órgãos que ne-


cessitam de fre-
forçado leve
Aderente

qüentes
H6-j5 H7-j6 desmontagens.
Ex.: polias, en-
grenagens, rola-
mentos, etc.
Órgãos possíveis
de montagens e
Forçado
duro

H6-m5 desmontagens
H7-m6
sem deterioração
das peças.
Peças impossíveis
com esforço

de serem des-
À pressão

montadas sem
deterioração. Ex.:
H6-p5 H7-p6 buchas à pres-
são, etc.

Tabela 1

184 SENAI-RJ
EIXOS
Furo
Acoplamentos móveis Acoplamentos incertos Acoplamentos fixos

H7 d8 e8 f7 g6 h6 j6 k6 m6 n6 r6 s6

Furo-base
Preciso Livre Livre Livre Livre Deslizante Aderente Fixo Fixo Fixo Fixo
Amplo Folgado Normal Justo Leve Normal Duro Prensado

Dimensões Afast. Inf. Afast. Afast. Afast. Afast. Afast. Afast. Afast. Afast. Afast. Afast. Afast.
em mm Sup. Inf. Sup. Inf. Sup. Inf. Sup. Inf. Sup. Inf. Sup. Inf. Sup. Inf. Sup. Inf. Sup. Inf. Sup. Inf. Sup. Inf. Sup.
μm μm μm μm μm μm μm μm μm μm μm μm
0 -20 -14 -7 -3 0 +9 +13 +19 +22
De 1 a 3 +9 -45 -28 -16 -10 -7 +6 +2 +6 +12 +15
-1

3 a 6 0 -30 -20 -10 -4 0 +7 +12 +16 +23 +27


+12 -60 -38 -32 -12 -8 -1 +4 +8 +15 +19

6 a 10 0 -40 -25 -13 -5 0 +7 +10 +15 +19 +28 +32


+15 -76 -47 -28 -14 -9 -2 +1 +6 +10 +19 +23

10 a 18 0 - 50 -32 -16 -6 0 +8 +12 +18 +23 +34 +39


+18 - 93 -59 -34 -17 -11 -3 +1 +7 +12 +23 +28

18 a 30 0 -65 -40 -20 -7 0 +9 +15 +21 +28 +41 +48


+21 -117 -73 -41 -20 -13 -4 +2 +8 +15 +28 +35

30 a 40 0 -80 -50 -25 -9 0 +11 +18 +25 +33 +50 +59


40 a 50 +25 -142 -89 -50 -25 -16 -5 +2 +9 +17 +34 +43

50 a 65 0 -100 -60 -30 -10 0 +12 +21 +30 +39 +60 +72
+30 -174 -106 -60 -29 -19 -7 +2 +11 +20 +41 +53

65 a 80 +62 +78
+43 +59

80 a 100 0 -120 -72 -36 -12 0 +13 +25 +35 +45 +73 +93
+35 -207 -126 -71 -34 -22 -9 +3 +13 +23 +51 +71

100 a 120 +76 +101


Interpretação de desenho mecânico – Tolerância Dimensional

+54 +79

Tabela 2 – Padrão de tolerâncias (furo-base H7)

SENAI-RJ 185
EIXOS

Furo Acoplamentos móveis Acoplamentos incertos Acoplamentos fixos

H7 d8 e8 f7 g6 h6 j6 k6 m6 n6 r6 s6

186 SENAI-RJ
Furo-base
Preciso Livre Livre Livre Livre Deslizante Aderente Fixo Fixo Fixo Fixo
Amplo Folgado Normal Justo Leve Normal Duro Prensado

Dimensões Afast. Inf. Afast. Afast. Afast. Afast. Afast. Afast. Afast. Afast. Afast. Afast. Afast.
em mm Sup. Inf. Sup. Inf. Sup. Inf. Sup. Inf. Sup. Inf. Sup. Inf. Sup. Inf. Sup. Inf. Sup. Inf. Sup. Inf. Sup. Inf. Sup.
μm μm μm μm μm μm μm μm μm μm μm μm
120 a 140 0 145 -85 -43 -14 0 +14 +28 +40 +52 +88 +117
-83 -39 -25 -11 +3 +15 +27 +63 +92

140 a 160 +40 -245 -148 +90 +125


+65 +100

160 a 180 +93 +133


+68 +108

180 a 200 0 -170 -100 -50 -15 0 +16 +33 +46 +60 +106 +151
+46 -96 -44 -29 -13 +4 +17 +31 +77 +122
Interpretação de desenho mecânico – Tolerância Dimensional

200 a 225 -285 -172 +109 +159


+80 +130

225 a 250 +112 +169


+84 +140

250 a 280 0 -190 -110 -56 -17 0 +16 +36 +52 +66 +126 +190
+52 -320 -191 -108 -49 -32 -16 +4 +20 +34 +94 +158

280 a 315 +130 +202


+98 +170

315 a 355 0 -210 -125 -62 -18 0 +18 +40 +57 +73 +144 +226
+57 -350 -214 -119 -54 -36 -18 +4 +21 +37 +108 +170

355 a 400 +150 +244


+114 +208

400 a 450 0 -230 -135 -68 -20 0 +20 +45 +63 +80 +166 +272
+63 -385 -232 -131 -60 -40 -20 +5 +23 +40 +126 +232

450 a 500 +172 +292


+132 +252

Tabela 3 – Padrão de tolerâncias (furo base H7)


Interpretação de desenho mecânico – Tolerância Dimensional

Indicação das cotas com


tolerância
As cotas com tolerância podem ser indicadas das seguintes maneiras:

a) Pela dimensão nominal e pelo símbolo de tolerância ISO (Figura 9A) e se necessário os afasta-
mentos entre parênteses (Figura 9B).

A B

Fig. 9

b) Pela dimensão nominal e pelos afastamentos (Figura 10A). Em caso de afastamento 0 (zero) os
sinais podem ser suprimidos (Figuras 10B e 10C).

A B C

Fig 10

c) Pela dimensão nominal e pelos afastamentos precedidos do sinal ± para as tolerâncias simétri-
cas (Figura 11).

Fig. 11

d) Usamos para indicar o afastamento superior acima do inferior, quer para eixos (dimensões
externas) ou furos (dimensões internas).

A B C

Fig. 12

SENAI-RJ 187
Interpretação de desenho mecânico – Tolerância Dimensional

Os afastamentos são indicados na mesma unidade de medida que as


dimensões nominais.

Quando se trata de um conjunto, as cotas com tolerâncias podem ser indicadas das seguintes
maneiras:

a) Uma só dimensão nominal. Os símbolos de tolerância ISO do eixo e do furo são indicados
acompanhados por uma barra de fração (Figuras 13 e 14).

Fig. 13 Fig. 14

b) Dimensões de furos são colocadas acima da linha de cota e as dimensões de eixo abaixo, tal
como aparece na figura 15.

Fig. 15

c) Nas indicações cuja dimensão nominal e o afastamento estão bem caracterizados, ou seja,
identificam a qual elemento pertencem, devem ser indicadas como na figura 16.

Fig. 16

188 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Tolerância Dimensional

Os desenhos das peças com indicação de tolerância deverão ser cotados do seguinte modo:
escrevemos a dimensão nominal, seguida por uma letra que, como vimos, deve indicar o campo de
tolerância adotado e um número que determine a qualidade. Para peças fêmeas usamos a letra
maiúscula, geralmente H, para peças macho a letra deve ser minúscula, podendo variar conforme o
tipo de ajuste desejado.

Fig. 17

Já nos desenhos de conjuntos, nos quais as peças aparecem montadas, a indicação da tolerância
poderá ser do seguinte modo (Figura 18).

Fig. 18

Em casos especiais, ao invés dos símbolos recomendados pela ISO, podemos indicar o valor da
tolerância diretamente nos desenhos.

Fig. 19

SENAI-RJ 189
Interpretação de desenho mecânico – Tolerância Dimensional

Mas, cuidado! Este sistema nem sempre é o recomendável, porque dificulta a determinação do
instrumento de verificação. Salvo nos casos em que a tolerância seja tal que dispense os calibradores
fixos e a verificação possa ser feita com instrumentos de leitura direta.

190 SENAI-RJ
Tolerância Geométrica
Nesta unidade ...

A importância das tolerâncias geométricas

Indicativos das tolerâncias geométricas

11
Interpretação de desenho mecânico – Tolerância Geométrica

A importância das tolerâncias


geométricas
Já dissemos na unidade anterior, mas vale relembrar, as peças, em geral, não funcionam
isoladamente. Elas trabalham associadas a outras peças, formando conjuntos mecânicos que
desempenham funções determinadas.

A título de comparação, para marcar a específica importância da


tolerância geométrica, destacamos para você outras informações
que merecem lembrança. Partindo delas poderemos seguir adiante!
1. Nos conjuntos mecânicos o ideal é que cada peça assuma a sua
precisa funcionalidade no projeto.
2. As peças devem ser intercambiáveis, em outras palavras, cada
peça, substituída deve ser semelhante ou estar à altura da anterior.
3. Todos os processos de fabricação das peças estão sujeitos à im-
perfeições por conta dos fatores que interferem na fabricação.
4. A prática industrial revela que algumas variações são aceitáveis
e não afetam a sua funcionalidade.
5. Chamamos tolerâncias variações ou desvios aceitáveis nas ca-
racterísticas das peças.
6. O projetista tem papel importante. É ele quem determina as tole-
râncias e fax sua indicação nos desenhos técnicos.
7. O profissional que executa a operação de usinagem deve cuidar
para que as indicações sejam seguidas conforme aparecem no pro-
jeto.
8. As peças produzidas dentro das tolerâncias especificadas podem
não ser idênticas entre si, mas funcionam perfeitamente quando
montadas em conjunto. Do contrário, se estiverem fora das tolerân-
cias especificadas, deverão ser retrabalhadas ou refugadas, o que
representa desperdício de tempo e de dinheiro.

SENAI-RJ 193
Interpretação de desenho mecânico – Tolerância Geométrica

Como interpretar os diferentes tipos de


tolerâncias
Destacamos que existem dois tipos de tolerância: a dimensional e a geométrica.

A tolerância dimensional que você estudou na unidade anterior trata dos desvios aceitáveis, para
mais ou para menos, nas medidas das peças. Nos desenhos técnicos este tipo de tolerância vem
indicada ao lado da dimensão nominal da cota tolerada, por meio de dois afastamentos: o superior e o
inferior, como mostra a figura a seguir.

Fig. 1

Ao interpretá-la, devemos levar em conta a sua indicação. Lembrando que podem ser indicadas
também, por meio de uma observação na figura, incluindo nesse caso, a citação da norma NBR ISO
2768-1. Esta norma classifica os afastamentos simétricos em função da dimensão nominal. Ao lado
do número da norma deve aparecer, entre parênteses, uma letra que identifica o grau de exatidão
escolhido (f = fino; m = médio; g = grosso e mg = muito grosso).

Quando é adotado o sistema de tolerância e ajustes, de acordo com a NBR 6158:1995, os


valores dos afastamentos são expressos indiretamente, por meio de letras e números como na
figura 2.

Fig. 2

194 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Tolerância Geométrica

Para interpretar as tolerâncias dimensionais representadas no sistema de


tolerância e ajuste, é necessário consultar tabelas apropriadas, com os
ajustes recomendados e que apresentam a conversão das letras e números
para valores de afastamentos indicados em micrômetros (μm).

Mas, a execução da peça dentro da tolerância dimensional não garante, por si só, um funcionamento
adequado. Muitas vezes, não é suficiente que as dimensões efetivas da peça estejam de acordo com
a tolerância dimensional.

É necessário, também, que a peça apresente as formas previstas, para poder ser montada e
funcionar adequadamente.

O problema é que, do mesmo modo que é praticamente impossível obter uma peça real com as
dimensões nominais exatas, também é muito difícil obter uma peça real com formas rigorosamente
idênticas às da peça projetada.

Por outro lado, dentro de certos limites, desvios de formas não chegam a prejudicar o bom
funcionamento das peças que constituem os conjuntos mecânicos.

Além das medidas e das formas, outro fator deve ser considerado quando dois ou mais elementos
de uma peça estão associado, trata-se da posição relativa desses elementos entre si.

A tolerância geométrica, assunto desta unidade, apresenta as variações


aceitáveis para as formas e as posições dos elementos na execução da
peça.
Sempre que for necessário, as indicações de tolerâncias geométricas devem
ser apontadas nos desenhos técnicos para assegurar os requisitos funcionais
de intercambiabilidade e de manufatura.

É importante ressaltar que, na área da mecânica, as tolerâncias geométricas não substituem as


tolerâncias dimensionais. Elas são complementares e, em conjunto, garantem a intercambiabilidade
da peça.

Todo produto é concebido para atender a uma função, com o menor número possível de erros. A
aplicação das tolerâncias dimensionais e geométricas permitirá atender à função desejada com menor
índice de rejeição.

SENAI-RJ 195
Interpretação de desenho mecânico – Tolerância Geométrica

É de suma importância atingir os requisitos de funcionalidade, a exatidão


dimensional, de forma e de posição dos elementos produzidos, para
assegurar a durabilidade, a confiabilidade e o bom desempenho do produto.

A preocupação com a verificação das características geométricas das peças não é um assunto
novo. A diferença é que até recentemente, a verificação dessas características era feita empiricamente,
por meios subjetivos. Por exemplo, para avaliar a planeza da superfície de uma peça, recorria-se a
uma régua com fio contra a qual era encostada a superfície analisada da peça. O conjunto era
colocado contra a luz. A passagem de luz indicava falta de planeza.

Embora esse método continue sendo utilizado até hoje, em alguns casos essa avaliação qualitativa
já não é suficiente para garantir os requisitos de exatidão e funcionalidade das peças. As tolerâncias
geométricas são especificadas quantitativamente nos desenhos técnicos e devem ser verificadas,
após a produção da peça, segundo princípios de medição rigorosamente estabelecidos.

Como se classificam as tolerâncias


geométricas
Depois de avaliar a importância das tolerâncias geométricas você vai precisar classificá-las,
reconhecendo quando, onde e como elas devem ser aplicadas.

A norma NBR 6409:1997 prevê indicações de tolerâncias geométricas para elementos isolados
e para elementos associados.

Quando se refere a um elemento isolado, a tolerância se aplica diretamente a este elemento,


independentemente dos demais elementos da peça, como mostra a figura a seguir.

Fig. 3

196 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Tolerância Geométrica

Ao contrário, quando a tolerância se refere a elementos associados, um desses elementos será


tolerado e o outro será tomado como elemento de referência. Os elementos de referência também
podem ser linhas, superfícies, pontos ou ainda planos de simetria.

Para efeito de verificação, o elemento de referência, embora seja um


elemento real da peça, é sempre considerado como ideal, isto é, isento de
erros.

Fig. 4

Alguns tipos de tolerância só se aplicam a elementos isolados. Outros só se aplicam a elementos


associados. E há certas características que se aplicam tanto a elementos isolados como a elementos
associados. Chegou o momento de definir como aplicar os tipos de tolerância de acordo com as
normas.

Indicativos das tolerâncias


geométricas
De acordo com as normas técnicas, a tolerância geométrica (NBR 6409:1997 e ISO 1101:1983),
as características toleradas podem estar relacionadas à forma, à posição, à orientação e ao batimento.

A tolerância de forma é a variação permitida em relação a uma forma perfeita definida no


projeto. Esta variação pode ser de:

• Retitude;
• Planeza;

SENAI-RJ 197
Interpretação de desenho mecânico – Tolerância Geométrica

• Circularidade;
• Cilindricidade;
• Perfil de linha qualquer;
• Perfil de superfície qualquer.

A tolerância de orientação refere-se ao desvio angular aceitável de um elemento da peça em


relação à sua inclinação ideal, prescrita no desenho. Esse desvio pode ser de:

• Paralelismo;
• Perpendicularidade;
• Inclinação.

Por sua vez, a tolerância de posição estabelece o desvio admissível de localização de um elemento
da peça, em relação à sua localização teórica, prescrita no projeto. Ela pode ser de:

• Concentricidade;
• Coaxialidade;
• Simetria;
• Posição.

A tolerância de batimento está relacionada com os desvios compostos de forma e posição,


desvios em relação ao eixo de simetria da peça, quando esta é submetida a rotação. Nesse caso, pode
ser:

• Circular;
• Total.

Quanto à direção, a tolerância pode ser axial, radial, especificada ou qualquer.

Cada tipo de tolerância geométrica é identificado por um símbolo apropriado. Esses símbolos,
que devem ser desenhados conforme prescreve a já citada norma (NBR 6409:1997), eles são usados
nos desenhos técnicos para indicar as tolerâncias especificadas.

Símbolos e características
O quadro a seguir apresenta uma visão de conjunto das tolerâncias geométricas e seus respectivos
símbolos.

198 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Tolerância Geométrica

Características toleradas Símbolo

Retitude

Elementos Planeza
Isolados

Forma
Circularidade

Cilindricidade

Perfil de linha
Elementos qualquer
Isolados ou
Associados

Perfil de superfície
qualquer

Paralelismo

Perpendicularidade
Orientação

Inclinação

Posição
Elementos
Associados

Concentricidade

Posição

Coaxiabilidade

Simetria

Circular
Batimento

Total

Tab. 1

SENAI-RJ 199
Interpretação de desenho mecânico – Tolerância Geométrica

Indicação das tolerâncias geométricas nos


desenhos técnicos
Nos desenhos técnicos, a característica tolerada deve estar indicada em um quadro retangular,
dividido em duas ou mais partes. Nessas divisões serão inscritos, da esquerda para a direita, na
seguinte ordem:

• O símbolo da característica a ser tolerada;


• O valor da tolerância para dimensões lineares. Se a zona de tolerância tiver a forma circular ou
cilíndrica, este valor deve ser precedido do símbolo de diâmetro (Ø);

• Letra ou letras, quando for o caso, para identificar os elementos tomados como referência.

As proporções dos caracteres são padronizadas pela NBR 8402:1994, e as dimensões do quadro
pela ISO 7083:1983. A tabela a seguir apresenta as dimensões recomendadas, em milímetros, de
acordo com as características do quadro e do caractere.

CARACTERÍSTICA DIMENSÕES RECOMENDADAS

Altura do quadro 5 7 10 14 20 28 40
Altura do caractere 2,5 3,5 5,0 7,0 10,0 14,0 0,0
Largura da linha 0,25 0,35 0,50 0,70 1,00 1,40 2,00

Tab. 2

Os exemplos a seguir (Figura 5) ilustram diferentes possibilidades de indicações nos quadros de


tolerância.

O 0,1 — Ø 0,1 // 0,1 A

Fig. 5

Que lições podem ser tiradas depois que você observou a ilustração? Na figura da esquerda, o
símbolo indica que se trata de tolerância de circularidade. O valor 0,1 indica que a tolerância é de um
décimo de milímetro, no máximo. Neste caso, trata-se de tolerância de um elemento isolado.

Na figura do meio, o valor da tolerância também é de um décimo de milímetro, mas o símbolo


indica que se trata de tolerância de retitude. A novidade é o sinal de diâmetro antes do valor da
tolerância, que indica que o campo de tolerância neste caso tem a forma cilíndrica.

200 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Tolerância Geométrica

Na figura da direita, o símbolo mostra que está sendo indicada uma tolerância de paralelismo.
Este tipo de tolerância só se aplica a elementos associados. Portanto, é necessário identificar o
elemento de referência, neste exemplo representado pela letra A.

No exemplo anterior, apenas um elemento foi tomado como referência. Mas, há casos em que é
necessário indicar mais de um elemento de referência. Quando isso ocorre, algumas regras devem
ser seguidas. Os exemplos a seguir mostram as formas possíveis de indicação de mais de um elemento
de referência.

Ø 0,1 A C B 0,1 AB 0,1 A–B

Fig. 6

Na figura da esquerda, as letras A, C e B servem para indicar quantos e quais sãos os elementos
tomados como referência.

Quando as letras que representam os elementos de referência aparecem em compartilhamentos


separados (Figura 6), a seqüência de apresentação, da esquerda para a direita, indica a ordem de
prioridade. Neste exemplo, o elemento de referência A tem prioridade sobre o C e o B; e o elemento
C tem prioridade sobre o B.

Na figura do meio, as letras A e B aparecem no mesmo compartimento. Isso indica que os dois
elementos de referência têm a mesma importância.

Finalmente, na figura da direita, as letras A e B estão inscritas no mesmo compartimento, mas


aparecem separadas por hífen. Essa indicação deve ser usada quando as letras diferentes estão
relacionados ao mesmo elemento de referência.

Quando a tolerância se aplicar a vários elementos repetitivos, isso deve ser indicado sobre o
quadro de tolerância, na forma de uma nota. O número de elementos aos quais a tolerância se refere
deve ser seguido por um sinal de multiplicação ou pode-se escrever direto a quantidade de elementos
a serem tolerados, como mostra a figura a seguir.

6 furos 6 x

Fig. 7

SENAI-RJ 201
Interpretação de desenho mecânico – Tolerância Geométrica

Indicação no elemento tolerado

Uma forma de indicar a tolerância geométrica no desenho técnico consiste em ligar o quadro de
tolerância diretamente ao contorno do elemento tolerado, isto dever ser feito por meio de uma linha
auxiliar (linha contínua estreita) com uma seta na sua extremidade.

Fig. 8

Nos desenhos técnicos, podemos fazer a indicação por meio de um elemento de referência,
representado por letras maiúsculas, que devem ser inscritas num quadro e ligadas ao elemento de
referência por uma linha auxiliar (linha contínua estreita). Essa linha deve terminar num triângulo
cheio ou vazio, apoiado sobre o elemento de referência (Figura 9).

Fig. 9

Tolerância de forma
Cada tipo de tolerância será apresentado pelo seu conceito, segundo a norma NBR 6409:1997.
Deve ser relacionado a descrição e a representação gráfica do seu campo de tolerância específico,
além de exemplos de aplicação em desenhos técnicos. Em cada caso, será apresentado, também,
pelo menos um exemplo de verificação da característica tolerada, baseado no relatório técnico ISO /
TR 5460:1985.

202 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Tolerância Geométrica

Tolerância de retitude

Na peça pronta, a tolerância de retitude está relacionada ao desvio aceitável da forma do elemento
tolerado em relação a uma linha reta, representada no desenho técnico. Este tipo de tolerância só se
aplica a elementos isolados, como linhas contidas nas faces de peças, eixos de simetria, linhas de
centro ou geratrizes de sólidos de revolução.

Alguns exemplos de tolerância de retitude (Figuras 10, 11, 12, e 13)

Fig. 10 Fig. 11

Fig. 12

Repare que, no caso a seguir, o campo de tolerância é limitado por duas retas paralelas, separadas
por uma distância de 0,1mm (Figura 13).

Fig. 13

Isso quer dizer que qualquer linha da face superior da peça, paralela ao plano de projeção no
qual é indicada a tolerância, deve estar contida entre duas retas paralelas, afastadas 0,1mm entre si.

SENAI-RJ 203
Interpretação de desenho mecânico – Tolerância Geométrica

Tolerância de planeza

Chamamos tolerância de planeza ao desvio aceitável na forma do elemento tolerado em relação


à forma plana ideal. As indicações deste tipo de tolerância mostram que a superfície efetiva tolerada
deve estar contida entre dois planos paralelos, afastados de uma distância “t”, cuja representação
define o campo de tolerância.

t
Fig. 14

No exemplo a seguir, o elemento ao qual a tolerância


de planeza se refere é a face superior da peça. O valor
da tolerância de planeza é de 0,08mm.

Fig. 15

Isso significa que qualquer ponto da superfície


efetiva da face superior da peça acabada deve
estar situado na região entre dois planos paralelos,
distantes 0,08mm um do outro, como mostra a
figura 16.

Fig. 16

204 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Tolerância Geométrica

Tolerância de circularidade

A tolerância de circularidade corresponde ao desvio da forma geométrica circular. É


aceitável um desvio que não comprometa a funcionalidade da peça. Esta característica é
tolerada principalmente em peças cônicas e cilíndricas. Na seção de medição, o campo de
tolerância correspondente é limitado por dois círculos concêntricos e coplanares, afastados
por uma distância “t”.

t
coplanar

Fig. 17

A peça a seguir apresenta a indicação de tolerância de circularidade, válida tanto para a superfície
cilíndrica como para a superfície cônica. O valor da tolerância é 0,03mm.

Fig. 18

Tolerância de cilindricidade

Esse tipo de tolerância é o desvio aceitável da superfície cilíndrica efetiva comparada com a
superfície cilíndrica ideal, representada na figura 19. O campo de tolerância correspondente é limitado
por dois cilindros coaxiais, afastados por uma distância “t”.

SENAI-RJ 205
Interpretação de desenho mecânico – Tolerância Geométrica

Fig. 19

A peça a seguir apresenta indicação de tolerância de cilindricidade. O quadro de tolerância


indica que a superfície cilíndrica efetiva deve estar compreendida entre dois cilindros coaxiais, com
0,1mm de diferença entre seus raios.

Fig. 20

Tolerância de perfil de linha qualquer

Em alguns casos, a exatidão das formas irregulares de linhas com perfis compostos por raios e
concordâncias, pode ser imprescindível para a funcionalidade da peça. Para garantir essa exatidão, é
necessário especificar a tolerância de perfil de linha qualquer.

Nos casos em que se aplica a um elemento isolado, a tolerância de perfil de linha qualquer
compreende o desvio de forma da linha tolerada em relação à mesma linha, representada no desenho
técnico.

Este tipo de tolerância também pode ser aplicado a elementos associados. Neste caso, o desvio
da linha tolerada deve ser verificado em relação à linha tomada como elemento de referência.

206 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Tolerância Geométrica

O campo de tolerância correspondente é a região compreendida entre duas linhas que tangenciam
o diâmetro “t” de um círculo, cujo centro se situa sobre a linha geométrica teórica do perfil considerado.

t
Fig. 21

Repare que a peça a seguir apresenta indicação de tolerância de linha qualquer. O valor da
tolerância é de 0,04mm.

Fig. 22

Tolerância de perfil de superfície qualquer

Você já sabe que as superfícies das peças também podem apresentar perfis irregulares, compostos
por raios e concordâncias. Quando a exatidão da superfície irregular for um requisito fundamental
para a funcionalidade da peça, é necessário a indicação da tolerância de perfil de superfície qualquer.

A tolerância de perfil de uma superfície qualquer corresponde ao desvio aceitável da superfície


efetiva em relação à superfície representada no desenho.

Este tipo de tolerância se aplica tanto a elementos isolados como a elementos associados, ou
seja, a verificação pode ser feita com base na superfície prescrita no projeto ou ainda com base em
outra superfície da peça, escolhida como elemento de referência.

SENAI-RJ 207
Interpretação de desenho mecânico – Tolerância Geométrica

Seu campo de tolerância é limitado por duas superfícies geradas por esferas de diâmetro “t”,
cujos centros situam-se sobre a superfície geométrica teórica do perfil considerado.

Fig. 23

O exemplo a seguir mostra a tolerância de superfície qualquer aplicada a uma face convexa da
peça. O valor da tolerância é de 0,02mm.

Fig. 24

Tolerância de orientação

Em algumas peças, o funcionamento adequado depende da correta relação angular entre as


linhas e superfícies que compõem suas faces, isto é, depende da exatidão do ângulo formado entre
duas ou mais de suas linhas, entre linhas e superfícies ou entre duas ou mais superfícies.

De um modo geral, quando se analisam as possibilidades de orientação de um elemento em


relação a outro, três condições se apresentam:

208 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Tolerância Geométrica

• Paralelismo: os elementos não formam ângulo entre si;


• Perpendicularidade: os elementos formam ângulo de 90º entre si;
• Inclinação: os elementos formam ângulo diferente de 90º entre si.

As tolerâncias de orientação referem-se aos desvios aceitáveis em relação ao paralelismo, à


perpendicularidade e à inclinação de elementos associados.

Quando se fala de elementos associados, um deles é o elemento tolerado e o outro é o elemento


de referência. O elemento tolerado que, neste caso, pode ser uma linha ou uma superfície, deve ser
observado segundo a orientação estabelecida no projeto.

Nessa busca por exatidão, você vai descobrir que os elementos de referência também são
constituídos por linhas ou superfícies da peça. Para efeito de verificação, deve-se assumir que os
elementos de referência têm a forma geométrica perfeita, mesmo sabendo que na prática isso não
ocorre. Do contrário não será possível separar, para efeito de verificação, diferentes tipos de desvio.

Tolerância de paralelismo

Um outro tipo de tolerância, não menos importante, é a tolerância de paralelismo. Vale lembrar
que uma linha é paralela a outra quando ambas são eqüidistantes em toda sua extensão. Pode-se falar
também em paralelismo de superfícies e paralelismo de linhas e superfícies.

Por definição, tolerância de paralelismo corresponde ao desvio aceitável de eqüidistância entre


dois elementos, um dos quais é o elemento tolerado e o outro é o elemento tomado como referência.

Quando o elemento tolerado é uma linha e o elemento de referência é uma


linha, o campo de tolerância correspondente é limitado por duas retas
paralelas, afastadas uma distância “t” e paralelas também à linha de
referência.

Linha observada

Linha de referência
t

Fig. 25

SENAI-RJ 209
Interpretação de desenho mecânico – Tolerância Geométrica

A figura a seguir mostra um exemplo de aplicação de tolerância de paralelismo de uma linha em


relação a uma linha de referência.

Fig. 26

Neste exemplo, o elemento tolerado é a linha de centro do furo superior e o elemento de referência,
indicado no desenho pela letra A, é a linha de centro do furo interior.

Na verificação, a linha de centro do furo superior deve estar contida entre duas retas, afastadas
0,1mm entre si e paralelas à linha de centro do furo inferior, tomada como referência.

Este tipo de tolerância só se aplica no plano vertical.

Tolerância de perpendicularidade

É importante ressaltar que a perpendicularidade é uma condição que só pode ser observada
quando se trata de elementos associados. Pode-se falar em perpendicularidade entre duas linhas,
entre dois planos ou entre uma linha e um plano. O ângulo formado entre esses elementos é sempre
de 90º (ângulo reto).

A tolerância de perpendicularidade refere-se ao desvio máximo aceitável de inclinação entre o


elemento tolerado e o elemento de referência. A unidade de medida deste tipo de tolerância também
é o milímetro.

210 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Tolerância Geométrica

O exemplo a ser examinado (Figura 27), apresenta tolerância de perpendicularidade de uma


linha em relação a outra linha.

Fig. 27

O elemento tolerado é o eixo do furo, na vista frontal ele aparece inclinado. O elemento de
referência, em relação ao qual será verificada a perpendicularidade, é o eixo do furo horizontal da
peça. O valor da tolerância nesse caso é de 0,06mm.

No exemplo da figura 28 o campo de tolerância é limitado por duas retas paralelas, afastadas
0,06mm, e perpendiculares à linha de referência, constituída pelo eixo do furo horizontal. A peça será
aprovada se o eixo do furo inclinado estiver contido entre essas duas paralelas.

Fig. 28

Tolerância de inclinação

Quando o ângulo formado entre duas partes de uma peça for diferente de 90º e sua exatidão for
imprescindível, por razões de funcionalidade, será necessário especificar no desenho a tolerância de
inclinação.

SENAI-RJ 211
Interpretação de desenho mecânico – Tolerância Geométrica

Da mesma forma que como é inclinada a tolerância de perpendicularidade, a tolerância de


inclinação pode ser determinada de variadas formas entre duas linhas, entre uma linha e uma superfície
de referência, entre uma superfície e uma linha de referência ou entre duas superfícies.

Em cada caso, o campo de tolerância tem características próprias.

Dependendo da forma como foi montado o dispositivo (a peça), a verificação do desvio de


inclinação é derivada da medição de paralelismo ou de perpendicularidade. Se o ângulo do dispositivo
não estiver correto, o resultado da medição apresentará um erro, composto por desvio de paralelismo
ou de perpendicularidade, associado ao desvio de inclinação. Para verificar somente o desvio de
inclinação, é necessário garantir, no dispositivo, a exatidão do ângulo que aparece indicado dentro de
uma moldura no desenho.

O desenho a seguir (Figura 29) mostra a especificação de tolerância de inclinação para o caso
do eixo de um furo. Ele atravessa obliquamente uma peça cilíndrica em relação ao eixo longitudinal
da peça e deve formar com ele um ângulo de 60º. O valor de tolerância é 0,08mm.

Fig. 29

O eixo longitudinal, ao qual estão associados as letras A e B, é a linha de referência. Neste


exemplo (Figura 30), os dois eixos, o eixo tolerado e o eixo de referência, estão situados no mesmo
plano.

212 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Tolerância Geométrica

O eixo do furo oblíquo pode apresentar certo desvio de sua inclinação geométrica ideal, desde
que esteja contido dentro do campo de tolerância. Campo determinado por duas retas paralelas,
afastadas 0,08mm e que formam com o eixo longitudinal um ângulo de 60º.

Fig. 30

Tolerância de posição

Para estabelecer o desvio admissível na localização de um elemento em relação a sua localização


ideal, aplicamos as tolerâncias de posição, todas para elementos associados.

No atual estágio de desenvolvimento tecnológico, a especificação da tolerância de posição


representa um fator muito importante para racionalizar os processos de montagem de peças. Ela
contribui para evitar a necessidade de ajustes provocados por erros na localização de elementos que
trabalham associados.

Quanto à posição nas peças, os elementos geométricos que podem ser tolerados são pontos,
retas e planos.

Os tipos normatizados de tolerância de posição são: posição de um ponto, de uma linha ou de


uma superfície plana; concentricidade de um ponto; coaxialidade de um eixo e simetria de um plano
médio, de uma linha ou de um eixo.

É preciso estar atento aos vários tipos de tolerância de posição para não
errar nas especificações.

SENAI-RJ 213
Interpretação de desenho mecânico – Tolerância Geométrica

Tolerância de posição de um ponto

Este tipo de tolerância refere-se a desvios de posição de um ponto, de uma linha ou de um plano
em relação a sua posição, teoricamente exata, que no desenho aparece indicada dentro de uma
moldura.

O campo de tolerância correspondente deve ser disposto simetricamente, em torno da posição


teoricamente exata. Com isso, evitamos o acúmulo de erros provenientes da cotagem em cadeia,
com indicação somente de tolerâncias dimensionais.

Nos sistemas de cotagem por coordenadas, a localização de um ponto é dada pela interseção do
prolongamento de duas cotas. Esta interseção representa a posição ideal do ponto, dificilmente
conseguida na prática. Por isso, muitas vezes é necessário especificar a tolerância de posição de um
ponto. No desenho, esta tolerância aparece especificada como mostra a figura a seguir.

Fig. 31

Procure interpretar a figura 32. O que vemos?

O quadro de tolerância indica que o elemento tolerado é o ponto resultante da interseção das
cotas básicas 68 e 100. O valor da tolerância de posição do ponto é de 0,3mm.

Um interpretação mais detalhada é capaz de mostrar:

• O símbolo indicativo de diâmetro, antes do valor da tolerância, significa que o campo de


tolerância tem a forma circular.

• Na peça, a localização efetiva do ponto deve ser situada dentro de um círculo de 0,3mm de
diâmetro, referência que delimita o campo de tolerância e que tem seu centro na posição teórica
definida no desenho.

214 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Tolerância Geométrica

Fig. 32

Tolerância de concentricidade

Para melhor entender esse tipo de tolerância, cabe recordar o termo concêntrico. Dizemos que
dois elementos são concêntricos quando seus centros ocupam a mesma posição no plano. Para que
se possa verificar essa condição, a posição de um dos elementos tem de ser tomada como referência.

Tolerância de concentricidade é o desvio permitido na posição do centro de um círculo, em


relação ao centro de outro círculo, tomado como referência. A figura a seguir apresenta um exemplo
de aplicação da tolerância de concentricidade.

Fig. 33

O elemento tolerado é o círculo maior e o elemento de referência é o círculo menor. O valor da


tolerância é de 0,01mm. O símbolo indicativo de diâmetro que precede o valor da tolerância indica o
campo de tolerância como o elemento que tem a forma circular.

SENAI-RJ 215
Interpretação de desenho mecânico – Tolerância Geométrica

Fig. 34

O centro do círculo tolerado deve estar contido dentro do círculo de 0,01mm, cujo centro, por sua
vez, coincide com o centro do círculo de referência e limita o campo de tolerância.

Quando um eventual erro de forma puder ser desprezado, isto é, quando não influenciar a
funcionalidade da peça, devemos agregar um método de verificação que consiste em medir a menor
distância entre a circunferência tolerada e a circunferência de referência (a), bem como a distância
entre as duas circunferências em posição diametralmente oposta (b), como na figura a seguir.

Fig. 35

Dependendo da exatidão requerida, as medições podem ser feitas com


paquímetro ou micrômetro.

O desvio de concentricidade (Dc) corresponde à metade da diferença entre duas medições,


Dc=(b-a)/2. Este valor não pode ser maior que a metade do valor da tolerância especificada no
desenho técnico.

216 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Tolerância Geométrica

Tolerância de coaxilidade

Dois elementos são chamados coaxiais quando seus eixos ocupam a mesma posição no espaço.
Para verificar a coaxialidade é necessário escolher um dos elementos como referência.

A tolerância de coaxialidade define o desvio aceitável na posição de um eixo tolerado em relação


à posição de outro eixo tomado como elemento de referência. Observe a figura 36, nela apresentamos
um exemplo de aplicação de tolerância de coaxialidade.

Fig. 36

A mesma figura, numa interpretação mais detalhada, mostra uma peça composta por vários
rebaixos cilíndricos. O eixo de referência é o que aparece identificado pelas letras A e B. O eixo
tolerado é o da parte cilíndrica central, de diâmetro maior, e o valor da tolerância é de 0,08mm.

O símbolo indicativo de diâmetro, antes do valor da tolerância, e o fato do elemento tolerado ser
um eixo indicam que o campo de tolerância tem a forma cilíndrica. No quadro de tolerância, a notação
A-B indica que as duas letras estão relacionadas ao mesmo elemento de referência.

Fig. 37

SENAI-RJ 217
Interpretação de desenho mecânico – Tolerância Geométrica

Desse modo, o eixo tolerado deve ser situado dentro da região limitada pelo cilindro definindo o
campo de tolerância, com 0,08mm de diâmetro. Deve-se assumir que o eixo deste cilindro coincide
com o eixo do elemento de referência.

Tolerância de simetria

A simetria entre dois elementos opostos, situados em torno de um eixo ou de um plano, significa
que eles são idênticos quanto à forma, ao tamanho e à posição relativa.

A indicação de simetria no desenho técnico pressupõe a exigência de grande


rigor a execução da peça.

A tolerância de simetria define os limites dentro dos quais os erros de simetria podem ser
aceitos sem comprometer a sua funcionalidade.

Quanto à simetria é possível tolerar o plano médio da peça e os eixos (ou linhas).

Observe a figura 38, nela, o plano médio do rasgo da peça aparece tolerado quanto à simetria.
O valor da tolerância é de 0,08mm. O elemento de referência é o plano médio da peça.

Fig. 38

Isso significa que o plano médio efetivo do rasgo deve estar contido entre dois planos paralelos,
afastados 0,08mm um do outro, simetricamente dispostos em torno do plano médio da peça.

218 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Tolerância Geométrica

Esses dois planos paralelos, eqüidistantes do plano médio da peça 0,04mm cada um, limitam o
campo de tolerância de simetria.

Fig. 39

Tolerância de batimento

Na usinagem de peças ou elementos que têm formas associadas a sólidos de revolução, como
cilindros e cones maciços (eixos) ou ocos (furos), ocorrem variações em suas formas e posições,
resultando em erros de ovalização, conicidade, retitude, excentricidade, etc.

Fig. 40

A verificação desses erros só pode ser feita de modo indireto, a partir de outras referências, por
sua vez relacionadas ao eixo de simetria da peça inspecionada. Isso porque é praticamente impossível
determinar o eixo de revolução verdadeiro.

SENAI-RJ 219
Interpretação de desenho mecânico – Tolerância Geométrica

Essa variação de referencial geralmente leva ao acúmulo de erros,


envolvendo a superfície medida, a superfície de referência e a linha de
centro teórica. Durante a verificação é necessário que a peça esteja travada
de modo a evitar o deslocamento axial o que, por sua vez, pode levar a
erros de leitura do desvio.

Por se tratar de uma tolerância composta, a tolerância de batimento permite analisar, a um só


tempo, uma combinação de desvios de forma, de orientação e de posição. O valor da tolerância de
batimento representa a soma de todos esses desvios acumulados, que devem estar contidos dentro da
tolerância especificada no projeto.

Tolerância de batimento circular

A tolerância de batimento é circular quando a verificação do desvio se dá em um ponto


determinado da peça. Neste caso, a tolerância é aplicada em uma posição determinada, permitindo
verificar o desvio apenas em uma seção circular da peça.

Quando o desenho técnico apresenta indicação de tolerância de batimento circular, a verificação


não proporciona uma análise completa para a superfície em exame, mas apenas de uma seção
determinada.

A tolerância de batimento circular pode ser radial ou axial, dependendo da maneira como aparece
indicada no desenho técnico.

Para interpretar os desenhos de maneira satisfatória você precisa estar atento para as variações
na tolerância de batimento circular.

Circular radial

Fig. 41

220 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Tolerância Geométrica

Circular axial

Fig. 42

Circular em qualquer direção

Fig. 43

Tolerância de batimento total

Finalmente destacamos a tolerância de batimento total, diferente do batimento circular quanto


aos procedimentos de verificação. Ao passo que no batimento circular a verificação se dá em planos
de medição determinados, no batimento total a verificação deve ser feita ao longo de todas a extensão
da superfície tolerada, ou seja, na verificação de batimento total, além do movimento de rotação,
ocorre também um deslocamento do dispositivo de medição ao longo da superfície tolerada, segundo
uma direção determinada.

SENAI-RJ 221
Interpretação de desenho mecânico – Tolerância Geométrica

Este tipo de batimento também pode ser verificado no sentido radial e no sentido axial.

Total radial

Fig. 44

Total axial

Fig. 45

222 SENAI-RJ
Interpretação
de Desenho
de Conjunto
Nesta unidade ...

Desafios interpretativos

12
Interpretação de desenho mecânico – Interpretação de Desenho de Conjunto

Desafios interpretativos
Chegamos a última unidade do material Interpretação de Desenho Mecânico. Nosso objetivo
principal é interpretar o desenho técnico de peças e conjuntos à luz das Normas Técnicas. Por isso,
antes de chegarmos à unidade específica de interpretação de desenho, precisávamos nos fundamentar
estudando os conceitos e as normas vigentes. Com essa base será possível desenvolver a interpretação
de desenho de conjuntos e de suas peças, favorecendo da mesma forma o desenvolvimento de práticas
nas máquinas-ferramentas.

Desenho de conjunto é o desenho das máquinas, dispositivos ou estruturas, com suas partes
montadas, estando suas peças representadas nas mesmas posições que ocupam no conjunto mecânico.

Nessa unidade, vamos interpretar diversos conjuntos, sempre destacando e recorrendo ao que já
vimos anteriormente.

Vamos ao primeiro conjunto, nosso primeiro desafio interpretativo.

Conjunto nº 1 - MANCAL DE FIXAÇÃO

Desenho de conjunto

Trata-se do mancal de fixação do fuso do torno


mecânico S22 da IMOR.

Fig. 1

SENAI-RJ 225
Interpretação de desenho mecânico – Interpretação de Desenho de Conjunto

• O desenho de conjunto é representado, normalmente, em vistas ortográficas. Cada uma das


peças que compõem o conjunto é identificada por um numeral, segundo a norma NBR
13273:1995 que fixa as condições exigíveis para referenciar os itens em desenho técnico.

A seqüência para numerar os itens do conjunto podem ser;

a)ordem de montagem;

b) a importância das peças;

c) a disposição no desenho (sentido horário).

• O algarismo do número deve ser escrito em tamanhos facilmente visíveis. Observe esse siste-
ma de numeração na representação ortográfica do nosso exemplo. Note que a numeração das
peças segue a ordem de montagem.

• Como já vimos, os numerais são ligados a cada peça por linhas de chamada. As linhas de
chamada são representadas por uma linha contínua estreita. Sua extremidade termina com um
ponto, quando toca a superfície do objeto. Caso toque a aresta ou contorno do objeto, termina
com seta.

• Uma vez que as peças são desenhadas da mesma maneira e devem ser montadas no conjunto,
fica fácil perceber como elas se relacionam e, assim, deduzir o funcionamento de cada uma.

• Geralmente, o desenho de conjunto em vistas ortográficas não aparece cotado. Mas, quando o
desenho de conjunto é utilizado para montagem, as cotas básicas podem ser indicadas.

• O desenho de conjunto, para montagem, pode ser representado em perspectiva isométrica


(Figura 2) ou ainda em vista explodida.

Fig. 2 – Desenho de conjunto em perspectiva

226 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Interpretação de Desenho de Conjunto

Outra maneira de representar o conjunto é através do desenho de perspectiva não montada. As


peças são desenhadas em separado, mas permanece clara a relação que elas mantêm entre si.

Esse tipo de representação é também chamada perspectiva explodida (Figura 3).

Fig. 3 – Desenho de conjunto em perspectiva explodida

Geralmente, os desenhos em perspectiva são raramente usados para fornecer informações para
a construção de peças. O uso da perspectiva é mais comum nas revistas e catálogos técnicos.

Veremos ainda como é feita a interpretação de desenhos para execução de conjuntos mecânicos
em projeções ortográficas, que é a forma de representação empregada nas indústrias.

Interpretação da legenda

Veja, a seguir, o conjunto do mancal de fixação desenhado numa folha de papel.

Ela foi normatizada pela NBR 10068:1987.

SENAI-RJ 227
Interpretação de desenho mecânico – Interpretação de Desenho de Conjunto

Fig. 4
228 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Interpretação de Desenho de Conjunto

É fácil perceber porque a legenda é tão importante. Ela fornece informações indispensáveis
para a execução do conjunto mecânico e, geralmente, está localizada no canto inferior direito da
folha.

A disposição e o número de informações da legenda podem variar. Quase sempre, as empresas


criam suas próprias legendas de acordo com suas necessidades.

A NBR 10068:1987 normatiza apenas posição, direção e comprimento de


acordo com o formato do papel.

Temos a seguir, o exemplo da folha do conjunto em estudo.

Fig. 5

Para facilitar o nosso entendimento podemos dividir a legenda em duas partes: rótulo e listagem
de componentes (peças).

Para facilitar a leitura do rótulo e da lista de peças, vamos analisá-las separadamente, a começar
pelo rótulo.

Rótulo

Fig. 6

SENAI-RJ 229
Interpretação de desenho mecânico – Interpretação de Desenho de Conjunto

No caso do Desenho Mecânico as informações mais importantes são:

• Nome do conjunto mecânico: mancal de fixação;


• Tipo de desenho: conjunto (a indicação do tipo de desenho é sempre feita entre parênteses);

• Escala do desenho: 2:1 (ampliação);

• Símbolo indicativo de diedro: 1º diedro;


• Unidade de medida: milímetro;

• Tempo previsto para execução: 4horas;

• Número da folha: 01/03, isto é, primeira folha de um conjunto de 3 folhas;


• Número do desenho 142A;

• Nome do projeto: Olimpíada do Conhecimento;


• Nome do desenhista: ASG;
• Data da sua execução do desenho: 01/05/2002;
• Instituição ou empresa: SENAI-DN.

Outras informações que podem ser encontradas no rótulo do desenho de montagem e que
merecem destaque:

• Assinaturas dos responsáveis pelo desenho;


• Logomarcas;
• Data e número da revisão do desenho;
• Outros, que a empresa julgar importante para entendimento e rastreabilidade.

Veja, a seguir, a lista de peças.

Todas as informações da lista de peças são importantes. A lista de peças informa:

• A identificação numeral de cada peça;


• A denominação de cada peça;
• A quantidade de cada peça no conjunto;
• Os materiais usados na fabricação das peças;
• As dimensões dos materiais de cada peça.

230 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Interpretação de Desenho de Conjunto

Acompanhe a interpretação da lista de peças do mancal de fixação (Figura 7).

Fig. 7

• O mancal de fixação é composto de 3 (três) peças;


• Os nomes das peças que compõem o mancal de fixação são: eixo, mancal e parafuso sextavado
interno sem cabeça;

• Para a montagem do mancal de fixação foi necessário uma peça de cada componente.

Numa interpretação mais detalhada você vai concluir:

a. A peça nº 01 é denominada eixo e fabricada com aço ABNT 1020, sendo esse tipo de aço
padronizado pela ABNT. Os dois primeiros algarismos do numeral 1020 indicam o material a
ser usado que, nesse caso foi o aço-carbono e os dois últimos algarismos a porcentagem de
carbono existente no aço. Nesse exemplo a porcentagem de carbono é de 0,20%. Foi possível
perceber também que a dimensão do material necessário para a fabricação é de Ø 1½” x
115mm.

b. A peça nº 02 denominada mancal é fabricada em bronze e quase sempre necessita que o seu
material seja na forma retangular de 2 ½” x 60mm. Nesse caso, como foi omitida uma das
dimensões de largura e de altura, a dimensão 2 ½” assumiu o formato seção quadrada.

c. A peça nº 03 denominada parafuso sextavado interno sem cabeça, e produzida com material
comercial para parafuso, cujas dimensões são M6 x 8. Isto é, 8mm de comprimento com
rosca métrica de 6mm.

Você já conferiu alguns símbolos utilizados para determinar o perfil de materiais, vamos só
relembrar os que constam na legenda do conjunto em estudo:

• O símbolo “ Ø ” Indica a seção do aço em forma cilíndrica;


• O símbolo “ ” Indica a seção do bronze em forma retangular;

• Outros símbolos são bem conhecidos e usados com freqüência, como por exemplo, o “ # ”,
ele indica que o material de fabricação é uma chapa. Esse material quando acompanhado de um
numeral indica a bitola da chapa.

SENAI-RJ 231
Interpretação de desenho mecânico – Interpretação de Desenho de Conjunto

Desenho de detalhe/componente

Você já interpretou o desenho do conjunto, cabe agora interpretar os desenhos de cada peça que
compõe o conjunto, lembrando que serão necessários todos os dados que permitam a fabricação.

O desenho detalhado deve informar claramente sobre a forma, o tamanho, o material e o


acabamento de cada parte.

Deve esclarecer quais as operações de oficina obrigatórias, que limites de precisão deverão ser
observados, etc.

Cada peça que compõe o conjunto mecânico deve ser representada em desenho de componente.
Apenas as peças padronizadas, que não precisam ser executadas, pois serão compradas de
fornecedores externos, não são representadas em desenho de componente.

As peças padronizadas aparecerão representadas apenas no desenho de conjunto e devem ser


requisitadas com base nas especificações da lista de peças.

Os desenhos de componentes também serão representados em folha normatizada.

A folha do desenho de componente também será dividida em duas partes: o espaço para o
desenho e o espaço para a legenda.

A interpretação do desenho de componente depende da interpretação da legenda e da interpretação


do desenho propriamente dito.

Você poderá checar as informações anteriores, observando os desenhos de cada uma das três
peças que compõe o conjunto mancal de fixação. Primeiramente, vamos analisar as peças 01 e 03,
respectivamente eixo e parafuso (Figura 8).

232 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Interpretação de Desenho de Conjunto

Fig. 8 – Peças nº 01 e 03 – Eixo e parafuso

SENAI-RJ 233
Interpretação de desenho mecânico – Interpretação de Desenho de Conjunto

Certamente você notou que a legenda do desenho de componente é bastante parecida com a
legenda do desenho de conjunto. Ela também apresenta rótulo e lista de peças.

Por outro lado, examinando com atenção a legenda do desenho, observamos que sua interpretação
também é bem semelhante a do conjunto.

O que pode variar? Uma das diferenças é a indicação do tipo de desenho, componente, em vez
de conjunto.

Podem variar, também, o número do desenho e os responsáveis por sua execução.

Os desenhos de componente e de detalhe podem ser representados em escala diferente da


escala do desenho de conjunto, no exemplo da figura 8, as peças 01 e 03 foram desenhadas em escala
natural (1:1), enquanto o conjunto foi representado em escala de ampliação (2:1).

A lista de peças apresenta informações sobre a peça representada.

Interpretação do desenho de componente

Acompanhe com atenção a interpretação do desenho do eixo.

• Ele está representado com supressão de vistas. Apenas a vista frontal está representada. Para
essa representação foi utilizado o recurso de um corte parcial, com o objetivo de detalhar o
entalhe a ser usinado no corpo de diâmetro “ Ø ” de 16mm.

• Ao analisar as cotas, percebemos que o desenhista utilizou o símbolo de diâmetro “ Ø ”,


tornando claro que os dois corpos que compõe o eixo são da forma circular, não sendo
necessário utilizar outra vista para tornar claro o que deseja.

• As cotas básicas representam o comprimento total da peça, nesse caso indicada por 100 e o
diâmetro indicado por 32. Como a legenda informa que a unidade de medida utilizada foi o
milímetro “mm”, a cota de comprimento será de 100mm e o “ Ø ” 32mm.

• Existe um segundo corpo de 50mm de comprimento por 16mm de diâmetro.


• O entalhe, visível graças ao corte parcial, possui uma profundidade de 3mm e um ângulo de
90º, estando o centro desse detalhe localizado a 35mm da face esquerda da peça de diâmetro de
16mm.

• O símbolo, ao lado do número 1, é o símbolo de rugosidade, e indica o estado de superfície que


a peça deverá ter. A letra “ w ”, adicionada ao símbolo básico de rugosidade, indica que a
superfície, conforme legenda, deverá ter no máximo 3,2 de Ra, sendo permitida a remoção de
material. Existe um outro símbolo ao lado do que representa a rugosidade geral da peça, ele
adverte que onde estiver o símbolo “ x ”, nesse caso a superfície do diâmetro de 16mm, deverá
ter no máximo Ra de 1,6.

234 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Interpretação de Desenho de Conjunto

• Existem diversas indicações de tolerâncias, como por exemplo o “ Ø ” 32, com tolerância de
mais ou menos 0,1. Isso quer dizer que apesar da dimensão nominal informar 32, é possível
variar no processo de obtenção de 31,9 até 32,1mm.

• Para as dimensões não acompanhadas de tolerância dimensional, como a de profundidade do


detalhe em 90º, que possui como nominal 3mm, devemos seguir a norma NBR 2768-1 com
sua classe fina “ f ”. Esse recurso deve ser utilizado para indicar o mínimo possível de tolerân-
cia no desenho, evitando a poluição visual.

• Observe que na extremidade esquerda do eixo, isto é, na cota nominal de 16mm, a dimensão do
chanfro foi cotada em 1 x 45º, indicando a necessidade da usinagem do mesmo em 45º e 1 mm
de comprimento.

• A cota “ Ø ” 16mm está acompanhada de tolerância em milésimo de milímetro e, no rodapé do


desenho, há informações sobre o ajuste utilizado ISO 286. Ao consultar a tabela específica
teremos a informação de que se trata da posição “g” e da qualidade 6, o que corresponde
a tolerância de -0,006 e -0,017.

Tendo analisando as peças 01 e 03 (Figura 8), vamos agora, interpretar a peça 02, mancal.

Ao fazermos a interpretação da peça 02, verificaremos que ajuste será


necessário.

Acompanhe a interpretação do desenho do mancal.

• Ela está representada com supressão de vista. No caso da mancal, foi utilizado, a vista frontal
e a lateral, sendo suprimida a vista de cima. Para melhor visualização das partes internas, foi
usado um meio corte e para melhor visualizar o furo roscado foi utilizado o recurso do corte
parcial.

• Analisando as cotas, percebemos que o desenhista usou o símbolo de diâmetro “Ø” para tornar
claro que as dimensões de 32 e 16 são de forma circular. Mesmo assim, ao representar a vista
frontal, usando as linhas de contornos largas, deixou claro que se trata de perfil circular, o que
pode nos levar, se considerarmos necessário, a suprimir as referidas simbologias.

• As cotas básicas representam o comprimento total da peça, indicada em 50, por sua vez o
diâmetro indicado é de 32, bem como a medida da diagonal do sextavado em 55,426.

SENAI-RJ 235
Interpretação de desenho mecânico – Interpretação de Desenho de Conjunto

• Existe um furo cilíndrico passante de 16mm, tolerado como superior em 0,018 e inferior em
(zero). Como no rodapé há uma informação sobre o ajuste ISO 286, cabe consultar a tabela da
norma específica, na qual encontraremos a posição “ H ” e a qualidade 7, o que corresponde a
tolerância de + 0 ,018 e -0,000. Desse modo, recorrendo ao desenho de montagem, você vai
constatar que o ajuste indicado será H7g6, do tipo deslizante, com montagem à mão e com leve
pressão.

• Na vista frontal você encontrará a cota de 48 entre as faces do sextavado. Nesse momento
caberá uma observação, trata-se da cota representativa da chave de boca ou de estrias a ser
utilizada pelo mecânico, se for o caso.

• O símbolo ao lado do número 2 é o símbolo de rugosidade. Ele indica o estado de superfície


que a peça deverá ter. A letra “ w ”, adicionada ao símbolo básico de rugosidade, indica que a
superfície, conforme legenda, deverá ter no máximo 3,2 de Ra, sendo permitida a remoção de
material. Entre parênteses, existe um outro símbolo ao lado do que representa a rugosidade
geral da peça, ele adverte que onde estiver indicado o símbolo “ x ”, nesse caso a superfície do
diâmetro de 16mm, deverá ter no máximo Ra de 1,6.

• Existem diversas indicações de tolerâncias, como por exemplo o comprimento de 50, que
possui tolerância de mais ou menos 0,1. Isso quer dizer que, apesar da dimensão nominal
informar 50, é possível variar no processo de obtenção de 49,9 até 50,1mm.

• Para as dimensões não acompanhadas de tolerância dimensional, como a de cota entre a face
do sextavado, devemos seguir a norma NBR 2768-1 f. Você já sabe que esse recurso é utilizado
para indicar o mínimo possível de tolerância no desenho, evitando a poluição visual.

• No espaço reservado às observações encontraremos o indicativo que todas os cantos devem


ter 0,5 de dimensão, tanto o canto externo como o interno.

• A localização do furo roscado deve ser de 15mm, referenciado na face direita da peça, cuja
dimensão será de 32mm.

Um detalhe importantíssimo é definir a localização do furo roscado em


relação ao sextavado, observando que o mesmo deverá estar localizado na
mesma direção dos vértices.

236 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Interpretação de Desenho de Conjunto

Fig. 9
SENAI-RJ 237
Interpretação de desenho mecânico – Interpretação de Desenho de Conjunto

Seguindo em frente, vamos a interpretação de um segundo conjunto, caracterizando os seus


pontos principais.

Conjunto nº 2 – BLOCO MÓVEL


No conjunto denominado Bloco móvel (Figura 10) o desenhista deve apresentar o projeto em
duas folhas, sendo uma de conjunto e outra de detalhamento das peças.

Inicialmente, vejamos a folha de conjunto. Para sua análise, cabe destacar seus componentes.

As vistas

Nela, o desenhista utilizou duas perspectivas, sendo uma com a peça na posição fechada e a
outra na posição toda aberta. No exemplo analisado, o desenhista usou também duas vistas de cima,
novamente uma aberta e outra fechada. Na aberta indicou duas cotas com a tolerância necessária.
Numa delas, ainda efetuou corte em desvio, representando todas as peças do conjunto.

O funcionamento

Funcionalmente, foi possível observar que o deslocamento da peça nº 03 em 20mm acarretou o


deslocamento das peças 03 e 02, sendo uma para a esquerda e a outra para a direita, respectivamente.

A legenda

Na análise de legenda precisamos centrar a nossa interpretação em dados importantes para a


fabricação, entre eles podemos destacar:

• A peça nº 05, denominada pino, será fornecida, já estará pronta, isto é, não será usinada pelo
responsável pela fabricação do conjunto. Já as peças de nº 01, 02, 03 e 04 deverão ser usinadas.

• Observe que todos os materiais serão de aço ABNT 1020, devidamente acompanhados da
dimensão.

Detalhamento das peças (Figura 11)

As vistas

• As peças 01, 02 e 03 estão representadas em três vistas (frontal, lateral e de cima), já a peça nº 04
dispensou a representação da vista de cima e a peça nº 05, apesar de ser fornecida, foi desenha-
da em apenas uma vista. Apenas a vista frontal será suficiente para a sua interpretação.

238 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Interpretação de Desenho de Conjunto

O acabamento superficial

• O acabamento superficial de todas as peças é, no geral, de 3,2 Ra. Contudo, todas indicam a
existência da superfícies com 1,6 de Ra. Analisando mais precisamente, você verá que as
superfícies com Ra de 1,6 são as que mais interferem na montagem. No exemplo, destacamos
a superfície do eixo, em sua dimensão de 12 g6 e o furo de 12 H7 da peça nº 02.

A tolerância geométrica

• Nas peças existem diversos símbolos de tolerâncias geométricas, como por exemplo, o de
perpendicularismo e o de paralelismos na peça nº 01. A de perpendicularismo, está associada a
superfície “A” e o tolerado está em 0,03. Isso que dizer que o perpendicularismo da superfície,
no qual a seta toca a peça, é limitada em variação máxima de 0,03 em relação a superfície
indicada pelo símbolo de elemento de referência “A”. Já a tolerância de paralelismo não preci-
sou do elemento de referência, pois foi aplicada diretamente nas linhas de chamada da cota de
80mm, o que implica na variação máxima de 0,02mm entre as superfícies em questão.

Depois de acompanhar, passo a passo, a análise dos modelos apresentados, chegou a sua hora
de interpretar. Analise com atenção o projeto Bloco móvel e agora busque responder as questões que
seguem.

1. Identifique o material de construção da peça nº 01, apresentando seu tipo, sua aplicação e a
composição química aproximada de seus principais elementos .

2. Identifique (o que é), interprete (como é) e justifique a aplicação do parâmetro de rugosidade,


identificada por “a”, na peça nº 03, citando as fontes de consulta utilizadas.

3. Identifique e justifique a tolerância dimensional, indicada por “b”, nas peças nº 01 e 02 com
base no sistema de tolerância ISO, citando as fontes de consultas utilizadas.

4. Identifique (o que é), interprete (como é) e justifique a aplicação da tolerância geométrica


indicada por “c” na peça nº 01, citando as fontes de consultas utilizadas.

SENAI-RJ 239
Interpretação de desenho mecânico – Interpretação de Desenho de Conjunto

Fig. 10 – Desenho de conjunto


240 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Interpretação de Desenho de Conjunto

Fig. 11 – Desenho de detalhe


SENAI-RJ 241
Interpretação de desenho mecânico – Interpretação de Desenho de Conjunto

Conjunto nº 3 – PRENSA CORTE


Interprete e responda com atenção.

1. Quantas peças são necessárias para compor o conjunto?

2 . Do total de peças utilizadas, quantas serão fornecidas prontas para a montagem?

3. Qual a matéria-prima da coluna?

4. Quantos parafusos de cabeça cilíndrica sextavado interno, conforme DIN 912 M4 x 12, serão
necessários?

5. No desenho de conjunto foi utilizada uma linha estreita traço e ponto indicado por (a). O que
isso representa?
0
6. Qual o processo de usinagem para a obtenção da cota de 10 - 0,5 da peça nº 08 usada na folha
de detalhamento?

7. Consulte a tabela e informe em milésimo de milímetro a tolerância permitida para a cota de 6H7
da peça nº 01.

242 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Interpretação de Desenho de Conjunto

Fig. 12 – Desenho de montagem


SENAI-RJ 243
Interpretação de desenho mecânico – Interpretação de Desenho de Conjunto

Fig. 13 – Desenho de detalhe

244 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Interpretação de Desenho de Conjunto

Conjunto nº 4 – BLOCO DUPLO PINO


Interprete e responda com atenção.

1. Quantas folhas o desenhista precisou utilizar para desenhar projeto?

2. No desenho de conjunto, a cota de 88 representa a dimensão máxima ou a mínima obtida com


o conjunto montado?

3. Quantas peças são necessárias para compor o conjunto?

4. Qual a escala usada no desenho de detalhamento?

5 . Que movimentos foram obtidos com o giro da peça nº 04?

6. Quais são as diferenças entre as peças 01 e 02?

7. Qual o tipo de ajuste solicitado na cota de 20 f 7 da peça nº 04 e no ajuste do furo da peça nº 05,
especificado por 20H7?

8. Informe os valores numéricos para as cotas da questão anterior. Para tanto, consulte a tabela
específica da ISO 286 ou NBR 6158.

9. A peça nº 08 será fornecida pronta?

10. Na orientação “Tolerância não indicada” qual norma deverá ser seguida e que classe deverá ser
utilizada?

11. Qual o material empregado no eixo excêntrico?

12.Quantas molas serão necessárias para o Bloco duplo pino?

13.Assinale, entre as opções, o corte aplicado na vista principal da peça nº 06.

a. ( ) total;

b. ( ) em desvio;

c. ( ) meio corte;

d. ( ) parcial.

14.Seria correto afirmar que o corte utilizado na peça nº 05 é o de meio-corte? Lembre-se de que
o corte utilizado, só foi possível em função da peça ser simétrica.

SENAI-RJ 245
Interpretação de desenho mecânico – Interpretação de Desenho de Conjunto

Fig. 14 – Desenho de conjunto

246 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Interpretação de Desenho de Conjunto

Fig. 15 – Desenho de detalhe

SENAI-RJ 247
Interpretação de desenho mecânico – Interpretação de Desenho de Conjunto

Fig. 16

248 SENAI-RJ
Interpretação de desenho mecânico – Referências

Referências

ABNT. NBR 6405: Rugosidade das superfícies. Rio de Janeiro, jan. 1988.

ABNT. NBR 6158: Sistema de tolerância e ajustes. Rio de Janeiro, jun. 1995.

ABNT ISO 2768-1: Tolerâncias gerais. Parte 1: Tolerâncias para dimensões lineares e angulares sem
indicação de tolerância individual. Rio de Janeiro, fev. 2001.

ABNT ISO 2768-2: Tolerâncias gerais. Parte 2: Tolerâncias geométricas para elementos sem indicação
de tolerância individual. Rio de Janeiro, fev. 2001.

ABNT 6409: Tolerâncias geométricas – Tolerâncias de forma, orientação, posição e batimento –


Generalidades, símbolos, definições e indicações em desenho. Rio de Janeiro, mai. 1997.

ABNT. NBR 8196: Emprego de escalas em desenho técnico. Rio de Janeiro, ago. 1996.

ABNT. NBR 8402: Execução de caractere para escrita em desenho técnico. Rio de Janeiro, mar.
1994.

ABNT. NBR 8403: Aplicação de linhas em desenhos – Tipos de linhas – Largura das linhas. Rio de
Janeiro, mar. 1984.

ABNT. NBR 8404: Indicação de estado de superfície em desenhos técnicos. Rio de Janeiro, mar.
1984.

ABNT. NBR 10067: Princípios gerais de representação em desenho técnico. Rio de Janeiro, mai.
1995.

ABNT. NBR 10068: Folhas de desenho, leiaute e dimensões. Rio de Janeiro, out. 1987.

ABNT. NBR 10647: Desenho técnico. Norma geral. Rio de Janeiro, abr. 1989.

SENAI-MG. Desenho técnico mecânico. Centro de Formação Profissional Pedro Martins Guerra.
Itabira, 1999.

SENAI-RJ 249
Interpretação de desenho mecânico – Referências

SENAI-RJ. Iniciação ao desenho. Habilidades Específicas Introdutórias. Rio de Janeiro: SENAI-RJ,


1999.

_________. Desenho técnico mecânico. Rio de Janeiro: SENAI-RJ, 2003.

SENAI-RS. Informações técnicas mecânica, 10ª Edição revisada e ampliada. Porto Alegre, CFP
SENAI Artes Gráficas “Henrique d`Ávila Bertuso”, 1996. 260 página.

SENAI-SC. Desenho técnico mecânico. Caderno de estudo. Florianópolis. 2004.

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