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MEDIÇÃO INDUSTRIAL
SENAI–RJ • Mecânica
Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro – FIRJAN
Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira
Presidente
Diretoria de Educação
Andréa Marinho de Souza Franco
Diretora
FUNDAMENTOS DE
MEDIÇÃO INDUSTRIAL
SENAI–RJ
Rio de Janeiro
2010
Fundamentos de Medição Industrial
2010 – 2ª edição revista
SENAI-Rio de Janeiro
Diretoria de Educação
EQUIPE TÉCNICA
SENAI-RJ
GEP – Gerência de Educação Profissional
Rua Mariz e Barros, 678 – Tijuca
20270-903 – Rio de Janeiro – RJ
Tel.: (21) 2587-1323
Fax: (21) 2254-2884
mdigep@firjan.org.br
http://www.firjan.org.br
Prezado aluno,
Quando você resolveu fazer um curso em nossa instituição, talvez não soubesse
que, desse momento em diante, estaria fazendo parte do maior sistema de educação
profissional do país: o SENAI. Há mais de 65 anos, estamos construindo uma história
de educação voltada para o desenvolvimento tecnológico da indústria brasileira e da
formação profissional de jovens e adultos.
Devido às mudanças ocorridas no modelo produtivo, o trabalhador não pode
continuar com uma visão restrita dos postos de trabalho. Hoje, o mercado exigirá de
você, além do domínio do conteúdo técnico de sua profissão, competências que lhe
permitam decidir com autonomia, proatividade, capacidade de análise, solucionando
problemas, avaliando resultados e propostas de mudanças no processo do trabalho.
Você deverá estar preparado para o exercício de papéis flexíveis e polivalentes, assim
como para a cooperação e a interação, o trabalho em equipe e o comprometimento
com os resultados.
Soma-se, ainda, que a produção constante de novos conhecimentos e tecnologias
exigirá de você a atualização contínua de seus conhecimentos profissionais, eviden-
ciando a necessidade de uma formação consistente que lhe proporcione maior adap-
tabilidade e instrumentos essenciais à autoaprendizagem.
Essa nova dinâmica do mercado de trabalho vem requerendo que os sistemas de
educação se organizem de forma flexível e ágil, motivos esses que levaram o SENAI
a criar uma estrutura educacional, com o propósito de atender às novas necessidades
da indústria, estabelecendo uma formação flexível e modularizada.
Essa formação tornará possível a você, aluno do sistema, voltar e dar continuidade
à sua educação, criando seu próprio percurso. Além de toda a infraestrutura necessária
ao seu desenvolvimento, você poderá contar com o apoio técnico-pedagógico da equipe
de educação dessa escola do SENAI para orientá-lo em seu trajeto.
Mais do que formar um profissional, estamos buscando formar cidadãos.
Seja bem-vindo!
Apresentação
A dinâmica social dos tempos de globalização exige atualização constante dos
profissionais. Mesmo as áreas tecnológicas de ponta ficam obsoletas em ciclos cada
vez mais curtos, trazendo desafios renovados a cada dia e tendo como consequência
para a educação a necessidade de encontrar novas e rápidas respostas.
Nesse cenário, impõe-se a educação continuada, exigindo que os profissionais
busquem atualização constante durante toda a sua vida – e os docentes e alunos do
SENAI/RJ incluem-se nessas novas demandas sociais.
É preciso, pois, promover, tanto para os docentes como para os alunos da edu-
cação profissional, as condições que propiciem o desenvolvimento de novas formas
de ensinar e aprender, favorecendo o trabalho de equipe, a pesquisa, a iniciativa e a
criatividade, entre outros aspectos, ampliando suas possibilidades de atuar com auto-
nomia, de forma competente.
A proposta desta unidade curricular é, portanto, a de lhe propiciar oportunidade
de aquisição de conhecimentos para o seu desenvolvimento profissional, envolvendo
técnicas de utilização dos principais instrumentos de medição industrial.
A concretização da importância dessa temática é percebida quando alguém vai a
uma loja de autopeças para comprar alguma peça de reposição. Tudo o que a pessoa
precisa é dizer o nome da peça, a marca do carro, o modelo e o ano de fabricação.
Com essas informações, o vendedor é capaz de fornecer exatamente o que a pessoa
deseja em poucos minutos.
Isso acontece devido à normalização, isto é, por causa de um conjunto de nor-
mas estabelecidas de comum acordo entre fabricantes e consumidores. Essas normas
simplificam o processo de produção e garantem um produto confiável, que atenda às
necessidades do consumidor.
Um dos itens mais importantes para a normalização é exatamente a unidade de
medida. Graças a ela, você tem certeza de que o parafuso quebrado que prendia a roda
de seu carro poderá ser facilmente substituído, uma vez que é fabricado com unidades
de medida também padronizadas.
SENAI–RJ 11
Fundamentos de medição industrial – Apresentação
12 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Uma palavra inicial
Antes de iniciarmos o estudo deste material, há dois pontos que merecem desta-
que: a relação entre o processo produtivo e o meio ambiente; e a questão da saúde e
segurança no trabalho.
As indústrias e os negócios são a base da economia moderna. Produzem os bens
e serviços necessários e dão acesso a emprego e renda; mas, para atender a essas ne-
cessidades, precisam usar recursos e matérias-primas. Os impactos no meio ambiente
muito frequentemente decorrem do tipo de indústria existente no local, do que ela
produz e, principalmente, de como produz.
É preciso entender que todas as atividades humanas transformam o ambiente.
Estamos sempre retirando materiais da natureza, transformando-os e depois jogando
o que “sobra” de volta ao ambiente natural. Ao retirar do meio ambiente os materiais
necessários para produzir bens, altera-se o equilíbrio dos ecossistemas e arrisca-se ao
esgotamento de diversos recursos naturais que não são renováveis ou, quando o são,
têm sua renovação prejudicada pela velocidade da extração, superior à capacidade
da natureza para se recompor. É necessário fazer planos de curto e longo prazo, para
diminuir os impactos que o processo produtivo causa na natureza. Além disso, as
indústrias precisam se preocupar com a recomposição da paisagem e ter em mente a
saúde dos seus trabalhadores e da população que vive ao redor delas.
Com o crescimento da industrialização e a sua concentração em determinadas
áreas, o problema da poluição aumentou e se intensificou. A questão da poluição do ar
e da água é bastante complexa, pois as emissões poluentes se espalham de um ponto
fixo para uma grande região, dependendo dos ventos, do curso da água e das demais
condições ambientais, tornando difícil localizar, com precisão, a origem do problema.
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Fundamentos de medição industrial – Uma palavra inicial
14 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Uma palavra inicial
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Conceito de metrologia
Nesta unidade
Unidades dimensionais
1
Fundamentos de medição industrial – Conceito de metrologia
Unidades dimensionais
Como será que o homem aprendeu a medir os objetos? Antigamente, ele usava
partes de seu corpo como referência para determinar o tamanho dos objetos, mas em
função da variação de tamanho do corpo de pessoa para pessoa, esse sistema não ga-
rantia uma uniformidade no resultado de uma medição.
polegada mão
palmo
mão
pé
“9 polegadas inglesas” “1 polegada inglesa” “4 polegadas inglesas” “12 polegadas inglesas”
Fig. 1
A braça
O passo
Fig. 2 Fig. 3
SENAI–RJ 19
Fundamentos de medição industrial – Conceito de metrologia
O côvado
Fig. 4
Em geral, essas unidades eram baseadas nas medidas do corpo do rei, sendo que
tais padrões deveriam ser respeitados por todas as pessoas que, naquele reino, fizessem
as medições. Há cerca de 6 mil anos, os egípcios usavam, como padrão de medida de
comprimento, o cúbito: distância do cotovelo à ponta do dedo médio.
Cúbito é o nome de um
cúbito dos ossos do antebraço
“18 polegadas inglesas”
Fig. 5
Como as pessoas têm tamanhos diferentes, o cúbito variava de uma pessoa para
outra, ocasionando as maiores confusões nos resultados das medidas. Para serem úteis,
era necessário que os padrões fossem iguais para todos. Diante desse problema, os
egípcios resolveram criar um padrão único: em lugar do próprio corpo, eles passaram
a usar, em suas medições, barras de pedra com o mesmo comprimento. Foi assim que
surgiu o cúbito-padrão.
20 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Conceito de metrologia
Nos séculos XV e XVI, os padrões mais usados na Inglaterra para medir compri-
mentos eram a polegada, o pé, a jarda e a milha.
Jarda, em inglês yard, significa “vara”, em referência ao uso de varas nas medições.
Esse padrão foi criado por alfaiates ingleses.
Bem antes, no século XII, em consequência da sua grande utilização, esse padrão
foi oficializado pelo rei Henrique I. A jarda teria sido definida, então, como a distância
entre a ponta do nariz do rei e a de seu polegar, com o braço esticado. A exemplo dos
antigos bastões de um cúbito, foram construídas e distribuídas barras metálicas para
facilitar as medições. Apesar da tentativa de uniformização da jarda na vida prática,
não se conseguiu evitar que o padrão sofresse modificações.
As relações existentes entre a jarda, o pé e a polegada também foram instituídas
por leis:
1 pé = 12 polegadas
1 jarda = 3 pés
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Fundamentos de medição industrial – Conceito de metrologia
A jarda
Fig. 6
Medidas inglesas
A Inglaterra, em todos os territórios sob seu domínio durante séculos, utilizava um
sistema de medidas próprio, facilitando as transações comerciais ou outras atividades
de sua sociedade. Acontece que no resto do mundo ocidental desenvolveu-se um outro
sistema métrico, totalmente diferente do sistema inglês. Assim, em 1959, a jarda – que
é uma medida inglesa – passou a ser definida em função do metro, medida do novo
sistema, valendo 0,91440m. As divisões da jarda (3 pés, cada pé com 12 polegadas)
passaram, então, a ter seus valores expressos no sistema métrico:
1 yd (1 jarda) = 0,9114m
1 ft (1 pé) = 304,8mm
1 inch (1 polegada) = 25,4mm
22 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Conceito de metrologia
O sistema inglês ainda é muito utilizado na Inglaterra e nos Estados Unidos, assim
como no Brasil, devido ao grande número de empresas procedentes desses países. Esse
sistema está, aos poucos, sendo substituído pelo métrico, porém ainda permanece a
necessidade de se converter o sistema inglês em sistema métrico e vice-versa.
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Fundamentos de medição industrial – Conceito de metrologia
1’’
(meia polegada)
2
1’’
(um quarto de polegada)
4
1’’
(um oitavo de polegada)
8
1’’
(um dezesseis avos de polegada)
16
1’’
(um trinta e dois avos de polegada)
32
1’’
(um sessenta e quatro avos de polegada)
64
1’’
(um cento e vinte e oito avos de polegada)
128
6’’ 2 3”
: →
8 2 4
8’’ 8 1’’
: →
64 8 8
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Fundamentos de medição industrial – Conceito de metrologia
SENAI–RJ 25
Fundamentos de medição industrial – Conceito de metrologia
Estabeleceu-se, então, que a nova unidade-padrão deveria ser igual à décima mi-
lionésima parte de um quarto de meridiano terrestre.
Essa nova unidade passou a ser Meridiano: linha imaginária que corta
chamada metro (derivado do termo o globo terrestre de norte a sul. É o
círculo da latitude.
grego metron, que significa medir).
1ª definição:
Metro é a décima milionésima parte de um quarto de meridiano terrestre.
Essa medida foi transformada em barra de platina e passou a ser denominada metro.
Com o desenvolvimento da ciência, verificou-se que uma medição mais precisa do
meridiano fatalmente daria um metro com uma medida um pouco diferente. Assim, a
primeira definição foi substituída por uma segunda.
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Fundamentos de medição industrial – Conceito de metrologia
2ª definição:
Metro é a distância entre os dois extremos da barra de platina depositada
nos arquivos da França e apoiada nos pontos de mínima flexão na temperatura
de zero grau Celsius.
Escolheu-se a temperatura de zero grau Celsius por ser, na época, a mais facilmente
obtida com o gelo fundente.
No século XIX, vários países já haviam adotado o sistema métrico. No Brasil, o
sistema métrico foi implantado pela Lei Imperial nº 1.157, de 26 de junho de 1862.
Estabeleceu-se, então, um prazo de dez anos para que os padrões antigos fossem
inteiramente substituídos em todos os países que adotaram o novo sistema.
Com exigências tecnológicas maiores, decorrentes do avanço científico, notou-se
que o metro dos arquivos apresentava certos inconvenientes. Por exemplo, o parale-
lismo das faces não era assim tão perfeito. O material, relativamente mole, poderia se
desgastar, e a barra também não era suficientemente rígida.
Para aperfeiçoar o sistema, fez-se uma outra barra-padrão, com a seguinte confi-
guração:
• seção transversal em X, para ter maior estabilidade;
• uma adição de 10% de irídio, para tornar seu material mais durável;
• dois traços em seu plano neutro (ou plano de simetria da peça), de forma a tor-
nar a medida mais perfeita.
ro
et
m
1
m
1m
57
Plano neutro
Fig. 7
SENAI–RJ 27
Fundamentos de medição industrial – Conceito de metrologia
3ª definição:
Metro é a distância entre os eixos de dois traços principais marcados na super-
fície neutra do padrão internacional depositado no BIPM – Bureau Internacional
des Poids et Mesures (em português: Centro Internacional de Pesos e Medidas), na
temperatura de zero grau Celsius e sob uma pressão atmosférica de 760 mmHg
(milímetro de mercúrio) e apoiado sobre seus pontos de mínima flexão.
Atualmente, a temperatura de referência para calibração é de 20ºC. É nessa tempe-
ratura que o metro, utilizado em laboratório de metrologia, tem o mesmo comprimento
do padrão que se encontra na França, na temperatura de zero grau Celsius.
4ª definição:
Metro é o comprimento do trajeto percorrido pela luz no vácuo, durante o
intervalo de tempo de 1 do segundo.
299.792.458
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Fundamentos de medição industrial – Conceito de metrologia
As unidades do Sistema
Internacional de Unidades (SI)
Para garantir maior confiabilidade nos resultados de medição foi criado o Sistema
Internacional de Unidades (SI), no qual há duas classes de unidades:
• unidades de base;
• unidades derivadas.
Sob o aspecto científico, a divisão das unidades nessas duas classes é arbitrária, já
que não é uma imposição da física.
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Fundamentos de medição industrial – Conceito de metrologia
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Fundamentos de medição industrial – Conceito de metrologia
RJ SP
405km
Fig. 8
20cm
Fig. 9
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Fundamentos de medição industrial – Conceito de metrologia
Há, também, normatização para a escrita dessas medidas, e você deve estar fami-
liarizado com ela.
32 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Conceito de metrologia
b) Os símbolos das unidades não têm plural, só podendo ser escritos no singular.
Exemplo: 3m e não 3ms.
c) Os símbolos das unidades não são seguidos por pontos. Exemplo: 4kg e não 4kg,
a não ser que estejam no final de uma frase, quando o ponto será o da frase.
m/s m m.s-1
s
c) Nunca repetir a barra inclinada na mesma linha, a não ser com o emprego de
parênteses, de modo a evitar qualquer ambiguidade. Nos casos complexos, deve-
-se utilizar parênteses ou potências negativas. Por exemplo:
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Fundamentos de medição industrial – Conceito de metrologia
Nesta unidade, vamos abordar somente o grau, o minuto e o segundo, pois são os
que você mais vai usar.
Sistema sexagesimal
Esse é o sistema frequentemente utilizado na mecânica, topografia etc., que divide
o círculo em 360 graus.
O grau é uma unidade de medida que não está presente no Sistema Internacional
de Unidades, reconhecido pelo Conselho Internacional de Pesos e Medidas. Por ser
uma unidade derivada amplamente difundida, o grau é usado para medir ângulos e se
divide em 60 minutos. Cada minuto, por sua vez, divide-se em 60 segundos.
1 grau = 60 minutos
1 minuto = 60 segundos
34 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Conceito de metrologia
grau ( ° )
minuto ( ’ )
segundo ( ” )
Exemplos:
Sistema centesimal
Nesse sistema, o círculo é dividido em 400 grados. Cada grado subdivide-se em
100 novos minutos e cada novo minuto em 100 novos segundos.
grado ( g )
novos minutos ( c )
novos segundos ( cc )
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Fundamentos de medição industrial – Conceito de metrologia
Exemplo:
Exemplo:
A soma de 39°41’30” mais 42°41’35”.
Algarismos significativos
Para explicar o que é algarismo significativo, vamos começar com um exemplo.
Imagine que vamos medir um determinado comprimento, como mostra a Figura 10.
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Fundamentos de medição industrial – Conceito de metrologia
peça
régua
Fig. 10
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Fundamentos de medição industrial – Conceito de metrologia
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Fundamentos de medição industrial – Conceito de metrologia
barra
régua
Fig. 11
peça
régua
Fig. 12
SENAI–RJ 39
Fundamentos de medição industrial – Conceito de metrologia
Ao analisar as situações mostradas nesses três casos, vemos que o número de al-
garismos significativos que se obtêm no resultado da medida de uma dada grandeza
dependerá do instrumento usado para medição. Nas três réguas apresentadas, as sub-
divisões são diferentes, o que gerou medidas diferentes. A convenção de se apresentar
o resultado de uma medida contendo apenas algarismos significativos é adotada de
maneira geral, não só na medida de comprimentos, mas também na medida de massa,
temperatura, força etc. Essa convenção é também usada ao se apresentarem os resul-
tados de cálculos envolvendo medidas das grandezas. Então, quando uma pessoa lhe
informar, por exemplo, que mediu ou calculou a temperatura de um objeto e encontrou
37,82ºC, você deverá entender que a medida ou o cálculo foi feito de tal modo que os
algarismos 3, 7 e 8 são corretos e o último algarismo, neste caso o 2, é sempre duvidoso.
40 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Conceito de metrologia
1ª observação
Ao contar o número de algarismos significativos de uma medida ou de um resultado
de cálculo com medidas, devemos considerar que o algarismo zero só é significativo
se estiver situado à direita de um algarismo significativo. Por exemplo:
• 0,00041 tem dois algarismos significativos: 4 e 1. Os zeros não são significativos,
pois estão à esquerda.
• 40,100 tem cinco algarismos significativos, pois os zeros são significativos.
• 0,000401 tem três algarismos significativos: 4, 0 e 1. Os zeros à esquerda do 4
não são significativos.
2ª observação
Diz respeito à mudança de unidades que não podem ser escritas com zeros que
não sejam significativos. Por exemplo: vamos expressar, em gramas, uma medida de
7,3kg. Para tanto, observe que essa medida possui dois algarismos significativos, o 7
e o 3, sendo o algarismo 3 duvidoso. Assim, se escrevêssemos 7,3kg = 7.300 gramas,
estaríamos dando a ideia errônea de que o 3 é um algarismo correto, sendo o último
zero o algarismo duvidoso. Para evitar esse erro de interpretação, fazemos a notação
de potência de 10 e escrevemos: 7,3kg = 7,3 x 103g. Dessa maneira, a mudança de
unidade foi feita e continuamos a indicar que o 3 é o algarismo duvidoso.
1ª regra
Quando o algarismo imediatamente seguinte ao último algarismo a ser conservado
é inferior a 5, o mesmo será mantido, sem modificação.
Exemplo:
1,333...3 arredondado à 1ª decimal resultará em 1,3.
1,3234...4, arredondando = 1,3.
SENAI–RJ 41
Fundamentos de medição industrial – Conceito de metrologia
2ª regra
Quando o algarismo imediatamente seguinte ao último algarismo a ser conservado
é igual ou superior a 5, e for seguido de, no mínimo, um algarismo diferente de zero,
o último algarismo a ser conservado deverá ser aumentado de uma unidade.
Exemplos:
1,666...6 arredondado à 1a decimal resultará em 1,7.
4,850...5 arredondado à 1a decimal resultará em 4,9.
3ª regra
Quando o algarismo imediatamente seguinte ao último algarismo a ser conservado
é um 5 seguido de zeros, devemos proceder da seguinte maneira:
a) se o algarismo que antecede o 5 for ímpar, arredonda-se para o algarismo par
mais próximo, ou seja, aumenta-se uma unidade.
Exemplos:
4,550 arredondado à 1a decimal resultará em 4,6.
2,750 arredondado à 1a decimal resultará em 2,8.
Conversões de medidas
Agora já conhecemos o sistema métrico e o sistema inglês de unidade. Na mecâni-
ca, o convívio se dá com duas medidas de sistema: o milímetro e a polegada. Vamos,
então, exemplificar 6 (seis) transformações envolvendo milímetro, polegada decimal
e polegada em frações ordinárias.
42 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Conceito de metrologia
1ª transformação
Transformar polegada em milímetro
25,4 x 5
= 15,875mm
8
SENAI–RJ 43
Fundamentos de medição industrial – Conceito de metrologia
2ª transformação
Transformar milímetro em polegada
Para se transformar milímetro em polegada, deve-se proceder da seguinte forma:
1. Dividir a quantidade de milímetros por 25,4.
2. Multiplicar o resultado por uma das divisões da polegada (elas foram apresentadas
na página 24).
3. Dar como denominador a mesma divisão tomada.
4. Simplificar a fração ao menor numerador.
Exemplo:
Transformar 9,525mm em polegadas.
48 24 12 6 3”
= = = =
128 64 32 16 8
Exemplo:
Transformar 9,525mm em polegadas.
9,525 x 5,04 48
=
128 128
48 24 12 6 3”
= = = =
128 64 32 16 8
44 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Conceito de metrologia
3ª transformação
Transformar uma medida no sistema inglês ordinário em uma medida no
sistema decimal
Para se transformar um valor no sistema inglês ordinário em decimal, basta dividir
o numerador da fração pelo denominador.
Exemplo:
Transformar 7/8” em decimal.
7”
= 0,875”
8
4ª transformação
Transformar sistema inglês decimal em ordinário
Para se transformar sistema inglês decimal em ordinário, multiplica-se o valor em
decimal por uma das divisões da polegada, dando-se para o denominador a mesma
divisão tomada, simplificando-se a fração, quando necessário.
Exemplo:
Transformar 0,3125” em sistema inglês ordinário.
0,3125” x 128 40
=
128 128
40 20 10 5”
= = =
128 64 32 16
5ª transformação
Transformar polegada decimal em milímetro
Para se transformar polegada decimal em milímetro, multiplica-se o valor em
decimal da polegada por 25,4.
SENAI–RJ 45
Fundamentos de medição industrial – Conceito de metrologia
Exemplo:
Transformar 0,875” em milímetro.
6ª Transformação
Transformar milímetro em polegada decimal
Para se transformar milímetro em polegada decimal, podemos utilizar dois pro-
cessos.
Exemplo:
Transformar 3,175mm em polegada decimal.
1º processo: divide-se o valor em milímetro por 25,4mm.
Observação
A constante 0,03937” corresponde à quantidade de milésimos de polegada contida
em 1 milímetro.
1mm = 0,03937”
Exemplo:
Transformar 3,174mm em polegada decimal.
Observação
A diferença do resultado entre o 1º e o 2º processo, conforme mostram os exemplos
anteriores, passa a ser desprezível, considerando-se ambos os processos corretos.
46 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Conceito de metrologia
SENAI–RJ 47
Régua graduada
Nesta unidade
Introdução
Tipos e usos
2
Fundamentos de medição industrial – Régua graduada
Introdução
A régua graduada, comumente chamada de escala, é o instrumento de medição
com base no qual muitos outros instrumentos foram desenvolvidos. Por isso, ele será
o primeiro instrumento de medição com o qual você terá contato, sendo a base para
o entendimento dos demais.
Resolução: 0,5mm
Fig. 1
SENAI–RJ 51
Fundamentos de medição industrial – Régua graduada
Corpo
Escala em polegadas
Escala em milímetros
Fig. 2
Resolução/Valor de uma
divisão
Utiliza-se régua graduada nas medições com “erro admissível” superior à me-
nor graduação. No caso da régua da Figura 3, a menor graduação para milímetros é
0,5mm, e para polegadas é 1/ 32”.
1/32”in
0,5mm
Fig. 3
52 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Régua graduada
Tipos e usos
Régua de encosto interno: Destinada a medições de peças que apresentam faces
internas de referência.
SENAI–RJ 53
Fundamentos de medição industrial – Régua graduada
Fig. 4
Régua sem encosto: Nesse caso, devemos subtrair do resultado o valor do ponto
de referência. Destinada ao uso geral.
10mm 76mm
leitura = 76 – 10 = 66mm
Fig. 5
Fig. 6
Fig. 7
54 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Régua graduada
Régua de dois encostos: Dotada de duas escalas: uma com referência interna e
outra com referência externa. É utilizada principalmente pelos ferreiros.
Fig. 8
Fig. 9
Depois desse contato com os diferentes tipos de régua graduada e seus usos, vejamos
como se efetua a leitura com tal instrumento, nos dois sistemas: o métrico e o inglês.
Fig. 10
SENAI–RJ 55
Fundamentos de medição industrial – Régua graduada
Fig. 11
6” 3”
=
16 8
56 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Régua graduada
Fig. 12
1”
Assim, o objeto medido na Figura 12 tem 1 (uma polegada e um oitavo de
8
polegada) de comprimento.
A seguir, um exemplo de leitura com parte estimada.
Leitura:
27/32” → parte inteira
1/64” → parte estimada
55/64” → leitura final
Fig. 13
SENAI–RJ 57
Fundamentos de medição industrial – Régua graduada
Recomendações e cuidados
com a régua
O instrumento de medição é, como temos visto, o elemento principal do processo.
Assim, são necessários cuidados importantes tanto para garantir a confiabilidade nos
resultados de sua medição quanto para manter a sua régua em condições de utilização.
Confira:
• Antes de iniciar a medição, limpe bem a régua e a superfície do objeto (ou peça).
Fig. 14
• Examine se as peças a medir não têm rebarbas que possam danificar as faces
de medição da régua.
58 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Régua graduada
• Ao final da medição, limpe a régua com um pano limpo. Caso a régua seja de
aço-carbono, aplique sobre ela, para evitar corrosão, uma fina camada de óleo
de proteção.
Fig. 15
Fig. 16
SENAI–RJ 59
Paquímetro
Nesta unidade
Introdução
Tipos e usos
3
Fundamentos de medição industrial – Paquímetro
Introdução
O paquímetro é um instrumento de medição que utiliza normalmente o princípio
do “Nônio” ou “Vernier”, sendo o mais usado na usinagem mecânica. O paquímetro
é adotado para efetuar medições externas e de profundidade.
Fig. 1
SENAI–RJ 63
Fundamentos de medição industrial – Paquímetro
Você já viu e conhece a régua graduada. Então, você pode observar na Figura 2
que o paquímetro é constituído basicamente de uma régua fixa e um conjunto inferior e
superior de peças corrediças, denominadas nônio. A parte fixa é uma régua temperada
e graduada com uma ponta de medição fina. O conjunto do nônio corrediço combina
ponta móvel com placa do nônio, parafuso de fixação e porca de ajuste fino.
A parte móvel com o nônio desliza sobre a régua graduada até que as duas pontas
de contato toquem a peça a ser medida.
O princípio do nônio é aplicado a muitos instrumentos, tais como traçadores ver-
ticais, calibradores de profundidade, paquímetros para engrenagens etc.
2 2 9 8 5
3
4
1 1. Bicos para medição externa
7 6 2. Bicos para medição interna
3. Vareta para medição de profundidade
4. Superfície de traçagem
5. Cursor
6. Escala graduada
7. Nônios
8. Parafuso de fixação
9. Superfície de referência para traçagem
Fig. 2
Tipos e usos
Muitas são as variedades de paquímetros, cada qual com uma ou mais finalidades
principais, tais como medições de comprimentos internos e externos dos objetos, medi-
ções de ranhuras, roscas rodas, dentadas etc. Com relação à capacidade de medição, há
paquímetros de 150, 200, 300, 500 e 1.000mm e de fabricação especial de 1.500, 2.000,
2.500, 3.000mm. Apresentamos, a seguir, as principais variedades de paquímetros.
64 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Paquímetro
Fig. 3
Fig. 4
Fig. 5 Fig. 6
SENAI–RJ 65
Fundamentos de medição industrial – Paquímetro
Fig. 7
Fig. 8
Fig. 9
66 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Paquímetro
• Paquímetro com superfície de medição de metal duro: Este modelo possui pas-
tilhas de metal duro nos bicos de medição principais. Especialmente desenvolvido para
medições de eixos realizadas em grandes quantidades, o que causa desgaste das pontas.
Fig. 10
Fig. 11
Fig. 12
SENAI–RJ 67
Fundamentos de medição industrial – Paquímetro
Fig. 13
• Paquímetro com leitura digital eletrônica (Modelo Solar): Além das caracte-
rísticas gerais de um instrumento com leitura digital, este modelo dispensa a utilização
de baterias, podendo operar em ambientes com iluminação normal, tanto com luz do
dia quanto com lâmpada de qualquer tipo.
Fig. 14
Fig. 15
68 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Paquímetro
• Paquímetro com bico de formas especiais: Este tipo possui uma grande varie-
dade de formas e tamanhos de bicos de medição e permite a realização de medições de
pontos, superfícies e espaços de difícil acesso, especialmente internos, como diâmetros
de fundo de canais, distâncias entre canais, espessuras de paredes etc.
Fig. 16
Fig. 17
Com isso, ele permite a medição de profundidade de furos não vazados, rasgos,
rebaixos etc. Esse tipo de paquímetro pode apresentar haste simples ou haste com
gancho. Veja na Figura 18 duas situações de uso do paquímetro de profundidade.
SENAI–RJ 69
Fundamentos de medição industrial – Paquímetro
Haste com
Haste simples gancho
Fig. 18
Fig. 19
70 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Paquímetro
Traçador
vertical
master
STARRETT
254
Botão de
ajuste fino
Ponta de
traçagem
esférica
Fig. 20
Placa do nônio
Lâmina
vertical Parafusos de fixação
Lâmina
horizontal Porca de ajuste fino
Placa do nônio
Fig. 21
SENAI–RJ 71
Fundamentos de medição industrial – Paquímetro
A lâmina vertical é ajustada na profundidade por meio da sua porca de ajuste fino,
de modo que, ao tocar o topo do dente da engrenagem, os bicos do paquímetro estarão
perfeitamente posicionados para medir o diâmetro primitivo do dente da engrenagem.
A lâmina horizontal é então usada para se obter a espessura da corda do dente da engre-
nagem através da sua porca de ajuste fino.
O procedimento para a leitura de todos esses tipos de paquímetros é exatamente
igual ao dos paquímetros comuns.
72 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Paquímetro
1”
• (no sistema inglês ordinário).
128
Sistema métrico
Resolução/Valor de uma divisão
No paquímetro, o nônio possui uma divisão a mais do que aquela adotada na escala
fixa. Logo, está dividido em partes menores do que a menor divisão da escala principal,
como pode ser observado na Figura 22.
Nônio
Cursor
Nônio escala fixa
0 10
0 10
escala do cursor (nônio)
Fig. 22
SENAI–RJ 73
Fundamentos de medição industrial – Paquímetro
0,1mm
escala fixa
0,1mm
0 1mm 10
0
0,9 0,1 10
Nº de divisões do nônio (N + 1)
escala móvel
Fig. 23
Essa diferença é de 0,2mm entre o segundo traço de cada escala; de 0,3mm entre
o terceiro traço de cada escala, e assim por diante.
Fig. 24
Você necessita compreender tais divisões, em função dos cálculos a serem reali-
zados nas medidas.
Cálculo de resolução
As diferenças entre a escala fixa e a escala móvel de um paquímetro podem ser
calculadas pela sua resolução.
74 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Paquímetro
UEF
Resolução:
NDN
Onde:
UEF = unidade da escala fixa
NDN = número de divisões do nônio
Exemplos:
UEF = 1mm
NDN = Nônio com 10 divisões
1mm
Resolução = = 0,01mm
10 divisões
UEF = 1mm
NDN = Nônio com 20 divisões
1mm
Resolução = = 0,05mm
20 divisões
UEF = 1mm
NDN = Nônio com 50 divisões
1mm
Resolução = = 0,02mm
50 divisões
SENAI–RJ 75
Fundamentos de medição industrial – Paquímetro
Fig. 25
Leitura
Agora é possível passar aos procedimentos para se obter a indicação do valor for-
necido pelo paquímetro. Ou seja, passaremos aos procedimentos de leitura.
• Primeiro passo: ler sempre do zero da escala principal ao zero do nônio.
• Segundo passo: verificar qual traço do nônio coincide com um traço da escala
principal. Quando o traço até o zero do nônio coincidir com um traço da escala principal,
nos paquímetros com escala em milímetros, você deverá contar o número de traços do
zero da escala principal ao zero do nônio. Estes traços representam a leitura em mm
(parte inteira da medida). Adicione a este número o número de zeros correspondentes
aos algarismos significativos que indiquem a resolução do paquímetro.
Na Figura 26, podemos observar um paquímetro com escala em milímetros, com
o traço do zero do nônio coincidindo com um traço da escala principal. No caso, está
no traço menor após o 10mm da escala principal.
Se contarmos o número de traços do zero da escala principal até onde se encontra
o zero do nônio, chegamos a 10mm mais um traço da escala fixa: 11mm.
Escala principal
Fig. 26
76 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Paquímetro
Leitura:
11,00mm → Escala principal
+
0,00mm → Nônio
–––––––––––
11,00mm → Leitura final
Neste ponto podemos passar para a leitura quando o traço do zero do nônio não
coincidir com um traço da escala principal, ou seja, quando o traço do zero do nônio
ficar entre dois traços da escala principal. Nesse caso, você deverá contar o número
de traços, do zero da escala principal ao traço que está à esquerda do zero do nônio.
Estes traços correspondem à leitura em milímetros (parte inteira da medida). Para
determinar a parte decimal, verifique qual traço do nônio coincide com um traço da
escala principal e adicione o valor lido no nônio.
Na Figura 27, temos um exemplo desse caso. Nela, o paquímetro com escala em milí-
metro está com o traço do zero do nônio não coincidindo com um traço da escala principal.
Fig. 27
Leitura:
116,00mm → Escala principal
+
0,88mm → Nônio
–––––––––––
116,88mm → Leitura final
SENAI–RJ 77
Fundamentos de medição industrial – Paquímetro
78 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Paquímetro
Nônio
Fig. 28
Logo,
UEF
Resolução (R) =
NDN
Onde:
UEF = unidade da escala fixa
NDN = número de divisões do nônio
Assim,
1 1 1 1 1
R = = - 8 = x =
16 16 16 8 128
8
1”
Cada divisão do nônio vale .
128
2 1
Duas divisões corresponderão a ou , e assim por diante.
128 64
SENAI–RJ 79
Fundamentos de medição industrial – Paquímetro
Leitura
No caso dos paquímetros com escala em polegadas, deve-se contar o número de
divisões do zero da escala principal ao zero do nônio e multiplicar este número pelo
valor de uma divisão da escala principal.
Vejamos alguns exemplos:
Exemplo 1
Paquímetro com escala em polegada, quando o traço do zero no nônio coincidir
com um traço da escala principal.
Fig. 29
Leitura:
7”
4 → Escala principal
16
0”
→ Nônio
128
7”
4 → Leitura final
16
Nos paquímetros com escala em polegadas, você deverá contar o número de traços
do zero da escala principal ao traço que fica à esquerda do zero do nônio e multiplicar
este número pelo valor de uma divisão da escala principal.
A parte adicional será obtida contando-se o número de traços do zero do nônio ao
ponto que coincidir com um traço da escala principal e multiplicando-se este número
pelo valor da resolução do paquímetro.
80 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Paquímetro
Exemplo 2
Paquímetro com escala em polegada, quando o traço do zero do nônio não coincidir
com um traço da escala principal.
Fig. 30
Leitura:
5”
4 → Escala principal
16
1”
→ Nônio
128
41”
4 → Leitura final
128
Exemplo 3
Fig. 31
SENAI–RJ 81
Fundamentos de medição industrial – Paquímetro
Leitura:
3”
1 → Escala principal
16
5
→ Nônio
128
29
1 → Leitura final
128
Exemplo 4
Fig. 32
Leitura:
1”
→ Escala principal
16
6”
→ Nônio
128
7”
→ Leitura final
64
Você deve ter percebido que medir em polegada fracionada exige operações
mentais. Para facilitar a leitura desse tipo de medida, recomendamos os seguintes
procedimentos:
1º passo: Verifique se o zero do nônio coincide com um dos traços da escala fixa. Se
coincidir, faça a leitura somente da escala fixa.
82 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Paquímetro
Fig. 33
1”
Leitura: 7
4
2º passo: Quando o zero do nônio não coincidir com um traço da escala principal,
verifique qual dos traços do nônio está nessa situação e faça a leitura do nônio.
3º passo: Verifique na escala fixa quantas divisões há antes do zero do nônio.
4º passo: Sabendo que cada divisão da escala fixa equivale a
1 2 4 8
= = = ,
16 32 64 128
e com base na leitura do nônio, escolhemos uma fração da escala fixa de mesmo
denominador. Esta fração escolhida corresponde à menor divisão da escala principal
com denominador igual ao da leitura do nônio. Vejamos o exemplo.
3” 4”
Leitura do nônio → fração escolhida da escala fixa
64 64
7” 8”
Leitura do nônio → fração escolhida da escala fixa
128 128
5º passo: Multiplique o número de divisões da escala fixa (3º passo) pelo numerador da
fração escolhida (4º passo). Some com a fração do nônio (2º passo) e faça a leitura final.
SENAI–RJ 83
Fundamentos de medição industrial – Paquímetro
Exemplo 1
7”
Medição com leitura final
64
Fig. 34
3”
2º passo → o traço do nônio está em
64
3” 4”
4º passo → fração escolhida
64 64
Multiplicar o número de divisões da escala fixa (3º passo), no caso uma divisão,
pelo numerador da fração escolhida (4º passo) 4/64. A seguir, somar o resultado com
a fração do nônio (2º passo).
4” 3” 7”
5º passo → 1 x + =
64 64 64
Exemplo 2
Fig. 35
84 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Paquímetro
3”
2º passo → (leitura do nônio)
128
3º passo → 2” + 8 divisões
3” 8”
4º passo → fração escolhida
128 128
67”
Leitura final: 2
128
Agora vamos ver alguns procedimentos inversos, nos quais você deve colocar a
medida no paquímetro em polegada fracionária.
Nessa situação, os passos são os seguintes:
1º passo: Verificar se a fração tem denominador 128. Se não tiver, deve-se substituí-la
pela sua equivalente, com denominador 128.
Exemplo:
9”
não tem denominador 128. Então, vamos procurar um equivalente
64
9
multiplicando por 2.
64
9” 18”
→ é uma fração equivalente, com denominador 128.
64 128
SENAI–RJ 85
Fundamentos de medição industrial – Paquímetro
18 8
2 2
resto quociente
Fig. 36
25”
Vamos aplicar os passos em um caso em que o paquímetro abriu na medida .
128
Como a fração já está com denominador 128, vamos direto ao 2º passo: dividir o
numerador por 8.
25 8
1 3
resto quociente
4º passo: Tendo como quociente 3 e resto 1, vemos que o paquímetro deverá indicar
o 3º traço da escala fixa e apresentar o 1º traço do nônio coincidindo com um traço da
escala fixa.
Fig. 37
86 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Paquímetro
Exercícios
Teste sua aprendizagem fazendo os exercícios de leitura a seguir. Leia cada uma das
medidas em polegada milesimal e escreva a medida na linha abaixo de cada desenho.
SENAI–RJ 87
Fundamentos de medição industrial – Paquímetro
Fig. 38
UEF
Consequentemente, chegamos à Resolução =
NDN
Onde:
UEF = unidade da escala fixa
NDN = número de divisões do nônio
Assim,
0,025
R = = 0,001”
25
Leitura
O procedimento para leitura é o mesmo que o para a escala em milímetros.
1º passo: Contar o número de divisões do zero da escala principal ao zero nônio.
2º passo: Multiplicar este número pelo valor de uma divisão da escala principal.
3º passo: Adicionar o valor obtido no 2º passo ao valor lido na escala do nônio.
88 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Paquímetro
Exemplo 1
No exemplo da Figura 39, o paquímetro com escala em polegada está com o traço
zero do nônio coincidindo com um traço da escala principal.
Fig. 39
Leitura:
0,175”mm → Escala principal
+
0,000”mm → Nônio
–––––––––––
0,175”mm → Leitura final
Exemplo 2
Neste exemplo, no paquímetro com escalas em polegada, o traço do zero do nônio
não está coincidindo com o traço da escala principal.
Fig. 40
Leitura:
0,400”mm → Escala principal
+
0,005”mm → Nônio
–––––––––––
0,405”mm → Leitura final
SENAI–RJ 89
Fundamentos de medição industrial – Paquímetro
Leitura = .............................
Leitura = .............................
Leitura = .............................
Leitura = .............................
Assim como no caso da régua graduada, alguns cuidados são necessários à con-
servação do paquímetro. Aliás, isso é válido para qualquer instrumento de trabalho.
90 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Paquímetro
SENAI–RJ 91
Fundamentos de medição industrial – Paquímetro
• Nunca utilizar o paquímetro para outras finalidades, que não as suas próprias, tais
como traçar riscos com as pontas de medição interna.
• Fazer a leitura olhando frontalmente as escalas, podendo ser utilizada para facilitar
a leitura do nônio.
• Manter as faces de medição e da peça sempre limpas.
Fig. 41
Fig. 42
92 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Paquímetro
Incorreto
Incorreto
Incorreto
Correto Correto
Correto
Fig. 43
Incorreto
Incorreto Embora perpendicular,
o apoio é pequeno.
Incorreto Correto
Correto
Correto Sendo possível, deve-se
preferir um apoio maior.
Fig. 44
Fig. 45
SENAI–RJ 93
Fundamentos de medição industrial – Paquímetro
• Evitar o erro de paralaxe ao fazer a leitura. Posicionar sua vista em direção perpen-
dicular à escala principal e ao nônio. A Figura 46 mostra o motivo: posicionando-se
de modo incorreto, o nônio fica, visualmente, em plano mais elevado que o da escala
principal, podendo acarretar erro de leitura.
Fig. 46
Fig. 47
Habilidade do Operador
A falta de prática ou desconhecimento do sistema de medição pode ser uma fonte
importante de erros.
Recomenda-se efetuar práticas de medição utilizando peças precisas, com valores
conhecidos (por exemplo, blocos-padrão, pinos calibrados, anéis-padrão etc.), e
medir repetidas vezes com diversos instrumentos, para adquirir habilidade com os
instrumentos de medição.
94 SENAI–RJ
Micrômetro
(externo e interno)
Nesta unidade
Introdução
Tipos e usos
Sistema métrico
4
Fundamentos de medição industrial – Micrômetro (externo e interno)
Introdução
O micrômetro é um instrumento de medição de comprimentos. Sua precisão é
maior do que a do paquímetro, permitindo medir, por leitura direta, dimensões com
aproximação de 0,01mm ou mesmo de 0,001mm (um mícron). Daí, esse instrumento
ser chamado de “micrômetro”.
Fig. 1
SENAI–RJ 97
Fundamentos de medição industrial – Micrômetro (externo e interno)
Nomenclatura básica do
micrômetro
Vamos conhecer, na Figura 2, as principais partes de um micrômetro.
Fig. 2
Tipos e usos
Para começar a abordar os tipos de micrômetros, é importante saber que eles se
caracterizam pela capacidade e pela aproximação da leitura:
Pela capacidade, os micrômetros podem medir objetos que variam de 0mm a 25mm, de
25mm a 50mm... de 1.975mm a 2.000mm.
Pela aproximação de leitura, podem ser de 0,01mm e 0,001mm ou de 0,001” e
de 0,0001”.
No micrômetro de 0mm a 25mm, quando as faces das pontas estão juntas, a bor-
da do tambor coincide com o traço zero da bainha. A linha longitudinal, gravada na
bainha, coincide com “zero” da escala centesimal do tambor.
98 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Micrômetro (externo e interno)
Fig. 3
Micrômetro externo
Há, para medição externa, micrômetros com leitura digital direta. Seu visor indica
a medida obtida em milímetros e centésimos de milímetros.
Fig. 4
Fig. 5
SENAI–RJ 99
Fundamentos de medição industrial – Micrômetro (externo e interno)
Fig. 6
Micrômetros de profundidade
Há, também, micrômetros com leitura digital e com base e hastes temperadas,
retificadas e lapidadas; trava, catraca e hastes intercambiáveis.
Os micrômetros de profundidade são um tipo de micrômetro externo com uma
cabeça micrométrica acoplada a uma base plana, com superfície de apoio lapidada.
Há basicamente dois tipos: com haste única e com hastes intercambiáveis.
Fig. 7
100 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Micrômetro (externo e interno)
Fig. 8
Fig. 9
SENAI–RJ 101
Fundamentos de medição industrial – Micrômetro (externo e interno)
Fig. 10
Fig. 11
102 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Micrômetro (externo e interno)
Fig. 12
Fig. 13
SENAI–RJ 103
Fundamentos de medição industrial – Micrômetro (externo e interno)
Fig. 14
Fig. 15
Fig. 16
104 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Micrômetro (externo e interno)
Fig. 17
Micrômetro interno
Tipos de micrômetro interno
Para medição de partes internas empregam-se dois tipos de micrômetros:
• Micrômetro interno de três contatos.
• Micrômetro interno de dois contatos (tubular e tipo paquímetro).
Fig. 18
SENAI–RJ 105
Fundamentos de medição industrial – Micrômetro (externo e interno)
Esse micrômetro é apropriado para medir furos roscados, canais e furos sem saída,
pois suas pontas de contato podem ser trocadas de acordo com a peça a ser medida.
Fig. 19
Para obter a resolução nesse tipo de micrômetro, basta dividir o passo do fuso
micrométrico pelo número de divisões do tambor.
Fig. 20
106 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Micrômetro (externo e interno)
Fig. 21
errado
errado
certo certo
Fig. 22
Fig. 23
SENAI–RJ 107
Fundamentos de medição industrial – Micrômetro (externo e interno)
Fig. 24
A leitura com micrômetros internos dos tipos tubular e paquímetro é igual à leitura
efetuada com micrômetro externo.
Resolução/Valor de uma
divisão
O funcionamento de qualquer micrômetro assemelha-se ao sistema parafuso e
porca. Assim, tomando uma porca fixa e um parafuso móvel tem-se que uma volta
completa do parafuso provocará um deslocamento igual ao seu passo, ou seja, a menor
divisão da escala principal.
108 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Micrômetro (externo e interno)
Fig. 25
P
Resolução =
V · N
Onde:
P = passo do parafuso
N = número de divisões do tambor
V = número de divisões do nônio ou vernier
Para ambos os casos, o referencial para fazer a leitura encontra-se na bainha, como
sendo sua própria face lateral.
SENAI–RJ 109
Fundamentos de medição industrial – Micrômetro (externo e interno)
P
Resolução =
V · N
Fig. 26
Assim, temos:
a) Se a rosca micrométrica tem passo de 0,5mm e o tambor 50 divisões, o valor
de uma divisão do tambor do micrômetro será: 0,5 / 50 = 0,01mm.
b) Se for um micrômetro com nônio composto de dez divisões, a resolução desse
micrômetro será: 0,5 / 50 x 10 = 0,001mm.
c) Se a rosca micrométrica tem passo de .025” e o tambor 25 divisões, o valor de
uma divisão do tambor micrométrico será: .025 / 25 = .001”.
d) E, por último, se for um micrômetro com nônio composto de dez divisões, a
resolução deste micrômetro será: .025 / 25 x 10 = .0001”.
Sistema métrico
Como você já viu, o princípio de funcionamento do micrômetro baseia-se no des-
locamento de um parafuso micrométrico dentro de uma porca ajustável.
110 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Micrômetro (externo e interno)
Fig. 27
SENAI–RJ 111
Fundamentos de medição industrial – Micrômetro (externo e interno)
Graduado em centésimo de
milímetros (0,01mm)
Vejamos um exemplo na Figura 28.
Leitura: 5,78mm
Fig. 28
112 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Micrômetro (externo e interno)
Você observou que o traço do tambor coincidiu com o traço da linha de referência
da bainha? Assim é fácil. Mas, e quando isso não acontecer, isto é, caso o traço do
tambor não coincida com o traço da linha da referência da bainha?
Quando isso ocorrer, temos duas opções:
1. Estimar o valor milesimal, nos casos de micrômetros sem nônio; ou
2. Efetuar a leitura no nônio, acrescentando o valor lido à leitura do tambor.
Graduado em milésimo de
milímetros (0,001mm)
O micrômetro com nônio permite resolução de 1/1.000 de milímetros (0,001mm).
Fig. 29
SENAI–RJ 113
Fundamentos de medição industrial – Micrômetro (externo e interno)
Primeiro exemplo:
Fig. 30
Fig. 31
114 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Micrômetro (externo e interno)
Graduado em milésimo de
polegadas (0,001”)
Fig. 32
SENAI–RJ 115
Fundamentos de medição industrial – Micrômetro (externo e interno)
Fig. 33
116 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Micrômetro (externo e interno)
Fig. 34
A única diferença é que neste tipo de micrômetro há, no nônio, dez divisões gra-
vadas no cilindro ocupando o mesmo espaço de nove divisões da face chanfrada do
tambor. Dessa forma, a diferença entre a largura de um dos dez espaços do cilindro e
um dos nove espaços do tambor é um décimo de uma divisão do tambor.
Considerando que o tambor é graduado para leituras em milésimos, um décimo de
uma divisão será fatalmente um décimo de milésimo. Para fazer a leitura:
1. Leia os milésimos como num micrômetro normal.
2. Veja qual das linhas horizontais do cilindro coincide com uma linha do tambor.
3. Adicione à leitura anterior o número de décimos de milésimos indicado pela linha
do cilindro que coincide exatamente com a linha do tambor.
Na Figura 34, vemos em “A” e “B” que o zero do tambor coincide exatamente
com a linha axial do cilindro e que o zero do nônio do cilindro coincide com a linha
do tambor. A leitura é, portanto, igual a 0,2500”. Em “C”, a linha do zero do tambor
está abaixo da linha axial do cilindro, indicando uma leitura maior do que 0,2500”.
SENAI–RJ 117
Fundamentos de medição industrial – Micrômetro (externo e interno)
Conferindo, o nônio mostra que sua sétima linha é a que coincide exatamente com a
linha do tambor. Portanto, a leitura é 0,2507.
Vejamos mais um exemplo, na Figura 35.
Fig. 35
Recomendações e cuidados
com o micrômetro
Para que as medições realizadas, utilizando o micrômetro, apresentem resultados
confiáveis, é necessário que você tome alguns cuidados:
• Selecione o micrômetro mais adequado para atender plenamente à necessidade
de medição (tipo e exatidão).
Fig. 36
118 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Micrômetro (externo e interno)
• Não retire o micrômetro com a trava acionada; a leitura deve ser efetuada com o
micrômetro sobre a peça.
• Ao guardar o micrômetro, no respectivo estojo, deve-se manter as faces de medição
ligeiramente afastadas e a trava livre.
• Mantenha as faces de medição rigorosamente limpas.
• Deve-se fazer a leitura em posição tal que evite erros de paralaxe.
• Para capacidades que excedam 300mm, ajuste o zero do micrômetro na mesma
posição em que será usado para efetuar as medições. Este procedimento evitará
erros de deflexão do arco (o arco pode deformar) e erro de paralaxe.
• Quando utilizar um suporte para fixar o micrômetro, assegure-se de prendê-lo
completamente na parte central do arco.
• Ao se efetuar uma medição, é recomendável que as temperaturas da peça e do
micrômetro estejam o mais próximo possível da temperatura de referência, ou seja,
20°C.
• Evite impulsos antes de encostar as faces de medição na peça, pois uma rotação
veloz pode provocar um erro superior a 10mm, principalmente em peças de baixa
dureza.
• Proteja o micrômetro ao guardá-lo por longos períodos. Aplique suavemente em
todas as faces do instrumento uma camada bem fina de óleo.
• Nunca deixe o micrômetro diretamente no chão; guarde-o sempre em seu estojo.
Fig. 37
SENAI–RJ 119
Fundamentos de medição industrial – Micrômetro (externo e interno)
Fig. 38
120 SENAI–RJ
Medição angular
(transferidor e goniômetro)
Nesta unidade
Introdução
Transferidor simples
5
Fundamentos de medição industrial – Medição angular (transferidor e goniômetro)
Introdução
Para medir ou verificar ângulos em peças, é utilizado um instrumento conhecido
como transferidor. Há dois tipos: o transferidor simples e o transferidor universal
(goniômetro). Ambos utilizam o sistema sexagesimal, que divide o círculo em 360
graus. O transferidor se divide em 60 minutos e cada minuto, por sua vez, divide-se
em 60 segundos.
Transferidor simples
Também conhecido como goniômetro simples, é utilizado para medidas angulares
que não necessitam de extremo rigor.
Sua menor divisão é, geralmente, 1° (um grau), e possui formato retangular ou de
um semicírculo (180°) graduado (Figura 1), permitindo medições rápidas. O formato
retangular tem a vantagem de possibilitar que todas as quatro bordas possam ser usadas
como referência horizontal e vertical.
SENAI–RJ 123
Fundamentos de medição industrial – Medição angular (transferidor e goniômetro)
Fig. 1
Fig. 2
Transferidor universal
(goniômetro)
O transferidor universal, ou goniôme-
tro, possui nônio, o que permite fazer uma
medição de até 5’ (cinco minutos). Além
disso, ele possui outros recursos como, por
exemplo, régua e esquadro.
Fig. 3
124 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Medição angular (transferidor e goniômetro)
Fig. 4 Fig. 5
Fig. 6
SENAI–RJ 125
Fundamentos de medição industrial – Medição angular (transferidor e goniômetro)
Fig. 7
Para cálculo da resolução, a medida total do nônio de cada lado do zero é igual
à medida total de 23 graus do disco graduado, dividido em 12 partes iguais. Isso faz
com que cada divisão do nônio tenha 115’ (5’ menos que 2°).
A partir dos traços em coincidência, a primeira divisão do nônio dá a diferença
de 5 minutos; a segunda, 10 minutos; a terceira, 15 minutos, e assim sucessivamente
(Figura 8).
Fig. 8
126 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Medição angular (transferidor e goniômetro)
A soma dos graus obtidos na leitura do disco graduado mais os minutos obtidos
na leitura do nônio será a medida total (Figura 9).
Leitura: Leitura:
51º → Disco graduado 4º → Disco graduado
+ +
15’ → Nônio 40’ → Nônio
–––––––– –––––––
51º 15’ → Leitura total 4º 40’ → Leitura total
Fig. 9
Conservação
Devemos conservar os goniômetros sempre em bom estado. Por isso recomendamos:
• Evitar quedas e contato com ferramentas de oficina.
• Guardar o aparelho em local apropriado, sem expô-lo ao pó ou à umidade.
SENAI–RJ 127
Fundamentos de medição industrial – Medição angular (transferidor e goniômetro)
Vamos praticar?
Leia e escreva sua leitura nas linhas:
Leitura = .............................
Leitura = .............................
Leitura = .............................
Leitura = .............................
128 SENAI–RJ
Instrumentos auxiliares
de controle dimensional
Nesta unidade
Relógio comparador
6
Fundamentos de medição industrial – Instrumentos auxiliares de controle dimensional
Relógio comparador
O relógio comparador é um instrumento de medição por comparação dotado de
uma escala e um ponteiro, ligados por mecanismos diversos a uma ponta de contato,
que toca o objeto a ser medido ou referenciado.
O comparador centesimal é um instrumento comum de medição por comparação.
As diferenças percebidas nele, pela ponta de contato, são amplificadas mecanicamente
e irão movimentar o ponteiro do relógio.
Quando a ponta de contato sofre uma pressão e o ponteiro gira em sentido horá-
rio, a diferença é positiva. Isso significa que a peça apresenta maior dimensão que a
estabelecida. Se o ponteiro girar em sentido anti-horário, a diferença será negativa, ou
seja, a peça apresenta menor dimensão que a estabelecida.
Há vários modelos de relógios comparadores. Os mais utilizados possuem reso-
lução de 0,01mm. O curso do relógio também varia de acordo com o modelo, porém
os mais comuns são de 1mm, 10mm, 250” ou 1”.
Fig. 1
SENAI–RJ 131
Fundamentos de medição industrial – Instrumentos auxiliares de controle dimensional
Fig. 2
Fig. 3 Fig. 4
132 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Instrumentos auxiliares de controle dimensional
Fig. 5
Fig. 6
SENAI–RJ 133
Fundamentos de medição industrial – Instrumentos auxiliares de controle dimensional
Mecanismos de amplificação
Os sistemas usados nos mecanismos de amplificação são por engrenagem, por
alavanca e mista. Abordaremos o mais usual de todos: o por engrenagem.
Fig. 7
Fig. 8
134 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Instrumentos auxiliares de controle dimensional
Condições de uso
Alguns cuidados são necessários quando formos utilizar o relógio comparador.
Antes de medir uma peça, devemos nos certificar de que o relógio se encontra em
boas condições de uso.
Além disso, devemos verificar possíveis erros. Isso é feito da seguinte maneira:
com o auxílio de um suporte de relógio, tomam-se as diversas medidas nos blocos-
-padrão. Em seguida, deve-se observar se as medidas obtidas no relógio correspondem
às dos blocos. Também podem ser utilizados calibradores específicos para relógios
comparadores.
Fig. 9
SENAI–RJ 135
Fundamentos de medição industrial – Instrumentos auxiliares de controle dimensional
Fig. 10
Na Figura 11, o relógio está sendo usado para verificar a excentricidade de uma
peça montada na placa do torno.
Fig. 11
136 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Instrumentos auxiliares de controle dimensional
Fig. 12
Fig. 13
Fig. 14
SENAI–RJ 137
Fundamentos de medição industrial – Instrumentos auxiliares de controle dimensional
Fig. 15
Fig. 16
138 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Instrumentos auxiliares de controle dimensional
Exemplos:
• Excentricidade de peças.
• Alinhamento e centragem de peças nas máquinas.
• Paralelismo entre as faces.
• Medições internas.
• Medições de detalhes de difícil acesso.
Fig. 17
Fig. 18
SENAI–RJ 139
Fundamentos de medição industrial – Instrumentos auxiliares de controle dimensional
Fig. 19 Fig. 20
Conservação do instrumento
• Evitar choques, arranhões e sujeira.
• Guardá-lo em estojo apropriado.
• Montá-lo rigidamente em seu suporte.
• Descer suavemente a ponta de contato sobre a peça.
• Verificar se o relógio é antimagnético, antes de colocá-lo em
contato com a mesa magnética.
• Levantar um pouco a ponta de contato ao retirar a peça.
• Os relógios devem ser lubrificados internamente nos mancais
de engrenagens.
140 SENAI–RJ
Noções de tolerância
dimensional
Nesta unidade
Introdução
Tolerância
Noções de ajuste
7
Fundamentos de medição industrial – Noções de tolarância dimensional
Introdução
Chegamos à última parte do nosso material Fundamentos de Medição Industrial,
em que conhecemos as unidades dimensionais e os principais instrumentos de medidas
utilizados na mecânica. Após termos passado por vários tipos de leituras e medições,
com diversos instrumentos, cabe uma pergunta: como saber se o que foi medido está
de acordo com o solicitado?
A resposta a esta pergunta resume-se a uma palavra: tolerância. A tolerância foi
estabelecida como critério de avaliação das peças. Isso porque é impossível obter, du-
rante a fabricação, peças com dimensões exatas, isto é, sem nenhuma diferença entre
a dimensão prevista e a conseguida no processo de usinagem. Assim, foi necessário
fixar limites máximo e mínimo entre os quais deve estar compreendida a dimensão real.
SENAI–RJ 143
Fundamentos de medição industrial – Noções de tolarância dimensional
Tolerância
Podemos simplificar a ideia de tolerância como sendo a diferença entre as duas
dimensões-limite.
Para facilitar a fabricação na mecânica, ou em qualquer outro ramo da indústria,
adotou-se um sistema de tolerâncias, padronizado pelas normas ISO (Internacional
Standard Organization) e utilizado por todos os países que têm como unidade de
comprimento o metro.
Esse sistema de tolerâncias proporciona maior facilidade em projetos, pois permite
a fabricação de peças em série, e por diferentes fábricas, estabelecendo um campo de
variação das dimensões para que não haja problema na montagem ou substituição das
peças (intercambialidade).
Denominações
A seguir, apresentamos as denominações das dimensões e suas definições.
Denominação Definição
D nominal NDN = Dimensão É a medida ou cota que vem marcada na Figura 1. É
nominal apenas uma dimensão-base, pois a medida efetiva da
peça depende da tolerância.
D máx = Dimensão máxima É o valor máximo permitido na dimensão da tolerância.
Ela fixa o limite superior de tolerância.
D mín = Dimensão mínima É o valor mínimo permitido na dimensão da tolerância.
Ela fixa o limite inferior de tolerância.
144 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Noções de tolarância dimensional
Denominação Definição
Def = Dimensão efetiva É o valor real que se obtém medindo a peça. Sempre
(ou real) deve estar entre a D máx e a D mín.
É a variação permitida na dimensão da peça, dada pela
T = Tolerância
diferença entre as dimensões máxima e mínima (Fig. 1).
Quadro 1 – Denominações
T = D máx – D mín
Fig. 1
Fig. 2
Denominação Definição
As = Afastamento superior É a diferença entre D máx e D nominal.
Ai = Afastamento inferior É a diferença entre D mín e D nominal.
Quadro 2 – Denominações de afastamento
SENAI–RJ 145
Fundamentos de medição industrial – Noções de tolarância dimensional
Fig. 3
T = As + Ai (+).
D nominal = 20mm
As = + 0,2mm
Ai = - 0,1mm
146 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Noções de tolarância dimensional
D máx = D nominal + As
D máx = 20mm + 0,2mm
D máx = 20,2mm
D mín = D nominal – Ai
D mín = 20mm – 0,1mm
D mín = 19,9mm
T = 0,3mm
Você pode observar que para furos, usam-se letras maiúsculas, que são colocadas
à direita e um pouco acima da dimensão nominal. Já para eixos, usam-se letras mi-
núsculas, que são colocadas à direita e um pouco abaixo da dimensão nominal. Veja
a Figura 4. Mais adiante, no item Grandeza do campo de tolerância, vamos retomar
esta representação e explicá-la melhor, à luz do sistema ISO.
SENAI–RJ 147
Fundamentos de medição industrial – Noções de tolarância dimensional
Furo e eixo
Fig. 4
As tolerâncias, por meio de símbolos, da norma ISO não devem ser aplicadas nos
casos apresentados na Figura 5.
Afastamentos
Fig. 5
Montagem
Fig. 6
Vamos, a seguir, ver um pouco do sistema de tolerância ISO, que é o padrão adotado.
148 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Noções de tolarância dimensional
Fig. 7
SENAI–RJ 149
Fundamentos de medição industrial – Noções de tolarância dimensional
Fig. 8
150 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Noções de tolarância dimensional
Grandeza do campo de
tolerância (IT)
A grandeza da tolerância deve ser correspondente à qualidade do processo de
fabricação.
A tolerância das peças varia de acordo com a sua função nos conjuntos ou máqui-
nas em que estão montadas, e, também, com o tipo de trabalho que a máquina realiza.
O sistema ISO estabelece 20 qualidades de tolerância capazes de serem adaptadas
a quaisquer tipos de produção mecânica.
Essas qualidades (graus de tolerâncias) são designadas por IT (I de ISO e T de
tolerância) e números.
IT 01 IT 0 IT 1 IT 2 ... IT 18
Quanto menor for o número (Ex.: IT.01), melhor é a qualidade, isto é, menor é
a grandeza do campo de tolerância (Tabela 1).
Tabela 1 – Parcial
Dimensão nominal
Qualidade ISO IT Acima 10mm Acima 18mm
até 18mm até 30mm
01 IT 01 0,5 0,6
0 IT 0 0,8 1
1 IT 1 1,2 1,5
2 IT 2 2 2,5
3 IT 3 3 4
4 IT 4 5 6
5 IT 5 8 9
6 IT 6 11 13
SENAI–RJ 151
Fundamentos de medição industrial – Noções de tolarância dimensional
30H7 qualidade
posição do campo
medida nominal
Fig. 9
Duas peças podem ter a mesma qualidade de trabalho, mas diferentes amplitudes
de tolerâncias em função da dimensão nominal.
Grupos de dimensões
As normas ISO distinguem dois campos de dimensões:
• Dimensões até 500mm (Tabela 2).
152 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Noções de tolarância dimensional
Para dimensões até 500mm, são previstas 20 qualidades de tolerância (IT 01, IT 0,
IT 1 … IT 18).
Para dimensões acima de 500mm até 3.150mm são previstas 11 qualidades de
tolerância (IT 6, IT 7 … IT16).
Grupos de IT – Qualidade
dimensões
em mm 01 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
1 ... 3 0,3 0,5 0,8 1,2 2 3 4 6 10 14 25 40 60 100 140 250 400 600 — —
3 ... 6 0,4 0,6 1 1,5 2,5 4 5 8 12 18 30 48 75 120 180 300 480 750 — —
6 ... 10 0,4 0,6 1 1,5 2,5 4 6 9 15 22 36 58 90 150 220 360 580 900 1.500 —
10 ... 18 0,5 0,8 1,2 2 3 5 8 11 18 27 43 70 110 180 270 430 700 1.100 1.800 2.700
18 ... 30 0,6 1 1,5 2,5 4 6 9 13 21 33 52 84 130 210 330 520 840 1.300 2.100 3.300
30 ... 50 0,6 1 1,5 2,5 4 7 11 16 25 39 62 100 160 250 390 620 1.000 1.600 2.500 3.900
50 ... 80 0,8 1,2 2 3 5 8 13 19 30 46 74 120 190 300 460 740 1.200 1.900 3.000 4.600
80 ... 120 1 1,5 2,5 4 6 10 15 22 35 54 87 140 220 350 540 870 1.400 2.200 3.500 5.400
120 ... 180 1,2 2 3,5 5 8 12 18 25 40 63 100 160 250 400 630 1.000 1.600 2.500 4.000 6.300
180 ... 250 2 3 4,5 7 10 14 20 29 46 72 115 185 290 460 720 1.150 1.850 2.900 4.600 7.200
250 ... 315 2.5 4 6 8 12 16 23 32 52 81 130 210 320 520 810 1.300 2.100 3.200 5.200 8.100
315 ... 400 3 5 7 9 13 18 25 36 57 89 140 230 360 570 890 1.400 2.300 3.600 5.700 8.900
400 ... 500 4 6 8 10 15 20 27 40 63 97 155 250 400 630 970 1.550 2.500 4.000 6.300 9.700
500 ... 630 44 70 110 175 280 440 0,7 1,1 1,75 2,8 4,4
630 ... 800 50 80 125 200 320 500 0,8 1,25 2,0 3,2 5,0
800 ... 1.000 56 90 140 230 360 560 0,9 1,4 2,3 3,6 5,6
1.000 ... 1.250 66 105 165 260 420 660 1,05 1,65 2,6 4,2 6,6
1.250 ... 1.600 78 125 195 310 500 780 1,25 1,95 3,1 5,0 7,8
1.600 ... 2.000 92 150 230 370 600 920 1,5 2,30 3,7 6,0 9,2
2.000 ... 2.500 110 175 280 440 700 1.100 1,75 2,8 4,4 7,0 11,0
2.500 ... 3.150 135 210 330 540 860 1.350 2,1 3,3 5,4 8,6 13,5
SENAI–RJ 153
Fundamentos de medição industrial – Noções de tolarância dimensional
Noções de ajuste
Agora que você já conheceu o que é a tolerância e a sua importância, podemos
trabalhá-la de modo a compor os diversos ajustes que a produção mecânica precisa.
Tipos de ajuste
Ajuste com folga
É aquele em que a dimensão máxima do eixo é menor que a dimensão mínima do
furo (Figura 10).
Fig. 10
Ajuste incerto
É aquele em que os campos de tolerância (tato do furo como do eixo) se sobre-
põem. O ajuste tanto pode ter folga (D máx do furo como D mín do eixo) como pode
ter também interferência (D mín do furo como D máx do eixo).
Fig. 11
154 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Noções de tolarância dimensional
Fig. 12
Sistemas de ajuste
Sistema furo-base (DIN 7154)
Também conhecido como furo-padrão, é aquele em que o afastamento inferior do
furo é nulo, isto é, a dimensão mínima do furo é igual à dimensão nominal. O campo
é representado pela letra H (Figura 13).
Sistema furo-base
Fig. 13
Se, na execução de uma máquina, houver vários furos, nos quais os eixos devem,
alguns girar, outros deslizar e outros ficar fixos, todos os furos podem ser feitos com
SENAI–RJ 155
Fundamentos de medição industrial – Noções de tolarância dimensional
a mesma tolerância, mas os eixos devem ter tolerâncias diferentes, de acordo com a
função de cada um.
É o sistema mais empregado na mecânica geral (Figura 14).
Fig. 14
Sistema eixo-base
Fig. 15
156 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Noções de tolarância dimensional
Fig. 16
SENAI–RJ 157
Fundamentos de medição industrial – Noções de tolarância dimensional
158 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Referências
Referências
MITUTOYO. Instrumentos para metrologia dimensional. Edição eletrônica, 2003.
SENAI-RS. Informações técnicas: mecânica. Porto Alegre: CFP SENAI Artes Gráficas,
1996. 10ª edição revista e ampliada.
SENAI–RJ 159