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FUNDAMENTOS DE

MEDIÇÃO INDUSTRIAL

SENAI–RJ • Mecânica
Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro – FIRJAN
Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira
Presidente

Diretoria-Geral do Sistema FIRJAN


Augusto Cesar Franco de Alencar
Diretor-Geral

Diretoria Regional do SENAI-RJ


Maria Lúcia Telles
Diretora

Diretoria de Educação
Andréa Marinho de Souza Franco
Diretora
FUNDAMENTOS DE
MEDIÇÃO INDUSTRIAL

SENAI–RJ
Rio de Janeiro
2010
Fundamentos de Medição Industrial
2010 – 2ª edição revista
SENAI-Rio de Janeiro
Diretoria de Educação

Gerência da Educação Profissional Regina Helena Malta do Nascimento

Gerência de Produto Luiz Eduardo Campino Rodrigues

EQUIPE TÉCNICA

Coordenação Angela Elizabeth Denecke


Vera Regina Costa Abreu
Seleção de conteúdo Edson de Melo
Revisão pedagógica Carmem Irene C. de Oliveira
Projeto gráfico Artae Design & Criação
Editoração eletrônica gcCV
Tratamento de imagens Alexandre Tavares Alves dos Santos (estagiário)

Material para fins didáticos


Propriedade do SENAI-RJ.
Reprodução total ou parcial sob expressa autorização.

Esta apostila foi construída mediante a compilação e adaptação de materiais


publicados pelo SENAI e que estão listados nas referências. Ele foi produzido
em consonância com o novo Acordo Ortográfico.

SENAI-RJ
GEP – Gerência de Educação Profissional
Rua Mariz e Barros, 678 – Tijuca
20270-903 – Rio de Janeiro – RJ
Tel.: (21) 2587-1323
Fax: (21) 2254-2884
mdigep@firjan.org.br
http://www.firjan.org.br
Prezado aluno,

Quando você resolveu fazer um curso em nossa instituição, talvez não soubesse
que, desse momento em diante, estaria fazendo parte do maior sistema de educação
profissional do país: o SENAI. Há mais de 65 anos, estamos construindo uma história
de educação voltada para o desenvolvimento tecnológico da indústria brasileira e da
formação profissional de jovens e adultos.
Devido às mudanças ocorridas no modelo produtivo, o trabalhador não pode
continuar com uma visão restrita dos postos de trabalho. Hoje, o mercado exigirá de
você, além do domínio do conteúdo técnico de sua profissão, competências que lhe
permitam decidir com autonomia, proatividade, capacidade de análise, solucionando
problemas, avaliando resultados e propostas de mudanças no processo do trabalho.
Você deverá estar preparado para o exercício de papéis flexíveis e polivalentes, assim
como para a cooperação e a interação, o trabalho em equipe e o comprometimento
com os resultados.
Soma-se, ainda, que a produção constante de novos conhecimentos e tecnologias
exigirá de você a atualização contínua de seus conhecimentos profissionais, eviden-
ciando a necessidade de uma formação consistente que lhe proporcione maior adap-
tabilidade e instrumentos essenciais à autoaprendizagem.
Essa nova dinâmica do mercado de trabalho vem requerendo que os sistemas de
educação se organizem de forma flexível e ágil, motivos esses que levaram o SENAI
a criar uma estrutura educacional, com o propósito de atender às novas necessidades
da indústria, estabelecendo uma formação flexível e modularizada.
Essa formação tornará possível a você, aluno do sistema, voltar e dar continuidade
à sua educação, criando seu próprio percurso. Além de toda a infraestrutura necessária
ao seu desenvolvimento, você poderá contar com o apoio técnico-pedagógico da equipe
de educação dessa escola do SENAI para orientá-lo em seu trajeto.
Mais do que formar um profissional, estamos buscando formar cidadãos.
Seja bem-vindo!

Andréa Marinho de Souza Franco


Diretora de Educação
Sumário
Apresentação ................................................................ 11

Uma palavra inicial ........................................................ 13

1 Conceito de metrologia ................................................. 17


Unidades dimensionais ....................................................19
Primitivos instrumentos de medição................................................ 19
Medidas inglesas .......................................................................... 22
Sistema métrico universal: o metro ................................................ 25
As unidades do Sistema Internacional de Unidades (SI) .................... 29
Unidades fora do Sistema Internacional de Unidades......................... 34
Algarismos significativos ............................................................... 36
Conversões de medidas ................................................................ 42

2 Régua graduada ............................................................ 49


Introdução.....................................................................51
Resolução/Valor de uma divisão........................................52
Tipos e usos ..................................................................53
Leitura no sistema métrico ...............................................55
Leitura no sistema inglês ordinário ....................................56
Normas gerais de medição ...............................................57
Recomendações e cuidados com a régua ...........................58
3 Paquímetro ................................................................... 61
Introdução.....................................................................63
Tipos e usos ..................................................................64
Leitura com paquímetro...................................................72
Sistema métrico........................................................................... 73
Sistema inglês ordinário ................................................................ 79
Sistema inglês decimal ................................................................. 88
Recomendações e cuidados com o paquímetro ................................. 91

4 Micrômetro (externo e interno) ..................................... 95


Introdução.....................................................................97
Nomenclatura básica do micrômetro .................................98
Tipos e usos ..................................................................98
Micrômetro externo ...................................................................... 99
Micrômetro interno ..................................................................... 105
Resolução/Valor de uma divisão...................................... 108
Sistema métrico ........................................................... 110
Graduado em centésimo de milímetros (0,01mm) .......................... 112
Graduado em milésimo de milímetros (0,001mm) .......................... 113
Sistema inglês decimal .................................................. 115
Graduado em milésimo de polegadas (0,001”) ............................... 115
Graduado em décimo de milésimo de polegadas (0,0001”) .............. 116
Recomendações e cuidados com o micrômetro ................. 118

5 Medição angular (transferidor e goniômetro).............. 121


Introdução................................................................... 123
Transferidor simples ...................................................... 123
Transferidor universal (goniômetro) ................................ 124
Leitura utilizando o goniômetro .................................................... 126
6 Instrumentos auxiliares de controle dimensional ........ 129
Relógio comparador ...................................................... 131
Mecanismos de amplificação ........................................................ 134
Condições de uso ....................................................................... 135
Aplicações dos relógios comparadores ........................................... 136
Relógio com ponta de contato de alavanca (apalpador) ...... 138
Alguns exemplos de aplicação ...................................................... 139

7 Noções de tolerância dimensional ............................... 141


Introdução................................................................... 143
Tolerância .................................................................... 144
Denominações ........................................................................... 144
Representação das tolerâncias usando símbolos da norma ISO ......... 147
Sistema de tolerância ISO ........................................................... 149
Grandeza do campo de tolerância (IT) .......................................... 151
Grupos de dimensões ................................................................. 152
Noções de ajuste .......................................................... 154
Tipos de ajuste .......................................................................... 154
Sistemas de ajuste ..................................................................... 155

Referências ................................................................. 159


Fundamentos de medição industrial – Apresentação

Apresentação
A dinâmica social dos tempos de globalização exige atualização constante dos
profissionais. Mesmo as áreas tecnológicas de ponta ficam obsoletas em ciclos cada
vez mais curtos, trazendo desafios renovados a cada dia e tendo como consequência
para a educação a necessidade de encontrar novas e rápidas respostas.
Nesse cenário, impõe-se a educação continuada, exigindo que os profissionais
busquem atualização constante durante toda a sua vida – e os docentes e alunos do
SENAI/RJ incluem-se nessas novas demandas sociais.
É preciso, pois, promover, tanto para os docentes como para os alunos da edu-
cação profissional, as condições que propiciem o desenvolvimento de novas formas
de ensinar e aprender, favorecendo o trabalho de equipe, a pesquisa, a iniciativa e a
criatividade, entre outros aspectos, ampliando suas possibilidades de atuar com auto-
nomia, de forma competente.
A proposta desta unidade curricular é, portanto, a de lhe propiciar oportunidade
de aquisição de conhecimentos para o seu desenvolvimento profissional, envolvendo
técnicas de utilização dos principais instrumentos de medição industrial.
A concretização da importância dessa temática é percebida quando alguém vai a
uma loja de autopeças para comprar alguma peça de reposição. Tudo o que a pessoa
precisa é dizer o nome da peça, a marca do carro, o modelo e o ano de fabricação.
Com essas informações, o vendedor é capaz de fornecer exatamente o que a pessoa
deseja em poucos minutos.
Isso acontece devido à normalização, isto é, por causa de um conjunto de nor-
mas estabelecidas de comum acordo entre fabricantes e consumidores. Essas normas
simplificam o processo de produção e garantem um produto confiável, que atenda às
necessidades do consumidor.
Um dos itens mais importantes para a normalização é exatamente a unidade de
medida. Graças a ela, você tem certeza de que o parafuso quebrado que prendia a roda
de seu carro poderá ser facilmente substituído, uma vez que é fabricado com unidades
de medida também padronizadas.

SENAI–RJ 11
Fundamentos de medição industrial – Apresentação

Na Mecânica, o conhecimento das unidades de medida é fundamental para a rea-


lização de qualquer tarefa específica.
No entanto, não basta saber e conhecer as unidades de medidas, bem como as
suas conversões. É preciso, também, conhecer os tipos de instrumentos de medição, a
forma correta de utilização e seleção do instrumento e, mais ainda, saber os processos
de leitura de medidas de cada instrumento.
Neste curso, estaremos tratando destes assuntos: numa abordagem simples e di-
nâmica, propiciando um aprendizado consistente e dinâmico, baseado em atividades
rotineiras dos meios de produção na área do metal-mecânica.
Você encontrará neste material a definição dos principais termos utilizados, toman-
do como referência o Vocabulário Internacional de Termos Fundamentais e Gerais de
Metrologia, editado pelo INMETRO de acordo com a Portaria nº 29, de 10 de março
de 1995, de forma a facilitar o entendimento de conceitos fundamentais.
Será feita uma análise dos principais tipos de instrumentos, como réguas, paquí-
metros, micrômetros, relógios comparadores, relógios apalpadores e goniômetro.
Para cada instrumento de medição, a abordagem contemplará características,
nomenclatura, resolução/valor de uma divisão, princípio de funcionamento, leitura,
medição, recomendações e cuidados, e os principais tipos e uso apropriado.

12 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Uma palavra inicial

Uma palavra inicial


Meio ambiente...
Saúde e segurança no trabalho...
O que é que nós temos a ver com isso?

Antes de iniciarmos o estudo deste material, há dois pontos que merecem desta-
que: a relação entre o processo produtivo e o meio ambiente; e a questão da saúde e
segurança no trabalho.
As indústrias e os negócios são a base da economia moderna. Produzem os bens
e serviços necessários e dão acesso a emprego e renda; mas, para atender a essas ne-
cessidades, precisam usar recursos e matérias-primas. Os impactos no meio ambiente
muito frequentemente decorrem do tipo de indústria existente no local, do que ela
produz e, principalmente, de como produz.
É preciso entender que todas as atividades humanas transformam o ambiente.
Estamos sempre retirando materiais da natureza, transformando-os e depois jogando
o que “sobra” de volta ao ambiente natural. Ao retirar do meio ambiente os materiais
necessários para produzir bens, altera-se o equilíbrio dos ecossistemas e arrisca-se ao
esgotamento de diversos recursos naturais que não são renováveis ou, quando o são,
têm sua renovação prejudicada pela velocidade da extração, superior à capacidade
da natureza para se recompor. É necessário fazer planos de curto e longo prazo, para
diminuir os impactos que o processo produtivo causa na natureza. Além disso, as
indústrias precisam se preocupar com a recomposição da paisagem e ter em mente a
saúde dos seus trabalhadores e da população que vive ao redor delas.
Com o crescimento da industrialização e a sua concentração em determinadas
áreas, o problema da poluição aumentou e se intensificou. A questão da poluição do ar
e da água é bastante complexa, pois as emissões poluentes se espalham de um ponto
fixo para uma grande região, dependendo dos ventos, do curso da água e das demais
condições ambientais, tornando difícil localizar, com precisão, a origem do problema.

SENAI–RJ 13
Fundamentos de medição industrial – Uma palavra inicial

No entanto, é importante repetir que, quando as indústrias depositam no solo os resídu-


os, quando lançam efluentes sem tratamento em rios, lagoas e demais corpos hídricos,
causam danos ao meio ambiente.
O uso indiscriminado dos recursos naturais e a contínua acumulação de lixo mos-
tram a falha básica de nosso sistema produtivo: ele opera em linha reta. Extraem-se as
matérias-primas por meio de processos de produção desperdiçadores e que produzem
subprodutos tóxicos. Fabricam-se produtos de utilidade limitada que, finalmente, viram
lixo, o qual se acumula nos aterros. Produzir, consumir e dispensar bens desta forma,
obviamente, não é sustentável.
Enquanto os resíduos naturais (que não podem, propriamente, ser chamados de
“lixo”) são absorvidos e reaproveitados pela natureza, a maioria dos resíduos deixados
pelas indústrias não tem aproveitamento para qualquer espécie de organismo vivo e,
para alguns, pode até ser fatal. O meio ambiente pode absorver resíduos, redistribuí-los
e transformá-los. Mas, da mesma forma que a Terra possui uma capacidade limitada
de produzir recursos renováveis, sua capacidade de receber resíduos também é restrita,
e a de receber resíduos tóxicos praticamente não existe.
Ganha força, atualmente, a ideia de que as empresas devem ter procedimentos
éticos que considerem a preservação do ambiente como uma parte de sua missão. Isto
quer dizer que se devem adotar práticas que incluam tal preocupação, introduzindo
processos que reduzam o uso de matérias-primas e energia, diminuam os resíduos e
impeçam a poluição.
Cada indústria tem suas próprias características. Mas já sabemos que a conser-
vação de recursos é importante. Deve haver crescente preocupação com a qualidade,
durabilidade, possibilidade de conserto e vida útil dos produtos.
As empresas precisam não só continuar reduzindo a poluição como também bus-
car novas formas de economizar energia, melhorar os efluentes, reduzir a poluição,
o lixo, o uso de matérias-primas. Reciclar e conservar energia são atitudes essenciais
no mundo contemporâneo.
É difícil ter uma visão única que seja útil para todas as empresas. Cada uma enfrenta
desafios diferentes e pode se beneficiar de sua própria visão de futuro. Ao olhar para
o futuro, nós (o público, as empresas, as cidades e as nações) podemos decidir quais
alternativas são mais desejáveis e trabalhar com elas.
Infelizmente, tanto os indivíduos quanto as instituições só mudarão as suas práticas
quando acreditarem que seu novo comportamento lhes trará benefícios – sejam estes
financeiros, para sua reputação ou para sua segurança.
A mudança nos hábitos não é uma coisa que possa ser imposta. Deve ser uma
escolha de pessoas bem-informadas a favor de bens e serviços sustentáveis. A tarefa

14 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Uma palavra inicial

é criar condições que melhorem a capacidade de as pessoas escolherem, usarem e


disporem de bens e serviços de forma sustentável.
Além dos impactos causados na natureza, diversos são os malefícios à saúde hu-
mana provocados pela poluição do ar, dos rios e mares, assim como são inerentes aos
processos produtivos alguns riscos à saúde e segurança do trabalhador. Atualmente,
acidente do trabalho é uma questão que preocupa os empregadores, empregados e
governantes, e as consequências acabam afetando a todos.
De um lado, é necessário que os trabalhadores adotem um comportamento seguro
no trabalho, usando os equipamentos de proteção individual e coletiva; de outro, cabe
aos empregadores prover a empresa com esses equipamentos, orientar quanto ao seu
uso, fiscalizar as condições da cadeia produtiva e a adequação dos equipamentos de
proteção.
A redução do número de acidentes só será possível na medida em que cada um –
trabalhador, patrão e governo – assuma, em todas as situações, atitudes preventivas,
capazes de resguardar a segurança de todos.
Deve-se considerar, também, que cada indústria possui um sistema produtivo
próprio, e, portanto, é necessário analisá-lo em sua especificidade, para determinar
seu impacto sobre o meio ambiente, sobre a saúde e os riscos que o sistema oferece à
segurança dos trabalhadores, propondo alternativas que possam levar à melhoria de
condições de vida para todos.
Da conscientização, partimos para a ação: cresce, cada vez mais, o número de
países, empresas e indivíduos que, já estando conscientizados acerca dessas questões,
vêm desenvolvendo ações que contribuem para proteger o meio ambiente e cuidar
da nossa saúde. Mas, isso ainda não é suficiente... faz-se preciso ampliar tais ações,
e a educação é um valioso recurso que pode e deve ser usado em tal direção. Assim,
iniciamos este material conversando com você sobre o meio ambiente, a saúde e a
segurança no trabalho, lembrando que, no seu exercício profissional diário, você deve
agir de forma harmoniosa com o ambiente, zelando também pela segurança e saúde
de todos no trabalho.
Tente responder à pergunta que inicia este texto: Meio ambiente, saúde e segurança
no trabalho – o que é que eu tenho a ver com isso? Depois, é partir para a ação. Cada
um de nós é responsável. Vamos fazer a nossa parte?

SENAI–RJ 15
Conceito de metrologia
Nesta unidade

Unidades dimensionais

1
Fundamentos de medição industrial – Conceito de metrologia

Unidades dimensionais
Como será que o homem aprendeu a medir os objetos? Antigamente, ele usava
partes de seu corpo como referência para determinar o tamanho dos objetos, mas em
função da variação de tamanho do corpo de pessoa para pessoa, esse sistema não ga-
rantia uma uniformidade no resultado de uma medição.

Primitivos instrumentos de medição


Antes de iniciarmos o entendimento do atual sistema, vejamos um breve históri-
co das medidas, considerando o primitivo instrumento de medição: partes do corpo
humano. Tais unidades de medição primitivas eram referências universais, e com elas
seria fácil chegar-se a uma medida que poderia ser verificada por qualquer pessoa.
Foi assim que surgiram medidas-padrão como a polegada, a mão, o cúbito, o côvado,
o palmo, o pé, a jarda, a braça e o passo.

polegada mão
palmo

mão

“9 polegadas inglesas” “1 polegada inglesa” “4 polegadas inglesas” “12 polegadas inglesas”

Fig. 1

A braça

O passo

Fig. 2 Fig. 3

SENAI–RJ 19
Fundamentos de medição industrial – Conceito de metrologia

O Antigo Testamento da Bíblia é um dos registros mais antigos da história da


humanidade. No Gênesis, lê-se que o Criador mandou Noé construir uma arca com
dimensões muito específicas, medidas em côvados. O côvado era uma medida da região
onde morava Noé e é equivalente a três palmos.

O côvado

Fig. 4

Em geral, essas unidades eram baseadas nas medidas do corpo do rei, sendo que
tais padrões deveriam ser respeitados por todas as pessoas que, naquele reino, fizessem
as medições. Há cerca de 6 mil anos, os egípcios usavam, como padrão de medida de
comprimento, o cúbito: distância do cotovelo à ponta do dedo médio.

Cúbito é o nome de um
cúbito dos ossos do antebraço
“18 polegadas inglesas”

Fig. 5

Como as pessoas têm tamanhos diferentes, o cúbito variava de uma pessoa para
outra, ocasionando as maiores confusões nos resultados das medidas. Para serem úteis,
era necessário que os padrões fossem iguais para todos. Diante desse problema, os
egípcios resolveram criar um padrão único: em lugar do próprio corpo, eles passaram
a usar, em suas medições, barras de pedra com o mesmo comprimento. Foi assim que
surgiu o cúbito-padrão.

20 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Conceito de metrologia

Com o tempo, as barras foram construídas de madeira, para facilitar o transporte.


Como a madeira logo se gastava, foram gravados comprimentos equivalentes a um
cúbito-padrão nas paredes dos principais templos. Desse modo, cada um podia conferir
periodicamente sua barra ou mesmo fazer outras, quando necessário.

Algumas dessas medidas-padrão continuam sendo empregadas até


hoje. A polegada é uma delas.

Nos séculos XV e XVI, os padrões mais usados na Inglaterra para medir compri-
mentos eram a polegada, o pé, a jarda e a milha.
Jarda, em inglês yard, significa “vara”, em referência ao uso de varas nas medições.
Esse padrão foi criado por alfaiates ingleses.
Bem antes, no século XII, em consequência da sua grande utilização, esse padrão
foi oficializado pelo rei Henrique I. A jarda teria sido definida, então, como a distância
entre a ponta do nariz do rei e a de seu polegar, com o braço esticado. A exemplo dos
antigos bastões de um cúbito, foram construídas e distribuídas barras metálicas para
facilitar as medições. Apesar da tentativa de uniformização da jarda na vida prática,
não se conseguiu evitar que o padrão sofresse modificações.
As relações existentes entre a jarda, o pé e a polegada também foram instituídas
por leis:

1 pé = 12 polegadas

1 jarda = 3 pés

1 milha terrestre = 1.760 jardas

SENAI–RJ 21
Fundamentos de medição industrial – Conceito de metrologia

A jarda

Fig. 6

Na França, no século XVII, ocorreu um avanço importante na questão de medidas.


A toesa, que era então utilizada como unidade de medida linear, foi padronizada em
uma barra de ferro com dois pinos nas extremidades e, em seguida, chumbada na pa-
rede externa do Grand Chatelet, nas proximidades de Paris. Dessa forma, assim como
o cúbito-padrão, cada interessado poderia conferir seus próprios instrumentos. Uma
toesa é equivalente a 6 pés, aproximadamente, 182,9cm.
Assim, antes de conhecermos melhor o sistema métrico, vamos destacar o sistema
inglês, com o qual ainda convivemos.

Medidas inglesas
A Inglaterra, em todos os territórios sob seu domínio durante séculos, utilizava um
sistema de medidas próprio, facilitando as transações comerciais ou outras atividades
de sua sociedade. Acontece que no resto do mundo ocidental desenvolveu-se um outro
sistema métrico, totalmente diferente do sistema inglês. Assim, em 1959, a jarda – que
é uma medida inglesa – passou a ser definida em função do metro, medida do novo
sistema, valendo 0,91440m. As divisões da jarda (3 pés, cada pé com 12 polegadas)
passaram, então, a ter seus valores expressos no sistema métrico:

1 yd (1 jarda) = 0,9114m
1 ft (1 pé) = 304,8mm
1 inch (1 polegada) = 25,4mm

22 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Conceito de metrologia

O sistema inglês ainda é muito utilizado na Inglaterra e nos Estados Unidos, assim
como no Brasil, devido ao grande número de empresas procedentes desses países. Esse
sistema está, aos poucos, sendo substituído pelo métrico, porém ainda permanece a
necessidade de se converter o sistema inglês em sistema métrico e vice-versa.

Algumas trenas possuem dois tipos de marcação de medida: uma é o


metro; a outra é a polegada.

Mas retornemos às medidas do sistema inglês, para entendermos melhor todas


essas mudanças.

O sistema inglês - Unidades de medidas


Os países anglo-saxões (Inglaterra e Estados Unidos) ainda utilizam o sistema ba-
seado na jarda imperial e seus derivados não decimais. A equivalência dessas unidades
com o sistema métrico é a seguinte:

Polegada (inch) = 25,4mm a uma temperatura de 20ºC (para evitar dilatação)


Pé (foot) = 12 polegadas = 304,8mm
Jarda (yard) = 36 polegadas = 3 pés = 914,4mm

O sistema inglês divide-se em sistema inglês milesimal e sistema inglês fracionário


(ordinário).

É importante relembrar que o sistema inglês ainda está em uso no Brasil


em determinadas situações. Daí a importância de você conhecê-lo.

SENAI–RJ 23
Fundamentos de medição industrial – Conceito de metrologia

Leitura de medida em polegada


A polegada divide-se em frações ordinárias de denominadores iguais a 2, 4, 8, 16,
32, 64, 128... Temos, então, as seguintes divisões da polegada:

1’’
(meia polegada)
2

1’’
(um quarto de polegada)
4

1’’
(um oitavo de polegada)
8

1’’
(um dezesseis avos de polegada)
16

1’’
(um trinta e dois avos de polegada)
32
1’’
(um sessenta e quatro avos de polegada)
64
1’’
(um cento e vinte e oito avos de polegada)
128

Os numeradores das frações devem ser números ímpares:

1’’ 3’’ 5’’ 15’’


, , , , ...
2 4 8 16

Quando o numerador for par, deve-se proceder à simplificação da fração:

6’’ 2 3”
: →
8 2 4

8’’ 8 1’’
: →
64 8 8

24 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Conceito de metrologia

Sistema inglês – divisão decimal


A divisão da polegada em submúltiplos de 1” , 1” , ... 1” , em vez de
2 4 128
facilitar complicou os cálculos na indústria.
Por essa razão, criou-se a divisão decimal da polegada. Na prática, a polegada
subdivide-se em milésimo e décimos de milésimo.
Exemplos:

a) 1,003” = 1 polegada e 3 milésimos


b) 1,1247” = 1 polegada e 1.247 décimos de milésimos
c) .725” = 725 milésimos de polegada

Mais à frente, teremos a oportunidade de comparar as medidas inglesas com as


medidas do sistema métrico, bem como realizar as conversões cabíveis.

Sistema métrico universal: o metro


Com o tempo, surgiu um movimento no sentido de estabelecer uma unidade
natural, isto é, que pudesse ser encontrada na natureza e, assim, ser facilmente
copiada, construindo um padrão de medida universal. Havia também outra exi-
gência para essa unidade: ela deveria ter seus submúltiplos estabelecidos segundo
o sistema decimal.

O sistema decimal já havia sido inventado na Índia, quatro séculos antes


de Cristo. Finalmente, um sistema com essas características foi apresentado por
Talleyrand, na França, num projeto que se transformou em lei aprovada em 8 de
maio de 1790.

SENAI–RJ 25
Fundamentos de medição industrial – Conceito de metrologia

Estabeleceu-se, então, que a nova unidade-padrão deveria ser igual à décima mi-
lionésima parte de um quarto de meridiano terrestre.

Essa nova unidade passou a ser Meridiano: linha imaginária que corta
chamada metro (derivado do termo o globo terrestre de norte a sul. É o
círculo da latitude.
grego metron, que significa medir).

Considerando que se a jarda é a medida-padrão do sistema inglês,


o metro terá a mesma função no sistema métrico universal.

A decisão dessa nova medida-padrão ocorreu na segunda metade do século XIX.


Os astrônomos franceses Delambre e Mechain foram incumbidos de medir o meri-
diano. Eles utilizaram a toesa como unidade, e mediram a distância entre Dunkerque
(França) e Montjuich (Espanha). Após tomarem a distância entre as duas cidades,
foram feitos cálculos e se chegou a uma distância que foi representada numa barra de
platina retangular medindo 4,05 x 25mm. O comprimento dessa barra era equivalente
ao comprimento da unidade-padrão metro, que assim foi definido:

1ª definição:
Metro é a décima milionésima parte de um quarto de meridiano terrestre.
Essa medida foi transformada em barra de platina e passou a ser denominada metro.
Com o desenvolvimento da ciência, verificou-se que uma medição mais precisa do
meridiano fatalmente daria um metro com uma medida um pouco diferente. Assim, a
primeira definição foi substituída por uma segunda.

26 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Conceito de metrologia

2ª definição:
Metro é a distância entre os dois extremos da barra de platina depositada
nos arquivos da França e apoiada nos pontos de mínima flexão na temperatura
de zero grau Celsius.
Escolheu-se a temperatura de zero grau Celsius por ser, na época, a mais facilmente
obtida com o gelo fundente.
No século XIX, vários países já haviam adotado o sistema métrico. No Brasil, o
sistema métrico foi implantado pela Lei Imperial nº 1.157, de 26 de junho de 1862.
Estabeleceu-se, então, um prazo de dez anos para que os padrões antigos fossem
inteiramente substituídos em todos os países que adotaram o novo sistema.
Com exigências tecnológicas maiores, decorrentes do avanço científico, notou-se
que o metro dos arquivos apresentava certos inconvenientes. Por exemplo, o parale-
lismo das faces não era assim tão perfeito. O material, relativamente mole, poderia se
desgastar, e a barra também não era suficientemente rígida.
Para aperfeiçoar o sistema, fez-se uma outra barra-padrão, com a seguinte confi-
guração:
• seção transversal em X, para ter maior estabilidade;
• uma adição de 10% de irídio, para tornar seu material mais durável;
• dois traços em seu plano neutro (ou plano de simetria da peça), de forma a tor-
nar a medida mais perfeita.

ro
et
m
1

m
1m
57

Plano neutro

Fig. 7

Assim, em 1889, surgiu a terceira definição.

SENAI–RJ 27
Fundamentos de medição industrial – Conceito de metrologia

3ª definição:
Metro é a distância entre os eixos de dois traços principais marcados na super-
fície neutra do padrão internacional depositado no BIPM – Bureau Internacional
des Poids et Mesures (em português: Centro Internacional de Pesos e Medidas), na
temperatura de zero grau Celsius e sob uma pressão atmosférica de 760 mmHg
(milímetro de mercúrio) e apoiado sobre seus pontos de mínima flexão.
Atualmente, a temperatura de referência para calibração é de 20ºC. É nessa tempe-
ratura que o metro, utilizado em laboratório de metrologia, tem o mesmo comprimento
do padrão que se encontra na França, na temperatura de zero grau Celsius.

O Bureau Internacional des Poids et Mesures foi criado em 1872,


em Paris.

Ocorreram, ainda, outras modificações. Hoje, o padrão do metro em vigor no Brasil


é recomendado pelo INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e
Qualidade Industrial), baseado na velocidade da luz, de acordo com decisão da 17ª
Conferência Geral dos Pesos e Medidas de 1983. O INMETRO, em sua Resolução nº
3/84, assim definiu o metro:

4ª definição:
Metro é o comprimento do trajeto percorrido pela luz no vácuo, durante o
intervalo de tempo de 1 do segundo.
299.792.458

É importante observar que todas essas definições somente estabeleceram com


maior exatidão o valor da mesma unidade: o metro.
O metro em si não foi alterado, o que ocorreu foi mais uma impressionante melhoria
na exatidão de sua definição. O erro atual de reprodução por este método corresponde a
± 1,3 x 10-9m, isto é, ± 0,0013μm.

28 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Conceito de metrologia

As unidades do Sistema
Internacional de Unidades (SI)
Para garantir maior confiabilidade nos resultados de medição foi criado o Sistema
Internacional de Unidades (SI), no qual há duas classes de unidades:

• unidades de base;
• unidades derivadas.

Sob o aspecto científico, a divisão das unidades nessas duas classes é arbitrária, já
que não é uma imposição da física.

A classe das unidades de base do SI


Considerando as vantagens de se adotar um sistema prático e único para ser uti-
lizado mundialmente nas relações internacionais, no ensino e no trabalho científico,
a Conferência Geral de Pesos e Medidas decidiu basear o Sistema Internacional de
Unidades em sete unidades perfeitamente definidas e independentes sob o ponto de
vista dimensional, que compõem a classe das unidades de base.
Veja quais são as sete unidades de base do Sistema Internacional de Unidades, bem
como as grandezas às quais elas se referem e os símbolos correspondentes, analisando
o Quadro 1 a seguir.

Grandeza Unidade Símbolo


comprimento metro m
massa quilograma kg
tempo segundo s
corrente elétrica ampere A
temperatura termodinâmica Kelvin K
quantidade de matéria mol mol
intensidade luminosa candela cd

Quadro 1 – Unidades de base do Sistema Internacional de Unidades

A classe das unidades derivadas do SI


A outra classe de unidades do Sistema Internacional de Unidades é a das unidades
derivadas. Ela abrange as unidades que podem ser formadas a partir de combinações

SENAI–RJ 29
Fundamentos de medição industrial – Conceito de metrologia

de unidades de base, segundo relações algébricas que interligam as grandezas corres-


pondentes, e duas outras, radiano e esterradiano. Veja o Quadro 2.

Grandeza Unidade Símbolo


Ângulo plano radiano rad
Ângulo sólido esterradiano sr
Quadro 2 – Unidades derivadas do Sistema Internacional de Unidades

A definição destas duas unidades derivadas é puramente matemática, sem neces-


sidade de um padrão ou elemento físico.
As unidades formadas a partir da combinação destas unidades derivadas com al-
gumas unidades de base podem ser vistas no Quadro 3.

Grandeza Unidade Símbolo


velocidade angular radiano por segundo rad/s
aceleração angular radiano por segundo ao quadrado rad/s2
intensidade energética watt por esterradiano W/sr
luminância energética watt por metro quadrado esterradiano W.m-2.sr-1
Quadro 3 – Unidades combinadas com as unidades derivadas

Unidades expressas a partir de unidades


de base do SI
É possível, também, fazer combinações entre as unidades de base. O Quadro 4
fornece exemplos de unidades derivadas obtidas por multiplicação e divisão de uni-
dades de base.

Grandeza Unidade Símbolo


superfície metro quadrado m2
volume metro cúbico m3
velocidade metro por segundo m/s
aceleração metro por segundo ao quadrado m/s2
metro elevado à potência menos um
número de ondas m-1
(1 por metro)
massa específica quilograma por metro cúbico kg/m3
volume específico metro cúbico por quilograma m3/kg
densidade de corrente ampere por metro quadrado A/m2
campo magnético ampere por metro A/m

30 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Conceito de metrologia

Grandeza Unidade Símbolo


concentração
mol por metro cúbico mol/m3
(de quantidade de matéria)
luminância candela por metro quadrado cd/m2
índice de refração (o número) um 1
Quadro 4 - Unidades derivadas expressas a partir das unidades de base

As unidades de base apresentam múltiplos e submúltiplos para medições que sejam


maiores ou menores que as unidades-padrão. É o que veremos a seguir.

Múltiplos e submúltiplos decimais das


unidades SI
Em muitas situações, você deverá medir comprimentos maiores ou menores que
o metro.
Por exemplo, a distância entre as cidades do Rio de Janeiro e São Paulo é expressa
em quilômetros (km).

RJ SP

405km

Fig. 8

Já o comprimento de um lápis é expresso em centímetros (cm).

20cm

Fig. 9

O diâmetro de um eixo de motor de automóvel é expresso em milímetros (mm).


Para que você fique mais familiarizado com os múltiplos e submúltiplos do metro,
observe a seguir a Tabela 1.

SENAI–RJ 31
Fundamentos de medição industrial – Conceito de metrologia

Múltiplos e submúltiplos do metro


(Sistema Internacional de Medidas – SI)

Tabela 1 – Múltiplos e submúltiplos do metro


Nome Símbolo Fator pelo qual a unidade é múltipla
Exametro Em 10 = 1 000 000 000 000 000 000 m
18

Peptametro Pm 1015 = 1 000 000 000 000 000 m


Terametro Tm 1012 = 1 000 000 000 000 m
Gigametro Gm 109 = 1 000 000 000 m
Megametro Mm 106 = 1 000 000 m
Quilômetro km 103 = 1 000 m
Hectômetro hm 102 = 100 m
Decâmetro dam 101 = 10 m
Metro m 1=1m
Decímetro dm 10 -1 = 0,1 m
Centímetro cm 10 -2 = 0,01 m
Milímetro mm 10 -3 = 0,001 m
Micrômetro μm 10 -6 = 0,000 001 m
Nanômetro nm 10 -9 = 0,000 000 001 m
Picômetro pm 10 -12 = 0, 000 000 000 001 m
Fentômetro fm 10 -15 = 0, 000 000 000 000 001 m
Attômetro am 10 -18 = 0, 000 000 000 000 000 001 m
Yoctômetro Y 10 -21 = 0, 000 000 000 000 000 000 001 m
Zeptômetro Z 10 -24 = 0,000 000 000 000 000 000 000 001 m

Há, também, normatização para a escrita dessas medidas, e você deve estar fami-
liarizado com ela.

Regras para a escrita das unidades no SI


Os princípios gerais referentes à grafia dos símbolos das unidades do Sistema
Internacional de Unidades foram adotados pela 9a CGPM e, em seguida, pela Inter-
national Standardization Organization – ISO/TC 12 (ISO 31, Grandezas e Unidades).

Escrita dos símbolos das unidades


Os símbolos das unidades são escritos de acordo com as seguintes regras:
a) São empregadas letras do alfabeto latino, em geral, minúsculas. Entretanto,
se o nome da unidade derivar de um nome próprio, a primeira letra do símbolo
é maiúscula. Exemplo: m para metro e K para Kelvin.

32 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Conceito de metrologia

b) Os símbolos das unidades não têm plural, só podendo ser escritos no singular.
Exemplo: 3m e não 3ms.
c) Os símbolos das unidades não são seguidos por pontos. Exemplo: 4kg e não 4kg,
a não ser que estejam no final de uma frase, quando o ponto será o da frase.

Escrita de expressão algébrica dos símbolos


das unidades
Para escrever uma expressão algébrica também adotamos algumas regras.
a) O produto de duas ou mais unidades pode ser indicado de uma das maneiras
mostradas neste exemplo: kg.m ou kgm.
b) Quando uma unidade derivada é formada pela divisão de uma unidade por
outra, pode-se utilizar a barra inclinada ( / ), o traço horizontal ou, então, potências
negativas. Por exemplo: metro por segundo de três formas.

m/s m m.s-1
s

c) Nunca repetir a barra inclinada na mesma linha, a não ser com o emprego de
parênteses, de modo a evitar qualquer ambiguidade. Nos casos complexos, deve-
-se utilizar parênteses ou potências negativas. Por exemplo:

m/s2 ou m/s-2, porém não m/s/s;

m.kg/(s3.A) ou m.kg.s-3.A-1, porém não m.kg/s3/A.

Os símbolos dos prefixos devem ser escritos em letras do alfabeto, sem


espaçamento entre as letras/caracteres do símbolo da unidade. Exemplos: cm; kg.

SENAI–RJ 33
Fundamentos de medição industrial – Conceito de metrologia

Unidades fora do Sistema


Internacional de Unidades
O BIPM reconheceu que os países que utilizam o SI têm necessidade de empre-
gar conjuntamente certas unidades que não fazem parte do Sistema Internacional de
Unidades, mas que estão amplamente difundidas. Essas unidades desempenham um
papel tão importante que foi necessário conservá-las com o Sistema Internacional de
Unidades, para uso geral, como mostra o Quadro 5.

Nome Símbolo Valor em unidades do SI


minuto min 1min = 60s
hora h 1h = 60min = 3.600s
dia d 1d = 24h = 86.400s
grau º 1° = (p/180°)rad
minuto ’ 1’ = (1/60)° = (p/10.800)rad
segundo ” 1” = (1/60)103kg = (p/648.000)rad
litro l ou L 1l = 1dm 3
= 10 -3m3
tonelada t 1t = 103kg
Quadro 5 – Unidades fora do Sistema Internacional de Unidades

Nesta unidade, vamos abordar somente o grau, o minuto e o segundo, pois são os
que você mais vai usar.

Unidades de medida angular


Na medição angular são empregados dois sistemas: o sistema sexagesimal (o mais
importante) e o sistema centesimal. Cada um deles possui características próprias,
como você verá a seguir.

Sistema sexagesimal
Esse é o sistema frequentemente utilizado na mecânica, topografia etc., que divide
o círculo em 360 graus.
O grau é uma unidade de medida que não está presente no Sistema Internacional
de Unidades, reconhecido pelo Conselho Internacional de Pesos e Medidas. Por ser
uma unidade derivada amplamente difundida, o grau é usado para medir ângulos e se
divide em 60 minutos. Cada minuto, por sua vez, divide-se em 60 segundos.

1 grau = 60 minutos
1 minuto = 60 segundos

34 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Conceito de metrologia

Os símbolos de cada uma dessas unidades são os seguintes:

grau ( ° )
minuto ( ’ )
segundo ( ” )

Exemplos:

46° → lê-se quarenta e seis graus.


37’ → lê-se trinta e sete minutos.
12” → lê-se doze segundos.
68°54’17” → lê-se sessenta e oito graus, cinquenta e quatro
minutos e dezessete segundos.

Lembramos que o grau, o minuto e o segundo têm relação com o radia-


no, que é uma unidade derivada do Sistema Internacional de Unidades, usada para
ângulo plano. Você poderá relembrar que relação é essa, voltando ao Quadro 5.

Sistema centesimal
Nesse sistema, o círculo é dividido em 400 grados. Cada grado subdivide-se em
100 novos minutos e cada novo minuto em 100 novos segundos.

1 grado = 100 minutos


1 minuto = 100 segundos

Os símbolos usados para essas unidades são:

grado ( g )
novos minutos ( c )
novos segundos ( cc )

SENAI–RJ 35
Fundamentos de medição industrial – Conceito de metrologia

Exemplo:

36,2179g também pode ser escrito como 36g21c79cc.


36g21c79cc lê-se trinta e seis grados, vinte e um novos minutos
e setenta e nove novos segundos.

O sistema centesimal, criado com a finalidade de introduzir o sistema decimal na


medição de ângulo e, com isso, facilitar e dar homogeneização aos sistemas de medi-
das, infelizmente não conseguiu se impor e é muito pouco usado.

Adição e subtração no sistema sexagesimal


A adição e a subtração envolvendo medidas de ângulos do sistema sexagesimal
muitas vezes exigem a realização de conversões para o mesmo múltiplo ou submúltiplo.

Exemplo:
A soma de 39°41’30” mais 42°41’35”.

39° 41’ 30”


+ + +
42° 41’ 35”

81° 82’ 65”

Analisando cada item do resultado obtido, temos:


• nos segundos há 65”, que correspondem a 1’05”. Então, ficamos 05” nos segun-
dos e somamos o 1’ aos minutos obtidos. O resultado parcial será 81°83’05”;
• nos minutos temos agora 83’, que correspondem a 1°23’. Ficamos com 23’ nos
minutos e somamos o 1° aos graus obtidos. O resultado parcial será 82°23’05”;
• o resultado final da operação é, portanto, 82°23’05”.

Algarismos significativos
Para explicar o que é algarismo significativo, vamos começar com um exemplo.
Imagine que vamos medir um determinado comprimento, como mostra a Figura 10.

36 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Conceito de metrologia

peça

régua

Fig. 10

Observe que a menor divisão da régua utilizada no exemplo é de 1mm. Assim, ao


tentar escrever o resultado da medição, vemos que ela está compreendida entre 14,3cm
e 14,4cm. Será necessário avaliarmos a fração de milímetro que deverá ser acrescentada
a 14,3cm, pois a régua não apresenta divisões inferiores a 1mm.
Para fazer essa avaliação, devemos imaginar que o intervalo entre 14,3cm e 14,4cm
está subdividido em dez partes de mesmo tamanho, e assim obteremos a fração de
milímetro a ser acrescentada a 14,3cm com razoável aproximação. Na figura mostrada
podemos avaliar essa fração como sendo de 5 décimos de milímetro e, desse modo, o
resultado da medida poderá ser 14,35cm.
Veja que, nesse caso, estamos seguros em relação aos algarismos 1, 4 e 3, ou seja,
aos 14,3cm, porque eles foram obtidos por meio de divisões inteiras da régua. Por isso,
eles são chamados de algarismos corretos. O algarismo 5, entretanto, foi avaliado e,
assim, não temos muita certeza sobre esse valor. Inclusive, ele poderia ser avaliado
por outras pessoas como 4 ou 6, por exemplo. Daí ele ser denominado algarismo
duvidoso ou algarismo incerto.
A avaliação de algarismos para compor a medida pode parar aqui, pois não há
sentido procurarmos mais um algarismo para ser escrito na medida após o algarismo
5. Para isso, seria necessário imaginar o intervalo de 1mm subdividido em 100 partes
iguais, o que evidentemente seria impossível. Portanto, se o resultado dessa medida
fosse apresentado como 14,357cm, por exemplo, poderíamos afirmar que a avaliação
do algarismo 7 (que seria o segundo algarismo avaliado) não tem nenhum significado
e, assim, não deve figurar no resultado.

SENAI–RJ 37
Fundamentos de medição industrial – Conceito de metrologia

Reforçando: algarismo correto é obtido pelas divisões inteiras da


régua. Algarismo duvidoso ou incerto (ou avaliado) é fruto de uma avaliação. Eles
compõem a medida que vamos obter.

Podemos, agora, começar a apresentar o conceito de algarismos significativos.

Conceito de algarismos significativos


Com o exemplo apresentado, vimos que o resultado de uma medida deve ser es-
crito somente com os algarismos corretos e com o primeiro algarismo avaliado. Esses
algarismos – os corretos e o avaliado – são denominamos algarismos significativos.

Portanto, a maneira correta de apresentar o resultado de uma medição,


ou seja, a que deve ser convenientemente adotada por todos, é usando apenas os
algarismos significativos. Por isso, confirmamos que a maneira correta de escrever
o resultado da medida mostrada na Figura 10 é: 14,35cm.

Assim, nessa relação entre algarismo correto e algarismo duvidoso, é importante


observar que, se cada divisão de 1mm da régua fosse, realmente, subdividida em dez
partes iguais, ao efetuarmos a leitura do comprimento da barra (usando um microscópio,
por exemplo), o algarismo 5 passaria a ser um algarismo correto, pois iria corresponder
a uma divisão inteira da régua, como mostra a Figura 11.
O algarismo seguinte seria o primeiro avaliado e passaria a ser, portanto, um alga-
rismo significativo. Se nessa avaliação fosse encontrado o algarismo 7, por exemplo,
o resultado poderia ser escrito como 14,357cm, porque agora todos esses algarismos
são algarismos significativos – o 1, 4, 3 e 5 seriam os corretos e o 7 seria o avaliado.
Por outro lado, se a régua da Figura 10 não possuísse as divisões de milímetros,
apenas os algarismos 1 e 4 seriam os corretos.

38 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Conceito de metrologia

Ou seja: ao fazer parte do instrumento de medição, o algarismo torna-se


algarismo correto.

barra

régua

Fig. 11

Consequentemente, o algarismo 3 seria o primeiro algarismo avaliado e o resul-


tado da medida seria expresso por 14,3cm, com apenas três algarismos significativos.

peça

régua

Fig. 12

SENAI–RJ 39
Fundamentos de medição industrial – Conceito de metrologia

Qual a importância dos algarismos significativos?


Convencionou-se que os resultados de uma medição deve ser expressa somente
em algarismos significativos.

Ao analisar as situações mostradas nesses três casos, vemos que o número de al-
garismos significativos que se obtêm no resultado da medida de uma dada grandeza
dependerá do instrumento usado para medição. Nas três réguas apresentadas, as sub-
divisões são diferentes, o que gerou medidas diferentes. A convenção de se apresentar
o resultado de uma medida contendo apenas algarismos significativos é adotada de
maneira geral, não só na medida de comprimentos, mas também na medida de massa,
temperatura, força etc. Essa convenção é também usada ao se apresentarem os resul-
tados de cálculos envolvendo medidas das grandezas. Então, quando uma pessoa lhe
informar, por exemplo, que mediu ou calculou a temperatura de um objeto e encontrou
37,82ºC, você deverá entender que a medida ou o cálculo foi feito de tal modo que os
algarismos 3, 7 e 8 são corretos e o último algarismo, neste caso o 2, é sempre duvidoso.

A partir desse momento, você pode compreender que duas medidas


como 42cm e 42,0cm não são exatamente iguais, não representam o mesmo
comprimento. Na primeira, o algarismo 2 foi avaliado e não se tem certeza sobre o
seu valor. Na segunda, o algarismo 2 é correto, sendo o zero o algarismo duvidoso.
Do mesmo modo, resultados como 7,65kg e 7,67kg não são fundamentalmente
diferentes, pois eles diferem apenas no algarismo duvidoso.

40 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Conceito de metrologia

Finalmente, há duas observações importantes sobre os algarismos significativos.

1ª observação
Ao contar o número de algarismos significativos de uma medida ou de um resultado
de cálculo com medidas, devemos considerar que o algarismo zero só é significativo
se estiver situado à direita de um algarismo significativo. Por exemplo:
• 0,00041 tem dois algarismos significativos: 4 e 1. Os zeros não são significativos,
pois estão à esquerda.
• 40,100 tem cinco algarismos significativos, pois os zeros são significativos.
• 0,000401 tem três algarismos significativos: 4, 0 e 1. Os zeros à esquerda do 4
não são significativos.

2ª observação
Diz respeito à mudança de unidades que não podem ser escritas com zeros que
não sejam significativos. Por exemplo: vamos expressar, em gramas, uma medida de
7,3kg. Para tanto, observe que essa medida possui dois algarismos significativos, o 7
e o 3, sendo o algarismo 3 duvidoso. Assim, se escrevêssemos 7,3kg = 7.300 gramas,
estaríamos dando a ideia errônea de que o 3 é um algarismo correto, sendo o último
zero o algarismo duvidoso. Para evitar esse erro de interpretação, fazemos a notação
de potência de 10 e escrevemos: 7,3kg = 7,3 x 103g. Dessa maneira, a mudança de
unidade foi feita e continuamos a indicar que o 3 é o algarismo duvidoso.

Regras básicas de arredondamento


Para empregarmos corretamente os algarismos significativos, precisamos conhe-
cer e saber aplicar as regras básicas de arredondamento. Vejamos primeiramente que
regras são essas, para depois procedermos às aplicações em algarismos significativos.

1ª regra
Quando o algarismo imediatamente seguinte ao último algarismo a ser conservado
é inferior a 5, o mesmo será mantido, sem modificação.
Exemplo:
1,333...3 arredondado à 1ª decimal resultará em 1,3.
1,3234...4, arredondando = 1,3.

SENAI–RJ 41
Fundamentos de medição industrial – Conceito de metrologia

2ª regra
Quando o algarismo imediatamente seguinte ao último algarismo a ser conservado
é igual ou superior a 5, e for seguido de, no mínimo, um algarismo diferente de zero,
o último algarismo a ser conservado deverá ser aumentado de uma unidade.
Exemplos:
1,666...6 arredondado à 1a decimal resultará em 1,7.
4,850...5 arredondado à 1a decimal resultará em 4,9.

3ª regra
Quando o algarismo imediatamente seguinte ao último algarismo a ser conservado
é um 5 seguido de zeros, devemos proceder da seguinte maneira:
a) se o algarismo que antecede o 5 for ímpar, arredonda-se para o algarismo par
mais próximo, ou seja, aumenta-se uma unidade.
Exemplos:
4,550 arredondado à 1a decimal resultará em 4,6.
2,750 arredondado à 1a decimal resultará em 2,8.

b) se o algarismo que antecede o 5 for par, permanecerá sem modificação.


Exemplos:
3,650 arredondado à 1a decimal resultará em 3,6.
1,2500 arredondado à 1a decimal resultará em 1,2.

O conceito de algarismo significativo e a noção de arredondamento serão impor-


tantes. Vamos retomar, agora, algumas questões envolvendo os sistemas de medidas
apresentados até aqui.

Conversões de medidas
Agora já conhecemos o sistema métrico e o sistema inglês de unidade. Na mecâni-
ca, o convívio se dá com duas medidas de sistema: o milímetro e a polegada. Vamos,
então, exemplificar 6 (seis) transformações envolvendo milímetro, polegada decimal
e polegada em frações ordinárias.

42 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Conceito de metrologia

1ª transformação
Transformar polegada em milímetro

1º caso: Como transformar polegadas inteiras em milímetros?


Você recorda que 1 polegada equivale a 25,4mm?
Então, para se transformar polegada inteira em milímetros, multiplica-se 25,4mm
pela quantidade de polegada que será convertida.
Exemplo:
Quantidade de polegada a ser transformada = 3”
Fator a ser utilizado na transformação = 25,4mm
Então: 25,4 x 3 = 76,2mm

2º caso: Como transformar fração da polegada em milímetro?


Quando o número for fracionário, multiplica-se 25,4mm pelo numerador da fração
e divide-se o resultado pelo denominador.
Exemplo:
Transformar 5/8” em milímetros.
Fator a ser utilizado na multiplicação = 25,4mm
Numerador = 5
Denominador = 8

25,4 x 5
= 15,875mm
8

3º caso: Como transformar polegada inteira e fracionária em milímetro?


Quando o número for misto, inicialmente transforma-se o número misto em uma
fração imprópria e, a seguir, opera-se como no 2º caso.
Exemplo:
3”
Transformar 1 em milímetros.
4

1º passo: transformar o número misto em fração.


3” 1 x 4 + 3 7
1 = =
4 4 4

2º passo: efetuar a transformação, conforme o 2° caso.


7 25,4 x 7
= = 44,45mm
4 4

SENAI–RJ 43
Fundamentos de medição industrial – Conceito de metrologia

2ª transformação
Transformar milímetro em polegada
Para se transformar milímetro em polegada, deve-se proceder da seguinte forma:
1. Dividir a quantidade de milímetros por 25,4.
2. Multiplicar o resultado por uma das divisões da polegada (elas foram apresentadas
na página 24).
3. Dar como denominador a mesma divisão tomada.
4. Simplificar a fração ao menor numerador.

Exemplo:
Transformar 9,525mm em polegadas.

(9,525 : 25,4) 128 0,375 x 128 48


= =
128 128 128

Simplificando a fração, teremos:

48 24 12 6 3”
= = = =
128 64 32 16 8

Aplicando outro processo.


1. Multiplicar a quantidade de milímetros pela constante 5,04.
2. Usar como denominador a menor fração da polegada (1/128).
3. Dar como numerador a parte inteira do resultado da multiplicação.
4. Simplificar a fração, quando necessário.

Exemplo:
Transformar 9,525mm em polegadas.

9,525 x 5,04 48
=
128 128

Simplificando a fração, teremos:

48 24 12 6 3”
= = = =
128 64 32 16 8

44 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Conceito de metrologia

A constante 5,04 é resultado da divisão de 128 por 25,4.

3ª transformação
Transformar uma medida no sistema inglês ordinário em uma medida no
sistema decimal
Para se transformar um valor no sistema inglês ordinário em decimal, basta dividir
o numerador da fração pelo denominador.
Exemplo:
Transformar 7/8” em decimal.

7”
= 0,875”
8

4ª transformação
Transformar sistema inglês decimal em ordinário
Para se transformar sistema inglês decimal em ordinário, multiplica-se o valor em
decimal por uma das divisões da polegada, dando-se para o denominador a mesma
divisão tomada, simplificando-se a fração, quando necessário.
Exemplo:
Transformar 0,3125” em sistema inglês ordinário.

0,3125” x 128 40
=
128 128

Simplificando a fração, teremos:

40 20 10 5”
= = =
128 64 32 16

5ª transformação
Transformar polegada decimal em milímetro
Para se transformar polegada decimal em milímetro, multiplica-se o valor em
decimal da polegada por 25,4.

SENAI–RJ 45
Fundamentos de medição industrial – Conceito de metrologia

Exemplo:
Transformar 0,875” em milímetro.

0,875” x 25,4 = 22,225mm

6ª Transformação
Transformar milímetro em polegada decimal
Para se transformar milímetro em polegada decimal, podemos utilizar dois pro-
cessos.
Exemplo:
Transformar 3,175mm em polegada decimal.
1º processo: divide-se o valor em milímetro por 25,4mm.

3,175 : 25,4 = 0,125”

2º processo: multiplica-se o valor em milímetro pela constante 0,03937”.

3,175 x 0,03937” = 0,125”

Observação
A constante 0,03937” corresponde à quantidade de milésimos de polegada contida
em 1 milímetro.

1mm = 0,03937”

Exemplo:
Transformar 3,174mm em polegada decimal.

3,175 x 0,03937” = 0,125”

Observação
A diferença do resultado entre o 1º e o 2º processo, conforme mostram os exemplos
anteriores, passa a ser desprezível, considerando-se ambos os processos corretos.

Para facilitar a aplicação, segue Tabela Comparativa entre Valores de Polegadas e


Milímetros na faixa entre 0 e 5 polegadas.

46 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Conceito de metrologia

Tabela 2 – Comparação entre valores de polegadas e milímetros


Polegadas decimal 0” 1” 2” 3” 4” 5”

SENAI–RJ 47
Régua graduada
Nesta unidade

Introdução

Resolução/Valor de uma divisão

Tipos e usos

Leitura no sistema métrico

Leitura no sistema inglês ordinário

Normas gerais de medição

Recomendações e cuidados com a régua

2
Fundamentos de medição industrial – Régua graduada

Introdução
A régua graduada, comumente chamada de escala, é o instrumento de medição
com base no qual muitos outros instrumentos foram desenvolvidos. Por isso, ele será
o primeiro instrumento de medição com o qual você terá contato, sendo a base para
o entendimento dos demais.

Você deve recordar de ter presenciado um alfaiate ou uma costureira


utilizando uma fita métrica, um pedreiro ou serralheiro utilizando um metro ou uma
trena de precisão. Na realidade, a fita, o metro e a trena proporcionam uma lógica
de um instrumento de medição graduado, além dos práticos limites de uma escala
de aço.

As réguas utilizadas nas indústrias são fabricadas geralmente em aço-carbono ou


aço inoxidável. Elas apresentam-se sob a forma de uma lâmina, na qual encontra-se
gravada sua escala.
A graduação da escala pode ser em milímetros (mm) e até meios milímetros.
Algumas réguas, além das escalas milimétricas, têm escalas em polegadas (inches)
e em frações de polegadas, no outro canto. Veja a Figura 1.

Resolução: 1/32 polegadas ou in ou inch

Resolução: 0,5mm
Fig. 1

SENAI–RJ 51
Fundamentos de medição industrial – Régua graduada

Ou seja, a régua é um instrumento de medição na forma de seção retangular com


uma ou duas escalas gravadas, conforme se observa na Figura 2.

Corpo
Escala em polegadas

Escala em milímetros

Fig. 2

Resolução/Valor de uma
divisão
Utiliza-se régua graduada nas medições com “erro admissível” superior à me-
nor graduação. No caso da régua da Figura 3, a menor graduação para milímetros é
0,5mm, e para polegadas é 1/ 32”.

1/32”in

0,5mm

Fig. 3

52 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Régua graduada

Normalmente, o valor de uma divisão é de 0,5mm na parte métrica ou 1/32” na


parte polegada.
Ao selecionar o instrumento mais adequado, deve-se levar em conta, fun-
damentalmente, o campo de tolerância (IT) da medida a ser verificada, pois
peças diferentes podem ter a mesma medida nominal especificada em seu
projeto, porém a importância de sua exatidão pode ser diferente. Há uma
Unidade somente para este tópico, mais adiante. Por exemplo, a medida de
Ø25mm tanto pode corresponder a um cabo de vassoura fabricado em madeira como
ao pino de um pistão de motor. Para o primeiro caso, uma variação de ± 1mm não
afetará sua finalidade. Entretanto, no segundo caso essa variação tornaria a peça ina-
dequada ao uso.
O instrumento ideal para cada caso deve ter uma leitura ou resolução de acordo
com a medida a ser verificada e sua tolerância. A resolução é a menor medida que o
instrumento oferece. Assim, recomenda-se que o instrumento possua uma resolução
no mínimo igual à décima parte do campo de tolerância da peça ou, no pior dos casos,
igual à quinta parte:

Resolução ≤ IT/10 (como ideal)


Resolução ≤ IT/5 (como mínimo)

Se considerarmos como exemplo uma peça com tolerância de ± 0,25mm (campo


de tolerância igual 0,50mm), podemos concluir que um instrumento com resolução de
0,05mm seria ideal, porém outro com leitura de 0,10mm ainda poderia ser utilizado.
Este critério está fundamentado na existência de uma relação direta entre a exatidão
de um instrumento e sua leitura ou resolução.
O passo seguinte é a definição do tipo de instrumento necessário à tarefa que vai
ser realizada, levando em consideração o tamanho da peça, sua forma, a pressão e a
frequência com que deve ser feita a medição. Existe uma variedade de tipos de faixas
de medição de instrumentos, facilmente identificáveis nos catálogos de cada fabricante.
Vejamos uma variedade de réguas graduadas conforme seu uso.

Tipos e usos
Régua de encosto interno: Destinada a medições de peças que apresentam faces
internas de referência.

SENAI–RJ 53
Fundamentos de medição industrial – Régua graduada

Fig. 4

Régua sem encosto: Nesse caso, devemos subtrair do resultado o valor do ponto
de referência. Destinada ao uso geral.

10mm 76mm

leitura = 76 – 10 = 66mm

Fig. 5

Régua com encosto: Destinada à medição de comprimento a partir de uma face


externa das peças, a qual é utilizada como encosto.

Fig. 6

Régua de profundidade: Utilizada nas medições de canais ou rebaixos internos.

Fig. 7

54 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Régua graduada

Régua de dois encostos: Dotada de duas escalas: uma com referência interna e
outra com referência externa. É utilizada principalmente pelos ferreiros.

Encosto externo (graduação na face oposta)

Encosto interno Graduação interna

Fig. 8

Régua rígida de aço-carbono com seção retangular: Utilizada para medição


de deslocamentos em máquinas-ferramenta, para o controle de dimensões lineares,
traçagem etc.

Fig. 9

Depois desse contato com os diferentes tipos de régua graduada e seus usos, vejamos
como se efetua a leitura com tal instrumento, nos dois sistemas: o métrico e o inglês.

Leitura no sistema métrico


Na régua graduada, cada centímetro na escala encontra-se dividido em dez partes
iguais, e cada parte equivale a 1mm. Assim, a leitura pode ser feita em milímetro.
A Figura 10 mostra, de forma ampliada, como se faz isso.

Leitura final = 21,5mm

Fig. 10

SENAI–RJ 55
Fundamentos de medição industrial – Régua graduada

Leitura no sistema inglês


ordinário
Nesse sistema, cada polegada na escala pode ser dividida em 2, 4, 8, 16 e 32 partes
iguais. Algumas escalas de precisão chegam a apresentar 32 divisões por polegada,
enquanto as demais só apresentam frações de polegada. A Figura 11 mostra essa divi-
são da polegada em 16 partes iguais, representando a polegada em tamanho ampliado.

Fig. 11

Observe que na Figura 11 estão indicadas somente frações de numerador ímpar.


Isso acontece porque, sempre que houver numeradores pares, a fração é simplificada
até se chegar a uma fração com numerador ímpar.
Na escala da Figura 11, a primeira fração é 1’’/16, que corresponde à marcação da
primeira divisão das 16 partes iguais.
A segunda fração é 2”/16, que corresponde à segunda divisão das 16 partes iguais.
No processo de simplificação das frações (onde basta dividir por 2), chega-se à 1”/8.
6”
Veja como fica a fração , que corresponde à marcação da sexta parte das 16
16
divisões.

6” 3”
=
16 8

e assim por diante...

A leitura na escala consiste em observar qual traço coincide com a extremidade


do objeto que se quer medir. Na leitura, deve-se observar sempre a altura do traço,
porque ele facilita a identificação das partes em que a polegada foi dividida. O traço
mais alto, por exemplo, indica medida inteira.

56 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Régua graduada

Fig. 12

1”
Assim, o objeto medido na Figura 12 tem 1 (uma polegada e um oitavo de
8
polegada) de comprimento.
A seguir, um exemplo de leitura com parte estimada.

Leitura:
27/32” → parte inteira
1/64” → parte estimada
55/64” → leitura final

Fig. 13

Apresentamos, a seguir, alguns aspectos do processo de medição. Medir está estrei-


tamente relacionado a ler com os instrumentos.

Normas gerais de medição


Medir é uma operação simples, porém só poderá ser bem efetuada por aqueles que
se preparam para tal fim.
O aprendizado de medição deverá ser acompanhado por treinamento, quando o
aluno será orientado segundo as normas gerais de medição.

SENAI–RJ 57
Fundamentos de medição industrial – Régua graduada

Normas gerais de medição:


1. Tranquilidade.
2. Limpeza.
3. Cuidado.
4. Paciência.
5. Senso de responsabilidade.
6. Sensibilidade.
7. Finalidade da posição medida.
8. Instrumento adequado.
9. Domínio sobre o instrumento.

Imbuído das habilidades e dos comportamentos citados, bem como aparelhado


adequadamente, o trabalhador pode efetuar medições corretas.

Recomendações e cuidados
com a régua
O instrumento de medição é, como temos visto, o elemento principal do processo.
Assim, são necessários cuidados importantes tanto para garantir a confiabilidade nos
resultados de sua medição quanto para manter a sua régua em condições de utilização.
Confira:
• Antes de iniciar a medição, limpe bem a régua e a superfície do objeto (ou peça).

Fig. 14

• Examine se as peças a medir não têm rebarbas que possam danificar as faces
de medição da régua.

58 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Régua graduada

• Ao final da medição, limpe a régua com um pano limpo. Caso a régua seja de
aço-carbono, aplique sobre ela, para evitar corrosão, uma fina camada de óleo
de proteção.

Fig. 15

• Evite o erro de paralaxe ao fazer a leitura. Posicione sua vista em direção


perpendicular à
escala graduada.

• Evite que a régua caia ou a Paralaxe: deslocamento aparente


escala fique em contato com de um objeto quando se muda o
as ferramentas comuns de ponto de observação.
trabalho.
• Evite riscos ou entalhes que
possam prejudicar a leitura da graduação.
• Não flexione a régua; isso pode empená-la ou quebrá-la.
• Não exponha a régua ao calor, inclusive aos raios solares.

• Não utilizá-la para bater em outros objetos.


• Guarde-a em ambiente de baixa umidade.
• Guarde sempre a régua em sua capa ou estojo adequado.

Fig. 16

SENAI–RJ 59
Paquímetro
Nesta unidade

Introdução

Tipos e usos

Leitura com paquímetro

3
Fundamentos de medição industrial – Paquímetro

Introdução
O paquímetro é um instrumento de medição que utiliza normalmente o princípio
do “Nônio” ou “Vernier”, sendo o mais usado na usinagem mecânica. O paquímetro
é adotado para efetuar medições externas e de profundidade.

A palavra “Nônio” teve origem no nome do matemático português Pedro


Nunes (1492-1577), professor da Universidade de Coimbra.
Quanto à palavra “Vernier”, originou-se do nome do geômetra francês Pierre
Vernier (1580-1637).
Nônio/Vernier – Nome dado às duas partes móveis de alguns instrumentos de
medição. Elas possuem divisões diferentes daquelas da escala dos instrumentos.

O aço é o material normalmente empregado na fabricação de paquímetros, sendo


o aço inoxidável usado naqueles de excelente qualidade.
Os aços são temperados e estabilizados para apresentarem as características ade-
quadas de dureza, indeformabilidade em função do tempo e resistência do uso.

Fig. 1

SENAI–RJ 63
Fundamentos de medição industrial – Paquímetro

Você já viu e conhece a régua graduada. Então, você pode observar na Figura 2
que o paquímetro é constituído basicamente de uma régua fixa e um conjunto inferior e
superior de peças corrediças, denominadas nônio. A parte fixa é uma régua temperada
e graduada com uma ponta de medição fina. O conjunto do nônio corrediço combina
ponta móvel com placa do nônio, parafuso de fixação e porca de ajuste fino.
A parte móvel com o nônio desliza sobre a régua graduada até que as duas pontas
de contato toquem a peça a ser medida.
O princípio do nônio é aplicado a muitos instrumentos, tais como traçadores ver-
ticais, calibradores de profundidade, paquímetros para engrenagens etc.

2 2 9 8 5

3
4
1 1. Bicos para medição externa
7 6 2. Bicos para medição interna
3. Vareta para medição de profundidade
4. Superfície de traçagem
5. Cursor
6. Escala graduada
7. Nônios
8. Parafuso de fixação
9. Superfície de referência para traçagem

Fig. 2

Tipos e usos
Muitas são as variedades de paquímetros, cada qual com uma ou mais finalidades
principais, tais como medições de comprimentos internos e externos dos objetos, medi-
ções de ranhuras, roscas rodas, dentadas etc. Com relação à capacidade de medição, há
paquímetros de 150, 200, 300, 500 e 1.000mm e de fabricação especial de 1.500, 2.000,
2.500, 3.000mm. Apresentamos, a seguir, as principais variedades de paquímetros.

64 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Paquímetro

Fig. 3

• Paquímetro universal: Modelo convencional com quatro possibilidades de


acesso ao lugar da medição.

Medição interna Medição externa Medição de Medição de altura


profundidade

Fig. 4

É utilizado em medições internas, externas, de profundidade e de altura (ressaltos).


Trata-se do tipo mais usado.
Veja nas Figuras 5 e 6 algumas aplicações na montagem de um motor de automóvel.

Fig. 5 Fig. 6

SENAI–RJ 65
Fundamentos de medição industrial – Paquímetro

• Paquímetro com relógio de leitura: O cursor movimenta-se através de uma


cremalheira na escala principal, o que permite a incorporação do sistema de leitura
com o ponteiro giratório. Permite uma leitura mais simples e livre de erros, agilizando
a medição interna, externa, de profundidade e de ressalto.

Fig. 7

• Paquímetro com bico de medição articulada: O bico de medição do cursor


possui movimento tipo “dobradiça” que permite + 90º de movimentação, para medição
entre faces de diâmetros diferentes, tais como peças cônicas ou peças com rebaixos
com medidas variadas (Figuras 8 e 9).

Fig. 8

Fig. 9

66 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Paquímetro

• Paquímetro com superfície de medição de metal duro: Este modelo possui pas-
tilhas de metal duro nos bicos de medição principais. Especialmente desenvolvido para
medições de eixos realizadas em grandes quantidades, o que causa desgaste das pontas.

Superfícies de medição de metal duro

Fig. 10

• Paquímetro com ajuste fino: Possui um pequeno dispositivo com parafuso e


porca recartilhada que permite a movimentação lenta do cursor para o ajuste de medidas.

Fig. 11

• Paquímetro com leitura por relógio e contador mecânico: A leitura da medida


principal é feita no contador mecânico e o seu complemento, no relógio.

Fig. 12

SENAI–RJ 67
Fundamentos de medição industrial – Paquímetro

• Paquímetro para serviços pesados: Geralmente fabricado para capacidades


acima de 300mm, este instrumento possui um corpo mais robusto. A medição interna
é feita com bicos reforçados no lugar das orelhas convencionais.

Fig. 13

• Paquímetro com leitura digital eletrônica (Modelo Solar): Além das caracte-
rísticas gerais de um instrumento com leitura digital, este modelo dispensa a utilização
de baterias, podendo operar em ambientes com iluminação normal, tanto com luz do
dia quanto com lâmpada de qualquer tipo.

Fig. 14

• Paquímetro com leitura digital eletrônica: A leitura da medição é feita no


visor LCD (cristal líquido), o que elimina os erros do operador, erro de paralaxe e os
originários de graduação por traços. Isso torna possível uma leitura de maior exatidão
(0,01mm e .0005’).

Fig. 15

68 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Paquímetro

• Paquímetro com bico de formas especiais: Este tipo possui uma grande varie-
dade de formas e tamanhos de bicos de medição e permite a realização de medições de
pontos, superfícies e espaços de difícil acesso, especialmente internos, como diâmetros
de fundo de canais, distâncias entre canais, espessuras de paredes etc.

Fig. 16

• Paquímetro para medição de profundidade: Consiste em uma escala principal


sem bico de medição e um cursor especial com duas partes para apoiar na peça.

Fig. 17

Com isso, ele permite a medição de profundidade de furos não vazados, rasgos,
rebaixos etc. Esse tipo de paquímetro pode apresentar haste simples ou haste com
gancho. Veja na Figura 18 duas situações de uso do paquímetro de profundidade.

SENAI–RJ 69
Fundamentos de medição industrial – Paquímetro

Haste com
Haste simples gancho

Fig. 18

• Paquímetro para medição de materiais moles: Possui um dispositivo que


permite ajustar a pressão de medição do cursor.

Fig. 19

• Traçador de altura: Esse instrumento baseia-se no mesmo princípio de fun-


cionamento do paquímetro, apresentando a escala fixa com cursor na vertical. É em-
pregado na traçagem de peças, para facilitar o processo de fabricação e, com auxílio
de acessórios, no controle dimensional.

70 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Paquímetro

Traçador
vertical
master
STARRETT
254

Botão de
ajuste fino
Ponta de
traçagem
esférica

Fig. 20

• Paquímetro para engrenagens: Mede a espessura da corda, ou a espessura


do diâmetro primitivo do dente da engrenagem em dois centésimos de milímetro ou
em um milésimo de polegada. Nesse único instrumento combinam-se as funções do
paquímetro e do calibrador de profundidade.

Porca de ajuste fino

Placa do nônio
Lâmina
vertical Parafusos de fixação

Lâmina
horizontal Porca de ajuste fino
Placa do nônio

Fig. 21

SENAI–RJ 71
Fundamentos de medição industrial – Paquímetro

A lâmina vertical é ajustada na profundidade por meio da sua porca de ajuste fino,
de modo que, ao tocar o topo do dente da engrenagem, os bicos do paquímetro estarão
perfeitamente posicionados para medir o diâmetro primitivo do dente da engrenagem.
A lâmina horizontal é então usada para se obter a espessura da corda do dente da engre-
nagem através da sua porca de ajuste fino.
O procedimento para a leitura de todos esses tipos de paquímetros é exatamente
igual ao dos paquímetros comuns.

A seguir, apresentaremos os procedimentos relativos à leitura das medições com


estes instrumentos.

Leitura com paquímetro


Agora que você já conhece o princípio do paquímetro e os principais tipos, vamos
ao entendimento das formas de leitura.
Didaticamente, concentraremos nossos estudos no paquímetro universal, desta-
cando o “nônio” ou “vernier”, que são as escalas móveis de um paquímetro e que se
apresentam em três formas, a saber:
• Sistema métrico
• Sistema inglês ordinário
• Sistema inglês decimal

Para começar, retomaremos algumas questões relacionadas à resolução, primordial


para a seleção do instrumento ideal para cada caso de medida a ser verificada e sua
tolerância.
Na Unidade 2, item Resolução/Valor de uma divisão, recomenda-se que o instru-
mento possua uma leitura no mínimo igual à décima parte do campo de tolerância da
peça, ou, no pior dos casos, igual à quinta parte.
Relembremos o mesmo exemplo: Se a peça possui uma medida de ± 0,25mm, o
seu campo de tolerância é igual a 0,50mm. Nesse caso, um instrumento com leitura de
0,05mm será o ideal, porém outro com leitura de 0,10mm ainda poderia ser utilizado.

Leitura ≤ IT/10 (ideal)


Leitura ≤ IT/5 (mínimo)
Sendo IT o campo de tolerância

72 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Paquímetro

As resoluções mais encontradas nos paquímetros são:

• 0,1mm, 0,05mm e 0,02mm (no sistema métrico).

1”
• (no sistema inglês ordinário).
128

• 0,001” (no sistema inglês decimal).

Vamos, então, aos procedimentos de leitura em cada sistema.

Sistema métrico
Resolução/Valor de uma divisão
No paquímetro, o nônio possui uma divisão a mais do que aquela adotada na escala
fixa. Logo, está dividido em partes menores do que a menor divisão da escala principal,
como pode ser observado na Figura 22.

Nônio

Cursor
Nônio escala fixa
0 10

0 10
escala do cursor (nônio)

Fig. 22

No sistema métrico, há paquímetros em que o nônio possui dez divisões equiva-


lentes a nove milímetros (9mm), o que vai acarretar uma diferença de 0,1mm entre o
primeiro traço da escala fixa e o primeiro traço da escala móvel. Vejamos na Figura 23.

SENAI–RJ 73
Fundamentos de medição industrial – Paquímetro

0,1mm

0,1mm 1º traço (escala fixa)


0,1mm

1º traço (escala móvel)

escala fixa
0,1mm
0 1mm 10

0
0,9 0,1 10

Nº de divisões do nônio (N + 1)
escala móvel

Fig. 23

Essa diferença é de 0,2mm entre o segundo traço de cada escala; de 0,3mm entre
o terceiro traço de cada escala, e assim por diante.

escala graduada fixa


0,3
0 0,2 10
0,1

escala graduada móvel

Fig. 24

Você necessita compreender tais divisões, em função dos cálculos a serem reali-
zados nas medidas.

Cálculo de resolução
As diferenças entre a escala fixa e a escala móvel de um paquímetro podem ser
calculadas pela sua resolução.

A resolução é a menor medida que o instrumento oferece.

74 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Paquímetro

Nos paquímetros, a resolução é calculada utilizando a seguinte fórmula:

UEF
Resolução:
NDN

Onde:
UEF = unidade da escala fixa
NDN = número de divisões do nônio

Exemplos:
UEF = 1mm
NDN = Nônio com 10 divisões

1mm
Resolução = = 0,01mm
10 divisões

UEF = 1mm
NDN = Nônio com 20 divisões

1mm
Resolução = = 0,05mm
20 divisões

UEF = 1mm
NDN = Nônio com 50 divisões

1mm
Resolução = = 0,02mm
50 divisões

• O nônio inferior é o destinado ao sistema métrico, enquanto o superior


pode ser o inglês ordinário ou decimal.
• Visando facilitar o entendimento da resolução, o seu valor, geralmente, vem
gravado no nônio do instrumento, como na Figura 25.

SENAI–RJ 75
Fundamentos de medição industrial – Paquímetro

Fig. 25

Leitura
Agora é possível passar aos procedimentos para se obter a indicação do valor for-
necido pelo paquímetro. Ou seja, passaremos aos procedimentos de leitura.
• Primeiro passo: ler sempre do zero da escala principal ao zero do nônio.
• Segundo passo: verificar qual traço do nônio coincide com um traço da escala
principal. Quando o traço até o zero do nônio coincidir com um traço da escala principal,
nos paquímetros com escala em milímetros, você deverá contar o número de traços do
zero da escala principal ao zero do nônio. Estes traços representam a leitura em mm
(parte inteira da medida). Adicione a este número o número de zeros correspondentes
aos algarismos significativos que indiquem a resolução do paquímetro.
Na Figura 26, podemos observar um paquímetro com escala em milímetros, com
o traço do zero do nônio coincidindo com um traço da escala principal. No caso, está
no traço menor após o 10mm da escala principal.
Se contarmos o número de traços do zero da escala principal até onde se encontra
o zero do nônio, chegamos a 10mm mais um traço da escala fixa: 11mm.

Escala principal

Fig. 26

Número de zeros a ser


Resolução do paquímetro
adicionado à parte decimal
1mm/10 = 0,1mm 1
1mm/20 = 0,05mm 2
1mm/50 = 0,02mm 2

76 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Paquímetro

Leitura:
11,00mm → Escala principal
+
0,00mm → Nônio
–––––––––––
11,00mm → Leitura final

Quando o traço do zero do nônio coincidir com um traço qualquer da


escala principal, o traço “10” do nônio também estará coincidindo com outro traço
da escala principal.

Neste ponto podemos passar para a leitura quando o traço do zero do nônio não
coincidir com um traço da escala principal, ou seja, quando o traço do zero do nônio
ficar entre dois traços da escala principal. Nesse caso, você deverá contar o número
de traços, do zero da escala principal ao traço que está à esquerda do zero do nônio.
Estes traços correspondem à leitura em milímetros (parte inteira da medida). Para
determinar a parte decimal, verifique qual traço do nônio coincide com um traço da
escala principal e adicione o valor lido no nônio.

Na Figura 27, temos um exemplo desse caso. Nela, o paquímetro com escala em milí-
metro está com o traço do zero do nônio não coincidindo com um traço da escala principal.

Fig. 27

Leitura:
116,00mm → Escala principal
+
0,88mm → Nônio
–––––––––––
116,88mm → Leitura final

SENAI–RJ 77
Fundamentos de medição industrial – Paquímetro

Agora, vamos praticar a leitura em diferentes situações.


Faça a leitura e escreva as medidas nas linhas pontilhadas.

Leitura = .............................mm Leitura = ............................mm

Leitura = .............................mm Leitura = ............................mm

Leitura = .............................mm Leitura = ............................mm

Leitura = .............................mm Leitura = ............................mm

Leitura = .............................mm Leitura = ............................mm

78 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Paquímetro

Sistema inglês ordinário


Resolução/Valor de uma divisão
O princípio é o mesmo daquele visto no sistema métrico.
O valor do menor traço da escala principal é 1/16” (polegada dividida em
16 partes), e o nônio é composto por oito divisões, conforme Figura 28.

Nônio

Fig. 28

Logo,
UEF
Resolução (R) =
NDN

Onde:
UEF = unidade da escala fixa
NDN = número de divisões do nônio

Assim,

1 1 1 1 1
R = = - 8 = x =
16 16 16 8 128
8

1”
Cada divisão do nônio vale .
128

2 1
Duas divisões corresponderão a ou , e assim por diante.
128 64

Vejamos os procedimentos de leitura no sistema inglês.

SENAI–RJ 79
Fundamentos de medição industrial – Paquímetro

Leitura
No caso dos paquímetros com escala em polegadas, deve-se contar o número de
divisões do zero da escala principal ao zero do nônio e multiplicar este número pelo
valor de uma divisão da escala principal.
Vejamos alguns exemplos:

Exemplo 1
Paquímetro com escala em polegada, quando o traço do zero no nônio coincidir
com um traço da escala principal.

Fig. 29

Leitura:

7”
4 → Escala principal
16

0”
→ Nônio
128

7”
4 → Leitura final
16

Nos paquímetros com escala em polegadas, você deverá contar o número de traços
do zero da escala principal ao traço que fica à esquerda do zero do nônio e multiplicar
este número pelo valor de uma divisão da escala principal.
A parte adicional será obtida contando-se o número de traços do zero do nônio ao
ponto que coincidir com um traço da escala principal e multiplicando-se este número
pelo valor da resolução do paquímetro.

80 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Paquímetro

Exemplo 2
Paquímetro com escala em polegada, quando o traço do zero do nônio não coincidir
com um traço da escala principal.

Fig. 30

1º passo: Contar os traços da escala principal até o traço à esquerda do zero


do nônio.
1”
2º passo: Adicionar o valor do nônio:
128

Leitura:

5”
4 → Escala principal
16

1”
→ Nônio
128

41”
4 → Leitura final
128

Exemplo 3

Fig. 31

SENAI–RJ 81
Fundamentos de medição industrial – Paquímetro

Leitura:

3”
1 → Escala principal
16

5
→ Nônio
128

29
1 → Leitura final
128

Exemplo 4

Fig. 32

Leitura:

1”
→ Escala principal
16

6”
→ Nônio
128

7”
→ Leitura final
64

Você deve ter percebido que medir em polegada fracionada exige operações
mentais. Para facilitar a leitura desse tipo de medida, recomendamos os seguintes
procedimentos:
1º passo: Verifique se o zero do nônio coincide com um dos traços da escala fixa. Se
coincidir, faça a leitura somente da escala fixa.

82 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Paquímetro

Fig. 33

1”
Leitura: 7
4

2º passo: Quando o zero do nônio não coincidir com um traço da escala principal,
verifique qual dos traços do nônio está nessa situação e faça a leitura do nônio.
3º passo: Verifique na escala fixa quantas divisões há antes do zero do nônio.
4º passo: Sabendo que cada divisão da escala fixa equivale a

1 2 4 8
= = = ,
16 32 64 128

e com base na leitura do nônio, escolhemos uma fração da escala fixa de mesmo
denominador. Esta fração escolhida corresponde à menor divisão da escala principal
com denominador igual ao da leitura do nônio. Vejamos o exemplo.

3” 4”
Leitura do nônio → fração escolhida da escala fixa
64 64

7” 8”
Leitura do nônio → fração escolhida da escala fixa
128 128

5º passo: Multiplique o número de divisões da escala fixa (3º passo) pelo numerador da
fração escolhida (4º passo). Some com a fração do nônio (2º passo) e faça a leitura final.

Exemplos de leitura utilizando os passos, quando o zero do nônio não coincidir.


Nesse caso, podemos pular o 1º passo e ir direto ao 2º passo.

SENAI–RJ 83
Fundamentos de medição industrial – Paquímetro

Exemplo 1
7”
Medição com leitura final
64

Fig. 34

3”
2º passo → o traço do nônio está em
64

3º passo → quantas divisões há antes do zero do nônio? Uma divisão.

3” 4”
4º passo → fração escolhida
64 64

Multiplicar o número de divisões da escala fixa (3º passo), no caso uma divisão,
pelo numerador da fração escolhida (4º passo) 4/64. A seguir, somar o resultado com
a fração do nônio (2º passo).

4” 3” 7”
5º passo → 1 x + =
64 64 64

Exemplo 2

Fig. 35

84 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Paquímetro

3”
2º passo → (leitura do nônio)
128

3º passo → 2” + 8 divisões

3” 8”
4º passo → fração escolhida
128 128

67”
Leitura final: 2
128

Agora vamos ver alguns procedimentos inversos, nos quais você deve colocar a
medida no paquímetro em polegada fracionária.
Nessa situação, os passos são os seguintes:
1º passo: Verificar se a fração tem denominador 128. Se não tiver, deve-se substituí-la
pela sua equivalente, com denominador 128.

Exemplo:

9”
não tem denominador 128. Então, vamos procurar um equivalente
64
9
multiplicando por 2.
64

9” 18”
→ é uma fração equivalente, com denominador 128.
64 128

2º passo: Dividir o numerador por 8.

Observação: o numerador é dividido por 8, pois 8 é o número de divisões


do nônio.

SENAI–RJ 85
Fundamentos de medição industrial – Paquímetro

Utilizando o exemplo anterior:

18 8
2 2
resto quociente

3º passo: O quociente 2 indica a medida na escala fixa; o resto 2 mostra o número do


traço do nônio que coincide com um traço da escala fixa.

Fig. 36

25”
Vamos aplicar os passos em um caso em que o paquímetro abriu na medida .
128

Como a fração já está com denominador 128, vamos direto ao 2º passo: dividir o
numerador por 8.

25 8
1 3
resto quociente

4º passo: Tendo como quociente 3 e resto 1, vemos que o paquímetro deverá indicar
o 3º traço da escala fixa e apresentar o 1º traço do nônio coincidindo com um traço da
escala fixa.

Fig. 37

86 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Paquímetro

Exercícios
Teste sua aprendizagem fazendo os exercícios de leitura a seguir. Leia cada uma das
medidas em polegada milesimal e escreva a medida na linha abaixo de cada desenho.

Leitura = ............................. Leitura = ............................

Leitura = ............................. Leitura = ............................

Leitura = ............................. Leitura = ............................

Leitura = ............................. Leitura = ............................

Leitura = ............................. Leitura = ............................

SENAI–RJ 87
Fundamentos de medição industrial – Paquímetro

Sistema inglês decimal


Resolução/Valor de uma divisão
Seguindo o mesmo princípio das resoluções nos dois sistemas anteriores, veremos a
divisão na escala fixa. Nesse caso, uma polegada está dividida em 40 partes iguais. Assim,
cada divisão tem 1/40, portanto, cada parte (traço) da escala fixa corresponde a 0,025”.
Na escala móvel, ou nônio, há 25 divisões, conforme a Figura 38.

25 divisões Placa de nônio

Fig. 38

UEF
Consequentemente, chegamos à Resolução =
NDN

Onde:
UEF = unidade da escala fixa
NDN = número de divisões do nônio

Assim,

0,025
R = = 0,001”
25

Cada divisão do nônio vale 0,001”. Duas divisões corresponderão a 0,002”,


e assim por diante.
Passemos, então, aos procedimentos de leitura nestas situações.

Leitura
O procedimento para leitura é o mesmo que o para a escala em milímetros.
1º passo: Contar o número de divisões do zero da escala principal ao zero nônio.
2º passo: Multiplicar este número pelo valor de uma divisão da escala principal.
3º passo: Adicionar o valor obtido no 2º passo ao valor lido na escala do nônio.

88 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Paquímetro

Exemplo 1
No exemplo da Figura 39, o paquímetro com escala em polegada está com o traço
zero do nônio coincidindo com um traço da escala principal.

Fig. 39

Leitura:
0,175”mm → Escala principal
+
0,000”mm → Nônio
–––––––––––
0,175”mm → Leitura final

Nota: 0,175”, pois contabilizamos 7 (sete) traços da escala fixa. Logo:


7 x 0,025” = 0,175”.

Exemplo 2
Neste exemplo, no paquímetro com escalas em polegada, o traço do zero do nônio
não está coincidindo com o traço da escala principal.

Fig. 40

Leitura:
0,400”mm → Escala principal
+
0,005”mm → Nônio
–––––––––––
0,405”mm → Leitura final

SENAI–RJ 89
Fundamentos de medição industrial – Paquímetro

Passemos, agora, a alguns exercícios de aplicação dessas noções, fazendo a leitura


das medidas de cada figura.

Leitura = .............................

Leitura = .............................

Leitura = .............................

Leitura = .............................

Assim como no caso da régua graduada, alguns cuidados são necessários à con-
servação do paquímetro. Aliás, isso é válido para qualquer instrumento de trabalho.

90 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Paquímetro

Recomendações e cuidados com o


paquímetro
Para a manipulação e conservação adequada do paquímetro, fazem-se as seguintes
recomendações:
• Selecionar o paquímetro mais adequado para atender plenamente a necessidade
de medição (exatidão e capacidade de medição).
• Verificar se o movimento do cursor é suave e sem folgas em toda a sua capacidade
útil.
• Evitar choques, arranhões e oxidações.
• Manter o paquímetro sempre limpo, evitando depósitos de poeira ou de outras
matérias.
• Não expor o paquímetro ao calor, inclusive aos raios solares.
• Examinar se as peças a medir não têm rebarbas que possam danificar as faces de
mediação do paquímetro.
• Utilizar, sempre que possível, o tipo de paquímetro adequado à parte da peça a ser
medida.
• Nunca executar medições em peças que estejam, em virtude do processo de usi-
nagem, com a temperatura maior ou menor do que a do ambiente. Deixe ocorrer o
equilíbrio térmico da peça com o ambiente, antes de se efetuar a medição. Reco-
menda-se que a temperatura do ambiente seja mais próxima possível da referência,
isto é, 20ºC.
• Utilizar as orelhas de medição unicamente para medir ranhuras, furos e partes
congêneres.
• Não colocar/guardar os paquímetros com ferramentas para as quais não sejam
requeridos os mesmos cuidados e tratamentos.
• Usar, para depositar os paquímetros, uma peça de madeira, um tapete de borracha,
pano ou camurça, e não colocá-los sobre o barramento ou mesa de máquina.
• Colocar a peça a medir o mais perto possível da régua principal, para evitar inclina-
ção do cursor ao efetuar a leitura.
• Sempre levar o paquímetro à peça a medir, e não o contrário.
• Nunca medir peças em movimento.
• Ao terminar o trabalho, guardar o paquímetro em seu respectivo estojo, deixando
as faces de medição ligeiramente abertas.

SENAI–RJ 91
Fundamentos de medição industrial – Paquímetro

• Nunca utilizar o paquímetro para outras finalidades, que não as suas próprias, tais
como traçar riscos com as pontas de medição interna.
• Fazer a leitura olhando frontalmente as escalas, podendo ser utilizada para facilitar
a leitura do nônio.
• Manter as faces de medição e da peça sempre limpas.

Fig. 41

• Nas medições internas, ao fazer a leitura empregando um paquímetro em que o


cursor seja travado mediante o dispositivo que utiliza mola, afrouxar a pressão de
mediação para que o cursor volte à posição normal.
• Executar as medições exercendo uma ligeira pressão, para assegurar o contato
entre as superfícies de medição do instrumento e a peça, lembrando que a exatidão
da leitura depende de uma pressão de contato moderada.
• Controlar sistematicamente a exatidão do paquímetro, verificando se o traço inicial
do nônio de vernier coincide com o traço zero da escala principal. Nesta posição,
não deve transparecer qualquer fenda de luz por entre as faces de medição. Veja
na Figura 42.

Fig. 42

92 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Paquímetro

• Manter sempre as pernas dentro do plano de medição. Por exemplo, ao medir o


diâmetro de uma barra, manter os bicos de medição no plano da seção transversal
da barra; ao medir o diâmetro interno de um cilindro, manter o plano das orelhas
perpendiculares ao plano diametral do cilindro.

Medição interna Medição externa Medição de profundidade

Incorreto

Incorreto
Incorreto

Correto Correto
Correto

Fig. 43

Medição de profundidade Medição interna Medição de ressaltos

Incorreto
Incorreto Embora perpendicular,
o apoio é pequeno.

Incorreto Correto

Correto
Correto Sendo possível, deve-se
preferir um apoio maior.

Fig. 44

Medição de furos Medição de ranhuras

Incorreto Correto Incorreto Correto

Fig. 45

SENAI–RJ 93
Fundamentos de medição industrial – Paquímetro

• Evitar o erro de paralaxe ao fazer a leitura. Posicionar sua vista em direção perpen-
dicular à escala principal e ao nônio. A Figura 46 mostra o motivo: posicionando-se
de modo incorreto, o nônio fica, visualmente, em plano mais elevado que o da escala
principal, podendo acarretar erro de leitura.

Fig. 46

Assim, a observação da leitura de um instrumento deve ser feita sempre na direção


perpendicular às escalas principal e secundária.

Fig. 47

Habilidade do Operador
A falta de prática ou desconhecimento do sistema de medição pode ser uma fonte
importante de erros.
Recomenda-se efetuar práticas de medição utilizando peças precisas, com valores
conhecidos (por exemplo, blocos-padrão, pinos calibrados, anéis-padrão etc.), e
medir repetidas vezes com diversos instrumentos, para adquirir habilidade com os
instrumentos de medição.

94 SENAI–RJ
Micrômetro
(externo e interno)
Nesta unidade

Introdução

Nomenclatura básica do micrômetro

Tipos e usos

Resolução/Valor de uma divisão

Sistema métrico

Sistema inglês decimal

Recomendações e cuidados com o micrômetro

4
Fundamentos de medição industrial – Micrômetro (externo e interno)

Introdução
O micrômetro é um instrumento de medição de comprimentos. Sua precisão é
maior do que a do paquímetro, permitindo medir, por leitura direta, dimensões com
aproximação de 0,01mm ou mesmo de 0,001mm (um mícron). Daí, esse instrumento
ser chamado de “micrômetro”.

Fig. 1

Na medição e leitura com este instrumento, você deverá estar atento a


duas escalas: a do cilindro, ou bainha, e a do tambor.

O micrômetro permite a medição


de comprimento de 0mm a 25mm,
de 25mm a 50mm... 2.000mm. Seu
Passo do parafuso: corresponde ao
funcionamento baseia-se no avanço deslocamento quando o parafuso dá
de um parafuso micrométrico. O uma volta completa.
passo do parafuso é de 0,5mm, e

SENAI–RJ 97
Fundamentos de medição industrial – Micrômetro (externo e interno)

cada volta divide-se em aproximadamente 50 partes iguais, podendo, ainda, conter


um nônio.

Nomenclatura básica do
micrômetro
Vamos conhecer, na Figura 2, as principais partes de um micrômetro.

Fig. 2

Passemos, agora, a detalhar os tipos de micrômetros e seus diferentes usos.

Tipos e usos
Para começar a abordar os tipos de micrômetros, é importante saber que eles se
caracterizam pela capacidade e pela aproximação da leitura:
Pela capacidade, os micrômetros podem medir objetos que variam de 0mm a 25mm, de
25mm a 50mm... de 1.975mm a 2.000mm.
Pela aproximação de leitura, podem ser de 0,01mm e 0,001mm ou de 0,001” e
de 0,0001”.
No micrômetro de 0mm a 25mm, quando as faces das pontas estão juntas, a bor-
da do tambor coincide com o traço zero da bainha. A linha longitudinal, gravada na
bainha, coincide com “zero” da escala centesimal do tambor.

98 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Micrômetro (externo e interno)

Fig. 3

Os micrômetros podem ser do tipo externos ou internos, dependendo da medida


que se precisa fazer: externa ou interna.

Micrômetro externo
Há, para medição externa, micrômetros com leitura digital direta. Seu visor indica
a medida obtida em milímetros e centésimos de milímetros.

Fig. 4

Os micrômetros externos podem ter batentes intercambiáveis.

Fig. 5

SENAI–RJ 99
Fundamentos de medição industrial – Micrômetro (externo e interno)

Veja, na Figura 6, uma aplicação na medição de um eixo.

Fig. 6

Micrômetros de profundidade
Há, também, micrômetros com leitura digital e com base e hastes temperadas,
retificadas e lapidadas; trava, catraca e hastes intercambiáveis.
Os micrômetros de profundidade são um tipo de micrômetro externo com uma
cabeça micrométrica acoplada a uma base plana, com superfície de apoio lapidada.
Há basicamente dois tipos: com haste única e com hastes intercambiáveis.

Fig. 7

Vejamos outros tipos de micrômetros externos.

100 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Micrômetro (externo e interno)

Micrômetros externos com relógio


comparador embutido
• Pode ser utilizado como calibrador ajustável “passa não passa”.
• Possui ajuste do zero.
• Curso de retração do batente: 2mm (.08”).
• Força de medição: 5 ~ 10N.
• Fuso com diâmetro de 8mm.
• Pontas de medição de metal duro.
• Alavanca de retração do batente com dois braços a 90º.

Fig. 8

Micrômetros externos com pontas finas


• Pontas de medição de metal duro.
• Os micrômetros desse tipo, com capacidade de 50mm ou 2” e superiores, são
fornecidos com barra-padrão para aferição.

Fig. 9

SENAI–RJ 101
Fundamentos de medição industrial – Micrômetro (externo e interno)

Micrômetros externos com pontas cônicas


• Ângulos das pontas de medição de 15º ou 30º.
• Os micrômetros desse tipo, com capacidade de 50mm ou 2”, são fornecidos com
barra-padrão para aferição.

Fig. 10

Micrômetros externos com batente em “V”


• Utilizados para medir diâmetro externo de ferramentas com 3 ou 5 cortes.
• Fornecidos com padrão de aferição.

Fig. 11

102 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Micrômetro (externo e interno)

Micrômetros para roscas


• Utilizados para medição de diâmetro primitivo de roscas com indicação direta.
• Pontas de medição são opcionais.

Fig. 12

Micrômetros externos com arco profundo


para chapas
• Os micrômetros com arco de 300mm (12”) e 600mm (24”) possuem apoio para
arco.
• Pontas de medição de metal duro.
• Leitura: 0,01mm ou .001”.

Fig. 13

SENAI–RJ 103
Fundamentos de medição industrial – Micrômetro (externo e interno)

Micrômetros especiais do tipo externo


Micrômetro para trabalhos seriados – este tipo incorpora um relógio compara-
dor e um dispositivo de acionamento rápido que permite um controle por campo de
tolerância. Ele é utilizado em linhas de produção quando há necessidade de medições
contínuas de vários exemplares de uma mesma peça.

Fig. 14

Micrômetro para medição de materiais moles – neste tipo, o batente é montado


em um dispositivo especial que permite o controle de uma força de medição baixa
(100gf), e o fuso possui movimento não rotativo.

Fig. 15

Micrômetro de arco raso – utilizado para medir espessura em lugares de difícil


acesso.

Fig. 16

104 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Micrômetro (externo e interno)

Micrômetro de medição de dentes de engrenagem – utilizado para medir as


espessuras dos dentes de uma engrenagem reta.

Fig. 17

Micrômetro interno
Tipos de micrômetro interno
Para medição de partes internas empregam-se dois tipos de micrômetros:
• Micrômetro interno de três contatos.
• Micrômetro interno de dois contatos (tubular e tipo paquímetro).

Micrômetro interno de três contatos


Este tipo de micrômetro é usado exclusivamente para realizar medidas em su-
perfícies cilíndricas internas, permitindo a leitura rápida e direta. Sua característica
principal é a de ser autocentrante, por causa da forma e da disposição de suas pontas
de contato, que formam, entre si, um ângulo de 120º.

Fig. 18

SENAI–RJ 105
Fundamentos de medição industrial – Micrômetro (externo e interno)

Esse micrômetro é apropriado para medir furos roscados, canais e furos sem saída,
pois suas pontas de contato podem ser trocadas de acordo com a peça a ser medida.

Fig. 19

Para obter a resolução nesse tipo de micrômetro, basta dividir o passo do fuso
micrométrico pelo número de divisões do tambor.

passo do fuso micrométrico


Resolução =
número de divisões do tambor

Fig. 20

Deve-se respeitar, rigorosamente, os limites mínimo e máximo da capa-


cidade de medição, para evitar danos irreparáveis ao instrumento.

Micrômetros internos de dois contatos


Os micrômetros internos de dois contatos são: o tubular e o tipo paquímetro.

106 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Micrômetro (externo e interno)

Micrômetro interno tubular


O micrômetro tubular é empregado para medições internas acima de 30mm.
Devido à versatilidade ao uso intenso do micrômetro interno de três contatos, o
micrômetro de dois contatos tubular é usado somente em casos especiais, principal-
mente em medições de grandes dimensões.

Fig. 21

O micrômetro tubular utiliza hastes de extensão com dimensões de 25mm a


2.000mm. As hastes podem ser acopladas umas às outras. Nesse caso, há uma variação
de 25mm em relação a cada haste acoplada.
A Figura 22 ilustra o posicionamento deste tipo de micrômetro durante a medição.

errado
errado

certo certo

Fig. 22

Micrômetro interno tipo paquímetro


Esse micrômetro serve para medidas acima de 5mm e, a partir daí, varia de 25mm
em 25mm.

Fig. 23

SENAI–RJ 107
Fundamentos de medição industrial – Micrômetro (externo e interno)

Veja, na Figura 24, a utilização em um motor.

Fig. 24

A leitura com micrômetros internos dos tipos tubular e paquímetro é igual à leitura
efetuada com micrômetro externo.

A calibração dos micrômetros internos tipos paquímetro e tubular é


feita por meio de anéis de referência, dispositivos com blocos-padrão ou com
micrômetro externo. Os micrômetros internos de três contatos são calibrados
com anéis de referência.

Resolução/Valor de uma
divisão
O funcionamento de qualquer micrômetro assemelha-se ao sistema parafuso e
porca. Assim, tomando uma porca fixa e um parafuso móvel tem-se que uma volta
completa do parafuso provocará um deslocamento igual ao seu passo, ou seja, a menor
divisão da escala principal.

108 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Micrômetro (externo e interno)

Fig. 25

A resolução do micrômetro, quando este apresenta nônio ou vernier, é o menor


valor de deslocamento que pode ser medido. Assim, desta definição, temos que:

P
Resolução =
V · N

Onde:
P = passo do parafuso
N = número de divisões do tambor
V = número de divisões do nônio ou vernier

Quando o micrômetro não apresentar nônio, o valor de V será igual a 1. Então,


o valor de uma divisão do tambor será: o valor do passo do parafuso dividido pelo
número de divisões do tambor.

Valor de uma divisão: P/N

Para ambos os casos, o referencial para fazer a leitura encontra-se na bainha, como
sendo sua própria face lateral.

Assim, para tomar a leitura deve-se considerar primeiramente o valor do


traço do tambor que coincidir com a linha de referência da bainha.

SENAI–RJ 109
Fundamentos de medição industrial – Micrômetro (externo e interno)

No caso de micrômetro com nônio, deve-se acrescentar ainda o valor do traço do


nônio que coincide com um traço do tambor.

P
Resolução =
V · N

Fig. 26

Assim, temos:
a) Se a rosca micrométrica tem passo de 0,5mm e o tambor 50 divisões, o valor
de uma divisão do tambor do micrômetro será: 0,5 / 50 = 0,01mm.
b) Se for um micrômetro com nônio composto de dez divisões, a resolução desse
micrômetro será: 0,5 / 50 x 10 = 0,001mm.
c) Se a rosca micrométrica tem passo de .025” e o tambor 25 divisões, o valor de
uma divisão do tambor micrométrico será: .025 / 25 = .001”.
d) E, por último, se for um micrômetro com nônio composto de dez divisões, a
resolução deste micrômetro será: .025 / 25 x 10 = .0001”.

Sistema métrico
Como você já viu, o princípio de funcionamento do micrômetro baseia-se no des-
locamento de um parafuso micrométrico dentro de uma porca ajustável.

110 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Micrômetro (externo e interno)

O tambor permite leituras menores que a menor divisão da escala


principal. Para obtenção da menor parte da escala (resolução), observe quantas
divisões possui o tambor. Por exemplo, se ele possuir 50 divisões, e uma volta
inteira de tambor equivaler a 0,50mm, então cada divisão do tambor corresponderá
a 0,01mm.

Neste tópico, você aprenderá a obter a indicação da medição realizada com o


micrômetro com dois tipos de escala (métrica sem nônio e métrica com nônio), e a
bainha com nônio e sem nônio.
Primeiro passo: contar o número de divisões da linha de referência da bainha,
desde o traço inicial (que corresponde ao zero no micrômetro de 0mm a 25mm), até
o traço mais próximo à esquerda da aresta do tambor.
Segundo passo: verificar se algum traço do tambor coincide com a linha de refe-
rência da bainha, desde o traço zero do tambor até o último traço que coincida com a
linha de leitura.
Estes passos são comuns a todos os tipos de medição.

Fig. 27

Vejamos os procedimentos de medição em micrômetros graduados em centésimo


e milésimo de milímetros.

SENAI–RJ 111
Fundamentos de medição industrial – Micrômetro (externo e interno)

Graduado em centésimo de
milímetros (0,01mm)
Vejamos um exemplo na Figura 28.

Leitura: 5,78mm

Fig. 28

Considerando que o passo do fuso micrométrico é de meio milímetro (0,05mm),


uma volta do tambor faz avançar ou recuar o fuso micrométrico, em relação à ponta
de encosto, os mesmos 0,5mm.
A linha de leitura do cilindro, ou bainha, é graduada em milímetros (1mm), sendo
cada 5 milímetros numerados de 0 a 25. Cada milímetro é também dividido ao meio
(0,5mm) e são necessárias duas voltas do tambor para avançar ou recuar o fuso mi-
crométrico em 1mm.
A face chanfrada do tambor é graduada com 50 divisões, sendo cada cinco traços
numerados de 0 a 50. Considerando que uma volta do tambor avança ou recua o fuso
micrométrico em 0,5mm, cada traço equivale a 1/50 de 0,5mm, ou seja, 0,01mm. Da
mesma forma, dois traços equivalem a 0,02mm, três traços equivalem a 0,03mm etc.
Para ler o micrômetro, some o número de milímetros visíveis no cilindro ao núme-
ro de centésimos indicado no tambor que coincide com a linha de leitura do cilindro.
Acompanhe o raciocínio envolvido na medição:
• A graduação de 5mm do cilindro está visível ....................................... 5,0mm.
• Um traço adicional de 0,5mm do cilindro está visível ........................ 0,50mm.
• O traço 28 do tambor coincide com a linha de leitura do
cilindro, isto é, 28 x 0,01mm = ........................................................ 0,28mm.
• A leitura do micrômetro é ................................................................... 5,78mm.

112 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Micrômetro (externo e interno)

Você observou que o traço do tambor coincidiu com o traço da linha de referência
da bainha? Assim é fácil. Mas, e quando isso não acontecer, isto é, caso o traço do
tambor não coincida com o traço da linha da referência da bainha?
Quando isso ocorrer, temos duas opções:
1. Estimar o valor milesimal, nos casos de micrômetros sem nônio; ou
2. Efetuar a leitura no nônio, acrescentando o valor lido à leitura do tambor.

Então, vamos conhecer a opção 2, que é a dos micrômetros graduados em milésimo


de milímetro.

Graduado em milésimo de
milímetros (0,001mm)
O micrômetro com nônio permite resolução de 1/1.000 de milímetros (0,001mm).

Fig. 29

O princípio de funcionamento do nônio nos micrômetros é semelhante ao que você


estudou nos paquímetros. O nônio é uma escala de dez divisões gravadas na bainha e
seu comprimento corresponde a nove divisões da escala do tambor. A leitura é obtida
verificando-se qual o traço do nônio que coincide com um traço da escala do tambor.
O número do traço do nônio coincidente fornecerá a parte milesimal da leitura que,
por sua vez, deverá ser somada à parte centesimal, para compor a leitura.
Para ler o micrômetro, obtenha a leitura de 0,01mm da mesma maneira como já
foi explicado no item Graduado em centésimo de milímetros. Veja qual traço do nônio
coincide com o traço do tambor. Se for o traço marcado “1”, adicione 0,001mm; se
for o traço marcado “2”, adicione 0,002mm etc.

SENAI–RJ 113
Fundamentos de medição industrial – Micrômetro (externo e interno)

Primeiro exemplo:

20,000mm → Escala dos mm da bainha (A)


0,500mm → Escala dos meios mm da bainha (B)
0,110mm → Escala centesimal do tambor (C)
0,008mm → Escala milesimal do nônio (D)
––––––––––
20,618mm → Leitura final Resolução = 0,001mm

Fig. 30

Segundo exemplo. Verifique a Figura 31.

5,000mm → Escala dos mm da bainha


0,000mm → Escala dos meios mm da bainha
0,0mm → Escala centesimal do tambor
0,005mm → Escala milesimal do nônio

Fig. 31

114 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Micrômetro (externo e interno)

Sistema inglês decimal


Vamos verificar os cálculos de leitura no sistema inglês. Consequentemente, você
vai manusear micrômetros graduados em polegadas.

Graduado em milésimo de
polegadas (0,001”)

Fig. 32

Nesses tipos de micrômetros, o passo da rosca do fuso micrométrico é 1/40” ou 40


fios por polegada. Logo, um giro completo do tambor faz avançar ou recuar a ponta de
contato do fuso micrométrico em relação à ponta de encosto, exatamente 1/40” ou 0,025”.
No cilindro, a linha longitudinal é dividida em 40 partes iguais representadas por
40 traços verticais que correspondem ao número de fios do fuso micrométrico.
Dessa forma, cada traço vertical significa 1/40” ou 0,025”, e a cada quatro traços
aparece um mais longo que os outros, que representa a centena de milésimo (0,100”).
Por exemplo: o traço marcado “1” representa 0,100”; o traço marcado “2” representa
0,200”; o traço marcado “3” representa 0,300” etc.
No tambor, a face chanfrada é dividida em 25 partes iguais, sendo que cada traço
representa 0,001” e é numerado consecutivamente. Girando-se o tambor, cada vez que
se atinge um desses traços significa que o fuso micrométrico moveu 1/25” de 0,025”,
ou seja, 0,001”; atingindo dois traços representa 0,002” etc. Vinte e cinco traços indi-
cam uma volta completa, ou seja, 0,025” ou 1/40”.

SENAI–RJ 115
Fundamentos de medição industrial – Micrômetro (externo e interno)

Para ler o micrômetro em milésimos de polegada, multiplique o número de traços


verticais visíveis do cilindro por 0,025” e, ao resultado, adicione o número de milési-
mos indicado pelo traço do tambor que coincide com a linha longitudinal do cilindro.

• O traço “1” do cilindro está visível ..........................................................0,100”


• Há três traços adicionais visíveis, cada um representando
0,025” (3 x 0,025”) ................................................................................0,075”
• O traço “3” do tambor coincide com a linha longitudinal do
cilindro, cada traço representando 0,001” (3 x 0,001”).........................0,003”
• A leitura do micrômetro é .......................................................................0,178”

Para melhor entendimento, vamos a mais um exemplo. Observe a Figura 33.


Assim como no sistema métrico, há micrômetros com nônio. Vamos, a seguir,
trabalhar com esse tipo de instrumento.

coincidência no 19º traço

Escala da bainha .675”


Escala do tambor .019”
––––––––
Leitura final .694”

Fig. 33

Graduado em décimo de milésimo


de polegadas (0,0001”)
Se você dominou o princípio do nônio conforme explicado no item Graduado em
milésimo de milímetros, você não terá nenhum problema em ler um micrômetro com
nônio em décimo de milésimo de polegadas. Veja um exemplo deste tipo na Figura 34.

116 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Micrômetro (externo e interno)

Fig. 34

A única diferença é que neste tipo de micrômetro há, no nônio, dez divisões gra-
vadas no cilindro ocupando o mesmo espaço de nove divisões da face chanfrada do
tambor. Dessa forma, a diferença entre a largura de um dos dez espaços do cilindro e
um dos nove espaços do tambor é um décimo de uma divisão do tambor.
Considerando que o tambor é graduado para leituras em milésimos, um décimo de
uma divisão será fatalmente um décimo de milésimo. Para fazer a leitura:
1. Leia os milésimos como num micrômetro normal.
2. Veja qual das linhas horizontais do cilindro coincide com uma linha do tambor.
3. Adicione à leitura anterior o número de décimos de milésimos indicado pela linha
do cilindro que coincide exatamente com a linha do tambor.

Na Figura 34, vemos em “A” e “B” que o zero do tambor coincide exatamente
com a linha axial do cilindro e que o zero do nônio do cilindro coincide com a linha
do tambor. A leitura é, portanto, igual a 0,2500”. Em “C”, a linha do zero do tambor
está abaixo da linha axial do cilindro, indicando uma leitura maior do que 0,2500”.

SENAI–RJ 117
Fundamentos de medição industrial – Micrômetro (externo e interno)

Conferindo, o nônio mostra que sua sétima linha é a que coincide exatamente com a
linha do tambor. Portanto, a leitura é 0,2507.
Vejamos mais um exemplo, na Figura 35.

.3750” → Escala da bainha


.0050” → Escala do tambor
.0001” → Escala do nônio
–––––––
.3801” → Leitura final Resolução = .0001”

Fig. 35

Recomendações e cuidados
com o micrômetro
Para que as medições realizadas, utilizando o micrômetro, apresentem resultados
confiáveis, é necessário que você tome alguns cuidados:
• Selecione o micrômetro mais adequado para atender plenamente à necessidade
de medição (tipo e exatidão).

• Evite choques, quedas, arranhões, ferrugem e impurezas.


• A leitura deve ser feita sem retirar a peça da posição de medição.

Fig. 36

118 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Micrômetro (externo e interno)

• Não retire o micrômetro com a trava acionada; a leitura deve ser efetuada com o
micrômetro sobre a peça.
• Ao guardar o micrômetro, no respectivo estojo, deve-se manter as faces de medição
ligeiramente afastadas e a trava livre.
• Mantenha as faces de medição rigorosamente limpas.
• Deve-se fazer a leitura em posição tal que evite erros de paralaxe.
• Para capacidades que excedam 300mm, ajuste o zero do micrômetro na mesma
posição em que será usado para efetuar as medições. Este procedimento evitará
erros de deflexão do arco (o arco pode deformar) e erro de paralaxe.
• Quando utilizar um suporte para fixar o micrômetro, assegure-se de prendê-lo
completamente na parte central do arco.
• Ao se efetuar uma medição, é recomendável que as temperaturas da peça e do
micrômetro estejam o mais próximo possível da temperatura de referência, ou seja,
20°C.
• Evite impulsos antes de encostar as faces de medição na peça, pois uma rotação
veloz pode provocar um erro superior a 10mm, principalmente em peças de baixa
dureza.
• Proteja o micrômetro ao guardá-lo por longos períodos. Aplique suavemente em
todas as faces do instrumento uma camada bem fina de óleo.
• Nunca deixe o micrômetro diretamente no chão; guarde-o sempre em seu estojo.

Fig. 37

• Não submeta a peça a uma pressão excessiva.


• Não exponha o micrômetro ao calor; ao segurá-lo, fazê-lo sempre pelas placas
isolantes.

SENAI–RJ 119
Fundamentos de medição industrial – Micrômetro (externo e interno)

• Examine se as peças a serem medidas não apresentam rebarbas que possam


danificar as faces de medição do micrômetro.
• Controle, periodicamente, o zero do micrômetro à temperatura de referência (20°C).
• Limpe cuidadosamente as partes móveis antes e após o uso.

Fig. 38

120 SENAI–RJ
Medição angular
(transferidor e goniômetro)
Nesta unidade

Introdução

Transferidor simples

Transferidor universal (goniômetro)

5
Fundamentos de medição industrial – Medição angular (transferidor e goniômetro)

Introdução
Para medir ou verificar ângulos em peças, é utilizado um instrumento conhecido
como transferidor. Há dois tipos: o transferidor simples e o transferidor universal
(goniômetro). Ambos utilizam o sistema sexagesimal, que divide o círculo em 360
graus. O transferidor se divide em 60 minutos e cada minuto, por sua vez, divide-se
em 60 segundos.

Os símbolos de cada uma dessas unidades são os seguintes:


• Grau ( ° )
• Minuto ( ’ )
• Segundo ( ” )

Transferidor simples
Também conhecido como goniômetro simples, é utilizado para medidas angulares
que não necessitam de extremo rigor.
Sua menor divisão é, geralmente, 1° (um grau), e possui formato retangular ou de
um semicírculo (180°) graduado (Figura 1), permitindo medições rápidas. O formato
retangular tem a vantagem de possibilitar que todas as quatro bordas possam ser usadas
como referência horizontal e vertical.

SENAI–RJ 123
Fundamentos de medição industrial – Medição angular (transferidor e goniômetro)

Fig. 1

Fig. 2

Transferidor universal
(goniômetro)
O transferidor universal, ou goniôme-
tro, possui nônio, o que permite fazer uma
medição de até 5’ (cinco minutos). Além
disso, ele possui outros recursos como, por
exemplo, régua e esquadro.

Fig. 3

124 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Medição angular (transferidor e goniômetro)

Medindo ângulo obtuso Medindo ângulo obtuso

Fig. 4 Fig. 5

A régua e o mostrador podem ser girados em conjunto até a posição desejada e


fixados através de uma porca de fixação localizada no mostrador. O dispositivo de
ajuste ultrafino permite ajustagens muito precisas. A régua pode ser levada em ambas
as direções e fixada contra o mostrador pelo aperto de uma porca que tem funciona-
mento independente da porca de fixação do mostrador.

Fig. 6

Como já mostramos, a unidade de medida é o grau, que resulta da divisão de um


círculo em 360 partes iguais (360°), apresentando normalmente quatro graduações de
0°a 90°.
A posição variável da régua em torno do disco graduado permite a medição de
qualquer ângulo, e o nônio permite uma aproximação de até 5 minutos (Figura 7).

SENAI–RJ 125
Fundamentos de medição industrial – Medição angular (transferidor e goniômetro)

Fig. 7

Para cálculo da resolução, a medida total do nônio de cada lado do zero é igual
à medida total de 23 graus do disco graduado, dividido em 12 partes iguais. Isso faz
com que cada divisão do nônio tenha 115’ (5’ menos que 2°).
A partir dos traços em coincidência, a primeira divisão do nônio dá a diferença
de 5 minutos; a segunda, 10 minutos; a terceira, 15 minutos, e assim sucessivamente
(Figura 8).

Leitura: 23º ÷ 12 = (23 x 60’) ÷ 12 = 1.380’ ÷ 12 = 115’

Fig. 8

Leitura utilizando o goniômetro


Para fazer a leitura da medida no goniômetro, deve-se observar o sentido da leitura.
Veja a Figura 9 a seguir.
Acompanhando o sentido da leitura no disco graduado,deve-se tomar a medida
em graus até zero do nônio, e, a partir daí, no mesmo sentido, fazer a leitura do nônio
(de 5 em 5 minutos), partindo do zero até o primeiro traço que estiver em coincidência
com outro traço do disco graduado.

126 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Medição angular (transferidor e goniômetro)

A soma dos graus obtidos na leitura do disco graduado mais os minutos obtidos
na leitura do nônio será a medida total (Figura 9).

Leitura: Leitura:
51º → Disco graduado 4º → Disco graduado
+ +
15’ → Nônio 40’ → Nônio
–––––––– –––––––
51º 15’ → Leitura total 4º 40’ → Leitura total

Fig. 9

Na primeira imagem da Figura 9, temos:


• Lendo no sentido horário até o 0 do nônio – 51º
• Lendo do 0 do nônio até o primeiro traço que coincidir com um traço do disco gra-
duado – 15’

Na segunda imagem da Figura 9, temos procedimento semelhante:


• Lendo no sentido anti-horário até o 0 do nônio – 4º
• Lendo a partir do 0 do nônio – 40’

Conservação
Devemos conservar os goniômetros sempre em bom estado. Por isso recomendamos:
• Evitar quedas e contato com ferramentas de oficina.
• Guardar o aparelho em local apropriado, sem expô-lo ao pó ou à umidade.

SENAI–RJ 127
Fundamentos de medição industrial – Medição angular (transferidor e goniômetro)

Vamos praticar?
Leia e escreva sua leitura nas linhas:

Leitura = .............................

Leitura = .............................

Leitura = .............................

Leitura = .............................

128 SENAI–RJ
Instrumentos auxiliares
de controle dimensional
Nesta unidade

Relógio comparador

Relógio com ponta de contato de alavanca (apalpador)

6
Fundamentos de medição industrial – Instrumentos auxiliares de controle dimensional

Relógio comparador
O relógio comparador é um instrumento de medição por comparação dotado de
uma escala e um ponteiro, ligados por mecanismos diversos a uma ponta de contato,
que toca o objeto a ser medido ou referenciado.
O comparador centesimal é um instrumento comum de medição por comparação.
As diferenças percebidas nele, pela ponta de contato, são amplificadas mecanicamente
e irão movimentar o ponteiro do relógio.
Quando a ponta de contato sofre uma pressão e o ponteiro gira em sentido horá-
rio, a diferença é positiva. Isso significa que a peça apresenta maior dimensão que a
estabelecida. Se o ponteiro girar em sentido anti-horário, a diferença será negativa, ou
seja, a peça apresenta menor dimensão que a estabelecida.
Há vários modelos de relógios comparadores. Os mais utilizados possuem reso-
lução de 0,01mm. O curso do relógio também varia de acordo com o modelo, porém
os mais comuns são de 1mm, 10mm, 250” ou 1”.

Fig. 1

SENAI–RJ 131
Fundamentos de medição industrial – Instrumentos auxiliares de controle dimensional

Em alguns modelos, a escala dos relógios se apresenta perpendicularmente em re-


lação à ponta de contato (vertical). Quando apresentam um curso que implique mais de
uma volta, os relógios comparadores possuem, além de ponteiro normal, outro menor,
denominado contador de voltas do ponteiro principal, para dar conta da volta “extra”.

Fig. 2

Alguns relógios trazem limitadores de tolerância. Esses limitadores são móveis,


podendo ser ajustados nos valores máximo e mínimo permitidos para a peça que será
medida.
Existem ainda os acessórios especiais que se adaptam aos relógios comparadores.
A finalidade desses acessórios é possibilitar o controle em série de peças, medições
especiais de superfícies verticais, de profundidade, de espessura de chapas etc.
As próximas figuras mostram esses dispositivos destinados à medição de profun-
didade (Figura 3) e de espessuras de chapas (Figura 4).

Medidores de profundidade Medidores de espessura

Fig. 3 Fig. 4

132 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Instrumentos auxiliares de controle dimensional

No caso da Figura 5, tem-se que os relógios comparadores também podem ser


utilizados para furos. Uma das vantagens de seu emprego é a constatação, rápida e
em qualquer ponto, da dimensão do diâmetro ou de defeitos, como conicidade, ova-
lização etc.
O instrumento deve ser previamente calibrado em relação a uma medida-padrão
de referência.
O dispositivo aqui exemplificado é conhecido como medidor interno com relógio
comparador ou súbito.

Fig. 5

Agora, passaremos ao detalhamento dos mecanismos de funcionamento do relógio


comparador.
Veja uma utilização na Figura 6.

Fig. 6

SENAI–RJ 133
Fundamentos de medição industrial – Instrumentos auxiliares de controle dimensional

Mecanismos de amplificação
Os sistemas usados nos mecanismos de amplificação são por engrenagem, por
alavanca e mista. Abordaremos o mais usual de todos: o por engrenagem.

Amplificação por engrenagem


Os relógios comparadores mais comuns possuem sistema de amplificação por
engrenagens.
As diferenças de grandeza que acionam a ponta de contato são amplificadas me-
canicamente.
A ponta de contato move o fuso que possui uma cremalheira, que aciona um trem
de engrenagens que, por sua vez, aciona um ponteiro indicador no mostrador (Figura 7).

Fig. 7

Nos comparadores mais utilizados, uma volta completa do ponteiro corresponde


a um deslocamento de 1mm da ponta de contato. Como o mostrador contém 100 di-
visões, cada divisão equivale a 0,01mm (Figura 8).

Fig. 8

134 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Instrumentos auxiliares de controle dimensional

Condições de uso
Alguns cuidados são necessários quando formos utilizar o relógio comparador.
Antes de medir uma peça, devemos nos certificar de que o relógio se encontra em
boas condições de uso.
Além disso, devemos verificar possíveis erros. Isso é feito da seguinte maneira:
com o auxílio de um suporte de relógio, tomam-se as diversas medidas nos blocos-
-padrão. Em seguida, deve-se observar se as medidas obtidas no relógio correspondem
às dos blocos. Também podem ser utilizados calibradores específicos para relógios
comparadores.

Plano – 0 Bloco-padrão = 1,40 Bloco-padrão = 3,10 Bloco-padrão = 6,35

Fig. 9

Antes de tocar na peça, o ponteiro do relógio comparador fica na posição


anterior a zero. Assim, ao iniciar uma medida, deve-se dar uma pré-carga para o
ajuste do zero.
O relógio deve ser colocado sempre numa posição perpendicular em relação à
peça, para não incorrer em erros de medida.

SENAI–RJ 135
Fundamentos de medição industrial – Instrumentos auxiliares de controle dimensional

Aplicações dos relógios


comparadores
Na Figura 10, podemos observar a utilização de um relógio comparador em uma
verificação do paralelismo da peça.

Fig. 10

Na Figura 11, o relógio está sendo usado para verificar a excentricidade de uma
peça montada na placa do torno.

Fig. 11

O relógio comparador é aplicado na verificação da concentricidade de uma peça,


conforme a Figura 12.

136 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Instrumentos auxiliares de controle dimensional

Fig. 12

Veja agora um exemplo prático.

Fig. 13

É possível observar, na Figura 14, a verificação do alinhamento das pontas de um torno.

Fig. 14

SENAI–RJ 137
Fundamentos de medição industrial – Instrumentos auxiliares de controle dimensional

Na Figura 15, é possível observar a folga existente em um diferencial de automóvel.

Fig. 15

Finalmente, na Figura 16, o instrumento está sendo usado na verificação de su-


perfícies planas.

Fig. 16

Relógio com ponta de contato


de alavanca (apalpador)
O relógio apalpador é um dos mais versáteis em uso na mecânica. Seu corpo mo-
nobloco possui três guias que facilitam a fixação em diversas posições.
Há dois tipos de relógios apalpadores. Um deles possui reversão automática do
movimento da ponta de medição. Outro tem alavanca inversora, a qual seleciona a
direção do movimento de medição ascendente ou descendente.

138 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Instrumentos auxiliares de controle dimensional

O mostrador é giratório com resolução de 0,01mm, 0,002mm, .001” ou .0001”.


Por sua enorme versatilidade, pode ser usado em grande variedade de aplicações,
tanto na produção como na inspeção final de peças.

Exemplos:
• Excentricidade de peças.
• Alinhamento e centragem de peças nas máquinas.
• Paralelismo entre as faces.
• Medições internas.
• Medições de detalhes de difícil acesso.

Fig. 17

Alguns exemplos de aplicação


Na Figura 18, podemos observar o uso do relógio acoplado no alinhamento e
centragem de peças nas máquinas.

Fig. 18

SENAI–RJ 139
Fundamentos de medição industrial – Instrumentos auxiliares de controle dimensional

A Figura 19 exemplifica o uso do relógio apalpador em uma verificação de ponto


de difícil acesso.
Finalmente, na Figura 20, há a verificação do paralelismo entre as faces.

Fig. 19 Fig. 20

Conservação do instrumento
• Evitar choques, arranhões e sujeira.
• Guardá-lo em estojo apropriado.
• Montá-lo rigidamente em seu suporte.
• Descer suavemente a ponta de contato sobre a peça.
• Verificar se o relógio é antimagnético, antes de colocá-lo em
contato com a mesa magnética.
• Levantar um pouco a ponta de contato ao retirar a peça.
• Os relógios devem ser lubrificados internamente nos mancais
de engrenagens.

140 SENAI–RJ
Noções de tolerância
dimensional
Nesta unidade

Introdução

Tolerância

Noções de ajuste

7
Fundamentos de medição industrial – Noções de tolarância dimensional

Introdução
Chegamos à última parte do nosso material Fundamentos de Medição Industrial,
em que conhecemos as unidades dimensionais e os principais instrumentos de medidas
utilizados na mecânica. Após termos passado por vários tipos de leituras e medições,
com diversos instrumentos, cabe uma pergunta: como saber se o que foi medido está
de acordo com o solicitado?
A resposta a esta pergunta resume-se a uma palavra: tolerância. A tolerância foi
estabelecida como critério de avaliação das peças. Isso porque é impossível obter, du-
rante a fabricação, peças com dimensões exatas, isto é, sem nenhuma diferença entre
a dimensão prevista e a conseguida no processo de usinagem. Assim, foi necessário
fixar limites máximo e mínimo entre os quais deve estar compreendida a dimensão real.

A diferença entre as duas dimensões-limite fixadas constitui a tolerância.

Você já imaginou a fabricação de blocos, eixos, mancais etc. de um motor sem


a preocupação com a tolerância? Diante das diversas interferências que compõem o
processo de fabricação, montagem e funcionamento, seria trágico caso não existisse tal
preocupação. Com certeza, as dificuldades de montagem dos rolamentos nos eixos e
mancais, por exemplo, seriam muitas. Já imaginou? São diversas as variáveis que não
podem ser desprezadas durante a fabricação de peças. Assim, vamos entender melhor
o conceito e uso das tolerâncias e ajuste.
Todas as peças que fazem parte de uma máquina precisam ter condições de serem
substituídas, sem que se necessite de retoques/ajustes, serem fabricadas em locais
diferentes e encomendadas por códigos de fabricação ou por desenhos técnicos.

SENAI–RJ 143
Fundamentos de medição industrial – Noções de tolarância dimensional

Logo, é o sistema de tolerâncias e ajustes que permite determinar os


limites dentro dos quais as peças são produzidas, para que os conjuntos tenham a
eficiência desejada.

Ao profissional que executa as peças cabe as tarefas de interpretar as indicações


apontadas nos desenhos técnicos e de cuidar, utilizando os instrumentos de medição
já conhecidos por você, para que o produto final não ultrapasse as indicações de tole-
rância estabelecidas no projeto.

Tolerância
Podemos simplificar a ideia de tolerância como sendo a diferença entre as duas
dimensões-limite.
Para facilitar a fabricação na mecânica, ou em qualquer outro ramo da indústria,
adotou-se um sistema de tolerâncias, padronizado pelas normas ISO (Internacional
Standard Organization) e utilizado por todos os países que têm como unidade de
comprimento o metro.
Esse sistema de tolerâncias proporciona maior facilidade em projetos, pois permite
a fabricação de peças em série, e por diferentes fábricas, estabelecendo um campo de
variação das dimensões para que não haja problema na montagem ou substituição das
peças (intercambialidade).

Denominações
A seguir, apresentamos as denominações das dimensões e suas definições.

Denominação Definição
D nominal NDN = Dimensão É a medida ou cota que vem marcada na Figura 1. É
nominal apenas uma dimensão-base, pois a medida efetiva da
peça depende da tolerância.
D máx = Dimensão máxima É o valor máximo permitido na dimensão da tolerância.
Ela fixa o limite superior de tolerância.
D mín = Dimensão mínima É o valor mínimo permitido na dimensão da tolerância.
Ela fixa o limite inferior de tolerância.

144 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Noções de tolarância dimensional

Denominação Definição
Def = Dimensão efetiva É o valor real que se obtém medindo a peça. Sempre
(ou real) deve estar entre a D máx e a D mín.
É a variação permitida na dimensão da peça, dada pela
T = Tolerância
diferença entre as dimensões máxima e mínima (Fig. 1).
Quadro 1 – Denominações

A unidade de tolerância adotada é o micro (μ) = milésimo de milímetro.

T = D máx – D mín

Observe as Figuras 1 e 2 a seguir.

Fig. 1

Fig. 2

Vejamos agora as denominações de afastamento.

Denominação Definição
As = Afastamento superior É a diferença entre D máx e D nominal.
Ai = Afastamento inferior É a diferença entre D mín e D nominal.
Quadro 2 – Denominações de afastamento

SENAI–RJ 145
Fundamentos de medição industrial – Noções de tolarância dimensional

Observe, na Figura 3, as indicações de dimensões, afastamento e de tolerância.

Fig. 3

Ressaltamos que a tolerância é sempre positiva. Veja a fórmula a seguir.

T = As + Ai (+).

Já os afastamentos podem ser positivos ou negativos:


• Positivos – quando acima da linha zero.
• Negativos – quando abaixo da linha zero.

Vejamos alguns procedimentos de cálculo das dimensões, tolerância e afastamentos.

D nominal = 20mm

As = + 0,2mm
Ai = - 0,1mm

146 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Noções de tolarância dimensional

D máx = D nominal + As
D máx = 20mm + 0,2mm

D máx = 20,2mm

D mín = D nominal – Ai
D mín = 20mm – 0,1mm

D mín = 19,9mm

De = Dimensão efetiva = 20,15mm


T = D máx – D mín
T = 20,2mm – 19,9mm

T = 0,3mm

Representação das tolerâncias


usando símbolos da norma ISO
Para eixos e furos, a tolerância é representada pela dimensão nominal e pelo sím-
bolo de tolerância correspondente à norma ISO.
O símbolo de tolerância consiste de letras e números. A letra estabelece a posição do
campo de tolerância, enquanto o número (veja a Figura 8 apresentada no item Sistema
de tolerância ISO), associado à dimensão nominal numa tabela, dá-nos a tolerância.

45H7 ----------------- Símbolo para furos


Medida Nominal
45g6 ----------------- Símbolo para eixos

Você pode observar que para furos, usam-se letras maiúsculas, que são colocadas
à direita e um pouco acima da dimensão nominal. Já para eixos, usam-se letras mi-
núsculas, que são colocadas à direita e um pouco abaixo da dimensão nominal. Veja
a Figura 4. Mais adiante, no item Grandeza do campo de tolerância, vamos retomar
esta representação e explicá-la melhor, à luz do sistema ISO.

SENAI–RJ 147
Fundamentos de medição industrial – Noções de tolarância dimensional

Furo e eixo

Fig. 4

As tolerâncias, por meio de símbolos, da norma ISO não devem ser aplicadas nos
casos apresentados na Figura 5.

Afastamentos

Fig. 5

Em junções e desenhos de montagem, a dimensão nominal da cota serve para o


furo e para o eixo, podendo os símbolos de tolerância serem representados como na
Figura 6.

Montagem

Fig. 6

Vamos, a seguir, ver um pouco do sistema de tolerância ISO, que é o padrão adotado.

148 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Noções de tolarância dimensional

Sistema de tolerância ISO


Segundo o sistema de tolerância ISO, há 28 campos de tolerância com posições
diferentes em relação à linha zero.
As diferentes posições são representadas por letras do alfabeto latino e são divididas
em cinco tipos quanto à sua posição com relação à linha zero:
1. O afastamento superior e o inferior estão acima da linha zero.
2. O afastamento superior está acima e o inferior coincide com a linha zero.
3. O afastamento superior está acima e o inferior está abaixo da linha zero.
4. O afastamento superior coincide com a linha zero e o inferior está abaixo da linha
zero.
5. Tanto o afastamento superior como o inferior estão abaixo da linha zero (Figura 7).

Posição dos campos de tolerância em relação à linha zero

Fig. 7

Logicamente, como há 28 campos de tolerância, alguns deles estão muito acima


da linha zero, e outros estão muito abaixo. Veja a seguir a Figura 8.

SENAI–RJ 149
Fundamentos de medição industrial – Noções de tolarância dimensional

Posição dos campos de tolerância

Fig. 8

As letras maiúsculas são utilizadas para representar as tolerâncias das medidas


internas ou furos. Por exemplo: H.
As letras minúsculas representam as tolerâncias das medidas externas ou eixos.
Por exemplo: h.

• O campo de tolerância H para furos coincide com a linha zero,


ou seja, o afastamento inferior é zero.
• O campo de tolerância h para eixos coincide com a linha zero, ou
seja, o afastamento superior é zero.
• Os campos H e h representam uma posição distinta.

150 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Noções de tolarância dimensional

Grandeza do campo de
tolerância (IT)
A grandeza da tolerância deve ser correspondente à qualidade do processo de
fabricação.

Ressaltamos que, aqui, a ideia de grandeza está associada à ideia de


qualidade.

A tolerância das peças varia de acordo com a sua função nos conjuntos ou máqui-
nas em que estão montadas, e, também, com o tipo de trabalho que a máquina realiza.
O sistema ISO estabelece 20 qualidades de tolerância capazes de serem adaptadas
a quaisquer tipos de produção mecânica.
Essas qualidades (graus de tolerâncias) são designadas por IT (I de ISO e T de
tolerância) e números.

IT 01 IT 0 IT 1 IT 2 ... IT 18

Quanto menor for o número (Ex.: IT.01), melhor é a qualidade, isto é, menor é
a grandeza do campo de tolerância (Tabela 1).

Tabela 1 – Parcial
Dimensão nominal
Qualidade ISO IT Acima 10mm Acima 18mm
até 18mm até 30mm
01 IT 01 0,5 0,6
0 IT 0 0,8 1
1 IT 1 1,2 1,5
2 IT 2 2 2,5
3 IT 3 3 4
4 IT 4 5 6
5 IT 5 8 9
6 IT 6 11 13

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Os números que especificam a qualidade (grandeza de tolerância) do trabalho de-


vem sempre acompanhar as letras que especificam a posição do campo de tolerância
e devem ser colocados à sua direita.

Exemplo para a designação de tolerância segundo ISO:

30H7 qualidade
posição do campo
medida nominal

A grandeza da tolerância (amplitude) não depende somente da qualidade do tra-


balho, mas também da dimensão nominal, como mostra a Figura 9.

Grandeza da tolerância em função da dimensão nominal

Fig. 9

Duas peças podem ter a mesma qualidade de trabalho, mas diferentes amplitudes
de tolerâncias em função da dimensão nominal.

Grupos de dimensões
As normas ISO distinguem dois campos de dimensões:
• Dimensões até 500mm (Tabela 2).

• Dimensões acima de 500mm até 3.150mm (Tabela 3).

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Fundamentos de medição industrial – Noções de tolarância dimensional

Para dimensões até 500mm, são previstas 20 qualidades de tolerância (IT 01, IT 0,
IT 1 … IT 18).
Para dimensões acima de 500mm até 3.150mm são previstas 11 qualidades de
tolerância (IT 6, IT 7 … IT16).

Tabela 2 – Tolerâncias básicas em m (1m = 0,001mm DIN 7151)

Grupos de IT – Qualidade
dimensões
em mm 01 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18

1 ... 3 0,3 0,5 0,8 1,2 2 3 4 6 10 14 25 40 60 100 140 250 400 600 — —
3 ... 6 0,4 0,6 1 1,5 2,5 4 5 8 12 18 30 48 75 120 180 300 480 750 — —
6 ... 10 0,4 0,6 1 1,5 2,5 4 6 9 15 22 36 58 90 150 220 360 580 900 1.500 —
10 ... 18 0,5 0,8 1,2 2 3 5 8 11 18 27 43 70 110 180 270 430 700 1.100 1.800 2.700
18 ... 30 0,6 1 1,5 2,5 4 6 9 13 21 33 52 84 130 210 330 520 840 1.300 2.100 3.300
30 ... 50 0,6 1 1,5 2,5 4 7 11 16 25 39 62 100 160 250 390 620 1.000 1.600 2.500 3.900
50 ... 80 0,8 1,2 2 3 5 8 13 19 30 46 74 120 190 300 460 740 1.200 1.900 3.000 4.600
80 ... 120 1 1,5 2,5 4 6 10 15 22 35 54 87 140 220 350 540 870 1.400 2.200 3.500 5.400
120 ... 180 1,2 2 3,5 5 8 12 18 25 40 63 100 160 250 400 630 1.000 1.600 2.500 4.000 6.300
180 ... 250 2 3 4,5 7 10 14 20 29 46 72 115 185 290 460 720 1.150 1.850 2.900 4.600 7.200
250 ... 315 2.5 4 6 8 12 16 23 32 52 81 130 210 320 520 810 1.300 2.100 3.200 5.200 8.100
315 ... 400 3 5 7 9 13 18 25 36 57 89 140 230 360 570 890 1.400 2.300 3.600 5.700 8.900
400 ... 500 4 6 8 10 15 20 27 40 63 97 155 250 400 630 970 1.550 2.500 4.000 6.300 9.700

Tabela 3 – Valores numéricos das tolerâncias fundamentais para


dimensões de 500mm a 3.150mm

Grupos de Valores em μm Valores em mm


dimensões em
mm 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16

500 ... 630 44 70 110 175 280 440 0,7 1,1 1,75 2,8 4,4
630 ... 800 50 80 125 200 320 500 0,8 1,25 2,0 3,2 5,0
800 ... 1.000 56 90 140 230 360 560 0,9 1,4 2,3 3,6 5,6
1.000 ... 1.250 66 105 165 260 420 660 1,05 1,65 2,6 4,2 6,6
1.250 ... 1.600 78 125 195 310 500 780 1,25 1,95 3,1 5,0 7,8
1.600 ... 2.000 92 150 230 370 600 920 1,5 2,30 3,7 6,0 9,2
2.000 ... 2.500 110 175 280 440 700 1.100 1,75 2,8 4,4 7,0 11,0
2.500 ... 3.150 135 210 330 540 860 1.350 2,1 3,3 5,4 8,6 13,5

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Fundamentos de medição industrial – Noções de tolarância dimensional

Noções de ajuste
Agora que você já conheceu o que é a tolerância e a sua importância, podemos
trabalhá-la de modo a compor os diversos ajustes que a produção mecânica precisa.

Tipos de ajuste
Ajuste com folga
É aquele em que a dimensão máxima do eixo é menor que a dimensão mínima do
furo (Figura 10).

Fig. 10

Ajuste incerto
É aquele em que os campos de tolerância (tato do furo como do eixo) se sobre-
põem. O ajuste tanto pode ter folga (D máx do furo como D mín do eixo) como pode
ter também interferência (D mín do furo como D máx do eixo).

Fig. 11

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Fundamentos de medição industrial – Noções de tolarância dimensional

Ajuste com interferência


É aquele em que a dimensão do eixo é maior ainda que a dimensão máxima do
furo (Figura 12).

Fig. 12

Vejamos, a seguir, os sistemas adotados para se chegar ao campo de tolerância


desejado.

Sistemas de ajuste
Sistema furo-base (DIN 7154)
Também conhecido como furo-padrão, é aquele em que o afastamento inferior do
furo é nulo, isto é, a dimensão mínima do furo é igual à dimensão nominal. O campo
é representado pela letra H (Figura 13).

Sistema furo-base

Fig. 13

Se, na execução de uma máquina, houver vários furos, nos quais os eixos devem,
alguns girar, outros deslizar e outros ficar fixos, todos os furos podem ser feitos com

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Fundamentos de medição industrial – Noções de tolarância dimensional

a mesma tolerância, mas os eixos devem ter tolerâncias diferentes, de acordo com a
função de cada um.
É o sistema mais empregado na mecânica geral (Figura 14).

Aplicação do sistema furo-base

Fig. 14

No sistema furo-base ou furo-padrão, o campo é representado pela letra


H. É o sistema mais empregado na mecânica geral.

Sistema eixo-base (DIN 7155)


Também conhecido como eixo-padrão, é aquele em que o afastamento superior é
nulo, isto é, a dimensão máxima do eixo é igual à dimensão nominal. O campo utili-
zado é representado pela letra h (Figura 15).

Sistema eixo-base

Fig. 15

156 SENAI–RJ
Fundamentos de medição industrial – Noções de tolarância dimensional

Como no exemplo de aplicação para o sistema furo-base, os mesmos ajustes pode-


riam ser conseguidos executando-se todos os eixos com a mesma tolerância e variando-
-se as tolerâncias dos furos, também de acordo com a função de cada tipo de ajuste.
Este sistema é normalmente empregado na construção de máquinas agrícolas,
têxteis e guinchos (Figura 16).

Aplicação do sistema eixo-base

Fig. 16

No sistema eixo-base ou eixo-padrão, o campo é representado pela


letra h. Sistema normalmente usado na construção de máquinas agrícolas, têxteis
e guinchos.

Os níveis extra preciso, mecânica precisa, mecânica média e mecânica ordinária


estão relacionados à necessidade do projeto, assim como a definição do tipo de ajuste
e o campo de tolerância. Observe no Quadro 3.

Se você quiser aumentar seus conhecimentos sobre este assunto, con-


sulte as normas NBR 6158: 1995 e ISO 286.

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Fundamentos de medição industrial – Noções de tolarância dimensional

Tipos de ajustes e aplicação

Tipos de Exemplos Extra Mecânica Mecânica Mecânica Exemplo de


ajuste de ajuste preciso precisa média ordinária aplicação
Livre H6 e7 H7 e7 H 8 e9 H11 a11 Peças cujo
H7 e8 funcionamento
necessita de folga por
força de dilatação,
Montagem à mão,
mau alinhamento etc.
com facilidade.
Rotativo H6 f 7 H7 f 7 H8 f8 H10 d10 Peças que giram ou
H11 d11 deslizam com boa
lubrificação.
Ex.: eixos,
Montagem à mão, mancais etc.
podendo girar sem
esforço.
Deslizante H 6 g5 H7 g6 H8 f8 H10 h10 Peças que deslizam
H 8 h8 H11 h11 ou giram com grande
precisão. Ex.: anéis
de rolamentos,
Montagem à mão,
corrediças etc.
com leve pressão.
Peças fixas (uma em relação a outra)
Deslizante H 6 h5 H7 h7 Encaixe fixo de
Justo precisão, órgãos
lubrificantes
deslocáveis à mão.
Montagem à mão, Ex.: punções, guias
necessitando etc.
algum esforço.
Aderente H 6 j5 H7 j6 Órgãos que
Forçado necessitam
Leve de frequentes
desmontagens. Ex.:
Montagem com
polias, engrenagens,
auxílio de martelo.
rolamentos etc.
Forçado H 6 m5 H7 m6 Órgãos possíveis
Duro de montagens e
desmontagens sem
deformação das
Montagem com
peças.
auxílio de martelo
pesado.
A Pressão H 6 p5 H7 p6 Peças impossíveis de
com serem desmontadas
Esforço em deformação. Ex.:
buchas à pressão etc.
Montagem com
auxílio de balancim
ou por dilatação.
Quadro 3 – Tipos de ajustes e explicação

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Fundamentos de medição industrial – Referências

Referências
MITUTOYO. Instrumentos para metrologia dimensional. Edição eletrônica, 2003.

SENAI-MG. Metrologia. Itabira: SENAI-MG, 2005.

SENAI-MG. Metrologia. Belo Horizonte: SENAI-MG, s/d.

SENAI-PR. Metrologia. Curitiba: SENAI-PR, 2001.

SENAI-RJ. Metrologia e lubrificação industrial. Rio de Janeiro: SENAI-RJ, 2003.

SENAI-RJ. Sistemas de unidades de medida. Rio de Janeiro: SENAI-RJ, 2004.

SENAI-SP. Produção mecânica do sistema de controle. São Paulo: SENAI-SP, 1996.


Acordo de Cooperação Técnica Brasil-Alemanha.

SENAI-RS. Informações técnicas: mecânica. Porto Alegre: CFP SENAI Artes Gráficas,
1996. 10ª edição revista e ampliada.

STARRET. Instrumentos e regras para medições de precisão e cortes esquemáticos.


Julho 1996 a agosto de 2006.

STARRET. Metrologia dimensional. Março de 2007.

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