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GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL

SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO


COORDENAÇÃO REGIONAL DE ENSINO DO PLANO PILOTO
CENTRO DE ENSINO MÉDIO SETOR LESTE
DESDE 1963 EDUCANDO EM BRASÍLIA
Atividade de Geografia
1º Bimestre/2024 Série: 2ª – E.M. – Turmas: I-H-J-N-O-P– Turno: Matutino/ Vespertino
Professor: Stefan Costa
Tema: Urbanização
Apostila-03

Urbanização
“Urbanização é o crescimento das cidades, tanto em população quanto em
extensão territorial. É o processo em que o espaço rural se transforma em espaço
urbano, com a consequente migração populacional do tipo campo–cidade que,
quando ocorre de forma intensa e acelerada, é chamada de êxodo rural”.

"Espaço urbano e espaço rural

Em termos de área territorial, no mundo atual, o espaço rural é bem mais amplo do que o
espaço urbano. Isso ocorre porque o primeiro exige um maior espaço para as práticas nele
desenvolvidas, como a agropecuária, o extrativismo mineral e vegetal, além da delimitação
de áreas de preservação ambiental e florestas em geral.

No entanto, em termos populacionais e em atividades produtivas no contexto econômico e


capitalista, a cidade, atualmente, vem sobrepondo-se ao campo.

O processo de formação das cidades ocorre desde os tempos do período neolítico. No


entanto, sob o ponto de vista estrutural, elas sempre estiveram vinculadas ao campo, pois
dependiam deste para sobreviver.

O que muda no atual processo de urbanização capitalista, que se intensificou a partir do


século XVIII, é que agora é o campo quem passa a ser dependente da cidade, pois é nela
que as lógicas econômico-sociais que estruturam o meio rural são definidas.

O processo de urbanização no contexto do período industrial estrutura-se com base em dois


tipos de causas: os fatores atrativos e os fatores repulsivos.

→ Fatores atrativos: Como o próprio nome sugere, são aqueles em que a urbanização
ocorre devido às condições estruturais oferecidas pelo espaço das cidades, o maior deles é
a industrialização.

Esse processo é característico dos países desenvolvidos, onde o processo de urbanização


ocorreu primeiramente. Cidades como Londres e Nova York tornaram-se
predominantemente urbanas a partir da década de 1900, início do século XX, em razão da
quantidade de empregos e das condições de moradias oferecidas (embora, em um primeiro
momento, a maior parte dessas moradias fosse precária em comparação aos padrões de
desenvolvimento atual dessas cidades).

→ Fatores repulsivos: são aqueles em que a urbanização ocorre não em função das
vantagens produtivas das cidades, mas graças a essa espécie de expulsão da população
do campo para os centros urbanos. Esse processo ocorre, em geral, pela modernização do
campo, que propiciou a substituição do homem pela máquina, e pelo processo

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de concentração fundiária, que deixou a maior parte das quantidades de terras nas mãos de
poucos latifundiários.

Esse fenômeno é característico dos países subdesenvolvidos e é marcado pela elevada


velocidade em que o êxodo rural aconteceu, bem como pela concentração da população
nas metrópoles (metropolização). Tais cidades não conseguem absorver esse quantitativo
populacional, propiciando a formação de favelas e habitações irregulares, geralmente
precarizadas e sem infraestrutura.

Resumidamente, o processo de urbanização ocorre em quatro principais etapas, sofrendo


algumas poucas variações nos diferentes pontos do planeta:

"Em geral, o que se observa é a industrialização funcionando como um motor para a


urbanização das sociedades (1ª ponto do esquema anterior). Em seguida, ampliam-se as
divisões econômicas e produtivas, com o campo produzindo matérias-primas e as cidades
produzindo mercadorias industrializadas e realizando atividades características do setor
terciário (2º ponto).

Esse processo é acompanhado por um elevado êxodo rural, com a formação de grandes
metrópoles e, em alguns casos, até de megacidades, com populações que superam os 10
milhões de habitantes (3º ponto). Por fim, estrutura-se a chamada hierarquia urbana, que vai
desde as pequenas e médias cidades às grandes metrópoles.

Vale lembrar que esse esquema é apenas ilustrativo, pois a sequência desses
acontecimentos não é linear. Muitas vezes os fenômenos citados acontecem ao mesmo
tempo. Outra ressalva importante é a de que tal sequência não acontece de forma igualitária
em todo o mundo. Nos países pioneiros no processo de urbanização, ela ocorre de forma
mais lenta e gradativa, enquanto nos países de industrialização tardia, tal processo
manifesta-se de forma mais acelerada, o que gera maiores problemas estruturais."

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Urbanização mundial

Ao longo dos anos, a sociedade tem sofrido diversas modificações, especialmente no que
tange à apropriação do espaço geográfico. Em meados de 1800, a população mundial era
praticamente rural, apenas cerca de 3% viviam em áreas urbanas. Contudo, um fato marcou
toda uma transformação social, modificando por completo a estrutura populacional no mundo
todo.

O aumento das indústrias, vinculado a um expressivo desenvolvimento tecnológico, fez com


que as pessoas migrassem para as cidades à procura de trabalho. Portanto, as
oportunidades de emprego nesse período são consideradas fatores atrativos, ao passo que
a intensa mecanização do campo era considerada um fator repulsivo.

Por volta de 1950, a população urbana era de, aproximadamente, 746 milhões de pessoas.
Em 1950 houve um aumento bastante expressivo, passando-se a 3 bilhões e 900 milhões
de habitantes na zona urbana.

Atualmente, segundo a Organização das Nações Unidas, cerca de 54% da população


mundial vive na zona urbana, e há projeções da organização de que essa porcentagem
aumente, em 2050, para 66%, correspondendo a quase 2,5 milhões de pessoas deslocando-
se para essas áreas. O crescimento esperado concentra-se especialmente nos continentes
africano e asiático.

Assim, segundo a ONU, o crescimento da população urbana mundial, por ser elevado,
especialmente nos países em desenvolvimento ou subdesenvolvidos, não ocorreu de
maneira sustentável, acarretando diversos problemas sociais, ambientais e até climáticos.

Aproximadamente, 900 milhões de pessoas que foram para as cidades vivem hoje em
favelas no mundo todo, inseridas em um contexto de miséria, fome e diversos problemas de
saúde. Para saber mais, leia nosso texto: Urbanização no mundo."

Consequência

O processo de urbanização, além de ocorrer de forma desigual, não só no Brasil mas em


diversas partes do mundo, dá-se de forma desordenada, apontando então a falta de
planejamento. Isso acarreta diversos problemas urbanos de ordem social e ambiental. São
alguns deles:

A favela Rocinha, localizada no Rio de Janeiro, é a maior favela do Brasil.

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1. Favelização: A falta de planejamento e de políticas públicas faz com que muitas
pessoas (ao dirigirem-se às cidades e não encontrar locais para abrigarem-se)
ocupem áreas terrenas, muitas vezes em áreas de risco. A favelização é uma
consequência do inchaço urbano e da ocupação desordenada das cidades.

2. Excesso de lixo: Visivelmente, onde há maior concentração de pessoas, há também


maior produção de lixo. O aumento do número de habitantes nas grandes cidades fez
com que houvesse maior produção de lixo, que, por vezes, é descartado de maneira
incorreta, provocando outros problemas urbanos e também problemas ambientais.
Segundo o IBGE, no Brasil, cerca de 50% do lixo gerado é depositado em locais
incorretos, a céu aberto.

3. Poluição: A questão da poluição pode ter diversas naturezas. As grandes cidades


concentram, além de um elevado número de habitantes, também um grande número
de indústrias e automóveis, que, diariamente, emitem diversos gases poluentes
à atmosfera, causando poluição do ar. A poluição sonora e visual também é um
grande problema vivido nos centros urbanos, comprometendo o bem-estar da
população.

4. Violência: Processos como a marginalização da população por meio da favelização


ou da ocupação desordenada contribuem para o aumento da violência. O inchaço das
cidades associado à incapacidade de abrigar toda a população, às condições
insalubres de moradia e à falta de políticas públicas que atendam essa parcela da
população tem como consequência direta o aumento da criminalidade.

5. Inundações: O processo de urbanização está atrelado a diversas questões, como o


aumento da produção de lixo associado à impermeabilização do solo. O asfaltamento
das cidades e o mau planejamento prejudicam o escoamento das águas,
provocando inundações.

Hierarquia urbana

"A hierarquia urbana é a maneira como as cidades organizam-se dentro de uma escala de
subordinação. Na prática, ocorre quando vilas e cidades menores subordinam-se às cidades
médias, e estas se subordinam às cidades grandes. Por meio da hierarquia urbana, pode-
se conhecer a importância de uma cidade e a sua relação de subordinação ou influência
sobre as outras que estão à sua volta.

Essa teoria não é estabelecida apenas pelo tamanho da cidade ou pelo contingente
populacional, mas especialmente pela quantidade e variedade de bens e serviços
oferecidos. Quanto maior é a sua importância no processo produtivo, maior é a sua
colocação na hierarquia urbana.

A ideia de hierarquia urbana, especialmente na atualidade, está vinculada ao conceito de


rede urbana, que nada mais é do que a rede de relações econômicas, sociais e culturais que
integram as cidades."

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"O processo de globalização e a melhoria dos transportes e comunicações mudaram a hierarquia urbana"

Nova hierarquia urbana

O esquema clássico da hierarquia urbana sofreu modificações importantes no decorrer das


últimas décadas. A razão é a história das cidades e a evolução dos meios de comunicação
e transportes, que são resultados do processo de Globalização. O processo de subordinação
não mais obedece a uma escala contínua. Em diversas situações, os habitantes de cidades
menores direcionam-se diretamente a centros urbanos como metrópoles regionais ou
nacionais para adquirir bens ou serviços.

"Essa nova realidade é fruto da flexibilização e popularização dos meios de transporte, que
permitem às pessoas escolher onde querem adquirir produtos, não ficando subordinadas ao
centro urbano mais próximo.

A hierarquia urbana é composta por estruturas categorizadas na seguinte classificação:

Metrópole: cidade de maior porte que se caracteriza pelo poder de atração e influência que
exerce sobre um expressivo número de cidades do seu entorno. É o centro mais importante
da rede urbana, por isso, seu nível de influência pode ser classificado como regional ou
nacional:

Metrópole nacional: Grande centro urbano, com variedade de serviços e influência sobre
os centros regionais, capitais regionais e as metrópoles regionais.

Metrópole regional: Cidade que exerce grande influência em seu próprio estado. Apresenta
mais de um milhão de habitantes e grande concentração de pessoas.

Centros regionais: São cidades médias que exercem influência em âmbito regional. Podem ser ou
não uma capital de estado. Normalmente são referência no desenvolvimento da produção de bens e
serviços para as cidades de seu entorno e também estabelecem vínculo mais próximo com as
metrópoles nacionais;

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Cidade local: cidade de pequeno porte em que sua população, muitas vezes, recorre aos
centros urbanos maiores para ter acesso a bens ou serviços que não são ali oferecidos;

Vila: pequeno aglomerado urbano que não foi alcançou a condição de cidade. A grande
maioria dos bens e serviços não é oferecida. Necessita recorrer frequentemente a centros
urbanos maiores para ter suas necessidades atendidas.

Características das metrópoles

Em uma metrópole são encontrados elementos, como produtos e serviços, que facilmente
se encontram em qualquer outra cidade. Entretanto, a característica marcante da metrópole
é oferecer bens e serviços que só são encontrados nas metrópoles. A variedade, o nível de
especialização e a especificidade dos elementos oferecidos pelas metrópoles explicam a
influência exercida por esses centros urbanos.

Esse poder de influência das metrópoles, porém, não possui apenas caráter econômico. A
influência política e cultural também faz parte dos requisitos que colocam esses centros
urbanos no topo da hierarquia das cidades.

A ocupação das metrópoles é bastante verticalizada, se comparada a outras cidades


brasileiras que não carregam esse título. A presença de edifícios comerciais, residenciais e
de serviços públicos é comum nas regiões centrais das metrópoles e têm aparecido até
mesmo nas regiões mais periféricas.

Urbanização brasileira

“Atualmente, mais de 80% da população brasileira vive em áreas urbanas, o que


equivale aos níveis de urbanização dos países desenvolvidos. Até 1950 o Brasil era
um país de população majoritariamente rural. As principais atividades econômicas
estavam associadas à exportação de produtos agrícolas, dentre eles o café”.

A população do Brasil migrou do campo para as cidades ocasionando a urbanização


brasileira, que provocou muitas transformações socioespaciais no país.

Grande São Paulo: O principal centro urbano do país


Hoje, no Brasil, existem muitas cidades e a população da zona urbana é muito maior do que
a população da zona rural. Para se ter uma ideia, no Censo do IBGE¹ de 2010, o país possuía
uma população de aproximadamente 191 milhões de habitantes, desses, cerca de 161
milhões viviam nas zonas urbanas, enquanto que apenas 29 milhões viviam na zona rural.

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Mas nem sempre foi assim, até a década de 1960, a maioria da população morava no campo
e a quantidade de cidades era bem menor do que a atual. Nesse período, as cidades
existiam para atender às necessidades das atividades desenvolvidas no espaço agrário e
das atividades mineradoras, principalmente da cana-de-açúcar, do ouro e do café.

Na década de 1970 o número de habitantes morando nas cidades foi, pela primeira vez,
maior do que a população que vivia na zona rural. Esse crescimento do meio urbano
proporcionalmente maior do que o do meio rural recebe o nome de Urbanização e no Brasil
se iniciou no século XIX, intensificando-se a partir de 1920, motivados, principalmente, pela:

• implantação de indústrias nas cidades brasileiras, que atraiu muitas pessoas da zona
rural para a urbana em busca de trabalho e melhores condições de vida, provocando
assim o êxodo rural brasileiro.

• implantação de máquinas nas atividades do meio agrário, que substituíram a mão de


obra assalariada, que sem trabalho migrou para as grandes cidades.

• concentração de terras na mãos de poucos proprietários, que tinham como comprar


as máquinas e produtos agrícolas.

• migração dos pequenos proprietários de terras para as cidades em busca de trabalho


assalariado nas indústrias.

• crescimento vegetativo da população brasileira, que cresceu muito nesse período.

Favela, um exemplo das consequências do crescimento desordenado das grandes cidades.


A urbanização do Brasil provocou muitas mudanças na organização socioespacial do país,
dentre elas se destacam:

• o crescimento da quantidade de cidades;

• o desenvolvimento das redes de transporte e comunicação, que passaram a interligar


todas as regiões do Brasil;

• o crescimento desordenado do meio urbano, que crescia sem nenhum planejamento,


provocando diversos problemas ambientais e estruturais;

• a formação de favelas, nas quais a população de baixa renda se fixava em razão da


baixa valorização dos terrenos;

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• a acentuação das desigualdades sociais nos centros urbanos, pois muitas pessoas
que chegavam às cidades não possuíam escolaridade e acabavam ficando
desempregadas, aumentando, assim, os índices de pobreza e violência nos centros
urbanos.

Hierarquia urbana brasileira

No decorrer dos anos, a periferia se expandiu demais e a precariedade do sistema de


transportes urbanos levou a população de baixa renda a morar em favelas e cortiços no
centro das metrópoles, pois morar em áreas muito afastadas representaria sofrer
diariamente com grandes deslocamentos para o trabalho. Atualmente, 65% dos habitantes
da Grande São Paulo e Grande Rio de Janeiro moram em cortiços, favelas, loteamentos
clandestinos ou imóveis irregulares. Durante as décadas de 70 e 80, essas duas metrópoles
passaram a apresentar índices de crescimento populacional inferiores à média brasileira,
numa evidência de que começava a ocorrer um processo de desmetropolização. Em todas
as metrópoles regionais, exceto Recife, foram verificados índices superiores a essa mesma
média.

No Centro-Sul do país, as cidades estão plenamente conectadas, o que intensifica a troca


de mercadorias, informações e ordens entre a população e os agentes econômicos. Já nas
regiões mais atrasadas, a conexão entre as cidades é esparsa e a relação de troca é
incipiente, o que mostra que a rede urbana brasileira é incompleta e desigualmente
distribuída.

Metrópoles brasileiras

Existem atualmente 12 centros urbanos classificados entre as metrópoles brasileiras.

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O IBGE realiza o ordenamento e a classificação das metrópoles e demais aglomerados urbanos

"As metrópoles são centros urbanos de grande porte e caracterizam-se pelo poder de
atração e influência que exercem sobre um grande número de cidades em seu entorno.
Quanto maior a abrangência de sua influência, mais elevado é o seu nível na hierarquia
urbana.

No Brasil, recebem a denominação de metrópole doze centros urbanos. Eles são "
classificadas, de acordo com o órgão oficial – o IBGE –, em três níveis:"

"São Paulo é o centro urbano de maior influência no país e é categorizado como Grande Metrópole Nacional"

Grande metrópole nacional – No Brasil, apenas um centro urbano figura nessa categoria:
São Paulo, o maior centro urbano brasileiro. Possui aproximadamente 20 milhões de
habitantes e é responsável, sozinho, por expressiva fatia do PIB do país.

Metrópole nacional – Nessa classificação, estão Rio de Janeiro e Brasília, que, com São
Paulo, estão no primeiro nível da organização territorial. Rio de Janeiro, com mais 11 milhões
de habitantes, e Brasília, com mais de 3 milhões de habitantes, possuem áreas de influência
que ultrapassam os limites de seu estado (Rio de Janeiro) e o Distrito Federal."

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"O Rio de Janeiro é uma das metrópoles nacionais"

Metrópole – No terceiro nível hierárquico, estão os centros urbanos de Manaus, Belém,


Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Curitiba, Goiânia e Porto Alegre. Todos esses
centros urbanos possuem população acima de 1,5 milhão de habitantes. A mais populosa
das metrópoles é Belo Horizonte.

Embora Manaus e Goiânia figurem no terceiro nível da organização do território, possuem


características que lhe confiam o caráter de metrópole. Esses critérios baseiam-se no porte
e projeção nacionais que esses centros urbanos possuem.

Mapa Mental: Urbanização

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