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Universidade Federal Rural do Sem-Árido – UFERSA

Centro Multidisciplinar de Pau dos Ferros – CMPF


Disciplina: Urbanismo
Professor: Jorge Luís de Oliveira Pinto Filho
Aluno: Ramon Dalison Alencar Fernandes Turma: 01

II Avaliação

1 – O processo de urbanização no Brasil tem início no século XX com o êxodo rural. Ou seja, o
deslocamento de pessoas do campo para as cidades em busca de melhores condições de vida. Lembre-se que
a urbanização é o aumento da população em zonas urbanas em detrimento das zonas rurais. O processo de
industrialização dos centros urbanos foi fundamental para que a urbanização se expandisse cada vez mais no
país. Com a expansão das indústrias e de maiores ofertas de trabalho, o aumento populacional foi
significativo nos centros urbanos. Em relação a outros países, a urbanização no Brasil foi tardia, rápida e
desordenada.
Figura 01 – Taxa de Urbanização Figura 02 – Urbanização regional

Figura 03 – Urbanização desordenada Figura 04 – Hierarquia Urbana

Diante disso, percebe-se que a urbanização brasileira tem se intensificado nos últimos anos, proporcionando
mais casos de conflitos. Sendo assim, responda as questões abaixo:
a) Descreva a cronologia da urbanização brasileira.
Atualmente, mais de 80% da população brasileira vive em áreas urbanas, o que equivale aos níveis
de urbanização dos países desenvolvidos.
Até 1950 o Brasil era um país de população majoritariamente rural. As principais atividades
econômicas estavam associadas à exportação de produtos agrícolas, dentre eles o café. Com o início
do processo industrial, em 1930, houve um brusco aumento do êxodo rural. Além da
industrialização, outros dois fatores também ajudaram a provocar esse deslocamento campo-cidade:
a concentração fundiária e a mecanização do campo.
Em 1940, apenas 31% da população brasileira vivia em cidades. Foi a partir de 1950 que o processo
de urbanização se intensificou, pois, com a industrialização promovida por Getúlio Vargas e
Juscelino Kubitschek houve a formação de um mercado interno integrado que atraiu milhares de
pessoas para o Sudeste do país, região que possuía a maior infraestrutura e, consequentemente, a que
concentrava o maior número de indústrias – e empregos.
Na década de 1970, mais da metade dos brasileiros já se encontrava em áreas urbanas, cuja oferta de
emprego e de serviços, como saúde, educação e transporte, eram maiores que no espaço rural. O
resultado desse processo é que, nos últimos 60 anos, a população rural aumentou cerca de 12%,
enquanto que a população urbana aumentou mais de 1000%, passando de 13 para 138 milhões de
habitantes.

b) Discorra sobre as desigualdades regionais no Brasil.


As desigualdades econômicas e a dificuldade de determinadas regiões em se inserirem na economia
nacional promoveram uma urbanização diferenciada em cada uma das macrorregiões do país.
A região Sudeste, por concentrar a maior parte das indústrias do país, foi a que recebeu os maiores
fluxos migratórios vindos da área rural – oriundos principalmente da região Nordeste. A tabela a
seguir evidencia a consequência direta desse movimento migratório: o Sudeste foi a região com as
maiores taxas de urbanização nos últimos 70 anos. Na década de 1960, com 57% de habitantes
urbanos, foi a primeira região a registrar uma superioridade numérica de habitantes vivendo na área
urbana em relação à população rural.
Na região Centro-Oeste, o processo de urbanização teve como principal fator a construção de
Brasília, em 1960, que atraiu milhares de trabalhadores, a maior parte deles vindos das regiões Norte
e Nordeste. Desde o final da década de 1960 e início da década de 1970, o Centro-Oeste tornou-se a
segunda região mais urbanizada do país, num processo que também foi influenciado pela
mecanização da agricultura e pela expansão da fronteira agrícola, já que muitas cidades surgiram ou
cresceram como pontos de apoio da produção agropecuária.
A urbanização na região Sul foi lenta até a década de 1970, em razão de suas características
econômicas serem baseadas no predomínio da propriedade familiar e da policultura. Isso fez com
que um número reduzido de trabalhadores rurais migrasse para as áreas urbanas, tornando lento o
processo de urbanização local.
A região Nordeste é a que apresenta hoje a menor taxa de urbanização no Brasil. Essa fraca
urbanização está consequência, em grande parte, do fato de que dessa região partiram várias
correntes migratórias para o restante do país. Além disso, o pequeno desenvolvimento econômico
das cidades nordestinas não era capaz de atrair a sua própria população rural.

c) Elenque os problemas urbanos do Brasil.


O rápido e desordenado processo de urbanização ocorrido no Brasil trouxe uma série de
consequências, e em sua maior parte negativas. Por exemplo, a ausência de planejamento urbano
adequado contribuiu para a ocorrência de um intenso processo de favelização, o qual multiplicou as
ocupações irregulares nas principais capitais brasileiras, como Rio de Janeiro e São Paulo. Tal
fenômeno está ligado ao grande e rápido fluxo migratório em direção às áreas de maior oferta de
emprego do país, pois, em boa parte dos casos, os novos moradores da cidade se viram sem
alternativas de moradia adequada ao chegarem nas metrópoles. Portanto, a falta de uma política
habitacional acabou contribuindo para o aumento acelerado das favelas no Brasil.
Outro importante problema urbano é a violência. O aumento da violência urbana está ligado ao fato
de que, mesmo com o crescimento industrial do país e com a grande oferta de emprego nas cidades
do Sudeste, não havia oportunidades de emprego o bastante para o grande fluxo populacional que
havia se deslocado em um curto espaço de tempo. Por essa razão, o número de desempregados
também era grande e a pobreza aumentava. Nessas condições, criou-se um cenário ideal para um
aumento dos roubos, furtos, e demais tipos de violência relacionadas às áreas urbanas.
Os problemas ambientais também cresceram em áreas urbanas, tais como a poluição e a ocorrência
de enchentes. O grande número de indústrias, automóveis e de habitantes vai impactar o aumento das
emissões de gases poluentes, assim como com a contaminação dos lençóis freáticos e rios dos
principais centros urbanos. Ao mesmo tempo, a impermeabilização do solo pelo asfaltamento e
edificações, associado ao desmatamento e ao lixo industrial e residencial, fazem com que o problema
das enchentes seja algo comum nas grandes cidades brasileiras.
d) Disserte sobre a rede urbana brasileira.
Somente a partir da década de 1940, juntamente com a industrialização e a instalação de rodovias,
ferrovias e novos portos, integrando o território e o mercado, é que se estruturou uma rede urbana em
escala nacional. Até então, o Brasil era formado por “arquipélagos regionais” polarizados por suas
metrópoles e capitais regionais. As atividades econômicas que impulsionavam a urbanização
desenvolviam-se de forma independente e esparsa pelo território. A integração econômica entre São
Paulo (região cafeeira), Zona da mata nordestina (cana-de–açúcar, cacau e tabaco), Meio-Norte
(algodão, pecuária e extrativismo vegetal) e região Sul (pecuária e policultura) era extremamente
frágil. Com a modernização da economia, primeiro as regiões Sul e Sudeste formaram um mercado
único que, depois, incorporou o Nordeste e, mais recentemente, também o Norte e o Centro-Oeste.
Na década de 1940, à medida que a infraestrutura de transportes e comunicações foi se expandindo
pelo país, o mercado se unificou e a tendência à concentração urbano-industrial ultrapassou a escala
regional, atingindo o país como um todo. Assim, os grandes polos industriais da região Sudeste (com
destaque para São Paulo e Rio de Janeiro) passaram a atrair um enorme contingente de mão-de-obra
oriundo das demais regiões e se tornaram metrópoles nacionais. Essas duas cidades viram sua
população crescer muito mais rápido do que a oferta de serviços e infraestrutura, e com isso,
tornaram-se centros caóticos, onde se percebe claramente a existência de uma macrocefalia urbana.
Isso ocorreu porque, de 1930 até 1970, o governo federal concentrou investimentos de infraestrutura
industrial (produção de energia e implantação de sistema de transportes) na Região Sudeste, que, em
consequência, se tornou o grande centro de atração populacional do país. Os migrantes que a região
recebeu eram, em sua esmagadora maioria, constituídos por trabalhadores desqualificados e mal
remunerados, que foram se concentrando na periferia das grandes cidades, em locais totalmente
desprovidos de infraestrutura urbana.

e) Aponte sobre hierarquia urbana brasileira.


No decorrer dos anos, a periferia se expandiu demais e a precariedade do sistema de transportes
urbanos levou a população de baixa renda a morar em favelas e cortiços no centro das metrópoles,
pois morar em áreas muito afastadas representaria sofrer diariamente com grandes deslocamentos
para o trabalho. Atualmente, 65% dos habitantes da Grande São Paulo e Grande Rio de Janeiro
moram em cortiços, favelas, loteamentos clandestinos ou imóveis irregulares. Durante as décadas de
70 e 80, essas duas metrópoles passaram a apresentar índices de crescimento populacional inferiores
à média brasileira, numa evidência de que começava a ocorrer um processo de desmetropolização.
Em todas as metrópoles regionais, exceto Recife, foram verificados índices superiores a essa mesma
média.
No Centro-Sul do país, as cidades estão plenamente conectadas, o que intensifica a troca de
mercadorias, informações e ordens entre a população e os agentes econômicos. Já nas regiões mais
atrasadas, a conexão entre as cidades é esparsa e a relação de troca é incipiente, o que mostra que a
rede urbana brasileira é incompleta e desigualmente distribuída.
É importante lembrar também que hoje, no Brasil e no mundo, as cidades são cada vez menos
“industriais” e mais “comerciais”. Como assim? Simples: hoje, a renda de muitas cidades depende
mais do setor terciário que do secundário. Além disso, a maioria das pessoas está empregada neste
setor econômico também. É o processo de terciarização. Já a rede urbana brasileira, apesar de ainda
ser bem precária, concentrada e incompleta, tem melhorado nos últimos tempos, principalmente por
conta da evolução tecnológica dos transportes e das telecomunicações. Com isso, facilita-se ainda
mais o processo de desconcentração industrial e a consequente desmetropolização.

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