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Disciplina: Parasitologia Clínica

Docente: Dra. Thaís Leal Silva

Roteiro de Aula prática de exames parasitológicos de sangue

Introdução
O exame parasitológico de sangue consiste em se examinar ao microscópio uma
gota de sangue do paciente colocada sobre uma lâmina. A partir daí, conforme será
mostrado em seguida, podemos realizar um dos seguintes procedimentos: observar o
parasito vivo ou observar o parasito fixado e corado, a partir de “esfregaços delgados”
ou “esfregaços espessos” (gota espessa). Diversas doenças parasitárias que apresentam
formas ou estágios no sangue circulante podem ser diagnosticadas com precisão por
meio do exame de sangue. Assim, a malária, a filariose brancroftiana, a babesiose e a
doença de Chagas em sua fase aguda são diagnosticadas parasitologicamente por esse
exame.
Os métodos adotados para evidenciação do parasito devem ser executados
imediatamente após a colheita do sangue. Caso isso não possa ser feito, há possibilidade
de colher o sangue em vidros contendo anticoagulantes (heparina ou citrato) e então,
quando for possível, executar os métodos de exame indicados. A hemoscopia assim
feita é menos nítida do que quando em material fresco.

Objetivos:
Aplicar a teoria de coleta parasitológica de sangue para gota espessa e esfregaço
delgado;
Observar as formas parasitárias de Plasmodium falciparum e Plasmodium berghei
(camundongo).

Materiais necessários:
EPI (jaleco, luva, máscara e óculos de proteção).
Algodão;
Álcool 70%;
Gaze;
Lanceta;
Agulha de coleta a vácuo compatível com o acesso venoso do paciente;
Tubo de coleta a vácuo;
Estufa;
Adaptador de agulha para coleta de sangue a vácuo;
Garrote;
Curativo estéril;
Tubo sem anticoagulante;
Blood Stop;
Lâmina;
Extensores para esfregaço sanguíneo;
Giemsa;
Metanol.
Primeiro passo: Coleta do Sangue

Os locais mais usados são a polpa digital do anular esquerdo ou lóbulo da orelha,
onde a pele é fina e há boa irrigação sanguínea.
1- Colocar uma das lâminas sobre a superfície plana e manuseá-la pelas extremidades,
evitando tocar as superfícies. De preferência, a lâmina deve estar com etiqueta auto-
adesiva para o registro da identificação; a opção alternativa é usar lâmina com
extremidade esmerilhada, onde a identificação é feita com lápis.
2- Calçar luvas de látex descartáveis.
3- Limpar vigorosamente a pele do local de punção (parte lateral do segundo ou terceiro
dedo da mão, lóbulo da orelha ou, em lactentes, o dedo grande do pé ou calcanhar) com
gaze ou algodão embebido em álcool a 70%; posteriormente, enxugar com gaze ou
algodão secos.
4- Retirar o estilete (lanceta) do envoltório estéril, segurando-o firmemente.
5- Segurar o dedo a ser puncionado entre o polegar e o indicador da mão do operador e
puncionar o local de maneira firme e leve.
6- Remover a primeira gota de sangue com gaze ou algodão secos (na aula vamos usar
a primeira gota pra esfregaço delgado e a segunda para gota espessa)
7- Comprimir o dedo suavemente (como em ordenha) para obter outra gota de sangue
esférica sobre a pele seca. Cuidar para não tocar o ponto de saída do sangue.
8- Segurar a lâmina firmemente pelas bordas da extremidade onde se encontra a
etiqueta de identificação. Aproximar a lâmina ao dedo do paciente (pela face onde
consta a identificação) até tocar o alto da gota de sangue (evitando o contato com a
pele). Se a quantidade de sangue for insuficiente, pode-se colocar outra gota ao lado da
primeira.
9- Limpar o local puncionado com gaze ou algodão embebido em álcool a 70% e, se
necessário, pressioná-lo.
10- Secar a lâmina (em temperatura ambiente, ar morno, caixa com lâmpada ou estufa),
cuidando para que o sangue não se fixe por calor excessivo.
11- Para iniciar a pré-coloração, esperar até que o sangue esteja totalmente seco. Caso
contrário, pode haver perda total de material.

Observação 1: ao se fazer a picada, o dedo ou o lóbulo da orelha devem estar bem


secos. Caso estejam molhados pelo desinfetante ou pelo suor, haverá hemólise das
hemácias.
Em locais endêmicos pode ser feito a coleta de sangue venoso sem o uso de
anticoagulante. A coleta com anticoagulante não é indicada para o preparo da gota
espessa, por não apresentar boa fixação na lâmina, podendo desprender-se no ato da
coloração ou durante a lavagem. Em caso de sangue com anticoagulante, a lâmina deve
ser submetida à secagem durante um tempo maior, antes da coloração.
Observação 2: Uma gota espessa adequada deve ter de 1 cm2 a 1,5 cm2 de superfície, o
que aproximadamente equivale a 500 a 800 campos microscópicos, quando se trabalha
com aumento de 700 a 800 vezes. Nesse caso, é encontrada uma média de 10 a 20
leucócitos por campo.
Métodos de Exame Direto (não vamos fazer na aula)
1- A gota é coletada no centro de uma lâmina.
2- Deve-se cobrir a gota com lamínula e examinada imediatamente após, pois a
coagulação é rápida.
3- Caso queira retardar a coagulação, pode adicionar uma ou duas gotas de salina.
Levando-se essa preparação ao microscópio, poderão ser vistos os parasitos porventura
existentes.
Observação: Esse exame direto ou a fresco permite visualizar os parasitos vivos,
movimentando-se.
1ª gota de sangue  Esfregaço em Camada Delgada
1- Colocar uma gota de sangue na extremidade direita de uma lâmina (esta deve estar
apoiada sobre a mesa);
2- Pegar outra lâmina, segurar por cima com a mão direita e, com uma inclinação de
45°, encostar adiante da gota;
3- Deixar a mesma se espalhar pela superfície de contato das duas lâminas;
4- “Puxar” a gota espalhada até o fim da lâmina;
5- Secar por agitação vigorosa imediatamente ou utilizar estufa de 37 oC (a secagem
pode ser verificada pelo desaparecimento do brilho da amostra úmida)
6- Corar pelo Giemsa ou Leishman.
2ª gota de sangue  Esfregaço em Gota Espessa
1- Colocar 5 mm3 de sangue recém-colhido no centro de uma lâmina de vidro;
2- Com o canto de outra lâmina ou da lanceta utilizada na punção digital, espalhar essa
gota por uma supefície de 1 cm2, espalhar fazendo um M formando um quadrado.
3- Homogeneizar a gota;
4- Deixar secar em temperatura ambiente durante 10 a 12 horas ou colocar em estufa
até a secagem da lâmina.
5- Após esse processo pode mergulhar em água destilada para a desemoglobinização –
(lise das hemácias).
6- Após a lâmina seca fixá-la com metanol;
7- Corar pelo Giemsa, colocando uma gota da solução-estoque para cada mL da
solução- tampão (água destilada);
8- Deixar em repouso por 30 minutos;
9- Lavar com água destilada (para retirar o excesso de corante), secar e examinar ao
microscópio.

Observação: não se deve usar sangue com anticoagulante para executar essa técnica,
pois pode interferir na aderência dos hemoparasitos.

Coloração
Os corantes mais comuns são o Giemsa e o Leishman.
• Giemsa
1- Fixar pelo álcool metílico: cinco gotas por dois minutos;
2- Preparar o corante: uma gota do Giemsa para 2 mL de água destilada;
3- Cobrir o esfregaço e deixar em repouso por 20 a 30 minutos;
4- Escorrer o corante e lavar em água corrente;
5- Deixar secar e examinar ao microscópio.
• Leishman
1- Cobrir o esfregaço com 6 ou 7 gotas de corante;
2- Deixar fixar por 15 segundos, no máximo;
3- Adicionar 12 a 14 gotas de solução-tampão;
4- Homogeneizar, soprando o corante com a pipeta e deixar em repouso por 20
minutos;
5- Escorrer o corante e lavar em água corrente;
6- Deixar secar e examinar ao microscópio.
Observação: O esfregaço corado pelo Leishman não necessita de fixação prévia pelo
álcool metílico, pois este já faz parte da fórmula do corante. Em geral, as lâminas
preparadas por esse método não são muito duráveis nem tão perfeitas quanto pelo
método de Giemsa, mas é uma técnica muito utilizada, em vista da rapidez e
facilidade de execução.
NOTA: Pode ser usado também o Corante Panótico Rápido.
Referências:
Neves, DP; Melo, AL; Lenardi, PM; Vitor, RWA. Parasitologia humana, v. 13, 2016.
Brasil, M. S. Manual de diagnóstico laboratorial da malária. Ministério da Saúde,
Brasília, v. 112, 2005.

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