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Introdução
O exame parasitológico de sangue consiste em se examinar ao microscópio uma
gota de sangue do paciente colocada sobre uma lâmina. A partir daí, conforme será
mostrado em seguida, podemos realizar um dos seguintes procedimentos: observar o
parasito vivo ou observar o parasito fixado e corado, a partir de “esfregaços delgados”
ou “esfregaços espessos” (gota espessa). Diversas doenças parasitárias que apresentam
formas ou estágios no sangue circulante podem ser diagnosticadas com precisão por
meio do exame de sangue. Assim, a malária, a filariose brancroftiana, a babesiose e a
doença de Chagas em sua fase aguda são diagnosticadas parasitologicamente por esse
exame.
Os métodos adotados para evidenciação do parasito devem ser executados
imediatamente após a colheita do sangue. Caso isso não possa ser feito, há possibilidade
de colher o sangue em vidros contendo anticoagulantes (heparina ou citrato) e então,
quando for possível, executar os métodos de exame indicados. A hemoscopia assim
feita é menos nítida do que quando em material fresco.
Objetivos:
Aplicar a teoria de coleta parasitológica de sangue para gota espessa e esfregaço
delgado;
Observar as formas parasitárias de Plasmodium falciparum e Plasmodium berghei
(camundongo).
Materiais necessários:
EPI (jaleco, luva, máscara e óculos de proteção).
Algodão;
Álcool 70%;
Gaze;
Lanceta;
Agulha de coleta a vácuo compatível com o acesso venoso do paciente;
Tubo de coleta a vácuo;
Estufa;
Adaptador de agulha para coleta de sangue a vácuo;
Garrote;
Curativo estéril;
Tubo sem anticoagulante;
Blood Stop;
Lâmina;
Extensores para esfregaço sanguíneo;
Giemsa;
Metanol.
Primeiro passo: Coleta do Sangue
Os locais mais usados são a polpa digital do anular esquerdo ou lóbulo da orelha,
onde a pele é fina e há boa irrigação sanguínea.
1- Colocar uma das lâminas sobre a superfície plana e manuseá-la pelas extremidades,
evitando tocar as superfícies. De preferência, a lâmina deve estar com etiqueta auto-
adesiva para o registro da identificação; a opção alternativa é usar lâmina com
extremidade esmerilhada, onde a identificação é feita com lápis.
2- Calçar luvas de látex descartáveis.
3- Limpar vigorosamente a pele do local de punção (parte lateral do segundo ou terceiro
dedo da mão, lóbulo da orelha ou, em lactentes, o dedo grande do pé ou calcanhar) com
gaze ou algodão embebido em álcool a 70%; posteriormente, enxugar com gaze ou
algodão secos.
4- Retirar o estilete (lanceta) do envoltório estéril, segurando-o firmemente.
5- Segurar o dedo a ser puncionado entre o polegar e o indicador da mão do operador e
puncionar o local de maneira firme e leve.
6- Remover a primeira gota de sangue com gaze ou algodão secos (na aula vamos usar
a primeira gota pra esfregaço delgado e a segunda para gota espessa)
7- Comprimir o dedo suavemente (como em ordenha) para obter outra gota de sangue
esférica sobre a pele seca. Cuidar para não tocar o ponto de saída do sangue.
8- Segurar a lâmina firmemente pelas bordas da extremidade onde se encontra a
etiqueta de identificação. Aproximar a lâmina ao dedo do paciente (pela face onde
consta a identificação) até tocar o alto da gota de sangue (evitando o contato com a
pele). Se a quantidade de sangue for insuficiente, pode-se colocar outra gota ao lado da
primeira.
9- Limpar o local puncionado com gaze ou algodão embebido em álcool a 70% e, se
necessário, pressioná-lo.
10- Secar a lâmina (em temperatura ambiente, ar morno, caixa com lâmpada ou estufa),
cuidando para que o sangue não se fixe por calor excessivo.
11- Para iniciar a pré-coloração, esperar até que o sangue esteja totalmente seco. Caso
contrário, pode haver perda total de material.
Observação: não se deve usar sangue com anticoagulante para executar essa técnica,
pois pode interferir na aderência dos hemoparasitos.
Coloração
Os corantes mais comuns são o Giemsa e o Leishman.
• Giemsa
1- Fixar pelo álcool metílico: cinco gotas por dois minutos;
2- Preparar o corante: uma gota do Giemsa para 2 mL de água destilada;
3- Cobrir o esfregaço e deixar em repouso por 20 a 30 minutos;
4- Escorrer o corante e lavar em água corrente;
5- Deixar secar e examinar ao microscópio.
• Leishman
1- Cobrir o esfregaço com 6 ou 7 gotas de corante;
2- Deixar fixar por 15 segundos, no máximo;
3- Adicionar 12 a 14 gotas de solução-tampão;
4- Homogeneizar, soprando o corante com a pipeta e deixar em repouso por 20
minutos;
5- Escorrer o corante e lavar em água corrente;
6- Deixar secar e examinar ao microscópio.
Observação: O esfregaço corado pelo Leishman não necessita de fixação prévia pelo
álcool metílico, pois este já faz parte da fórmula do corante. Em geral, as lâminas
preparadas por esse método não são muito duráveis nem tão perfeitas quanto pelo
método de Giemsa, mas é uma técnica muito utilizada, em vista da rapidez e
facilidade de execução.
NOTA: Pode ser usado também o Corante Panótico Rápido.
Referências:
Neves, DP; Melo, AL; Lenardi, PM; Vitor, RWA. Parasitologia humana, v. 13, 2016.
Brasil, M. S. Manual de diagnóstico laboratorial da malária. Ministério da Saúde,
Brasília, v. 112, 2005.