Você está na página 1de 6

Geografia

As Questões Agrárias no
Brasil
I. Resumo sobre a questão agrária no BR;
II. O que é a questão agrária;
III. Fatores que envolvem essa questão no BR;
IV. Histórico da questão agrária no BR;
V. Questão agrária no BR atual.
 Resumo sobre a questão agrária no
BR
 relacionados à estrutura fundiária, ao modo de
produção agrícola e às relações capitalistas e de
trabalho que ocorrem no espaço agrário brasileiro.
 Historicamente a concentração de terras teve início,
ainda no período colonial, com a atribuição de
extensos lotes a poucas pessoas. Com a instituição da
A questão agrária abrange problemas no campo
propriedade apenas pela compra, novos problemas
surgiram, como a grilagem de terras.
 A modernização agropecuária e a maior introdução do
capital no campo aprofundaram ainda mais as
desigualdades no campo brasileiro, agravando o
problema da concentração de terras e intensificando o
processo de êxodo rural.
 Nas áreas de expansão da fronteira agrícola brasileira,
sobretudo na região Norte, observa-se uma escalada
dos conflitos e da violência no campo.
A reforma agrária se processa lentamente, e é uma das
principais temáticas da questão agrária brasileira.
 O que é a questão agrária
A questão agrária pode ser definida como o conjunto de
atividades que se desenvolvem no campo somado à sua
estrutura, organização e ao modo de produção agrícola. A
questão agrária envolve, ainda, as relações entre trabalho e
capital e entre a terra e o capital no meio rural, o que leva
autores, como Girardi, a defini-la como “o conjunto de
problemas inerentes ao desenvolvimento do capitalismo no
campo”.
Devido à similaridade entre os termos, a questão agrária pode
ser confundida com a questão agrícola, e, embora haja
correlação entre ambas, elas dizem respeito a coisas diferentes.
A questão agrícola se refere à produção agropecuária e às
cadeias produtivas no campo, com ênfase nos gêneros agrícolas
que são produzidos, na quantidade, no local e nos demais
aspectos referentes ao processo produtivo. Todos esses
elementos estão também inseridos na questão agrária, mas esta
é mais abrangente, visto que agrega os meios e modos de
produção, a forma de organização do espaço agrícola e as
relações sociais que ocorrem nesse espaço.

 Fatores que envolvem essa cena


no BR
A temática da questão agrária é bastante estudada e debatida tanto
nos meios sociais quanto nos meios acadêmicos. Em todas elas, é
possível distinguir fatores em comum que consistem em preocupações
centrais para a problemática agrária brasileira.
O primeiro e talvez mais antigo deles são o latifúndio e a
concentração de terras no Brasil, peças-chave no entendimento da
questão agrária. Atrelado a eles está, em uma escala mais ampla, a
questão da estrutura fundiária brasileira e a forma como acontece a
distribuição de terras no campo. Esse aspecto envolve o tamanho das
propriedades e a sua quantidade bem como o número de
estabelecimentos que pertencem aos pequenos, médios ou grandes
proprietários de terras.
Dentro desse escopo, a questão agrária se ocupa também de
problemas como a grilagem de terras, os conflitos que acontecem no
campo, motivados pelas disputas territoriais e pelo acesso à terra,
a demarcação de terras indígenas e, tão importante quanto,
a reforma agrária, um dos principais aspectos da questão agrária
brasileira na atualidade.
Com o passar do tempo e o advento de novos meios e técnicas de
produção aliado à inserção do capital no campo, surge um novo
modo de produção agropecuária. Desse processo decorre também a
transformação no emprego de mão de obra nas lavouras e, por
conseguinte, nas relações de trabalho no meio rural, sendo possível
fazer a distinção entre agricultores familiares ou camponeses e grandes
produtores rurais, sendo boa parte destes associada ao agronegócio.
Assim, além da terra propriamente dita, outros fatores importantes que
permeiam a questão agrária brasileira são o capital e as relações de
trabalho no campo. Mais recentemente, a exploração dos recursos
naturais e as ameaças ao meio ambiente têm integrado igualmente a
problemática agrária brasileira.

 Histórico da questão agrária no BR


Os problemas no campo e a concentração fundiária no
Brasil tiveram início ainda no período da colonização. À época,
as terras brasileiras eram de propriedade da Coroa portuguesa, e
a sua partilha se deu inicialmente por meio das capitanias
hereditárias, que eram doadas a pessoas de confiança da Coroa.
Essas propriedades serviam tanto para fins produtivos quanto
para o estabelecimento português no Brasil, garantindo, assim,
domínio sobre o novo território.
Com as capitanias surgiu o sistema de sesmarias, que
funcionava também por doação e deveria ser uma propriedade
produtiva. Esse sistema de atribuição ficou em vigor entre os
séculos XVI e XIX, tendo fim em 1822. No intervalo de tempo que
vai até 1850, não havia um instrumento que legislasse sobre a
propriedade de terras no país, e as chamadas terras devolutas,
isto é, aquelas terras que foram abandonadas pelos seus antigos
donos (sesmeiros, no caso) e não pertenciam à Coroa, podiam
ser livremente ocupadas.
Esse quadro se alterou em 1850, quando foi promulgada
a Lei de Terras. A partir dela, a única forma de se adquirir
propriedades rurais era por meio da compra. O novo
instrumento ampliou o processo de concentração de terras que
estava em curso no país, pois limitou o escopo daqueles que
poderiam adquiri-las. Além disso, grandes proprietários
lançaram mão de táticas como a grilagem, que nada mais é do
que a falsificação de documentos, para aumentarem as suas
áreas.
As pessoas que não tinham como adquirir a terra acabavam se
tornando assalariados nas propriedades rurais, o que inclui
grande parcela dos imigrantes europeus que chegavam ao país
no período, os quais vinham atraídos pela (muitas vezes falsa)
esperança de terem seus próprios lotes. A Lei de Terras
representou um marco na questão agrária brasileira por limitar a
aquisição de terras a um determinado grupo social e
acentuar, dessa forma, as desigualdades no campo.
Um século mais tarde, na segunda metade do século XX, a
modernização produtiva no campo que chamamos de Revolução
Verde, mediada por políticas governamentais, causou profundas
mudanças na estrutura produtiva do país.
A adoção do modelo produtivo do agronegócio, intensivo em
capitais e baseado na monocultura e nas grandes propriedades
de terra, bem como o avanço da fronteira agrícola para as
regiões central e norte do Brasil aumentaram o número de
trabalhadores rurais desempregados, intensificaram o
processo de concentração de terras e suscitaram diversos
conflitos violentos no campo. O quadro que se observa
atualmente no país é derivado desse processo.

 Questão agrária no BR atual


A questão agrária brasileira possui alguns atores principais, são eles:
 Estado;
 mercado;
 latifundiários;
 agroindústrias;
 camponeses;
 pequenos e médios proprietários de terra;
 comunidades tradicionais (como os indígenas e quilombolas);
 movimentos sociais e outras entidades.
O problema central que permeia o espaço agrário brasileiro é, ainda
hoje, a concentração fundiária. Dados do Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária (Incra) para o ano de 2018 mostram
que, das 6.574.830 de propriedades rurais registradas no país, 1,47%
possui mais de mil hectares. Em área, esse valor equivale a 57,69% de
todos os mais de 775 milhões de hectares ocupados por propriedades
no Brasil, demonstrando, assim, que há uma extensa área
concentrada em poucos estabelecimentos rurais.
Grande parte dos latifúndios se encontra em áreas de fronteira
agrícola, para onde houve a expansão de monocultivos como o da
soja, que hoje é a principal commodity agrícola brasileira. Tratamos
aqui especialmente da região Norte do país, para onde essa fronteira
se desloca atualmente.
Muito da mão de obra e dos pequenos e médios produtores dessas
áreas acabou por se deslocar para os centros urbanos em função da
modernização produtiva, que extinguiu postos de trabalho, da
competitividade imposta e até mesmo por conta da grilagem de terras,
ameaças e outros motivos que provocam a sua expulsão do campo.
Diante disso, temos que os principais conflitos e focos de
violência no campo atualmente se concentram nas áreas de expansão
da fronteira agrícola e mineral, atingindo pequenos produtores,
posseiros e comunidades tradicionais.
A reforma agrária se encontra no cerne da questão agrária
brasileira, visando à desapropriação de latifúndios improdutivos e
redistribuição dessas terras. O Incra é o responsável pela sua execução,
criando assentamentos para a alocação das famílias que não possuem
terras próprias nem condições para a sua aquisição. Dados do instituto
para 2017 mostram que o Brasil tem 972.289 famílias alocadas em
9374 assentamentos, totalizando 87.978.041,18 hectares de terras.
A problemática ambiental, a exploração em ritmo acelerado dos
recursos naturais e a abertura de novas áreas produtivas por meio de
práticas como a da queimada, por exemplo, têm ganhado também
cada vez mais importância e urgência no debate da questão
agrária brasileira.

Você também pode gostar