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Expansão Agrícola no Brasil

"A fronteira agrícola representa uma área mais ou menos definida de


expansão das atividades agropecuárias sobre o meio natural. Geralmente, é
nessa zona que se registram casos de desmatamento ilegal e de conflitos
envolvendo a posse e o uso da terra sobre as chamadas terras devolutas,
espaços naturais pertencentes à união e que não são delimitados por
propriedades legais, servindo de moradia para índios e comunidades
tradicionais e familiares."

Esse fenômeno tem sido impulsionado por diversos fatores, como


avanços tecnológicos na produção agrícola, políticas governamentais de
incentivo ao agronegócio, aumento da demanda global por commodities
agrícolas e condições climáticas favoráveis em algumas regiões.

"Durante o período após o descobrimento, quando a Coroa Portuguesa


decidiu implementar uma produção agrícola no país, a zona litorânea composta
predominantemente pela Mata Atlântica constituiu-se, então, como a primeira
fronteira agrícola brasileira.

Posteriormente, sobretudo ao longo do século XX, as práticas


agrícolas expandiram-se de forma mais intensa para o interior do
território nacional, em função tanto da política de Marcha para o Oeste,
implementada por Getúlio Vargas, quanto da política de substituição de
importações promovida por Juscelino Kubitschek.

Nesse ínterim, a região de expansão passou a ser a região Centro-


Oeste, com frentes migratórias de produtores advindos do Sul e do
Sudeste do Brasil. O resultado foi a transformação de estados como Goiás,
Mato Grosso e Mato Grosso do Sul em verdadeiros celeiros, produtores
principalmente de grãos, com destaque para a soja voltada para a exportação.
"

"Atualmente, a fronteira agrícola brasileira encontra-se em direção


à região Norte do país, registrando uma grande quantidade de conflitos na
área da Floresta Amazônica, com destaque para o caso Doroth Stang, uma
ativista estadunidense naturalizada brasileira que foi assassinada por
fazendeiros na cidade de Anapu (PA"

Para melhor compreender como ocorre a expansão da Fronteira


Agrícola, bem como os problemas a ela relacionados, é preciso compreender a
noção dos conceitos de Frente de Expansão e Frente Pioneira.

A Frente de Expansão é o primeiro processo de ocupação das áreas


naturais, geralmente realizadas por pequenos produtores sobre terras
devolutas (terrenos públicos no meio rural). Após dez anos de ocorrência dessa
ocupação, esses produtores – geralmente voltados para a agricultura orgânica
e familiar – podem requerer a posse oficial de suas terras por meio
do usucapião. Esses pequenos produtores são chamados de posseiros.

Em contraposição, a Frente Pioneira representa o avanço dos grandes


produtores rurais representantes do agronegócio que, ao contrário dos
anteriormente citados, manifestam um modo de produção inteiramente
capitalista, voltado para a produção comercial interna e para a exportação. Em
muitos casos, essa frente expande-se através da grilagem (apropriação ilegal)
de terras devolutas ou de espaços pré-ocupados pelos posseiros. Nessas

situações emerge a figura do grileiro.

Ao longo dos anos, diferentes regiões do Brasil têm se destacado na


expansão da fronteira agrícola. Inicialmente, a exploração ocorreu nas áreas
próximas à costa atlântica, como a região Nordeste e Sudeste. Posteriormente,
houve uma expansão significativa para o Centro-Oeste, principalmente com o
desenvolvimento do cerrado brasileiro.

No entanto, a expansão da fronteira agrícola também trouxe desafios e


impactos negativos. O desmatamento de áreas naturais, o uso intensivo de
agrotóxicos e a concentração de terras são algumas das questões ambientais e
sociais que surgiram com esse processo.

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