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Os limites da transição para uma

agricultura sustentável
Humberto Miranda do Nascimento

✓ Doutor em Economia Aplicada ( IE


Unicamp).

✓ Professor do IE da Unicamp.

✓ Linha de investigação atual é


Dinâmica regional da agricultura
brasileira.
Introdução

O artigo examina a questão agrária no


Brasil, analisando sua história e impacto
no meio ambiente. Destaca-se a desigual
ocupação do território, resultando em um
desequilíbrio socioespacial e
desigualdade no acesso e uso dos
recursos naturais.

Fator ambiental
Breve contexto da evolução do debate em
torno da questão agrária no Brasil.

Transformações no espaço rural brasileiro como


consequência da apropriação privada do
território, situando o problema sob o ponto de
vista ambiental.

Análise com o caso da Região Sul do Brasil, a partir


do caso do Estado do Paraná, discutindo por que a
maior democratização fundiária não
necessariamente responde à perspectiva de transição
para uma agricultura ambientalmente sustentável.
Lei de Terras no Brasil

Promulgação Aquisição de Grilagem de terras e


da lei nº 601 terras Violência no campo

• Revolta de
Canudos e a
• Compra Guerra do
• Terras e venda
devolutas Contestado
Questão agrária como problema econômico e social

Do ponto de vista da
norma jurídica da
propriedade de terra, a
Lei de Terras foi o ponto
de origem da questão
agrário-ecológica
Adoção do Critério de Delgado (2001)

Pós-guerra a 1964
1965 a 1985
Fase áurea do
desenvolvimento Fase da Pós-1985
modernização
conservadora da Fase da estagnação
agricultura econômica, do
desmonte do
padrão de
modernização
agrícola, etc.
Primeiro momento: Pós-guerra a 1964

Reforma Agrária como “questão


nacional”
Do lado dos setores politicamente conservadores:

Delfim Netto Roberto Campos

- Enfoque industrialista e liberal-conservador


- Negação a tese cepalina da oferta agrícola e defesa da
tese da resposta funcional
Segundo momento: 1965-1985

Voz dos economistas críticos: Modernização sem


reforma, modernização conservadora ou
modernização dolorosa

Programa de Ação Econômica do Governo (PAEG):


Objetivo: interpretar o desenvolvimento e formular
uma política que eliminasse os estrangulamentos
internos da economia que bloqueavam o crescimento.

Consolidação de uma estrutura fundiária social


e ambientalmente perversa
Terceiro momento: após-1985

Consolidação de um dualismo no processo de


desenvolvimento brasileiro – Complexos
agroindustriais

Delgado (2001) classifica os anos de 1980


como período de transição: modernizante-
conservador para liberalizante-conservador.

Rezende (2003) destaca nos anos de 1990


houve uma desregulamentação do mercado e a
nova política de preços mínimos e créditos
agrícolas
Garcia e Palmeira (2001) observaram que o período foi marcado pelo
“dilema do enraizamento da modernidade”
Ecologia política agrária no Brasil: indo à raiz
do problema

A questão ambiental está na raiz do


problema agrário brasileiro

Degradar para itinerar

1) Resultado da condição de
colônia

2) Revolução Verde
Ecologia política agrária no Brasil: indo à raiz
do problema
O caso brasileiro é um meio termo:

Ocupação das terras


Ausência de limites
devolutas e instituição do
ambientais
espaço rural

Estrutura fundiária mantida como regra de


reprodução

Agrário Ecológico
Ecologia política agrária no Brasil: indo à raiz
do problema
A Revolução Verde

Degradação ambiental Deterioração do espaço


social

Monocultura de fronteira aberta

Lei de Terras – apropriação


privada
A apropriação de terras e democratização do
espaço rural no Sul do Brasil

Tratamento marginal dado à


agricultura familiar – Chonchol

1) Trabalho familiar: núcleo produção


e consumo

2) Forma variada de posse de terra


A apropriação de terras e democratização do
espaço rural no Sul do Brasil

Estratégias de sobrevivência da agricultura


familiar – historicamente constituídas

Enfrentamento do processo de
modernização agrícola

Limites à reprodução social e


sustentabilidade
1870 e 1900 Organização social e produtiva do território

1910 e 1950 Conflitos entre posseiros e empresas


colonizadoras

Intensificação da mecanização, crescimento


1910 e 1950 agrícola, êxodo rural e degradação

1990 e 2000 Política de combate à degradação e


fortalecimento da AF
Economia rural do território paranaense

Concentração industrial
no Sudeste - SP
Desabastecimento estimulou
projetos de colonização
1930 – Expansão da paranaense
economia cafeeira
Governo estadual estimulou a
atinge o Paraná
imigração - Companhias
Economia rural do território
paranaense

Os interesses do capital
privado com os do
capital estrangeiro
prevaleceram e visavam
a ocupação das regiões
fronteiriças.
Processo de colonização e apropriação
territorial no Sudoeste do Paraná

Implementação de Exploração Degradação


empreendimentos econômica de ambiental
ferroviários madeira

Mais imigrantes assentados


Serrarias clandestinas

Invasão de terras, conflito armado


entre colonos e jagunços
Processo de colonização e apropriação
territorial no Sudoeste do Paraná
1960 – Grupo Executivo de Terras
para o Sudoeste do Paraná

1) Regularização das terras

2) Controle das serrarias clandestinas

3) Horto Florestas e reflorestamento

4) Ocupação pelo agricultor familiar


Processo de degradação no território
paranaense

Restringiu o padrão de ocupação via


fronteira aberta no espaço rural

Demissões e Êxodo rural

Redução do espaço rural

Geada Negra (1975)


Processo de degradação no território
paranaense

Soja e carne, trigo e pecuária

Estrutura agrária democrática, mas


desigualdade no acesso a espaços e
recursos naturais + degradação
ambiental
Considerações Finais

A questão ambiental é
interpretada como um fator
estruturante do espaço rural à
medida que o processo de
apropriação privada de terras
e a competição por espaços
produtivos criam limites
determinantes para o futuro
agrário e ecológico dos
territórios.
Referências
NASCIMENTO, Humberto Miranda do. Questão agrária,
território e meio ambiente no Brasil: Os limites da transição para
uma agricultura sustentável. Economía, Sociedad y Territorio,
[s.l.], v. 9, n. 31, p. 723-758.
“A natureza do processo de apropriação da terra no Brasil teve
na alienação-destruição da biodiversidade sua função
principal, porque, primeiro, atendeu exclusiva e plenamente aos
interesses dos grandes proprietários rurais em detrimento dos
interesses da sociedade e, segundo, mais importante ainda,
porque fez da monocultura de fronteira aberta [...] o elo
básico de acumulação capitalista.”

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