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CONFLITOS NO CAMPO
A QUESTÃO DAS TERRAS NO BRASIL O Brasil ainda tem terras para incorporar ao sistema produtivo
agrário. O limite entre o que já está e o que será ocupado denomina-
Como dito no módulo anterior, na década de 1950, observou-se se fronteira agrícola. Com o intenso processo de ocupação
a aceleração industrial e a modernização da economia brasileira e modernização agrícola ocorrido no Centro-Sul brasileiro, a
como um todo, o que também influenciou as atividades agrárias. fronteira agrícola deslocou-se para a Amazônia e para o extremo
A partir de 1964, destacou-se a constituição do novo complexo norte do Centro-Oeste do país. O que ocorre é que essa área de
agroindustrial nacional, caracterizado pela integração da agricultura fronteira passou também a ser ocupada e, embora os resultados
com a indústria. À agricultura, coube o papel de fornecer alimentos econômicos dessa ocupação não tenham sido significativos,
para os grandes centros urbanos em formação, produzir matérias- seus efeitos sobre a estrutura agrária continuam sendo muito
primas industriais e mercadorias destinadas à exportação. Ao setor conflituosos. Isso porque o movimento tradicional dos camponeses
industrial, coube a produção do maquinário agrícola, dos adubos de ir incorporando novas terras na zona de fronteira passou a ser
e dos fertilizantes necessários para uma produção em grande dificultado. E o mais grave: justamente numa situação em que a
escala. A modernização levou à subordinação do setor agrário modernização nas áreas de agricultura tradicional desalojava um
aos interesses urbanos, além de promover o endividamento do contingente grande de camponeses. Alguns estudiosos chegam
pequeno produtor, pois o aumento crescente da produção resultou mesmo a falar em fechamento da fronteira agrícola.
em preços cada vez menores para os produtos agrícolas, enquanto
O fato é que a política de ocupação da Amazônia, implementada
os insumos industrializados tornaram-se cada vez mais caros.
a partir dos anos 70 pela União atraiu, por meio de incentivos
A política agrícola pós-64 também privilegiou a grande fiscais, grandes proprietários, bancos e empresas multinacionais
produção, beneficiada por amplos subsídios, como os para desenvolver projetos agropecuários na fronteira agrícola.
financiamentos facilitados, juros especiais para os produtos de O fracasso destas iniciativas deixou marcas, das quais a mais
exportação ou de interesse governamental e as facilidades para profunda foi a mudança do conteúdo do território; antes, eram
a aquisição de terras em regiões de fronteira, como a Amazônia. terras passíveis de serem incorporadas por camponeses, agora
Os pequenos produtores de alimentos, que não foram beneficiados são terras com proprietário, na sua maioria de origem urbana.
pelos subsídios, tiveram dificuldades em integrar-se ao novo Mesmo assim os camponeses se instalam, pois não têm muitas
sistema, enfrentando o endividamento e a perda da terra. Como alternativas – e essa é a principal fonte de conflitos.
principais consequências negativas da modernização do espaço
De um lado, a modernização no campo brasileiro elevou os
agrário, deve-se destacar:
níveis de produção e de produtividade das atividades agropecuárias.
• o êxodo rural: a população rural brasileira passou de 50%, Por outro lado, a acelerada e brutal desruralização não levou em
em 1964, para menos de 20%, em 2010; conta o destino dos que viviam na estrutura fundiária de um mundo
• o agravamento da concentração fundiária; a expansão da tradicional, o que potencializou os conflitos sociais no campo e não
grande produção empresarial; proporcionou um meio de vida a grandes parcelas da população.
• o benefício governamental aos setores exportadores e
•
produtores de matérias-primas;
o declínio da produção de alimentos na década de 1980,
ESTRUTURA FUNDIÁRIA
Corresponde a forma ou ao modo como as propriedades
o que resultou no aumento do custo de vida. É importante
agrárias privadas ou estabelecimentos rurais de um país estão
assinalar que esse declínio foi revertido nos anos 90,
organizados de acordo com o número, tamanho e distribuição
quando a grande produção empresarial também assumiu
social. Para isso é necessário uma análise sobre o processo
o abastecimento do mercado interno.
histórico do país ou da região estudada e um estudo das leis das
propriedades rurais.
DISPONIBILIDADE No Brasil o estudo sobre o espaço rural depende basicamente
de duas fontes que fornecem dados estatísticos sob diferentes
DE TERRAS NO BRASIL perspectivas.
• Instituto Nacional da Colonização e Reforma Agrária
Área do Brasil onde ainda se (INCRA).
106 milhões de hectares
pode produzir.
• Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
282 milhões de hectares Área do Brasil onde se produz.
Sabendo então que a estrutura fundiária corresponde a
Área do Brasil onde não se maneira como as propriedades rurais estão distribuídas de acordo
pode produzir : Estradas, com o seu tamanho, no Brasil podemos observar um predomínio
centros urbanos, áreas de de terras ocupadas por latifúndios, ou seja, grandes propriedades.
463 milhões de hectares
reflorestamento, rios, unidades Observe abaixo através de dados disponibilizados pelo
de preservação, reservas legais Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) a
e Amazônia Legal. concentração de terras no Brasil.
851 milhões de hectares Total.
• Minifúndio - propriedade rural menor que o módulo fiscal. Constituição Federal de 1988. Ademais, por se tratar de um bem
Variam dependendo da localização do município. da União, a terra indígena é inalienável e indisponível, e os direitos
• Pequena Propriedade - área entre 1 e 4 módulos fiscais. Se sobre ela são imprescritíveis. As terras indígenas são o suporte do
for produtivo é chamado de Empresa Rural e está livre da modo de vida diferenciado e insubstituível dos cerca de 300 povos
Reforma Agrária. indígenas que habitam, hoje, o Brasil.
• Média Propriedade - área entre 4 e 15 módulos fiscais. Se O Brasil possui 350 mil índios, vivendo em 561 áreas diferentes,
for produtivo é chamado de Empresa Rural e está livre da que estão concentradas principalmente na Amazônia. Os povos
Reforma Agrária indígenas do Brasil enfrentam a invasão de suas terras por
madeireiros, grileiros, fazendeiros, garimpeiros e posseiros. Ao
• Grande Propriedade (Latifúndio) - área superior a 15 problema das invasões, soma-se à contaminação dos recursos
módulos fiscais. naturais e a violência praticada contra os índios nos momentos de
Os latifúndios que estão diretamente relacionados com a conflitos fundiários.
Reforma Agrária podem ser divididos da seguinte maneira: Em 2017 haviam 462 terras indígenas regularizadas, que
• Latifúndio Produtivo - Cumpre com a sua função social. representam cerca de 12,2% do território nacional, localizadas
• Latifúndio Improdutivo - Não cumpre com a sua função em todos os biomas, com concentração na Amazônia Legal. Tal
social. concentração é resultado do processo de reconhecimento dessas
terras indígenas pela Funai, principalmente, durante a década de
• Latifúndio por Dimensão - Apresenta uma área superior
1980, no âmbito da política de integração nacional e consolidação
a 600 vezes o módulo fiscal, podendo ter uma exploração
da fronteira econômica do Norte e Noroeste do país.
inadequada.
• Latifúndio por Exploração - Propriedade rural que
apresenta improdutividade sendo assim inexplorada. O
aspecto que é considerado importante pelo proprietário
dessa terra é a questão que envolve a especulação
imobiliária.
Apesar do avanço recente no processo de Reforma Agrária,
a maior parcela das famílias assentadas ainda compõe o grupo
da população mais pobre do país. Nesses assentamentos, é
desenvolvida uma agricultura de baixa produtividade, carente de
recursos técnicos e financeiros, o que denuncia a inadequação
da política agrícola e as dificuldades do pequeno produtor em
participar do grande mercado da produção agrícola, que é muito
competitivo.
Um dos grandes problemas da reforma agrária é tornar os
assentamentos economicamente viáveis, melhorando as condições
de vida no campo. A agricultura, cada vez mais mecanizada, exige
grandes investimentos tecnológicos para garantir níveis altos de
produtividade. No Brasil, as culturas voltadas para a exportação,
como laranja, soja e cana-de-açúcar, têm apresentado crescimento,
enquanto as que são tradicionalmente produzidas para o mercado
interno estão estagnadas ou em queda. Essas transformações têm
forte impacto sobre as pequenas propriedades rivais e dificultam
o desenvolvimento dos assentamentos, onde a produção tende a
permanecer no nível da subsistência.
Entre os fatores que contribuem para o sucesso de um Terras indígenas demarcadas no Brasil
assentamento estão a proximidade de um centro urbano e a Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Indigenous_brazil.jpg
existência de estradas para escoar a produção. Por isso mesmo,
as regiões que apresentam maior índice de abandono dos Nesse contexto, inaugurou-se um novo marco constitucional
assentamentos no país são Norte e Centro-Oeste, onde há menos que impôs ao Estado o dever de demarcar as terras indígenas,
infraestruturas e dificuldade de acesso às estradas. considerando os espaços necessários ao modo de vida
tradicional, culminando, na década de 1990, no reconhecimento
de terras indígenas na Amazônia Legal, como as terras indígenas
AS TERRAS INDÍGENAS Yanomami (AM/RR) e Raposa Serra do Sol (RR). Mesmo assim, o
Terra Indígena (TI) é uma porção do território nacional, de processo ainda não foi finalizado e existem muitas áreas à espera
propriedade da União, habitada por um ou mais povos indígenas, de demarcação e regularização. Isso torna as suas populações
por ele(s) utilizada para suas atividades produtivas, imprescindível ainda mais expostas à violência por parte daqueles que contestam
à preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem- as demarcações na justiça e ainda estão empenhados em fazer
estar e necessária à sua reprodução física e cultural, segundo seus riqueza, apropriando-se das terras indígenas.
usos, costumes e tradições. Trata-se de um tipo específico de
posse, de natureza originária e coletiva, que não se confunde com
o conceito civilista de propriedade privada.
O direito dos povos indígenas às suas terras de ocupação
tradicional configura-se como um direito originário e,
consequentemente, o procedimento administrativo de demarcação
de terras indígenas se reveste de natureza meramente declaratória.
Portanto, a terra indígena não é criada por ato constitutivo, e sim
reconhecida a partir de requisitos técnicos e legais, nos termos da
02. (ENEM - 2009) A luta pela terra no Brasil é marcada por diversos
aspectos que chamam a atenção. Entre os aspectos positivos,
destaca-se a perseverança dos movimentos do campesinato e,
entre os aspectos negativos, a violência que manchou de sangue
essa história. Os movimentos pela reforma agrária articularam-se
por todo o território nacional, principalmente entre 1985 e 1996, e
conseguiram de maneira expressiva a inserção desse tema nas
discussões pelo acesso à terra. O mapa seguinte apresenta a
distribuição dos conflitos agrários em todas as regiões do Brasil
nesse período, e o número de mortes ocorridas nessas lutas.
EXERCÍCIOS
PROTREINO
01. Tendo como base os dados estatísticos fornecidos pelo INCRA
cite qual tipo de imóvel rural ocupa uma maior área do espaço rural
brasileiro e qual tipo corresponde a uma maior parte do total de
propriedades.
02. Caracterize a estrutura fundiária brasileira.
03. Explique de que maneira as sesmarias contribuíram com a
formação de grandes propriedades rurais.
04. Explique como a Lei de Terras (1850) dificultou o acesso de
imigrantes e antigos escravos à propriedade rural no Brasil.
05. Cite as regiões que apresentam a maior quantidade de
assassinatos no campo brasileiro.
EXERCÍCIOS
PROPOSTOS
01. (ENEM - 2013) TEXTO I Com base nas informações do mapa acerca dos conflitos pela
posse de terra no Brasil, a região:
A nossa luta é pela democratização da propriedade da terra,
cada vez mais concentrada em nosso país. Cerca de 1% de todos os a) conhecida historicamente como das Missões Jesuíticas é a de
proprietários controla 46% das terras. Fazemos pressão por meio maior violência.
da ocupação de latifúndios improdutivos e grandes propriedades, b) do Bico do Papagaio apresenta os números mais expressivos.
que não cumprem a função social, como determina a Constituição
c) conhecida como oeste baiano tem o maior número de mortes.
de 1988. Também ocupamos as fazendas que têm origem na
grilagem de terras públicas. d) do norte do Mato Grosso, área de expansão da agricultura
Disponível em: www.mst.org.br. Acesso em: 25 ago. 2011 (adaptado).
mecanizada, é a mais violenta do país.
e) da Zona da Mata mineira teve o maior registro de mortes.
TEXTO II
O pequeno proprietário rural é igual a um pequeno proprietário 03. (UERJ 2008)
de loja: quanto menor o negócio, mais difícil de manter, pois tem
de ser produtivo e os encargos são difíceis de arcar. Sou a favor
de propriedades produtivas e sustentáveis e que gerem empregos.
Apoiar uma empresa produtiva que gere emprego é muito mais
barato e gera muito mais do que apoiar a reforma agrária.
Lessa, C. Disponível em: www.observadorpolitico.org.br.
Acesso em: 25 ago. 2011 (adaptado).
Duas grandes secas abalaram o Nordeste em 1952 e em 1958. 05. (ADAPTADA) Considere as tabelas para responder à
Cenas conhecidas desde os tempos coloniais se repetiam: rios questão.
secos, gado morrendo, retirantes. Fugindo da seca, milhares de
nordestinos migravam para o sul do país. Em 1953, por exemplo, Brasil: Estrutura Fundiária
segundo relatório do Ministério da Agricultura, 600.000 pessoas
deixaram o Nordeste, em busca de melhores condições de vida em % da área
São Paulo, Rio de Janeiro e norte do Paraná.
Pequena Média Grande
Adaptado de "Nosso Século". São Paulo: Abril Cultural, 1980.
(menos de 200 ha) (de 201 a 2000 ha) (2001 e mais ha)
04. (ENEM - 2009) O gráfico mostra o percentual de áreas ocupadas, Pequena Média Grande
(menos de 200 ha) (de 201 a 2000 ha) (2001 e mais ha)
segundo o tipo de propriedade rural no Brasil, no ano de 2006.
Compare os mapas. 09. (UFPR 2016) Atualmente, identificamos cerca de sete mil famílias
A alternativa que indica de forma correta dois estados brasileiros [6.969 famílias] reivindicando diretamente ações de reforma agrária
e o tipo de relação, verificada em ambos, entre os graus de no Paraná, localizadas em 121 áreas de conflito, que abrangem
concentração da terra e de modernização agrícola é: acampamentos, imóveis ocupados (ou acampamentos dentro
de propriedades privadas), acampamentos dentro de projetos de
a) Maranhão e Piauí - inversa. assentamento, terras indígenas que necessitam desintrusão de
b) São Paulo e Bahia - direta. não índios, áreas de assentamento a serem ampliadas, imóveis
c) Mato Grosso e Tocantins - direta. em litígio (quando se discute a dominialidade pública ou privada
da área) e áreas que demandam regularização (que são de domínio
d) Santa Catarina e Espírito Santo - inversa.
da União). Esse número é subestimado em relação ao público
potencial da política de reforma agrária, se considerarmos que há
07. (UERJ 2014) A agricultura familiar, apesar das críticas quanto trabalhadores rurais em diferentes condições que têm interesse
à sua viabilidade econômica, mantém-se como um segmento de participar do programa de reforma agrária, além de pessoas
produtivo importante do setor primário brasileiro. Observe nos que não desenvolvem atividades agrícolas, mas que pretendem
gráficos as proporções percentuais do número de estabelecimentos retornar ao campo ou desejam essa experiência como alternativa
da agricultura familiar e da área ocupada por eles por macrorregião de vida. Ainda, há 37 processos administrativos voltados ao
em relação ao total do país. reconhecimento e à regularização de territórios quilombolas, sem
um levantamento preciso quanto ao número de famílias. […]
(INCRA-PR. Relatório Conflitos Fundiários Rurais no Estado do Paraná. Abril 2015.)
11. (ENEM - 2017) Com a Lei de Terras de 1850, o acesso à terra As informações do texto e a comparação dos dados dos gráficos
só passou a ser possível por meio da compra com pagamento em permitem reconhecer um processo socioespacial, para o conjunto
dinheiro. Isso limitava, ou mesmo praticamente impedia, o acesso à do campo brasileiro, cujo efeito é:
terra para os trabalhadores escravos que conquistavam a liberdade. a) ampliação da pecuária intensiva.
OLIVEIRA, A. U. Agricultura brasileira: transformações recentes.
In: ROSS, J. L. S. Geografia do Brasil. São Paulo: Edusp, 2009. b) declínio da produtividade laboral.
c) manutenção da concentração fundiária.
O fato legal evidenciado no texto acentuou o processo de
d) redirecionamento da exportação primária.
a) reforma agrária. d) desruralização da elite.
b) expansão mercantil. e) mecanização da produção. 13. (UERJ 2018)
c) concentração fundiária.
19. (ENEM 2010) Coube aos Xavante e aos Timbira, povos Esse e outros conflitos, em vários locais do país, entre posseiros
indígenas do Cerrado, um recente e marcante gesto simbólico: a "sem terra", policiais e fazendeiros têm sido notícia e representam
realização de sua tradicional corrida de toras (de buriti) em plena a violência no campo.
Avenida Paulista (SP), para denunciar o cerco de suas terras e a Aponte duas causas, ligadas à estrutura fundiária, para a violência
degradação de seus entornos pelo avanço do agronegócio. no campo.
RICARDO, B.; RICARDO, F. Povos indigenas do Brasil: 2001-2005.
São Paulo: Instituto Socioambiental, 2006 (adaptado).
02. Entre as categorias que sofreram ações violentas, as Populações
A questão indígena contemporânea no Brasil evidencia a relação Tradicionais, desde a segunda metade dos anos 2000, se destacam.
dos usos socioculturais da terra com os atuais problemas Em 2013, do total de vítimas fatais (assassinatos), 61,3% pertencem
socioambientais, caracterizados pelas tensões entre a grupos/classes sociais/etnias caracterizados como Populações
Tradicionais. Estas correspondem a 58,8% do total das categorias
a) a expansão territorial do agronegócio, em especial nas sociais que sofreram ações violentas. Em todas as macrorregiões do
regiões Centro-Oeste e Norte, e as leis de proteção indígena país, mais de 50% das categorias sociais envolvidas em conflitos são
e ambiental. Populações Tradicionais, exceto na região Sudeste. Das Populações
b) os grileiros articuladores do agronegócio e os povos indígenas Tradicionais que, em 2013, foram vítimas de algum tipo de violência,
pouco organizados no Cerrado. 55% se localizavam na Amazônia [...]
c) as leis mais brandas sobre o uso tradicional do meio ambiente PORTO-GONÇALVES, C.W.; CUIN, D.P. “Geografia dos Conflitos por Terra no Brasil (2013)
Expropriação, violência e r-existência. In: CANUTO, A. et al. Conflitos no Campo – Brasil
e as severas leis sobre o uso capitalista do meio ambiente. 2013. PT Nacional – Brasil, 2013, p. 18-26.
d) os povos indígenas do Cerrado e os polos econômicos
Caracterize o que são Populações Tradicionais, citando exemplos
representados pelas elites industriais paulistas.
e aponte as razões do aumento da violência relacionada a essas
e) o campo e a cidade no Cerrado, que faz com que as terras populações.
indígenas dali sejam alvo de invasões urbanas.
03. Segundo dados da Comissão Pastoral da Terra de 2005, os TABELA B: Nº de conflitos no campo - 1997
estados com mais mortes por conflitos no campo no Brasil foram
Área em litígio
Pará, Mato Grosso, Bahia e Pernambuco. Estados Nº de conflitos
(ha)
a) A
ponte fatores históricos que expliquem por que persistem
conflitos pela terra no Brasil em pleno século XXI. São Paulo 45 80.318
b) Aponte e explique as razões das mortes na luta por terras no Tocantins 22 76.719
Pará e no Paraná.
Fonte: CPT Nacional (2000)
GABARITO
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
01. E 05. A 09. E 13. D 17. C
02. B 06. A 10. E 14. A 18. C
03. B 07. D 11. C 15. B 19. A
04. A 08. C 12. C 16. C 20. A
EXERCÍCIOS DE APROFUNDAMENTO
01. Excessiva concentração fundiária e a existência de latifúndios improdutivos.
02. Populações tradicionais ou povos e comunidades tradicionais são grupos culturalmente
diferenciados e que se reconhecem como tais, possuem formas próprias de organização
social, ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução
cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e
práticas geradas e transmitidas pela tradição.
Dentre as populações tradicionais, podem-se citar como exemplos os indígenas e
quilombolas, alvos de violência, em razão do avanço do capital sobre suas áreas, seja pela
questão da mineração, agropecuária ou madeira.
03.
a) Os conflitos pela posse da terra no Brasil resultam de uma estrutura fundiária forte
concentradora de terra, remontando ao período colonial, até os dias atuais, em áreas
marcadas pela grande propriedade, em geral improdutiva. Essa concentração de terras e o
processo de modernização e mecanização da produção, geram massas de trabalhadores
rurais excluídos.
b) As mortes em conflitos por posse de terra no Pará, resultam de inúmeros fatores como:
acesso à terra para produção, preservação ambiental. No Paraná, o número de mortes é
bem menor do que nos estados que foram citados na questão e decorrem da luta pela
posse da terra entre trabalhadores sem terras e empresas ligadas à agroindústria.
Fonte: INCRA e a Comissão Pastoral da Terra (CPT) - 1997 04.
a) Nas regiões Norte e Nordeste, como mostram os gráficos, existem altas concentrações
Com base em sua observação: de imóveis improdutivos, nas quais a terra se converte, muitas vezes, em reserva de valor
e seus donos aguardam melhores preços para arrendá-las ou vendê-las. Os movimentos
a) identifique as duas regiões onde a violência no campo e de trabalhadores rurais, como forma de pressionar o Estado a realizar a reforma
a improdutividade agrícola estão mais correlacionadas, agrária, elegeram a ocupação desses imóveis improdutivos como uma de suas ações
preferenciais.
explicando uma causa para essa correlação.
b) Em anos recentes, a produção agrícola das regiões Sudeste e Sul vem passando por um
b) explique por que nas regiões brasileiras Sudeste e Sul ainda significativo aumento, motivado pela modernização do campo. Essa modernização pouco
persistem expressivos índices de terras improdutivas. afetou as relações sociais no campo, as quais ainda se mostram extremamente injustas
e concentradoras da terra. Uma modernização seletiva criou um enorme contingente de
excluídos que também procura se organizar e ocupar os imóveis improdutivos.
05. A estrutura fundiária do Brasil é caracterizada por uma forte 05.
concentração de terras. A Tabela A permite visualizar as diferenças a) A menor incidência de terras improdutivas na região Sul pode ser explicada:
regionais desta concentração. A Tabela B destaca o número de 1) como fronteira agrícola, no final do século XIX e início do século XX, esta área foi
conflitos pela terra nos estados de São Paulo e Tocantins, em 1997. destinada à colonização por migrantes europeus que se dedicaram à policultura em
pequenos lotes de terra de propriedade familiar;
TABELA A: Terras improdutivas em latifúndios 2) pela modernização da agricultura, sendo a implantação dos Complexos Agroindustriais,
com mais de 1000 hectares associada à atuação de cooperativas, um dos fatores que contribui para um
aproveitamento mais intenso das terras.
Área improdutiva b) Em São Paulo:
Regiões Nº de latifúndios
(milhões de ha) 1) o processo de modernização de extensas áreas agrícolas, dificultando a sobrevivência
de pequenos e médios produtores descapitalizados;
Norte 7.204 47 2) o grande contingente de mão de obra expulsa do campo pela mecanização de culturas
Nordeste 7.481 25 de exportação, aumentando os conflitos pela terra;
3) o preço da terra elevado, exigindo maior produtividade.
Centro-Oeste 15.567 71 Em Tocantins:
Sul 1.702 3 1) o fluxo migratório oriundo principalmente da região Sul (devido ao processo de
modernização agrícola nesta região) exerce pressão sobre posseiros e pequenos
Sudeste 3.129 7 agricultores;
2) a grande extensão de áreas improdutivas na região Centro-Oeste;
Total 35.083 153
3) a presença de terras devolutas e griladas.
Fonte: INCRA (1996)