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GOVERNO COSTA E SILVA e esposas dos militares fizessem uma espécie de boicote aos
companheiros. Foi o que a linha dura precisava para dar a maior
(1967 – 1969) demonstração de força contra as tímidas oposições. O governo
exigiu do Congresso a cassação do mandato do deputado Márcio
Se Castelo Branco argumentava que o regime militar deveria
Moreira Alves para poder processá-lo. Como o pedido foi negado, a
ser transitório e ter vida curta, Costa e Silva representava a corrente
linha dura retirou da "gaveta o texto" do Ato Institucional nº 5, que
militar que tomou gosto pelo poder e aparentemente não tinha
previa permissão para:
pressa em deixar Brasília. Os civis golpistas, como o governador
Carlos Lacerda, que tinha pretensões presidenciais, descobriram • o presidente decretar estado de sítio, sem precisar da
isso da pior forma possível. Além disso, um novo Ato Institucional, autorização do Congresso
AI-4, reforçava o poder do Executivo em detrimento dos demais, • suspensão das garantias constitucionais, como por
revogando a Carta de 1946 e estabelecendo uma nova Constituição, exemplo o habeas corpus
que seria elaborada em 1967 com tom evidentemente autoritário. • suspensão dos direitos políticos e cassação de mandatos
de qualquer cidadão
• intervenção federal em estados e municípios
• o presidente poderia decretar o recesso das Assembleias
Legislativas Estaduais, do Congresso Nacional e das
Câmaras Municipais.
O AI-5 é considerado o maior símbolo do autoritarismo militar.
Na reunião do Conselho de Segurança Nacional, em que a
solução do AI-5 contra o Congresso foi debatida, somente o vice-
presidente, o civil da Arena Pedro Aleixo, colocou-se expressamente
contra o referido Ato. Costa e Silva, pouco tempo depois, não teria
mais condições de governar, pois sofreria um derrame que o
deixaria com metade do corpo totalmente imobilizado. Os militares
impediriam que Pedro Aleixo assumisse a presidência, por temerem
que as medidas arbitrárias pudessem ser revogadas. Os generais
acabariam decidindo por um sucessor de farda para Costa e Silva.
Ponte Rio-Niterói
tendo o país tornado-se a 8ª economia do mundo. A divisão, ou O Governo Médici soube explorar a imagem do futebol. O
seja, a distribuição de renda, entretanto, jamais aconteceu. O presidente contava com o espírito publicitário do coronel Octávio
Milagre Econômico beneficiou-se da contratação de empréstimos Costa, que chefiava a Assessoria Especial de Relações Públicas.
estrangeiros, dos investimentos do Estado em obras denominadas Criada em 1968, a AERP tinha como objetivo fundamental fazer
“faraônicas”, além da contenção da mão de obra por conta da propaganda do regime militar perante a opinião pública. Os
proibição da livre organização sindical e greves. antecessores de Médici não colaboravam com a ideia de relações
públicas no governo: Castelo Branco descartou a possibilidade
de criação do órgão e Costa e Silva era tão antipático que um
escritório de publicidade teria que operar um milagre para
mudar sua imagem. O regime militar, então, entrou em campo. O
comando da delegação da seleção de futebol foi entregue a um
major-brigadeiro, enquanto a comissão técnica contava com dois
capitães: o supervisor Cláudio Coutinho e o preparador físico Carlos
Alberto Parreira. Ironicamente, o comando da seleção durante as
eliminatórias foi entregue a um notório comunista: João Saldanha.
Durante a fase de classificação, o Brasil não teve dificuldades
em bater a Colômbia, o Paraguai e a Venezuela. Entretanto, um
episódio desgastou Saldanha: o comentário de que Pelé talvez
não tivesse condições de disputar a Copa. Saldanha conseguiu
ainda aglutinar a antipatia da Presidência da República: Médici,
torcedor fanático, defendia a convocação do atacante Dario, do
Atlético Mineiro. Saldanha acabou perdendo o cargo na seleção.
Dois meses antes da Copa, Zagallo, bicampeão das Copas de 1958
e 1962, foi convidado para treinar a equipe de futebol do Brasil.
Zagallo, contemporizador, convocou Dario, que teve uma presença
totalmente irrelevante na Copa de 1970.
Foi a primeira Copa do Mundo a ser transmitida pela televisão
via satélite. O interesse da AERP foi manifestado pela criação de
marchinhas e slogans. Quem tem mais de 30 anos certamente
conhece o hino: “Noventa milhões em ação, pra frente Brasil,
salve a seleção...”. Cartazes mostrando a foto de Pelé pulando
com o característico soco no ar foram espalhados pelo país com
a máxima: “Ninguém segura esse país”. Cada jogador recebeu
do presidente US$ 18.500,00. O ex-presidente do Partido dos
Trabalhadores, José Genoino, foi guerrilheiro do Araguaia durante
a ditadura Médici e declarou em entrevista à revista Veja que “era
muito difícil ser de esquerda naquela época”, em referência ao fato
de a economia estar crescendo de modo fantástico e do Brasil ter
se tornado tricampeão no México.
O futebol completaria o projeto do Governo Médici de formar
O Milagre, contudo, encontraria seu esgotamento no final do
o “Brasil potência”. O futebol é uma grande da expressão do
Governo Médici. Em outubro de 1973, a Organização dos Países
nacionalismo no Brasil. Podemos passar pelos mais tortuosos
Árabes Exportadores de Petróleo decretou um boicote seletivo,
momentos, mas enquanto a seleção brasileira fizer bem o seu papel,
retirando do mercado 10% da oferta do produto, o suficiente para o
idealizamos que nossa imagem perante o mundo estará preservada.
preço do barril triplicar no mercado internacional. O objetivo dos árabes
Diferentes países aprenderam a cultuar seus jogadores e esquemas
era pressionar o governo dos Estados Unidos a mediar a retirada de
memoráveis: os magos húngaros, a laranja mecânica, a celeste, a
Israel dos territórios ocupados na Guerra dos Seis Dias (1967). As
Azzurra, e, é claro, a seleção brasileira do tricampeonato. As Copas
consequências para o Brasil foram as mais danosas possíveis. O
do Mundo, assim como os Jogos Olímpicos, portanto, não são
governo brasileiro importava 80% do petróleo que consumia, portanto,
apenas competições esportivas. Os campeonatos de 1970 e 1978,
a balança comercial, que até então apresentava superávit, registrou
infelizmente, comprovam esta hipótese, pois foram empregados
um déficit considerável. Ademais, os empréstimos contraídos no
para legitimar, respectivamente, as ditaduras do Brasil e da Argentina.
exterior para financiar o Milagre Econômico tiveram seus juros, que
eram flutuantes, elevados sensivelmente, aumentando de modo
considerável a dívida externa brasileira.
EXERCÍCIOS
PROTREINO
01. Aponte as principais prerrogativa do AI-4.
02. Analise a “Passeata dos Cem Mil”.
03. Apresente as principais atribuições do AI-5.
04. Analise o papel do futebol, sobretudo durante o governo Médici.
Disponível em: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/9/9e/ 05. Explique o Milagre Econômico Brasileiro, destacando seus efeitos
Selo_da_Copa_de_1970_3_cruzeiros.jpg para o país.
Segundo o texto, é correto afirmar que a Transamazônica, cuja 50% mais pobres 18 15 12
construção se iniciou no regime militar (1964-1985), representou, 30% seguintes 28 23 21
inclusive,
15% seguintes 27 27 28
a) um projeto para eliminar o controle nacional e estatal dos
recursos naturais da Amazônia, facilitando o avanço de 5% mais ricos 27 35 39
interesses britânicos na região.
a) a classe média (45% da população economicamente ativa) foi
b) um esforço de ampliar as áreas de ocupação na Amazônia a maior beneficiária do desenvolvimento econômico, dado que
e de construir a ideia de que se vivia um período de avanço, sua participação na renda cresceu sensivelmente no período.
integração e crescimento nacional.
b) a política econômica desenvolvimentista, acentuada pelo
c) uma superação das dificuldades de comunicação e regime militar, foi acompanhada por um processo de
deslocamento entre o Sul e o Norte do país, facilitando a concentração de renda.
migração e permitindo plena integração entre os oceanos
c) o desenvolvimento econômico do período resultou no aumento
Atlântico e Pacífico.
da participação do segmento dos 80% mais pobres na renda
d) uma tentativa de reaquecer a economia da borracha, com nacional.
a criação de rotas de escoamento rápido da produção em
d) houve transferência de parte da renda dos 5% mais ricos para a
direção aos portos do Sudeste.
faixa dos 15% correspondentes à classe média.
e) um projeto de utilização dessa estrada para delimitar as
e) o resultado mais significativo da política econômica
fronteiras entre os estados da região.
desenvolvimentista foi um processo de redistribuição da renda.
02. (FUVEST) No início de 1969, a situação política se modifica. A
repressão endurece e leva à retração do movimento de massas. 05. (ENEM)
As primeiras greves, de Osasco e Contagem, têm seus dirigentes
perseguidos e são suspensas. O movimento estudantil reflui. A
oposição liberal está amordaçada pela censura à imprensa e pela
cassação de mandatos.
Apolônio de Carvalho. Vale a pena sonhar. Rio de Janeiro: Rocco, 1997, p. 202.
Elaborada em 1969, a releitura contida na Figura 2 revela aspectos poesia, esta química perversa,
de uma trajetória e obra dedicada à este arco que desvela e me repõe
a) valorização de uma representação tradicional da mulher. nestes tempos de alquimia.
BRITO, A. C. In: HOLLANDA, H. B. (Org.). 26 Poetas Hoje: antologia.
b) descaracterização de referências do folclore nordestino. Rio de Janeiro: Aeroplano, 1998.
a) se apropriava das expressões da cultura popular para produzir c) Legitimação da propaganda como estratégia psicossocial.
uma arte efêmera destinada ao protesto. d) Validação do conformismo como salvaguarda do consenso.
b) resgatava símbolos ameríndios e africanos para se adaptar a e) Ordenação do bipartidarismo como prerrogativa institucional.
exposições em espaços públicos.
c) absorvia elementos gráficos da propaganda para criar objetos 09. (ENEM PPL) As informações sugeridas por Antônio Manuel
comercializáveis pelas galerias. estão imersas em um jornal dividido entre o “real” e o que podemos
d) valorizava elementos da arte popular para construir chamar de “situacional”. O artista transforma todo o clima de
representações da identidade brasileira. repressão na própria matéria de seu trabalho, utilizando os meios
e) o incorporava elementos da cultura de massa para atender às de comunicação como arma (irônica) contra a estrutura de poder
exigências dos museus. de um Estado autoritário.
SCOVINO, F. Com as armas do inimigo.
07. (ENEM PPL) Revista de História da Biblioteca Nacional, n. 84. set. 2012 (adaptado).
Grupo escolar
No contexto histórico descrito, a estratégia adotada por alguns
Sonhei com um general de ombros largos segmentos da imprensa para a construção de uma crítica
que fedia sociopolítica foi a de
e que no sonho me apontava a poesia
a) burlar a censura, contribuindo para a análise da vida social.
enquanto um pássaro pensava suas penas
e já sem resistência resistia. b) justificar o regime vigente, apresentando versões diversas da
O general acordou e eu que sonhava realidade.
face a face deslizei à dura via c) estimular a livre interpretação dos fatos, atendendo aos
vi seus olhos que tremiam, ombros largos, interesses dominantes.
vi seu queixo modelado a esquadria
d) aprimorar o alcance das informações, apresentando as notícias
vi que o tempo galopando evaporava
em tempo real.
(deu para ver qual a sua dinastia)
mas em tempo fixei no firmamento e) manipular a visão coletiva, promovendo interpretações
esta imagem que rebenta em ponta fria: distorcidas das notícias oficiais.
10. (ENEM) Na charge, Ziraldo ironiza um lema adoptado pelo governo Médici
(1969-1974), denunciando que
a) os exilados foram expulsos porque não tinham amor à pátria.
b) o caminho para os movimentos de oposição era a fuga do país.
c) o amor à pátria era um sentimento desprezado pelo regime
militar.
d) a propaganda governamental ocultava a postura autoritária do
regime.
e) a passividade do povo brasileiro era prejudicial ao
desenvolvimento da nação.
A visibilidade dos esportes, especialmente do futebol, nos meios de Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) disse que, durante
comunicação de massa, tornou-os uma questão de Estado para os esse período de mais de quatro décadas, muita coisa já foi feita, mas
governos militares no Brasil, que buscavam, assim, explicou que o país viveu uma mudança de filosofia: “Antigamente,
a) legitimar o Estado autoritário por meio de vitórias esportivas o que era símbolo de desenvolvimento era um trator V8 derrubando
nacionais. uma árvore, uma castanheira; hoje, isso é um crime”, disse.
b) mostrar que os governantes estavam entre seus primeiros
praticantes.
c) controlar o uso de garotos-propaganda pelas agências de
publicidade.
d) valorizar os atletas, integrando-os como funcionários ao
aparelho de Estado.
e) incentivar a expansão da propaganda e do consumo de artigos
esportivos.
20. (UERJ) A vontade de mudar o nome do antigo Colégio Estadual 02. (UERJ)
Presidente Emílio Garrastazu Médici, em Salvador, não aconteceu
por conta da efeméride dos 50 anos do golpe militar. Segundo a
diretora Aldair Almeida Dantas, essa era uma insatisfação antiga
da comunidade. “A novidade foi a convergência de intenções e a
coincidência com esse período de resgate histórico”, disse a diretora
do, agora, Colégio Estadual do Stiep Carlos Marighella. Um colegiado
escolar, formado pelos funcionários, professores, pais de alunos e
pela comunidade, entendeu que o lançamento de muitos candidatos
ao novo nome criaria confusão. Por isso surgiu a ideia de encontrar
apenas dois que fossem baianos e representassem o combate
ao regime militar. Os nomes do guerrilheiro Carlos Marighella e do
geógrafo Milton Santos foram os escolhidos. “Ambos são da Bahia.
Cada um tentou lutar contra a imposição do regime”, analisa Aldair.
Adaptado de educacao.uol.com.br, 15/04/2014.
03. (UERJ)
GABARITO
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
01. B 05. E 09. A 13. B 17. D
02. E 06. A 10. B 14. C 18. C
03. C 07. D 11. E 15. A 19. B
04. B 08. A 12. D 16. D 20. A
EXERCÍCIOS DE APROFUNDAMENTO
01. Um dos fatores:
Adaptado de Nosso século. Vol.5. São Paulo: Abril Cultural, 1980 - crescimento industrial no Sudeste
- “Milagre Econômico” (1969-1974)
- aumento das desigualdades sociais
No decorrer da década de 1970, medidas econômicas implemen- - crescimento da concentração de renda
tadas pelos governos militares afetaram de maneiras variadas as - agravamento da pobreza nos sertões nordestinos
condições de vida dos brasileiros, como ilustram a propaganda e - crescimento do setor de serviços em cidades como Rio de Janeiro e São Paulo
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