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16 A ECONOMIA NO SEGUNDO HISTÓRIA II

REINADO

A PRODUÇÃO CAFEEIRA Vale do Paraíba Oeste Paulista


A economia brasileira durante o Segundo Reinado passou por Predomínio até 1850 Predomínio pós-1850
um notável processo de expansão, após quase meio século de
estagnação econômica, em vários campos: arrecadação do Estado, Modelo de produção
Modelo típico das plantations
produção agrícola e indústria, aumento de renda, dentre outros. O empresarial
fator que catalisou essa expansão foi o crescimento da produção Técnicas de produção Técnicas de produção
cafeeira, tendo à frente durante os anos iniciais a dinâmica região rudimentares modernas
do Vale do Paraíba (compreendendo municípios como Resende,
Vassouras e Valença). A região era estrategicamente boa para Monarquias e escravocratas Republicanos e abolicionistas
o crescimento da cafeicultura no modelo plantation do Vale. Dificuldades no escoamento
Obtinha uma grande oferta de terras praticamente desocupadas, Implementação de ferrovias
do café
em virtude de antigas proibições de ocupação na região advindas
da época da mineração; e possuía uma rota que a ligava com o Maior produtividade e
Menor produtividade
porto do Rio de Janeiro, principal escoadouro de produtos para o qualidade
exterior, outro fruto do período minerador. O café era levado até a Mão de obra assalariada
capital num sistema que remetia aos tropeiros da mineração, em Mão de obra escrava
(imigrantes)
lombos de mulas. O principal mercado ao qual se destinava era o
norte-americano e o europeu. Entre a decadência do Vale e a ascensão da burguesia
Socialmente falando, o Vale representava uma elite nacional cafeeira de São Paulo, encontram-se as reformas promovidas
coesa internamente, próxima ao Imperador e ligada ao Partido pela Trindade Saquarema no ano de 1850. Foram três
Conservador, denominada “Barões do Café”. O baronato possuía, grandes mudanças que alteraram profundamente aspectos
portanto, estreitos vínculos com o poder, atestado pelos seus títulos socioeconômicos do Brasil imperial: a Lei Eusébio de Queiróz, a
de nobreza e status social, formando a verdadeira aristocracia Lei de Terras e o Código Comercial.
nacional, assentando sua imagem na grande lavoura cafeicultora
e na exploração do trabalho escravo.
A produção de café se espalharia por outras regiões, como na
AS REFORMAS DE 1850
Zona da Mata mineira, municípios do norte fluminense, como Campos A Lei Eusébio de Queiróz insere-se no contexto das pressões
dos Goytacazes, e cidades paulistas como Taubaté e Jundiaí. Mas foi inglesas pelo fim do tráfico de escravos, que remontam a um período
no Oeste Paulista que o café encontrou condições excepcionais para anterior mesmo ao da Independência do Brasil. Já nos Tratados
cultivo, garantidas pela alta fertilidade da chamada “terra roxa”. de 1810, D. João assumiu compromisso com o fim do tráfico
internacional, sendo este renovado por inúmeras convenções até
a criação definitiva da lei que acabava com o “infame comércio”
em 1831. Entretanto, esta lei ficou conhecida popularmente como
“lei para inglês ver”, dada a pequena efetividade que carregou,
sendo observada a continuidade do tráfico ao longo das próximas
duas décadas. Em 1845, a Inglaterra unilateralmente adotou uma
medida pelo fim do tráfico, com a Lei Bill Aberdeen. Esta tornava o
tráfico de escravos um ato de pirataria, sob a ótica das autoridades
britânicas. Progressivamente, os ingleses passaram a constranger
navios tumbeiros brasileiros e de outros países em mar aberto, o
que causou um grande choque diplomático. Cedendo às pressões
inglesas, o país adotou a Lei Eusébio de Queiróz, que proibiu o
tráfico atlântico de escravos.

Expansão da cafeicultura. Disponível em: http://www.multirio.rj.gov.br/historia/ Poucas semanas após a promulgação da Lei Eusébio de
modulo02/imagens/f6056_amp.jpg Queiróz, foi oficializada a Lei de Terras, que mercantilizava
A produção na região marcaria a força da chamada burguesia o acesso às terras devolutas (sem proprietário) no Brasil,
cafeeira do oeste paulista, grupo menos ligado ao Imperador e permitindo o acesso apenas mediante a compra. A Lei de
mais próximo da atuação do Partido Liberal. Os cafeicultores Terras foi interpretada classicamente nas Ciências Sociais
paulistas tiveram uma atuação marcadamente mais empresarial, como um instrumento jurídico para reforçar o panorama
fazendo investimentos produtivos que foram além dos métodos de latifundiário do Brasil, permitindo apenas que homens com
expansão da produção do baronato do do Vale, que associavam capital pudessem se apropriar de terras. A lei vetou as
expansão da produção somente a compra de escravos e terras. camadas de pior condição social o status de proprietário de
terras no país. No entanto, a lei também foi polêmica entre as
Assim, no Oeste Paulista houve o desenvolvimento de camadas mais abastadas da sociedade, pois trazia consigo
linhas ferroviárias, investimentos na expansão da capacidade de diversas exigências regulamentadoras, como a medição e
escoamento do porto de Santos, bem como uma maior ligação demarcação de propriedades e a possibilidade de pagamento
ao setor bancário, dominado por ingleses, que se desenvolveu na de multas. A dificuldade de aprovação do projeto foi tanta
região. Nas últimas décadas do século XIX, o Vale do Paraíba se que a Lei de Terras tramitou no Congresso desde 1843, só
tornou uma região decadente, contrastando com a ascendência
dos municípios produtores do Oeste Paulista.

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HISTÓRIA II 16 A ECONOMIA NO SEGUNDO REINADO

da aprovação do Código Comercial e da Lei Eusébio de Queiróz,


sendo aprovada após supressão de dispositivo que previa favoreceu o contexto industrialista a aprovação da Tarifa Alves
um imposto fundiário. Na prática, a lei foi boicotada pelo Branco, em 1844. Esta consistiu na única tarifa protecionista de
baronato, o que é atestado pelas inúmeras afirmações da longa duração do Império, aumentando os impostos de importação
pouco numerosa burocracia provincial do Império, afirmando de 15% (para todas as nações, desde 1827) para alíquotas entre
que as demarcações e informações sobre terras devolutas 30% e 60%. A tarifa foi criada para sanar as dificuldades fiscais
nunca eram feitas na prática. Para o historiador José Murilo do Estado imperial, com os cofres combalidos desde o final da
de Carvalho, a Lei sofreu um “veto dos Barões”. década de 1820. Além disso, teve importante contribuição para sua
aprovação a pressão exercida por políticos do Partido Conservador,
mais ligados a uma proposta protecionista.
A lei ainda contava com dispositivo que previa a atração de
imigrantes, especialmente europeus, para suprir a necessidade de Na época houve grande crescimento dos setores bancários e
trabalho na lavoura, especialmente notável após o fim do tráfico de serviços urbanos, como linhas férreas, iluminação e bondes. O
internacional. Não obstante tentativas iniciais com os coolies próprio Mauá destacou-se em empreendimentos nestas áreas,
chineses, o governo focou na atração dos europeus, motivado por fundando o principal banco do período, o Banco Mauá, McGregor
critérios racialistas, extremamente inspirado no darwinismo social em & Cia, cuja ação chegava até países como o Uruguai. Além desses
voga na Europa no século XIX. Este advogava a superioridade racial setores, Mauá realizou investimentos na indústria naval.
do caucasiano europeu e condenava a mestiçagem, apontada como O “surto industrial” sofreu um retrocesso na década de 1860.
fator que levaria progressivamente a diminuição das potencialidades Com o “renascer liberal” de 1862, voltou à cena um discurso voltado
de uma nação. Nesse sentido, a estratégia de “embranquecer” o para a liberalização do comércio exterior e contra o protecionismo.
país através do imigrante europeu foi notável, destacando-se como Nesse sentido, foi criada a Tarifa Silva Ferraz, em 1862, que,
sistema de atração duas modalidades distintas: os núcleos coloniais na prática, anulava a Tarifa Alves Branco. Assim, novamente a
e o colonato. Este consistia em uma empreitada em que era oferecido competição estrangeira se mostrou letal para as pretensões de
ao imigrante a passagem dele e de sua família até o Brasil pelo crescimento industrial do país. No caso de Mauá e outros homens
latifundiário e uma pequena propriedade da qual o imigrante poderia do setor bancário, a grande crise capitalista de 1873 levou à falência
tirar sua subsistência. Em contrapartida, o estrangeiro assumia uma de diversas instituições, contribuindo para a perda de fôlego dos
dívida com o proprietário, que dificilmente era paga, criando uma homens de negócio do Império que buscavam investimentos para
relação de trabalho de características não capitalistas. O sistema foi além da lavoura cafeeira.
pioneiramente testado pelo senador Vergueiro, numa fazenda no interior Na década de 1880, a frágil classe dos industriais do país
de São Paulo, em 1847. Posteriormente, o governo assumiu o ônus resolveu promover uma ação coletiva, através da fundação da
de subvencionar a imigração para o Brasil, aliviando os investimentos Associação Comercial. Esta serviu como instrumento de pressão
dos cafeicultores. Os núcleos coloniais, em contrapartida, consistiam sob o governo para a adoção de medidas protecionistas que
em áreas (fronteiriças, em geral) que eram doadas pelo Estado aos favorecessem a indústria. É  possível afirmar que, nesse sentido, a
imigrantes. Foram uma importante estratégia de ocupação na Associação obteve moderado sucesso, pois conseguiu algumas
região Sul do país, pouco povoada e de importância estratégica concessões protecionistas em fins do Império e início da República,
dada sua proximidade com as repúblicas platinas. No entanto, possibilitando o aumento do número de fábricas no país. No entanto,
a produção no Sul do país não floresceu. Em geral, os núcleos se não foi capaz de alterar o foco da política econômica do governo,
tornaram centros produtivos de subsistência, usando técnicas de ainda muito atrelada aos interesses da lavoura.
produção arcaicas.
Os sistemas de atração de imigrantes para o Brasil podem ser
considerados pouco efetivos se comparados com os de outros
países americanos. Nos Estados Unidos, por exemplo, o sistema de
distribuição de terras inaugurado pelo Homestead Act (1862) previa
a concessão de pequenas e médias propriedades a quem ocupasse
o Oeste americano, gerando ótimas condições para a imigração
e atraindo homens e mulheres de várias partes da Europa. Além
disso, era constantemente denunciado no continente europeu o
péssimo tratamento ao qual eram submetidos os imigrantes no
Brasil, levando diversos reinos a proibir a imigração para cá, como
o caso da Prússia em 1859. A maioria dos imigrantes que vieram
até o Brasil foram oriundos de países como Portugal e Itália.
O Código Comercial completa a tríade de reformas do ano de
1850. Até hoje em vigor, foi levado à Câmara ainda em 1834, tendo Barão de Mauá. Disponível em: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons
sua votação arrastada por 16 anos. Foi fundamental num contexto
de ampliação dos investimentos gerada pela diversificação de EXERCÍCIOS
capital dos antigos traficantes negreiros em contexto de proibição
do tráfico. O Código facilitou os investimentos estrangeiros no país, PROTREINO
permitindo a regulamentação das chamadas sociedades anônimas.
Mais de 100 empresas estrangeiras foram abertas na década de
1850, contra menos de 20 empresas abertas entre 1830 e 1850. 01. Caracterize a produção cafeeira no Vale do Paraíba e Oeste
Paulista.
02. Relacione a Lei Eusébio de Queiróz com a Lei Aberdeen.
A ERA MAUÁ
A expansão dos investimentos industriais no país ficou 03. Explique a Lei de Terras, relacionando-a com a Homestead Act
conhecida na historiografia como a “Era Mauá”, em referência dos Estados Unidos.
ao icônico Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá. Grande 04. Analise a Era Mauá.
símbolo do empreendedor industrial no Império, Mauá e outros
homens se favoreceram de um contexto específico que estimulou 05. Aponte a importância da Tarifa Alves Branco e da Tarifa Silva
um “surto industrial” no país a partir dos anos de 1850. Além Ferraz.

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a) menor isolamento dessas fazendas em relação aos meios


urbanos.
EXERCÍCIOS b) emprego exclusivo de mão de obra imigrante e assalariada.

PROPOSTOS c) desaparecimento das práticas de mandonismo local.


d) maior volume de produção de mantimentos nessas fazendas.
01. Observe a tabela: e) esforço de produzir prioritariamente para o mercado interno.

Imigração: Brasil, 1881-1930 (em milhares) 03. Examine a seguinte tabela:

Ano Chegadas Ano N° de escravos que entraram no Brasil


1845 19.453
1881-1885 133,4
1845 50.325
1886-1890 391,6
1847 56.172
1891-1895 659,7 1848 60.000
Dados extraídos de Emília Viotti da Costa. Da senzala à colônia. São Paulo: Unesp, 1998.
1896-1900 470,3
A tabela apresenta dados que podem ser explicados
1901-1905 279,7
a) pela lei de 1831, que reduziu os impostos sobre os escravos
1906-1910 391,6 importados da África para o Brasil.
b) pelo descontentamento dos grandes proprietários de terras em
1911-1915 611,4 meio ao auge da campanha abolicionista no Brasil.

1916-1920 186,4 c) pela renovação, em 1844, do Tratado de 1826 com a Inglaterra,


que abriu nova rota de tráfico de escravos entre Brasil e
1921-1925 368,6 Moçambique.
d) pelo aumento da demanda por escravos no Brasil, em função
1926-1930 453,6 da expansão cafeeira, a despeito da promulgação da Lei
Aberdeen, em 1845.
Total 3.964,3 e) pela aplicação da Lei Eusébio de Queirós, que ampliou a entrada
Leslie Bethell (ed.), The Cambridge History of Latin America, vol. IV. Adaptado. de escravos no Brasil e tributou o tráfico interno.

Os dados apresentados na tabela se explicam, dentre outros 04. O primeiro recenseamento geral do Império foi realizado
fatores, em 1872. Nos recenseamentos parciais anteriores, não se
a) pela industrialização significativa em estados do Nordeste do perguntava sobre a cor da população. O censo de 1872, ao
Brasil, sobretudo aquela ligada a bens de consumo. inserir essa informação, indica uma mudança, orientada por um
entendimento do conceito de raça que ancorava a cor em um
b) pela forte demanda por força de trabalho criada pela expansão
suporte pretensamente mais rígido. Com a crise da escravidão e do
cafeeira nos estados do Sudeste do Brasil.
regime monárquico, que levou ao enfraquecimento dos pilares da
c) pela democracia racial brasileira, a favorecer a convivência distinção social, a cor e a raça tornavam-se necessárias.
pacífica entre culturas que, nos seus continentes de origem, (Adaptado de Ivana Stolze Lima, Cores, marcas e falas: sentidos da mestiçagem no
poderiam até mesmo ser rivais. Império do Brasil. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2003, p. 109, 121.)

d) pelos expurgos em massa promovidos em países que viviam


A partir do enunciado, podemos concluir que há um uso político na
sob regimes fascistas, como Itália, Alemanha e Japão.
maneira de classificar a população, já que
e) pela supervalorização do trabalho assalariado nas cidades, já
a) o conceito de raça permitia classificar a população a partir de
que no campo prevalecia a mão de obra de origem escrava,
um critério mais objetivo do que a cor, garantindo mais exatidão
mais barata.
nas informações, o que era necessário em um momento de
transição para um novo regime.
02. (UNESP) É particularmente no Oeste da província de São Paulo
– o Oeste de 1840, não o de 1940 – que os cafezais adquirem b) no final do Império, o enfraquecimento dos pilares da distinção
seu caráter próprio, emancipando-se das formas de exploração social era causado pelo fim da escravidão. Nesse contexto,
agrária estereotipadas desde os tempos coloniais no modelo ao perguntar sobre a raça da população, o censo permitiria a
clássico da lavoura canavieira e do “engenho” de açúcar. A silhueta elaboração de políticas públicas visando à inclusão social dos
antiga do senhor de engenho perde aqui alguns dos seus traços ex-escravos.
característicos, desprendendo-se mais da terra e da tradição – da c) a introdução do conceito de raça no censo devia-se a uma
rotina rural. A terra de lavoura deixa então de ser o seu pequeno concepção, cada vez mais difundida após 1870, que propunha
mundo para se tornar unicamente seu meio de vida, sua fonte de a organização e o governo da sociedade a partir de critérios
renda […]. objetivos e científicos, o que levaria a uma maior igualdade
(Sérgio Buarque de Holanda. Raízes do Brasil, 1987.) social.
d) no final do Império, a associação entre a cor da pele e o
O “caráter próprio” das fazendas de café do Oeste paulista de 1840 conceito de raça criava um novo critério de exclusão social,
pode ser explicado, em parte, pelo capaz de substituir as formas de distinção que eram próprias
da sociedade escravista e monárquica em crise.

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05. Sobre a Lei de Terras, decretada no mesmo ano (1850) da Muitas fugas tinham por objetivo refazer laços afetivos rompidos
Lei Eusébio de Queirós, que suprimiu o tráfico negreiro, é correto pela venda de pais, esposas e filhos. (...) No Brasil, a condenação
afirmar que [da escravidão] só ganharia força na segunda metade do século,
a) dificultava o acesso dos ex-escravos à propriedade da terra, quando o país independente, fortemente penetrado por ideias e
estabelecendo o critério da compra e venda. práticas liberais, se integra ao mercado internacional capitalista.
(...) “Tirar cipó” – isto é, fugir para o mato – continuou durante
b) estava associada a uma concepção de distribuição de terras muito tempo como sinônimo de evadir-se, como aparece no
para estimular a produção agrícola. romance A carne, de Júlio Ribeiro. Mas as fugas, como tendência,
c) facilitava a aquisição de terras pelos ex-escravos e imigrantes, não se dirigem mais simplesmente para fora, como antes; se
ao associar terra livre e trabalho livre. voltam para dentro, isto é, para o interior da própria sociedade
d) estava vinculada à necessidade de expansão da fronteira escravista, onde encontram, finalmente, a dimensão política de luta
agrícola e aquisição de terras na Amazônia. pela transformação do sistema. “O não quero dos cativos”, nesse
momento, desempenha papel decisivo na liquidação do sistema,
e) superava o antigo conceito de sesmaria, ao impedir a
conforme analisou o abolicionista Rui Barbosa”.
concentração de terras nas mãos de poucos proprietários.
REIS, João José. SILVA, Eduardo. Negociação e conflito: a resistência negra
no Brasil escravista. São Paulo: Companhia das Letras, 1989, p. 62-66-71.
06. Sobre a sociedade brasileira no século XIX e a construção do
Estado imperial, considere as seguintes afirmações. De acordo com os autores do texto, João José Reis e Eduardo Silva,
I. O liberalismo, marcado pela defesa da propriedade privada e assinale a alternativa incorreta.
livre comércio, foi uma das correntes de pensamento adotadas a) As fugas de escravos entre os séculos XVI e XIX tiveram
pelas elites escravocratas brasileiras. motivações diversas, entre elas o tráfico interprovincial.
II. A unidade nacional, a integridade territorial e a escravidão b) Durante o século XIX, a luta dos escravos pela liberdade não se
estão entre os principais pilares da monarquia. dava somente pela fuga coletiva para a formação de quilombos.
III. A nobreza imperial, definida como uma classe social distinta, c) As cidades, no século XIX, tornaram-se espaços significativos
era um segmento restrito reservado àqueles que possuíam para as lutas pela abolição.
vínculos de consanguinidade com a aristocracia europeia.
d) Os escravos foram agentes da história, e não apenas força de
Quais estão corretas? trabalho.
a) Apenas I. e) A naturalização do sistema escravista se manteve estável
b) Apenas II. durante o período colonial e o imperial.
c) Apenas III.
09. (Pucrj) A abolição do tráfico de escravos a partir de 1850, com
d) Apenas I e II.
a Lei Eusébio de Queirós, provocou significativas mudanças na vida
e) I, II e III. brasileira. Dentre elas, é CORRETO afirmar que:
a) houve um deslocamento imediato de mão de obra escrava das
07. (UNESP) O Rio de Janeiro dos primeiros anos da República era áreas decadentes para a região cafeicultora do Vale do Paraíba,
a maior cidade do país, com mais de 500 mil habitantes. Capital o que provocou um agravamento das questões platinas em
política e administrativa, estava em condições de ser também, decorrência do incentivo daqueles países vizinhos à produção
pelo menos em tese, o melhor terreno para o desenvolvimento da para exportação.
cidadania. Desde a independência e, particularmente, desde o início
do Segundo Reinado, quando se deu a consolidação do governo b) os países da região platina montaram um tráfico clandestino
central e da economia cafeeira na província adjacente, a cidade de escravos de maneira a tornar os seus produtos mais
passou a ser o centro da vida política nacional. O comportamento competitivos no comércio internacional, desbancando, desta
político de sua população tinha reflexos imediatos no resto do forma, a produção das Antilhas inglesas.
país. A Proclamação da República é a melhor demonstração dessa c) os capitais liberados do tráfico de escravos foram aplicados
afirmação. em atividades de modernização econômica do país e que
(José Murilo de Carvalho. Os bestializados, 1987.) a inevitável extinção futura da escravidão suscitou debates
sobre a questão da substituição da mão de obra e os primeiros
O texto afirma que a consolidação do Rio de Janeiro como “o centro ensaios de imigração estrangeira para o Brasil.
da vida política nacional” ocorreu com d) a abolição do tráfico de escravos para o Brasil levou a
a) a reunião dos órgãos administrativos na capital e o fechamento Inglaterra a decretar o Bill Aberdeen, lei que conseguiu estancar
das assembleias provinciais. em definitivo o comércio de cativos no Oceano Atlântico
b) a proclamação da independência política e a implantação do incrementando a produção industrial na região.
regime republicano no país. e) a proibição do tráfico de escravos incentivou a substituição
c) a concentração do poder nas mãos do imperador e a ascensão do regime de produção em larga escala para exportação na
econômica de São Paulo. lavoura brasileira pelo cultivo em pequenas propriedades com
mão de obra livre, o que levou ao surgimento de um mercado
d) o declínio da economia açucareira nordestina e o início da
interno expressivo.
exploração do ouro nas Minas Gerais.
e) o crescimento populacional da capital e a democratização 10. (UNESP) Os colonos que emigram, recebendo dinheiro
política no Segundo Reinado. adiantado, tornam-se, pois, desde o começo, uma simples
propriedade de Vergueiro & Cia. E em virtude do espírito de ganância,
08. “A unidade básica de resistência no sistema escravista, seu para não dizer mais, que anima numerosos senhores de escravos,
aspecto típico, foram as fugas. (...) Fugas individuais ocorrem e também da ausência de direitos em que costumam viver esses
em reação a maus tratos físicos ou morais, concretizados ou colonos na província de São Paulo, só lhes resta conformarem-se
prometidos, por senhores ou prepostos mais violentos. Mas com a ideia de que são tratados como simples mercadorias ou
outras arbitrariedades, além da chibata, precisam ser computadas. como escravos.
(Thomas Davatz. Memórias de um colono no Brasil (1850), 1941.)

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O texto aponta problemas enfrentados por imigrantes europeus 13. (FUVEST) A economia brasileira, durante o período monárquico,
que vieram ao Brasil para caracterizou-se fundamentalmente
a) trabalhar nas primeiras fábricas, implantadas na região a) pelo princípio da diversificação da produção agrária e pelo
Sudeste do país, para reduzir a dependência brasileira de incentivo ao setor de serviços.
manufaturados ingleses. b) pelo estímulo à imigração italiana e espanhola e pelo fomento
b) substituir a mão de obra escrava nas lavouras de café e cana- à incipiente indústria.
de-açúcar, após a decretação do fim da escravidão pela lei c) pela regionalização econômica e pela revolução no sistema
Áurea. bancário nacional.
c) trabalhar no sistema de parceria, estando submetidos ao poder d) pela produção destinada ao mercado externo e pela busca de
político e econômico de fazendeiros habituados à exploração investimentos internacionais.
da mão de obra escrava.
e) pela convivência das mãos-de-obra escrava e imigrante e pelo
d) substituir a mão de obra indígena na agricultura e na pecuária, controle do "deficit" público.
pois os nativos eram refratários aos trabalhos que exigiam sua
sedentarização.
14. (ENEM) Com a Lei de Terras de 1850, o acesso à terra só
e) trabalhar no sistema de colonato, durante o período da grande passou a ser possível por meio da compra com pagamento em
imigração, e se estabeleceram nas fazendas de café do Vale do dinheiro. Isso limitava, ou mesmo praticamente impedia, o acesso à
Paraíba e litoral do Rio de Janeiro. terra para os trabalhadores escravos que conquistavam a liberdade.
OLIVEIRA, A. U. Agricultura brasileira: transformações recentes. In: ROSS, J. L. S.
11. O ponto de partida para o nascimento de uma cozinha brasileira Geografia do Brasil. São Paulo: Edusp, 2009.
foi o livro de receitas Cozinheiro Imperial, de 1840. Estimulava a
nobreza e os ricos a acrescentarem ingredientes e pratos locais em O fato legal evidenciado no texto acentuou o processo de
suas festas. A princesa Isabel comemorou as bodas de prata com a) reforma agrária. d) desruralização da elite.
um banquete no qual foram servidos bolo de mandioca e canja à b) expansão mercantil. e) mecanização da produção.
brasileira.
c) concentração fundiária.
RIBEIRO, M. Fome imperial: Dom Pedro II não era um gourmet, mas ajudou a dar forma à
gastronomia brasileira. Aventuras na História, mar. 2014 (adaptado).
15. (ENEM PPL) Lei n. 601, de 18 de setembro de 1850
O uso da culinária popular brasileira, no contexto apresentado, D. Pedro II, por Graça de Deus e Unânime Aclamação dos Povos,
colaborou para Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil: Fazemos
a) enfraquecer as elites agrárias. saber, a todos os nossos súditos, que a Assembleia Geral decretou,
b) romper os laços coloniais. e nós queremos a Lei seguinte:
c) reforçar a religião católica. Art. 1º Ficam proibidas as aquisições de terras devolutas por
outro título que não seja o de compra.
d) construir a identidade nacional.
Disponível em: www.planalto.gov.br. Acesso em: 8 ago. 2014 (adaptado).
e) humanizar o regime escravocrata.
Considerando a conjuntura histórica, o ordenamento jurídico
12. (ENEM PPL) As camadas dirigentes paulistas na segunda abordado resultou na
metade do século XIX recorriam à história e à figura dos a) mercantilização do trabalho livre.
bandeirantes. Para os paulistas, desde o início da colonização, os
b) retração das fronteiras agrícolas.
habitantes de Piratininga (antigo nome de São Paulo) tinham sido
responsáveis pela ampliação do território nacional, enriquecendo a c) demarcação dos territórios indígenas.
metrópole portuguesa com o ouro e expandindo suas possessões. d) concentração da propriedade fundiária.
Graças à integração territorial que promoveram, os bandeirantes e) expropriação das comunidades quilombolas.
eram tidos ainda fundadores da unidade nacional. Representavam
a lealdade à província de São Paulo e ao Brasil.
16. (ENEM PPL)
ABUD, K. M. Paulistas, uni-vos! Revista de História da Biblioteca Nacional,
n. 34, 1 jul. 2008 (adaptado).
Estimativa do número de escravos
No período da história nacional analisado, a estratégia descrita africanos desembarcados no Brasil
tinha como objetivo entre os anos de 1846 a 1852
a) promover o pioneirismo industrial pela substituição de Números de escravos
importações. Ano africanos desembarcados
b) questionar o governo regencial após a descentralização no Brasil
administrativa.
1846 64.262
c) recuperar a hegemonia perdida com o fim da política do café
com leite. 1847 75.893
d) aumentar a participação política em função da expansão 1848 76.338
cafeeira. 1849 70.827
e) legitimar o movimento abolicionista durante a crise do
escravismo. 1850 37.672
1851 7.058
1852 1.234
Disponível em: www.slavevoyages.org. Acesso em 24 fev. 2012 (adaptado)

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HISTÓRIA II 16 A ECONOMIA NO SEGUNDO REINADO

A mudança apresentada na tabela é reflexo da Lei Eusébio de (...) E de fora vinham também os capitais que permitiam iniciar a
Queiróz que, em 1850, construção de uma infraestrutura de serviços urbanos, de energia,
a) aboliu a escravidão no território brasileiro. transportes e comunicações.
Paul Singer. Evolução da economia e vinculação internacional. In: I. Sachs; J. Willheim; P. S.
b) definiu o tráfico de escravos como pirataria. Pinheiro (Orgs.). Brasil: um século de transformações. São Paulo: Cia. das Letras, 2001, p. 80.
c) elevou as taxas para importação de escravos.
Levando-se em consideração as afirmações anteriores, relativas
d) libertou os escravos com mais de 60 anos.
à estrutura econômica do Brasil por ocasião da independência
e) garantiu o direito de alforria aos escravos. política (1822), é correto afirmar que o país
a) se industrializou rapidamente devido ao desenvolvimento
17. (ENEM) Ninguém desconhece a necessidade que todos os alcançado no período colonial.
fazendeiros têm de aumentar o número de seus trabalhadores.
E como até há pouco supriam-se os fazendeiros dos braços b) extinguiu a produção colonial baseada na escravidão e
necessários? As fazendas eram alimentadas pela aquisição de fundamentou a produção no trabalho livre.
escravos, sem o menor auxílio pecuniário do governo. Ora, se os c) se tornou dependente da economia europeia por realizar
fazendeiros se supriam de braços à sua custa, e se é possível obtê- tardiamente sua industrialização em relação a outros países.
los ainda, posto que de outra qualidade, por que motivo não hão d) se tornou dependente do capital estrangeiro, que foi introduzido no
de procurar alcançá-los pela mesma maneira, isto é, à sua custa? país sem trazer ganhos para a infraestrutura de serviços urbanos.
Resposta de Manuel Felizardo de Sousa e Mello, diretor geral das Terras Públicas, ao
Senador Vergueiro. In: ALENCASTRO, L. F. (Org.). História da vida privada no Brasil. São e) teve sua industrialização estimulada pela Grã-Bretanha, que
Paulo: Cia. das Letras, 1988 (adaptado). investiu capitais em vários setores produtivos.

O fragmento do discurso dirigido ao parlamentar do Império 20. (ENEM) No princípio do século XVII, era bem insignificante e
refere-se às mudanças então em curso no campo brasileiro, que quase miserável a Vila de São Paulo. João de Laet davalhe 200
confrontam o Estado e a elite agrária em torno do objetivo de habitantes, entre portugueses e mestiços, em 100 casas; a Câmara,
a) fomentar ações públicas para ocupação das terras do interior. em 1606, informava que eram 190 os moradores, dos quais 65
b) adotar o regime assalariado para proteção da mão de obra andavam homiziados*.
estrangeira. *homiziados: escondidos da justiça

c) definir uma política de subsídio governamental para o fomento Nelson Werneck Sodré. Formação histórica do Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1964.
da imigração.
d) regulamentar o tráfico interprovincial de cativos para a Na época da invasão holandesa, Olinda era a capital e a
sobrevivência das fazendas. cidade mais rica de Pernambuco. Cerca de 10% da população,
calculada em aproximadamente 2.000 pessoas, dedicavam-se ao
e) financiar afixação de famílias camponesas para estímulo da comércio, com o qual muita gente fazia fortuna. Cronistas da época
agricultura de subsistência. afirmavam que os habitantes ricos de Olinda viviam no maior luxo.
Hildegard Féist. Pequena história do Brasil holandês. São Paulo: Moderna,
18. (ENEM PPL) A cessação do tráfico lançou sobre a escravidão 1998 (com adaptações).
uma sentença definitiva. Mais cedo ou mais tarde estaria extinta,
tanto mais quanto os índices de natalidade entre os escravos Os textos apresentados retratam, respectivamente, São Paulo e
eram extremamente baixos e os de mortalidade, elevados. Era Olinda no início do século XVII, quando Olinda era maior e mais rica.
necessário melhorar as condições de vida da escravaria existente São Paulo é, atualmente, a maior metrópole brasileira e uma das
e, ao mesmo tempo, pensar numa outra solução para o problema maiores do planeta. Essa mudança deveu-se, essencialmente, ao
da mão de obra. seguinte fator econômico:
COSTA, E. V. Da Monarquia à República: momentos decisivos. São Paulo: Unesp, 2010. a) maior desenvolvimento do cultivo da cana-de-açúcar no
planalto de Piratininga do que na Zona da Mata Nordestina.
Em 1850, a Lei Eusébio de Queirós determinou a extinção do tráfico
b) atraso no desenvolvimento econômico da região de Olinda e
transatlântico de cativos e colocou em evidência o problema da falta
Recife, associado à escravidão, inexistente em São Paulo.
de mão de obra para a lavoura. Para os cafeicultores paulistas, a
medida que representou uma solução efetiva desse problema foi o (a) c) avanço da construção naval em São Paulo, favorecido pelo
comércio dessa cidade com as Índias.
a) valorização dos trabalhadores nacionais livres.
d) desenvolvimento sucessivo da economia mineradora,
b) busca por novas fontes fornecedoras de cativos.
cafeicultora e industrial no Sudeste.
c) desenvolvimento de uma economia urbano-industrial.
e) destruição do sistema produtivo de algodão em Pernambuco
d) incentivo à imigração europeia. quando da ocupação holandesa.
e) escravização das populações indígenas.

19. (ENEM) Após a Independência, integramo-nos como exportadores EXERCÍCIOS DE


de produtos primários à divisão internacional do trabalho, estruturada
ao redor da Grã-Bretanha. O Brasil especializou-se na produção, APROFUNDAMENTO
com braço escravo importado da África, de plantas tropicais para
a Europa e a América do Norte. Isso atrasou o desenvolvimento de 01. (UNIFESP) Embora o Brasil continue sendo o maior produtor
nossa economia por pelo menos uns oitenta anos. Éramos um país mundial de cana-de-açúcar e de café, sua economia hoje não mais
essencialmente agrícola e tecnicamente atrasado por depender de gira, essencialmente, em torno do primeiro produto, como no século
produtores cativos. Não se poderia confiar a trabalhadores forçados XVII, nem em torno do segundo, como no período transcorrido
outros instrumentos de produção que os mais toscos e baratos. entre 1840 e 1930. Indique
O atraso econômico forçou o Brasil a se voltar para fora. Era do a) os fatores responsáveis pelo fim do ciclo histórico da cana-de-
exterior que vinham os bens de consumo que fundamentavam um açúcar e do café.
padrão de vida "civilizado", marca que distinguia as classes cultas b) as semelhanças e diferenças na estrutura de produção das
e "naturalmente" dominantes do povaréu primitivo e miserável. duas culturas.

402 PROENEM.COM.BR PRÉ-VESTIBULAR


16 A ECONOMIA NO SEGUNDO REINADO HISTÓRIA II

02. (FUVEST) O café passou a ser o produto das grandes fazendas 05. (UFG) Senhores, é tempo de cuidar, exclusivamente - notai que
doadas em sesmarias, enquanto a corte portuguesa residia no digo exclusivamente - dos melhoramentos materiais do país. Não
Rio de Janeiro. Na verdade, o café foi a salvação da aristocracia desconheço o que se me pode replicar, dir-me-eis que uma nação
colonial. Foi também a salvação da corte imperial cambaleante, não se compõe só de estômago para digerir, mas de cabeça para
que, assediada por rebeliões regenciais e duramente pressionada a pensar e de coração para sentir. Respondo-vos que tudo isso não
pagar pelas burocracias civil e militar necessárias para consolidar valerá nada ou pouco, se ela não tiver pernas para caminhar. O
o Estado, foi resgatada pelas receitas do café que afluíam para a Brasil é uma criança que engatinha; só começará a andar quando
alfândega do Rio de Janeiro. Caso as condições de cultivo tivessem tiver cortado de estradas de ferro.
sido mais favoráveis ao café nas distantes e rebeldes cidades do ASSIS, M. de. Evolução. “Os melhores contos”. Seleção de Domício Proença.
Recife, Porto Alegre ou São Luís, seriam geradas forças centrífugas São Paulo: Global, 1997, p. 239-240. [Adaptado].
que teriam dividido o Brasil.
Warren Dean, A ferro e fogo.
Publicado no início do século XX, o conto incorpora o discurso
A história e a devastação da Mata Atlântica brasileira, 1996. Adaptado. evolucionista. A comparação sugere um processo de crescimento
no qual a nação é tomada como metáfora do corpo humano. Se as
A partir do texto, estradas são pernas,
a) indique a localização geográfica da cultura do café no Império a) identifique a principal região cortada pelas estradas de ferro e o
do Brasil,mencionando qual foi sua maior zona produtora; produto que era transportado;
b) caracterize a economia das províncias que, entre 1835 e 1845, b) explique os limites impostos ao crescimento da economia
rebelaram-se contra o poder central do Império. nacional.

03. (UFF 2012) GABARITO


EXERCÍCIOS PROPOSTOS
01. B 05. A 09. C 13. D 17. C
02. A 06. D 10. C 14. C 18. D
03. D 07. C 11. D 15. D 19. C
04. D 08. E 12. D 16. B 20. D

EXERCÍCIOS DE APROFUNDAMENTO
01. a) Na segunda metade do século XVII, teve início o advento da produção canavieira
nas Antilhas, promovido pelos holandeses que haviam adquirido o domínio da produção
durante sua permanência no Brasi entre 1630 e 1654. A partir daí, o Brasil deixou de
exercer o monopólio sobre o fornecimento de açúcar ao mercado europeu, decorrendo
daí o declínio da produção canavieira. Acrescenta-se a isso, o desenvolvimento mineração,
no século XVIII, e da cafeicultora, no século XIX. A lavoura canavieira, apesar de sua
importância, até os dias atuais, particularmente pela produção do alcool combustível, não
se sobrepôs às atividades econômicas relacionadas à indústria.
O decínio da lavoura cafeeira enquanto principal atividade econômica, insere-se no contexto
da crise do sistema agrário-exportador, a partir do final da década de 1920, agravado pela
Crise de 1929 e pela a emergênia da indústria que já se verificava desde o início do século
e que foi acelerado nas décadas seguintes. O processo de industrialização, promoveu
mudanças estruturais na economia brasileira, praticamente anulando a dependência da
A inauguração da estação da Estrada de Ferro Central do agro-exportação e se baseando nas atividades industriais e no setor terciário.
Brasil em 1870 simboliza uma aparente contradição: o Brasil era b) As lavouras canavieira e cafeeira, tinham em comum, a produção em grandes extensões
um país escravocrata ao mesmo tempo que buscava instalar as territoriais e o emprego do trabalho escravo. No entanto, a partir de meados do século XIX,
novas e modernas máquinas e tecnologias oriundas da Revolução a cafeicultura iniciou um processo de modificações de intensidade muito maior do que o
ocorrido na lavoura canavieira, com a adoção do trabalho assalariado, a modernização
Industrial. O trem era, assim, o símbolo da modernização. do sistema produtivo e dos meios de transporte e a associação entre a produção e a
A partir dessa afirmação, discuta a importância da estrada de ferro comercialização.
na manutenção das relações escravistas na economia brasileira do 02. a) Vale do Paraíba, na região Sudeste.
século XIX. b) Bahia: agricultura. Pará: extrativismo. Rio Grande do Sul: pecuária. Maranhão:
agricultura. São Paulo: agricultura. Minas Gerais: agricultura.
03. É possível perceber a redução dos custos de transportes propiciada pela instalação
04. (UNICAMP) São Paulo, quem te viu e quem te vê! Tinhas dos ramais ferroviários entre as regiões produtoras de café e o porto, mesmo porque,
então as tuas ruas sem calçamento, iluminadas pela luz baça e grande parte dos investimentos foi realizada pelo Estado em associação ao capital inglês,
amortecida de uns lampiões de azeite; tuas casas, quase todas desonerando o produtor. Ainda deverá destacar que a ferrovia possibilitou a concentração
de mão de obra escrava diretamente na produção cafeeira, força de trabalho antes,
térreas, tinham nas janelas umas rótulas através das quais também, utilizada no transporte do produto até as zonas portuárias.
conversavam os estudantes com as namoradas; os carros de bois 04. a) O autor mostra a São Paulo antiga quando fala de “ruas sem calçamento”, “casas,
guinchavam pelas ruas carregando enormes cargas e guiados quase todas térreas” e “carros de bois”, e a cidade moderna, com “opulentos e lindíssimos
por míseros cativos. Eras então uma cidade puramente paulista, prédios”, “ruas todas calçadas, cortadas por diversas linhas de BOND”, ressaltando a
oposição entre atraso e progresso.
hoje és uma cidade italiana!! Estás completamente transformada,
b) Os excendentes de capitais oriundos da expansão da lavoura cafeeira, aplicados
com proporções agigantadas, possuindo opulentos e lindíssimos nas mais diversas atividades, associados à expansão do trabalho assalariado e
prédios, praças vastas e arborizadas, ruas todas calçadas, cortadas ao consequente fortalecimento de um mercado consumidor urbano, favoreceram,
por diversas linhas de “bond”, centenas de casas de negócios e a particularmente, a cidade de São Paulo e o processo de metropolização verificado no
início do século XX.
locomotiva soltando seus sibilos progressistas.
05. a) Região Sudeste, o produto transportado era o café.
(Adaptado de Alfredo Moreira Pinto, “A cidade de São Paulo em 1900”.
São Paulo: Governo do Estado de São Paulo, 1979, p. 8-10.) b) Questionava-se a organização voltada, fundamentalmente, para o mercado externo
(economia de exportação), o controle da tecnologia e do domínio financeiro pelos países
centrais e a infraestrutura concentrada regionalmente.
a) Cite duas transformações mencionadas no texto que marcam
a oposição entre atraso e progresso.
b) De que formas a economia cafeeira contribuiu para as
transformações observadas pelo autor?

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HISTÓRIA II 16 A ECONOMIA NO SEGUNDO REINADO

ANOTAÇÕES

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