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27 ÁFRICA SUBSAARIANA GEOGRAFIA I

E CONFLITOS NA ÁFRICA

A SITUAÇÃO DA ÁFRICA NO MUNDO GLOBALIZADO


Na África conservam-se tradições e, embora islamismo, catolicismo e protestantismo estejam presentes entre a população, o
espírito de milhões de africanos é fortemente guiado pelo animismo. Todos os países possuem graves problemas sociais básicos como
alimentação, saúde, moradia e educação, a maioria sem perspectivas de solução a curto e médio prazos.
O processo de globalização que hoje domina o cenário da economia internacional caracteriza-se pelo investimento dos grandes
capitais em países de economia emergente, onde a possibilidade de lucro mostra-se maior. No entanto, nem todas as economias nacionais
são alvo de interesse por parte dos principais investidores. Nesse contexto, encaixa-se a maior parte dos países africanos, que está à
margem desse processo. Atualmente, o capital disponível para investimento tem como preferência a América Latina, os países do Leste
Europeu e asiáticos. Isso é um problema para a África, pois, sem esse capital, dificilmente se desenvolverá, devido à precariedade estrutural
em que se encontra. Do ponto de vista histórico, a vinculação africana ao mercado internacional foi desastrosa e desorganizadora da
economia tribal, já que a relação dos países economicamente hegemônicos com o continente sempre foi exploradora e predatória. Durante
o mercantilismo, o principal papel desempenhado pela África em relação ao mercado mundial foi o de fornecedor de mão de obra para o
sistema escravocrata.
Na fase contemporânea da história, o interesse europeu volta-se para a expansão capitalista na forma de um neocolonialismo que
submeterá o continente aos interesses exploratórios de recursos naturais e de mercado. Quando o colonialismo termina, a independência
pouco altera a situação da população, uma vez que a maior parte dos Estados Nacionais é opressora e perdulária, dominada seja por civis,
seja por militares. Além disso, os constantes conflitos étnicos colaboram para agravar a situação, gerando gastos e instabilidade política
que retardam ainda mais o desenvolvimento. Os efeitos de quase cinco séculos de exploração e estagnação justificam o isolamento
africano. A defasagem de seu desenvolvimento social e econômico é imensa, inviabilizando sua inserção no processo de globalização.

CONFLITOS
A África é o continente com maior número de conflitos
duradouros em todo planeta, de acordo com a ONU. De um total de
54 países que compõem a África, 24 encontram-se atualmente em
guerra civil ou em conflitos armados.
As batalhas mais devastadoras estão relacionadas a
Ruanda, Somália, Mali, República Centro-africana, Darfur, Congo,
Líbia, Nigéria, Somalilândia e Puntlândia (Estados declarados
independentes da Somália em, respectivamente, 1991 e 1998).
Esses combates envolvem 111 milícias, guerrilhas, grupos
separatistas ou facções criminosas.
Os países em guerra ficam na chamada África Subsaariana. A
região é caracterizada pela pobreza, instabilidade política, economia
precária, epidemias, baixos indicativos sociais e constantes
embates entre governos e rebeldes. São disputas que, neste
século 21, carecem de contornos ideológicos ou claras motivações
sociais e políticas. Distinguem-se, portanto, do movimento popular
da Primavera Árabe.
• Genocídio de Ruanda: conflito foi de caráter étnico. Dois
grupos predominam no país: os hutus e os tutsis. No
período de colonização belga, os tutsis lideravam postos
políticos, mesmo sendo minoria em relação aos hutus. Na
década de 60 o governo local tutsi foi derrubado por hutus.
Anos depois, os tutsis tentaram reconquistar a região, mas
foram dizimados com uma organização meticulosa por
parte do governo hutu.
• Independência do Sudão do Sul: até a independência do Sudão do Sul, em 2011, o Sudão era o maior país da África. Por possuir
grandes reservas de petróleo, a população sulina sempre reivindicou maior autonomia, e uma série de conflitos acabaram levando
à criação do novo país.
• Nigéria: o conflito, que se arrasta até os dias de hoje, tem caráter religioso. Enquanto a região norte tem maioria muçulmana, a
parte sul é cristã. Nos últimos anos, o crescimento da população cristã fez com que os islâmicos, preocupados em perder sua
influência política, reagissem com atentados, sequestros e mortes contra os povos do sul.

• Apartheid: foi uma segregação racial na África do Sul, hoje a maior economia do continente, onde a minoria branca criou leis que
davam direitos e deveres distintos para negros e brancos – e sempre em favor dos brancos. A segregação chegava ao ponto de
proibir que negros tomassem água no mesmo bebedouro que os brancos. A África do Sul é hoje o país mais industrializado do
continente, e faz parte do BRICS, grupo político de cooperação entre os emergentes Brasil, Rússia, África do Sul, Índia e China.

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GEOGRAFIA I 27 ÁFRICA SUBSAARIANA E CONFLITOS NA ÁFRICA

• Conflitos da Primavera Árabe: a Primavera Árabe


não se deteve ao Oriente Médio, e também teve
A ÁFRICA DO SUL
desdobramentos nos países da África subsaariana. Os Apesar de fazer parte da África Subsaariana, esse país
povos de Líbia, Egito e Síria, que foram dominados por apresenta a economia mais desenvolvida do continente (de acordo
governos corruptos e ditatoriais, reagiram e derrubaram com dados do Banco Mundial, o PIB desse país em 2018 era de
seus líderes, mudando o regime político da região. O 368,3 bilhões). No setor primário destaca-se pela abundância de
conflito é mais delicado na Síria, onde Bashar al-Assad recursos minerais, sendo o maior produtor mundial de platina e de
ainda segue no governo, e uma série de países com cromo e o quinto maior de ouro.
interesses na região tencionam os conflitos na área. Os investimentos estrangeiros possibilitaram o
desenvolvimento de uma atividade industrial ampla e diversificada.
O país apresenta indústrias de bens de produção (siderúrgica,
GENOCÍDIOS metalúrgica, máquinas, química etc.), de bens de consumo
No final da  Segunda Guerra Mundial  (1939-1945), (vestuário, alimentícia, Têxtil etc.), armamentos e naval.
movimentos nacionalistas e anticolonialistas travaram guerras As indústrias se concentram nos principais centros urbanos.
para conquistar a independência das nações africanas. Nos Porém, problemas, como a pobreza, que atinge principalmente
anos 1970 e 1980, sucessivos golpes militares e disputas os negros, são ainda marcantes no país. A população branca (de
étnicas impediram a continuidade política e, consequentemente, origem europeia, com destaque para ingleses e holandeses), que é
o desenvolvimento da região. minoritária, detém a maior parte da renda do país.
De modo geral, as guerras africanas não são guerras entre Portanto, o grande desafio da África do Sul está relacionado
países, mas conflitos internos. Eles têm como principais causas ao combate as heranças do apartheid. O principal objetivo dessa
a falência do Estado, batalhas pelo controle do governo e a luta população, é a luta para a formação de um país multiétnico com
por autonomia de grupos étnicos. O que mais chama atenção, menor desigualdade e preconceito.
contudo, é a brutalidade dessas disputas, sobretudo aquelas
travadas após os anos 1990. Genocídios, massacres, estupros
em massa, exército de crianças e extermínio de comunidades A DESERTIFICAÇÃO DO SAHEL
inteiras com facões e machados compõem a barbárie. A fome A região do Sahel, que acompanha o sul do deserto do Saara,
é outro instrumento usado pelas facções, que destroem as corresponde a uma região de transição em que se encontram as
plantações e expulsam populações de seus lares. Diferente das Savanas e os Estepes. Nessa porção do território, as populações
guerras no século XX, os atuais conflitos africanos matam, em locais sobrevivem de atividades de subsistência como a criação de
90% dos casos, civis, não militares. bovinos e caprinos (pecuária) e do cultivo de algodão, amendoim e
A Segunda Guerra do Congo é considerada o conflito arroz (agricultura).
armado mais letal desde a Segunda Guerra Mundial. Em 2008, Empresas agrícolas têm implantado lavouras monocultoras
5,4 milhões de pessoas foram mortas, a maioria de fome. na região em que se encontram as Savanas no Sahel, e com
Ruanda foi palco de um dos maiores genocídios da história isso causando grandes transformações ambientais e sociais. A
do continente. Em apenas cem dias, entre os meses de abril ocupação das melhores terras para o cultivo provocou a migração
e junho de 1994, 800 mil pessoas foram mortas no país, dos nativos (pastores e agricultores) para as áreas semidesérticas
a maioria da etnia tutsi. Em Darfur, desde 2003 os conflitos ao norte, onde se encontra o domínio de Estepes.
deixaram cerca de 400 mil mortos, segundo estimativas de
ONGs, e 2,7 milhões de refugiados, gerando uma das piores A chegada dos nativos, com suas práticas de agricultura de
crises humanitárias deste século. subsistência de pastoreio, têm aumentado o desmatamento e
intensificado o fenômeno de desertificação.
Esse impacto ambiental, intensificado pela retirada da cobertura
REFUGIADOS vegetal nativa e pela construção de poços artesianos que empobrecem
Outra consequência dos conflitos é a expulsão de milhares o solo de água, não têm a ação antrópica como única causadora.
de pessoas para campos de refugiados. Isso provoca, por sua O clima semiárido (pequena pluviosidade, com longos períodos de
vez, uma crise humanitária, com a proliferação de doenças e estiagem) favorece as queimadas, e a ação do vento, que ao deslocar
a fome que dizimam a população. O Alto Comissariado das grande quantidade de areia acelera esse processo natural.
Nações Unidas para os Refugiados (UNHCR, na sigla em
inglês) calcula em 43,3 milhões o número de pessoas expulsas
de seus países, em todo o mundo, sendo que 15,2 milhões EXERCÍCIOS
delas têm o status de refugiados. Afeganistão e Iraque, países
ocupados pelas forças americanas no começo deste século, PROTREINO
possuem o maior número de refugiados, seguidos de Somália e
Congo. O maior campo de refugiados no mundo fica no Quênia, 01. A África é o lugar que a China mais realiza investimentos na
com 292 mil pessoas. atualidade. Justifique o interesses chinês no continente africano.
Mesmo com a ajuda humanitária, os países em guerra
não conseguem se reconstruir. Ao final dos combates, a 02. Relacione a partilha do continente africano pelos europeus na
pouca infraestrutura existente e serviços foram devastados, Conferência de Berlim com os conflitos étnicos na atualidade.
atrasando ainda mais o progresso econômico.
03. Caracterize o genocídio que ocorreu em Ruanda na década
de 1990.

04. Explique o processo de desertificação na região do Sahel.

05. Explique o que foi o Apartheid.

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a) Exploração do campesinato pela elite proprietária — Domínio


das instituições fundiárias pelo poder público.
EXERCÍCIOS b) Adoção de práticas discriminatórias de acesso a terra —

PROPOSTOS Controle do uso especulativo da propriedade fundiária.


c) Desorganização da economia rural de subsistência — Crescimento
do consumo interno de alimentos pelas famílias camponesas.
01. (ENEM) A África Ocidental é conhecida pela dinâmica das suas
d) Crescimento dos assentamentos rurais com mão de obra familiar
mulheres comerciantes, caracterizadas pela perícia, autonomia e
— Avanço crescente das áreas rurais sobre as regiões urbanas.
mobilidade. A sua presença, que fora atestada por viajantes e por
missionários portugueses que visitaram a costa a partir do século e) Concentração das áreas cultiváveis no setor agroexportador
XV, consta também na ampla documentação sobre a região. A — Aumento da ocupação da população pobre em territórios
literatura é rica em referências às grandes mulheres como as agrícolas marginais.
vendedoras ambulantes, cujo jeito para o negócio, bem como a
autonomia e mobilidade, é tão típico da região. 04. (UERJ)
HAVIK, P. Dinâmicas e assimetrias afro-atlânticas: a agência feminina e Lucy caiu da árvore
representações em mudança na Guiné (séculos XIX e XX). In: PANTOJA. S. (Org.).
Identidades, memórias e histórias em terras africanas. Brasília: LGE; Luanda: Nzila, 2006. Conta a lenda que, na noite de 24 de novembro de 1974, as
estrelas brilhavam na beira do rio Awash, no interior da Etiópia.
A abordagem realizada pelo autor sobre a vida social da África Um gravador K7 repetia a música dos Beatles “Lucy in the Sky with
Ocidental pode ser relacionada a uma característica marcante Diamonds”. Inspirados, os paleontólogos decidiram que a fêmea
das cidades no Brasil escravista nos séculos XVIII e XIX, que se AL 288-1, cujo esqueleto havia sido escavado naquela tarde, seria
observa pela apelidada carinhosamente de Lucy.
a) restrição à realização do comércio ambulante por africanos Lucy tinha 1,10 m e pesava 30 kg. Altura e peso de um chimpanzé.
escravizados e seus descendentes. 1
Mas não se iluda, Lucy não pertence à linhagem que deu origem
b) convivência entre homens e mulheres livres, de diversas aos macacos modernos. Ela já andava ereta sobre os membros
origens, no pequeno comércio. inferiores. Lucy pertence à linhagem que deu origem ao animal que
escreve esta crônica e ao animal que a está lendo, eu e você.
c) presença de mulheres negras no comércio de rua de diversos
produtos e alimentos. Os ossos foram datados. Lucy morreu 3,2 milhões de anos
atrás. Ela viveu 2 milhões de anos antes do aparecimento dos
d) dissolução dos hábitos culturais trazidos do continente de
primeiros animais do nosso gênero, o Homo habilis. A enormidade
origem dos escravizados.
de 3 milhões de anos separa Lucy dos mais antigos esqueletos de
e) entrada de imigrantes portugueses nas atividades ligadas ao nossa espécie, o Homo sapiens, que surgiu no planeta faz meros
pequeno comércio urbano. 200 mil anos. Lucy, da espécie Australopithecus afarensis, é uma
representante das muitas espécies que existiram na época em que
02. (ENEM) Antes de o sol começar a esquentar as terras da faixa a linhagem que deu origem aos homens modernos se separou da
ao sul do Saara conhecida como Sahel, duas dezenas de mulheres que deu origem aos macacos modernos. 2Lucy já foi chamada de
da aldeia de Widou, no norte do Senegal, regam a horta cujas frutas elo perdido, o ponto de bifurcação que nos separou dos nossos
e verduras alimentam a população local. É um pequeno terreno parentes mais próximos.
que, visto do céu, forma uma mancha verde – um dos primeiros Uma das principais dúvidas sobre a vida de Lucy é a seguinte:
pedaços da “Grande Muralha Verde”, barreira vegetal que se ela já era um animal terrestre, como nós, ou ainda subia em árvores?
estenderá por 7000 km do Senegal ao Djibuti, e é parte de um plano
conjunto de vinte países africanos.
3
Muitos ossos de Lucy foram encontrados quebrados, seus
GIORGI, J. Muralha verde. Folha de S. Paulo. 20 maio 2013 (adaptado).
fragmentos espalhados pelo chão. Até agora, se acreditava que
isso se devia ao processo de fossilização e às diversas forças às
O projeto ambiental descrito proporciona a seguinte consequência quais esses ossos haviam sido submetidos. Mas os cientistas
regional imediata: resolveram estudar em detalhes as fraturas.
a) Facilita as trocas comerciais. As fraturas, principalmente no braço, são de compressão,
aquela que ocorre quando caímos de um local alto e apoiamos os
b) Soluciona os conflitos fundiários.
membros para amortecer a queda. Nesse caso, a força é exercida
c) Restringe a diversidade biológica. ao longo do eixo maior do osso, causando um tipo de fratura que
d) Fomenta a atividade de pastoreio. é exatamente o encontrado em Lucy. Usando raciocínios como
esse, os cientistas foram capazes de explicar todas as fraturas a
e) Evita a expansão da desertificação.
partir da hipótese de que Lucy caiu do alto de uma árvore de pé, se
inclinou para frente e amortizou a queda com o braço.
03. (ENEM) A singularidade da questão da terra na África Colonial é
a expropriação por parte do colonizador e as desigualdades raciais
4
Uma queda de 20 a 30 metros e Lucy atingiria o solo a
no acesso à terra. Após a independência, as populações de colonos 60 km/h, o suficiente para matar uma pessoa e causar esse tipo
brancos tenderam a diminuir, apesar de a proporção de terra em de fratura. Como existiam árvores dessa altura onde Lucy vivia e
posse da minoria branca não ter diminuído proporcionalmente. muitos chimpanzés sobem até 150 metros para comer, uma queda
MOYO, S. A terra africana e as questões agrárias: o caso das lutas pela terra no
como essa é fácil de imaginar.
Zimbábue. In: FERNANDES, B. M.; MARQUES, M. I. M.; SUZUKI, J. C. (Org.). A conclusão é que Lucy morreu ao cair da árvore. E se caiu era
Geografia agrária: teoria e poder. São Paulo: Expressão Popular, 2007.
porque estava lá em cima. E se estava lá em cima era porque sabia
subir. Enfim, sugere que Lucy habitava árvores.
Com base no texto, uma característica socioespacial e um
consequente desdobramento que marcou o processo de ocupação Mas na minha mente ficou uma dúvida. Quando criança, eu
do espaço rural na África subsaariana foram: subia em árvores. E era por não sermos grandes escaladores de
árvores que eu e meus amigos vivíamos caindo, alguns quebrando
braços e pernas. Será que Lucy morreu exatamente por tentar fazer
algo que já não era natural para sua espécie?
Fernando Reinach. Adaptado de O Estado de S. Paulo, 24/09/2016.

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I. Os países mais afetados pela fome apresentaram,


recentemente, fenômenos naturais, como terremotos e
vulcanismo, que desorganizaram a agropecuária.
II. Guerras civis, conflitos étnicos e ação de grupos terroristas
estão entre os fatores que geraram instabilidade na produção
de alimentos.
III. A fome nos 4 países tem origem geopolítica: esses países
são áreas de acolhida de milhares de refugiados da África
Subsaariana e do Oriente Médio.
A partir dos conhecimentos sobre a dinâmica demográfica e as
disparidades econômicas do mundo, está correto o que se afirma
APENAS em
a) I e II.
b) II.
c) I e III.
d) II e III.
e) III.

06. (UNESP) Os espaços à margem da economia mundial são


igualmente pouco integrados regionalmente, e a desintegração
Adaptado de usaid.gov, maio/2017. nacional limita a integração. O comércio intrarregional africano se
situa em torno de 10% do que é movimentado e é polarizado em
O fóssil de Lucy foi encontrado em uma das margens do rio alguns países. Fora a África do Sul, cinco países representam três
Awash, no interior da Etiópia, porção continental conhecida como quartos das exportações intra-africanas.
“Chifre da África”, marcada por problemas sociais graves. (Philippe Hugon. Geopolítica da África, 2009.)
O problema social representado no mapa tem como explicação:
a) desavenças políticas entre potências globais que restringem A inexpressividade do comércio intrarregional africano deve-se,
as ações de ajuda e apoio em parte,
b) conflitos bélicos entre grupos locais que desestruturam as a) ao acesso exclusivo a matérias-primas importadas e ao baixo
redes de produção e circulação mercado consumidor.
c) intervenção militar das alianças regionais que limitam as b) à pouca diversificação das estruturas produtivas e às
iniciativas de empresas e governos divergências socioculturais.
d) tamanho reduzido dos imóveis rurais que inviabilizam as c) à manutenção das colônias europeias e à obrigatoriedade
atividades de agricultura e pecuária da exportação.
d) às fronteiras flexíveis e à generalização de economias não
05. (PUCCAMP) A Grande Fome que assombrou o mundo em monetarizadas.
meados do século XIX volta agora no século XXI, afetando cerca e) aos altos custos no transporte de mercadorias e à ausência de
de 20 milhões de pessoas. Considere o mapa, onde a fome é mais centros urbanos.
ameaçadora e as afirmações abaixo.
07. (FUVEST) O grupo Boko Haram, autor do sequestro, em abril
de 2014, de mais de duzentas estudantes, que, posteriormente,
segundo os líderes do grupo, seriam vendidas, nasceu de uma seita
que atraiu seguidores com um discurso crítico em relação ao regime
local. Pregando um islã radical e rigoroso, Mohammed Yusuf, um
dos fundadores, acusava os valores ocidentais, instaurados pelos
colonizadores britânicos, de serem a fonte de todos os males
sofridos pelo país. Boko Haram significa “a educação ocidental é
pecaminosa” em haussa, uma das línguas faladas no país.
www.cartacapital.com.br. Acessado em 13/05/2014. Adaptado.

O texto se refere
a) a uma dissidência da Al-Qaeda no Iraque, que passou a atuar
no país após a morte de Sadam Hussein.
b) a um grupo terrorista atuante nos Emirados Árabes, país
economicamente mais dinâmico da região.
c) a uma seita religiosa sunita que atua no Sul da Líbia, em franca
oposição aos xiitas.
d) a um grupo muçulmano extremista, atuante no Norte da Nigéria,
região em que a maior parte da população vive na pobreza.
e) ao principal grupo religioso da Etiópia, ligado ao regime político
(Disponível em: http://www.levif.be)
dos tuaregues, que atua em toda a região do Saara.

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08. (UERJ) Uma das contradições que afetam as sociedades d) essa doença é própria dos climas tropicais e sua área possível de
africanas é a não correspondência entre as fronteiras territoriais expansão terá de ter as mesmas características, o que elimina
dos diversos Estados-nacionais e as divisões entre grupos étnicos os riscos dessa epidemia no hemisfério norte temperado.
locais, como se observa no mapa abaixo: e) ela está confinada a apenas alguns países africanos, pois
a circulação intracontinental é ínfima por falta de ligações
geográficas, logo não há risco de essa doença se espalhar
no continente.

10. (FUVEST) Observe os gráficos.

Adaptado de OLIC, Nelson Basic; CANEPA, Beatriz. África: terra, sociedades e conflitos.
São Paulo: Moderna, 2012.

www.mofcom.gov.cn. Acessado em julho de 2012.


Na maioria dos países africanos, essa contradição provoca,
principalmente, o seguinte efeito: Com base nos gráficos e em seus conhecimentos, assinale a
a) deficit comercial alternativa correta.
b) instabilidade política a) O comércio bilateral entre China e África cresceu timidamente
c) degradação ambiental no período e envolveu, principalmente, bens de capital africanos
e bens de consumo chineses.
d) dependência financeira
b) As exportações chinesas para a África restringem-se a bens
de consumo e produtos primários destinados a atender ao
09. (PUCSP) Leia:
pequeno e estagnado mercado consumidor africano.
“No final da semana passada a epidemia de ebola na África do
c) A implantação de grandes obras de engenharia, com destaque
Oeste atingiu uma cifra sinistra. Segundo a Organização Mundial de
para rodovias transcontinentais, ferrovias e hidrovias,
Saúde (OMS), o número de mortos pela doença ultrapassou 3  mil
associa-se ao investimento chinês no setor da construção
pessoas, num total de 6.574 casos suspeitos ou confirmados. Um
civil na África.
estudo feito pelos Centers for Disease Control (CDC), rede de órgão
do governo americano, cuja sede se encontra perto de Atlanta, d) O agronegócio foi o principal investimento da China na África
indica que a cada 30 dias o número de novos casos diários de ebola em função do exponencial crescimento da população chinesa
triplica. Na hipótese mais pessimista haveria 1,4 milhões de pessoas e de sua grande demanda por alimentos.
contaminadas na África do Oeste, no próximo mês de janeiro.” e) O investimento chinês no setor minerador, na África, associa-
(Luiz Felipe de ALENCASTRO. “O ebola é um desafio da saúdepública no século 21”. se ao crescimento industrial da China e sua consequente
http://noticias.uol.com.br/blogs-ecolunas/coluna/luiz-felipe-alencastro/2014/09/29/o- demanda por petróleo e outros minérios.
ebola-e-umdesafio-da-saude-publica-no-seculo-21.htm, 29/09/2014)

Considerando essa epidemia e as condições geográficas das 11. (UERJ) Nos últimos anos, registrou-se crescimento das trocas
regiões onde ela se origina pode ser afirmado que comerciais entre a China e a África Subsaariana. Observe o gráfico:
a) ela está restrita apenas às zonas rurais e mais florestadas (que
no caso da África são bastante habitadas), pois seus agentes
transmissores não sobrevivem em ambientes urbanos.
b) a falta de meios e ações preventivas, assim como de
assistência nas concentrações urbanas dos países do oeste
africano, aumenta o risco de a epidemia ganhar outras
localidades do planeta.
c) a baixa conexão entre a África e outros continentes, que
implica uma movimentação mínima das pessoas desses
países, diminui o risco de essa epidemia atingir outras partes
do mundo. Adaptado de blogs.ft.com.

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Com base na análise do gráfico e considerando as características 13. (MACKENZIE)


das regiões envolvidas, a ampliação da integração sino-africana
está associada, principalmente, à seguinte estratégia econômica
da China:
a) diminuição de custos de produção para a indústria alimentícia
b) manutenção do suprimento de insumos para o setor industrial
de base
c) implantação de unidades fabris do segmento de bens de
consumo duráveis
d) ampliação do mercado consumidor para as manufaturas de
bens não duráveis

12. (UNESP) No ano de 2011 a África enfrentou revoltas populares


no cenário político dos países com governos autocráticos ou de
recentes democracias. Analise os gráficos e as afirmações de I a IV. Fonte do mapa http://crisisgroup.prg/africa

A respeito da área destacada no mapa da África Setentrional, julgue


as afirmações a seguir:
I. Corresponde à região do Sahel. Apresenta baixos níveis
pluviométricos anuais e vegetações típicas de Estepes.
II. Essa extensa faixa territorial enfrenta conflitos tribais históricos
e pobreza extrema. As populações locais dedicam-se à
economia primário-extrativista e agropecuária de subsistência.
III. Atualmente passa por um processo de desertificação devido
ao mau uso do solo, prolongadas estiagens e ao intenso
desmatamento.
IV. Nas últimas décadas, é possível verificar considerável
recuperação nos índices de Desenvolvimento Humano nos
países que compõem o Chifre da África como: Etiópia, Somália,
Chade, Gabão, Malauí e Djibuti.
Estão corretas
a) I e II, apenas.
b) II e III, apenas.
c) III e IV, apenas.
d) I, II e III, apenas.
e) I, II, III e IV.

14. (UNESP) Soweto viu a Copa do Mundo. Em um Mundial


questionado por seu impacto social apenas limitado e por excluir
grande parte da população africana dos benefícios, os 4 milhões
de moradores da cidade nas proximidades de Johannesburgo só
souberam um dia antes que a seleção brasileira faria seu único treino
(Época. Um continente à espera da liberdade, nº 683, junho de 2011. Adaptado.) aberto em Soweto.
(O Estado de S.Paulo, 04.06.2010. Adaptado.)
I. Zimbábue, Egito, Tunísia, Costa do Marfim, Sudão, República
Democrática do Congo, Libéria e Nigéria apresentam os dados Considere as afirmações seguintes.
do PIB per capita abaixo do valor médio no mundo. I. Soweto está localizado na região metropolitana de Johanesburgo
II. O mapa do autoritarismo restringe-se aos países analisados e foi a maior township da África do Sul.
nos gráficos, pois os demais países do globo são considerados II. As townships nasceram durante o período do apartheid, devido
plenas democracias. à separação espacial entre negros e brancos.
III. Correlacionando as taxas de desemprego e PIB per capita do III. Dentre os Prêmios Nobel da Paz, estão Nelson Mandela e o
Zimbábue e da Libéria, é possível afirmar que estão entre as Arcebispo Desmond Tutu, que viveram em Soweto.
piores dentro do quadro analisado e muito distantes das taxas
IV. Berço da luta contra o apartheid, durante o regime racista,
médias mundiais.
Soweto conseguiu resolver seus problemas sociais, integrando-
IV. A baixa taxa de desemprego e a alta renda per capita da Libéria se totalmente ao restante da capital.
são consequências de longas e sangrentas guerras civis e a
Estão corretas apenas as afirmações
baixa taxa de desemprego do Zimbábue é consequência da
política ditatorial e corrupta do país. a) I, III e IV.
A partir da análise dos gráficos e de seus conhecimentos, pode-se b) III e IV.
afirmar que estão corretas apenas c) I, II e III.
a) I e II. c) II e III. e) I, III e IV. d) I e II.
b) I e III. d) I e IV. e) II, III e IV.

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15. (UERJ) Quinze anos depois do genocídio que vitimou mais de 17. (FUVEST)
800 mil pessoas, visitar Ruanda ainda é uma espécie de jogo de
adivinhação – a cada rosto que passa tenta-se descobrir quem foi
vítima e quem foi algoz na tragédia de 1994. O governo do país
recorre à união do povo. O censo e as carteiras de identidade
étnicas não existem mais, todos agora são apenas considerados
ruandeses. O esforço do presidente Paul Kagame em evitar um
novo conflito é tão grande que chamar alguém de “tutsi” ou “hutu”
de maneira ofensiva é crime, com pena que pode chegar a 14 anos.
Marta REIS

A presença do trauma do genocídio é o principal problema


social de Ruanda, maior inclusive que a pobreza. Tratar esse trauma
coletivo devia ser prioridade número um, e não transformá‑lo
num tabu. A política do governo é a do esquecimento por lei, por
obrigação. Errada é a vitimização do genocídio, pois existe uma
história de conflitos anterior e posterior ao massacre.
Marcio GAGLIATO

A polêmica sobre os efeitos do genocídio de Ruanda, ocorrido em


1994, aponta para contradições dos processos de constituição de
Estados nacionais na África contemporânea.
Com base na análise dos textos, a resolução dessas contradições
estaria relacionada à adoção das seguintes medidas:
a) conciliação político-religiosa – afirmação das identidades locais Fonte: Adaptado de João Carlos Rodrigues. Pequena História da África Negra, 1990.

b) punição das diferenças culturais – unificação da memória


Tomando por base o mapa anterior, aponte a alternativa que
nacional
descreve corretamente a situação atual da área questionada.
c) denúncia da dominação colonial – integração ao mundo
a) Na província sudanesa de Darfur, em territórios do antigo
globalizado
Estado de Rabah, trava-se, hoje, uma sangrenta guerra civil,
d) reforço do pertencimento nacional – revisão das heranças envolvendo, entre outros, diferentes grupos étnicos e religiosos.
da descolonização
b) Nas antigas possessões zanzibaritas vêm ocorrendo, há vários
anos, violentas disputas entre diversos grupos tribais em torno
16. (UERJ) do controle da produção de petróleo.
c) Ao norte dos antigos estados Bôeres, região então conhecida
como Bechuanalândia, travou-se, há poucos anos, violenta
luta, envolvendo os grupos étnicos tutsis e hutus.
d) No extremo ocidental do Golfo da Guiné, ao sul da região
anteriormente controlada pelos mouros, os conflitos atuais
estão relacionados à disputa pelo controle das ricas jazidas de
prata ali existentes.
e) A Etiópia, que sempre teve fronteiras relativamente bem
definidas, foi, por essa mesma razão, o único país africano
capaz de manter a paz interna até nossos dias.

18. (FUVEST) Considere as seguintes afirmações sobre a África


Sub-Saariana.
I. Um dos motivos que justificam os conflitos violentos, nessa
parte do continente, é o da necessidade de controle dos
recursos minerais aí abundantes.
II. A violência e a impunidade aí presentes representam
desrespeito à Declaração dos Direitos Humanos e às Leis
Internacionais sobre Refugiados.
www.2mre.gov.br III. A assistência ao desenvolvimento dos países que a compõem
foi incrementada em 40% pelos países ricos, entre os anos
A continuidade dos conflitos sociais na África revela a persistência 1990-1999.
de obstáculos às políticas de desenvolvimento nesse continente, IV. A África Sub-Saariana vem sofrendo limitações no
desde o final do século XIX. Mesmo com alguns ensaios de desenvolvimento de sua produção local, devido ao fato de
democracia, repetiram-se, em 2008, eventos que indicam como a estar fora das prioridades dos mercados mundiais.
África está longe da paz e da estabilidade.
Está correto apenas o que se afirma em
A associação adequada entre país e causa direta de um conflito
a) I e III.
atual está expressa na seguinte alternativa:
b) I, II e IV.
a) Cabo Verde - guerras civis
c) II e III.
b) Quênia - disputas eleitorais
d) II, III e IV.
c) Angola - antagonismos religiosos
e) III e IV.
d) Burkina Faso - crises econômicas

PRÉ-VESTIBULAR PROENEM.COM.BR 151


GEOGRAFIA I 27 ÁFRICA SUBSAARIANA E CONFLITOS NA ÁFRICA

19. (UERJ)

Surdez Histórica
Com a ligeireza habitual, em notas encurtadas pelo tédio, parte da imprensa brasileira registrou, no dia 28 de maio, o referendo que
aprovou a nova Constituição de Ruanda, um dos grotões da África profunda. O texto estabelece que nenhum partido poderá ter mais de 50%
das vagas no parlamento. Nem poderão pertencer à mesma legenda política o presidente, o vice-presidente e o chefe do Poder Legislativo. (...)
Se o Brasil não fosse surdo às vozes da África, a imprensa teria anunciado o fato com pompas e fitas. (...)
Pouco antes do referendo, a paz entre os tutsi e os hutu parecia condenada a arder na fogueira dos ódios ancestrais. Um governo
compartilhado pode existir em democracias ultradesenvolvidas do Primeiro Mundo. Como implantar a fórmula em Ruanda? (...)
(Adaptado de NUNES, Augusto. “Jornal do Brasil”, 08/06/2003.)

Ruanda, como vários dos países africanos, viveu longos períodos de guerra civil desde sua descolonização. A proposta de um governo
compartilhado é mais uma tentativa de pôr fim aos conflitos internos e inúmeras mortes.
No que se refere às características históricas dos povos africanos, as razões para a indagação do jornalista, em relação à sorte da proposta
em Ruanda, podem ser explicadas por:
a) atraso no processo de industrialização e liberalização dos costumes
b) existência de disputas entre etnias e acesso reduzido a direitos políticos
c) influência de religiões fundamentalistas e presença de governos autoritários
d) manutenção de valores tradicionais e adoção de medidas econômicas monopolistas

20. (FUVEST) O processo de descolonização na África foi acompanhado por


a) elevação nas taxas de crescimento da população do campo, que foi modernizado para produzir alimentos para o mercado interno.
b) abertura da economia dos países africanos, devido à dimensão do seu mercado consumidor, aumentando significativamente sua
participação no comércio mundial.
c) democratização do continente, que se livrou das ditaduras nele instaladas nos anos noventa do século XX, com apoio das antigas
metrópoles.
d) imposição política externa de limites fronteiriços, que gerou uma série de lutas políticas internas em vários países.
e) migração controlada da população africana, decorrente dos conflitos tribais, para países que anteriormente dominaram o continente.

EXERCÍCIOS DE
APROFUNDAMENTO
01. (UNICAMP) Considerando a tabela a seguir, responda às questões.

Infectados com Aids por Região Geográfica do Mundo-2005

Novas infecções de Aids em Mortes de adultos e crianças


Região Geográfica Crianças e adultos com Aids
adultos e crianças (ano) decorrentes da Aids (ano)
África Subsaariana 24.700.000 2.800.000 2.100.000
África do Norte e Oriente
460.000 68.000 36.000
Médio
Ásia Meridional e de
7.800.000 860.000 590.000
Sudeste
Ásia Oriental 750.000 100.000 43.000

Oceania 81.000 7.100 4.000

América Latina 1.700.000 140.000 65.000

Caribe 250.000 27.000 19.000


Europa Oriental e Ásia
1.700.000 270.000 84.000
Central
Europa Ocidental e
740.000 22.000 12.000
Central
América do Norte 1.400.000 43.000 18.000

Total 39.500.000 4.300.000 2.900.000


Fonte: adaptado de www.unaids.org, em 21/09/2007.

a) A África Subsaariana apresenta os piores indicadores quanto a infectados e novos casos de Aids. Quais as razões desses
indicadores?
b) Compare os casos de mortes decorrentes da Aids em relação à população infectada na África Subsaariana e na Europa Ocidental/Central.
Aponte pelo menos uma razão da diferença encontrada.

152 PROENEM.COM.BR PRÉ-VESTIBULAR


27 ÁFRICA SUBSAARIANA E CONFLITOS NA ÁFRICA GEOGRAFIA I

02. (FUVEST) O objetivo da elaboração do Índice de Desenvolvimento


GABARITO
Humano (IDH) é oferecer um contraponto a outro indicador muito
utilizado, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita, que considera EXERCÍCIOS PROPOSTOS
apenas a dimensão econômica do desenvolvimento. Criado 01. C 05. B 09. B 13. D 17. A
por Mahbub ul Haq, com a colaboração do economista indiano 02. E 06. B 10. E 14. C 18. B
Amartya Sen (...), o IDH pretende ser uma medida geral, sintética, 03. E 07. D 11. B 15. D 19. B
do desenvolvimento humano. Não abrange todos os aspectos do 04. B 08. B 12. B 16. B 20. D
desenvolvimento e não é uma representação de “felicidade” das
EXERCÍCIOS DE APROFUNDAMENTO
pessoas, nem indica “o melhor lugar para se viver”.
01. a) A África Subsaariana tem mais de 60% dos infectados com Aids do mundo e mais
Fonte: Adaptado de http://www.pnud.org.br, out. 2006. de 65% dos novos casos de contaminação anuais. Como causas desses fatos, podem ser
apontadas, entre outras, as seguintes:
a) Quais os indicadores que compõem o IDH? Apresente um
- baixo nível de renda da população, com dificuldades de acesso a informações sobre a
aspecto relevante da realidade social ausente dessa composição. doença e suas formas de disseminação e controle;
b) Analise a região do Sahel, na África, considerando o texto - Estados extremamente pobres, incapazes de realizar campanhas de conscientização
apresentado e os indicadores que compõem o IDH. nacionais sobre o problema e campanhas para controle da disseminação da doença;
- prática da poligamia, sem uso de preservativos;
03. (FUVEST) - ajuda internacional insuficiente para o controle da doença, desvios de verbas por
corrupção ou roubo generalizado.
b) Na África Subsaariana morrem anualmente cerca de 8,5% da população infectada,
enquanto na Europa Ocidental/Central essa taxa é de apenas 1,6%. Entre as razões dessa
diferença, encontram-se:
- a maior renda da população europeia, com melhores condições de tratamento disponíveis;
- a melhor assistência médico-hospitalar existente nessa parte da Europa, parcialmente
custeada pelo Estado.

02. a) O IDH considera o PIB per capita, corrigido pelo poder de compra de acordo com
a moeda de cada país, além da educação, avaliada pelo índice de analfabetismo e pela
taxa de matrícula nos diversos níveis de ensino; longevidade, na qual são utilizados
os números relativos à expectativa de vida ao nascer. A renda é medida pelo PIB per
Géographie 2e, Hachette, 2000.
capita. A determinação do IDH não leva em conta as formas de distribuição de renda.
a) Analise os momentos I e II da charge do continente africano. As peculiaridades relativas às diferentes culturas englobam, por exemplo, aspectos
como o comportamento do consumo e os valores que cada sociedade afere a questões
b) Como os momentos I e II podem ser caracterizados na África referentes à educação e formas de apropriação dos resultados da produção.
do Sul? b) Na região do Sahel africano, encontram-se os países classificados como os piores
em IDH no mundo (Níger, Serra Leoa, Mali, Burquina, Chade). O avanço do processo de
desertificação; a manutenção de estruturas arcaicas de produção, além de conflitos
04. (UNESP) O livro de Nnimmo Bassey rompe com dois lugares étnico-nacionais e tribais, heranças do passado colonial recente dos países da região,
comuns que têm prevalecido nos discursos sobre a África: dificultam sua evolução socioeconômica.
1. o continente é sempre interpretado como vítima de um 03. a) O momento I retrata a saída das forças coloniais europeias do continente africano
passado colonial onipresente que o incapacita a sair do quadro após a Segunda Guerra Mundial - encerrando o período imperialista da Conferência de
de miséria e subdesenvolvimento, é como se a África estivesse Berlim (1884-1885), quando o continente foi partilhado pelas potências da época. O
momento II retrata uma situação mais recente, marcada pela entrada de turistas que
condenada pelo passado, uma região sem presente; se dirigem para pontos atrativos tais como reservas ecológicas e parques que abrigam
animais de médio e grande porte.
2. o continente caracteriza-se por infindáveis lutas fratricidas e
tribais. Aliás, esse conceito de tribo é reiteradas vezes usado para b) Após a ocupação holandesa (séc. XVII) e inglesa (séc. XIX) a nação adquiriu um status
especial em 1910, quando suas quatro unidades políticas formaram a União da África do
caracterizar os conflitos e lutas do continente, impondo-se assim Sul, ainda sob tutela do Reino Unido. Em 1931 ganhou soberania, adotando o nome África
um conceito que, na literatura colonialista, é oposto ao conceito do Sul, e em 1961 tornou-se uma república. Quanto ao momento II, o país destaca-se
de civilização. Haja eurocentrismo! Não, para Nnimmo Bassey como um dos que mais recebem turistas no continente (mais de 6 milhões de visitantes
por ano), atraídos pelas belezas naturais, a boa infraestrutura e a excelente organização
essa história colonial não condena o presente desse continente dos parques e safáris.
e seus povos por uma simples razão: o fim do colonialismo não
04. O neocolonialismo europeu sobre a África consolidou-se com a partilha do continente
significou o fim da colonialidade que, assim, se mostra irmão no Congresso de Berlim (1884/85) em um período de agressiva expansão europeia. O fim
siamês do capitalismo na sua sanha de acumulação de capital. da segunda guerra resulta no enfraquecimento das metrópoles europeias, reordenando o
(Denilson A. Oliveira e Carlos W. Porto-Gonçalves. “Apresentação à edição brasileira”. sistema de poder mundial definido com a bipolarização dos EUA e URSS cuja hegemonia
In: Nnimmo Bassey. Aprendendo com a África, 2015. Adaptado.) se estabelecia a partir da superioridade militar. Nesse contexto ocorre a descolonização
africana impondo o conceito da unidade política dos Estados Nacionais (em oposição à
Explicite o modo de estabelecimento das fronteiras no continente divisão tribal) cujas fronteiras estabelecidas pelas metrópoles foram alheias ao critério da
africano durante o período colonial e o contexto em que grande distribuição étnica. As fronteiras artificiais foram as responsáveis pela perpetuação dos
conflitos que imprimem forte instabilidade ao continente, permitindo a continuidade da
parte dos movimentos por descolonização ocorreram. Cite dois exploração dos recursos dos países africanos pelas potências.
exemplos de como a colonialidade se expressa nesse continente. Dentre os exemplos de como a colonialidade se expressa no continente africano, pode-se
citar: a exploração dos recursos minerais e energéticos, o direcionamento da produção
05. (UNICAMP) O tântalo (Ta) é um elemento metálico encontrado em agrícola para os países europeus, as ditaduras como desdobramento do domínio colonial,
a manutenção das fronteiras artificiais, dentre outros.
baixíssima concentração na crosta terrestre. É o “rei” da era digital,
pois seu uso em capacitores tem contribuído para a miniaturização de 05. a) A República Democrática do Congo foi colonizada pela Bélgica no século XIX,
circuitos eletrônicos. Em Bandulu, no leste do Congo, onde as minas quando o imperialismo e colonialismo europeu efetivaram a “Partilha da África” na
Conferência de Berlim. A independência aconteceu na década de 1960 com o processo
de coltan (columbita-tantalita) são abundantes, existe um único de descolonização dos países africanos. Logo, o novo governo popular e crítico do
painel solar para carregar os celulares, e os poucos que existem não imperialismo, liderado por Patrice Lubumba foi deposto por um golpe, assim o país
são smartphones. A exploração de coltan não é ordenada, uniforme tornou-se uma ditadura militar liderada por Mobutu Sese Seko com apoio belga e dos
Estados Unidos, no âmbito da ordem da Guerra Fria.
ou pacífica. Analistas da geopolítica contemporânea o consideram a
b) Não existem smartphones em grande parte do território do Congo devido a precariedade
estrela dos “minerais de sangue”. da infraestrutura de telecomunicações e abastecimento de energia, baixa renda da
(Adaptado de Gemma Parellada, Viagem ao berço do coltan, o coração dos maioria da população e graves conflitos entre governo através de militares e guerrilhas
smartphones. Disponível em https://brasil.elpais.com/brasil/2016/02/19/ como a M23. Na região operam várias mineradoras com atuação transnacional. O leste
internacional/1455896992_924219.html. Acessado em 20/09/2019.) da República Democrática do Congo apresenta influência de países vizinhos como
Ruanda e recebeu muitos refugiados desde a década de 1990. Também operam forças de
a) Que país colonizou a atual República Democrática do Congo? paz da ONU (Organização das Nações Unidas). Grande parte do conflito deve-se a disputa
Em que período se deu a independência desse país africano? pelo controle das jazidas de minerais estratégicos como o coltan (tantalita-columbita),
utilizado em produtos de alta tecnologia. Minerais estratégicos do país são exportados
b) Explique por que não há smartphones na região do Congo referida, para China, países da União Europeia e Estados Unidos.
e por que o coltan é considerado um dos “minerais de sangue”.

PRÉ-VESTIBULAR PROENEM.COM.BR 153


GEOGRAFIA I 27 ÁFRICA SUBSAARIANA E CONFLITOS NA ÁFRICA

ANOTAÇÕES

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