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E CONFLITOS NA ÁFRICA
CONFLITOS
A África é o continente com maior número de conflitos
duradouros em todo planeta, de acordo com a ONU. De um total de
54 países que compõem a África, 24 encontram-se atualmente em
guerra civil ou em conflitos armados.
As batalhas mais devastadoras estão relacionadas a
Ruanda, Somália, Mali, República Centro-africana, Darfur, Congo,
Líbia, Nigéria, Somalilândia e Puntlândia (Estados declarados
independentes da Somália em, respectivamente, 1991 e 1998).
Esses combates envolvem 111 milícias, guerrilhas, grupos
separatistas ou facções criminosas.
Os países em guerra ficam na chamada África Subsaariana. A
região é caracterizada pela pobreza, instabilidade política, economia
precária, epidemias, baixos indicativos sociais e constantes
embates entre governos e rebeldes. São disputas que, neste
século 21, carecem de contornos ideológicos ou claras motivações
sociais e políticas. Distinguem-se, portanto, do movimento popular
da Primavera Árabe.
• Genocídio de Ruanda: conflito foi de caráter étnico. Dois
grupos predominam no país: os hutus e os tutsis. No
período de colonização belga, os tutsis lideravam postos
políticos, mesmo sendo minoria em relação aos hutus. Na
década de 60 o governo local tutsi foi derrubado por hutus.
Anos depois, os tutsis tentaram reconquistar a região, mas
foram dizimados com uma organização meticulosa por
parte do governo hutu.
• Independência do Sudão do Sul: até a independência do Sudão do Sul, em 2011, o Sudão era o maior país da África. Por possuir
grandes reservas de petróleo, a população sulina sempre reivindicou maior autonomia, e uma série de conflitos acabaram levando
à criação do novo país.
• Nigéria: o conflito, que se arrasta até os dias de hoje, tem caráter religioso. Enquanto a região norte tem maioria muçulmana, a
parte sul é cristã. Nos últimos anos, o crescimento da população cristã fez com que os islâmicos, preocupados em perder sua
influência política, reagissem com atentados, sequestros e mortes contra os povos do sul.
• Apartheid: foi uma segregação racial na África do Sul, hoje a maior economia do continente, onde a minoria branca criou leis que
davam direitos e deveres distintos para negros e brancos – e sempre em favor dos brancos. A segregação chegava ao ponto de
proibir que negros tomassem água no mesmo bebedouro que os brancos. A África do Sul é hoje o país mais industrializado do
continente, e faz parte do BRICS, grupo político de cooperação entre os emergentes Brasil, Rússia, África do Sul, Índia e China.
O texto se refere
a) a uma dissidência da Al-Qaeda no Iraque, que passou a atuar
no país após a morte de Sadam Hussein.
b) a um grupo terrorista atuante nos Emirados Árabes, país
economicamente mais dinâmico da região.
c) a uma seita religiosa sunita que atua no Sul da Líbia, em franca
oposição aos xiitas.
d) a um grupo muçulmano extremista, atuante no Norte da Nigéria,
região em que a maior parte da população vive na pobreza.
e) ao principal grupo religioso da Etiópia, ligado ao regime político
(Disponível em: http://www.levif.be)
dos tuaregues, que atua em toda a região do Saara.
08. (UERJ) Uma das contradições que afetam as sociedades d) essa doença é própria dos climas tropicais e sua área possível de
africanas é a não correspondência entre as fronteiras territoriais expansão terá de ter as mesmas características, o que elimina
dos diversos Estados-nacionais e as divisões entre grupos étnicos os riscos dessa epidemia no hemisfério norte temperado.
locais, como se observa no mapa abaixo: e) ela está confinada a apenas alguns países africanos, pois
a circulação intracontinental é ínfima por falta de ligações
geográficas, logo não há risco de essa doença se espalhar
no continente.
Adaptado de OLIC, Nelson Basic; CANEPA, Beatriz. África: terra, sociedades e conflitos.
São Paulo: Moderna, 2012.
Considerando essa epidemia e as condições geográficas das 11. (UERJ) Nos últimos anos, registrou-se crescimento das trocas
regiões onde ela se origina pode ser afirmado que comerciais entre a China e a África Subsaariana. Observe o gráfico:
a) ela está restrita apenas às zonas rurais e mais florestadas (que
no caso da África são bastante habitadas), pois seus agentes
transmissores não sobrevivem em ambientes urbanos.
b) a falta de meios e ações preventivas, assim como de
assistência nas concentrações urbanas dos países do oeste
africano, aumenta o risco de a epidemia ganhar outras
localidades do planeta.
c) a baixa conexão entre a África e outros continentes, que
implica uma movimentação mínima das pessoas desses
países, diminui o risco de essa epidemia atingir outras partes
do mundo. Adaptado de blogs.ft.com.
15. (UERJ) Quinze anos depois do genocídio que vitimou mais de 17. (FUVEST)
800 mil pessoas, visitar Ruanda ainda é uma espécie de jogo de
adivinhação – a cada rosto que passa tenta-se descobrir quem foi
vítima e quem foi algoz na tragédia de 1994. O governo do país
recorre à união do povo. O censo e as carteiras de identidade
étnicas não existem mais, todos agora são apenas considerados
ruandeses. O esforço do presidente Paul Kagame em evitar um
novo conflito é tão grande que chamar alguém de “tutsi” ou “hutu”
de maneira ofensiva é crime, com pena que pode chegar a 14 anos.
Marta REIS
19. (UERJ)
Surdez Histórica
Com a ligeireza habitual, em notas encurtadas pelo tédio, parte da imprensa brasileira registrou, no dia 28 de maio, o referendo que
aprovou a nova Constituição de Ruanda, um dos grotões da África profunda. O texto estabelece que nenhum partido poderá ter mais de 50%
das vagas no parlamento. Nem poderão pertencer à mesma legenda política o presidente, o vice-presidente e o chefe do Poder Legislativo. (...)
Se o Brasil não fosse surdo às vozes da África, a imprensa teria anunciado o fato com pompas e fitas. (...)
Pouco antes do referendo, a paz entre os tutsi e os hutu parecia condenada a arder na fogueira dos ódios ancestrais. Um governo
compartilhado pode existir em democracias ultradesenvolvidas do Primeiro Mundo. Como implantar a fórmula em Ruanda? (...)
(Adaptado de NUNES, Augusto. “Jornal do Brasil”, 08/06/2003.)
Ruanda, como vários dos países africanos, viveu longos períodos de guerra civil desde sua descolonização. A proposta de um governo
compartilhado é mais uma tentativa de pôr fim aos conflitos internos e inúmeras mortes.
No que se refere às características históricas dos povos africanos, as razões para a indagação do jornalista, em relação à sorte da proposta
em Ruanda, podem ser explicadas por:
a) atraso no processo de industrialização e liberalização dos costumes
b) existência de disputas entre etnias e acesso reduzido a direitos políticos
c) influência de religiões fundamentalistas e presença de governos autoritários
d) manutenção de valores tradicionais e adoção de medidas econômicas monopolistas
EXERCÍCIOS DE
APROFUNDAMENTO
01. (UNICAMP) Considerando a tabela a seguir, responda às questões.
a) A África Subsaariana apresenta os piores indicadores quanto a infectados e novos casos de Aids. Quais as razões desses
indicadores?
b) Compare os casos de mortes decorrentes da Aids em relação à população infectada na África Subsaariana e na Europa Ocidental/Central.
Aponte pelo menos uma razão da diferença encontrada.
02. a) O IDH considera o PIB per capita, corrigido pelo poder de compra de acordo com
a moeda de cada país, além da educação, avaliada pelo índice de analfabetismo e pela
taxa de matrícula nos diversos níveis de ensino; longevidade, na qual são utilizados
os números relativos à expectativa de vida ao nascer. A renda é medida pelo PIB per
Géographie 2e, Hachette, 2000.
capita. A determinação do IDH não leva em conta as formas de distribuição de renda.
a) Analise os momentos I e II da charge do continente africano. As peculiaridades relativas às diferentes culturas englobam, por exemplo, aspectos
como o comportamento do consumo e os valores que cada sociedade afere a questões
b) Como os momentos I e II podem ser caracterizados na África referentes à educação e formas de apropriação dos resultados da produção.
do Sul? b) Na região do Sahel africano, encontram-se os países classificados como os piores
em IDH no mundo (Níger, Serra Leoa, Mali, Burquina, Chade). O avanço do processo de
desertificação; a manutenção de estruturas arcaicas de produção, além de conflitos
04. (UNESP) O livro de Nnimmo Bassey rompe com dois lugares étnico-nacionais e tribais, heranças do passado colonial recente dos países da região,
comuns que têm prevalecido nos discursos sobre a África: dificultam sua evolução socioeconômica.
1. o continente é sempre interpretado como vítima de um 03. a) O momento I retrata a saída das forças coloniais europeias do continente africano
passado colonial onipresente que o incapacita a sair do quadro após a Segunda Guerra Mundial - encerrando o período imperialista da Conferência de
de miséria e subdesenvolvimento, é como se a África estivesse Berlim (1884-1885), quando o continente foi partilhado pelas potências da época. O
momento II retrata uma situação mais recente, marcada pela entrada de turistas que
condenada pelo passado, uma região sem presente; se dirigem para pontos atrativos tais como reservas ecológicas e parques que abrigam
animais de médio e grande porte.
2. o continente caracteriza-se por infindáveis lutas fratricidas e
tribais. Aliás, esse conceito de tribo é reiteradas vezes usado para b) Após a ocupação holandesa (séc. XVII) e inglesa (séc. XIX) a nação adquiriu um status
especial em 1910, quando suas quatro unidades políticas formaram a União da África do
caracterizar os conflitos e lutas do continente, impondo-se assim Sul, ainda sob tutela do Reino Unido. Em 1931 ganhou soberania, adotando o nome África
um conceito que, na literatura colonialista, é oposto ao conceito do Sul, e em 1961 tornou-se uma república. Quanto ao momento II, o país destaca-se
de civilização. Haja eurocentrismo! Não, para Nnimmo Bassey como um dos que mais recebem turistas no continente (mais de 6 milhões de visitantes
por ano), atraídos pelas belezas naturais, a boa infraestrutura e a excelente organização
essa história colonial não condena o presente desse continente dos parques e safáris.
e seus povos por uma simples razão: o fim do colonialismo não
04. O neocolonialismo europeu sobre a África consolidou-se com a partilha do continente
significou o fim da colonialidade que, assim, se mostra irmão no Congresso de Berlim (1884/85) em um período de agressiva expansão europeia. O fim
siamês do capitalismo na sua sanha de acumulação de capital. da segunda guerra resulta no enfraquecimento das metrópoles europeias, reordenando o
(Denilson A. Oliveira e Carlos W. Porto-Gonçalves. “Apresentação à edição brasileira”. sistema de poder mundial definido com a bipolarização dos EUA e URSS cuja hegemonia
In: Nnimmo Bassey. Aprendendo com a África, 2015. Adaptado.) se estabelecia a partir da superioridade militar. Nesse contexto ocorre a descolonização
africana impondo o conceito da unidade política dos Estados Nacionais (em oposição à
Explicite o modo de estabelecimento das fronteiras no continente divisão tribal) cujas fronteiras estabelecidas pelas metrópoles foram alheias ao critério da
africano durante o período colonial e o contexto em que grande distribuição étnica. As fronteiras artificiais foram as responsáveis pela perpetuação dos
conflitos que imprimem forte instabilidade ao continente, permitindo a continuidade da
parte dos movimentos por descolonização ocorreram. Cite dois exploração dos recursos dos países africanos pelas potências.
exemplos de como a colonialidade se expressa nesse continente. Dentre os exemplos de como a colonialidade se expressa no continente africano, pode-se
citar: a exploração dos recursos minerais e energéticos, o direcionamento da produção
05. (UNICAMP) O tântalo (Ta) é um elemento metálico encontrado em agrícola para os países europeus, as ditaduras como desdobramento do domínio colonial,
a manutenção das fronteiras artificiais, dentre outros.
baixíssima concentração na crosta terrestre. É o “rei” da era digital,
pois seu uso em capacitores tem contribuído para a miniaturização de 05. a) A República Democrática do Congo foi colonizada pela Bélgica no século XIX,
circuitos eletrônicos. Em Bandulu, no leste do Congo, onde as minas quando o imperialismo e colonialismo europeu efetivaram a “Partilha da África” na
Conferência de Berlim. A independência aconteceu na década de 1960 com o processo
de coltan (columbita-tantalita) são abundantes, existe um único de descolonização dos países africanos. Logo, o novo governo popular e crítico do
painel solar para carregar os celulares, e os poucos que existem não imperialismo, liderado por Patrice Lubumba foi deposto por um golpe, assim o país
são smartphones. A exploração de coltan não é ordenada, uniforme tornou-se uma ditadura militar liderada por Mobutu Sese Seko com apoio belga e dos
Estados Unidos, no âmbito da ordem da Guerra Fria.
ou pacífica. Analistas da geopolítica contemporânea o consideram a
b) Não existem smartphones em grande parte do território do Congo devido a precariedade
estrela dos “minerais de sangue”. da infraestrutura de telecomunicações e abastecimento de energia, baixa renda da
(Adaptado de Gemma Parellada, Viagem ao berço do coltan, o coração dos maioria da população e graves conflitos entre governo através de militares e guerrilhas
smartphones. Disponível em https://brasil.elpais.com/brasil/2016/02/19/ como a M23. Na região operam várias mineradoras com atuação transnacional. O leste
internacional/1455896992_924219.html. Acessado em 20/09/2019.) da República Democrática do Congo apresenta influência de países vizinhos como
Ruanda e recebeu muitos refugiados desde a década de 1990. Também operam forças de
a) Que país colonizou a atual República Democrática do Congo? paz da ONU (Organização das Nações Unidas). Grande parte do conflito deve-se a disputa
Em que período se deu a independência desse país africano? pelo controle das jazidas de minerais estratégicos como o coltan (tantalita-columbita),
utilizado em produtos de alta tecnologia. Minerais estratégicos do país são exportados
b) Explique por que não há smartphones na região do Congo referida, para China, países da União Europeia e Estados Unidos.
e por que o coltan é considerado um dos “minerais de sangue”.
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