E.E.E.F.

M Profª Maria Araújo de Figueiredo estado de sítio nos casos previstos na

Disciplina: História Turma: 3° ano
Professor (a): Maurício Silva
Aluno (a):
Tema: Ditadura Militar
Os antecedentes do golpe de 1964
Em 1960, Jânio Quadros assumiu a
Presidência da República, apresentando um
discurso político contra a corrupção. Contudo,
Quadros renunciou ao cargo de presidente no
ano de 1961. Segundo Carlos Fico, Quadros
planejou dar um golpe, visando ter maiores
poderes para a Presidência da República. Diante
disso, Jânio Quadros esperava causar uma
grande comoção nas pessoas, no entanto, a
população não se mobilizou e o Congresso
Nacional aceitou a sua renúncia ao cargo.
Posteriormente, o vice João Goulart assumiu a
Presidência da República, propondo “reformas de
base” ao Congresso Nacional, entre elas a
reforma agrária e a reforma tributária. Nesse
contexto, os grupos empresariais e o governo
norte-americano financiaram uma campanha de
desestabilização de Goulart. Ademais, a
imprensa, setores da sociedade, grupos militares
e a Igreja Católica criticaram a situação
econômica do Brasil.
Os atos institucionais (AI)
Durante os vinte e um anos de Ditadura
Militar no Brasil, foram aplicados 17 Atos
Institucionais, conhecidos como AI. Então,
podemos destacar os cinco principais Atos
Institucionais:
AI-1: Alterou a Constituição do Brasil de 1946,
conferiu as Forças Armadas o poder de
suspender direitos políticos e cassar mandatos
legislativos e facilitou a expulsão de servidores
públicos e opositores nos cargos dos ministérios
e das empresas estatais;
Constituição Federal de 1967.
Os governos Castelo Branco e Costa e Silva
Em 1964, o general Castelo Branco
iniciou o golpe militar contra o governo de João
Goulart. Diante disso, Castelo Branco assumiu o
governo e editou o Ato Institucional n.º 1,
chamado AI-1, promovendo a cassação de
mandatos parlamentares, a suspensão de direitos
políticos e a transferência de militares para a
reserva. Nesse cenário, a violência contra
políticos, sindicalistas e estudantes, por exemplo,
caracterizou os primeiros anos da Ditadura Militar
Brasileira. No entanto, um grupo de militares
conhecido como “linha dura” pressionou o
presidente Castelo Branco para a reabertura de
“punições revolucionárias” e a prorrogação da
data-limite. Por isso, o general Castelo Branco
decretou o Ato Institucional n.º 2, denominado AI-
2, extinguindo os partidos políticos e criando um
sistema bipartidário, formado pela ARENA
(Aliança Revolucionária Nacional), partido do
governo, e pelo MDB (Movimento Democrático
Brasileiro), partido da oposição.
No ano de 1967, o general Costa e Silva
assumiu a Presidência da República, entretanto,
sem os instrumentos discricionários de repressão
política. Conforme Carlos Fico, os Atos
Institucionais n.º 1 e n.º 2 vigoraram até o fim do
governo de Castelo Branco. Nesse período, o
saneamento financeiro do governo de Castelo
Branco propiciou as manifestações sociais de
oposição ao regime. Em 1968, uma série de
eventos marcaram a história contemporânea do
Brasil, como os assassinatos de estudantes pela
repressão e os assassinatos de militares
estrangeiros pela esquerda. Nesse contexto, a
morte do estudante Edson Luís resultou em uma
manifestação na Assembleia Legislativa do Rio
de Janeiro, impactando a opinião pública e
gerando protestos pelo Brasil (Figura 1).
Figura 1 - Enterro do estudante Edson Luís.

AI-2: Modificou as eleições, os poderes do

Presidente da República e a organização dos três
Poderes;
AI-3: Estabeleceu eleições indiretas nacionais,
estaduais e municipais e permitiu que Senadores
e Deputados Federais ou Estaduais exercessem
o cargo de Prefeito de capital de Estado;
AI-4: Convocou o Congresso Nacional para
discussão, votação e promulgação do Projeto de
Constituição;
AI-5: Suspendeu a garantia do habeas corpus
para determinados crimes e dispôs sobre os
Fonte: Correio da Manhã (1968).
poderes do Presidente da República de decretar
 Na figura acima, podemos observar o
velório de Edson Luís, que foi morto por policiais
na cidade do Rio de Janeiro. Por sua vez, o
corpo do estudante Edson Luís foi carregado por
uma multidão de aproximadamente 50 mil
estudantes que fizeram como homenagem a
Passeata dos Cem Mil, tornando-se um marco
para os outros protestos contra o AI-5 em todo o
Brasil. No mesmo ano, o Conselho de Segurança
Nacional aprovou o Ato Institucional n.º 5,
chamado AI-5, devolvendo os instrumentos
discricionários ao presidente Costa e Silva.
Dessa forma, os militares da “linha dura” criaram
diversos órgãos de repressão, como o Sistema
Nacional de Informações (Sisni), o Sistema de
Segurança Interna do País (Sissegin), a
Comissão Geral de Investigações (CGI), o Setor
de Imprensa do Gabinete (Sigab) e a Assessoria
Especial de Relações Públicas (Aerp).
As canções de protesto e o tropicalismo
Na década de 1970, especialmente no
governo Médici, os militares instituíram a censura
de livros e publicações, criando uma ferramenta
para a desmobilização e a eliminação. Logo, a
produção, a memória e a circulação de bens
culturais produzidos pelos opositores deveriam
passar pela aprovação em Brasília. Durante o
regime, os cantores e compositores
desenvolveram a “canção de protesto”,
afastando-se da Bossa Nova, com a finalidade de
estabelecer uma relação entre a arte, o contexto
social e a crença na eficácia revolucionária da
palavra a partir do contexto dos temas políticos e
da expressão de ritmos e termos do cotidiano de
forma eclética. Nesse contexto, a tropicália,
inspirada no movimento da contracultura dos
EUA e do Rock Internacional, principalmente dos
Beatles, foi inaugurado por Chico Buarque,
Caetano Veloso e Gilberto Gil dentro de um ritmo
misturado com a tradição popular do pop
internacional, invocando as imagens de um
paraíso tropical e relacionando com a política de
censura, repressão e violência do governo militar.
Os anos de chumbo e o “milagre econômico”
No ano de 1969, após a morte de Costa e
Silva, o general Emílio Médici assumiu a cadeira
presidencial e, em seu governo, houveram
inúmeras prisões, desaparecimento de opositores
e práticas contrárias aos Direitos Humanos que
caracterizaram os “anos de chumbo”. Ao mesmo
tempo, houve o famoso “milagre econômico” que
representou o crescimento acelerado da
economia, levando a redução de juros nos
bancos para facilitar a compra de bens duráveis
pela população, a criação de diversas empresas
estatais pelo país e a realização de grandes
obras de infraestrutura.
Figura 2 - Carlos Alberto levanta a taça de
campeão com o ditador Médici.
Fonte: https://brasil.elpais.com/esportes/2020-06-07/a-
selecao-que-presenteou-a-ditadura-com-uma-taca.html.
Nesse contexto, foram utilizados o título
do Brasil na Copa do Mundo de 1970 no México
e a propaganda oficial do regime militar, que
desenvolveu diversos slogans ufanistas e
patrióticos, como “Brasil: ame-o ou deixe-o” e
“Segurança e desenvolvimento”, para promover o
“milagre econômico” e, consequentemente,
exaltar o regime militar, gerando o aumento da
popularidade do governo em meio a censura da
cultura e da imprensa (Figura 2). No entanto, o
“milagre econômico” durou pouco tempo,
colocando o país em uma crise econômica que
promoveu o endividamento externo e a alta
inflação e prejudicou tanto a classe baixa quanto
a classe média.
Referências bibliográficas
FICO, Carlos. História do Brasil
Contemporâneo. 1° ed. São Paulo: Contexto,
2020.
Para refletir
1º Questão: De que forma a imagem (Figura 1)
apresentada no início do texto exemplifica a
perseguição aos opositores do regime e a falta
de liberdade de expressão durante a Ditadura
Militar no Brasil?
2º Questão: Em 1968, durante o Governo de
Costa e Silva, uma série de eventos marcaram a
Ditadura Militar Brasileira, entre eles as
manifestações sociais contra o regime. De
acordo com o texto, quais foram os orgãos de
repressão política criados por meio da
aprovação do AI-5?
3º Questão: A partir da década de 1970,
especialmente no governo Médici, os militares
instituíram a censura de livros e publicações que
não passaram pela aprovação em Brasília. De
que modo os cantores e compositores do
período realizaram protestos contra a Ditadura
Militar no Brasil?
De olho no Enem
1º Questão: (Enem 2009) “Boicote ao
militarismo”, propôs o deputado federal Márcio
Moreira Alves, do Movimento Democrático
Brasileiro (MDB), em 2 de setembro de 1968,
conclamando o povo a reagir contra a ditadura.
O clima vinha tenso desde o ano anterior, com
forte repressão ao movimento estudantil e à
primeira greve operária do regime militar. O
discurso do deputado foi a "gota d’água". A
resposta veio no dia 13 de dezembro com a
promulgação do Ato Institucional nº 5 (AI 5).
Ditadura descarada. In: Revista de História da Biblioteca
Nacional. Rio de Janeiro, ano 4, nº 39, dez. 2008
(adaptado).
Considerando o contexto histórico e político
descrito acima, o AI 5 significou
a) a restauração da democracia no Brasil na
década de 60.
b) o fortalecimento do regime parlamentarista
brasileiro durante o ano de 1968.
c) o enfraquecimento do poder central, ao
convocar eleições no ano de 1970.
d) o desrespeito à Constituição vigente e aos
direitos civis do país a partir de 1968.
e) a responsabilização jurídica dos deputados por
seus pronunciamentos a partir de 1968.
2º Questão: (Enem PPL 2010) A gente não
sabemos escolher presidente / A gente não
sabemos tomar conta da gente / A gente não
sabemos nem escovar os dentes / Tem gringo
pensando que nóis é indigente / Inútil / A gente
somos inútil
MOREIRA, R. Inútil. 1983 (fragmento).
campeões. A seleção voou diretamente da
Cidade do México para Brasília. Na festa da
vitória, Médici presenteou os jogadores com
dinheiro e posou para os fotógrafos com a taça
Jules Rimet nas mãos. Até uma Assessoria
Especial de Relações Públicas (AERP) chegou a
ser criada para mudar a imagem do governo e
cristalizar, junto à opinião pública, a imagem de
um país vitorioso, alavancando campanhas que
criavam o mito do “Brasil grande” que “vai para
frente”. Todos os jogadores principais da Copa de
70 foram usados como garotos-propaganda.
Bahiana, A. M. Almanaque Anos 70. Rio de Janeiro:
Ediouro, 2006 (adaptado).
A visibilidade dos esportes, especialmente do
futebol, nos meios de comunicação de massa,
tornou-os uma questão de Estado para os
governos militares no Brasil, que buscavam,
assim,
a) legitimar o Estado autoritário por meio de
vitórias esportivas nacionais.
b) mostrar que os governantes estavam entre
seus primeiros praticantes.
c) controlar o uso de garotos-propaganda pelas
agências de publicidade.
d) valorizar os atletas, integrando-os como
funcionários ao aparelho de Estado.
e) incentivar a expansão da propaganda e do
consumo de artigos esportivos.

O fragmento integra a letra de uma canção

gravada em momento de intensa mobilização
política. A canção foi censurada por estar
associada
a) ao rock nacional, que sofreu limitações desde
o início da ditadura militar.
b) a uma crítica ao regime ditatorial que, mesmo
em sua fase final, impedia a escolha popular do
presidente.
c) à falta de conteúdo relevante, pois o Estado
buscava, naquele contexto, a conscientização da
sociedade por meio da música.
d) a dominação cultural dos Estados Unidos da
América sobre a sociedade brasileira, que o
regime militar pretendia esconder.
e) à alusão à baixa escolaridade e à falta de
consciência política do povo brasileiro.
3º Questão: (Enem PPL 2011) Em Brasília,
foram mais de cem mil pessoas saudando os