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1. (Fuvest) Observe o mapa da expansão da cafeicultura nos estados de São Paulo e Rio de
Janeiro nos séculos XIX e XX.
2. (Unicamp) “Acontece, porém, que a verdade sobre a fome incomoda os governos e fere as
suscetibilidades patrióticas e, por isso mesmo, são frequentemente vedadas ao grande público,
pelas respectivas censuras políticas. (...) Será a calamidade da fome um fenômeno natural,
inerente à própria vida, uma contingência irremovível como a morte? Ou será a fome uma
praga social criada pelo próprio homem?”
(CASTRO, Josué de. Geopolítica da Fome. Rio de Janeiro: Casa do Estudante do Brasil, 2ª
ed., 1953.)
“Vivemos em um país que produz muito alimento e tem muita gente passando fome. Para além
do escândalo ético, isso é uma aberração em termos de organização econômica e social. No
plano moral, beira o criminoso: são 33 milhões de pessoas famintas, enquanto exportamos e
produzimos mais de três quilos, só de grãos, por pessoa por dia.”
(DOWBOR, Ladislau. Fome, uma decisão política e corporativa. In: CAMPELLO, Tereza;
BORTOLETTO, Ana Paula (orgs.). Da fome à fome: diálogos com Josué de Castro. São Paulo:
Elefante, 2022, p. 181.)
a) Para Josué de Castro, há poucos debates sobre a fome. Por que a questão da fome é
ocultada dos debates contemporâneos? A insegurança alimentar é uma questão moral e
política? A partir dos textos, justifique suas respostas.
b) Cite um aspecto histórico e um social que explicam a existência da fome no Brasil. Analise, a
partir do gráfico, o que houve com a questão da insegurança alimentar no país, desde o
início do século XXI.
No Brasil, a relação do povo com a terra mudou muito a partir da colonização. Se antes os
indígenas tiravam da terra seu sustento básico, por meio da coleta de alimentos, pesca e caça
de subsistência, com a chegada dos portugueses essa relação mudou, passando a ser mais
exploratória. A atividade agrícola em larga escala para exportação, com a implantação de
grandes propriedades agrícolas destinadas à monocultura, foi gradativamente se espalhando, e
pouco a pouco as paisagens e a relação com a terra foram se transformando.
A organização político-administrativa do Brasil teve início por meio da divisão de seu território
em capitanias hereditárias. [...] Além da colonização, esse sistema visava à proteção do
território, pois era preciso enfrentar a crescente ameaça externa. Dessa forma, os cerca de 5
mil quilômetros da costa foram divididos em 15 lotes, com largura que ultrapassava os 300
quilômetros, nomeadas de capitanias hereditárias.
Nessa época, Portugal era um Estado Absolutista, e as capitanias eram concessões do poder
público a particulares. Na Carta de Doação estavam os dispositivos que regulamentavam os
privilégios e deveres do donatário: aplicar a justiça, cobrar impostos devidos à Coroa, nomear
funcionários, fundar vilas e distribuir sesmarias.
MOCELLIN, Renato; CAMARGO, Rosiane de. História em debate. v. 1. São Paulo: Editora do
Brasil, 2013, p. 74-78.
Mais de três séculos após a implantação do sistema de capitanias hereditárias, durante o
segundo reinado brasileiro, a estrutura agrária brasileira passou a ser determinada pela
chamada Lei de Terras, promulgada em 1850.
Denomina-se estrutura fundiária a forma como as propriedades agrárias de uma área ou país
estão organizadas, isto é, seu número, tamanho e distribuição social. Uma tentativa de
classificar as propriedades rurais conforme sua dimensão foi realizada em 1964 pelo Estatuto
da Terra (Lei 4.504, de 30 de novembro de 1964).
ALMEIDA, Lúcia M. Alves de. Geografia: geografia geral e do Brasil. São Paulo: Ática, 2007, p.
440. [Adaptado].
SENE, Eustáquio de; MOREIRA, João Carlos. Geografia geral e do Brasil: espaço geográfico e
globalização. São Paulo: Scipione, 2010, p. 649.
A estrutura fundiária instalada no espaço rural do Cerrado brasileiro possui como característica
a) a geração de emprego e renda, que permite reverter o fenômeno do desemprego estrutural
instalado no campo brasileiro.
b) o abastecimento alimentar, que garante o fornecimento dos alimentos para o mercado
interno.
c) a consolidação da produção para o mercado externo, que dinamiza a balança comercial com
produtos de alto valor agregado.
d) o estabelecimento da monocultura, que possibilita a expansão do uso de sementes crioulas
para a produção em larga escala de cereais.
e) a formação de latifúndios, que assegura a elevada concentração das terras em um menor
número de propriedades rurais.
Acerca dos sistemas de transportes instalados no Brasil Central, analise as afirmativas a seguir
e assinale (V) para a verdadeira e (F) para a falsa.
(https://portalamazonia.com. Adaptado.)
A charge retrata um problema socioeconômico brasileiro que tem como uma de suas causas
a) a produção monocultora voltada para exportação.
b) a política do pleno emprego nas áreas urbanas.
c) o predomínio da agricultura familiar no espaço rural.
d) a elevada capacidade de produção agropecuária.
e) o processo de estatização das indústrias alimentícias.
11. (Enem) Os movimentos da agricultura urbana no Rio de Janeiro vêm crescendo nos
últimos vinte anos, tanto por meio de reproduções de modelos de vida antigos, vinculados ao
resgate dos próprios costumes, como – e cada vez mais – são revelados hábitos inventivos nos
quais moradores urbanos de diferentes classes sociais, sem nenhuma referência anterior com
o campo, passam a se dedicar a essas atividades. Ao possibilitar o acesso ao plantio e,
consequentemente, à alimentação, permite-se uma nova relação com o que se come,
reduzindo o percurso da cadeia produtiva e aproximando produtores de consumidores, pois
ambos se confundem nas experiências de agricultura urbana.
13. (Unichristus - Medicina) Brasil é competitivo porque exporta soja sem cobrar por água e
biodiversidade perdidas, diz cientista.
Censos Agropecuários
a) Analisando a evolução dos dados, indique dois fenômenos que se destacam: um de ordem
técnica e outro de ordem social. Quais as consequências para o território brasileiro
decorrentes desses fenômenos?
b) Aponte duas ações do Estado Brasileiro que contribuíram para a modernização técnica do
campo. Explique por que, mesmo diante do avanço da modernização e do consequente
aumento da produção de alimentos, a fome ainda persiste no país.
Texto I
A produção de soja começou no Brasil nos anos 1970, há um pouco mais de quarenta anos,
mas o volume e a localização da sua produção são hoje bem diferentes. Começando de zero, o
Brasil passou a ser um dos primeiros produtores e exportadores mundiais de grãos, farelo e
óleo de soja, ultrapassado apenas pelos Estados Unidos e em concorrência com a Argentina.
O cultivo desta planta de origem asiática começou no Sul, mas migrou nas décadas seguintes
para o Mato Grosso, depois para o Oeste da Bahia, o Maranhão, o Piauí e mais recentemente
o Pará.
Texto II
O Brasil é o segundo maior produtor de soja do mundo e 45% dela saem do cerrado, na região
central. Dos cerca de 30 milhões de toneladas produzidas anualmente, metade é exportada.
Destruição da vegetação nativa, comprometimento de importantes bacias hidrográficas, maior
concentração da propriedade da terra e redução dos postos de trabalho agrícola são
consequências da grande expansão da cultura de soja no cerrado. Uma pesquisa mostra que
entre 1985 e 1996 houve uma redução de 19% dos postos de trabalho no Centro-Oeste,
enquanto aumentava o número de propriedades entre 100 e 1.000 hectares.
18. (Fempar (Fepar)) As mudanças ocorridas na agricultura brasileira estão ligadas a um modo
de produzir cada vez mais influenciado pelas estratégias capitalistas. Agentes ou setores
ligados direta ou indiretamente à agricultura empresarial procuram se instalar ao longo das
cadeias produtivas, com o objetivo de atender às novas necessidade surgidas com essas
mudanças.
19. (Fmj) Analise a imagem publicada no tuíte de Karen Braun em 22.06.2022, que demostra a
movimentação de cargas a partir dos portos brasileiros.
20. (Fgv) No Brasil, os sistemas de transporte foram modernizados para atender a atividades
muito específicas que são operadas por grandes corporações do agronegócio ou da indústria
extrativa mineral. A natureza dos sistemas de transporte aparece muito ligada às demandas
das atividades voltadas, sobretudo, para a exportação de commodities.
A esse respeito, assinale a afirmação incorreta.
a) A integração do território, a partir da instalação de uma infraestrutura de transporte,
possibilitou a expansão da agricultura empresarial no bioma cerrado.
b) A instalação da infraestrutura de armazenagem, processamento e escoamento da produção
agrícola do Brasil Central deu origem a novos corredores de exportação.
c) As redes de transporte, para viabilizar o escoamento das commodities do agronegócio,
estruturaram novos eixos produtivos e induziram novos dinamismos regionais.
d) A instalação da malha rodoviária, modal de transporte eficiente e de baixo custo, estimulou
as exportações de commodities, produtos volumosos e de menor valor agregado.
e) As inovações decorrentes das pesquisas da Embrapa e a instalação de um sistema de
transporte foram responsáveis por novas frentes agrícolas no domínio do cerrado.
Produção goiana deverá ser de 14,9 milhões de toneladas em 2022, aumento de 14% em
relação à estimativa de 2021. Assim, o estado poderá ser o segundo maior produtor de soja do
país. A estimativa do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) para agosto
mostra que a área plantada de soja em 2022 deverá ser recorde em Goiás. O aumento na área
plantada é de 7,3%, passando de 3,7 milhões de hectares em 2021 e devendo chegar em 4
milhões de hectares neste ano. Dessa forma, a produção goiana deverá ser de 14,9 milhões de
toneladas em 2022, aumento de 14% em relação à estimativa de 2021, que foi de 13,1 milhões
de toneladas.
22. (Unioeste) Dos itens arrolados abaixo, são considerados problemas ambientais do meio
rural brasileiro, EXCETO.
a) Poluição hídrica.
b) Degradação e contaminação do solo.
c) Queimadas.
d) Inversão térmica.
e) Desmatamento.
23. (Ufgd) Errantes no fim do século é o resultado de várias pesquisas, levadas a cabo no
período entre 1987 e 1990, acerca dos(as) trabalhadores(as) rurais na região de Ribeirão
Preto-SP, considerada uma das regiões agrícolas mais ricas do país [...]. Trata-se de um
estudo visando à apreensão dos processos de expropriação, exploração-dominação e exclusão
de milhares de homens e mulheres, produzidos no bojo da modernização trágica, implantada
na década de 1960, cujos efeitos, além do maciço êxodo rural, foram traduzidos por um
violento processo de proletarização.
SILVA, Maria Aparecida de Moraes. Errantes no fim do século. São Paulo: Fundação Editora
da UNESP, 1999, p. 15 (fragmento).
O meio rural brasileiro se constituiu pela presença de duas categorias sociais distintas –
pequenos agricultores e fazendeiros –, por profundas contradições na produção e pela
desigualdade de acesso à terra. Nesse sentido, depreende-se do fragmento apresentado que
a) a exploração-dominação da terra pelo patronato rural gerou um processo de expropriação
dos trabalhadores rurais e uma intensa migração no país como forma de reprodução social.
b) a modernização trágica corresponde ao processo de industrialização e de mobilidade nas
cidades brasileiras ocorrido na década de 1960.
c) o êxodo rural é estimulado pela oferta de trabalhos que exigem maior qualificação
profissional nas cidades.
d) a proletarização é um fenômeno natural que, além de fazer parte das relações sociais no
campo, não modifica a estrutura de distribuição da terra.
e) o êxodo rural é caracterizado como um movimento migratório da região Norte do Brasil para
a região Sudeste.
24. (Ufjf-pism 2) Titulômetro e cortes no Incra esvaziam política de reforma agrária (Repórter
Brasil, 04 de outubro de 2017)
“Desde abril, servidores do Incra recebem incentivos para dar títulos individuais de propriedade
de terra ao maior número possível de assentados da reforma agrária. Quando ligam seus
computadores, aparece o termo titulômetro, nome oficial de um ranking que fixa metas e
premia as superintendências que mais emitem esses títulos. Anunciado como mecanismo de
eficiência, o titulômetro é criticado por promover inversão de prioridades quando substitui o
fortalecimento e o desenvolvimento dos assentamentos pela concessão de títulos individuais.
Os esvaziamentos da política de criação e fortalecimentos dos assentamentos é confirmada
pela previsão orçamentária do ano que vem, que além da redução de 3% no orçamento total
do Incra, indica cortes significativos para as ações de criação, apoio e infraestruturas aos
assentamentos”.
O sistema extensivo
a) consiste na criação do gado solto em grandes áreas, e a dieta dos animais é baseada
majoritariamente em pastagem e suplementos minerais.
b) usa métodos avançados de preparo do solo e de cultivo das forrageiras de modo que a
exploração deste recurso se dá por um tempo maior.
c) possui uma estratégia nutricional avançada, que, combinada a outras tecnologias
alimentares, melhora a produtividade do rebanho.
d) cria os animais em um sistema de confinamento, colocando o maior número de cabeças de
gado no menor espaço possível.
e) utiliza inseminação artificial, maquinários computadorizados, agrotóxicos e fertilizantes de
alto desempenho.
Ocorrências de Assassinatos no
Ano
conflitos campo
2012 828 34
2013 802 30
2014 820 37
2015 828 49
2016 1.112 61
2017 1.033 70
2018 1.000 27
2019 1.260 27
2020 1.576 14
2021 1.242 35
(www.cptnacional.org. Adaptado.)
28. (Uea-sis 2) Analise o gráfico que representa a evolução da área plantada, da produção e
da produtividade de grãos no Brasil, no período de 1990 a 2018.
Com base nas informações do gráfico e em conhecimentos sobre a modernização do espaço
rural brasileiro, afirma-se que
a) o aumento da área plantada e da produção agrícola é devido à adoção do sistema de
produção policultura voltado para o mercado externo.
b) o aumento da produção agrícola e da produtividade de grãos é resultado das políticas de
subsídios do Estado brasileiro aos produtores rurais.
c) o aumento da produtividade e o pequeno aumento da área plantada é reflexo da aplicação
de novas tecnologias.
d) a área plantada manteve-se inalterada devido à criação das políticas de conservação
ambiental.
e) o comportamento da produção é reflexo das estruturas agrárias arcaicas formadas por
latifúndios produtivos.
30. (Mackenzie) O Estatuto da Terra é a lei federal 4.504, criada em novembro de 1964, que
trata da questão fundiária no Brasil. Sobre a complexa configuração atual que envolve a
propriedade rural no país, analise as afirmações a seguir.
Estão corretas,
a) I e II, apenas.
b) II e III, apenas.
c) I, II e III, apenas
d) II, III e IV, apenas.
e) I, II, III e IV.
31. (Upe-ssa 2) O espaço agrário brasileiro tem como registro histórico-geográfico o Estatuto
da Terra, documento que se fundamenta na função social da propriedade, segundo a qual toda
a riqueza produtiva tem uma finalidade social e econômica, e quem a detém deve fazer
frutificá-la em benefício próprio e da comunidade em que vive. Desse modo, a propriedade da
terra, de acordo com o referido Estatuto, deve desempenhar simultaneamente:
1. O bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores que nela produzem, além de seus
familiares.
2. Níveis satisfatórios de produtividade.
3. Conservação dos recursos naturais.
4. Disposições legais que regulam as relações de trabalho entre proprietários e trabalhadores.
Estão CORRETOS
a) 1 e 3, apenas.
b) 2 e 3, apenas.
c) 1 e 4, apenas.
d) 1, 2 e 4, apenas.
e) 1, 2, 3 e 4.
32. (Ufpb) Os fragmentos, a seguir, tratam da violência, característica marcante na história dos
conflitos agrários no Brasil.
Na Paraíba, "no dia dois de abril de 1962, João Pedro Teixeira é assassinado com tiros de fuzil
por Alexandre e Chiquinho, pistoleiros integrantes da polícia militar. O soldado Chiquinho
denunciou Agnaldo Veloso Borges como mandante do crime. O mesmo que, 21 anos depois,
mandaria matar Margarida Maria Alves".
(PEREIRA, Antonio Alberto. "Além das Cercas... Um olhar educativo sobre a reforma
agrária". João Pessoa: Ideia, 2005, p. 70-71).
"O assassinato da freira Dorothy Stang, no Pará, lembra outro crime, cujo personagem só ficou
conhecido no Brasil depois de morto: Chico Mendes - assassinado em 1988 pelo mesmo tipo
de gente que matou a irmã Dorothy. No país, ninguém sabia quem era aquele seringueiro,
apesar de, há muito, ser alvo de fazendeiros, grileiros, madeireiros (...) Somente depois de a
morte dele ter ganhado repercussão mundial, os jornais do Brasil começaram a mandar
repórteres para o Acre".
(BORTOLOTTI, Plínio. "O Brasil de baixo e o Brasildebaixo". Disponível em:
<http://www.noolhar.com/opovo/colunas/ombudsman/ 449423.html>. Acesso em: 15 ago.
2005).
33. (Ufrgs) A sociedade brasileira, apesar de conviver com sinais de alta tecnologia em alguns
setores, ainda mantém traços de uma sociedade patrimonialista que impede o desenvolvimento
capitalista de mercado em seu ciclo completo. Um exemplo disso é a permanência do uso da
terra com fins especulativos em detrimento da produção racional. A Lei de Terras, de 1850, e o
Estatuto da Terra, de 1964, marcam dois momentos de alteração da posse e do uso do espaço
agrário. Os textos dessas leis estabelecem, respectivamente,
a) a permissão do uso da terra através de concessões do Governo Imperial; a Reforma Agrária.
b) o acesso às terras devolutas através do instrumento de compra; a garantia do direito de
propriedade independentemente do seu uso.
c) o acesso às terras devolutas através do instrumento de compra; a elevação da base técnica
da agricultura e a Reforma Agrária.
d) a permissão do uso da terra através de concessões do Governo Imperial; a elevação da
base técnica da agricultura.
e) a permissão do uso da terra através de concessões do Governo Imperial; a garantia do
direito de propriedade independentemente de seu uso.
34. (Ufpr) "Em 1964, o Estatuto da Terra estabeleceu o conceito de 'módulo rural' para orientar
a política de reforma agrária, o qual consiste numa propriedade com extensão de terra
suficiente para oferecer condições de vida adequadas para uma família de quatro membros
adultos. Isso significa que o tamanho de um módulo rural varia de região para região,
dependendo da fertilidade do solo, da localização da propriedade em relação aos mercados
consumidores e do tipo de produto cultivado na região. Desse modo, foi possível classificar os
vários tipos de propriedades rurais conforme suas dimensões em relação ao módulo rural
definido para a região onde cada propriedade se localiza."
(Adaptado de: SENE, E.; MOREIRA, J. C. Geografia geral e do Brasil: espaço geográfico e
globalização. São Paulo: Scipione, 1998. p. 280.)
O texto acima mostra que, na política de reforma agrária, o importante não é o tamanho da
propriedade em si, mas o uso que se faz dela. Sobre o assunto, e seguindo os critérios usados
para fins de reforma agrária, assinale a(s) alternativa(s) correta(s).
01) O "minifúndio" é um tipo de propriedade com extensão inferior ao módulo rural da região,
sendo portanto impróprio para gerar renda suficiente ao sustento digno de uma família de
tamanho médio.
02) O "latifúndio" por dimensão é um tipo de propriedade com tamanho superior a 600 vezes o
módulo rural da região e produção agroindustrial em larga escala.
04) O "latifúndio por exploração" tem como principal característica a improdutividade, já que a
área desse tipo de latifúndio é destinada sobretudo à especulação imobiliária.
08) A "empresa rural" é um tipo de propriedade explorada de forma inadequada; utiliza
intensamente agrotóxicos e técnicas agrícolas que degradam a fertilidade dos solos, sendo
por isso objeto de desapropriação para fins de reforma agrária.
Gabarito:
Resposta da questão 1:
[E]
Resposta da questão 2:
[Resposta do ponto de vista da disciplina de História]
a) A fome é ocultada da discussão por ferir os interesses da elite agroindustrial, que não
pretende resolver o problema e sim lucrar sempre. A insegurança alimentar pode ser
concebida como uma questão moral, uma vez que a fome é um sofrimento humano. Pode
ser considerada uma questão política ao atender apenas os interesses de uma pequena
parcela da população em detrimento da outra, que não tem o que comer, vale dizer que o
Estado deve atender as necessidades básicas da população.
b) Um elemento histórico está vinculado à própria colonização, uma vez que a elite branca
detentora de terras, concentrou a renda em suas mãos, explorando pessoas indígenas e
negras. Daí, o surgimento da desigualdade social impedindo que a grande maioria da
população fosse excluída de uma cidadania plena e sem acesso a uma alimentação digna.
O gráfico aponta uma insegurança alimentar moderada e grave reduziu desde 2004 até 2013
e a e a leve teve queda desde 2009 até 2013. Observa-se que a partir de 2013, ocorreu um
aumento de todos os níveis de insegurança alimentar, explicado, em parte, pela crise
internacional que começou em 2008. Entre 2017 e 2018, quando as políticas públicas foram
enfraquecidas, a insegurança alimentar grave aumentou de maneira considerável.
b) Dentre os aspectos históricos que explicam a existência da fome no Brasil, pode-se citar: a
organização fundiária no período colonial que se postergou após a independência, criando
uma estrutura de concentração de terras; a Lei de Terras de 19850 que privilegia o grande
proprietário, excluindo o acesso de pequenos agricultores; a modernização agrícola que
capitaliza a produção do campo excluindo a agricultura camponesa; a política econômica
que se alinha com a produção de commodities direcionando investimentos para a grande
propriedade. Dentre os aspectos sociais que explicam a forme no Brasil, pode-se citar: a
concentração de renda reduzindo a possibilidade de consumo para a maior parcela da
população em razão dos baixos salários; a instabilidade política que inflaciona o preço dos
alimentos reduzindo a possibilidade de acesso da população de baixa renda.
De 2004 a 2013 ocorreu queda da parcela da população em insegurança alimentar, a partir de
2013 e especialmente a partir de 2017, ocorreu aumento vertiginoso da parcela da população
em insegurança alimentar levando o país a reintegrar o Mapa da Fome. Tal fato se deu em
razão do desmonte de políticas públicas de combate à pobreza e agricultura familiar, da gestão
política que criou instabilidade econômica resultando em aumento do desemprego e inflação.
Resposta da questão 3:
a) A Lei de Terras de 1850, ainda durante o Império, estabelecia que o acesso as terras,
inclusive as terras devolutas (públicas) deveria ser apenas através de compra. A lei também
estabelecia normas para posse e registro das propriedades rurais.
c) A propriedade familiar deve ter tamanho suficiente conforme o módulo rural (depende da
localização, das condições climáticas e de solo, tecnologia empregada e tipo de cultivo) da
região ou estado de modo a garantir o progresso socioeconômico da família. Entre as
demais características, o predomínio do trabalho familiar em relação ao assalariado, parte da
produção para subsistência e possibilidade de produção excedente para comercialização.
d) A partir do Estatuto da Terra (1964), foi realizado um censo agropecuário com dados
estatísticos mais precisos sobre a estrutura fundiária do país, os imóveis rurais passaram a
ter uma classificação (por exemplo: minifúndios, latifúndios por dimensão, latifúndios por
exploração e empresas rurais) e criaram-se os conceitos de módulo rural e de propriedade
familiar. Todavia, a promessa de reforma agrária não foi cumprida, a distribuição de terras foi
limitada.
Resposta da questão 4:
[E]
Nas últimas décadas, foi acelerada a ocupação do Cerrado brasileiro causando severo
desmatamento de um dos biomas com maior biodiversidade do país. A causa principal foi o
avanço da pecuária bovina e da agricultura (soja, algodão, milho, arroz etc). A estrutura
fundiária é marcada pelo predomínio de grandes propriedades em área, ou seja, a região
apresenta expressiva concentração fundiária sob controle de um reduzido número de
proprietários.
Resposta da questão 5:
[A]
Resposta da questão 6:
[D]
A alternativa correta é [D], porque os impactos ambientais têm que ser considerados com
relação ao agronegócio e, portanto, é importante que se busque uma forma sustentável de dar
continuidade à produção sem rupturas sobre os biomas. As alternativas seguintes são
incorretas porque o texto destaca a importância do agronegócio a despeito de seus impactos,
mas não cita a substituição da produção agrícola pela comercial, a intervenção do Estado, as
novas fronteiras agrícolas ou a desregulamentação da produção.
Resposta da questão 7:
Dentre os motivos para o avanço do agronegócio brasileiro nas últimas décadas, pode-se citar:
modernização da atividade levando ao aumento da produção e da produtividade; maior
demanda do mercado externo; políticas públicas que ampliam o crédito rural e os mecanismos
de exportação; desenvolvimento de tecnologia para a produção de insumos, expansão das
fronteiras agrícolas incorporando novas áreas de produção.
Dentre os desafios para o setor no atual momento do país, pode-se citar: a questão ambiental
que demanda o fim do desmatamento e das queimadas e a redução do consumo de água; o
aumento da produção sustentável; o apoio e aumento da produção da agricultura familiar; a
reforma agrária; a melhoria da logística de transporte.
Resposta da questão 8:
[B]
A comparação entre os mapas de 1990 e 2015 permite afirmar que houve uma expansão da
produção de cana-de-açúcar no interior do Estado de São Paulo. Também ocorreu expressivo
crescimento em Minas Gerais e nos estados do Centro-Oeste como Goiás, Mato Grosso do
Sul, Mato Grosso. O crescimento deve-se ao aumento do consumo interno de etanol
combustível estimulado pelo desenvolvimento de automóveis bicombustíveis, além da elevação
das exportações de etanol e de açúcar para diversos mercados internacionais.
Resposta da questão 9:
[C]
A alternativa correta é [A], porque a produção agrícola brasileira tem atendido de forma maciça
o mercado externo, reduzindo a produção de alimentos para o mercado doméstico, o que
resulta em aumento do preço dos alimentos, restringindo seu acesso para a parcela de
população de menor renda. As alternativas incorretas são: [B], porque a fome resulta da falta
de empregos e não de sua oferta; [C], porque ocorre o predomínio do agronegócio que atende
ao mercado externo e não da agricultura familiar; [D], porque embora haja elevada capacidade
de produção agropecuária, essa é destinada ao mercado externo; [E], porque as indústrias não
foram estatizadas.
A alternativa correta é [A], porque a agricultura urbana utiliza espaços desocupados das
cidades, geralmente em áreas de periferia ou subúrbio. As alternativas incorretas são: [B],
porque áreas centrais tem alta densidade de ocupação em razão da dinâmica das cidades e do
mercado imobiliário; [C] e [D], porque a atividade não atende o mercado externo e é
geralmente associada à produção orgânica; [E], porque a agricultura urbana não comporta
mecanização.
A alternativa correta é [C], porque a roça tropical ou agricultura itinerante se caracteriza pela
retirada da vegetação, cultivo e produção com baixa produtividade, degradação e abandono da
área e retomada do ciclo em uma nova área. As alternativas incorretas são: [A] e [B], porque a
agricultura patronal está associada à latifúndios; [D], porque a agricultura de jardinagem é uma
prática típica do sudeste asiático com uso de mão de obra abundante; [E], porque plantation é
um modelo agrícola baseado em latifúndios monocultores e mão de obra escrava.
O Brasil se tornou potência no agronegócio, sendo grande exportador de soja, milho, algodão,
café, suco de laranja, açúcar, celulose de eucalipto, carne bovina, carne suína e carne de aves,
entre outros produtos. O agronegócio é importante para o comércio exterior e as finanças do
Brasil. Todavia, a produção elevada impacta o meio ambiente e a sociedade de variadas
formas como o elevado consumo de recursos hídricos, casos de desmatamento de biomas
como o Cerrado e a Amazônia, além da erosão do solo em algumas áreas. Um dos problemas
é a contrapartida, uma vez que os grandes proprietários rurais pagam baixos impostos,
recebem subsídios governamentais por meio de juros mais baixos em bancos públicos e não
investem o suficiente em mitigação de impactos ambientais.
Os itens corretos são [01], [02], [04] e [08], perfazendo 15 pontos. O Brasil é grande exportador
de commodities agropecuárias (soja, café, suco de laranja, açúcar, milho, algodão, carne
bovina e carne de aves) para países desenvolvidos e emergentes como a China. O Governo
Federal estimula o agronegócio por meio de vantagens tributárias e fiscais com acesso a
crédito junto a programas governamentais e bancos públicos. Em várias regiões do país
operam cooperativas agrícolas bem-sucedidas. Como o país apresenta histórica concentração
fundiária e insuficiência de reforma agrária, os conflitos pela posse da terra ocorrem em todas
as regiões, embora concentrados na Amazônia Legal devido a grilagem de terras devolutas.
Resposta da questão 16:
a) Na análise da evolução dos dados, os fenômenos e as consequências de ordem técnica
e social são respectivamente, o aumento da mecanização no campo que leva ao aumento
da produção e da concentração fundiária, e o aumento do desemprego que gera intenso
êxodo rural e inchaço urbano.
A alternativa correta é [D], porque o texto II indica o comprometimento dos biomas em razão da
expansão da soja. As alternativas incorretas são: [A], porque não se minimiza a importância da
expansão territorial da produção; [B], [C] e [E], porque os textos se complementam.
A alternativa correta é [A], porque a soja é a principal commodity exportada para a China e
sudeste asiático. As alternativas incorretas são: [B] e [C], porque o Brasil importa insumos
agrícolas e combustíveis; [D], porque os semicondutores são exportados para Europa e EUA;
[E], porque o manganês também é exportado para o Uruguai e Argentina, portanto, não possui
uma rota concentrada como a mostrada no mapa.
A alternativa [D] é incorreta porque o modal rodoviário apresenta elevado custo derrubando a
competitividade das commodities brasileiras no mercado mundial.
A elevada produtividade na produção de soja, que fez do Brasil um dos maiores exportadores
mundiais, é decorrente das condições geomorfológicas, climáticas e hídricas favoráveis,
intensa mecanização, uso de fertilizantes, aplicação da calagem (correção da acidez do solo),
intensa utilização de fertilizantes, uso de agrotóxicos, uso do sensoriamento remoto (previsão
do tempo e imagens de satélite), aviação agrícola e biotecnologia (sementes selecionadas e
também transgênicos). O agronegócio sojicultor favoreceu a concentração fundiária em regiões
como o Centro-Oeste.
A alternativa correta é [D], porque dos itens citados, a inversão térmica é o único que não
representa um problema ambiental do campo brasileiro, haja vista que ocorre em áreas
urbanas.
A alternativa correta é [B], porque como assentado, o agricultor tem acesso à financiamento do
Pronaf (Programa Nacional de Agricultura Familiar), suporte, apoio técnico e logístico do Incra,
premissas que permitem sua fixação na terra e produção agrícola, contudo, ao receber o título,
na condição de proprietário, o agricultor deixa de receber o apoio e investimento do Incra. As
alternativas incorretas são: [A] e [C], porque a titulação esvazia a proposta de reforma agrária
haja vista, eliminar a responsabilidade do Incra sobre os assentados que passam a ser
proprietários; [D], porque o desmonte da obrigação do Incra, reduz a participação do pequeno
agricultor; [E], porque a titulação propicia o aumento do agronegócio, haja vista que, como
proprietário e sem o apoio do Incra, a tendencia é a venda do imóvel para os grandes
proprietários de terra.
A alternativa correta é [E], porque os mapas indicam a expansão da produção de soja no país.
As alternativas incorretas são: [A], [C] e [D], porque os produtos citados não tiveram a
expansão mostrada nos mapas; [B], porque a indústria está originalmente alocada no eixo RJ-
SP e sua desconcentração não atinge áreas tão expansivas.
O agronegócio brasileiro apresenta alta produtividade, uma vez que nas últimas décadas, o
crescimento da produção foi muito maior do que o crescimento da área destinada a
agropecuária. Assim, o agronegócio contribui para a abastecer o mercado interno, a indústria,
sendo fundamental para as exportações de commodities do país. O Brasil tornou-se um dos
maiores exportadores mundiais de soja, milho, algodão, café, suco de laranja, açúcar, celulose
de eucalipto, carne bovina, carne suína e carne de aves. A elevada produtividade foi alcançada
devido a mecanização, uso intensivo de fertilizantes, agrotóxicos e biotecnologia, somada ao
uso de tecnologias como aviação agrícola, sensoriamento remoto e a informática, a exemplo
da previsão meteorológica de precisão, drones e aplicativos para gestão das propriedades.
A afirmativa incorreta é [A], porque a ocupação em grandes áreas para a produção agrícola se
dá pela agricultura não familiar. As alternativas seguintes são afirmativas corretas porque
embora ocupe cerca de 1/3 da área da produção agrícola, a agricultura familiar responde por
cerca de 3/4 dos estabelecimentos agrícolas e pela grande produção de alimentos para o
mercado interno.
A estrutura fundiária do Brasil é marcada pela concentração de grandes extensões de área nas
mãos de poucos proprietários, a má distribuição de terras. No país, 1,6% dos proprietários são
donos de 44% da área do espaço agrário do país. A concentração fundiária foi herdada dos
períodos colonial, imperial e republicano em que várias legislações restringiram o acesso a
terra como a Lei de Terras do final do século 19 e o Estatuto da Terra de 1964. A concentração
fundiária, a impunidade no judiciário e a reforma agrária insuficiente levaram a violentos
conflitos pela posse da terra no Brasil, a exemplo dos que acontecem na região do Bico do
Papagaio (sul do Pará, norte do Tocantins e oeste do Maranhão).
As afirmativas [1], [2], [3] e [4] estão corretas, porque, segundo o Estatuto da Terra, a terra
deve produzir rendimentos sem impactar os recursos naturais, garantindo o bem estar social de
quem está direta ou indiretamente ligado à ela.