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br/visao-de-futuro Trajetória do Agro

Trajetória do Agro
Elísio Contini, Adalberto Araújo Aragão e Zander Navarro

O objetivo deste texto é posicionar o agro brasileiro quanto à sua rica história,
notadamente a mais recente, analisar a evolução da produção, a eficiência produtiva e
sua contribuição para o abastecimento interno e para as exportações. Essa análise servirá
de base para a identificação de megatendências de futuro e de instrumentos para
superação de gargalos e potencialização de desenvolvimento setorial.

Períodos
Legado até a década de 1960
Até a metade do século XX, as regiões rurais no Brasil caracterizaram-se por ciclos de
produção de mercadorias destinadas à exportação, destacando-se a cana-de-açúcar, o
ouro, a borracha e, em especial, o café1 , este último já em meados do século XIX. Quanto
aos produtos de consumo interno, eles passaram a ser ofertados gradualmente a partir
da formação das aglomerações urbanas e, usualmente, decorreram de atividades
agrícolas em estabelecimentos de menor porte (Klein; Luna, 2020). As exportações
geravam divisas para as importações, principalmente de produtos industrializados, ao
mesmo tempo que sustentavam a necessidade de bens de capital e matérias-primas para
a industrialização que se acelerou nos anos 1930.
Em 1950, o Brasil era ainda uma sociedade rural, onde 63,8% do total da população vivia
no campo. Vinte anos depois, essa proporção havia caído para 44%, pois, entre as
décadas de 1950 e 1970, o Brasil observou as maiores migrações rural-urbanas de sua
história (Alves et al., 2011). No último censo demográfico de 2010, a participação da
população rural representava apenas 15,7% do total, e estimativas do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE, 2022b) para 2021 indicam que esse percentual reduziu-
se para 12,2%. (Figura 1).
Um novo ciclo expansivo da economia iniciou-se no final da década de 1960, com a
decisão governamental de acelerar e diversificar fortemente o processo de
industrialização, utilizando o favorável contexto de liquidez nos mercados financeiros
internacionais. Foram decisões que produziram elevadas taxas de crescimento do
produto nacional entre 1970 e 1980. A demanda de trabalho cresceu intensamente,
estimulando um rápido e forte movimento de migrações rural-urbanas. Ao mesmo

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tempo, o governo decidiu instituir um conjunto de ações e políticas destinadas à
modernização da economia agropecuária do País.

Figura 1. Evolução da distribuição por situação de domicílio (urbana e rural) da população entre 1950 e
2021.

Nota: As populações rural e urbana para o ano de 2021 foram estimadas com base nos
censos demográficos e estimativas do IBGE para população (IBGE, 2022a e 2022b).
Fonte: IBGE (2022a, 2022b).

A construção de um agro próspero: 1965 a 2000


Industrialização
A política de industrialização mudou expressivamente a face social e econômica do Brasil.
O pós-guerra introduziu a meta do “desenvolvimento” para todos os países, objetivo
fortalecido pela descolonização ocorrida na época. Surgiram as instituições multilaterais
e o sistema das Nações Unidas. Já na década de 1950, o governo brasileiro estabeleceu
como principal diretriz de política econômica a aceleração da industrialização.
Naqueles anos, prevalecia a chamada “política de substituição de importações”,
orientação geral que mantinha o câmbio sobrevalorizado, adotando câmbios múltiplos
para desfavorecer bens de consumo e favorecer a importação de bens de capital, que

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também eram beneficiadas pela concessão de empréstimos a taxas subsidiadas. Havia
um esforço para manter baixos os preços dos alimentos, para atrair mão de obra para o
incipiente setor urbano (Contini et al., 2010). Contudo, é importante ressaltar que
inúmeros estudos caracterizam essa política como discriminatória contra a agricultura,
orientação que se manteve até o final da década de 1960 (Goodman, 1986).
A política de industrialização transformou a economia brasileira e tornou-a diversificada,
criando mercados para os produtos agropecuários. Dados censitários indicam que, entre
1960 e 1970, a população urbana superou a rural, perdendo o rural a supremacia
demográfica. Em um período de crescimento populacional e de rápida urbanização, entre
1950 e 1990, a demanda por alimentos cresceu 6% ao ano (Alves et al., 2011).
A gradual redução da mão de obra no campo assim como a maior demanda urbana por
alimentos e outros produtos desencadearam um processo de intensificação tecnológica
na produção, elevando a produtividade. Esse movimento se manteve apoiado por
resultados da pesquisa agrícola e pela ciência em geral. Observa-se, nessa passagem, a
mudança de comportamentos sociais dos produtores, no passado, ancoradas apenas em
aumento da área plantada; o objetivo principal passou a reger-se pela incorporação de
tecnologia em busca da elevação da produtividade.

Alimentos para o consumo interno


A resposta do setor agropecuário à crescente demanda, particularmente por alimentos
básicos, não foi rápida e sem sobressaltos. A literatura retrata dificuldades de
abastecimento do mercado interno nos anos 1960 e início de 1970, além de importação
para suprir as necessidades da população brasileira, utilizando as divisas acumuladas com
as exportações de café. No final de 1973, alguns dos principais países produtores de
petróleo elevaram o preço do barril em 400%, o que afetou fortemente o tênue equilíbrio
das contas externas do País.
Esse desequilíbrio foi agravado no final da década de 1970, quando o preço do petróleo
foi novamente elevado bruscamente e quase triplicou. Dependente das importações de
petróleo, houve forte impacto na administração macroeconômica, com expressivo
aumento do endividamento externo para o fechamento das contas. Dessa forma,
encerrou-se o ciclo expansivo daquela década e abriu-se o caminho para uma continuada
escalada inflacionária que iria caracterizar a economia brasileira até o Plano Real, em
1994.

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Embora a industrialização avançasse, ela não representava a solução para o equilíbrio das
contas externas. Porém, o abastecimento de alimentos para a população mantinha-se
como um desafio nacional. Considerando que a maior parte das terras férteis do Sul e do
Sudeste já estavam ocupadas com culturas, duas estratégias principais foram adotadas
para a superação do problema: a incorporação de terras marginais dos Cerrados2 no
Centro-Oeste e a intensificação produtiva nas áreas já ocupadas. Essas duas vias previam
a modernização técnica intensa da agropecuária, demandando esforços em pesquisa,
além de incentivos creditícios amplos que permitissem a elevação da produção e da
produtividade.

Criação da Embrapa e fortalecimento das ciências rurais


O Brasil sofria com a carência de tecnologias aplicáveis às suas condições de clima e solo,
e o arcabouço institucional federal então existente para a pesquisa agrícola era
insuficiente para encarar o desafio de tornar o Brasil autossuficiente na produção de
alimentos. Como resposta, em 1972, o governo federal criou a Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária (Embrapa), com os objetivos de aumentar a produtividade de
áreas sob cultivo, incentivar a ocupação racional dos Cerrados e promover de forma geral
a modernização tecnológica da agropecuária do País. A partir desse modelo, criaram-se
ou modernizaram-se os sistemas estaduais de pesquisa em estados importantes para a
agricultura nacional.
Dois princípios orientaram a criação da Embrapa como empresa pública: a) organizar um
modelo concentrado de pesquisa, com centros de produtos estabelecidos em todas as
regiões, estruturados por temas importantes e voltados para a solução de problemas
concretos, incluindo aqueles relacionados aos alimentos básicos; e, b) capacitar recursos
humanos em centros de excelência no mundo. Outros princípios complementaram a
estratégia, como a não interferência política, a flexibilidade administrativa e financeira,
as claras prioridades de longo prazo, a transparência em ações e resultados, a cooperação
entre instituições públicas e privadas e a forte comunicação social (Embrapa, 2007).
Foram também apoiados os cursos de ciências agrárias nos centros federais universitários
e os institutos de pesquisa estaduais. Surgiram os cursos de graduação e pós-graduação
nas principais áreas das ciências rurais, fortalecidos pelo treinamento de inúmeros
professores em centros de excelência no exterior. Destacam-se a Escola Superior de
Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo, a Universidade Federal de
Viçosa, a Universidade Federal de Lavras, entre outros cursos universitários distribuídos
pelo território nacional (Teixeira et al., 2013).

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Destaca-se também a cooperação técnica recebida pelo Brasil, a partir da década de
1970, para aumentar a eficiência da produção na agricultura. Nesse âmbito, devem ser
mencionadas as contribuições das universidades americanas, dos institutos de pesquisa
da França e dos centros internacionais de pesquisa do sistema Consultative Group on
International Agricultural Research (CGIAR), notadamente em fornecimento de
germoplasma de produtos importantes para a alimentação dos brasileiros, como feijão,
arroz, milho, mandioca e fruteiras. Particularmente na conquista do Cerrado, salienta-se
a forte colaboração do governo do Japão, que, por meio da Japan International
Cooperation Agency (Jica), alocou pesquisadores japoneses na Embrapa Cerrados por
longo tempo, contribuindo também para a doação de equipamentos de pesquisa. Em
financiamento da pesquisa, além dos esforços do governo federal, cabe lembrar os
inúmeros empréstimos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e do Banco
Mundial.

Assistência técnica
Estabelecidos os alicerces da geração de conhecimentos e o desenvolvimento da
pesquisa agrícola e pecuária, o governo federal criou em 1975 a Empresa Brasileira de
Assisência Técnica e Extensão Rural (Embrater), cujo objetivo era coordenar o sistema de
extensão rural, a ser executado pelas empresas estaduais – as Ematers. Mas, em 1990, a
Embrater foi extinta, o que dificultou, a partir daquela década, o desenvolvimento do
sistema de apoio à assistência técnica nos estados, com falta de recursos e coordenação.
Em 2013, foi assinada a lei que criou a Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão
Rural, ainda em implantação. Recentemente, o Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (Mapa) assumiu sua coordenação e tem implantado diversos novos
programas, particularmente em apoio aos pequenos produtores.

Política agrícola
O Sistema Nacional de Crédito Rural, que foi instituído pela Lei nº 4.829, de 5 de
novembro de 1965, foi considerado o principal instrumento de política agrícola e o maior
responsável pela expansão da economia agropecuária. Essa política viabilizou a expansão
da produção agropecuária e os investimentos essenciais para a melhoria da eficiência
produtiva em praticamente todos os ramos produtivos e em quase todas as regiões. Com
a estabilização monetária (Plano Real), a disponibilidade de crédito aumentou
substancialmente, passando também a incluir recursos do setor privado (Wedekin;

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Rodrigues, 2019). Principalmente em tempos de preços deprimidos por fraca demanda
ou produção em regiões afastadas de mercados, a Política de Preços Mínimos tem
permitido aos agricultores permanecer na produção, aguardando tempos melhores3.

Organizações privadas
No período compreendido entre 1960 e 2000, foram criadas e fortalecidas inúmeras
organizações privadas vinculadas às atividades produtivas agropecuárias4. Entre elas,
destacam-se as cooperativas agropecuárias, formas organizacionais de apoio aos
pequenos produtores, as quais foram introduzidas no País no início do século XX. A partir
de 1969, receberam forte impulso com a criação da Organização das Cooperativas
Brasileiras (OCB), entidade que passou a coordenar e defender os interesses das
cooperativas, principalmente de produção agropecuária.
Fundada em 1964, a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) representa os
produtores rurais chamados de “patronais” e seus interesses. A CNA engloba também o
Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar). Por sua vez, a Confederação Nacional
dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) representaria os pequenos produtores,
atualmente intitulados de “familiares”. Recentemente, foi formada a Confederação
Nacional dos Trabalhadores Assalariados Rurais (Contar). Em 1993, foi criada a
Associação Brasileira de Agronegócio (Abag), cuja missão é a busca por equilíbrio nas
cadeias produtivas do agronegócio, de modo a valorizá-las. Entre as empresas privadas,
destaca-se a Agroceres, que promoveu o conceito de agronegócio no Brasil, incluindo a
publicação do clássico livro Complexo Agroindustrial – o "Agribusiness" Brasileiro
(Araújo et al., 1990)5.

Agroindústria de insumos e maquinaria


Como seria esperado, expandiram-se significativamente as indústrias de insumos
agropecuários (defensivos agrícolas, fertilizantes e calcário), as de nutrição animal e a
indústria de alimentos. Segundo dados da Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef),
as principais pragas, como percevejos, helicoverpa, mosca-branca, falsa-medideira,
ferrugem, lagarta-do-cartucho, bicudo e pulgão, podem causar perdas anuais superiores
a 21 bilhões de dólares americanos ao agro brasileiro. Fertilizantes e calcário tornaram-
se insumos fundamentais para a elevação da produtividade da agricultura brasileira nas
últimas décadas. A elevação da produtividade animal também teve forte colaboração da
indústria de nutrição animal, como fábrica de rações, principalmente para suínos e aves.

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A indústria de alimentos também vem dando contribuição para abastecimento regular
da sociedade brasileira e para as exportações (Costa et al., 2018).

A indústria de máquinas e equipamentos agrícolas teve importância fundamental no


aumento da produtividade das culturas e criações, bem como na melhoria do
desempenho da mão de obra. O setor, no Brasil e no mundo, caracteriza-se por forte
concentração de mercado, economias de escala e escopo, tornando quase inviáveis
pequenas empresas. A indústria caracteriza-se como um oligopólio diferenciado-
concentrado globalizado, com conglomeração de empresas por meio de fusões e
aquisições. Ao longo dos anos, houve um processo de padronização, com foco na
automação e na maior potência principalmente para tratores e colheitadeiras (Vian et al.,
2013).
A evolução da mecanização no agro, segundo dados dos censos agropecuários do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é analisada por Silva et al. (2020).
Entre 1960 e 2017, houve um crescimento do número de tratores por mil hectares de
0,06 para 17,1 (trator por hectare). A potência média por hectare passou de 0,38 para
1,71 (cv por hectare) no período. Os autores constatam também um crescimento
acentuado de tratores (50%) entre os censos de 2006 e 2017, o que indicou forte
modernização agropecuária no período recente. Também trazem informações sobre a
distribuição regional de tratores e outras máquinas agrícolas.
No Brasil, o setor encontra-se bem organizado, sob a égide da Associação Brasileira da
Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). O programa Moderfrota, liderado pelo
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES), também teve impacto
na modernização da maquinaria agrícola, com financiamento para aquisição de tratores,
colheitadeiras, plataformas de corte, pulverizadores, plantadeiras, semeadoras e
equipamentos para beneficiamento de café.

Irrigação
Grande parte da produção do agro brasileiro é produzida sob o sistema de cultivo de
sequeiro, dependente de chuva. Entre as vantagens da produção agrícola sob irrigação
destacam-se a possibilidade de produzir até três safras por ano, dependendo da cultura,
e estabilizar a oferta no mercado. Segundo dados da Agência Nacional de Águas e
Saneamento Básico (2021), o Brasil irrigava, em 2020, 8,2 milhões de hectares, dos quais
2.903 mil eram de cana fertilizada, 1.304 mil de arroz, 749 de cana irrigada e 649 mil de

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café. A agricultura utiliza 49,5% da água disponível, o que é elevado considerando-se a
competição com outros usos. O mesmo estudo estima um potencial irrigável total de
59,85 milhões de hectares, sendo o potencial efetivo (curto e médio prazos) de 16,7
milhões de hectares, portanto o dobro do atual. Pelos dados da Agência Nacional de
Águas (ANA), constata-se um grande potencial para o aumento da produção no Brasil via
irrigação.

Mão de obra
Já foi demonstrado que a população rural no Brasil tem diminuído sistematicamente
desde 1950. Consequentemente, o mesmo fato aconteceu com a mão de obra
empregada na produção dentro da fazenda. Segundo análise de Maia e Sakamoto (2014),
em 2012, um contingente expressivo de 14 milhões de trabalhadores estava ocupado em
atividades agrícolas, com concentração no Nordeste. Apesar de ganhos inferiores em
relação às atividades urbanas, nos anos 2000 a produção agrícola evoluiu em todas as
regiões, devido ao aumento de produtividade e à melhor qualificação dos trabalhadores.
Políticas públicas como o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar
(Pronaf) também tiveram impacto positivo para os pequenos produtores.
Em análise mais recente sobre assalariados na agricultura, com base em dados do censo
agropecuário de 2017, Balsadi (2021) confirma o processo de redução da mão de obra
em atividades agropecuárias e chama a atenção para a necessidade de políticas públicas
para requalificação profissional. Além disso, observa a necessidade de novos
treinamentos e projetos de infraestrutura de conectividade (internet) para o avanço da
produtividade. Por sua vez, houve aumento do emprego em atividades antes e depois da
porteira, com profissionais mais qualificados e mais bem remunerados.

Plano real e câmbio flutuante


Na década de 1990, duas políticas macroeconômicas foram fundamentais para reforçar
a modernização da economia agropecuária brasileira. Primeiramente, o controle da
inflação pelo Plano Real possibilitou melhor gestão dos negócios por parte dos
produtores rurais e de empresas de insumos e processadoras, ao eliminar a “ilusão
monetária”. Investimentos da atividade do setor tornaram-se mais previsíveis do que em
presença de inflação elevada.

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A outra iniciativa do governo federal, ainda em vigência, foi a substituição da taxa cambial
fixa para um sistema flutuante (Prates et al., 2008) (Figura 2). A nova política cambial,
que, em um momento inicial veio acompanhada da depreciação do real, possibilitou ao
setor o crescimento das exportações, atingindo em anos recentes ao redor de 100 bilhões
de dólares, com expressivos saldos cambiais, o que compensou os saldos negativos de
outros setores, especialmente o industrial. A economia agropecuária e suas cadeias
produtivas tornaram-se, em consequência, um vetor fundamental para o equilíbrio das
contas externas do País (Ianoni, 2009).

Logística: transporte e armazenagem


A interiorização da produção agrícola, principalmente rumo ao Centro-Oeste, encontrou
uma logística muito deficiente, que elevava os custos de deslocamento de insumos às
fazendas e da produção rumo aos mercados, reduzindo a renda dos produtores. Ao longo
de governos, foram construídas estradas, implementadas novas ferrovias e sistemas de
logística foram integrados também via fluvial. A saída Norte mereceu destaque pelo
impacto do crescimento recente da produção do Centro-Oeste. Também os portos
mereceram atenção dos setores público e privado na sua modernização. Outra área que
recebeu atenção especial foi a de armazenamento nas fazendas, para que os
deslocamentos da produção ocorressem em tempos mais alongados, o que garantia a
qualidade da produção por mais longo tempo e, ao mesmo tempo, barateava o custo de
transporte (Caixeta Filho, 2018).

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Figura 2 - Histórico de eventos na construção do agro brasileiro.

Para concluir esta fase da construção do moderno sistema agroalimentar brasileiro,


cabem expressões de Navarro (2020), que caracteriza esse período mais recente como
o abandono do “modelo agrário bimodal, típico de seu passado, e segue na rápida
direção de um modelo unimodal, alicerçado na ampla hegemonia da agropecuária
empresarial de larga escala. Reduzem-se, portanto, os espaços para a produção
agropecuária de menor porte econômico”.

A tecnificação do agro no século XXI


No presente século, duas forças motrizes vêm se destacando: do lado da produção, a
forte intensificação tecnológica, não exclusiva dos ramos produtivos diretamente ligados
às exportações; e, do lado da demanda, o aumento da procura internacional,
principalmente por parte da China. Uma vez garantido o abastecimento do mercado
interno, são as exportações que impulsionam a produção, principalmente de grãos (soja
e milho) e de carnes.
Segundo os censos agropecuários, a intensificação tecnológica em inúmeras cadeias
produtivas é comprovada pela sua importância no crescimento da produção. Apurados
os dados censitários de 2006–2007, a tecnologia explicava 68,1% do crescimento do valor

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da produção. No último censo de 2017, o valor manteve-se elevado, embora caindo para
46,3% (Tabela 1).
É provável que essa queda relativa se explique pela comparação com o censo de 2006,
que captou um período de fulgurante desenvolvimento tecnológico. O que chama a
atenção é o baixo valor explicativo do fator terra, uma clara evidência empírica
comprobatória do esgotamento de comportamentos “rentistas” no campo, quando a
propriedade da terra se prestava à especulação patrimonial.

A partir do início do novo milênio, os investimentos públicos e privados em geração de


conhecimentos e sua aplicação em inovação começaram a produzir frutos mais
impactantes. Pesquisas realizadas sobretudo em instituições públicas trouxeram
resultados, e a legislação de proteção de inovações na agricultura pelo setor privado
nacional e internacional favoreceu fortemente sua ação no setor. A oferta de inovações
respondeu às demandas do setor, fornecendo insumos (fertilizantes, defensivos),
máquinas e implementos, sementes, sistemas produtivos, gestão, processamento e
comercialização.
As megatendências do documento Visão 2030: o futuro da agricultura brasileira
(Embrapa, 2018) já apontavam vários caminhos dessa transformação em curso. O
recente livro Agro é Paz dedicou capítulos sobre Tecnologia e Inovação no Agro e diversas
incursões sobre temas correlatos, como A Indústria do Agro, Tendências do Agronegócio,
Defesa Agropecuária, Logística: Transporte e Armazenagem, Segurança Jurídica,
Cooperativismo e Agroenergia (Rodrigues, 2018).
O processo de tecnificação acarreta impactos mais abrangentes no setor produtivo, mas
igualmente na sociedade como um todo. A aplicação maciça de tecnologias mais
produtivas aumenta a produtividade da terra, reduzindo a expansão de área a ser
cultivada (efeito poupa-terra). Conforme poderá ser observado adiante, a eficiência
produtiva foi o motor do crescimento da produção no Brasil, principalmente de grãos, e
não mais decorre do aumento da área plantada. Outra consequência desse processo é a
sua seletividade, devido aos investimentos necessários para ser partícipe da tecnificação

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e usufruir dos seus benefícios: lucratividade. A seletividade requer também capacidades
importantes de educação dos agricultores e de gestão do empreendimento.
Maior volume de capital necessário, níveis de educação e gestão são fatores que limitam
a entrada de agentes econômicos no moderno processo produtivo. Relativamente
poucos produtores participam de volumes enormes de produção, marginalizando grande
contingente de agricultores do processo.

Desempenho recente do agro


O recente desempenho da economia agropecuária brasileira é um reconhecido caso de
sucesso. De forma agregada, pode ser demonstrado pela taxa de crescimento da
Produtividade Total dos Fatores (PTF), indicador definido como a relação entre o produto
total e a soma de todos os fatores de produção (insumos). O produto é definido pela
soma de todos os resultados das lavouras e da pecuária, enquanto os fatores de produção
representam os insumos empregados na produção, como máquinas agrícolas,
defensivos, fertilizantes, terras de lavouras e pastagens e mão de obra. A PTF é um
parâmetro que indica, sobretudo, a eficiência geral da atividade, superando antigos
indicadores, como “rendimentos físicos por hectare”, já que o cálculo agrega um
conjunto muito mais amplo de fatores (Gasques et al., 2020).
Na Figura 3, observa-se o desenvolvimento da PTF agregada e, separadamente, a
produtividade específica dos fatores mão de obra, terra e capital, entre os anos de 1975
e 2020. No período, o crescimento da PTF atingiu significativos 3,33% ao ano, com
destaque, em nível desagregado, para a produtividade da mão de obra. Os dados
contidos no gráfico indicam aceleração do crescimento a partir do ano 2000. De 1975 a
2000, a PTF cresceu 123%, enquanto a contribuição da mão de obra foi de 158%, a da
terra 128% e a do capital 106%. Em 2020, considerando o início em 1975, a PTF atinge
crescimento de 278%, sendo 484% para mão de obra, 377% para terra e 246% para
capital.

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Figura 3. Evolução da Produtividade Total dos Fatores (PTF), e dos fatores mão de obra, terra e capital na
agricultura brasileira no período de 1975 a 2020.

Nota: os dados de 2020 foram calculados por Gasques (comunicação pessoal)6.


A PTF também pode ser desagregada quanto à evolução do produto e aos insumos, no
tempo. A Figura 4 comprova o extraordinário crescimento do produto de 405% no
período de 1975 a 2020, enquanto o aumento dos insumos foi de apenas 33%. Observa-
se uma aceleração da própria PTF total e do produto a partir dos anos 2000. Isso
comprova a elevada eficiência da produção agropecuária brasileira.

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Figura 4. Taxa de crescimento da Produtividade Total dos Fatores (PTF) e de índices de produto e insumos
na agricultura brasileira no período de 1975 a 2020.

Nota: Os dados de 2020 foram calculados por Gasques (comunicação pessoal)1

Cadeia Produtiva
Principais Grãos
A evolução da produção, da área colhida e da produtividade em grãos, entre os anos de
1974 e 2021, é apresentada na Tabela 2, onde os dados estão segmentados em dois
períodos: 1974–2000 e 2000–2021. No primeiro intervalo (1974 a 2000), a área cresce
0,41% ao ano, a produção 2,98% e os rendimentos físicos 2,57%. No segundo período
(2000 a 2021), a produção cresce mais de 5,12% ao ano, a área colhida 2,69% e os
rendimentos 2,43%. São dados que comprovam empiricamente um “novo momento”
observado na agricultura de grãos no País, na virada do século, saltando para patamares
mais elevados. Para o período como um todo (1974 a 2021), a área colhida aumentou
1,42%, a produção 4,11% e o rendimento 2,69% ao ano. A evolução dessas três variáveis,
ano a ano, pode ser melhor visualizada na Figura 5.

1
Informação recebida pela equipe do Agropensa, por e-mail, de José Garcia Gasques, em 3 de março de
2022.

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Figura 5. Evolução da produção, produtividade e área cultivada com grãos no Brasil no período 1974 a
2021.
Fonte: IBGE (2022c, 2022d)

A Figura 6 apresenta a evolução da produtividade dos grãos feijão, arroz, milho, soja e
trigo. Analisando-se por produtos, arroz e milho foram os destaques em termos de
rendimentos físicos. O desempenho mais fraco foi do feijão, e, em posições médias, estão
a soja e o trigo. Em relação à soja, pode-se afirmar que a cultura já foi introduzida com
elevada produtividade no País, portanto esperava-se que sua evolução fosse mais
modesta no tempo2. A queda da produtividade do milho em 2021 deve-se à severa seca
no Sul do País.

2
Sobre produção e produtividade agrícola de diferentes cultivos e criações, consultar o livro Agricultura
Tropical: quatro décadas de inovações tecnológicas, institucionais e políticas, da Embrapa
(Albuquerque,Silva, 2008).

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Figura 6. Evolução da produção de arroz, feijão, milho, soja e trigo no período de 1974 a 2021.
Fonte: IBGE (2022c, 2022d)

Carnes
A Figura 7 ilustra a evolução dos três principais tipos de carnes, no período de 2000 a
2021, em milhões de quilogramas de carcaças. As taxas de produção de carne bovina e
de frango crescem de forma similar até 2006, quando a carne de frango passa a se
distanciar. No período analisado, a produção de carne de frango cresce 142,6%; a bovina,
43,0%; e a de suínos, 115,2%.
Quanto à produção mundial de carnes, o Brasil ocupava, em 2020, a terceira posição,
depois da China e dos Estados Unidos, mas, nas exportações, ocupava a segunda posição,
com 7,4% do mercado mundial. No que se refere à carne bovina, foi o segundo maior
produtor, apenas superado pelos Estados Unidos, e o principal exportador. Na produção
de frango, também foi o terceiro maior produtor, sendo Estados Unidos e China os
primeiros; no mercado internacional, o Brasil ocupa a primeira posição com mais de 20%
do mercado (Estados Unidos, 2021)3.

3
Em relação à carne bovina, consultar Malafaia et al. (2021).

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Figura 7. Evolução da produção de carnes no Brasil no período de 2000 a 2021.
Fonte: Estados Unidos (2021)

Ovos
O moderno setor de aves de postura no Brasil acompanhou a evolução do aumento da
eficiência em outros países, particularmente nos Estados Unidos e em alguns países da
Europa. O modelo dominante, adotado também no Brasil, caracterizou-se por produção
altamente especializada e com escala de produção. Uma grande revolução tecnológica
mundial ocorreu na área genética devido ao desenvolvimento de linhagens
especializadas na produção de ovos, no desenvolvimento de rações com alta densidade
de nutrientes, na prevenção e no controle de doenças.
Os méritos da pesquisa do Brasil consistiram em acompanhar a evolução tecnológica
mundial e viabilizar a adaptação de inovações, contribuir para a definição de produtos
para composição de rações, desenvolvimento de vacinas, recomendações de manejo,
modelos de construções e equipamentos e, mais recentemente, uso de inteligência
artificial e automação na produção de ovos. Mas há ainda desafios tecnológicos a serem
vencidos no Brasil, destacando-se requisitos de preservação do meio ambiente (dejetos),
bem-estar animal, segurança alimentar e biossegurança nas criações. Do ponto de vista
econômico, registra-se que a adoção desses pacotes tecnológicos em grande escala
permitiu o aumento da produção, a queda dos preços e maior consumo per capita.
A Figura 8 apresenta dados de produção de ovos (dúzias) no Brasil e nos principais
estados produtores, no período de 2000 a 2020 (IBGE, 2022f). A produção de ovos nesses

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21 anos cresceu 138,54%, de 1.663 milhões de dúzias para 3.967 milhões de unidades.
Como a população brasileira cresceu apenas 25,63% no mesmo período,
consequentemente a produção per capita aumentou de 9,79 dúzias (ou 117,48 unidades)
em 2000 para 18,60 dúzias (223,20 ovos) em 2020. Ainda que a produção de ovos esteja
distribuída em todos os estados da Federação, os principais estados produtores em 2020,
foram São Paulo (28,81%), Paraná (9,10%) e Minas Gerais (8,87%). A produção de ovos
para consumo vem principalmente dos estados de SP, ES e MG. A produção
predominante no PR e em SC destina-se à produção de pintos para frangos de corte.

Figura 8 Produção brasileira de ovos e principais estados produtores no período de 2000 a 2020.
Fonte: IBGE (2022)

Leite
Na Figura 9, é apresentada a produção de leite em milhões de litros. No período de 2000
a 2020, o crescimento da produção foi de 78,3%, e manteve-se quase linear até 2014,
com queda nos anos seguintes, atingindo o nível anterior somente em 2020 (IBGE,
2022c). Esse desempenho retrata a crise recente pela qual o Brasil passou, com queda da
renda das famílias e consequente menor crescimento do consumo de leite, já que é um
produto quase exclusivamente de consumo interno.
As exportações são insignificantes e o maior temor dos produtores tem sido a
importação, principalmente de países do Mercosul. A produção no Brasil está se
concentrando em menos produtores. A inserção de pequenos produtores depende da

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superação de “imperfeições de mercado”, nos quais eles enfrentam preços maiores na
compra de insumos e mais baixos na venda de seu produto. Aumentos significativos de
produção dependem de uma agressiva inserção no mercado internacional,
principalmente para o Sul da Ásia (Alves et al., 2016).

Figura 9. Produção brasileira de leite no período de 2000 a 2020.


Fonte: IBGE (2022c)

Silvicultura
A produção da silvicultura brasileira referente ao período 2000 a 2020 está representada
na Figura 10, onde se encontram dois grupos de produtos (carvão e outros; lenha e
madeira). No grupo carvão e outros, a produção do período cresceu 133,9%, enquanto
no grupo lenha e madeira o crescimento foi de 72,9%. Desses valores, a madeira em tora
destinada à produção de papel e celulose correspondeu a 58,7% do total em média
durante o período (IBGE, 2021c).

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Figura 10. Produção de carvão vegetal, lenha, madeira e outros produtos da silvicultura brasileira no
período de 2000 a 2020.
Fonte: IBGE (2022e)

Algodão
A produção de algodão em caroço aumentou em 212,8% no período considerado,
passando de 2.007 mil para 6.279 mil toneladas (Figura 11). Embora tenha tido uma
tendência de alta em todo o período, o maior crescimento foi observado nos últimos
anos, a partir de 2018, mas com queda em 2021 (IBGE, 2022c). China, Índia e Estados
Unidos são os maiores produtores, sendo o Brasil o quarto maior produtor em 2020.
Esses três países representam quase 2/3 da produção mundial (FAO, 2021). A forte
tecnificação do setor e a produção em grandes propriedades nos Cerrados,
principalmente em Mato Grosso e no Oeste da Bahia, tem sido responsável pelo recente
progresso.

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Figura 11. Produção brasileira de algodão no período de 2000 a 2021.
Fonte: IBGE (2022c, 2022d)

Café
A tradicional cultura do café no Brasil, em área, nos últimos 22 anos perdeu 420 mil
hectares, mas tem mantido volumes de produção elevados e relativamente constantes
devido à produtividade crescente (Figura 12). O Brasil lidera a produção mundial e
também a exportação. Há espaço para evolução tanto da produção como da
produtividade, pela aplicação de tecnologia. O Consórcio Brasileiro de Pesquisa e
Desenvolvimento do Café tem a responsabilidade de conduzir pesquisas para melhorar a
produtividade da cultura (Mourão et al., 2008).

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Figura 12. Produção, área colhida e rendimento de café no período de 2000 a 2021.
Fonte: IBGE (2022c, 2022d)

Frutas
A produção total de frutas no Brasil encontra-se estagnada em cerca de 59 milhões de
toneladas, e as mais importantes são a laranja, a banana e o abacaxi (Figura 13). Na
produção mundial, observa-se que o Brasil é o terceiro maior produtor, depois da China
e da Índia, países populosos. A maior parte da produção de laranja destina-se ao
processamento de sucos. Grande parte da produção brasileira de frutas destina-se ao
mercado interno. O Brasil concentra suas exportações em um número pequeno de frutas,
como uva, manga, mamão, melão, maçã. O País ainda não conseguiu uma abertura para
as exportações, a exemplo de outros países como o Chile (FAO, 2021).

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Figura 13. Produção brasileira de frutas no período de 2000 a 2020.
Fonte: FAO (2021)

Cana de açúcar
A cultura da cana tornou-se importante no agro brasileiro devido à produção e A cultura
da cana tornou-se importante no agro brasileiro devido aos recordes na produção e
exportação de açúcar, bem como a sua contribuição para a combustão de carros via
etanol e a geração de energia pelo bagaço. O Brasil é o maior produtor e exportador
mundial de açúcar, com participação superior a 30% nos últimos anos e receita cambial
da ordem de 8,7 bilhões de dólares em 2020, mas já chegou a 12 bilhões de dólares em
2017 (Souza, 2018). O etanol contribui para a substituição da gasolina em carros,
possibilitando a redução na pegada de carbono e consequentemente menor emissão de
gases de efeito estufa, conforme Acordo do Clima de Paris (COP 21).
Na Figura 14, observam-se dados de produção, área colhida e rendimento da cana-de-
açúcar, no período de 2000 a 2021. Para o período como um todo, a produção mais do
que dobra, situando-se acima de 700 milhões de toneladas no período de 2010 em
diante. A área colhida também dobra de 4,8 milhões de hectares em 2021 para 9,9
milhões de hectares. O que surpreende é o comportamento do rendimento, com forte
crescimento de 2006 a 2010. A partir desse período, houve registro de decréscimos
acentuados. Em 2009, o rendimento médio da cana no Brasil superou as 80 t/ha e, em
2021, ficou em 74,0 t/ha.

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Figura 14. Produção, área colhida e rendimento da cana-de-açúcar brasileira no período de 2000 a 2021.
Fonte: IBGE (2022c, 2022d)

Aquicultura
Segundo o último documento da FAO (2020), a aquicultura mundial cresceu 5,3% ao ano
no período de 2001 a 2018. Ainda no ano de 2018, a produção atingiu um recorde
histórico e chegou a 114,5 milhões de toneladas em peso vivo. Em paralelo, de 1961 a
2017, o consumo mundial de pescado apresentou aumento anual de 3,1%, percentual
quase duas vezes maior que o crescimento anual da população mundial no mesmo
período (1,6%) e acima do crescimento anual de outros alimentos (carne, laticínios, leite,
etc.), que aumentaram 2,1% ao ano (FAO, 2020).
Atualmente a atividade pesqueira nacional não tem condições de atender toda a
demanda do mercado consumidor (em parte em razão da atividade pesqueira
extrativista, como era praticada no passado, que provocou declínio dos estoques naturais
das populações selvagens). O cultivo de espécies ameaçadas tem sido apoiado pelos
governos e por empresas privadas no intuito de promover o repovoamento de áreas de
instabilidade populacional.
O Brasil não é, ainda, um país de grande destaque no cenário mundial da produção
aquícola. A produção de pescado no Brasil saltou de 578 mil toneladas (2014) para pouco
mais de 802 mil toneladas (2020) (Associação Brasileira da Piscicultura, 2021).
Entretanto, o Brasil possui, além de 8.500 km de zona costeira, aproximadamente 12%

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do total mundial de águas continentais (rios, lagos e reservatórios artificiais) (Ummus;
Pedrosa Filho, 2021), bem como espécies nativas com potencial de exploração comercial
(Figura 15).

Figura 15 Distribuição dos principais grupos de espécies de pescado produzidas nos Estados do Brasil.
Fonte: Valenti, et al. 2021.

É prospectado que o Brasil se torne o maior produtor de tilápia (espécie exótica) do


mundo nos próximos 20 anos (atualmente ocupa a quarta posição) (Maliszewski, 2021).
Um dos grandes entraves históricos que desamparam o desenvolvimento da aquicultura
no Brasil é a dificuldade de obtenção de licenças ambientais, e isso se dá principalmente
em razão do alto grau de exigências técnicas, por vezes desconhecidas pelos produtores
e pelos próprios técnicos das agências ambientais fiscalizadoras (Ummus; Pedrosa Filho,
2021).
As principais tendências para esse setor são o uso sustentável dos cultivos, com
priorização dos sistemas de baixa demanda hídrica, como recirculação (RAS) e bioflocos,
e maior produção aquícola em águas da união por meio do uso de tanques-rede. É
necessário também investir em mecanização e informatização na produção e no
processamento do pescado, bem como no aumento das exportações de produtos da
aquicultura. Nesse processo, destacam-se o melhoramento genético de espécies nativas,

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o uso de indicadores sociais, econômicos e ambientais para avaliar a aquicultura, a maior
demanda do setor por ações de zoneamento aquícola (regiões aptas e inaptas para o
cultivo), o desenvolvimento da aquicultura multitrófica, o maior controle quanto ao uso
de antibióticos e o aumento da demanda por rações mais completas e com
aditivos/imunoestimulantes.
Matthews (2020) indicou tendências para o setor: desenvolvimento de moluscos
resistentes a mudanças climáticas; uso de óleos procedentes de microalgas; fazendas
para produção de macroalgas; aumento da produção de organismos detritívoros; e
aquicultura “offshore”. Esses pontos ressaltam a necessidade de adoção de sistemas de
produção de menor impacto ambiental, a criação de espécies resistentes a mudanças
climáticas, com animais com hábitos detritívoros, que ajudam na ciclagem de nutrientes,
e a proteção de ambientes costeiros, mais frágeis, mais vulneráveis a alterações.
A malacocultura (cultivo de moluscos) associada à produção de macroalgas marinhas
pode representar um sistema de produção zero carbono, pois utiliza os nutrientes
presentes na água, em ambientes abertos (sem input de infraestruturas ou pressão
ambiental), para produzir alimento de elevado valor biológico a um baixo custo. Os
gargalos estão no melhoramento de espécies nativas para produção, no controle
sanitário e no escalonamento da produção.

Impactos socioeconômicos do desenvolvimento do Agro


A produção do agro respondeu às demandas dos mercados doméstico e mundial, na
lógica dos estímulos do capitalismo globalizado. Nas lavouras tecnificadas,
estabeleceram-se padrões sofisticados de produção, com firmas especializadas no
fornecimento de insumos “modernos”, como corretivos e fertilizantes, sementes
melhoradas, sistemas de produção eficientes e empresas de comercialização de
produtos. Quanto à produção animal, empresas especializadas disponibilizaram rações
para alimentação animal, produtos veterinários, além de comercializarem o produto
final. Esses “padrões produtivos” estão consolidados e seus domínios serão,
provavelmente, longos.
A agricultura tecnificada, tanto na produção de grãos, da pecuária e de outros produtos
do agro, está consolidada e integrada aos mercados nacional e internacional. Produz com
eficiência, gera renda e se capitaliza cada vez mais, dispensando em grande parte o apoio
do governo, principalmente de subsídios ao crédito rural. Cabe ainda o apoio
governamental para consolidação do seguro rural e abertura de mercados externos.

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A Tabela 3 retrata o posicionamento do Brasil na produção e nas exportações dos
principais produtos do agro do Brasil em relação ao mundo, conforme dados da FAO
(2021 – último ano com dados disponíveis). No que se refere à produção, o Brasil ocupa
a primeira posição no tradicional café, em culturas açucareiras (cana) e soja; a segunda
colocação em carne bovina; e a terceira em milho, carne de frango e feijão. Nas
exportações, destaca-se como o primeiro em soja, milho, café, açúcar, carne bovina e
carne de frango; na segunda posição, em grãos total e carnes totais, algodão e silvicultura
(FAO, 2021).

O progresso na produção e exportação foi enorme nos últimos anos. Mas ainda há
desafios a serem vencidos na concretização do potencial que o Brasil possui, entre quais
se destacam os compromissos ambientais. O Brasil tem tido avanços consideráveis na
adoção de técnicas de cultivo mais sustentáveis, como o já consolidado sistema de plantio
direto, que evitou milhões de toneladas de perda do solo por erosão, a fixação biológica
de nitrogênio e a adoção de sistemas mais complexos de produção, como a integração
lavoura-pecuária-florestas (ILPF), em complemento aos sistemas de monocultivos,
principalmente de grãos.
Há forte pressão social, nacional e internacional para que a produção do agro caminhe
para sistemas mais naturais, com utilização de bioinsumos, em substituição ou
complemento aos químicos, principalmente para defensivos e fertilizantes (Brasil, 2021).
Na área animal, exigências de bem-estar animal e maior cuidado com a sanidade foram
fortalecidas depois dos impactos na saúde humana provocados pela pandemia de covid-

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194. A conexão da produção do agro com o meio ambiente é o desafio mais premente na
atualidade, diante das mudanças climáticas em curso. A proposta é descarbonizar os
sistemas produtivos, tanto em lavouras como na produção animal, por meio de
bioinsumos, sistemas produtivos de baixo carbono, desmatamento zero e proibição de
queimadas. O programa ABC do governo federal em curso é um bom exemplo para
atender às exigências dessa nova tendência na produção. A implantação do Código
Florestal traz também inúmeras vantagens tanto na preservação dos recursos naturais
como na viabilização de sistemas mais resilientes às mudanças climáticas (Brasil, 2020).
No que diz respeito à área cultivada, segundo dados da Embrapa de 2018 (Embrapa
Territorial, 2020), as lavouras ocupavam apenas 7,8% do território nacional, enquanto a
pecuária mais 21,2%, totalizando 29%. A produção de lavouras vem se expandindo em
áreas de pastos degradados, e a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) vem
integrando esses pastos à produção de grãos, com benefícios econômicos para
produtores e ambientais para a sociedade. As unidades de conservação integral, mais as
terras indígenas, superam as áreas de produção agropecuária com 24,2% do território
nacional (Figura 16).

4
O Programa Nacional de Bioinsumos propõe ampliar e fortalecer o segmento de insumos de base
biológica, ofertando ao usuário tecnologias, produtos, processos, conhecimento e informações aplicados
à nutrição do solo; ao controle de pragas, parasitos e doenças; aos tratos culturais e zootécnicos; e à
otimização de produtos e processos relacionados à pós-colheita e à agroindústria.

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Figura 16. Distribuição de terras no Brasil (2018).

O que preocupa são os cerca de 3,2 milhões de pequenos estabelecimentos rurais, que
têm baixa eficiência produtiva e, em muitos casos, estão à margem do mercado.
Avaliações de estudos sinalizam que suas chances de progresso tecnológico são
reduzidas, devido às exigências de capital, domínio tecnológico, incluindo conhecimentos
em gestão. O governo vem empenhando esforços na modernização de pequenos e
médios produtores, com créditos diferenciados via Pronaf. No Centro-Sul do País, o
associativismo e, principalmente, as cooperativas têm agregado pequenos produtores,
dando assistência técnica na produção e na compra e venda de produtos. Igualmente, a
integração na produção pecuária – suínos e aves – agregou pequenos produtores de
gestão familiar ao mercado, criando condições de progresso econômico.
O maior problema reside no Nordeste, notadamente na região do Semiárido, assolada
por secas periódicas e historicamente com problemas de capitalização dos pequenos
produtores. Ainda há assentados de reforma agrária no Nordeste e Norte do País que não
possuem condições mínimas de desenvolvimento. Outro instrumento de viabilidade de
pequenos produtores é a assistência técnica e extensão rural, em reformulação pelo
Mapa. Outras propostas incluem programas de “renda mínima” para agricultores
excluídos ainda do mercado. (Alves et al., 2020; Hoffmann; Jesus, 2020).

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Abastecimento Interno
O objetivo primordial do setor produtivo agropecuário é garantir o abastecimento da
sociedade e, assim, a segurança alimentar dos brasileiros. Dados do período de 2000 a
2020 demonstram que 98% do feijão, 86% do arroz e 76% do milho em grãos são
consumidos internamente. A exceção é a soja em grãos, dos quais 52% são exportados;
ainda assim, sem prejuízos ao abastecimento interno (Tabela 4). Em caso de escassez por
períodos de alguns produtos, é normal utilizar as importações para atender ao mercado
interno. O período de substituição de importações a qualquer custo passou; hoje o Brasil
é um país plenamente integrado a diversas cadeias de valor internacionais.

Exportações
As exportações do agro vêm impactando positivamente as contas externas brasileiras,
com crescimento dos 21 bilhões de dólares no ano de 2000 para 121 bilhões de dólares
em anos recentes (+485,7%). Embora o crescimento seja constante no período, o maior
impacto se observa a partir de 2010, resultado em parte devido à depreciação cambial e
ao crescimento da demanda internacional. As importações do setor permanecem
praticamente estáveis, abaixo dos 20 bilhões de dólares. Consequentemente, o saldo
comercial é elevado, alcançando 105 bilhões de dólares em 2021 (Brasil, 2022a), o que
contribui para o equilíbrio das contas externas do País (Figura 17).

O aumento da demanda externa, principalmente na Ásia (China), e os preços elevados


nos últimos anos permitem antever futuro promissor para as exportações setoriais. A
recente dinâmica do setor e de produtos, como a soja, o milho, o algodão e carnes, deve-
se ao crescimento das exportações (Contini, 2014; Jank, 2018). Em recente artigo, Vieira

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et al. (2021) analisam o poder das carnes como instrumento geopolítico do Brasil no
mundo. Caracterizam uma região produtora nas Américas (EUA e Brasil) e duas regiões
grandes consumidoras localizadas na Ásia e no Oriente Médio. Concluem que a China1
apresentará déficit crescente na próxima década, sendo uma oportunidade para o Brasil.
Além de oportunidade de negócios, as exportações brasileiras respondem por parte da
responsabilidade de contribuir para alimentar mais pessoas no mundo. Segundo
estimativas de Contini e Aragão (2021), considerando basicamente a sua participação de
grãos e oleaginosas — e carne bovina convertida em grãos —, o Brasil alimenta ao redor
de 10% da população mundial, incluindo a brasileira.

Figura 17. Balança comercial do agronegócio brasileiro no período de 2000 a 2021.


Fonte: Brasil (2022a)

Renda no Campo
A Figura 18 apresenta o valor bruto da produção de lavouras e pecuária para o período
de 2000 a 2022 (valores projetados), deflacionados pelo Índice Geral de Preços –
Disponibilidade Interna (IGP-DI) da Fundação Getúlio Vargas (FGV) – janeiro/2022. O
valor total das duas atividades, neste século, ampliou-se de forma expressiva, crescendo
190,2%. O valor das lavouras no período de 2000 a 2021 cresceu 193,7%, enquanto a
pecuária aumentou 183,1%. Surpreende, igualmente, o crescimento acelerado de 2021
em relação a 2019, da ordem de 29,2% para as duas atividades, com lavouras em 37,8%
e pecuária em 13,6%. Projetam-se valores elevados também para o ano de 2022. Esse
desempenho pode ser atribuído ao aumento da produção e a melhores preços, tanto no

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mercado interno como no internacional, e à valorização do dólar em relação à moeda
nacional.

Figura 18 - Valor bruto da produção (VBP) agropecuária brasileira: Total, Lavouras e Pecuária (valores
deflacionados pelo IGP-DI da FGV - janeiro/2022).

Nota: ** (projeção)
Fonte: Brasil (2022b)

Preços da Cesta Básica


Na Figura 19, são apresentados os valores da cesta básica em São Paulo, estado com mais
dados disponíveis do período de 1974 a dezembro de 2021. No período como um todo,
houve redução dos preços dos principais alimentos, o que permitiu às famílias a compra
de outros produtos industriais e dispêndio maior em serviços. Segundo dados do Dieese,
os preços da cesta básica, deflacionados pelo IGP-DI, passaram de 1.054,75 reais no início
da década de 1970 para 599,41 reais em dezembro de 2021, uma redução de 43,17%.
Em anos recentes, a partir de 2016 os preços apresentam leve tendência de alta, embora
permaneçam abaixo dos 600,00 reais.

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Figura 19. Evolução do custo da cesta básica no Brasil no período de 1973 a 2021.
Fonte: Dieese (2022)

Considerações Finais
Com base nos dados e nas análises realizadas, é possível extrair as seguintes
características e tendências principais para a agricultura brasileira:
a) Na trajetória do agro brasileiro, identificaram-se três grandes fases: 1) do Brasil
Colonial a 1965; 2) a gradual construção de um agro que se tornaria pujante, entre os
anos de 1965 e 2000; e 3) o período atual, neste século, caracterizado pela intensificação
produtiva e tecnológica, com crescente vinculação às cadeias globais de valor.
b) O desempenho recente do agro, segundo diversos indicadores, pode ser adjetivado
como espetacular, pois é setor receptivo às inovações, o que garante persistente
crescimento da produtividade total de fatores, reforçando assim a capacidade
competitiva do setor nos mercados internacionais.
c) A partir de 2000, o agro brasileiro tem suprido o mercado interno regularmente e
avançado na conquista do mercado internacional, destacando-se a soja, o milho, o
algodão e as carnes. A tecnologia foi a força motriz dessa transformação.
d) A tecnificação do agro permitiu maior eficiência de amplos elos das cadeias produtivas,
possibilitando a redução do preço da cesta básica, o aumento da renda no campo e
exportações superiores a 100 bilhões de dólares, com amplo saldo comercial no setor.

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e) Dados recentes apresentados permitem antever um futuro promissor para o agro
brasileiro. Dois problemas prementes, contudo, precisam ser equacionados: a questão
do meio ambiente, objeto de fortes pressões internacionais, inclusive de natureza
comercial, e a inserção produtiva de pequenos produtores que ainda vivem à margem do
mercado.

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Como citar esse texto:

Contini, E., Aragão, A. A. e Navarro, Z. Trajetória


do Agro. In: Plataforma Visão de futuro do Agro.
Disponível em: <
https://www.embrapa.br/visao-de-
futuro/trajetoria-do-agro > Acesso em: 27 abr.
2023.

Versão 26. 04. 2022

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