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INDUSTRIALIZAÇÃO BRASILEIRA - RESUMO DE AULA

Até o início da década de 1930, o espaço geográfico brasileiro foi estruturado


exclusivamente ao redor do modelo primário-exportador, fazendo com que a
configuração das atividades econômicas fosse dispersa e com rara ou ausente
interdependência. 
Dentre os produtos que compunham a pauta comercial brasileira destacaram-se a
cana-de-açúcar, o algodão, o ouro, a borracha e o café.
Como tais atividades se encontravam dispersas no espaço, por convenção
denomina-se de configuração em Arquipélago Econômico Regional (mapa Arquipélago
Econômico Regional), isso por que as regiões brasileiras formavam uma espécie de
ilhas.

Ao apontarmos o início de integração nacional e da industrialização do Brasil a


partir de 1930 não estamos, de modo algum, desmerecendo a presença de um
incipiente número de fábricas em nosso território, mas buscamos ressaltar que o
fenômeno entendido como industrialização passa a ser uma preocupação
governamental, incentivada e sistematizada, em seu primeiro momento, pelo Estado.
A crise do modelo agrário-exportador, em fins de 1929, é sentida, no Brasil ao longo da
década de 1930. Assim, temos uma relativização deste padrão econômico. Ao passo
que os cafezais apontavam um declínio assustador de rendimento, os capitais (lê-se,
investimentos) antes alocados no setor primário passam a ter seu eixo de gravidade
modificado para as atividades tipicamente urbanas e, em especial, no setor
secundário. A Crise do Café gerou, assim, diversas condições para a industrialização
brasileira. Também estimulou a necessidade de produção de bens de consumo no país
por conta da redução drástica das importações.
A concentração de riqueza na Região Sudeste, principalmente no eixo Rio-São
Paulo, faz com que haja também uma concentração de indústrias na região,
destacando-se como pioneira na industrialização nacional. Diversos são os fatores que
concorreram a favor do fenômeno, conhecidos por formarem a chamada economia de
escala (ou de aglomeração):
I. concentração de infraestrutura de energia, comunicação e, sobretudo,
transportes;
II. concentração de mão de obra qualificada (lembrando a entrada de mão de obra
estrangeira, em sua maior parte, já qualificada para os serviços fabris);
III. concentração de mercado consumidor;
IV. rede bancária desenvolvida, por conta da presença de centros de produção de
café. 
Três características são marcantes ao longo processo de industrialização do Brasil:
● Foi um processo de industrialização tardio,
● Foi dependente de capitais estrangeiros;
● Se deu pelo processo conhecido por substituição de importações.

Getúlio Vargas (1930-1945/1950-1954)

Caracterizado pela nacionalização da economia, em que foi adotado o modelo de


Substituição das Importações, criando as chamadas indústrias de base necessárias para
o impulso de outros ramos industriais.
Vargas adota duas medidas importantes para a proteção da industria brasileira em
seu início: Desvalorização da moeda nacional em relação ao dólar (réis até 1942,
depois cruzeiro), o que tornava o produto importado mais caro (desestimulando as
importações) e implantação de leis e tributos que restringiam, as vezes proibiam, a
importação de bens de consumo e de produção que pudessem ser fabricados
internamente.
Algumas industrias do período Vargas são: Fábrica Nacional de Motores (1943),
IBGE (1938), Departamento Nacional de Produção Mineral (1934), Companhia
Siderúrgica Nacional (1941), Código de Minas (1940), Companhia Hidroelétrica do São
Francisco (1951), Fábrica Nacional Álcalis (1943), Vale do Rio Doce (1942), Petrobrás
(1953), Eletrobrás (1954).
A organização girava em torno das industrias de base (Estado) e das industrias de
bens de consumo não duráveis (capital privado nacional). Para fornecer suporte
técnico e financeiro à atuação do setor privado, foi criado o banco nacional de
desenvolvimento econômico (BNDE - 1952).
Lembrar o que chamado período desenvolvimentista vai de 1940 até 1980, com o
objetivo básico de realizar um planejamento integrado, no período houve esforços
para dotar o país com infraestrutura para poder importar máquinas, equipamentos e
ferramentas, necessários à expansão das indústrias. Essa expansão e crescimento se
deram sobretudo na Região Sudeste do Brasil, gerando um acúmulo de riquezas, e
distorções regionais que são percebidos até a atualidade, com destaque também para
o grande fluxo de migrantes que chegavam a essa Região.
Juscelino Kubitschek (1956-1961)

JK, por sua vez, participa da organização do espaço industrial brasileiro por meio
da internacionalização da economia. Tal prática política abriu espaço para a entrada de
capitais (investimentos) estrangeiros, em especial aqueles ligados à indústria
automobilística (“motor” da economia). Esse período é marcado pelo tripé da
economia: capital estatal alocado em indústrias de base e em investimentos em
comunicação, energia e transportes notadamente, ao passo que o capital privado
nacional concentrou-se no investimento de indústrias de bens de consumo não
duráveis e o capital privado internacional voltado ao desenvolvimento de indústrias de
bens de consumo duráveis. O slogan do plano de metas, “50 anos em 5”, marcou o
período em questão, onde foram edificadas altas taxas de crescimento econômico às
custas da abertura da dívida externa. 
A construção da nova capital, Brasília foi um dos grandes destaques do governo JK,
o plano de metas queria identificar na economia os pontos de estrangulamento e os
pontos mais propícios à aceleração do crescimento econômico (energia, transporte,
alimentação, educação). A política desenvolvimentista tinha como preocupação
central a industrialização e o desenvolvimento econômico do setor urbano (vale
lembrar que o país ainda era majoritariamente rural).
Embora a nova capital tenha atraído migrantes para o Centro-Oeste do país, esses
não paravam de chegar ao Sudeste, (o êxodo rural é intenso) local de concentração do
parque industrial, o que agrava os contrastes regionais. A concentração do parque
industrial determinou a implantação de uma política federal de planejamento
econômico para o desenvolvimento das demais Regiões do Brasil. Em 1959 foi criada a
SUDENE, e nos anos seguintes dezenas de outros órgãos, como a SUDAM, SUDECO,
SUDESUL, CODEVASP.

Os Governos Militares: Os diversos presidentes que compunham o período militar,


entre 1964 e 1985, apresentaram duas características marcantes: modernização da
economia e autoritarismo político. A modernização da economia deu-se via
aprofundamento da dívida externa, responsável pela experiência do Milagre
Econômico (1968-73), quando o Brasil apresentou exorbitantes taxas de crescimento
econômico, acima de 10% ao ano.
Ao longo dos governos militares, foram surgindo sinais de desgaste do modelo
político-econômico adotado nesse período. A década de 1980 é conhecida, nesse
contexto, como “a década perdida”, pois neste período o Brasil vivenciou os maiores
índices de inflação, com constantes correções monetárias diárias e retração da
atividade industrial.
Após o golpe militar de 1964, havia uma necessidade de superar o obstáculo do
atraso tecnológico, e grandes investimentos foram feitos nas áreas: petroquímica,
extração mineral, setor naval, setor mecânico, comunicações, agropecuária. O ritmo
de crescimento foi sustentado por grandes investimentos governamentais que
promoveram grande expansão na oferta de alguns serviços prestados por empresas
estatais, como energia e comunicações. No entanto várias obras foram questionadas,
como as rodovias transamazônica e perimetral Norte e o acordo nuclear com a
Alemanha. O capital estrangeiro também penetrou em vários setores da economia,
principalmente na extração de minerais metálicos (projeto Carajás, trombetas e Jari),
na expansão de áreas agrícolas (monoculturas de exportação), nas indústrias química e
farmacêutica e na fabricação de bens de capital (máquinas e equipamentos) utilizados
pelas indústrias de bens de consumo.
Destaques para os seguintes PNDs: 1º PND (1971) - abertura da transamazônica,
2º PND (1974) - construção de mais usinas hidrelétricas, programa Proálcool, programa
nuclear brasileiro. O 2º PND marcou o governo Ernesto Geisel, havia a ideia de Brasil
potência e um forte endividamento.
O "bolo" da economia teve seu crescimento e não foi repartido, a classe mais
pobre mergulhava cada vez mais em uma situação perda muito forte; Ao final dos anos
de 1970, os EUA promoveram a elevação das taxas de juros no mercado internacional,
reduzindo investimentos em países em desenvolvimento, e a economia brasileira ainda
tinha que pagar sua dívida externa contraída com taxas flutuantes.
Diante dessa realidade o governo aposta na exportação, o slogan era: "exportar é
o que importa", mas como tornar os produtos brasileiro atrativos, um pais que quase
não investia em tecnologia?
A solução do governo foi: arrocho salarial; negligência com o meio ambiente;
desvalorização cambial; combate a inflação por meio da diminuição do poder
aquisitivo; subsídios ficais para exportação (cobrava-se menos imposto por um
produto exportado que por um similar vendido no mercado interno).

A Década de 1990: A década de 1990 é marcada pela implementação do modelo


político-econômico neoliberal na administração pública federal, onde surgem as ondas
de privatizações de nossas estatais. Período em que há um processo de
desregulamentação da economia por meio da flexibilização das leis trabalhistas, maior
abertura do mercado nacional para produtos, capitais e serviços internacionais, além
da redução de investimentos em setores sociais e criação de agências reguladoras.
A onda de desconcentração espacial das indústrias que já vinha sendo registrada
desde a década de 1970 sofre um efeito catalisador a partir desse período, por meio
da chamada Guerra Fiscal, em que cidades em vários pontos do Brasil oferecem
incentivos, e até mesmo renúncias fiscais e financiamento do parque industrial de
empresas, no intuito de hospedar empreendimentos.

Industrialização Brasileira - 1ª parte

� a) até 1930
� predomínio da industria de bens de consumo não durável ou indústria leve;
� dependência tecnológica (importações) – Inglaterra/EUA;
� concentração industrial (Sudeste) – reunião de fatores atrativos;
� nova polarização social: burguesia industrial X operariado;
� ligas operárias – sindicatos trabalhistas (influência externa);
� ausência de legislação trabalhista – desrespeito – contenção policial;
� controle social – bairros operários – segregação – guetos – cortiços.

� b) 1930 a 1955 (início da 1ª RI brasileira):
� crise cafeeira – êxodo rural – disponibilidade de mão de obra – exército
industrial de reserva;
� redução das importações – início do projeto industrialização por substituição
de importação;
� política nacionalista – desenvolvimento autônomo;
� intervencionismo estatal – abandono do liberalismo;
� indústria de base e diversificação da agricultura;
� 2ª Guerra Mundial;
� período Dutra (1946/50) – favorecimento ao capital externo.
� alta da balança comercial/reestruturação.

� c) período JK (1956 a 1961):


� maior enfrentamento aos obstáculos à industrialização;
� Plano de Metas (2/3 do orçamento para energia e transporte);
� forte participação do capital estrangeiro – internacionalização da economia –
multinacionais;
� panorama externo: fim da 2ª GM, descolonização, sobra de capitais;
� transplante de tecnologias;
� marketing agressivo – sociedade de consumo;
� papel do governo brasileiro: criação de infraestrutura;
� consolidação da dependência norte-americana;
� aumento de encargos exteriores (royalties, juros, serviços);
� reforço da indústria de base;
� carro chefe: industria de bens de consumo duráveis (automobilística e
eletroeletrônicos);
� desenvolvimento associado ao capital estrangeiro (não integrado, mas
participante);
� nesse período, o projeto industrialização por substituição de importação foi
abandonado?

� d) 1962 a 1964:
� renúncia de Jânio Quadros – governo Jango;
� grupos liberais/progressivas (pol. Nacionalista + reformas) X grupos
conservadores (apoio ao grande capital nacional e estrangeiro);
� desestabilização do governo – participação estrangeira – financiamento: IBAD e
IPES;
� Revolução Democrática de 31 de março de 1964;
� paralisia e retrocesso industrial – momento de esperar.

� e) 1964 a década de 1980:


� modelo associado e dependente do capitalismo mundial;
� penetração do capital estrangeiro (indústria, agricultura e mineração);
� controle estatal: industrialização e modernização conservadora;
� 1967/74 – “milagre econômico” – crescimento do PIB supera os 10%;
� sustentação do milagre: incentivo às exportações de manufaturados e
primários;
� desvio de subsídios (agricultura de subsistência - agricultura comercial);
� financiamento do consumo das classes alta/média;
� endividamento externo (petrodólares);
� supressão de liberdades/controle;
� política recessiva imposta pelo FMI – diminuição de investimentos sociais;
� elevada inflação.

� f) década de 1980 – a década perdida:


� crises do petróleo – impossibilidade de pagamento de juros – queda de
investimentos sociais;
� redirecionamento de capitais: forma produtiva (infraestrutura) – empréstimos;
� queda do PIB;
� continuação do êxodo rural – urbanização descontrolada;
� ciranda financeira – venda de papéis (títulos públicos) – falta de investimentos
em indústrias;
� crescimento populacional (1,91%) > crescimento do PIB (1,5%);
� consequências: modelo dependente, associado e excludente – concentração de
renda – concentração Fundiária;
� e o bolo, foi distribuído??

� g) década de 1990 – abertura comercial:


� modernização produtiva: dependência do capital estrangeiro –
vulnerabilidade;
� Plano Real: combate à inflação – aumento do consumo;
� desestatização;
� desemprego estrutural;
� tecnologia + mão de obra especializada – educação.

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