Você está na página 1de 11

Ditadura em Portugal

A censura e opressão como forma de violência contra o povo


E a literatura como arma contra a ditadura
Contexto Histórico

. Golpe militar realizado em 1926 instaura em Portugal, uma ditadura militar. O


golpe tem por objetivo melhorar a estrutura política e econômica do país.
Contudo esses problemas são agravados e a instabilidade econômica de Portugal
aumenta.

. Durante essa grande instabilidade o General Óscar Carmona é eleito Presidente da


República em 1928. Carmona então convida António de Oliveira Salazar para ser
ministro das finanças.

. Com Salazar o País tomou um novo rumo, tendo mesmo apresentado saldo
positivo. A teoria de Salazar era: “Nada contra a Nação , tudo pela Nação.”
Contexto Histórico

• Salazar defendia a preservação dos valores


tradicionais como, Deus, Pátria e Família. E em
1932 é nomeado para chefia do Estado.

• Cria uma nova constituição em 1933 que a acaba


com o período da ditadura militar e inicia uma nova
ditadura a qual Salazar chama de Estado Novo.
(Conhecida também como Ditadura Salazarista)

• Os direitos dos cidadãos foram muito limitados, e a


censura ocorria em grandes escalas.
Contexto Histórico

• Também em 1933 foi criada uma polícia política, que tinha como objetivo
repreender crimes políticos. A PIDE (Polícia Internacional de Defesa do
Estado) como era conhecida, utilizava a tortura, física e psicológica, para
obter confissões e denúncias.

• O governo de Salazar durou até o ano de 1968. Com problemas de saúde,


passou o poder para outro ditador, Marcelo Caetano, que deu continuidade
a ditadura salazarista até 1974.
A violência imposta pela censura

• Censura aos meios de comunicação social, teatro, cinema,


rádio e televisão.

• Visava supervisionar todos os assuntos políticos, religiosos e


militares. Os jornais publicados na época foram muito
afetados.

• O Estado utilizou a censura para controlar a palavra dos mais


diversos autores que tinham uma visão do país oposta à do
regime.
A violência imposta pela censura

• Poucos foram os poetas que se mantiveram calados


sobre o período ditatorial.

• Comentários sobre a invasão de privacidade,


torturas físicas e psicológicas por parte da PIDE.

• Durante o Regime Salazarista, cerca de 3000 mil


obras foram proibidas ao público.

• Este processo de censura só foi encerrado em


Portugal no ano de 1974.
Poesia como relato da violência

Como lobos de súbito


SONETO AO SENHOR CORREIO irrompem na planície citadina
carregados de morte
Seu nome é violência
Senhor Correio, Senhor Dom Correio, Trazem nas mãos mortíferos sinais
e de órbitas vazias
por favor, por favor, Vossa Excelência caminham em silêncio
não abra as minhas cartas porque é feio envoltos na terrível solidão
do crime encomendado
e tudo o que for feio falta à decência. M arginam as esquinas
escondem o rosto sob aço liso
dos negros capacetes
Eu leio as suas cartas? Não, não leio. e anónimos ocultos
pela espessa cortina de ódio e névoa
Se suas cartas lesse era demência.
Senhor Correio, veja se há um meio Daniel Filipe, "Lobos em súbito" (1963) in Pátria, Lugar de Exílio

de ter um pouco menos de inclemência.


Porque enfim o que escrevo a mim o devo,
Senhor Correio, é meu tudo o que escrevo,
e a tinta expressando as minhas falas.
É qualquer coisa mais que intimidade.
Senhor Correio, sabe que é verdade,
violar minhas cartas é matá-las.
Sidónio Muralha, “Poemas de Abril” (1974) in Obras
Completas do Poeta
Sophia de Mello Breyner
Andresen
• Nascida em 6 de Novembro de 1919, viveu sua infância na
Quinta do Campo Alegre.

• Influenciada pelo avô materno, Thomaz Mello Breyner, cedo


começa a tomar contacto com os grandes escritores
portugueses.

• Instalada em Lisboa, matricula-se em Filologia Clássica na


Faculdade de Letras. Apesar de não ter concluído o curso,
contacta com a cultura clássica que muito a veio a
influenciar.

• Em 1975, foi eleita para a Assembleia Constituinte pelo


círculo do Porto numa lista do Partido Socialista.

• Foi a primeira mulher portuguesa a receber o Prêmio


Camões em 1999.
Sophia de Mello e a "Poesia de Resistência"

• Sophia coloca em diversas poesias o tempo de opressão, agonia,


morte, alienação, exílio, formas de injustiça, marginalidade e a
busca por justiça e verdade.

• Sophia vê o seu país como um país ocupado, que não poderá seguir
a sua própria lei – condição para manter vivo. É ocupado pela
violência social e política que tudo proíbe, tudo impede, só
encontrando silêncio, solidão, monstruosidade e fome. […]
(Helena Santos, Sophia de Mello Breyner – Uma Leitura de Grades)
Poemas de Sophia – Leitura Metódica

Este é o Tempo (Mar Novo, 1958)

• Poema como arma de denúncia

• Poema como acusação

• Construções Paralelísticas

• Recursos estílisticos como: Metáforas, eufemismos,


personificações e aliteração
Outros exemplos

Data (Livro Sexto, 1964) Pranto pelo Dia de Hoje (Livro Sexto, 1964)
. Construção Simétrica • Preocupação perante a
capacidade destrutiva dos atos
de violência e repressão
. Desenvolvimento de atividades
violentas
• Despersonalização do povo
português, que fica impedido
. Denúncia da violência através de se expressar
do comportamento humano

Você também pode gostar